1. Aprenda como estudar em quatro etapas
Educador Fábio Ribeiro Mendes criou método para que alunos desenvolvam autonomia no
aprendizado
POR FÁBIO RIBEIRO MENDES
Eu não gostava de estudar, como a esmagadora maioria dos estudantes. O estudo era sempre
chato, tomava o tempo do meu lazer e nunca acabava. Anos depois, descobri o que estava
errado: eu não sabia estudar e nem notava, que era preciso ter preparação, método e um
horário definido. Sem isso, estudar era algo que não funcionava e eu não percebia resultados.
Mas, por que eu não tinha aprendido a estudar? Ora, porque ninguém havia me ensinado como
fazer! Geralmente, não temos uma única aula com esse objetivo específico durante toda a
educação básica. O resultado é que os alunos acabam esse nível de instrução com baixa
autonomia no aprendizado.
Tendo percebido essa carência, passei a trabalhar com o tema. Meu principal objetivo é instruir
os alunos sobre um método em 4 etapas, que forma um ciclo de estudo. É muito simples e
intuitivo. Aprenda:
Etapa 1: Leitura panorâmica
Antes de se atirar no texto, tentando tudo entender, respire fundo e procure ter uma ideia geral
do que tem diante de si. Isso pode ser feito com uma leitura rápida, superficial, panorâmica, que
lê apenas o início e o final de cada parágrafo. Seu o objetivo é apenas reconhecer texto, qual é
seu tema, como se desenvolve, se parece fácil, difícil, longo ou breve. É quase uma etapa
preliminar ao estudo, que cria uma expectativa sobre o aprendizado que virá.
2. Etapa 2: Marcação e sublinhado
Tendo uma noção geral, leia o texto com calma, como está acostumado, com o objetivo de
destacar o que parece ser o mais importante ou o que desperta especial interesse. Esse
destaque merece ser feito em dois momentos.
Em primeiro lugar, marque os trechos que parecem ser os mais importantes com um colchete na
margem do texto. Nesse primeiro momento, evite sublinhar enquanto lê, porque isso geralmente
resulta em um sublinhado excessivo, com frases ou até mesmo parágrafos inteiros marcados. Se
esse trecho é importante, uma marcação simples ao lado do texto servirá para o destaque. Faça
isso com todo o texto.
Após a marcação dos trechos, volte diretamente a cada um deles e sublinhe suas palavras-
chave. Podem ser algumas palavras por trecho. O objetivo é facilitar a identificação do que
trata o trecho destacado. Proceda dessa forma com todos os trechos, até o final do texto.
Etapa 3: Anotações
Com base no que foi marcado e sublinhado, faça anotações livres em uma folha a parte, de
próprio punho. Pode ser na forma de esquema, mapa conceitual, linha de tempo, tabela,
contendo desenhos, cores ou o que julgar útil para registrar o que destacou no texto.
Geralmente, é nesta etapa que perceberá que está aprendendo, pois o que faz é, do seu
próprio modo, estabelecer relações entre os conceitos do texto. Assim, estará criando algo que
é seu com base no material de estudo.
3. Etapa 4: Exercícios
Após as anotações, é preciso saber o quanto aprendemos, o que é alcançado com exercícios.
Eles podem ser de vários tipos, desde a resposta às questões prontas trazidas pelo livro didático
até a atividade de refazer anotações sem consulta ou ensinar o conteúdo para um colega.
Os exercícios revelam o que precisa ser reforçado no aprendizado. Isso é força motriz para iniciar
um novo ciclo de estudo: leia, marque, sublinhe e complete as anotações com o que faltou ou
precisava de maior detalhamento.
Estudando Matemática
Sim, é possível estudar matemática utilizando as 4 etapas acima tendo como base um livro
didático. A peculiaridade é que o ciclo de estudo se repete várias vezes em uma única sessão
de estudo. Aliás, esse é o motivo da percepção geral – na verdade, um mito – de que “estudar
matemática se resume a fazer exercícios”. Não, isso não está correto: exercícios são necessários
para entender os conceitos e relações expressas nas fórmulas, mas nem sempre são suficientes.
Se você não entende o exercício, deve tentar ler o conteúdo, marcar e fazer suas anotações.
Sem isso, ficará travado.
Como ensinar a estudar em sala de aula
O professor pode organizar oficinas de estudo, nas quais leva um material e instrui os alunos
passo a passo no método, desafiando-os a “aprender um conteúdo inédito por conta própria”.
Eles ficam um pouco chocados, mas gostam do resultado.
Duas dicas fundamentais: i) o material não deve ser muito extenso e ii) o professor deve
movimentar-se constantemente, atendendo os alunos que levantarem a mão em suas classes.
Além disso, é válido na primeira ocasião dar um tempo curto para a execução da primeira
etapa: isso estimula os alunos a começarem a trabalhar e logo se envolverem na atividade.
Por mais paradoxal que possa parecer, talvez o que esteja faltando em nossa educação é
ensinar a estudar. Qualquer escola, em qualquer condição, pode suprir essa carência e formar
alunos com autonomia no aprendizado.
Fonte: http://porvir.org/, em 17.02.15