A durabilidade das estruturas é um tema recorrente no meio técnico-científico e está relacionada, dentre outros fatores, à agressividade ambiental. Diversas patologias estão relacionadas à degradação das estruturas de concreto, comprometendo sua durabilidade. Na maioria dos processos de degradação, a água no ambiente atua como meio de transporte dos agentes agressivos pela
microestrutura do concreto, sendo responsável pela sua difusão e posterior precipitação de outros compostos químicos potencialmente agressivos. No tocante ao monitoramento e ao diagnóstico de
patologias, há poucas técnicas para detectar água presente na estrutura interna do concreto, mesmo sabendo-se do seu papel fundamental na maioria dos processos de degradação do concreto e da armadura. Alguns ensaios comumente realizados no concreto fornecem informações relevantes quanto à porosidade e permeabilidade, porém esses dados não refletem necessariamente o estado
de conservação da estrutura edificada. Recentemente, foi disponibilizado no mercado um
equipamento doravante denominado TUM210, para determinar o teor de umidade de diversos materiais por método não destrutivo (TND), inclusive do concreto. Porém, não há dados suficientes
correlacionando resultados do equipamento com os obtidos em ensaios laboratoriais que permitam
verificar sua correlação, tampouco seu comportamento frente a variáveis de campo. Nesta pesquisa,
concretos de três composições diferentes foram submetidos à carbonatação em câmara de CO2, sendo as amostras carbonatadas e não carbonatadas acondicionadas em ambientes de 100%, 90% e
70% UR, e posteriormente secas em estufa a 80 °C. Para cada UR aplicada foram realizadas medições
do teor de umidade interna pelo TUM210, comparando-as com os resultados obtidos por método
gravimétrico (TUG). Os resultados obtidos indicam possível correlação entre ambas as técnicas, porém, é recomendada uma análise estatística mais minuciosa para determinar precisamente o grau
de correlação entre as medidas TUG e TUM210, gerando futuramente a equação de correção para medidas em campo.
PROJETO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS – REVIT MEP -.pdf
Aplicação de técnicas não destrutivas na determinação do teor de umidade interna do concreto
1. Congresso Nacional
LNEC, 3 a 5 de novembro de 2021
Aplicação de técnicas não destrutivas na determinação do teor de umidade
interna do concreto
Lucas Clementino do Nascimento
Laboratório de Materiais para Produtos de Construção (LMPC) – Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT),
São Paulo, Brasil, lucascn@ipt.br
Adriana de Araujo
Laboratório de Corrosão e Proteção (LCP) – Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)
Valdecir Angelo Quarcioni
Laboratório de Materiais para Produtos de Construção (LMPC) – Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)
Resumo
A durabilidade das estruturas é um tema recorrente no meio técnico-científico e está relacionada,
dentre outros fatores, à agressividade ambiental. Diversas patologias estão relacionadas à
degradação das estruturas de concreto, comprometendo sua durabilidade. Na maioria dos processos
de degradação, a água no ambiente atua como meio de transporte dos agentes agressivos pela
microestrutura do concreto, sendo responsável pela sua difusão e posterior precipitação de outros
compostos químicos potencialmente agressivos. No tocante ao monitoramento e ao diagnóstico de
patologias, há poucas técnicas para detectar água presente na estrutura interna do concreto, mesmo
sabendo-se do seu papel fundamental na maioria dos processos de degradação do concreto e da
armadura. Alguns ensaios comumente realizados no concreto fornecem informações relevantes
quanto à porosidade e permeabilidade, porém esses dados não refletem necessariamente o estado
de conservação da estrutura edificada. Recentemente, foi disponibilizado no mercado um
equipamento doravante denominado TUM210, para determinar o teor de umidade de diversos
materiais por método não destrutivo (TND), inclusive do concreto. Porém, não há dados suficientes
correlacionando resultados do equipamento com os obtidos em ensaios laboratoriais que permitam
verificar sua correlação, tampouco seu comportamento frente a variáveis de campo. Nesta pesquisa,
concretos de três composições diferentes foram submetidos à carbonatação em câmara de CO2,
sendo as amostras carbonatadas e não carbonatadas acondicionadas em ambientes de 100%, 90% e
70% UR, e posteriormente secas em estufa a 80 °C. Para cada UR aplicada foram realizadas medições
do teor de umidade interna pelo TUM210, comparando-as com os resultados obtidos por método
gravimétrico (TUG). Os resultados obtidos indicam possível correlação entre ambas as técnicas,
porém, é recomendada uma análise estatística mais minuciosa para determinar precisamente o grau
de correlação entre as medidas TUG e TUM210, gerando futuramente a equação de correção para
medidas em campo.
Palavras-chave: Durabilidade; Carbonatação; Ensaios não destrutivos; Teor de umidade interna.
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1 INTRODUÇÃO
A durabilidade das estruturas de concreto armado é um tema recorrentemente discutido, tanto no
meio científico-acadêmico quanto tecnológico. De modo geral, a durabilidade das estruturas está
relacionada a diversos fatores, como à qualidade dos materiais que compõem o concreto, à execução
da obra, aos cuidados durante o uso e operação da edificação, aos parâmetros de projeto dos
elementos estruturais e, em destaque, à agressividade ambiental, podendo-se constatar que um
concreto é considerado durável quando preserva suas propriedades e características que definem
seu desempenho quando exposto ao ambiente para o qual foi projetado [1].
Em relação à agressividade ambiental, existem diversos processos patológicos que podem ocorrer
quando da exposição do concreto aos agentes agressivos presentes no ambiente. Muitos desses
fenômenos foram amplamente estudados no meio científico e possuem mecanismos de ocorrência
bem conhecidos, dispondo-se de medidas já difundidas no meio técnico para evitar ou mitigar esses
processos, incluindo normalizações técnicas nacionais e internacionais. Na maioria – senão na
totalidade – desses processos, existe um agente comum que atua diretamente viabilizando a
ocorrência de fenômenos deletérios: a água. A água age como meio para difusão de diversos agentes
agressivos e para precipitação de novos compostos químicos na estrutura interna do concreto, que
ocasionalmente acarretam em prejuízo às propriedades desse compósito e na corrosão da armadura
[2, 3].
Quando se trata da inspeção e diagnóstico de estruturas de concreto visando à sua durabilidade,
existem diversos procedimentos que são comumente realizados em laboratório ou em campo
visando a determinar as propriedades físico-mecânicas do concreto e o estado eletroquímico da
armadura. Em geral, procedimentos como determinação da resistência à compressão, massa
específica, índice de vazios, absorção de água, absorção de água por capilaridade e penetração de
água sob pressão permitem obter informações relevantes quanto ao desempenho físico-mecânico e
à porosidade do concreto, no entanto, não indicam o teor de umidade do concreto, parâmetro ligado
à possível ocorrência de fenômenos patológicos.
Neste contexto, a empresa HF SENSOR [4] disponibilizou recentemente no mercado o equipamento
Moist 210B, aqui denominado TUM210, cujo princípio de operação se baseia nas perdas dielétricas
de micro-ondas e que, teoricamente, é capaz de determinar o teor de umidade interna de diversos
materiais (incluindo concreto), o que possibilitaria a determinação deste parâmetro em campo sem
necessidade de coleta de amostras, ou seja, por meio de uma técnica não destrutiva (TND). No
entanto, não existem bases de dados tampouco estudos de correlação dos dados obtidos pelo
equipamento com medidas de referência em laboratório. De modo a viabilizar o uso confiável e
preciso do equipamento, foi definido como objetivo do presente trabalho a determinação da
correlação entre o uso do TUM210 com o teor de umidade interna do concreto obtido em
laboratório por gravimetria (TUG), considerando variáveis de campo (cuja interferência nas medições
in situ não é informada) como variedade de composições do concreto, de UR ambiente e avanço da
frente de carbonatação.
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Concreto: porosidade, presença de água e mecanismos de transporte
O concreto de cimento Portland (CCP) é o material mais consumido pela humanidade após a água[1]
e tem em sua composição três fases principais: a pasta de cimento hidratada ou matriz cimentícia, a
fase agregado e a zona de transição, intermediária entre as duas primeiras fases, conforme
visualizado na Fig. 1. As características físicas, químicas e mineralógicas dos componentes do
concreto são o que configuram a estrutura dessas fases e excercem influência direta nas
propriedades do compósito, tanto no estado fresco quanto endurecido. Quando se trata da
resistência à compressão, por exemplo, fortemente influenciada pela configuração da pasta de
cimento hidratada, pode-se dizer que a relação água/cimento (a/c) e o grau de hidratação são
parâmetros extremamente relevantes ao seu aumento ou diminuição [1, 5].
Figura 1. Eletromicrografia de amostra de concreto por microscopia eletRônica de varredura
(MEV) obtida com elétrons retroespalhados e ampliação de 8.000 vezes. Destaque das três frases
principais. [5]
A microestrutura complexa e heterogênea do concreto é caracterizada por uma rede de poros
internos também é consideravelmente irregular. Os poros podem se apresentar de formas
diferenciadas, influenciando mais ou menos nas propriedades do compósito, e estão presentes
principalmente na pasta de cimento e na zona de transição. De maneira geral, existem três principais
tipos de poros presentes na estrutura interna do concreto: os poros interlamelares, correspondentes
aos vazios entre as estruturas do C-S-H, cujo tamanho varia entre 5 Å a 25 Å; os poros capilares,
relativos a todo espaço não preenchido pelos sólidos da pasta hidratada de cimento, com volumes e
dimensões que podem variar de acordo com diversos fatores, como a relação a/c e o grau de
hidratação do cimento, podendo variar de 10 nm até 5 µm; e os poros de ar incorporado ou
aprisionado, provenientes da parcela de ar que fica retida na mistura de concreto, seja
involuntariamente (ar aprisionado) ou por efeito de aditivos incorporadores de ar utilizados (ar
incorporado), cujas dimensões variam de 50 µm até 3 mm [1, 5, 6].
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A rede de poros, por sua vez, influencia diretamente na forma como os agentes agressivos penetram
no concreto. Com destaque para a água como meio de transporte desses agentes agressivos,
comenta-se que – de maneira geral – a água penetra de três principais formas (que podem ocorrer
individualmente ou em conjunto) no interior do concreto [7]: por difusão, quando do contato do
vapor d’água com a superfície do concreto, fenômeno no qual pode ocorrer transporte de massas,
porém em quantidade desprezível, a não ser que seja seguido de condensação capilar, isto é, quando
o vapor condensa sobre o concreto e é absorvido por capilaridade; por absorção capilar, ocasionada
pela diferença de pressão entre os poros capilares e a superfície do concreto, e que, em condições
não saturadas, é o mecanismo de transporte predominante; e por permeabilidade, processo que
ocorre em concretos de maior porosidade, quando os poros capilares possuem diâmetros maiores e
facilitam a penetração de água diretamente na estrutura interna do compósito [5, 7, 8].
2.2 Durabilidade do concreto e o papel da água como agente de deterioração
Como já mencionado, a durabilidade do concreto está diretamente relacionada ao ambiente de
exposição. Além disso, a exposição à água nos fenômenos de degradação do concreto, pois a água
não apenas opera como mecanismo de transporte para os agentes agressivos, como também pode
acarretar em rupturas na microestrutura quando da variação volumétrica ocasionada pelos seus
contínuos ciclos de evaporação e condensação. Comenta-se também que a água é um agente
fundamental para processos de corrosão da armadura [1, 2].
A presença de água no ambiente é inclusive um parâmetro tratado indiretamente em algumas
normalizações. A ABNT NBR 12655 [3], por exemplo, enumera quatro classes de agressividade
ambiental considerando, dentre outros fatores, a presença de água no ambiente e seu potencial de
agressão. Outro documento a ser citado é o boletim 183 do Comité Euro-International du Béton [9],
que relaciona o teor de umidade relativa efetiva do concreto (correspondente à água retida na
estrutura interna do compósito, variando de 0 a 100 %) com os riscos de sua degradação e de
corrosão da armadura, sendo que, dependendo do tipo de ataque, existem teores de umidade mais
ou menos favoráveis à ocorrência desses fenômenos agressivos, conforme indica a Tabela 1.
Tabela 1. Risco de degradação do concreto e da armadura em relação a diferentes faixas de
umidade relativa efetiva do concreto. Legenda: 0 = risco insignificante; 1 = risco baixo; 2 = risco
médio; 3 = risco alto. Adaptado de [5].
Umidade relativa (UR) efetiva do
concreto (%)
Tipos de degradação
Carbonatação
do concreto
Corrosão da armadura Ataque
químico do
concreto
Concreto
carbonatado
Concreto contaminado
por cloreto
< 45 (UR muito baixa) 1 0 0 0
45 a 65 (UR baixa) 3 1 1 0
65 a 85 (UR média) 2 3 3 0
85 a 98 (UR alta) 1 2 3 1
> 98 (UR saturada) 0 1 1 3
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Desta forma, conclui-se que – para a durabilidade – é de extrema relevância não apenas
compreender o papel da água como agente fundamental para os processos de degradação nas
estruturas de concreto, mas também investigar a sua presença por meio de instrumentos que
possam fornecer informações precisas a respeito desses dados, visando à análise do teor de umidade
como parâmetro de avaliação do comportamento do concreto frente à exposição ambiental.
2.3 Métodos de avaliação da qualidade do concreto
Devido ao elevado consumo de concreto no mercado da construção civil e à sua própria relação com
a durabilidade das estruturas, existem diversos procedimentos para determinar suas propriedades e
que, muitas vezes, são utilizados como critérios de aceitação e para o controle de parâmetros de
qualidade em obras [1].
A respeito desses procedimentos, cita-se a determinação da resistência à compressão, uma das
principais propriedades mecânicas do concreto e comumente determinada em laboratório,
relacionada principalmente ao seu desempenho estrutural. Outros ensaios como módulo de
elasticidade, resistência à tração por flexão diametral, resistência à carbonatação e resistência à
penetração de íons cloretos são frequentemente realizados em laboratório e fornecem informações
relevantes quanto ao desempenho do concreto, não apenas aos esforços físicos, mas até mesmo à
sua exposição a agentes agressivos do ambiente. Ensaios como determinação da massa específica,
absorção de água, índice de vazios, absorção de água por capilaridade e pentração de água sob
pressão estão mais relacionados à porosidade e permeabilidade do concreto, no entanto, não
indicam o teor de umidade oriundo da exposição atmosférica do concreto em estruturas edificadas,
impossibilitando conhecer o risco de degradação unicamente por esse fator [5].
Outra gama de ensaios também requisitados pelo meio mercadológico é composta pelos
procedimentos não destrutivos (TND), que visam a identificar algumas propriedades do concreto in
situ sem necessidade de coleta de amostras, o que é conveniente para edifícios de patrimônio
histórico, obras residenciais e edificações cuja estrutura já foi consideravelmente degradada por
algum tipo de ataque. Nesse meio, citam-se os procedimentos de determinação da dureza
superficial, da velocidade de propagação da onda ultrassônica (ultrassom) e da resistividade elétrica,
sendo estes dois últimos indiretamente influenciados pelo teor de umidade interna do concreto.
Porém, esses ensaios não fornecem dados suficientes para inferir a quantidade e a distribuição de
água no concreto [5].
Em meio a este cenário, a empresa HF SENSOR disponibilizou no mercado o equipamento
Moist 210B, cujo funcionamento é, em teoria, capaz de determinar o teor de umidade interna de
diversos materiais, incluindo concreto. No entanto, devido à falta de base de dados para uso do
equipamento em campo e correlação das medidas determinadas com valores conhecidos em
laboratório que possibilitem realizar uma análise precisa e minuciosa da presença de água na
estrutura, foi elaborado um programa experimental que pudesse determinar tal correlação e
verificar os resultados obtidos com TUM210 frente a variáveis conhecidas de campo como presença
de camada carbonatada, composições variadas de concreto e variações na umidade relativa (UR)
ambiente, apresentado a seguir [5].
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3 ETAPAS E RESULTADOS DE ENSAIOS
3.1 Dosagem, produção e caracterização dos concretos
Foram produzidas três diferentes composições de concreto, todas com o mesmo cimento (CP V ARI),
fundamentadas com base nos pré-requisitos e exigências quanto aos parâmetros de dosagem das
classes de agressividade ambiental especificadas na NBR 12655: 2015 [3]. Foram produzidos: um
concreto para a classe I (C260), um para a classe IV (C360) e um concreto intermediário para as
classes II e III, variando-se os consumos de cimento (CC) e a relação a/c, conforme ilustra a Tabela 2.
Os concretos foram produzidos em laboratório e caracterizados quanto às propriedades físico-
mecânicas nos estados fresco e endurecido, conforme a Tabela 3.
Tabela 2. Resumo das características dos concretos produzidos com base nos parâmetros de
dosagem da NBR 12655: 2015. Adaptado de [5].
Concreto Condição CC a/c
Parâmetros de dosagem da NBR 12655: 2015 [3]
Classe
CC mínimo
(kg/m³)
a/c máxima
C260R Não carbonatado
260 0,65 I 260 0,65
C260C Carbonatado
C300R Não carbonatado
300 0,58
II 280 0,60
C300C Carbonatado III 320 0,55
C360R Não carbonatado
360 0,45 IV 360 0,45
C360C Carbonatado
Tabela 3. Resultados dos ensaios de caracterização dos concretos. Adaptado de [5].
Parâmetro determinado
Resultados por composição de concreto
C260 C300 C360
Abatimento (mm) 35 40 40
Teor de ar aprisionado (%) 2,5 2,4 2,1
Resistência à compressão (MPa)
em 24 h 13,8 20,7 33,1
aos 7 dias 31,5 38,7 46,4
aos 28 dias 36,9 43,8 55,0
Módulo de elasticidade aos 28 dias (GPa) 26,6 30,3 31,4
Velocidade de propagação da onda ultrassônica (m/s) 4760 4824 4956
Massa específica (g/cm³) 2,53 2,52 2,54
Absorção de água (%) 4,8 4,6 3,7
Índice de vazios (%) 10,9 10,4 8,5
Absorção de água
por capilaridade
Absorção (g/cm²) 1,03 0,87 0,56
Altura máxima de penetração (mm) 98 86 70
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3.2 Carbonatação e acondicionamento em faixas de UR variadas
Após atingirem a idade de 28 dias, parte dos corpos de prova de cada amostra de concreto foi
acondicionada em ambiente de laboratório por 14 dias antes de serem submetidas à exposição ao
CO2 em câmara climática, no teor de 3,0 % em volume, conforme indicado na ISO 1920-12 [10].
Inspeções da profundidade da camada carbonatada por meio de fenolftaleína foram realizadas
quinzenalmente nas amostras até que se verificasse a profundidade de 1,0 cm. A amostra C260C
atingiu esse valor após 18 semanas de exposição, e a amostra C300C, após 24 semanas de exposição.
Porém a amostra C360C (provavelmente devido à reduzida porosidade e elevada reserva alcalina)
não apresentou camada carbonatada superior a 0,1 cm, mesmo após 36 semanas.
Após a carbonatação dos corpos de prova (C260C, C300C e C360C), estes foram submetidos à
imersão em água saturada de cal, estado no qual os corpos de prova de referência (C260R, C300R e
C360R) se encontravam desde a desforma e tiveram suas massas registradas periodicamente.
Quando comprovada a estabilização da massa de todos os corpos de prova, foram realizados os
procedimentos de determinação do teor de umidade interna pelo método gravimétrico (TUG) e pelo
Moist 210B (TUM210). Em seguida, os corpos de prova foram acondicionados em câmara úmida
(90 % UR), sendo repetidas as pesagens e novamente comprovada a estabilização de massa para
realização de TUG e TUM210. Posteriormente, as amostras foram acondicionadas em sala
climatizada (70 UR %), sendo repetido o processo de pesagem e estabilização de massa para
execução de TUG e TUM210. E por fim, foram secos em estufa a 80 °C por 72 h antes da última
realização de TUG e TUM210, estágio no qual a umidade interna foi considerada no valor zero para o
método de referência (TUG).
3.3 Determinação do teor de umidade interna
3.3.1 Teor de umidade por gravimetria (TUG)
Os valores de TUG foram obtidos por meio da diferença de massas dos corpos de prova em cada
faixa de UR ambiente após comprovada a estabilização das massas. Os dados permitiram calcular a
quantidade de água livre (presente nos poros capilares, principalmente) na estrutura interna do
concreto, em função da massa seca dos corpos de prova. Os resultados constam na Tabela 4 e na
Fig. 2.
Tabela 4. Valores de TUG por amostra de concreto em cada faixa de UR ambiente.
Amostra
Média do teor de umidade interna por TUG nas condições de UR ambiente
100 % UR 90 % UR 70 % UR Secagem a 80°C
C260R 5,24 5,23 4,73
Valor admitido
como zero (0,0)
para todas as
amostras no
método TUG
C300R 4,80 4,80 4,31
C360R 3,24 3,24 2,98
C260C 4,49 4,44 2,58
C300C 4,06 4,03 2,72
C360C 2,85 2,80 2,34
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Figura 2. Gráfico representativo dos valores de TUG das amostras de concreto [5].
3.3.2 Teor de umidade por TUM210
Os valores de TUM210 foram obtidos por meio do uso do equipamento anteriormente mencionado,
executando as medições em conformidade com as instruções do fabricante e pelo procedimento
estabelecido por Nascimento [4, 5]. Os resultados constam na Tabela 5 e na Fig. 3.
Tabela 5. Valores de TUM210 por amostra de concreto em cada faixa de UR ambiente.
Amostra
Média do teor de umidade interna por TUM210 nas condições de UR ambiente
100 % UR 90 % UR 70 % UR Secagem a 80°C
C260R 5,23 5,18 5,13 3,89
C300R 5,32 5,23 5,11 4,01
C360R 5,08 5,31 5,03 4,03
C260C 5,25 5,37 4,77 4,05
C300C 5,26 5,35 4,81 4,02
C360C 5,11 5,20 4,92 4,19
Figura 3. Gráfico representativo dos valores de TUM210 das amostras de concreto [5].
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3.4 Correlação de dados
A correlação entre os dados obtidos por TUG e TUM210 foi realizada por meio da determinação do
coeficiente de Pearson (r), que pode variar de -1 a 1, sendo -1 correspondente a uma correlação
indireta perfeita e 1 correspondente a uma correlação direta perfeita, de modo que quanto mais
próximo de 0, menor é a correlação entre as variáveis. Os resultados constam na Tabela 6.
Tabela 6. Valores do coeficiente de correlação de Pearson para as variáveis TUG e TUM.
Amostra
Coeficiente de correlação de Pearson (r)
TUG vs TUM
C260R 0,9988
C300R 0,9974
C360R 0,9844
C260C 0,9958
C300C 0,9959
C360C 0,9927
4 CONCLUSÕES
A dosagem e produção dos concretos obteve sucesso em fornecer materiais de três diferentes
comportamentos físico-mecânicos, de modo a viabilizar o estudo do comportamento de TUM210
mediante à variabilidade de composições. O processo de carbonatação atingiu o valor determinado
de 1,0 cm nas amostras C260C e C300C, porém para a amostra C360C não foi possível avaliar o efeito
da camada carbonatada.
A variação da umidade relativa ambiente em diferentes faixas (100 %, 90 %, 70 % e após secagem a
80 °C) exerceu influência direta no teor de umidade interna do concreto, processo que pôde ser
observado tanto nas leituras pelo método laboratorial (TUG) quanto por pelo método não destrutivo
(TUM210). Quanto à correlação entre TUG e TUM210, percebe-se que o potencial de uso do
equipamento tendo como base as medidas de laboratório é elevado, principalmente pelos valores de
r se apresentarem muito próximos a 1, conforme indicado na Tabela 6.
No entanto, considerou-se oportuna a realização de um tratamento estatístico complementar por
análise de variância (ANOVA), cujos resultados serão publicados posteriormente. Sugere-se a
repetição do estudo em uma escala de maior abrangência, possibilitando avaliar o uso de TUM210
em tipos diferentes de cimento, em composições de maior variabilidade (consumo de cimento, tipo
de agregado, relação a/c, etc.), em mais faixas de UR ambiente, dentre outros fatores.
Finalmente, conclui-se que TUM210 é um equipamento com elevado potencial de uso em campo
para investigar a presença de água no concreto, porém estudos de maior profundidade e
abrangência amostral, incluindo ensaios em campo, são requeridos para melhor avaliação,
aumentando a confiabilidade nos dados obtidos pelo equipamento.
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REFERÊNCIAS
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Pagan Hasparyk (Org.) 2. ed. São Paulo: Ibracon, 2014. 782 p.
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agressivos. In: OLLIVIER, J.; VICHOT, A. Durabilidade do Concreto: Bases científicas para a
formulação de concretos duráveis de acordo com o ambiente. 1 ed. São Paulo: Ibracon, 2014.
Cap. 11. p. 249-324, 2014.
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Portland – Preparo, controle, recebimento e aceitação – Procedimento, Rio de Janeiro, 2015,
23 p.
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<http://www.hf-sensor.de/download/moist210beng.pdf>. Acessado em: 01 nov. 2017.
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presença de água no concreto com vistas à durabilidade. 2021. 171 f. Dissertação (Mestrado),
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), São Paulo, 2021.
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da Universidade de São Paulo, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, 1998.
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superficial frente à ação de íons cloretos. 2008. 156 f. Teste (Doutorado) – Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, 2008.
[8] MENDES, M. V. A. S., Avaliação das propriedades de transporte de massa em concretos contend
adições minerais. 2009. 201 f. Dissertação (Mestrado), Universidade Federal de Goiás, Goiânia,
2009.
[9] COMITÉ EURO-INTERNATIONAL DU BÉTON (CEB), Bulletin d’Information Nº 183 (CEB 183).
Durable concrete structures. Telford, London, 1983. 112 p.
[10] INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION (ISO), ISO 1920-12: Determination of
the carbonation resistance of concrete – Accelerated method, Geneva, 2015, 12 p.