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Análise Geográfica da letra da Música Asa Branca


     Quando olhei a terra ardendo
     como fogueira de São João.
     Eu perguntei, a Deus do céu,
     por quê tamanha judiação!


     Que braseiro, que fornalha,
     nem um pé de plantação.
     Por falta d´água, perdi meu gado
     morreu de sede meu alazão.


     Até mesmo Asa branca
     bateu asas de sertão.
     Então eu disse, adeus Rosinha
     guarda contigo meu coração.


     Hoje longe muitas léguas
     numa triste solidão.
     Espero a chuva cair de novo
     pra mim vortá pro meu sertão.


     Quando o verde dos teus olhos
     Se espalhar na prantação.
     Eu te asseguro, num chore não, viu?
     Que eu voltarei, viu, meu coração.




               Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira-1947
“ Quando olhei a terra ardendo,
                      como fogueira de São João.
                      Eu perguntei, a Deus do céu,
                      por quê tamanha judiação!”



      No primeiro verso, descreve o tipo de solo da região das secas, uma
terra vermelha, quente como o fogo da fogueira, porém transmite a alegria, a
cultura desse sertanejo quando fala da festa junina. No segundo verso trata da
questão da crença, onde são predominantemente católicos tendo a devoção do
Padre Cícero, abordando a questão da religiosidade fazendo um pedido para
que a “água”, a chuva, amenizasse o tempo climático, pois segundo AB’SABER
(2003, p.85), no período seco há a predominância de nuvens esparsas, mas
não chove, entretanto na estiagem os sertões funcionam, muitas vezes, como
semidesertos nublados.


                            “Que braseiro, que fornalha,
                             nem um pé de plantação.
                             Por falta d´água, perdi meu gado
                            morreu de sede meu alazão.”


      Na primeira frase, relata a comparação do ‘braseiro, fornalha’ ao calor
intenso que é o Sertão, tendo o clima semi-árido na região do polígono da seca.
Conforme AB’SABER (2005, p. 85), quando as árvores perdem as suas folhas,
os solos se ressecam e os rios perdem a correnteza, enquanto o vento seco
vem com os bafos de quentura. E na frase seguinte mostra o baixo índice de
pluviosidade e também nos remete a uma questão polêmica:será que a
transposição de parte do rio São Francisco seria a solução?

      Nisso SAUER apud SANTOS (1997, p. 64), considera dois tipos de
paisagem, a natural e a artificial, pois a transposição será feita através da
canalização de parte do rio São Francisco; e argumenta que a medida que o
homem se defronta com a natureza,há entre os dois uma relação cultural, que é
também política ou técnica. Com isso, a territorialidade é entendida como
tentativa de um indivíduo ou grupo de atingir, influenciar ou controlar pessoas,
fenômenos e relacionamentos através da delimitação e controle sobre uma área
geográfica. (SACK apud HAESBAERT. 2002, p.19)


      Conforme HAESBAERT (1988, p.19), o espaço está reduzido pelos
marxistas, onde o conceito de região tenderia a desaparecer, pois reconhece
nele um espaço vivido e que a própria delimitação política e o polígono da seca
acaba forçando uma identidade. Nessa abordagem materialista dialética, a
região passa a ser concebida como produto da desigualdade sóco-espacial
intrínseca ao desenvolvimento desigual e combinado do capitalismo.


                           “ Até mesmo Asa branca
                           bateu asas de sertão.
                           Então eu disse, adeus Rosinha
                           guarda contigo meu coração. ”



      De acordo com SANTOS (2006, 328), o conceito de desterritorialização,
onde o movimento se sobrepõe ao repouso, e com isso a desculturalização
surge no primeiro trecho da música que aponta a migração, no qual o
nordestino ao ir para uma cidade grande deixará uma cultura herdada para se
encontrar com outra e nisso defronta-se com um espaço que não ajudou a criar.
Já no segundo verso traduz a relação do lugar associando ao espaço vivido,
onde existe uma afetividade, um envolvimento, nesse caso a Rosinha. E o
sentimento de pertencimento é o que determina e classifica o espaço, e ao
mesmo tempo a afetividade que o povo projeta a um lugar, insuficiente para
compreender a fenomelogia ou o espaço vivido (TORRES, 2006,p.5).


                           “ Hoje longe muitas léguas
                           numa triste solidão.
                           Espero a chuva cair de novo
                           pra mim vortá pro meu sertão.”
Citando HAESBAERT (2004, p.127), no outro verso o local onde esses
migrantes se deslocaram já possui a sua territorialidade, ocasionando a re-
territorialização, pois ao retornar ao seu Sertão, o sertanejo volta com mais
experiências vividas dos lugares que se estabeleceram.


                            “ Quando o verde dos teus olhos
                            se espalhar na prantação.
                            Eu te asseguro,num chore não,viu?
                            que eu voltarei,viu, meu coração. ”



      A expressão verde dos teus olhos reflete o tipo de vegetação do Sertão,
que é a caatinga, pois na língua Tupi Guarani significa mata branca, nisso os
galhos sem folhas, outros com folhas secas e uma coloração cinza-
esbranquisada. AB’SABER (2006, p.85) nos ilucida em afirmar que quando
chegam as primeiras chuvas, as árvores e arbustos de folhas miúdas e
múltiplos espinhos protetores entremeados por cactáceas empoiradas, tudo
reverdece. Sendo que a existência de água na superfície dos solos, em
combinação com forte luminosidade dos sertões, restaura a funcionalidade da
fotossíntese e nisso o verde designa, o rebrotar.


      De acordo com TORRES (2006, p.13), no último verso, representa que
cada indivíduo quer ocupar “seu espaço” se manifestar através de sua região,
através de suas ações sobre os objetos da paisagem através de suas
manifestações simbólicas ou concretas, não importando o lugar onde ele tenha
escolhido para seu “assentamento espacial”.


      Feita a análise da letra de Asa Branca, buscamos nos conceitos de
HAESBAERT apud CORREA (2000, p.170), no que se refere ao processo de
globalização colocando uma tríade conceitual para se compreender a
desterritorialização: território, onde prevalece a política; a rede, prevalecendo a
economia, e os aglomerados de exclusão, em que os indivíduos perdem seus
laços com o território e passam a viver numa mobilidade e insegurança atrozes,
como por exemplo em grupos de sem-teto; nesse caso os próprios nordestinos.

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Análise geográfica da letra da música asa branca

  • 1. Análise Geográfica da letra da Música Asa Branca Quando olhei a terra ardendo como fogueira de São João. Eu perguntei, a Deus do céu, por quê tamanha judiação! Que braseiro, que fornalha, nem um pé de plantação. Por falta d´água, perdi meu gado morreu de sede meu alazão. Até mesmo Asa branca bateu asas de sertão. Então eu disse, adeus Rosinha guarda contigo meu coração. Hoje longe muitas léguas numa triste solidão. Espero a chuva cair de novo pra mim vortá pro meu sertão. Quando o verde dos teus olhos Se espalhar na prantação. Eu te asseguro, num chore não, viu? Que eu voltarei, viu, meu coração. Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira-1947
  • 2. “ Quando olhei a terra ardendo, como fogueira de São João. Eu perguntei, a Deus do céu, por quê tamanha judiação!” No primeiro verso, descreve o tipo de solo da região das secas, uma terra vermelha, quente como o fogo da fogueira, porém transmite a alegria, a cultura desse sertanejo quando fala da festa junina. No segundo verso trata da questão da crença, onde são predominantemente católicos tendo a devoção do Padre Cícero, abordando a questão da religiosidade fazendo um pedido para que a “água”, a chuva, amenizasse o tempo climático, pois segundo AB’SABER (2003, p.85), no período seco há a predominância de nuvens esparsas, mas não chove, entretanto na estiagem os sertões funcionam, muitas vezes, como semidesertos nublados. “Que braseiro, que fornalha, nem um pé de plantação. Por falta d´água, perdi meu gado morreu de sede meu alazão.” Na primeira frase, relata a comparação do ‘braseiro, fornalha’ ao calor intenso que é o Sertão, tendo o clima semi-árido na região do polígono da seca. Conforme AB’SABER (2005, p. 85), quando as árvores perdem as suas folhas, os solos se ressecam e os rios perdem a correnteza, enquanto o vento seco vem com os bafos de quentura. E na frase seguinte mostra o baixo índice de pluviosidade e também nos remete a uma questão polêmica:será que a transposição de parte do rio São Francisco seria a solução? Nisso SAUER apud SANTOS (1997, p. 64), considera dois tipos de paisagem, a natural e a artificial, pois a transposição será feita através da canalização de parte do rio São Francisco; e argumenta que a medida que o homem se defronta com a natureza,há entre os dois uma relação cultural, que é também política ou técnica. Com isso, a territorialidade é entendida como
  • 3. tentativa de um indivíduo ou grupo de atingir, influenciar ou controlar pessoas, fenômenos e relacionamentos através da delimitação e controle sobre uma área geográfica. (SACK apud HAESBAERT. 2002, p.19) Conforme HAESBAERT (1988, p.19), o espaço está reduzido pelos marxistas, onde o conceito de região tenderia a desaparecer, pois reconhece nele um espaço vivido e que a própria delimitação política e o polígono da seca acaba forçando uma identidade. Nessa abordagem materialista dialética, a região passa a ser concebida como produto da desigualdade sóco-espacial intrínseca ao desenvolvimento desigual e combinado do capitalismo. “ Até mesmo Asa branca bateu asas de sertão. Então eu disse, adeus Rosinha guarda contigo meu coração. ” De acordo com SANTOS (2006, 328), o conceito de desterritorialização, onde o movimento se sobrepõe ao repouso, e com isso a desculturalização surge no primeiro trecho da música que aponta a migração, no qual o nordestino ao ir para uma cidade grande deixará uma cultura herdada para se encontrar com outra e nisso defronta-se com um espaço que não ajudou a criar. Já no segundo verso traduz a relação do lugar associando ao espaço vivido, onde existe uma afetividade, um envolvimento, nesse caso a Rosinha. E o sentimento de pertencimento é o que determina e classifica o espaço, e ao mesmo tempo a afetividade que o povo projeta a um lugar, insuficiente para compreender a fenomelogia ou o espaço vivido (TORRES, 2006,p.5). “ Hoje longe muitas léguas numa triste solidão. Espero a chuva cair de novo pra mim vortá pro meu sertão.”
  • 4. Citando HAESBAERT (2004, p.127), no outro verso o local onde esses migrantes se deslocaram já possui a sua territorialidade, ocasionando a re- territorialização, pois ao retornar ao seu Sertão, o sertanejo volta com mais experiências vividas dos lugares que se estabeleceram. “ Quando o verde dos teus olhos se espalhar na prantação. Eu te asseguro,num chore não,viu? que eu voltarei,viu, meu coração. ” A expressão verde dos teus olhos reflete o tipo de vegetação do Sertão, que é a caatinga, pois na língua Tupi Guarani significa mata branca, nisso os galhos sem folhas, outros com folhas secas e uma coloração cinza- esbranquisada. AB’SABER (2006, p.85) nos ilucida em afirmar que quando chegam as primeiras chuvas, as árvores e arbustos de folhas miúdas e múltiplos espinhos protetores entremeados por cactáceas empoiradas, tudo reverdece. Sendo que a existência de água na superfície dos solos, em combinação com forte luminosidade dos sertões, restaura a funcionalidade da fotossíntese e nisso o verde designa, o rebrotar. De acordo com TORRES (2006, p.13), no último verso, representa que cada indivíduo quer ocupar “seu espaço” se manifestar através de sua região, através de suas ações sobre os objetos da paisagem através de suas manifestações simbólicas ou concretas, não importando o lugar onde ele tenha escolhido para seu “assentamento espacial”. Feita a análise da letra de Asa Branca, buscamos nos conceitos de HAESBAERT apud CORREA (2000, p.170), no que se refere ao processo de globalização colocando uma tríade conceitual para se compreender a desterritorialização: território, onde prevalece a política; a rede, prevalecendo a economia, e os aglomerados de exclusão, em que os indivíduos perdem seus
  • 5. laços com o território e passam a viver numa mobilidade e insegurança atrozes, como por exemplo em grupos de sem-teto; nesse caso os próprios nordestinos.