1. QUEM PAGARÁ A SUA APOSENTADORIA?*
O recente censo do IBGE nos mostrou, entre outros aspectos, dados extremamente
preocupantes em relação ao nosso futuro. Atualmente nossa população tem mais
longevidade, temos mais velhos e menos crianças. Isso significa que a força de trabalho
diminui a cada ano, o número de aposentados aumenta e vivem mais tempo.
Paralelamente a esta realidade, temos outras mais cruéis para com nosso futuro.
Diferente das propagandas governamentais, a educação vive uma crise sem precedentes,
a qualidade diminui a cada década, a formação das novas gerações é cada vez mais
deficiente, o que me leva a pensar na educação que tínhamos a décadas atraz e o que
temos hoje.
Os dados do IPEA e Ministério do Trabalho revelam bem essa realidade, no Estado
faltam mais de 32.000 profissionais para ocupar vagas por falta de qualificação
profissional. No país a previsão é de que neste ano faltem mais de 1.000.000 de
profissionais qualificados. O País tem ainda quase 10% de analfabetos sem contar os
analfabetos funcionais que devem ser mais de 40%.
Aliado a estas deficiências temos um País que possui 13.000.000 de brasileiros vivendo
do Bolsa Família, pessoas que não estão sendo estimuladas ou recebendo condições para
pensar em produzir para este País. Não são mais famílias de “miseráveis” nas
estatísticas, mas por outro lado não há qualquer estimulo ao trabalho, ao
empreendedorismo, é uma parcela significativa de jovens e famílias sem estimulo a
produção, pessoas dependentes dos governos.
Recentemente, em uma viajem que fiz a Portugal e Inglaterra, pude constatar em
conversas com o povo português, que lá também existe uma espécie de Bolsa Família
criado a mais de 10 anos, este programa paga em torno de 300 euros. Lá os beneficiados
não querem mais saber do trabalho, querem sim ganhar a Bolsa do Governo. Assim,
constatei que o PAI (Portugal) fez esta medida social e o FILHO (Brasil) também.
Agora Portugal vive uma crise econômica grave, o Primeiro Ministro quiz fazer
reformas fortes e não conseguiu, está demissionário e o país mal. Na Inglaterra, por outro
lado, o governo reduziu benefícios sociais, pois também não tem mais como mante-los.
No Brasil, tudo indica, caminhamos para esta triste realidade. Se não tomarmos
medidas urgentes, priorizando a educação, estimulando o trabalho, estabelecendo um
período para as famílias receberem o Bolsa Família e preparando-as para o mercado de
trabalho, caminharemos a passos largos para a mesma realidade que Portugal vive
atualmente e não teremos mais quem pague as aposentarias dos futuros aposentados.
Sem educação, mas com Bolsa Família e a indiferença do povo a corrupção, as novas
gerações não terão como pagar a sua aposentadoria. Você já pensou nisso?
Jocelin Azambuja – advogado*