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Adequações curriculares
Os ajustes no currículo podem ser entendidos como um instrumento de ensino individualizado, porque são
alterações feitas a partir da programação curricular comum para responder às diferenças individuais dos
alunos. As adaptações curriculares são um continuum das menos significativas para as mais significativas,
dependendo do grau de dificuldade apresentada pelo aluno.

As adaptações curriculares significativas traduzem-se em alterações substanciais que dizem respeito a um
ou mais elementos do currículo (objetivos, conteúdos, metodologias, avaliação), e a uma ou mais sub-áreas
de aprendizagem, conduzidas pelo professor, em colaboração com o (a) especialista (s) para apoiar os
processos de aprendizagem (psicólogo, terapeuta da fala, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, psicólogo).
Elas são de carácter extraordinário e segundo Lucchini et al (2003) podem afetar:

∞ As metodologias, com a introdução de procedimentos e estratégias que incentivem a experiência direta,
que incentivem e apoiem a cooperação entre os alunos, atividades com diferentes graus de complexidade,
de estimulo à motivação, atividades recreativas, que estimulem a auto-controle e a regulação social, entre
outros ; adaptando a comunicação e linguagem para que todos os alunos possam compreender.

∞ Os materiais, atendendo às necessidades específicas dos alunos com NEE. Usando textos adicionais,
realizando guiões específicos de trabalho, atividades que exigem um determinado material específico, entre
outros.

∞ A avaliação, através duma avaliação inicial ou de diagnóstico para atender aos níveis de proficiência,
ritmo e estilo de aprendizagem do aluno e estabelecer que tipo de adaptações curriculares é necessário.
Durante o processo de aprendizagem, a avaliação formativa permite acompanhar o progresso da criança,
avaliar como se está a desenvolver o processo de ensino e medir a eficácia de adaptação curricular
implementada. Finalmente, no final do processo de ensino-aprendizagem, a avaliação sumativa mede o nível
de realização atingido pelo aluno, sobre os objetivos e conteúdos e por isso serão considerados esses
resultados na tomada de decisões sobre o rumo a tomar de futuro.

∞ Os objetivos e conteúdos, a fim de permitir ao aluno o acesso à aprendizagem. Esta modificação justifica-
se na medida em que o grau de dificuldade ou complexidade é condicionado pelas possibilidades dos alunos
ou de outra forma, quando os requisitos são acima da capacidade e do conhecimento prévio do aluno. É
procurar tornar a aprendizagem significativa - o que e quando ensinar- a partir de ajustes específicos ao
currículo oficial1. Podemos então:
*priorizar determinadas metas, objetivos ou conteúdos;
*introduzir ou excluir determinados objetivos ou de conteúdo;
*alterar o calendário do cumprimento dos objetivos.
Estas adequações nos objetivos e conteúdos podem ser considerados não significativas: quando não se
modifica substanciamente o currículo oficial. São ações que os professores fazem para proporcionar
situações de aprendizagem adequadas, a fim de responder às necessidades educacionais dos alunos. Essas



1
 Ex1: Se o objetivo for "Escrever com precisão e clareza as palavras curtas e longas", podemos priorizar, primeiro “
Escrever palavras usando sílabas direta, inversa e misto" e depois de atingido isto definir outro objetivo que inclua
sequência e tempo para a sua realização.
Agrupamento de Escolas de Mealhada 2012 - 2013
Educação Especial – Lúcia Ferreira
ações incluem a priorização de objetivos e conteúdos, bem como ajustes de metodologia e avaliação de
acordo com as necessidades e interesses dos alunos.
Ou podem ser adequações consideradas significativas: aquelas que consistem principalmente na remoção
de conteúdos e objetivos que são considerados básicos nas diferentes disciplinas e a consequente mudança
nos critérios de avaliação. A aplicação deste tipo de adaptação requer uma análise profunda, porque não é
simples adaptações na metodologia ou avaliação, mas representam mudanças muito significativas no
currículo.

∞ Organização do tempo, alterar os tempos do dia na escola, em função das necessidades dos alunos com
NEE


Em sala de aula, os ajustes curriculares realizados podem traduzir-se em:

• Tempo: despender de mais tempo para cumprir certas habilidades educacionais.
• Priorizar conteúdos e selecionar aqueles que melhor se adequam às características do grupo em geral.
• Mudanças na localização dos alunos (promover tutorias entre pares); mudanças na organização do
trabalho do aluno (trabalho em grupo, fazer avaliações coletivas, a fim de apoiar os alunos com
necessidades educativas especiais ou fazer ajustes em disciplinas como Educação Física, Educação Visual,
Língua Estrangeira,…); mudança no tipo de atividades (tarefas diferenciadas) e no seu nível de dificuldade2;
• Criação de condições físicas de mobiliário para os alunos com NE para que usem os espaços da forma mais
independente possível e ao mesmo tempo, permitir o mais alto nível de comunicação e interação com os
outros.
• Recorrer a ajudas técnicas que podem facilitar o acesso ao currículo: aparelhos auditivos, lupas ou lentes
especiais, equipamentos para o movimento ou deslocamento, ajustes de infra-estrutura (rampas, barras de
apoio e portas ampliadas) para beneficiar os alunos que têm dificuldades motoras para garantir seu acesso à
escola, iluminação melhorada, mobiliário especial (para alunos com problemas de motor graves, os
canhotos), e remoção de outros ruídos.
• Recomenda-se uma avaliação do contexto durante prática educativa3, ou seja, tendo em conta a
participação do aluno no desenvolvimento da aula, o trabalho prático relacionado com o assunto ou fazer
resumos orais sobre temas desenvolvidos. A avaliação do contexto durante prática educativa é uma
avaliação que se centra no processo de ensino-aprendizagem e inclui a implementação da avaliação por
pares e auto-avaliação e a utilização de procedimentos e instrumentos de avaliação variados e diferentes
(testes orais, itens de resposta curta, etc.).




2
 Ex2: Um aluno Y não consegue identificar e trabalhar números acima do 100 enquanto outros trabalham até à dezena
de milhar. O professor pretende trabalhar a adição com transporte ou a subtração com empréstimo, pode propor ao
aluno Y exatamente as mesmas atividades que seus colegas apenas dentro de valores entre 0 e 100.
3
 Ex3: Se um aluno tem dificuldades em leitura e escrita não é aconselhável que o professor de uma disciplina de
história, ciências ou geografia, por exemplo, valorize sobretudo os testes formais, pois o resultado destes não permitirá
descobrir o nível de conhecimento do aluno sobre a matéria em questão embora revele o nível de proficiência do
mesmo em termos de compreensão da leitura e competência ortográfica
Agrupamento de Escolas de Mealhada 2012 - 2013
Educação Especial – Lúcia Ferreira

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  • 1. Adequações curriculares Os ajustes no currículo podem ser entendidos como um instrumento de ensino individualizado, porque são alterações feitas a partir da programação curricular comum para responder às diferenças individuais dos alunos. As adaptações curriculares são um continuum das menos significativas para as mais significativas, dependendo do grau de dificuldade apresentada pelo aluno. As adaptações curriculares significativas traduzem-se em alterações substanciais que dizem respeito a um ou mais elementos do currículo (objetivos, conteúdos, metodologias, avaliação), e a uma ou mais sub-áreas de aprendizagem, conduzidas pelo professor, em colaboração com o (a) especialista (s) para apoiar os processos de aprendizagem (psicólogo, terapeuta da fala, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, psicólogo). Elas são de carácter extraordinário e segundo Lucchini et al (2003) podem afetar: ∞ As metodologias, com a introdução de procedimentos e estratégias que incentivem a experiência direta, que incentivem e apoiem a cooperação entre os alunos, atividades com diferentes graus de complexidade, de estimulo à motivação, atividades recreativas, que estimulem a auto-controle e a regulação social, entre outros ; adaptando a comunicação e linguagem para que todos os alunos possam compreender. ∞ Os materiais, atendendo às necessidades específicas dos alunos com NEE. Usando textos adicionais, realizando guiões específicos de trabalho, atividades que exigem um determinado material específico, entre outros. ∞ A avaliação, através duma avaliação inicial ou de diagnóstico para atender aos níveis de proficiência, ritmo e estilo de aprendizagem do aluno e estabelecer que tipo de adaptações curriculares é necessário. Durante o processo de aprendizagem, a avaliação formativa permite acompanhar o progresso da criança, avaliar como se está a desenvolver o processo de ensino e medir a eficácia de adaptação curricular implementada. Finalmente, no final do processo de ensino-aprendizagem, a avaliação sumativa mede o nível de realização atingido pelo aluno, sobre os objetivos e conteúdos e por isso serão considerados esses resultados na tomada de decisões sobre o rumo a tomar de futuro. ∞ Os objetivos e conteúdos, a fim de permitir ao aluno o acesso à aprendizagem. Esta modificação justifica- se na medida em que o grau de dificuldade ou complexidade é condicionado pelas possibilidades dos alunos ou de outra forma, quando os requisitos são acima da capacidade e do conhecimento prévio do aluno. É procurar tornar a aprendizagem significativa - o que e quando ensinar- a partir de ajustes específicos ao currículo oficial1. Podemos então: *priorizar determinadas metas, objetivos ou conteúdos; *introduzir ou excluir determinados objetivos ou de conteúdo; *alterar o calendário do cumprimento dos objetivos. Estas adequações nos objetivos e conteúdos podem ser considerados não significativas: quando não se modifica substanciamente o currículo oficial. São ações que os professores fazem para proporcionar situações de aprendizagem adequadas, a fim de responder às necessidades educacionais dos alunos. Essas 1 Ex1: Se o objetivo for "Escrever com precisão e clareza as palavras curtas e longas", podemos priorizar, primeiro “ Escrever palavras usando sílabas direta, inversa e misto" e depois de atingido isto definir outro objetivo que inclua sequência e tempo para a sua realização. Agrupamento de Escolas de Mealhada 2012 - 2013 Educação Especial – Lúcia Ferreira
  • 2. ações incluem a priorização de objetivos e conteúdos, bem como ajustes de metodologia e avaliação de acordo com as necessidades e interesses dos alunos. Ou podem ser adequações consideradas significativas: aquelas que consistem principalmente na remoção de conteúdos e objetivos que são considerados básicos nas diferentes disciplinas e a consequente mudança nos critérios de avaliação. A aplicação deste tipo de adaptação requer uma análise profunda, porque não é simples adaptações na metodologia ou avaliação, mas representam mudanças muito significativas no currículo. ∞ Organização do tempo, alterar os tempos do dia na escola, em função das necessidades dos alunos com NEE Em sala de aula, os ajustes curriculares realizados podem traduzir-se em: • Tempo: despender de mais tempo para cumprir certas habilidades educacionais. • Priorizar conteúdos e selecionar aqueles que melhor se adequam às características do grupo em geral. • Mudanças na localização dos alunos (promover tutorias entre pares); mudanças na organização do trabalho do aluno (trabalho em grupo, fazer avaliações coletivas, a fim de apoiar os alunos com necessidades educativas especiais ou fazer ajustes em disciplinas como Educação Física, Educação Visual, Língua Estrangeira,…); mudança no tipo de atividades (tarefas diferenciadas) e no seu nível de dificuldade2; • Criação de condições físicas de mobiliário para os alunos com NE para que usem os espaços da forma mais independente possível e ao mesmo tempo, permitir o mais alto nível de comunicação e interação com os outros. • Recorrer a ajudas técnicas que podem facilitar o acesso ao currículo: aparelhos auditivos, lupas ou lentes especiais, equipamentos para o movimento ou deslocamento, ajustes de infra-estrutura (rampas, barras de apoio e portas ampliadas) para beneficiar os alunos que têm dificuldades motoras para garantir seu acesso à escola, iluminação melhorada, mobiliário especial (para alunos com problemas de motor graves, os canhotos), e remoção de outros ruídos. • Recomenda-se uma avaliação do contexto durante prática educativa3, ou seja, tendo em conta a participação do aluno no desenvolvimento da aula, o trabalho prático relacionado com o assunto ou fazer resumos orais sobre temas desenvolvidos. A avaliação do contexto durante prática educativa é uma avaliação que se centra no processo de ensino-aprendizagem e inclui a implementação da avaliação por pares e auto-avaliação e a utilização de procedimentos e instrumentos de avaliação variados e diferentes (testes orais, itens de resposta curta, etc.). 2 Ex2: Um aluno Y não consegue identificar e trabalhar números acima do 100 enquanto outros trabalham até à dezena de milhar. O professor pretende trabalhar a adição com transporte ou a subtração com empréstimo, pode propor ao aluno Y exatamente as mesmas atividades que seus colegas apenas dentro de valores entre 0 e 100. 3 Ex3: Se um aluno tem dificuldades em leitura e escrita não é aconselhável que o professor de uma disciplina de história, ciências ou geografia, por exemplo, valorize sobretudo os testes formais, pois o resultado destes não permitirá descobrir o nível de conhecimento do aluno sobre a matéria em questão embora revele o nível de proficiência do mesmo em termos de compreensão da leitura e competência ortográfica Agrupamento de Escolas de Mealhada 2012 - 2013 Educação Especial – Lúcia Ferreira