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A VIOLÊNCIA NA
SOCIEDADE E VOCÊ
– UMA LEITURA
ESPIRITUAL
SUMÁRIO
1. Introdução...................................................................................................... 1
1.1 A “Árvore da Violência”.............................................................................1
1.2 A Violência na Sociedade – Quadro Atual – Ótica Espiritual....................3
2. A Violência e o Evangelho............................................................................ 7
2.1 A Violência e as Bem-Aventuranças ..........................................................7
2.2 A Violência e a espada de Pedro...............................................................10
2.3 A Violência e o apedrejamento da Adultera .............................................13
2.4 A Violência e o Soldado agressor.............................................................19
2.5 A Violência e a Crucificação do Cristo ....................................................21
2.6 A Não Violência, a Paz e Francisco de Assis ...........................................27
2.6.1 Francisco de Assis Ontem e Hoje .............................................................28
2.6.2 Francisco de Assis e a Carta Magna da Paz – A Oração pela Paz............31
2.6.3 Marcos da busca pela Paz – Cronologia – Século XX..............................37
3. A Violência na Sociedade – Aspectos Materiais e Sociológicos.............. 41
3.1 Violência – Conceitos ...............................................................................41
3.2 Tipologia da Violência..............................................................................43
3.3 A Natureza dos atos Violentos..................................................................45
3.4 As Raízes da Violência – um modelo Ecológico - OMS ..........................46
4. A Violência na Sociedade – Aspectos Espirituais e Morais – A “raiz” da
Violência.............................................................................................................50
4.1 Violência – Conceitos ...............................................................................50
4.2 Violência – Qual a Raiz?...........................................................................52
4.3 Violência – Principais causas Morais e Espirituais ..................................54
4.3.1 Ausência do desenvolvimento do Senso Moral........................................54
4.3.2 Preponderância do Egoísmo/Orgulho/Inveja............................................55
4.3.3 A Ressonância do Sofrimento na Vida .....................................................58
4.4 As Raízes da Violência – um modelo Espiritual - ACS............................61
4.4.1 Modelo Espiritual da Violência – Fundamentos.......................................61
4.4.2 Modelo Espiritual da Violência – Estrutura e Dinâmica ..........................63
5. A Violência na Sociedade – Aspectos Sociais e Espirituais – O “adubo”
da Violência........................................................................................................67
5.1 A Desestruturação Familiar.......................................................................69
5.1.1 Pais desajustados.......................................................................................71
5.1.2 Pais Invigilantes ........................................................................................73
5.1.3 Pais Agressivos .........................................................................................75
5.1.4 Pais Insensíveis .........................................................................................76
5.2 A Falência da Moral e Ética Religiosa e Educacional..............................78
5.2.1 Religiosa....................................................................................................78
5.2.2 Educacional...............................................................................................81
5.3 A Transição Planetária..............................................................................84
5.4 Os descontroles da Ciência e da Tecnologia.............................................87
5.5 As deficiências da Justiça e das Leis ........................................................92
5.6 Desequilíbrio das Mídias Sociais..............................................................94
6. A Violência na Sociedade – Tipos/Consequências Principais – Os
“frutos” da Violência ........................................................................................ 97
6.1 Violência Familiar/Mulher/Idoso/Infantil.................................................98
6.2 Violência Moral/Ética.............................................................................100
6.3 Violência Íntima/Espiritual/Obsessiva....................................................101
6.3.1 Violência Interna/Íntima/Endógena – Auto-obsessão Espiritual............101
6.3.2 Violência Externa/Íntima/Exógena – Obsessão Espiritual .....................105
6.4 Violência do Tecnicismo e do Materialismo ..........................................108
6.4.1 Violência do Desemprego.......................................................................108
6.4.2 Violência do Materialismo......................................................................110
6.5 Violência Social/Urbana/Política............................................................112
6.5.1 Violência da Fome ..................................................................................115
6.5.2 Violência da falta de Moradia.................................................................118
6.5.3 Violência da falta de Assistência à Saúde...............................................120
6.5.4 Violência do Analfabetismo....................................................................122
6.6 Violência Cibernética/Virtual/Digital.....................................................124
7. A Violência na Sociedade e em Você – O Que Fazer? Como “podar” a
árvore da Violência .........................................................................................128
7.1 Orar e implementar o Evangelho no Lar.................................................130
7.2 Cultivar a Paciência e a Benevolência ....................................................133
7.3 Exercitar o Silêncio e a Serenidade.........................................................135
7.4 Ponderar e Meditar..................................................................................138
7.5 Agir com equilíbrio e exercer um Trabalho Fraterno .............................141
7.6 Combater o Materialismo e o Egoísmo...................................................145
7.7 Fortalecer a Educação e a União Familiar ..............................................147
7.8 Identificar e lidar com os “sintomas” da Violência ................................150
7.9 Implementar exercícios de Autocontrole ................................................156
8. A Violência na Sociedade e em Você – Exemplos.................................. 162
8.1 Em torno da Paz – Humberto de Campos...............................................162
8.2 Violência – Augusto Cezar Netto ...........................................................164
9. Referências.................................................................................................166
1
A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
1. Introdução
1.1 A “Árvore da Violência”
“Porque não é boa a árvore a que dá maus frutos, nem má a árvore a que dá bons
frutos.
Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu fruto.
Porque nem os homens colhem figos dos espinheiros, nem dos abrolhos vindimam uva”.
Lucas, 6: 43–45
Allan Kardec – Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 21 – Itens 1 a 3 – Conhece-se a
árvore pelos frutos.
Na raiz da Violência encontra-se a falta de desenvolvimento do senso moral, que o
Espírito aprimora através da educação, do exercício dos valores éticos, da amplitude de
consciência.
Joanna de Angelis – Momentos Enriquecedores – Cap. 1 – A Loucura da Violência
Toda violência é explosão de energia, cujos resultados ninguém pode prever.
Pela brecha da irritação, caímos sem perceber nos mais baixos padrões vibratórios,
arremessando, infelizes e incontroláveis, os raios da destruição e da morte que, partindo de
nós para os outros, volvem dos outros para nós, em forma de angústia e miséria, perseguição
e sofrimento.
Emmanuel – Semeador em tempos novos – Cap. 13 – Um minuto de cólera
O Homem moderno, que conquistou a Lua e avança no estudo das origens do Sistema
Solar, incursionando pelos outros planetas, não conseguiu conquistar-se a si mesmo.
Logrou expressivas vitórias, sem alcançar a paz íntima, padecendo os efeitos das
conquistas tecnológicas sem os correspondentes valores de suporte moral.
Cresceu na horizontal da inteligência sem desenvolver a vertical do sentimento
elevado.
Bezerra de Meneses – Nas Fronteiras da Loucura – Cap. 9 – O Problema das Drogas
2
A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Entre as metodologias mais interessantes para desenvolver um projeto de trabalho,
encontra-se a “Árvore de Problemas”, que é composta por diagramas que analisam um
problema do ponto de vista das causas que o criam e tem como objetivo encontrar as causas
dos problemas para desenvolver projetos que as eliminem
O foco nas consequências do problema apena mascara a sua resolução. Daí a
importância aplicativa da metodologia “Árvore de Problemas” que auxilia e tem como fulcro a
definição do que é causa e do que é consequência de um problema.
(...) Outras ferramentas que atingem resultados similares à Árvore de Problemas são
conhecidas em especial na área de administração de empresas, entre elas o Brainstorming para
a geração de ideias, Diagrama de causa-e-efeito, etc.
(...) Em seu enfoque aos problemas, a Árvores de Problemas auxilia na determinação do
foco da intervenção, podendo ser definida como uma metáfora, em que a ilustração gráfica
mostra a situação-problema representada pelo tronco, as principais causas são representadas
pelas raízes e os efeitos negativos que ela provoca na população-alvo do projeto são os galhos
e folhas. A metáfora da árvore auxilia a visualização das fases de construção dessas
ferramentas/instrumentos.
Cecília Maria Carvalho Soares Oliveira – Universidade Federal de São Paulo – Projeto de
Intervenção associado à Árvore de Problemas – Cap. – Árvore de Problemas – aspectos
teóricos
A “árvore da violência” tem raízes, caule e frutos que precisam ser conhecidos e
avaliados adequadamente sob os aspectos morais, sociais e espirituais para serem
adequadamente compreendidos e tratados, para propiciar que a sombra desta “árvore” não mais
encampe e obscureça o progresso pessoal e coletivo da Terra, nesta passagem de um Mundo de
Provações para um Mundo de Regeneração, aonde tal “árvore” não mais se fará presente.
Adalberto Coelho
3
A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
1.2 A Violência na Sociedade – Quadro Atual – Ótica Espiritual
Sem dúvida, são turbulentos os dias da atualidade, em que, genericamente, vem
desaparecendo o sentido existencial, senão as contínuas cargas de pessimismo e violência
comprometidas com a destruição do ser integral e pleno em pensamento e atitude.
(...) Esse tem sido o mundo das irrisões e das aparentes glórias da cultura e da
civilização, em que os índices de morte pela fome, pelo abandono, pelas doenças e agora pela
pandemia assustam qualquer pessoa de médio equilíbrio emocional.
Manoel Philomeno de Miranda – No Rumo do Mundo de Regeneração – Introdução
Quando a sociedade se desorganiza, os valores ético-morais encontram-se em
decadência, por haverem perdido ou desvirtuado os seus conteúdos valiosos de sustentação.
As Instituições, por isso mesmo, neste momento experimentam desequilíbrio, e o
respeito pelo homem, pela sua dignidade, pela vida, cede lugar à agressão, aos desajustes, ao
crime, à desonra, que assumem proporções perturbadoras. Infelizmente tem sido assim, em
todas as épocas do processo histórico da Civilização.
Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 1.1 – Perg. 2
O amor está frio nos sentimentos da maioria dos homens e as doenças do ódio, do
absolutismo do poder coletivo e individual contaminam os seres humanos, ameaçando-os de
extinção numa guerra total.
Joanna de Angelis – Terapêutica de Emergência – Introdução
São tempos difíceis e definidores, esses tempos atuais.
São oportunidades para que as almas encarnadas na Terra possam escolher de que lado
anelam ficar, se na luz, se nas sombras; se anseiam pelos altos cimos espirituais, ainda que com
esforços inauditos, ou se preferem a aridez dos apetites baixos que infernizam os indivíduos de
má vontade.
Em todo lugar onde se instalaram os quartéis-generais da violência, em guetos de
sordidez, perante o comodismo e mesmo a complacência de autoridades constituídas para
proteger as populações, e diante da inépcia dos processos educacionais de má qualidade, não
são poucos os que se armam de diversas formas, a fim, dizem, de protegerem-se e proteger seus
familiares e pertences.
Imprevidente iniciativa essa, a de armar-se o indivíduo, objetivando defender-se, pois,
para defender-se com qualquer arma, terá que investir contra outra pessoa, realizando a justiça
que não lhe cabe efetuar.
Camilo – Justiça e Amor – Cap. 6 – Item 25 – Jesus ante o temor da violência
4
A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Entre as expressões do primarismo, no mercado das paixões humanas, destaca-se com
realce a violência, espalhando angústia e dor.
Remanescente dos instintos agressivos, ela estiola as mais formosas florações da vida,
estabelecendo o caos.
Em onda volumosa arrasa, deixando destroços por onde passa, alucinada.
Joanna de Angelis – Momentos Enriquecedores – Cap. 1 – A Loucura da Violência
Dos temas que hão atormentado a consciência do mundo, a violência tem tido grande
destaque, máxime nestes tempos de frieza, de insensibilidade, como se as pessoas estivessem
atuando sob efeitos narcóticos, hebetadas, sem definir os próprios rumos, ou, por outro lado,
estivessem às pressas, esfogueadas por ânsia doentia de consumo, de possuir, de ajuntar todas
essas coisas que nenhuma utilidade terão para o espírito imortal.
A violência vai se fazendo mais e mais aterradora, na medida em que não se limita aos
noticiários policiais, às mídias, mas penetra o cotidiano das pessoas como um pão amaro
que todos devessem comer na sua ração diária de desgostos.
Ao mesmo tempo em que a propaganda da violência instiga as almas enfermas e
inseguras a perpetra-la, as ações violentas dessas almas alimentam o noticiário como uma
cadeia de misérias de todos os níveis que se realimentassem, entenebrecendo o mundo que
estertora.
Camilo – Justiça e Amor – Cap. 3 – As várias faces da Violência
A pessoa que se esforça para se tornar pacífica tem pela frente muitas lutas e refregas,
considerando-se o atual estágio que a humanidade atravessa, caracterizado pela violência,
pela agressividade e pelas paixões dissolventes que ganham campo no comportamento geral
aceito sem muita discussão.
Em todo lugar apresentam-se os atentados à paz, à ordem, ao dever, gerando
conturbação e desequilíbrio, de tal forma que o volume das aberrações e monstruosidades
transforma-se em um peso emocional muito grande na conduta coletiva, estressando e
deprimindo os temperamentos mais vulneráveis, enquanto outros se atiram no sorvedouro do
desespero.
A violência se arma de ódio e incendeia guerras de destruição, enquanto a paz desarma
o indivíduo, fortalecendo-o para não temer em situação alguma e confiar sempre no triunfo que
conseguirá mediante a incessante busca do bem.
Joanna de Angelis – Diretrizes para o Êxito – Cap. 5 – Pacifismo
5
A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Vivem-se, na atualidade, os dias de descontrole emocional e espiritual no querido orbe
terrestre.
O tumulto desenfreado, fruto espúrio das paixões servis, invade quase todas as áreas do
comportamento humano e da convivência social.
Desconfiança sistemática aturde as mentes invigilantes, levando-as a suspeitas
infundadas e contínuas, bem como a reações doentias nas mais diversas circunstâncias.
A probidade cede lugar à avareza, enquanto a simpatia e a afabilidade são substituídas
pela animosidade contumaz.
As pessoas mal suportam-se umas às outras, explodindo por motivos irrelevantes, sem
significado.
Explica-se que muitos fatores sociológicos são os responsáveis pelas ocorrências
infelizes.
Apontam-se a fugacidade de todas as coisas, a celeridade do relógio, o medo, a solidão
e a ansiedade, como responsáveis pela frustração dos indivíduos, gerando as situações
agressivas que os armam de violência e de perversidade.
(...) Aumenta, assustadoramente, a agressividade, nestes dias, nos grupos humanos,
sem que haja um programa de reequilíbrio, de harmonização individual ou coletiva.
Trata-se de uma guerra não declarada, cujos efeitos perniciosos atemorizam a sociedade.
(....) A civilização contemporânea periclita nos seus alicerces materialistas, ameaçada
pela agressividade e pelo desrespeito moral que assolam sem freio.
(...) A rigor, com as nobres exceções existentes, a sociedade moderna encontra-se
enferma gravemente, necessitando de urgentes cuidados, que o sofrimento, igualmente
generalizando-se, conseguirá, no momento próprio, oferecer a recuperação, o reencontro com
a saúde após a exaustão pelas dores…
Joanna de Angelis – Centro Espírita Caminho da Redenção – Agressividade (15/03/2010)
A Humanidade já experimentou o ódio, as guerras, o exercício da prepotência na vã
expectativa de viver em harmonia entre si, nada conseguiu com essas práticas, a não ser
solidificar a sua beligerância, infelicitando-se.
Por que não experimentarmos, agora, o amor para construir esse estado de felicidade e
bem-estar espiritual, vivendo em paz consigo e com os demais?
A saga, portanto, é transformar a violência em ternura, é silenciar o rancor, é passar
incompreendido, de vista baixa, porque o coração está eivado da certeza de que o bem triunfa.
6
A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A Humanidade necessita de paz. Nunca a necessitamos tanto quanto hoje.
A Paz é Deus nos corações humanos.
Só há sofrimento porque há apego a coisas, pessoas e situações.
Não basta não ser violento, é necessário ser pacífico, tendo a caridade como móvel
da vida.
Desenvolver uma cultura de paz, mais do que necessário, é um dever do homem atual,
começando pela família, repercutindo-a na escola, nas ruas, gerando gentileza, brandura e
serenidade.
A Paz deixou de ser somente um substantivo, para se tornar um verbo, já constante
nos dicionários, indicando que, para se ter paz, será necessário agir.
O homem deve viver de tal forma que o mal dos maus não lhe faça mal, mas que o bem
dos bons produza harmonia e progresso espiritual.
Divaldo Franco – Revista Presença Espírita – 2018 – Março – Movimento Você e a Paz – 20
anos
7
A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
2. A Violência e o Evangelho
2.1 A Violência e as Bem-Aventuranças
“Bem-aventurados os Pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus”.
Jesus – Mateus 5:9 – As Bem-Aventuranças
“Bem-aventurados os Mansos, porque eles possuirão a Terra”.
Jesus – Mateus 5: 4 – As Bem-Aventuranças
Por essas máximas, Jesus estabeleceu como lei a doçura, a moderação, a mansuetude, a
afabilidade e a paciência. E, por conseqüência, condenou a violência, a cólera, e até mesmo
toda expressão descortês para com os semelhantes.
Allan Kardec – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 9 – Bem Aventurados os Mansos
e Pacíficos – Item 4
Paz no coração e paz no caminho.
Bem-aventurados os pacificadores — disse-nos Jesus —, de vez que todos eles agem na
vida, reconhecendo-se na condição de fiéis e valorosos filhos de Deus.
Emmanuel – Ceifa de Luz – Capítulo 19– No erguimento da Paz
Nas Bem-Aventuranças do Evangelho o homem vence a sua natureza animal,
entroniza a brandura que emana do Amor divino e atinge a mansidão vivida pelo Senhor no
Evangelho: Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração. (Mateus, 11:29.)
Mário Frigéri – Revista Reformador – 2015 – Dezembro – As Bem-Aventuranças do
Evangelho
Efetivamente, precisamos dos artífices da inteligência, habilitados a orientar o progresso
das ciências no planeta.
Necessitamos, porém, e talvez mais ainda, dos obreiros do bem, capazes de assegurar
a Paz no mundo. Não somente daqueles que asseguram o equilíbrio coletivo na cúpula das
nações, mas de quantos se consagram ao cultivo da Paz no cotidiano.
Emmanuel – Ceifa de Luz – Cap. 19 – No Erguimento da Paz
Ele, porém, o Príncipe da Paz, que nascera na manjedoura, passou entre os homens,
sem distintivos e sem palácios, sem ouro e sem legiões.
É por isso que, volvidos quase vinte séculos, ao recordar-lhe a suprema renúncia,
saudamo-lo em profunda reverência, ainda hoje:
— Ave Cristo! Os que aspiram vencer a treva e a animalidade em si mesmos, a favor
da verdadeira Paz sobre a Terra, te glorificam e te saúdam.
Vianna de Carvalho – Comandos do Amor – Cap. 1 – Ante o Príncipe da Paz
8
A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Em razão de Jesus representar o ideal dos sofredores e atrair as multidões, seria o
condutor ideal para a guerra, a fim de tomar reais as profecias aguardadas, por cujo
cumprimento se ansiava com carinho e quase desesperação.
Sem embargo, Ele se apresentava pacífico e pacificador.
Mais ovelha do que lobo devorador.
A Sua transparência moral desvelava-Lhe a alma pura.
O Seu discurso propunha que o cordeiro e o leão bebessem na mesma fonte e se
ajudassem; que a pomba e a águia voassem juntas, confraternizando à luz do dia; que os cardos
se abrissem em flor e nenhuma sombra de suspeita ou malquerença empanasse a e claridade do
afeto entre os homens.
(...) O Líder era poeta ...
Seu verso era musical e Sua palavra modulava a canção da vida eterna.
As anteriores haviam sido vozes extremadas pela ambição guerreira e argentária.
Fomentando as conquistas das coisas e dos espaços, de terras e ruínas calcinadas, alienavam os
vitoriosos que tombavam, mais tarde, vitimados pela morte, na loucura do poder, sobre os
vencidos silenciosos.
Com Ele não havia morte, sempre vida em triunfo.
A Sua era a batalha sem trégua para a conquista da glória sem fim.
Não padecem os homens somente a fome de verdade, mas, também, a de pão e de
dignidade; não apenas a sede de justiça, porém, igualmente, a de água potável, a de fraternidade
e a de apoio; não tanto a carência de amor, todavia, a de amizade e a de compreensão; não só a
necessidade de paz política lavrada com audácia nos gabinetes de luxo, por criaturas
atormentadas que armam acordos externos sob restrições e conflitos íntimos, no entanto, além
disso, aquela. que se irradia dos sentimentos elevados, fruto de uma consciência tranquila, que
resulta de um comportamento ordeiro e digno.
As bem-aventuranças ainda permanecem desafiadoras, aguardando serem
meditadas, para que, vividas, conduzam da Terra o homem, lutador e sofrido, na direção excelsa
do "Reino dos Céus", que, no entanto, já tem início hoje, aqui e agora, no mundo transitório por
onde deambula.
Impressa nas páginas sublimes do tempo passado-presente-futuro, a Constituição ideal
permanece como legítimo código de liberdade, de direitos, de deveres e de paz sob a inspiração
permanente do amor, que é a linha mestra desta Carta de alforria para a Humanidade.
Amélia Rodrigues – Revista Reformador – 1987 – Outubro – A Carta Magna
9
A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
O Mestre Galileu atua, desenvolve a Sua missão, nos idos distantes da Sua época e,
compreendendo importância da magnifica virtude para avida humana, assevera, sensibilizado:
“Deixo-vos a Paz, a minha Paz vos dou, mas não vo-lo dou como a dá o mundo”.
Em verdade, a paz é um valor que não se transfere. É uma benção que não se ganha,
que não pode ser obsequiada a outrem. Mas, ao dizê-lo como disse, conforme as anotações do
Evangelista, o Divino Amigo apresentava a Sua Paz, deixada como modelo para todos
quantos desejassem investir na sua conquista, ou como motivação para que nos dispuséssemos
a elaborar a nossa própria.
Por essa razão, afirmou que não no-la daria como o mundo nos costuma dar,
considerando-se que os conceitos de paz conhecidos no seio da humanidade estão relacionados
à inercia, à preguiça, à ausência de esforços, de lutas ou mesmo de sofrimentos.
O Cristo vinha nos apresentar novo entendimento da Paz. A paz que habita o cerne de
quem se vai ajustando às leis da consciência, às leis de Deus, apesar de todo o canhenho de
lutas, de dificuldades, de desafios que lhe surjam na trilha.
Camilo – A Carta Magna da Paz – Introdução
10
A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
2.2 A Violência e a espada de Pedro
“Embainha a tua espada, Simão, porque aquele que fere com a espada, com a espada
será ferido...”.
Jesus – Mateus 26:52
Os quatro evangelistas são unânimes em afirmar que um dos apóstolos feriu a orelha de
um dos soldados, componentes do séqüito que buscava prender Jesus.
João disse que o autor desse ato foi o apóstolo Pedro.
O evangelista João disse, ainda, que o soldado se chamava Malco, mas somente Mateus
afirmou que o Mestre repreendeu o apóstolo, dizendo: "Mete no seu lugar a espada, porque
todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão." O que, em algumas versões, teve a
seguinte tradução: "Quem com ferro fere, com ferro será ferido."
Dizendo "quem com ferro fere, com ferro será ferido", o Mestre corroborou a lei de
Ação e Reação, ou de Causa e Efeito, amplamente ensinada pelo Espiritismo.
Trata-se de uma lei justa e eqüitativa, que destrói, pela base, as teorias absurdas da tão
decantada "salvação pela graça", ou do perdão pleno, através da absolvição concedida por meio
de uma singela confissão auricular, conforme apregoada por algumas religiões terrenas.
"Quem com ferro fere, com ferro será ferido" não significa, de modo absoluto e de forma
inapelável, que o ofensor pagará a sua ofensa com o mesmo tipo de arma que usou para ferir.
O resgate, muitas vezes, acontece de maneira diferente.
Paulo Alves Godoy – O Evangelho por dentro – Cap. Mete a tua espada na bainha
A expressão “quem com ferro fere, com ferro será ferido” tem sua origem nas palavras
de Jesus, enunciando um dos princípios básicos da Doutrina Espírita – a Lei de Causa e Efeito.
A vida sempre nos cobrará por nossas defecções, trazendo-nos de volta as
conseqüências de nossos desatinos.
Richard Simonetti – Revista Reformador – 2002 - Agosto – Jesus no Horto
Ao chamar a atenção do amigo, rechaçando seu gesto violento contra o soldado Malcus,
Jesus adverte todo o seu rebanho terrestre, portando-se terminantemente em oposição à
violência, ensinando que ela não ficará impune nas esferas em que a alma respira, nos passos
da sua evolução
Camilo – Justiça e Amor – Cap. 24 – Jesus e a espada de Pedro
11
A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Há espadas invisíveis que despedaçam vidas, esfacelam esperanças, ceifam ideais...
Amélia Rodrigues – Até o fim dos Tempos – Cap. 22 – A Espada e a Cruz
Joanna de Angelis chama essas espadas invisíveis de conteúdos perturbadores,
de conflitos psicológicos, que seriam choques de entendimento e de comportamento entre o
Ego e o Self (amargura, lamentação, ressentimento e raiva – Autodescobrimento – Cap.10).
(...) Dois deles (conteúdos perturbadores, ou espadas invisíveis) ocasionaram o conflito
entre Pedro e Malco: Pedro, agressor, dominado pela raiva, atacou Malco, com uma espada
visível; Malco, agredido, dominado pela raiva, converteu-a em ressentimento, transformando-
a e guardando-a numa espada invisível, com a qual atacaria Pedro, anos depois, esquecendo-
se da advertência do Mestre
Adilton Pugliese – O Consolador – Ano 3 – No
148 – Pedro, Malco e a Espada
Toma a tua cruz e embainha a tua espada na atual existência carnal.
Sê simples e puro de coração, triunfando interiormente adornando-te das condecorações
sublimes: as cicatrizes morais dos testemunhos.
Não ergas a espada para ferir em revide ao golpe que sofreste, mas antes perdoa.
Seja decorrente da acusação indébita, da infame traição, da perversa injustiça, não
reajas, cultivando o perdão, porque o outro, aquele que mal procede, não sabe realmente o que
está fazendo.
Não importa que ele seja teu amigo ou teu familiar, que a miopia espiritual cegou ou se
é declarado adversário que se compraz afligindo-te.
Tem em mente que ele está doente e que já passaste pelo mesmo caminho, agora em
processo de recuperação.
Perdoa sempre, a fim de viveres em paz.
Reflexiona que hoje segues ao som das bem-aventuranças, cuja musicalidade
permanece ressoando desde há vinte séculos e somente agora a ouviste, encantando-te.
Supera-te através do perdão e faze da tua espada um instrumento que, cravado no
solo, tome a aparência de uma cruz através da qual te redimas e arraste na direção do Mestre
aquele que te amaldiçoa e apunhala.
Perdoa, portanto, com alegria e paz.
Joanna de Angelis – Ante a Cruz e a Espada (Psicografia de Divaldo Pereira
Franco, na sessão mediúnica da noite de 28 de agosto de 2013, no Centro Espírita Caminho
da Redenção, em Salvador, Bahia.)
12
A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A advertência de Jesus a Simão é mais um ensinamento do Mestre, à luz do espírito da
letra, para que se embainhe o egoísmo, a vaidade, o orgulho, a maledicência, a inveja, o
melindre, a agressão verbal ou física, a indiferença e todo o arsenal de imperfeições que ainda
faz parte de nossas intimidades e que fere os semelhantes, mas, antes, ao próprio agente que
se utiliza desse arsenal na vida de relação.
A Humanidade está sendo convidada a embainhar a espada, física ou não, há dois mil
anos, mas agora, nesses momentos em que se vive os albores da transição planetária, o
convite permuta-se à convocação: manter as armas direcionadas ao solo, embainhadas,
lembrando o madeiro da redenção, onde reverberou a expressão de quem ama verdadeiramente
e compreende a ignorância dos irmãos em Humanidade: “Pai, perdoa-lhes; porque não sabem
o que fazem […]” (Lucas, 23:34).
Este é momento grave de transformação da Humanidade para um futuro de paz; sem
guerras entre nações; sem conflitos entre os povos; sem desrespeito às diversidades; com o olhar
voltado para dentro de si mesma, na busca da auto iluminação de cada criatura; momento que
convoca a um futuro de liberdade com responsabilidade; que vê no próximo um irmão, todos
filhos de Deus; que reconhece somente um caminho, o do amor, já indicado e trilhado por Jesus,
Guia e Modelo a ser seguido, mas com a espada embainhada.
Editorial – Revista Reformador – 2020 – Setembro – Embainha a tua Espada
Em nosso aprendizado cristão, lembremo-nos da palavra do Senhor: “Embainha tua
espada...”
Alimentando a guerra com os outros, perdemo-nos nas trevas exteriores, esquecendo
o bom combate que nos cabe manter em nós mesmos.
Façamos a paz com os que nos cercam, lutando contra as sombras que ainda nos
perturbam a existência, para que se faça em nós o reinado da luz.
De lança em riste, jamais conquistaremos o bem que desejamos.
A cruz do Mestre tem a forma de uma espada com a lâmina voltada para baixo.
Recordemos, assim, que, em se sacrificando sobre uma espada simbólica, devidamente
ensarilhada, é que Jesus conferiu ao homem a bênção da paz, com felicidade e renovação.
Emmanuel – Fonte Viva – Cap. 114 – Embainha a tua Espada
Outrossim, gerando ódio em volta de si, o agressivo atrai outros violentos com os
quais entra em choque padecendo, por fim, as conseqüências das arbitrariedades que se permite.
Não foi por outra razão que Jesus aconselhou a Simão, no momento grave da Sua prisão:
“Embainha a tua espada, porque quem com ferro fere, com ferro será ferido.”
Joanna de Angelis – Leis Morais da Vida – Cap. 28 – Agressividade
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
2.3 A Violência e o apedrejamento da Adultera
Mestre, esta mulher acaba de ser surpreendida em adultério; – ora, Moisés, pela lei,
ordena que se lapidem as adúlteras. Qual sobre isso a tua opinião? – Diziam isto para o tentarem
e terem de que o acusar. Jesus, porém, abaixando-se, entrou a escrever na terra com o dedo. –
Como continuassem a interrogá-lo, ele se levantou e disse: “Aquele dentre vós que estiver sem
pecado, atire a primeira pedra”.
Jesus – João 8:2 a 11
As duas faces das paixões humanas ali se configuravam, inconfundíveis: a violência,
na sua agressividade infrene, ululante, destruidora, e a fuga, açodada pela fraqueza moral,
batendo em retirada, sem dignidade.
A praça enorme, ensolarada, estava deserta.
O Sol dardejante se encontrava em triunfo.
Há pouco, agitava-se a mole quase assassina, sedenta de sangue, transferindo para uma
vítima inerme as próprias debilidades e frustrações.
Não poucas vezes, a agressão resulta de um processo psicológico de transferência
da culpa, íntima, que se vê refletida noutrem, naquele que, em erro, caiu nas armadilhas do
conhecimento público.
Não se sentindo encorajado para rechaçar as imperfeições, lapidando as arestas
grosseiras da personalidade enferma, o agressor descarrega no próximo toda a vergonha que o
aturde, a imensa insânia em que estertora.
Fora a ocorrência, há pouco sucedida.
O vozerio cedera lugar ao silêncio, quase incômodo; a fúria caíra diluindo-se em
modorra, em afastamento discreto...
Daquele lado, se apedrejavam as adúlteras, lapidando-se pelo crime a que foram
levadas por fatores mui variados.
* * *
No entanto, a voz serena e grave do estranho fulminara os agressores.
Nem sempre vige a pureza nos atos das criaturas, mas a aparência puritana tem neles
primazia.
Aos seus ouvidos ecoavam as blasfêmias; no corpo cansado as bofetadas e os primeiros
golpes sofridos agora doíam.
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Pessoa alguma lhe parecia conhecer os dramas íntimos, as úlceras purulentas em que se
dilacerava. . .
“— Ninguém te condenou? — Ele interrogara, triste e profundo. — Nem eu tampouco
te condeno...”
Ela, então, reflexionava, emocionada.
Subitamente explodiu-lhe como um raio, na mente em febre, a frase imorredoura:
“— Não tornes a pecar!”
Assustou-se e espraiou o olhar pela praça ardente, em ouro solar.
Estava a sós, como sempre: de forma, porém, diversa, como nunca dantes.
Percebia que não fora condenada nem mesmo por Ele, mas compreendeu, que também
não fora absolvida.
Ele não a censurara ou punira, mas também não a inocentara.
O erro é sombra na luz de quem delinqüe.
A enfermidade representa distúrbio no equilíbrio do organismo que a carrega.
A mulher adúltera, emocionada, renascendo dos escombros, descobriu a magnitude da
lição do Rabi: devia reparar o erro, a fim de quitar a dívida perante a própria e a
Consciência Divina.
Amélia Rodrigues – Há flores no Caminho – Cap. 8 – A superior Justiça
Seu nome não é citado nos Evangelhos, nem as tradições apostólicas o registraram de
alguma forma que alcançasse os nossos dias.
O Evangelista João é o único a narrar seu encontro com Jesus, no capítulo 8 do seu
Evangelho, nos versículos 2 a 11, portanto, deve ter sido testemunha ocular.
(...) Então, um grupo de fariseus, em meio a um grande alvoroço, lhe trouxe uma jovem
mulher, aparentemente apanhada em flagrante adultério.
Diga-se que, entre o povo de Israel, a definição de adultério não era a mesma para o
homem e a mulher. O homem somente era acusado de adultério se tivesse relações com uma
mulher casada ou noiva, porque, entendia-se, agredia outro homem. A mulher, adulterando,
agredia o matrimônio.
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Suspeita de adultério, era submetida à prova da água amarga. Devia beber uma
monstruosa bebida à base de pó apanhado no Templo. Se vomitasse ou ficasse doente, era
considerada culpada. Surpreendida em flagrante, a pena era a morte, que igualmente era
aplicada à mulher que fosse violada dentro dos muros da cidade, pois supunha a Lei que, dentro
da cidade, se ela tivesse gritado por socorro, teria sido ouvida e socorrida.
Os fariseus submetem a adúltera ao julgamento de Jesus. Em verdade, embora tivessem
olhos de lince para todas as faltas do próximo, a questão daquela hora visava muito mais
aproveitar o incidente para armar uma cilada ao profeta de Nazaré do que zelar pela pureza do
matrimônio.
Eles a jogam ao chão e ela ali fica, sem coragem sequer de erguer os olhos. Sabe que
delinquira e conhece a penalidade. Sabe, igualmente, que ninguém dela se apiedará.
Ninguém, senão Ele.
Enquanto a indagação dos fariseus aguarda uma resposta do Rabi sobre a pecadora, Ele
se inclina e traça na areia do pavimento caracteres misteriosos.
Que escreveria Ele? O nome do cúmplice que se evadira? O nome do marido que, ferido
no orgulho, permitia fosse sua esposa tão vilmente tratada?
Narram intérpretes do texto evangélico que Ele grafava a marca moral do erro de cada
um. Curiosos, os que ali esperavam a sentença de morte, para se extasiarem no espetáculo de
sangue e impiedade, podiam ler: ladrão, adúltero, caluniador... Em síntese, as suas próprias
mazelas morais.
Cresce a expectativa. Jesus Se ergue, percorre o olhar perscrutador pela turbamulta dos
acusados, que O sentem atingir-lhes a intimidade, e diz tranquilamente:
Aquele dentre vós que estiver sem erro, atire-lhe a primeira pedra.
Em silêncio, os circunstantes se afastaram, um a um, a começar pelos mais velhos. Sim,
os mais velhos trazem maior soma de empeços e problemas, remorsos e azedumes...
No meio da indecisão geral, Jesus tornou a traçar na areia sinais enigmáticos. Quando o
silêncio se fez, Ele Se levantou. Ali estava a mulher à espera do seu castigo. Se todos os demais
haviam partido, ela devia esperar dEle a sentença e a execução. Mas a Misericórdia ergueu a
miséria moral e lhe disse:
Mulher, onde estão aqueles que te acusavam? Ninguém te condenou?
Ninguém, Senhor. – Ousou responder a meia-voz.
Então, em vez do sibilar mortífero das pedras, ela ouviu as palavras do perdão e da vida:
Nem eu tampouco te condeno: vai e não tornes a pecar!
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
As anotações evangélicas se resumem ao episódio.
Contudo, o Espírito Amélia Rodrigues nos conta que, naquela noite, a equivocada
procurou o Mestre, na residência que O acolhia.
“Fala da fraqueza que a dominara, nos dias moços, sentindo-se sozinha. O esposo,
poucos dias após o matrimônio, retomara as noitadas alegres e despreocupadas junto a amigos.
Ela se sentira carente e cedera ao cerco do sedutor, que a brindava com atenção e pequenos
mimos.
Nada que a desculpasse, reconhecia. E agora, consumada a tragédia, para onde iria? O
esposo não a receberia, após o espetáculo público. Também não poderia contar com a proteção
paterna, porque fora levada à execração pública, não simplesmente recebendo uma carta de
repúdio, o que poderia servir até como indenização ao seu pai, pois o marido que assim
procedesse deveria devolver uma parte do dote da noiva ao sogro.
Não havia lugar para ela em Jerusalém. Que seria dela, só e desprotegida?
O Mestre lhe acena com horizontes de renovação, discorrendo sobre a memória do povo
que é duradoura para com as faltas alheias. Ela sente, nas entrelinhas, que deverá buscar outras
localidades, lugares onde não a conheçam, nem o drama que acabou de viver.
Na despedida, Jesus a conforta:
Há sempre um lugar no rebanho do amor para as ovelhas que retornam e desejam
avançar.
Onde quer que vás, eu estarei contigo e a luz da verdade, no archote do bem brilhará à
frente, clareando o teu caminho.
Dez anos passados e ei-la, em Tiro, em casa humilde, onde recebe peregrinos cansados
e enfermos sem ninguém. Um pouso de amor ela erguera ali.
Não esquecera jamais daquele entardecer e da entrevista noturna. Tornara-se uma
divulgadora da Boa Nova. De seus lábios brotavam espontâneas as referências ao Doce Rabi,
alentando as almas, enquanto limpava as chagas dos corpos doentes.
Foi em um cair de tarde que lhe trouxeram um homem quase morto. Ela lhe lavou e
pensou as chagas. Deu-lhe caldo reconfortante e tão logo o percebeu aliviado das dores, lhe
ofereceu a mensagem de encorajamento, em nome de Jesus.
Emocionado, confessa ele que conhecera o Galileu, um dia, um infausto dia, em
Jerusalém. Odiara-O, então, porque Ele salvara a mulher que adulterara, a sua esposa, mas não
tivera para com ele, o ofendido, nenhuma palavra.
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
O tempo lhe faria meditar em como se equivocara em seu julgamento. Confessa que,
desde algum tempo, vinha buscando a companheira, procurando-a em muitos lugares, sem
êxito. Até que a doença lhe visitara o corpo, consumindo-lhe as energias.
Embargada pelas emoções em desenfreio, naquele momento, a mulher recordou-se da
praça e do diálogo, à noite, com o Mestre, um decênio antes. Reconheceu o companheiro do
passado e sem dizer-lhe nada, segurou-lhe a mão suavemente e o consolou: “Deus é amor, e
Jesus, por isso mesmo, nunca está longe daqueles que O querem e buscam. Agora, durma em
paz, enquanto eu velo, porquanto, nós ambos já O encontramos...
Amélia Rodrigues – Pelos caminhos de Jesus – Cap. 15 – Encontro de
Reparação/Revista Reformador – 1985 – Novembro – Encontro de Reparação
Federação Espírita do Paraná – Momento Espírita – A mulher equivocada
O cenário não podia ser mais confrangedor. Uma mulher desgrenhada, trêmula como
varas ao vento, de olhos injetados de pavor, acossada por verdadeira turba de sanguissedentos
moralistas que desejavam apedreja-la sob a justificativa de que assim determinava a lei mosaica,
por haver sido flagrada em adultério.
O Mestre foi chamado, naquele grave momento de séria definição, para apresentar sua
visão do caso.
Diante do torvelinho de vilezas do magote de homens perante a indefesa e abandonada
mulher, o Benfeitor observava...
Durante quantos séculos aquela sociedade se acostumara a repetir a mesma cena?
Mulheres apanhadas em erro sexual, sem que jamais o seu parceiro fosse incluído na mesma
culpa ou na mesma sentença.
Há quantos séculos aquela sociedade de inconcebíveis valores machistas assassinava
mulheres pecadoras, sem considerar igualmente pecador o seu companheiro do prazer carnal?
Entretanto, entrar direto no tema da injustiça com aquela turbamulta, seria impensada
decisão. Ela não dispunha de amadurecimento para compreender o chamado da razão...
Fazer pregação em honra da virtude, enaltecendo o amor ao próximo e o perdão dos
erros alheios, não impactaria aqueles que se locupletavam na ignorância.
O Sábio Mensageiro não se agasta, não se perturba, não complica... que se cumpra a lei,
a começar dos que estivessem indenes de pecados...
Dizem os textos que, um após outro, os homens foram-se afastando, rumorejando uns,
silenciosos outros.
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Condicionado ao exercício da injustiça e da crueldade, poucas vezes o ser humano se dá
conta de que o que condena nos outros é exatamente o erro que comete ou o vício que ele
mesmo carrega.
Se não lhe cabe, na condição de quem educa, de quem se responsabiliza ou guarda
valores sociais, aplaudir o erro alheio, pelo fato de também portá-lo, cumpre-lhe desenvolver o
espírito de compreensão, de justiça e boa vontade, a fim de que não invista, violento, sobre os
que se perdem no erro, mas que estenda aos semelhantes o socorro do gesto de entendimento,
a palavra que levanta, tudo em nome da indulgência.
Que cada indivíduo medite, ante o descompasso de alguém, sobre se não faria o mesmo
se naquela posição estivesse, ou se, no ponto em que se acha agora, os equívocos que comete
não têm o mesmo peso moral dos cometidos pelos irmãos do caminho, menos preparados.
(...) Entende, assim, por que tu que já te sensibilizas com a mensagem do Gólgota, deves
abrir mão da violência. Percebe que na Terra, na fase transicional em que se acha, os violentos
tendem a resgatar no embate com outros de mesma índole.
Quanto a ti, preserva-te no exercício da brandura, na busca da paz, porque em sã
consciência, no planeta, bem poucos estão habilitados a julgar com acerto os desviados filhos
de Deus.
Dessa maneira, foi demolidora a proposta lúcida e sábia do Celeste Benfeitor: "Atire,
pois, a primeira pedra aquele que estiver sem pecado".
Camilo – Justiça e Amor – Cap. 6 – Item 22 – Jesus e a mulher adúltera
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
2.4 A Violência e o Soldado agressor
Assim que Jesus disse isso, um dos guardas que ali estavam bateu-lhe fortemente
no rosto, com a palma da mão, dizendo: “Isso é maneira de responder ao sumo sacerdote?”
E Jesus respondeu ao guarda: “Se Eu disse algo de mal, revela o mal. Mas se disse a
verdade por que me agrediste?”
Jesus – João 18:20/21
A oportunidade não podia ser melhor para a exibição da covardia, com objetivo de
retirar proveito pessoal.
Um homem manso atado por cordas, abandonado pelos convivas da véspera e acusado
pelo crime de ser bom e justo, amigo e servidor...
Entre os vapores da luxúria que engalanava o mentiroso poder de Anás e de Caifás, em
seu palácio, estruge o bofete acintoso...
Sem que fosse solicitado, o bilioso militar se insurge, violento, agredindo Aquele que
detinha as rédeas do governo planetário em Suas mãos sublimadas.
A torpeza quando associada à ignorância, determina a perda completa do controle, do
equilíbrio, gerando desastres terríveis na vida das pessoas.
Entretanto, o Luminoso Espírito, violentado, fez o legado que se perpetuaria na
consciência do mundo, enfrentando os tempos, com a imponência do seu conteúdo: "Se falei
mal, dá-me testemunho do mal; porém, se falei bem, por que me feres?"
A interrogação, acompanhada pela lógica do argumento, tendo provindo, ainda, da boca
do homem abatido pelo arbítrio daqueles que detinham largas quotas do poder terreno, tinha
que soar como uma trombeta ou estrondear como um trovão, embora a mansa firmeza da voz
entoada com suficiente intensidade para ser ouvida pelos que no recinto estavam.
Se falei bem, Por que me feres?
No mundo tem sido assim. Avultado número de indivíduos resgata, perante suas
consciências, antigos gravames, estando submetidos a outros indivíduos que se fazem motivo
de escândalo, tomando nas próprias mãos a ação somente cabível à lei divina.
Exorbitando, como costuma ocorrer, valem-se de suas funções profissionais, de suas
posições no jogo político-administrativo da
Terra, de seus recursos financeiros, a fim de darem vazão aos instintos violentos que
ainda os caracterizam.
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Quantos se atiram a perseguições de outros, infelicitando-os em seus empregos, em seus
negócios, no seio familiar ou no bojo da vida social, destilando ódio, inveja, despeito, que são
cultivados por almas pequenas, por indivíduos liliputianos que, por mais persigam, maltratem,
infelicitem, não sentem esvaziar o tonel de baixezas que conduzem no íntimo?
O que se passa é que tais criaturas estão acicatadas por si mesmas, pelos vícios morais
alimentados, inconformadas que são com o êxito, com o progresso, com o crescimento ou o
destaque de quem quer que seja. E, então, sentem esses prazeres mórbidos em se valer de suas
posições para maldizer e maltratar, oculta ou abertamente.
Outros tantos indivíduos, que não têm destaques sociais ou profissionais ou de qualquer
ordem, se estorcegam, desesperados, com esse desejo insano de perseguir, de denegrir, de
violentar; transformam-se em bajuladores, serviçais rastejantes, traidores pérfidos de
verdadeiros amigos, unicamente para dar vazão a sua inveja, suas frustrações, seus dejetos
morais, operando nas sombras, às ocultas, fazendo questão de acompanhar, sorrateiros, a
desilusão, a amargura, o pranto das suas vítimas que, não obstante, se souberem tudo suportar
com dignidade e altivez, resgatam, libertam-se.
Em toda parte, são encontrados esses indivíduos que, com o fito de se autopromover,
não trepidam em descarregar seu morbífico caráter, promovendo o sofrimento de quantos
apareçam em suas estradas, principalmente se se apresentarem como seres superiores, o que
será suficiente para despertar o despeito nessas almas perturbadas em si mesmas.
As anotações do evangelista João, em seu capítulo dezoito, versículo vinte e dois,
deixam-nos perceber que o que se passou com o Sublime Nazareno e o soldado, no palácio de
Anás, foi exatamente isso: o desejo infeliz de tripudiar sobre o homem indefeso, mas que
deixava à mostra a superioridade que o aureolava.
Camilo – Justiça e Amor – Cap. 6 – Item 23 – Jesus e o Soldado agressor
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
2.5 A Violência e a Crucificação do Cristo
“Eram nove horas da manhã quando o crucificaram”. Marcos 15:25
“Os soldados foram e quebraram as pernas de um e depois do outro, que estavam
crucificados com Jesus. E se aproximaram de Jesus. Vendo que já estava morto, não Lhe
quebraram as pernas, mas um soldado Lhe atravessou o lado com uma lança e imediatamente
saiu sangue e água”. João 19:31,34
"Que mal fez Ele? – perguntou Pilatos. Porém cada vez clamavam mais: seja
crucificado!" Mateus, 27:23.
A conspiração para que se consumasse o holocausto do Calvário, em que o Filho de
Deus testemunhou seu amor pelos homens, foi tramada pelos inimigos impenitentes
desencarnados, vencidos pelo despeito na luta pela vitória da violência com que
sintonizaram os transitórios donatários da posição governamental e religiosa da Terra, como
daqueles que se lhe entregaram a soldo.
Amelia Rodrigues – Revista Reformador – 1976 – Agosto – O Calvário e a Obsessão
Jesus Cristo! ... Condenado sem culpa, vencido e vencedor...
Profundamente amado, violentamente combatido!
De todos os títulos, preferiu o de Mestre, conquanto devesse, nas Provas Supremas,
reconhecer-se abandonado pelos discípulos.
De todas as profissões praticou, um dia, a de carpinteiro, ciente de que não teria para a
ministração de seus apelos e ensinamentos nem culminâncias de poder terrestre e nem galerias
de ouro, mas, sim, pobres barcos talhados em serviço de enxó e a golpes de formão...
Soberano da Eternidade permitiu se lhe aplicassem a coroa de espinhos, deixando-se
alçar num sólio constituído de dois lenhos justapostos, em dois traços distintos...
Ele que se declarou enfeixando O Caminho, a Verdade e a Vida, deu-se na Extrema
Renúncia, em penhor de semelhante revelação, suspenso nas horas derradeiras, sobre o traço
vertical que simbolizava a Fé, a erigir-se em Caminho para o Céu, e sobre o traço horizontal,
que exprimia o Amor, alimentando a Vida, na direção de todas as criaturas, como a dizer-nos
que Ele era, na Cruz, a Verdade torturada e silenciosa, entre a Fé e o Amor, a sustentar-se
claramente erguida para a Justiça Divina, batida e supliciada pelos homens, mas de braços
abertos.
Emmanuel – Perante Jesus – Cap. 7 – Perante o Divino Mestre
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A crucificação como pena era muito difundida na antiguidade. Aparece sob várias
formas entre numerosos povos do mundo antigo, mesmo entre os gregos. (...) Era uma punição
política e militar.
Entre os romanos era aplicada sobretudo às classes inferiores, isto é, escravos,
criminosos violentos e rebeldes. Os romanos faziam a crucificação em 3 fases: flagellation
(flagelação), crucifixion (colocação na cruz) e crurifragium (ato de quebrar as pernas para
acelerar a morte).
Através da humilhação extrema, com a exibição pública da vítima nua em um lugar
proeminente, como cruzamentos, teatro ou em elevações no local do crime, os romanos
desejavam intimidar o povo pelo exemplo e medo.
O judeu em particular era muito ciente disso. (...) A crucificação era agravada ainda
mais pelo fato de que com muita frequência suas vítimas nunca eram enterradas.
A vítima crucificada servia de alimento para animais selvagens e pássaros
predadores. Desse modo, a desgraça era tornada completa. O significado para um homem, na
antiguidade, de ter recusado o seu sepultamento e a desonra que vinha com isso, dificilmente
pode ser avaliado pelo homem moderno.
A flagelação (o açoite) era considerada o segundo pior castigo, perdia apenas para a
crucificação.
Nela o réu era despido de suas vestes e homens treinados o chicoteavam com chicotes
especiais conhecidos como flagerum.
Geralmente o resultado era que o réu desmaiava de dor. Eles “acordavam-no" para
continuar com o tormento. O chicote abria profundos rasgos no corpo, o que gerava perda
de sangue e o deixava em “carne viva”. Muitas vezes os golpes certeiros dados em uma
mesma área provocavam a laceração dos músculos.
Áreas sensíveis como o fígado, artérias do pescoço e coração podiam sofrer danos
irreversíveis, o que podia provocar a morte do réu. Porém, o objetivo não era matar, mas
torturar para facilitar a morte, por isso não era qualquer um podia chicotear.
Lilian Diniz – Escola de Aprendizes do Evangelho – Aula 44 – O Calvário
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Pilatos, diante da turba revoltada, consulta o que fazer para evitar-lhe a morte nefanda,
e um dos patrícios propõe a pena dos açoites na praça pública.
“– Mas os açoites?! – diz Publius Lentulus, admirado, antevendo as torturas do horrível
suplício”. Na esperança de que levassem em consideração seu espanto, vê que de nada adianta
a sua observação piedosa.
Emmanuel – Há Dois Mil Anos – Cap. 8 – No grande dia do Calvário
Waldehir Bezerra de Almeida – Revista Reformador – 2020 – Abril – Publius
Lentulus e o julgamento de Jesus.
O Mestre é açoitado diante da multidão (João, 19:4 a 6).
Não tendes, porventura, algum prisioneiro com processo consumado, que possa
substituir o profeta em tão horrorosas penas? As massas possuem alma caprichosa e versátil e
é bem possível que a de hoje se satisfaça com a crucificação de algum criminoso, em lugar
desse homem, que pode ser um mago visionário, mas é um coração caridoso e justo.
Emmanuel – Há Dois Mil Anos – Cap. 8 – No grande dia do Calvário
Aceita a proposta, Pilatos propõe ao povo sedento de sangue:
“A quem quereis que eu solte: Barrabás ou Jesus, que se chama Cristo?” O povo
ensandecido pede que solte o perigoso bandido e condena o Mestre à ignomínia da cruz
(Mateus, 27:15 a 23).
Fervilhando as constrições obsidentes que se impunham, os adversários da liberdade
espiritual da Terra, em desgoverno no Mundo Espiritual, dominaram os que se não armaram
de vigilância e equilíbrio, tornando‐se fáceis presas do Anti-Cristo, a fim de que a tragédia do
Gólgota se consumasse...
(...) As hordas desenfreadas da Espiritualidade inferior galvanizam no ódio os que
se permitem as licenças das paixões dissolventes.
Sempre se repetirão aquelas cenas nos linchamentos das ruas, nas prisões arbitrárias,
nas injustiças tornadas legais, quando as massas afluem aos espetáculos hediondos e se
asselvajam, tornando‐se homicidas incomparáveis.
(...) A covardia moral, abrindo as faculdades psíquicas ao intercâmbio com os
Espíritos imperfeitos e obsessores, todo o bem recebido negou, a fim de poupar‐se.
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Transformou o inocente em algoz, em revolucionário desnaturado, e elegeu o crime
como elemento de justiça.
O grande espetáculo da loucura coletiva se aproxima do Calvário.
A obsessão coletiva, como tóxico morbífico, domina os participantes da inominável
atuação infeliz.
(...) Nem todos desertaram. A fúria possessiva da treva não alcançara os que tiveram
acesa a luz da abnegação e do amor.
Olhou além e mais profundamente os presentes e os que se refugiaram longe deles, os
que armaram as cenas, os que se locupletam em gozos mentirosos sobre a fugidiça vitória. Seu
olhar penetrou os promotores reais do testemunho, aqueles que transitavam livres das
roupagens físicas...
No ápice da dor arquejante, bradou Jesus:
"Perdoa‐os, meu Pai! Eles não sabem o que fazem."
A sinfonia patética logrou, então, o máximo. Toda a orquestração de dor converteu‐se
em musicalidade de esperança e amor.
Ele não perdoava, apenas, os crucificadores, mas, também, os desertores, os
negadores, os receosos e pusilânimes, os ingratos e maledicentes, os insensatos e rebeldes...
Na imensa gama dos acolhidos pelo Seu perdão alcançava os promotores
desencarnados dos mil males que engendraram nos homens a prova das suas mazelas e o
agravamento das suas penas...
Sua voz alcançou os penetrais do Infinito e lucilou nos báratros das consciências
inditosas dos anticristos de todos os tempos, abrindo‐lhes os braços da oportunidade ao
recomeço e à redenção
O perdão doado da culminância da Cruz é a aliança inquebrável da união do Seu amor
com todos nós, os caminhantes retardados da via da evolução, convocando‐nos à perene
vigilância contra a obsessão de qualquer natureza que nos sitia e persegue implacavelmente...
Amelia Rodrigues – Revista Reformador – 1976 – Agosto – O Calvário e a Obsessão
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
São muitas, as lições do grande dia do Calvário, mas um aspecto avulta a todos os
demais: é o que nos adverte de escolher certo as opções que se nos apresentem nos grandes
momentos das nossas vidas.
Nossas paixões são más conselheiras, os interesses pessoais nos amarram ao passado
lamentável e impiedoso. No jogo entre as posições humanas e os interesses superiores do
espírito imortal, tendemos a optar pelos aspectos que nos evidenciam diante dos homens e não
por aqueles que nos redimem diante das leis de Deus.
Entre o orgulho e a humildade, costumamos ficar com aquele. Entre a oportunidade de
servir e amar e o impulso de acomodar-se ao egoísmo, ficamos com este. E nem percebemos
que, com nossas atitudes, espalhamos dor, retardamos a marcha evolutiva, não apenas a
nossa, mas a de outros espíritos a quem as nossas escolhas influenciaram.
Entre a força e a justiça, decidimos quase sempre pela força, na terrível ilusão de que
estamos apoiados na justiça.
Hermínio de Miranda – Reencarnação e Imortalidade – Cap. 20 – O Grande dia do
Calvário
(...) Após as cenas dolorosas do Gólgota, saciada no homem a sede de opressão e o
instinto de vandalismo, com o martírio do Justo, Jerusalém retoma a estrada das rotinas
mundanas.
As três cruzes erguidas numa das colinas do Monte Moriá permanecem gravadas nos
arquivos do ambiente, testemunhado a fabilidade da justiça de César, desde essa época cega às
motivações edificantes que movimentam o Espírito, dando-lhe forças para alcançar o objetivo
que a si mesmo traçou.
Os homens àquele tempo já tinham ouvido tudo o de que necessitariam pelos milênios
a fora. Seria preciso que o Pastor se afastasse do cenário imediato para que as ovelhas dessem
testemunhos dele. Mas Jesus não nos abandonou.
Nós, que já o conhecemos, pratiquemos seus ensinos junto aos doentes, pois foi para
eles que Jesus-Cristo veio.
A todos os momentos novas encruzilhadas se desdobram, e novos estropiados
transitam por elas, aguardando-nos o socorro.
Nosso ministério é de iluminação íntima pela iluminação possível do mundo.
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Não nos furtemos a servir, ainda que as expressões grosseiras da comunidade humana
nos exijam concessões que, por conhecermos as coisas de Deus, saberemos entender como
convenientes ou não.
Desçamos, cheios de vida, aos antros da morte, mesmo que a luz da mensagem que o
Cristo envia por nós não passe de relâmpago orientador nas furnas do sofrimento.
Hoje, como ontem e para todo o sempre, a Verdade continua a ser a mesma: Jesus-
Cristo. E Jesus, filhos, é Amor.
Albert Schweitzer – Revista Reformador – 1976 – Julho – Cristianismo Hoje
Anjo entre os anjos, faz-se pobre criança necessitada do arrimo de singelos pastores;
Sábio entre os sábios, transforma-se em amigo anônimo de pescadores humildes, comungando-
lhes a linguagem; Instrutor entre instrutores, detém-se, bondoso, entre enfermos e aflitos,
crianças e mendigos abandonados, para abraçar-lhes a luta, e, Juiz dos juízes, não se revolta
por sofrer no tumulto da praça o iníquo julgamento do povo que o prefere a Barrabás, para os
tormentos imerecidos.
Todavia, por descer, elevando quantos lhe não podiam compreender a refulgência
da altura, é que se fez o Caminho de nossa Ascensão Espiritual, a Verdade de nosso gradativo
Aprimoramento e a Vida de nossas vidas, a erguer-nos a alma entenebrecida no erro, para a
Vitória da Luz.
Emmanuel – Religião dos Espíritos – Cap. 28 – Desce Elevando
Filhos do Evangelho, não temamos!
O Mestre Ressuscitado vem de novo às assembléias dos continuadores de Sua obra de
redenção humana, reiterando-nos a promessa de que permanecerá conosco até o fim dos
séculos!...
Caminhemos servindo, armando o coração de humildade.
Antes, o amor infinito a sustentar-nos!
Agora, o infinito amor a soerguer-nos!
Cristo avança!
Cristo Reina!
Ave, Cristo.
Pedro de Alcântara – Tempo e Amor – Cap. 16 – Antes e Agora
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
2.6 A Não Violência, a Paz e Francisco de Assis
Mas Francisco de Assis não era uma alma que se contentasse com o meio-termo. Ele
sempre exigiu de si o máximo. E esses anos de provação trouxeram-lhe três experiências para
toda a vida: a tristeza é por excelência, mal dissolvente da alma; a conciliação de ideais
contraditórios é uma condição de inércia e de tortura interior; a dissociação do pensamento
e da ação é inimiga da vida e da PAZ.
Alceu de Amoroso Lima – Jornal do Brasil – 04/02/1983 – Terceiro artigo de série
sobre São Francisco
As perseguições aos chamados "hereges" e o negro projeto corporificado depois na
Inquisição preocupavam o mundo espiritual, onde se aprestaram providências e medidas de
renovação educativa.
Reencarna-se, então, na região da Úmbria, um dos maiores apóstolos de Jesus, que
recebeu o nome de Francisco de Assis.
Seu exemplo de simplicidade e de amor, de singeleza e de fé, contagiou numerosas
criaturas, mas não foi suficiente para converter a Igreja, que não entendeu que a lição trazida
por Francisco era para ela mesma.
Emmanuel – A Caminho da Luz – Cap. 18 – Os abusos do poder religioso
João enternecido, acercou-se mais e O abraçou com lágrimas nos olhos, falando-lhe
com voz embargada: – Eu seguirei contigo amigo amado, até o fim, doando-te a minha pobre
vida, para que eu possa ficar ao teu lado para sempre....
Os séculos se dobaram sobre aquele momento inesquecível, e o discípulo amado, dando
prosseguimento fiel à sua promessa retornou à Terra nas roupagens de Francisco de Assis.
Amélia Rodrigues – Dias Venturosos – Cap. 4 – Causas dos Sofrimentos
Meus bem-amados, são chegados os tempos em que, explicados, os erros se tornarão
verdades. Ensinar-vos-emos o sentido exato das parábolas e vos mostraremos a forte
correlação que existe entre o que foi e o que é.
Digo-vos, em verdade: a manifestação espírita avulta no horizonte, e aqui está o seu
enviado, que vai resplandecer como o Sol no cume dos montes.
João Evangelista – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 8 – Bem-Aventurados os que
tem puro o Coração (Paris, 1863.)
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
2.6.1 Francisco de Assis Ontem e Hoje
Quando chegaste à Terra, a noite medieval espalhava o terror, mantendo
a ignorância em predomínio de que se locupletavam os poderosos para esmagar os camponeses
e os citadinos pobres.
(...) Permanecia epidêmico o ódio, que espalhava o bafio pestilento das guerras
intérminas, deixando os campos juncados de cadáveres que apodreciam a céu aberto...
Tua voz, suave e meiga, entoou, então, o canto da paz, e te fizeste o símbolo
da verdadeira fraternidade que um dia se estenderá por toda a Terra.
As epidemias dizimavam os seres humanos, reduzidos a hilotas do destino insano,
dentro da terrível fatalidade do sofrimento sem termo.
(...) O mundo moderno, rico de glórias ligeiras e pobre de sentimentos, orgulhoso das
suas conquistas rápidas, mas que não nota a imensa aflição em que estorcegam as multidões
famintas e excluídas da sua sociedade, vivendo uma insuperável noite de horror e de
incertezas, necessita de ti com muita urgência.
Nunca houve tanta carência de amor quanto agora, por isso, o teu canto virá diminuir
a angústia que se transformou em patética afligente na Terra sofredora.
Há, sem dúvida, grandezas que defluem da ciência e da tecnologia, mas a solidão,
a ansiedade, o medo e as incertezas, todos eles filhos do materialismo insensível produzem o
vazio existencial, os transtornos psicológicos graves, as doenças psicossomáticas, a loucura
pelas drogas, pelo alcoolismo, pelo tabaco, pelo sexo desvairado, levando suas vítimas à fuga
pelo suicídio injustificável.
Volta, Irmão Francisco, para novamente reunir as tuas criaturas, todas elas à tua volta
como fizeste naqueles dias já recuados, conduzindo-as a Jesus.
(...) Volta, por favor, Irmão Alegria, a fim de que a tristeza do desamor bata em retirada
e uma primavera de bênçãos tome conta de tudo.
(...) Canta, então, novamente, a tua oração simples, com que nos brindaste naqueles dias
inesquecíveis, e onde houver desespero faze que se manifestem a paz e a esperança, e ante a
ameaça da morte iminente, o ser ressurja em júbilos ante as certezas da ressurreição, porque é
morrendo que se vive para sempre.
Irmão Sol, a grande noite moral da atualidade te aguarda ansiosa!
Joanna de Angelis – Francisco de Assis – O Sol de Assis – Cap. 1 – Em Louvor ao Irmão Sol
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Irmão Francisco! Canta outra vez para nós o teu poema de amor, nestes calamitosos dias
que vivemos!
As noites da Terra já não são ricas de canções, mas de expectativas dolorosas.
Os grupos juvenis raramente se reúnem para sorrir ou para os folguedos inocentes, e
sim para a embriaguez alcoólica ou o envenenamento por drogas alucinantes.
O enamoramento que procede à união dos corpos foi sucedido pela volúpia do sexo em
desalinho e a posterior dilaceração dos sentimentos face ao abandono e às suas conseqüências
perversas.
O relacionamento fraternal tem sido transformado em gangues violentas que se
arremetem umas contra as outras em fúria desconhecida.
A literatura gentil e cavalheiresca cede lugar à pornografia desabrida e às narrações de
funestos acontecimentos.
A música romântica transformou-se em vulcão de ruídos metálicos que induzem à
loucura e à bestialidade.
A poesia perdeu a inocência e a beleza, passando às arremetidas de palavras sem nexo
ou construções de palavras sem ritmo, sem rima, sem mensagem.
É certo que ainda permanecem em alguns grupos o sentimento de amor, de fraternidade,
de beleza e de harmonia, afirmando que nem tudo está perdido na grande noite adornada de
ciência e de tecnologia, na qual as almas estorcegam sob os camartelos do sofrimento.
Existe muito conforto para uns e nenhum para outros. Aliás, também nos teus dias era
assim, razão porque preferistes os últimos, oferecendo-lhes carinho por faltarem outros
recursos.
O progresso facilitou o intercâmbio entre as criaturas e propiciou o desenvolvimento
da criminalidade e do ódio.
Há grandeza, sim, na arte e no pensamento, na cultura e no sentimento, porém, a fé
empalideceu e agoniza ante a predominância do comportamento hedonista que se espalha por
toda a parte.
O firmamento está cortado a cada momento por grandiosas naves conduzindo milhões
de indivíduos de um para outro lado, com todo luxo e facilidade. Todavia, milhares de ogivas
nucleares carregadas de bombas de alta destruição aguardam o simples movimento para
dispararem suas cargas terríveis de desagregação de tudo.
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Nesse pandemônio de alegrias e pavor, de riquezas e misérias, de esperanças e
desencantos, há milhões de pessoas anelando por conhecer-te ou reencontrar-te, a fim de que a
tua canção, Irmão da Natureza, as reconduza a Jesus a quem tanto amas!
Volta novamente à Terra, Trovador de Deus, para que tua pobreza inunde de poder todos
aqueles que acreditam na força de não ter nada, nas infinitas possibilidades da não-violência
e no infinito amor do Pai!
Irmão Francisco: O teu irmão lobo transformou-se no monstro devastador de
drogas que consomem a juventude, em especial, e a outros indivíduos, em particular.
As lutas de cidades, umas contra as outras, ainda continuam e agora mais graves, na
violência urbana.
A poluição química da atmosfera, que ameaça a Terra, filha daquela de natureza
mental e moral, lentamente destrói a Irmã Natureza que tanto amas.
Homens dominadores e perversos ameaçam-se ainda através da política escravizadora
das moedas que subjugam os povos que não têm voz no concerto das Nações poderosas.
As vozes que proclamam a paz estão muito comprometidas com a guerra.
O mundo de hoje aguarda o retorno da tua Canção, pobrezinho de Deus, porque ela
impregna as vidas com ternura, amor e paz.
Iremos fazer um grande silêncio interior, preparar os caminhos e aguardar que tu
chegues, simples e nobre como o lírio do campo, bom e doce como o mel silvestre, amigo e
irmão como o Sol, para que tua voz nos reconduza de volta ao rebanho que te segue e levas ao
Irmão Liberdade, que é Jesus.
Joanna de Angelis – Nascente de Bençãos – Cap. 5 – Irmão da Natureza
Diante dele, recorda-te de Jesus. Meditando nele, acompanha-o até Jesus. – Orando com
ele, avança para Jesus. Não aceites colocações impossíveis quando chamado à trilha da
dedicação cristã.
Nas novas Porciúnculas, nas recentes vias das Assis megalópoles, ergue no coração o
eremitério para o amor e sai a cantar bênçãos e consolações para os irmãos do mundo em agonia.
Estigmatiza-te com as feridas do sentimento em sublimação e abre as comportas do
espírito à embriaguez do amor.
Faze da vida um poema simples, uma canção de simplicidade, uma oração simples
exaltando os bens inconfundíveis do Evangelho, que deves imprimir nos atos de toda hora.
Amor a Deus, amor aos homens, amor aos animais, amor a todas as coisas.
Pensando nas santas aspirações e ideais de Francisco de Assis, o "esposo da pobreza" e
o dedicado servo do Cristo, esforça-te até ao sacrifício total, rogando ao Senhor que faça de
ti "instrumento de sua paz", em louvor de todas as criaturas.
Joanna de Ângelis – A Serviço do Espiritismo – Cap. 6 – Émulo de Jesus
(Psicografia de Divaldo P. Franco, em Setembro/1977, junto à tumba de S. Francisco,
ao lado de diversos amigos, em Assis, Itália.)
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
2.6.2 Francisco de Assis e a Carta Magna da Paz – A Oração pela Paz
O Luminoso Francisco, num dos seus momentos de rara beleza, com a alma extasiada,
tocado por inabalável sentimento de gratidão ao Criador, escreveu de próprio punho que Deus
é a Paz.
Ao afirmar que Deus é a Paz, com certeza Francisco O entendia como fonte de absoluta
sanidade, de plena estesia e de peregrina beleza, onde cada ser pode imergir com a convicção
de alcançar a felicidade de pacificar-se.
Buscar Deus, sentir-Lhe a presença, alterar-se positivamente com essa sensibilização
permitirá, é certo, a cada filho, o encontro consigo mesmo e a consequente fruição da Paz.
Camilo – A Carta Magna da Paz – Introdução
Essa consciência do próprio dever fez com que se manifestasse em Francisco o desejo
de ofertar o seu melhor conteúdo, o seu maior patrimônio – a sua inteligência e sensibilidade
– em prol da instalação desse estado de bem-aventurança no planeta: a Paz.
Quando ele roga, faze de mim, deixa-nos a visão de que desenvolvera o apercebimento
de que as atividades terrenas, tanto para o lado bom da vida quanto para o hemisfério sombrio,
dependem da decisão íntima, da vontade de participar do projeto luminoso do Criador para
Seus filhos ou da fuga desassisada para os labirintos de lamentáveis decepções.
Reconhecendo que o Senhor conta com inúmeros instrumentos humanos posicionados
na esfera construtiva do amor, do bem, da paz; consciente de que não seria o único a engajar-
se nesse mister de contribuir para o espalhamento do espírito pacífico pelos vários arraias do
mundo, Francisco pede apenas para que seja um instrumento e não o instrumento a favor da
paz. Desejava somar e não ter o cetro do absolutismo.
(...)
Enquanto as considerações comuns admitem que o mundo tem, realmente, sede de paz,
a grande maioria dos indivíduos crê que essa paz deve ter começo no outro, ou ainda, nos
tratados e em várias outras decisões dos governos, das autoridades estabelecidas, que, por fim,
deve ser legislada ou decretada.
Francisco, não. Atreveu-se e atirou-se à realização imensa de tornar-se um instrumento
nas mãos do Senhor, para o estabelecimento da paz.
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Na sua disposição, não o vemos com medo de não lograr êxito na empreitada; não o
sentimos acovardado perante o gigantismo da tarefa; não o encontramos a cobrar a participação
dos amigos ou dos familiares em seus planos.
A sua rogativa era intrépida: Senhor, faze de mim...
Era lúcido quanto a sua incapacidade de transformar o mundo inteiro; tinha a
consciência de que a sua seria a contribuição de um homem à Obra de Deus no planeta; era
cônscio de que cada companheiro que viesse à liça, que somasse aos seus esforços, seria bem-
vindo, cooperaria com mais uma quota de prestação de serviço.
(...)
Como produto do amadurecimento individual, cada um que fizer a sua parte, sem
marcar passo, sem estagnar, saberá que sua atuação configurará o esforço de autossuperação
e de autoconquista, após o que sentirá a presença inefável da Paz dentro de si
Camilo – A Carta Magna da Paz – Cap. 6/7 – Um instrumento nas mãos de Deus
A Busca da Espiritualidade Franciscana:
a) Busca da “descoberta” de Deus na Natureza;
b) Busca do “caminho” da simplicidade no Viver;
c) Busca do “amor singelo” às criaturas;
d) Busca da “confiança na bondade” das pessoas;
e) Busca da “imperturbável” alegria no meio da turbulência do caminho.
Adalberto Coelho
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Existe uma espiritualidade franciscana difusa no espírito de nosso tempo, nascida
da experiência de Francisco, de Clara e de seus primeiros companheiros. Trata-se do caminho
da simplicidade, da descoberta de Deus na natureza, do amor singelo a todas as criaturas,
da confiança quase infantil na bondade das pessoas e na imperturbável alegria, mesmo em
face dos dramas mais pungentes da vida humana.
A Oração da Paz também chamada de Oração de São Francisco constitui uma das
cristalizações desta espiritualidade difusa. Ela não provém diretamente da pena do Francisco
histórico, mas da espiritualidade do São Francisco da fé. Ele é o pai espiritual e por isso seu
autor no sentido mais profundo e abrangente desta palavra. Sem ele, com certeza, essa
Oração da Paz jamais teria sido formulada nem divulgada e muito menos teria se imposto como
uma das orações mais ecumênicas hoje existentes.
Ela tem o condão de unir a todos num mesmo espírito de Paz e de Amor. Por um
momento faz sentir que todos somos de fato irmãos e irmãs na grande família humana e cósmica
e também filhos e filhas da família divina.
(...) Em que consiste a Paz de Deus? Indo diretamente ao cerne da resposta, podemos
afirmar: ela reside no espirito das bem-aventuranças, cristalizado no texto do Sermão da
Montanha (Mt 5,1-12; Lc 6,20-25).
Qual é a chave do espírito das bem-aventuranças?
É não permitir que o mal, a ofensa, a perseguição e o ódio tenham a última palavra.
Mas o amor, o perdão, a misericórdia, a mansidão e a cordialidade.
(...) Quem quiser ser instrumento da paz de Deus deve ele mesmo ser uma pessoa
pacificada, imbuída de cuidado essencial e cheia do espírito das bem-aventuranças, que é o que
traz a Paz. Deve irradiar paz de dentro para fora a partir de sua identidade mais profunda.
Nós nos fazemos instrumentos da Paz de Deus quando estamos de tal forma
impregnados de paz, que nem sequer pensamos nela; irradiamos paz e benquerença,
comunicamos bondade e amorosidade porque a paz de Deus se fez carne de nossa carne, ou
seja de nosso íntimo.
Importa FAZER a verdade da Paz. Então a paz passará da cabeça ao coração, do
coração às mãos e das mãos à Vida. A Oração da Paz, portanto deve se transformar de palavra
e canção, para ação e irradiação.
A Paz não pode ser uma simples PRO-POSTA, mas deve ser uma RES-POSTA
permanente sua à Vida.
Leonardo Boff – A Oração de Francisco de Assis – Cap.4 – Que é a Paz
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A Oração de Francisco de Assis nos ensina a conquistar três níveis de consciência:
Pacificação – O primeiro nível de consciência acontece após o apelo que o aprendiz
sincero e verdadeiro faz ao Mestre: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz!
Para se tornar um instrumento de paz, ao aprendiz é convidado a pacificar o próprio
coração. Por isso, ele toma decisão de, onde houver ódio, ofensa, discórdia, dúvida, erro,
desespero, tristeza e trevas em sua intimidade de levar o amor, o perdão, a união, a fé, a verdade,
a esperança, a alegria e a luz, iniciando a sua jornada de aprendizado e autoaperfeiçoamento.
Disponibilização – O segundo nível de consciência acontece quando o aprendiz sincero
e verdadeiro faz o apelo: Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado,
compreender que ser compreendido, amar que ser amado.
É o aprendiz se colocando à disposição do Mestre. Essa exclamação também é um
chamado, porque há uma característica salutar na condição do aprendiz sincero e verdadeiro: a
de colocar as lições do Mestre e Sua sabedoria como parâmetros fundamentais nas decisões que
ele tomará dali em diante.
Autonomia – O terceiro nível de consciência acontece quando o aprendiz sincero e
verdadeiro diz: Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que
se vive para a vida eterna.
Nessa etapa o aprendiz já está num trabalho ativo de internalização das virtudes do amor,
do perdão, da união, da fé, da verdade, da esperança, da alegria e da luz. Por isso, nesse nível,
sem necessidade do esforço de que carece no primeiro nível de consciência, doa-se e perdoa,
adquirindo autonomia, pois já consegue exercitar as virtudes do Mestre em si com naturalidade,
Para que o aprendiz sincero e verdadeiro possa desenvolver esses três níveis de
consciência, é fundamental que faça exercícios de aprendizado com esforços continuados,
pacientes e perseverantes.
Todo esforço em direção ao Bem maior vale a pena, pois nos proporciona a felicidade
tão almejada por todos.
Alírio de Cerqueira Filho – A Sublime Oração de Francisco de Assis – Introdução
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Ode à Paz
Quando alguém é capaz de escutar uma canção que vem de longe, fazendo um profundo
silêncio interior;
Quando alguém é capaz de se deitar num relvado imaginário e banir os tormentos do dia-
a-dia das telas do pensamento;
Quando alguém é capaz de, atravessando dificuldades, sorrir com face desanuviada, no
meio da rua;
Quando alguém é capaz de estender mão generosa e braço dorido ao transeunte que
cambaleia;
Quando alguém é capaz de examinar o passado sem rancor, contemplar o presente sem
fel e olhar o futuro sem medo;
Quando se pode meditar nas coisas santas da vida, embora tendo os pés no rio das dores
e o coração atado as dificuldades do caminho;
Quando se pode tudo esquecer a respeito do mal para do bem somente recordar,
E quando se é capaz de voltar ao posto de partida para bendizer as mãos que lhe deram água,
o coração que lhe ofereceu agasalho, o amor que lhe concedeu pão — este alguém é bem-
aventurado!
Mesmo que jornadeie solitário nas trevas do sofrimento,
E que carregue o coração ferido pela urze,
E tenha os pés retalhados pelos acúleos dos caminhos,
E tenha sorvido da amargura a taça inteira,
E do descrédito e da desconfiança recebido pedradas e agressões.
Nele, a paz não guarda o silêncio mentiroso das sepulturas, nem a quietude malsã da
infelicidade.
Este bem-aventurado logrou a Paz.
Tornou-se ação dinâmica e produtora que, no entanto, lenifica de dentro para fora, como a
Paz que vem de Jesus.
Que nada toma,
Que nada põe a perder,
Que nada aniquila!
Eu te agradeço, mensagem sublime de paz, no turbilhão dos conflitos que me esmagam e
na inquietação das necessidades que sepultam as minhas ambições: louvada sejas!
Flannagan – Depoimentos Vivos – Cap. 38 – Ode à Paz
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Senhor: Fazei de mim um instrumento de vossa Paz!
Onde houver Ódio, que eu leve o Amor,
Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão.
Onde houver Discórdia, que eu leve a União.
Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé.
Onde houver Erro, que eu leve a Verdade.
Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança.
Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria.
Onde houver Trevas, que eu leve a Luz!
Ó Mestre,
Fazei que eu procure mais:
Consolar, que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado.
Pois é dando, que se recebe.
Perdoando, que se é perdoado e é morrendo, que se vive para a VIDA ETERNA.
“Francisco de Assis” – Oração da Paz – (França, 1912)
Onde há caridade e sabedoria, aí não há nem temor nem ignorância.
Onde há paciência e humildade, aí não há nem ira nem perturbação.
Onde há pobreza com alegria, aí não há nem ganância nem avareza.
Onde há quietude e meditação, aí não há nem preocupação nem divagação.
Onde há temor do Senhor para guardar seus átrios, aí o inimigo não tem lugar para
entrar.
Onde há misericórdia e discernimento, aí não há nem superfluidade nem rigidez.
Francisco de Assis – Admoestação – Cap. 27– A Virtude que afugenta os Vícios (Itália,
1200)
Nota:
As Admoestações são uma coleção de 28 textos curtos (só a primeira é um pouco maior) que
tem ampla presença nos manuscritos medievais.
Francisco costumava fazer alocuções (admoestações) a todos os frades nos capítulos gerais
(reunião geral).
Provavelmente são textos que só foram falados por São Francisco e que foram preservados
porque alguém tomou nota.
As Admoestações são um bom resumo da proposta espiritual de Francisco de Assis.
No caso, esta “admoestação 27” guarda semelhança com a Oração da Paz, a qual é atribuída a
Francisco de Assis.
A “Oração da Paz” apareceu, pela primeira vez, em uma pequena revista local da Normandia,
na França. Vinha sem referência de autor, transcrita de outra revista tão insignificante, que nem deixou
sinal da história, pois, em nenhum arquivo da França, foi encontrada.
Universalizou-se a partir de sua publicação no Obssevatore Romano, órgão oficioso do
Vaticano, no dia 20 de janeiro de 1916.
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
2.6.3 Marcos da busca pela Paz – Cronologia – Século XX
• 1935 – Brasil/Getúlio Vargas: Dia da Fraternidade/ Confraternização Universal –
01/janeiro
O dia da Confraternização Universal é um feriado nacional no Brasil, comemorado no
dia 1 de janeiro. Foi instituído por lei em 1935, conjuntamente com vários outros feriados,
por Getúlio Vargas. Lei no
108, de 29 de outubro de 1935.
• 1948 – Índia/Gandhi/Não Violência – Assassinato de Gandhi (30/janeiro)
“Minha convicção pessoal é absolutamente clara. Não tenho o direito de magoar
nenhum ser vivo, muito menos seres humanos como eu, ainda que eles possam causar grandes
males a mim e aos meus.
Por isso ao mesmo tempo que considerando o domínio britânico uma calamidade, não
pretendo causar danos a um único cidadão inglês, ou a qualquer interesse legítimo que ele
possa ter na índia.
Sei que, empenhando-me pela não-violência, estarei correndo o que poderia ser
chamado de um grande risco, mas as vitórias da verdade jamais foram alcançadas sem riscos!”
Gandhi (Richard Attenborough – As Palavras de Gandhi)
Kleber Halfeld – Revista Reformador – 1997 – Novembro – Um líder no conceito de
Emmanuel
• 1965 – USA/ONU/Paulo VI: Fala de Paulo VI na Assembleia Anual da ONU, por
ocasião do vigésimo aniversário desta instituição mundial – 04/Outubro
“A paz, vós o sabeis, não se constrói somente por meio da política e do equilíbrio das
forças e dos interesses. Ela constrói-se com o espírito, as ideias, as obras da paz
(...) Basta recordar que o sangue de milhões de homens, os sofrimentos espantosos e
inumeráveis, os inúteis massacres e as aterradoras ruínas sancionam o pacto que vos une, num
juramento que deve mudar a história futura do mundo: nunca mais a guerra, nunca mais a
guerra. É a paz, a paz que deve guiar o destino dos povos e de toda a humanidade”.
Paulo VI – Libreria Editrice Vaticana – Discurso na Organização das Nações Unidas
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
• 1968 – Itália/Roma/Vaticano/Paulo VI/Dia Mundial da Paz (01/Janeiro)
“É, pois, à paz verdadeira, à Paz justa e equilibrada, assente no reconhecimento
sincero dos direitos da pessoa humana e da independência de cada nação, que nós convidamos
os homens prudentes e corajosos, a dedicar este « Dia »”.
Paulo VI – Libreria Editrice Vaticana – I Dia Mundial da Paz 1968
• 1981 – USA/ONU/Dia Internacional da Paz pela ONU/21 de Setembro.
Dia Internacional da Paz é celebrado em 21 de setembro, foi declarado pela ONU em 30
de novembro de 1981.
Em 21 de setembro de 2006, por ocasião do Dia Internacional da Paz, Kofi Annan
afirmou: “Há vinte e cinco anos, a Assembleia Geral da ONU proclamou o Dia Internacional
da Paz como um dia de cessar-fogo e de não violência em todo o mundo. Desde então a ONU
tem celebrado este dia, cuja finalidade não é apenas que as pessoas pensem na paz, mas sim
que façam também algo a favor da paz”.
Kofi Annan – Secretário Geral da ONU (1997/2006)
• 1986 – USA/ONU/Ano Internacional da Paz.
O Ano Internacional da Paz foi reconhecido em 1986 pela Organização das Nações
Unidas. Ele foi proposto pela primeira vez durante a conferência do Conselho Econômico e
Social em novembro de 1981, tendo a data associada ao quadragésimo aniversário da criação
da ONU(1946).
Assembleia das Nações Unidas – A/RES/37/16 – International Year of Peace
• 1986 – Itália/Assis/João Paulo II/Dia Mundial de Oração pela Paz (27/Outubro):
O Papa João Paulo II organizou o primeiro Dia Mundial de Oração pela Paz
em Assis na Itália em 27 de outubro de 1986. Ao todo cerca de 160 religiosos comemoraram o
dia juntos celebrando seu Deus e Deuses. Cerca de 32 organizações católicas cristãs e 11
religiões não-cristãs estiveram presentes.
“Se existem muitas e importantes diferenças entre nós, também existe um terreno
comum, de onde atuar juntos na solução deste dramático desafio de nossa época: a verdadeira
paz ou a guerra catastrófica?
Sim, existe a dimensão da oração, que na diversidade real das religiões tenta expressar
a comunicação com uma Força acima de todas as nossas forças humanas.
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A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
A paz depende basicamente deste poder, que chamamos de Deus, e como os cristãos
acreditam que se revelou em Cristo. Este é o significado deste Dia Mundial de Oração.
Pela primeira vez na história, reunimo-nos de todos os lugares, Igrejas e comunidades
eclesiais cristãs e religiões mundiais, neste lugar sagrado dedicado a São Francisco, para
testemunhar ao mundo, cada um segundo a sua convicção, sobre o transcendente qualidade de
paz.
A Paz é um valor sem fronteiras”
João Paulo II – Libreria Editrice Vaticana – Aos representantes das igrejas
e comunidades eclesiais cristã e das religiões mundiais.
• 1998 – Brasil/Salvador/Bahia/Divaldo Franco/Movimento Você e a Paz (19/Dezembro).
Idealizado por Divaldo Franco, o Movimento Você e a Paz é uma atividade sem caráter
religioso ou político, mobilizado pelo ideal de uma vivência pacífica entre pessoas, buscando
leva-las a uma reflexão profunda quanto à necessidade de renovação dos sentimentos e
mudança de comportamento.
Com sua primeira edição realizada no ano de 1998 em Salvador, na Bahia, hoje o
movimento ocorre em mais de 75 cidades do mundo, estando presente em 11 países. No Brasil,
acontece em 56 cidades, em 11 de seus estados.
A proposta do Movimento Você e a Paz é que partamos para a ação por intermédio da
não-violência, a maior arma contra a violência, em nome da caridade, do perdão, do amor
ensinado por Jesus. Embora nos demoremos em ser violentos, a paz é a condição natural do ser
humano.
Assim, a 19 de dezembro daquele ano, a Praça Dois de Julho, Largo do Campo Grande,
em Salvador, na Bahia, tornou-se palco do 1o
Movimento Você e a Paz.
Embora não tenha caráter religioso ou político, a proposta rendeu ao seu idealizador o
convite para participar da Conferência do Milênio para a Paz Mundial – Encontro de Cúpula
Mundial de Líderes Religiosos e Espirituais pela Paz Mundial, como líder espírita. O evento
proposto e realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) aconteceu entre os dias 28 e
31 de agosto de 2000, em Nova lorque, nos Estados Unidos.
“Descobri que a Paz é de excelente qualidade, dando-me resistência para vencer
minhas imperfeições, os inimigos gratuitos, abraçar o ideal e não olhar para os lados, menos
ainda para trás e permanecer em paz”
Divaldo Franco – Mansão do Caminho – Lançamento do Movimento Você e a Paz
(19/Dezembro/1998)
40
A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
• 2000 – USA/ONU/Encontro Mundial de Líderes Religiosos pela Paz/FEB/Divaldo
Franco: “Na construção da Paz/A Paz vem de Deus”.
Lançada por organizações não-governamentais representando 75 religiões diferentes no
mundo, a iniciativa tem por objetivo estudar os meios de cooperação com a ONU em questões
relativas à pobreza, paz e estabilidade.
“Valorizando e fortalecendo a família como célula básica da sociedade; demonstrando
amor à criança e amparando-a em todos os sentidos, desde a sua concepção; favorecendo ao
homem uma adequada compreensão da própria existência, que atenda às suas inquietações e
lhe dê sentido à vida; e banindo o hábito da cultura da violência, os segmentos mais
responsáveis pela sociedade – governo, religiões, órgãos não governamentais e empresas –,
unidos nesta ação, estarão dando um exemplo de solidariedade real que acabará sendo
absorvido e cultivado por todos os homens, os quais, por sua vez, responderão com um
comportamento solidário, capaz de construir a paz social.
Nestor João Masotti – Revista Reformador – 2000 – Novembro – Na Construção da
Paz (Documento remetido por Nestor João Masotti, Secretário-Geral do Conselho Espírita
Internacional, ao Sr. Bawa Jain, Secretário-Geral do Encontro de Cúpula Mundial de Líderes
Religiosos e Espirituais pela Paz Mundial)
“Herança do primarismo, que ainda predomina em a natureza humana, a guerra é
vestígio de barbárie que necessita ser extirpada da Terra.
(...) O ser humano, no entanto, preservando essa herança ancestral, também se faz
agressor do seu irmão, vitimado por fatores de profunda perturbação emocional, mental,
social, econômica, religiosa, étnica, cultural, demonstrando que ainda não se identificou com
Deus, ou se O conhece, o seu relacionamento é superficial ou fanático, não lhe havendo
permitido uma perfeita sintonia com a paz que dEle se irradia, e que deve estender-se por todo
o mundo.
A paz é resultado da Lei natural – o amor – que vige em toda parte no Universo.
(...) Educar, portanto, as novas gerações, dignificando-as, é terapia moral que
prevenirá o porvir das calamidades que hoje assolam as ruas das pequenas e grandes cidades
do mundo, das aldeias ou das megalópoles que se tornam, a cada dia, mais vítimas de
insuportáveis agressividades e violências, transforma- das como se encontram em palcos de
guerras urbanas, embora vicejando a paz...”.
Divaldo Franco – Revista Reformador – 2000 – Novembro – A Paz vem de Deus
(Documento remetido pelo tribuno e médium Divaldo Pereira Franco ao Sr. Bawa Jain,
Secretário– Geral do Encontro de Cúpula Mundial de Líderes Religiosos e Espirituais pela Paz
Mundial)
41
A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
3. A Violência na Sociedade – Aspectos Materiais e Sociológicos
3.1 Violência – Conceitos
Violência: constrangimento físico ou moral; uso da força; coação. Violentar: exercer
violência sobre; forçar; coagir; constranger; torcer o sentido de; alterar; inverter.
Dicionário Aurélio Buarque de Holanda
Violência: ação ou efeito de empregar força física ou intimidação moral contra; ato
violento; exercício injusto ou discricionário, ger. ilegal, de força ou de poder; força súbita que
se faz sentir com intensidade; fúria, veemência; constrangimento físico ou moral exercido
sobre alguém, para obrigá-lo a submeter-se à vontade de outrem; coação; cerceamento da
justiça e do direito; coação, opressão, tirania.
Dicionário Houaiss
Violência é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como "o uso intencional
de força física ou poder, ameaçados ou reais, contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra
um grupo ou comunidade, que resultem ou tenham grande probabilidade de resultar em
ferimento, morte, dano psicológico, mau desenvolvimento ou privação".
Wikipédia, a enciclopédia livre – Violência
É possível definir a violência de muitas maneiras. A Organização Mundial da Saúde
(OMS) define a violência, como o uso de força física ou poder, em ameaça ou na prática, contra
si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulte ou possa resultar em
sofrimento, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação.
A definição dada pela OMS associa intencionalidade com a realização do ato,
independentemente do resultado produzido. São excluídos da definição os incidentes não
intencionais, tais como a maioria dos ferimentos no trânsito e queimaduras em incêndio.
A inclusão da palavra "poder", completando a frase "uso de força física", amplia a
natureza de um ato violento e expande o conceito usual de violência para incluir os atos que
resultam de uma relação de poder, incluindo ameaças e intimidação.
O "uso de poder" também leva a incluir a negligência ou atos de omissão, além dos atos
violentos mais óbvios de execução propriamente dita. Assim, o conceito de "uso de força física
ou poder" deve incluir negligência e todos os tipos de abuso físico, sexual e psicológico, bem
como o suicídio e outros atos auto-infligidos.
42
A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual
Esta definição cobre uma ampla gama de resultados, incluindo injúria psicológica,
privação e desenvolvimento precário. Ela reflete um crescente reconhecimento entre
pesquisadores da necessidade de incluir a violência que não produza necessariamente
sofrimento ou morte, mas que, apesar disso, impõe um peso substancial em indivíduos, famílias,
comunidades e sistemas de saúde em todo o mundo.
Muitas formas de violência contra mulheres, crianças e idosos, por exemplo, podem
resultar em problemas físicos, psicológicos e sociais que não representam necessariamente
ferimentos, incapacidade ou morte.
Tais conseqüências podem ser imediatas ou latentes e durar por anos após o ato abusivo
inicial.
Assim, definir as conseqüências somente em termos de ferimento ou morte limita a
compreensão total da violência em indivíduos, nas comunidades e na sociedade em geral.
Um dos aspectos mais complexos da definição é a questão da intencionalidade.
Devem-se observar dois pontos importantes em relação a isto.
Primeiro, mesmo que se distinga a violência de atos não intencionais que produzem
ferimentos, a intenção de usar força em determinado ato não significa necessariamente que
houve intenção de causar dano.
Na verdade, pode haver enorme disparidade entre comportamento intencional e
conseqüência intencional. O agressor pode cometer um ato intencional que, sob critério
objetivo, pode ser considerado perigoso e, possivelmente, ter resultados adversos para a saúde,
mas não percebê-lo assim.
(...) Outros aspectos da violência são incluídos na definição, embora não se encontrem
explicitados.
Por exemplo, a definição implicitamente inclui todos os atos de violência, quer sejam
públicos ou privados, quer sejam reativos (em resposta a fatos anteriores, como uma
provocação) ou antecipatórios (ou instrumentais para resultados automáticos), ou mesmo
criminosos ou não. Cada um desses aspectos é importante para a compreensão da violência e
para o planejamento de programas preventivos.
Linda L. Dahlberg – Division of Violence Prevention, National Center for Injury Prevention
and Control, Centers for Disease Control and Prevention, WHO. Atlanta GA – Violence: a
global public health problem (Version of the Introduction to the World Report on
Violence and Health –WHO, 2002, Geneve)
Revista Ciência & Saúde Coletiva, vol. 11, Suppl, pag. 1163–1178, 2007 (Este artigo é uma
versão do que foi publicado no Informe Mundial sobre Violência e Saúde, da Organização
Mundial de Saúde (OMS), como introdução ao tema)
A Violência na Sociedade e Você - uma Leitura Espiritual
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A Violência na Sociedade e Você - uma Leitura Espiritual

  • 1. A VIOLÊNCIA NA SOCIEDADE E VOCÊ – UMA LEITURA ESPIRITUAL
  • 2. SUMÁRIO 1. Introdução...................................................................................................... 1 1.1 A “Árvore da Violência”.............................................................................1 1.2 A Violência na Sociedade – Quadro Atual – Ótica Espiritual....................3 2. A Violência e o Evangelho............................................................................ 7 2.1 A Violência e as Bem-Aventuranças ..........................................................7 2.2 A Violência e a espada de Pedro...............................................................10 2.3 A Violência e o apedrejamento da Adultera .............................................13 2.4 A Violência e o Soldado agressor.............................................................19 2.5 A Violência e a Crucificação do Cristo ....................................................21 2.6 A Não Violência, a Paz e Francisco de Assis ...........................................27 2.6.1 Francisco de Assis Ontem e Hoje .............................................................28 2.6.2 Francisco de Assis e a Carta Magna da Paz – A Oração pela Paz............31 2.6.3 Marcos da busca pela Paz – Cronologia – Século XX..............................37 3. A Violência na Sociedade – Aspectos Materiais e Sociológicos.............. 41 3.1 Violência – Conceitos ...............................................................................41 3.2 Tipologia da Violência..............................................................................43 3.3 A Natureza dos atos Violentos..................................................................45 3.4 As Raízes da Violência – um modelo Ecológico - OMS ..........................46 4. A Violência na Sociedade – Aspectos Espirituais e Morais – A “raiz” da Violência.............................................................................................................50 4.1 Violência – Conceitos ...............................................................................50 4.2 Violência – Qual a Raiz?...........................................................................52 4.3 Violência – Principais causas Morais e Espirituais ..................................54 4.3.1 Ausência do desenvolvimento do Senso Moral........................................54 4.3.2 Preponderância do Egoísmo/Orgulho/Inveja............................................55 4.3.3 A Ressonância do Sofrimento na Vida .....................................................58 4.4 As Raízes da Violência – um modelo Espiritual - ACS............................61 4.4.1 Modelo Espiritual da Violência – Fundamentos.......................................61 4.4.2 Modelo Espiritual da Violência – Estrutura e Dinâmica ..........................63
  • 3. 5. A Violência na Sociedade – Aspectos Sociais e Espirituais – O “adubo” da Violência........................................................................................................67 5.1 A Desestruturação Familiar.......................................................................69 5.1.1 Pais desajustados.......................................................................................71 5.1.2 Pais Invigilantes ........................................................................................73 5.1.3 Pais Agressivos .........................................................................................75 5.1.4 Pais Insensíveis .........................................................................................76 5.2 A Falência da Moral e Ética Religiosa e Educacional..............................78 5.2.1 Religiosa....................................................................................................78 5.2.2 Educacional...............................................................................................81 5.3 A Transição Planetária..............................................................................84 5.4 Os descontroles da Ciência e da Tecnologia.............................................87 5.5 As deficiências da Justiça e das Leis ........................................................92 5.6 Desequilíbrio das Mídias Sociais..............................................................94 6. A Violência na Sociedade – Tipos/Consequências Principais – Os “frutos” da Violência ........................................................................................ 97 6.1 Violência Familiar/Mulher/Idoso/Infantil.................................................98 6.2 Violência Moral/Ética.............................................................................100 6.3 Violência Íntima/Espiritual/Obsessiva....................................................101 6.3.1 Violência Interna/Íntima/Endógena – Auto-obsessão Espiritual............101 6.3.2 Violência Externa/Íntima/Exógena – Obsessão Espiritual .....................105 6.4 Violência do Tecnicismo e do Materialismo ..........................................108 6.4.1 Violência do Desemprego.......................................................................108 6.4.2 Violência do Materialismo......................................................................110 6.5 Violência Social/Urbana/Política............................................................112 6.5.1 Violência da Fome ..................................................................................115 6.5.2 Violência da falta de Moradia.................................................................118 6.5.3 Violência da falta de Assistência à Saúde...............................................120 6.5.4 Violência do Analfabetismo....................................................................122 6.6 Violência Cibernética/Virtual/Digital.....................................................124 7. A Violência na Sociedade e em Você – O Que Fazer? Como “podar” a árvore da Violência .........................................................................................128 7.1 Orar e implementar o Evangelho no Lar.................................................130 7.2 Cultivar a Paciência e a Benevolência ....................................................133
  • 4. 7.3 Exercitar o Silêncio e a Serenidade.........................................................135 7.4 Ponderar e Meditar..................................................................................138 7.5 Agir com equilíbrio e exercer um Trabalho Fraterno .............................141 7.6 Combater o Materialismo e o Egoísmo...................................................145 7.7 Fortalecer a Educação e a União Familiar ..............................................147 7.8 Identificar e lidar com os “sintomas” da Violência ................................150 7.9 Implementar exercícios de Autocontrole ................................................156 8. A Violência na Sociedade e em Você – Exemplos.................................. 162 8.1 Em torno da Paz – Humberto de Campos...............................................162 8.2 Violência – Augusto Cezar Netto ...........................................................164 9. Referências.................................................................................................166
  • 5. 1 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual 1. Introdução 1.1 A “Árvore da Violência” “Porque não é boa a árvore a que dá maus frutos, nem má a árvore a que dá bons frutos. Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu fruto. Porque nem os homens colhem figos dos espinheiros, nem dos abrolhos vindimam uva”. Lucas, 6: 43–45 Allan Kardec – Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 21 – Itens 1 a 3 – Conhece-se a árvore pelos frutos. Na raiz da Violência encontra-se a falta de desenvolvimento do senso moral, que o Espírito aprimora através da educação, do exercício dos valores éticos, da amplitude de consciência. Joanna de Angelis – Momentos Enriquecedores – Cap. 1 – A Loucura da Violência Toda violência é explosão de energia, cujos resultados ninguém pode prever. Pela brecha da irritação, caímos sem perceber nos mais baixos padrões vibratórios, arremessando, infelizes e incontroláveis, os raios da destruição e da morte que, partindo de nós para os outros, volvem dos outros para nós, em forma de angústia e miséria, perseguição e sofrimento. Emmanuel – Semeador em tempos novos – Cap. 13 – Um minuto de cólera O Homem moderno, que conquistou a Lua e avança no estudo das origens do Sistema Solar, incursionando pelos outros planetas, não conseguiu conquistar-se a si mesmo. Logrou expressivas vitórias, sem alcançar a paz íntima, padecendo os efeitos das conquistas tecnológicas sem os correspondentes valores de suporte moral. Cresceu na horizontal da inteligência sem desenvolver a vertical do sentimento elevado. Bezerra de Meneses – Nas Fronteiras da Loucura – Cap. 9 – O Problema das Drogas
  • 6. 2 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual Entre as metodologias mais interessantes para desenvolver um projeto de trabalho, encontra-se a “Árvore de Problemas”, que é composta por diagramas que analisam um problema do ponto de vista das causas que o criam e tem como objetivo encontrar as causas dos problemas para desenvolver projetos que as eliminem O foco nas consequências do problema apena mascara a sua resolução. Daí a importância aplicativa da metodologia “Árvore de Problemas” que auxilia e tem como fulcro a definição do que é causa e do que é consequência de um problema. (...) Outras ferramentas que atingem resultados similares à Árvore de Problemas são conhecidas em especial na área de administração de empresas, entre elas o Brainstorming para a geração de ideias, Diagrama de causa-e-efeito, etc. (...) Em seu enfoque aos problemas, a Árvores de Problemas auxilia na determinação do foco da intervenção, podendo ser definida como uma metáfora, em que a ilustração gráfica mostra a situação-problema representada pelo tronco, as principais causas são representadas pelas raízes e os efeitos negativos que ela provoca na população-alvo do projeto são os galhos e folhas. A metáfora da árvore auxilia a visualização das fases de construção dessas ferramentas/instrumentos. Cecília Maria Carvalho Soares Oliveira – Universidade Federal de São Paulo – Projeto de Intervenção associado à Árvore de Problemas – Cap. – Árvore de Problemas – aspectos teóricos A “árvore da violência” tem raízes, caule e frutos que precisam ser conhecidos e avaliados adequadamente sob os aspectos morais, sociais e espirituais para serem adequadamente compreendidos e tratados, para propiciar que a sombra desta “árvore” não mais encampe e obscureça o progresso pessoal e coletivo da Terra, nesta passagem de um Mundo de Provações para um Mundo de Regeneração, aonde tal “árvore” não mais se fará presente. Adalberto Coelho
  • 7. 3 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual 1.2 A Violência na Sociedade – Quadro Atual – Ótica Espiritual Sem dúvida, são turbulentos os dias da atualidade, em que, genericamente, vem desaparecendo o sentido existencial, senão as contínuas cargas de pessimismo e violência comprometidas com a destruição do ser integral e pleno em pensamento e atitude. (...) Esse tem sido o mundo das irrisões e das aparentes glórias da cultura e da civilização, em que os índices de morte pela fome, pelo abandono, pelas doenças e agora pela pandemia assustam qualquer pessoa de médio equilíbrio emocional. Manoel Philomeno de Miranda – No Rumo do Mundo de Regeneração – Introdução Quando a sociedade se desorganiza, os valores ético-morais encontram-se em decadência, por haverem perdido ou desvirtuado os seus conteúdos valiosos de sustentação. As Instituições, por isso mesmo, neste momento experimentam desequilíbrio, e o respeito pelo homem, pela sua dignidade, pela vida, cede lugar à agressão, aos desajustes, ao crime, à desonra, que assumem proporções perturbadoras. Infelizmente tem sido assim, em todas as épocas do processo histórico da Civilização. Vianna de Carvalho – Atualidade do Pensamento Espírita – Cap. 1.1 – Perg. 2 O amor está frio nos sentimentos da maioria dos homens e as doenças do ódio, do absolutismo do poder coletivo e individual contaminam os seres humanos, ameaçando-os de extinção numa guerra total. Joanna de Angelis – Terapêutica de Emergência – Introdução São tempos difíceis e definidores, esses tempos atuais. São oportunidades para que as almas encarnadas na Terra possam escolher de que lado anelam ficar, se na luz, se nas sombras; se anseiam pelos altos cimos espirituais, ainda que com esforços inauditos, ou se preferem a aridez dos apetites baixos que infernizam os indivíduos de má vontade. Em todo lugar onde se instalaram os quartéis-generais da violência, em guetos de sordidez, perante o comodismo e mesmo a complacência de autoridades constituídas para proteger as populações, e diante da inépcia dos processos educacionais de má qualidade, não são poucos os que se armam de diversas formas, a fim, dizem, de protegerem-se e proteger seus familiares e pertences. Imprevidente iniciativa essa, a de armar-se o indivíduo, objetivando defender-se, pois, para defender-se com qualquer arma, terá que investir contra outra pessoa, realizando a justiça que não lhe cabe efetuar. Camilo – Justiça e Amor – Cap. 6 – Item 25 – Jesus ante o temor da violência
  • 8. 4 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual Entre as expressões do primarismo, no mercado das paixões humanas, destaca-se com realce a violência, espalhando angústia e dor. Remanescente dos instintos agressivos, ela estiola as mais formosas florações da vida, estabelecendo o caos. Em onda volumosa arrasa, deixando destroços por onde passa, alucinada. Joanna de Angelis – Momentos Enriquecedores – Cap. 1 – A Loucura da Violência Dos temas que hão atormentado a consciência do mundo, a violência tem tido grande destaque, máxime nestes tempos de frieza, de insensibilidade, como se as pessoas estivessem atuando sob efeitos narcóticos, hebetadas, sem definir os próprios rumos, ou, por outro lado, estivessem às pressas, esfogueadas por ânsia doentia de consumo, de possuir, de ajuntar todas essas coisas que nenhuma utilidade terão para o espírito imortal. A violência vai se fazendo mais e mais aterradora, na medida em que não se limita aos noticiários policiais, às mídias, mas penetra o cotidiano das pessoas como um pão amaro que todos devessem comer na sua ração diária de desgostos. Ao mesmo tempo em que a propaganda da violência instiga as almas enfermas e inseguras a perpetra-la, as ações violentas dessas almas alimentam o noticiário como uma cadeia de misérias de todos os níveis que se realimentassem, entenebrecendo o mundo que estertora. Camilo – Justiça e Amor – Cap. 3 – As várias faces da Violência A pessoa que se esforça para se tornar pacífica tem pela frente muitas lutas e refregas, considerando-se o atual estágio que a humanidade atravessa, caracterizado pela violência, pela agressividade e pelas paixões dissolventes que ganham campo no comportamento geral aceito sem muita discussão. Em todo lugar apresentam-se os atentados à paz, à ordem, ao dever, gerando conturbação e desequilíbrio, de tal forma que o volume das aberrações e monstruosidades transforma-se em um peso emocional muito grande na conduta coletiva, estressando e deprimindo os temperamentos mais vulneráveis, enquanto outros se atiram no sorvedouro do desespero. A violência se arma de ódio e incendeia guerras de destruição, enquanto a paz desarma o indivíduo, fortalecendo-o para não temer em situação alguma e confiar sempre no triunfo que conseguirá mediante a incessante busca do bem. Joanna de Angelis – Diretrizes para o Êxito – Cap. 5 – Pacifismo
  • 9. 5 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual Vivem-se, na atualidade, os dias de descontrole emocional e espiritual no querido orbe terrestre. O tumulto desenfreado, fruto espúrio das paixões servis, invade quase todas as áreas do comportamento humano e da convivência social. Desconfiança sistemática aturde as mentes invigilantes, levando-as a suspeitas infundadas e contínuas, bem como a reações doentias nas mais diversas circunstâncias. A probidade cede lugar à avareza, enquanto a simpatia e a afabilidade são substituídas pela animosidade contumaz. As pessoas mal suportam-se umas às outras, explodindo por motivos irrelevantes, sem significado. Explica-se que muitos fatores sociológicos são os responsáveis pelas ocorrências infelizes. Apontam-se a fugacidade de todas as coisas, a celeridade do relógio, o medo, a solidão e a ansiedade, como responsáveis pela frustração dos indivíduos, gerando as situações agressivas que os armam de violência e de perversidade. (...) Aumenta, assustadoramente, a agressividade, nestes dias, nos grupos humanos, sem que haja um programa de reequilíbrio, de harmonização individual ou coletiva. Trata-se de uma guerra não declarada, cujos efeitos perniciosos atemorizam a sociedade. (....) A civilização contemporânea periclita nos seus alicerces materialistas, ameaçada pela agressividade e pelo desrespeito moral que assolam sem freio. (...) A rigor, com as nobres exceções existentes, a sociedade moderna encontra-se enferma gravemente, necessitando de urgentes cuidados, que o sofrimento, igualmente generalizando-se, conseguirá, no momento próprio, oferecer a recuperação, o reencontro com a saúde após a exaustão pelas dores… Joanna de Angelis – Centro Espírita Caminho da Redenção – Agressividade (15/03/2010) A Humanidade já experimentou o ódio, as guerras, o exercício da prepotência na vã expectativa de viver em harmonia entre si, nada conseguiu com essas práticas, a não ser solidificar a sua beligerância, infelicitando-se. Por que não experimentarmos, agora, o amor para construir esse estado de felicidade e bem-estar espiritual, vivendo em paz consigo e com os demais? A saga, portanto, é transformar a violência em ternura, é silenciar o rancor, é passar incompreendido, de vista baixa, porque o coração está eivado da certeza de que o bem triunfa.
  • 10. 6 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual A Humanidade necessita de paz. Nunca a necessitamos tanto quanto hoje. A Paz é Deus nos corações humanos. Só há sofrimento porque há apego a coisas, pessoas e situações. Não basta não ser violento, é necessário ser pacífico, tendo a caridade como móvel da vida. Desenvolver uma cultura de paz, mais do que necessário, é um dever do homem atual, começando pela família, repercutindo-a na escola, nas ruas, gerando gentileza, brandura e serenidade. A Paz deixou de ser somente um substantivo, para se tornar um verbo, já constante nos dicionários, indicando que, para se ter paz, será necessário agir. O homem deve viver de tal forma que o mal dos maus não lhe faça mal, mas que o bem dos bons produza harmonia e progresso espiritual. Divaldo Franco – Revista Presença Espírita – 2018 – Março – Movimento Você e a Paz – 20 anos
  • 11. 7 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual 2. A Violência e o Evangelho 2.1 A Violência e as Bem-Aventuranças “Bem-aventurados os Pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus”. Jesus – Mateus 5:9 – As Bem-Aventuranças “Bem-aventurados os Mansos, porque eles possuirão a Terra”. Jesus – Mateus 5: 4 – As Bem-Aventuranças Por essas máximas, Jesus estabeleceu como lei a doçura, a moderação, a mansuetude, a afabilidade e a paciência. E, por conseqüência, condenou a violência, a cólera, e até mesmo toda expressão descortês para com os semelhantes. Allan Kardec – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 9 – Bem Aventurados os Mansos e Pacíficos – Item 4 Paz no coração e paz no caminho. Bem-aventurados os pacificadores — disse-nos Jesus —, de vez que todos eles agem na vida, reconhecendo-se na condição de fiéis e valorosos filhos de Deus. Emmanuel – Ceifa de Luz – Capítulo 19– No erguimento da Paz Nas Bem-Aventuranças do Evangelho o homem vence a sua natureza animal, entroniza a brandura que emana do Amor divino e atinge a mansidão vivida pelo Senhor no Evangelho: Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração. (Mateus, 11:29.) Mário Frigéri – Revista Reformador – 2015 – Dezembro – As Bem-Aventuranças do Evangelho Efetivamente, precisamos dos artífices da inteligência, habilitados a orientar o progresso das ciências no planeta. Necessitamos, porém, e talvez mais ainda, dos obreiros do bem, capazes de assegurar a Paz no mundo. Não somente daqueles que asseguram o equilíbrio coletivo na cúpula das nações, mas de quantos se consagram ao cultivo da Paz no cotidiano. Emmanuel – Ceifa de Luz – Cap. 19 – No Erguimento da Paz Ele, porém, o Príncipe da Paz, que nascera na manjedoura, passou entre os homens, sem distintivos e sem palácios, sem ouro e sem legiões. É por isso que, volvidos quase vinte séculos, ao recordar-lhe a suprema renúncia, saudamo-lo em profunda reverência, ainda hoje: — Ave Cristo! Os que aspiram vencer a treva e a animalidade em si mesmos, a favor da verdadeira Paz sobre a Terra, te glorificam e te saúdam. Vianna de Carvalho – Comandos do Amor – Cap. 1 – Ante o Príncipe da Paz
  • 12. 8 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual Em razão de Jesus representar o ideal dos sofredores e atrair as multidões, seria o condutor ideal para a guerra, a fim de tomar reais as profecias aguardadas, por cujo cumprimento se ansiava com carinho e quase desesperação. Sem embargo, Ele se apresentava pacífico e pacificador. Mais ovelha do que lobo devorador. A Sua transparência moral desvelava-Lhe a alma pura. O Seu discurso propunha que o cordeiro e o leão bebessem na mesma fonte e se ajudassem; que a pomba e a águia voassem juntas, confraternizando à luz do dia; que os cardos se abrissem em flor e nenhuma sombra de suspeita ou malquerença empanasse a e claridade do afeto entre os homens. (...) O Líder era poeta ... Seu verso era musical e Sua palavra modulava a canção da vida eterna. As anteriores haviam sido vozes extremadas pela ambição guerreira e argentária. Fomentando as conquistas das coisas e dos espaços, de terras e ruínas calcinadas, alienavam os vitoriosos que tombavam, mais tarde, vitimados pela morte, na loucura do poder, sobre os vencidos silenciosos. Com Ele não havia morte, sempre vida em triunfo. A Sua era a batalha sem trégua para a conquista da glória sem fim. Não padecem os homens somente a fome de verdade, mas, também, a de pão e de dignidade; não apenas a sede de justiça, porém, igualmente, a de água potável, a de fraternidade e a de apoio; não tanto a carência de amor, todavia, a de amizade e a de compreensão; não só a necessidade de paz política lavrada com audácia nos gabinetes de luxo, por criaturas atormentadas que armam acordos externos sob restrições e conflitos íntimos, no entanto, além disso, aquela. que se irradia dos sentimentos elevados, fruto de uma consciência tranquila, que resulta de um comportamento ordeiro e digno. As bem-aventuranças ainda permanecem desafiadoras, aguardando serem meditadas, para que, vividas, conduzam da Terra o homem, lutador e sofrido, na direção excelsa do "Reino dos Céus", que, no entanto, já tem início hoje, aqui e agora, no mundo transitório por onde deambula. Impressa nas páginas sublimes do tempo passado-presente-futuro, a Constituição ideal permanece como legítimo código de liberdade, de direitos, de deveres e de paz sob a inspiração permanente do amor, que é a linha mestra desta Carta de alforria para a Humanidade. Amélia Rodrigues – Revista Reformador – 1987 – Outubro – A Carta Magna
  • 13. 9 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual O Mestre Galileu atua, desenvolve a Sua missão, nos idos distantes da Sua época e, compreendendo importância da magnifica virtude para avida humana, assevera, sensibilizado: “Deixo-vos a Paz, a minha Paz vos dou, mas não vo-lo dou como a dá o mundo”. Em verdade, a paz é um valor que não se transfere. É uma benção que não se ganha, que não pode ser obsequiada a outrem. Mas, ao dizê-lo como disse, conforme as anotações do Evangelista, o Divino Amigo apresentava a Sua Paz, deixada como modelo para todos quantos desejassem investir na sua conquista, ou como motivação para que nos dispuséssemos a elaborar a nossa própria. Por essa razão, afirmou que não no-la daria como o mundo nos costuma dar, considerando-se que os conceitos de paz conhecidos no seio da humanidade estão relacionados à inercia, à preguiça, à ausência de esforços, de lutas ou mesmo de sofrimentos. O Cristo vinha nos apresentar novo entendimento da Paz. A paz que habita o cerne de quem se vai ajustando às leis da consciência, às leis de Deus, apesar de todo o canhenho de lutas, de dificuldades, de desafios que lhe surjam na trilha. Camilo – A Carta Magna da Paz – Introdução
  • 14. 10 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual 2.2 A Violência e a espada de Pedro “Embainha a tua espada, Simão, porque aquele que fere com a espada, com a espada será ferido...”. Jesus – Mateus 26:52 Os quatro evangelistas são unânimes em afirmar que um dos apóstolos feriu a orelha de um dos soldados, componentes do séqüito que buscava prender Jesus. João disse que o autor desse ato foi o apóstolo Pedro. O evangelista João disse, ainda, que o soldado se chamava Malco, mas somente Mateus afirmou que o Mestre repreendeu o apóstolo, dizendo: "Mete no seu lugar a espada, porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão." O que, em algumas versões, teve a seguinte tradução: "Quem com ferro fere, com ferro será ferido." Dizendo "quem com ferro fere, com ferro será ferido", o Mestre corroborou a lei de Ação e Reação, ou de Causa e Efeito, amplamente ensinada pelo Espiritismo. Trata-se de uma lei justa e eqüitativa, que destrói, pela base, as teorias absurdas da tão decantada "salvação pela graça", ou do perdão pleno, através da absolvição concedida por meio de uma singela confissão auricular, conforme apregoada por algumas religiões terrenas. "Quem com ferro fere, com ferro será ferido" não significa, de modo absoluto e de forma inapelável, que o ofensor pagará a sua ofensa com o mesmo tipo de arma que usou para ferir. O resgate, muitas vezes, acontece de maneira diferente. Paulo Alves Godoy – O Evangelho por dentro – Cap. Mete a tua espada na bainha A expressão “quem com ferro fere, com ferro será ferido” tem sua origem nas palavras de Jesus, enunciando um dos princípios básicos da Doutrina Espírita – a Lei de Causa e Efeito. A vida sempre nos cobrará por nossas defecções, trazendo-nos de volta as conseqüências de nossos desatinos. Richard Simonetti – Revista Reformador – 2002 - Agosto – Jesus no Horto Ao chamar a atenção do amigo, rechaçando seu gesto violento contra o soldado Malcus, Jesus adverte todo o seu rebanho terrestre, portando-se terminantemente em oposição à violência, ensinando que ela não ficará impune nas esferas em que a alma respira, nos passos da sua evolução Camilo – Justiça e Amor – Cap. 24 – Jesus e a espada de Pedro
  • 15. 11 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual Há espadas invisíveis que despedaçam vidas, esfacelam esperanças, ceifam ideais... Amélia Rodrigues – Até o fim dos Tempos – Cap. 22 – A Espada e a Cruz Joanna de Angelis chama essas espadas invisíveis de conteúdos perturbadores, de conflitos psicológicos, que seriam choques de entendimento e de comportamento entre o Ego e o Self (amargura, lamentação, ressentimento e raiva – Autodescobrimento – Cap.10). (...) Dois deles (conteúdos perturbadores, ou espadas invisíveis) ocasionaram o conflito entre Pedro e Malco: Pedro, agressor, dominado pela raiva, atacou Malco, com uma espada visível; Malco, agredido, dominado pela raiva, converteu-a em ressentimento, transformando- a e guardando-a numa espada invisível, com a qual atacaria Pedro, anos depois, esquecendo- se da advertência do Mestre Adilton Pugliese – O Consolador – Ano 3 – No 148 – Pedro, Malco e a Espada Toma a tua cruz e embainha a tua espada na atual existência carnal. Sê simples e puro de coração, triunfando interiormente adornando-te das condecorações sublimes: as cicatrizes morais dos testemunhos. Não ergas a espada para ferir em revide ao golpe que sofreste, mas antes perdoa. Seja decorrente da acusação indébita, da infame traição, da perversa injustiça, não reajas, cultivando o perdão, porque o outro, aquele que mal procede, não sabe realmente o que está fazendo. Não importa que ele seja teu amigo ou teu familiar, que a miopia espiritual cegou ou se é declarado adversário que se compraz afligindo-te. Tem em mente que ele está doente e que já passaste pelo mesmo caminho, agora em processo de recuperação. Perdoa sempre, a fim de viveres em paz. Reflexiona que hoje segues ao som das bem-aventuranças, cuja musicalidade permanece ressoando desde há vinte séculos e somente agora a ouviste, encantando-te. Supera-te através do perdão e faze da tua espada um instrumento que, cravado no solo, tome a aparência de uma cruz através da qual te redimas e arraste na direção do Mestre aquele que te amaldiçoa e apunhala. Perdoa, portanto, com alegria e paz. Joanna de Angelis – Ante a Cruz e a Espada (Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica da noite de 28 de agosto de 2013, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.)
  • 16. 12 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual A advertência de Jesus a Simão é mais um ensinamento do Mestre, à luz do espírito da letra, para que se embainhe o egoísmo, a vaidade, o orgulho, a maledicência, a inveja, o melindre, a agressão verbal ou física, a indiferença e todo o arsenal de imperfeições que ainda faz parte de nossas intimidades e que fere os semelhantes, mas, antes, ao próprio agente que se utiliza desse arsenal na vida de relação. A Humanidade está sendo convidada a embainhar a espada, física ou não, há dois mil anos, mas agora, nesses momentos em que se vive os albores da transição planetária, o convite permuta-se à convocação: manter as armas direcionadas ao solo, embainhadas, lembrando o madeiro da redenção, onde reverberou a expressão de quem ama verdadeiramente e compreende a ignorância dos irmãos em Humanidade: “Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem […]” (Lucas, 23:34). Este é momento grave de transformação da Humanidade para um futuro de paz; sem guerras entre nações; sem conflitos entre os povos; sem desrespeito às diversidades; com o olhar voltado para dentro de si mesma, na busca da auto iluminação de cada criatura; momento que convoca a um futuro de liberdade com responsabilidade; que vê no próximo um irmão, todos filhos de Deus; que reconhece somente um caminho, o do amor, já indicado e trilhado por Jesus, Guia e Modelo a ser seguido, mas com a espada embainhada. Editorial – Revista Reformador – 2020 – Setembro – Embainha a tua Espada Em nosso aprendizado cristão, lembremo-nos da palavra do Senhor: “Embainha tua espada...” Alimentando a guerra com os outros, perdemo-nos nas trevas exteriores, esquecendo o bom combate que nos cabe manter em nós mesmos. Façamos a paz com os que nos cercam, lutando contra as sombras que ainda nos perturbam a existência, para que se faça em nós o reinado da luz. De lança em riste, jamais conquistaremos o bem que desejamos. A cruz do Mestre tem a forma de uma espada com a lâmina voltada para baixo. Recordemos, assim, que, em se sacrificando sobre uma espada simbólica, devidamente ensarilhada, é que Jesus conferiu ao homem a bênção da paz, com felicidade e renovação. Emmanuel – Fonte Viva – Cap. 114 – Embainha a tua Espada Outrossim, gerando ódio em volta de si, o agressivo atrai outros violentos com os quais entra em choque padecendo, por fim, as conseqüências das arbitrariedades que se permite. Não foi por outra razão que Jesus aconselhou a Simão, no momento grave da Sua prisão: “Embainha a tua espada, porque quem com ferro fere, com ferro será ferido.” Joanna de Angelis – Leis Morais da Vida – Cap. 28 – Agressividade
  • 17. 13 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual 2.3 A Violência e o apedrejamento da Adultera Mestre, esta mulher acaba de ser surpreendida em adultério; – ora, Moisés, pela lei, ordena que se lapidem as adúlteras. Qual sobre isso a tua opinião? – Diziam isto para o tentarem e terem de que o acusar. Jesus, porém, abaixando-se, entrou a escrever na terra com o dedo. – Como continuassem a interrogá-lo, ele se levantou e disse: “Aquele dentre vós que estiver sem pecado, atire a primeira pedra”. Jesus – João 8:2 a 11 As duas faces das paixões humanas ali se configuravam, inconfundíveis: a violência, na sua agressividade infrene, ululante, destruidora, e a fuga, açodada pela fraqueza moral, batendo em retirada, sem dignidade. A praça enorme, ensolarada, estava deserta. O Sol dardejante se encontrava em triunfo. Há pouco, agitava-se a mole quase assassina, sedenta de sangue, transferindo para uma vítima inerme as próprias debilidades e frustrações. Não poucas vezes, a agressão resulta de um processo psicológico de transferência da culpa, íntima, que se vê refletida noutrem, naquele que, em erro, caiu nas armadilhas do conhecimento público. Não se sentindo encorajado para rechaçar as imperfeições, lapidando as arestas grosseiras da personalidade enferma, o agressor descarrega no próximo toda a vergonha que o aturde, a imensa insânia em que estertora. Fora a ocorrência, há pouco sucedida. O vozerio cedera lugar ao silêncio, quase incômodo; a fúria caíra diluindo-se em modorra, em afastamento discreto... Daquele lado, se apedrejavam as adúlteras, lapidando-se pelo crime a que foram levadas por fatores mui variados. * * * No entanto, a voz serena e grave do estranho fulminara os agressores. Nem sempre vige a pureza nos atos das criaturas, mas a aparência puritana tem neles primazia. Aos seus ouvidos ecoavam as blasfêmias; no corpo cansado as bofetadas e os primeiros golpes sofridos agora doíam.
  • 18. 14 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual Pessoa alguma lhe parecia conhecer os dramas íntimos, as úlceras purulentas em que se dilacerava. . . “— Ninguém te condenou? — Ele interrogara, triste e profundo. — Nem eu tampouco te condeno...” Ela, então, reflexionava, emocionada. Subitamente explodiu-lhe como um raio, na mente em febre, a frase imorredoura: “— Não tornes a pecar!” Assustou-se e espraiou o olhar pela praça ardente, em ouro solar. Estava a sós, como sempre: de forma, porém, diversa, como nunca dantes. Percebia que não fora condenada nem mesmo por Ele, mas compreendeu, que também não fora absolvida. Ele não a censurara ou punira, mas também não a inocentara. O erro é sombra na luz de quem delinqüe. A enfermidade representa distúrbio no equilíbrio do organismo que a carrega. A mulher adúltera, emocionada, renascendo dos escombros, descobriu a magnitude da lição do Rabi: devia reparar o erro, a fim de quitar a dívida perante a própria e a Consciência Divina. Amélia Rodrigues – Há flores no Caminho – Cap. 8 – A superior Justiça Seu nome não é citado nos Evangelhos, nem as tradições apostólicas o registraram de alguma forma que alcançasse os nossos dias. O Evangelista João é o único a narrar seu encontro com Jesus, no capítulo 8 do seu Evangelho, nos versículos 2 a 11, portanto, deve ter sido testemunha ocular. (...) Então, um grupo de fariseus, em meio a um grande alvoroço, lhe trouxe uma jovem mulher, aparentemente apanhada em flagrante adultério. Diga-se que, entre o povo de Israel, a definição de adultério não era a mesma para o homem e a mulher. O homem somente era acusado de adultério se tivesse relações com uma mulher casada ou noiva, porque, entendia-se, agredia outro homem. A mulher, adulterando, agredia o matrimônio.
  • 19. 15 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual Suspeita de adultério, era submetida à prova da água amarga. Devia beber uma monstruosa bebida à base de pó apanhado no Templo. Se vomitasse ou ficasse doente, era considerada culpada. Surpreendida em flagrante, a pena era a morte, que igualmente era aplicada à mulher que fosse violada dentro dos muros da cidade, pois supunha a Lei que, dentro da cidade, se ela tivesse gritado por socorro, teria sido ouvida e socorrida. Os fariseus submetem a adúltera ao julgamento de Jesus. Em verdade, embora tivessem olhos de lince para todas as faltas do próximo, a questão daquela hora visava muito mais aproveitar o incidente para armar uma cilada ao profeta de Nazaré do que zelar pela pureza do matrimônio. Eles a jogam ao chão e ela ali fica, sem coragem sequer de erguer os olhos. Sabe que delinquira e conhece a penalidade. Sabe, igualmente, que ninguém dela se apiedará. Ninguém, senão Ele. Enquanto a indagação dos fariseus aguarda uma resposta do Rabi sobre a pecadora, Ele se inclina e traça na areia do pavimento caracteres misteriosos. Que escreveria Ele? O nome do cúmplice que se evadira? O nome do marido que, ferido no orgulho, permitia fosse sua esposa tão vilmente tratada? Narram intérpretes do texto evangélico que Ele grafava a marca moral do erro de cada um. Curiosos, os que ali esperavam a sentença de morte, para se extasiarem no espetáculo de sangue e impiedade, podiam ler: ladrão, adúltero, caluniador... Em síntese, as suas próprias mazelas morais. Cresce a expectativa. Jesus Se ergue, percorre o olhar perscrutador pela turbamulta dos acusados, que O sentem atingir-lhes a intimidade, e diz tranquilamente: Aquele dentre vós que estiver sem erro, atire-lhe a primeira pedra. Em silêncio, os circunstantes se afastaram, um a um, a começar pelos mais velhos. Sim, os mais velhos trazem maior soma de empeços e problemas, remorsos e azedumes... No meio da indecisão geral, Jesus tornou a traçar na areia sinais enigmáticos. Quando o silêncio se fez, Ele Se levantou. Ali estava a mulher à espera do seu castigo. Se todos os demais haviam partido, ela devia esperar dEle a sentença e a execução. Mas a Misericórdia ergueu a miséria moral e lhe disse: Mulher, onde estão aqueles que te acusavam? Ninguém te condenou? Ninguém, Senhor. – Ousou responder a meia-voz. Então, em vez do sibilar mortífero das pedras, ela ouviu as palavras do perdão e da vida: Nem eu tampouco te condeno: vai e não tornes a pecar!
  • 20. 16 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual As anotações evangélicas se resumem ao episódio. Contudo, o Espírito Amélia Rodrigues nos conta que, naquela noite, a equivocada procurou o Mestre, na residência que O acolhia. “Fala da fraqueza que a dominara, nos dias moços, sentindo-se sozinha. O esposo, poucos dias após o matrimônio, retomara as noitadas alegres e despreocupadas junto a amigos. Ela se sentira carente e cedera ao cerco do sedutor, que a brindava com atenção e pequenos mimos. Nada que a desculpasse, reconhecia. E agora, consumada a tragédia, para onde iria? O esposo não a receberia, após o espetáculo público. Também não poderia contar com a proteção paterna, porque fora levada à execração pública, não simplesmente recebendo uma carta de repúdio, o que poderia servir até como indenização ao seu pai, pois o marido que assim procedesse deveria devolver uma parte do dote da noiva ao sogro. Não havia lugar para ela em Jerusalém. Que seria dela, só e desprotegida? O Mestre lhe acena com horizontes de renovação, discorrendo sobre a memória do povo que é duradoura para com as faltas alheias. Ela sente, nas entrelinhas, que deverá buscar outras localidades, lugares onde não a conheçam, nem o drama que acabou de viver. Na despedida, Jesus a conforta: Há sempre um lugar no rebanho do amor para as ovelhas que retornam e desejam avançar. Onde quer que vás, eu estarei contigo e a luz da verdade, no archote do bem brilhará à frente, clareando o teu caminho. Dez anos passados e ei-la, em Tiro, em casa humilde, onde recebe peregrinos cansados e enfermos sem ninguém. Um pouso de amor ela erguera ali. Não esquecera jamais daquele entardecer e da entrevista noturna. Tornara-se uma divulgadora da Boa Nova. De seus lábios brotavam espontâneas as referências ao Doce Rabi, alentando as almas, enquanto limpava as chagas dos corpos doentes. Foi em um cair de tarde que lhe trouxeram um homem quase morto. Ela lhe lavou e pensou as chagas. Deu-lhe caldo reconfortante e tão logo o percebeu aliviado das dores, lhe ofereceu a mensagem de encorajamento, em nome de Jesus. Emocionado, confessa ele que conhecera o Galileu, um dia, um infausto dia, em Jerusalém. Odiara-O, então, porque Ele salvara a mulher que adulterara, a sua esposa, mas não tivera para com ele, o ofendido, nenhuma palavra.
  • 21. 17 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual O tempo lhe faria meditar em como se equivocara em seu julgamento. Confessa que, desde algum tempo, vinha buscando a companheira, procurando-a em muitos lugares, sem êxito. Até que a doença lhe visitara o corpo, consumindo-lhe as energias. Embargada pelas emoções em desenfreio, naquele momento, a mulher recordou-se da praça e do diálogo, à noite, com o Mestre, um decênio antes. Reconheceu o companheiro do passado e sem dizer-lhe nada, segurou-lhe a mão suavemente e o consolou: “Deus é amor, e Jesus, por isso mesmo, nunca está longe daqueles que O querem e buscam. Agora, durma em paz, enquanto eu velo, porquanto, nós ambos já O encontramos... Amélia Rodrigues – Pelos caminhos de Jesus – Cap. 15 – Encontro de Reparação/Revista Reformador – 1985 – Novembro – Encontro de Reparação Federação Espírita do Paraná – Momento Espírita – A mulher equivocada O cenário não podia ser mais confrangedor. Uma mulher desgrenhada, trêmula como varas ao vento, de olhos injetados de pavor, acossada por verdadeira turba de sanguissedentos moralistas que desejavam apedreja-la sob a justificativa de que assim determinava a lei mosaica, por haver sido flagrada em adultério. O Mestre foi chamado, naquele grave momento de séria definição, para apresentar sua visão do caso. Diante do torvelinho de vilezas do magote de homens perante a indefesa e abandonada mulher, o Benfeitor observava... Durante quantos séculos aquela sociedade se acostumara a repetir a mesma cena? Mulheres apanhadas em erro sexual, sem que jamais o seu parceiro fosse incluído na mesma culpa ou na mesma sentença. Há quantos séculos aquela sociedade de inconcebíveis valores machistas assassinava mulheres pecadoras, sem considerar igualmente pecador o seu companheiro do prazer carnal? Entretanto, entrar direto no tema da injustiça com aquela turbamulta, seria impensada decisão. Ela não dispunha de amadurecimento para compreender o chamado da razão... Fazer pregação em honra da virtude, enaltecendo o amor ao próximo e o perdão dos erros alheios, não impactaria aqueles que se locupletavam na ignorância. O Sábio Mensageiro não se agasta, não se perturba, não complica... que se cumpra a lei, a começar dos que estivessem indenes de pecados... Dizem os textos que, um após outro, os homens foram-se afastando, rumorejando uns, silenciosos outros.
  • 22. 18 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual Condicionado ao exercício da injustiça e da crueldade, poucas vezes o ser humano se dá conta de que o que condena nos outros é exatamente o erro que comete ou o vício que ele mesmo carrega. Se não lhe cabe, na condição de quem educa, de quem se responsabiliza ou guarda valores sociais, aplaudir o erro alheio, pelo fato de também portá-lo, cumpre-lhe desenvolver o espírito de compreensão, de justiça e boa vontade, a fim de que não invista, violento, sobre os que se perdem no erro, mas que estenda aos semelhantes o socorro do gesto de entendimento, a palavra que levanta, tudo em nome da indulgência. Que cada indivíduo medite, ante o descompasso de alguém, sobre se não faria o mesmo se naquela posição estivesse, ou se, no ponto em que se acha agora, os equívocos que comete não têm o mesmo peso moral dos cometidos pelos irmãos do caminho, menos preparados. (...) Entende, assim, por que tu que já te sensibilizas com a mensagem do Gólgota, deves abrir mão da violência. Percebe que na Terra, na fase transicional em que se acha, os violentos tendem a resgatar no embate com outros de mesma índole. Quanto a ti, preserva-te no exercício da brandura, na busca da paz, porque em sã consciência, no planeta, bem poucos estão habilitados a julgar com acerto os desviados filhos de Deus. Dessa maneira, foi demolidora a proposta lúcida e sábia do Celeste Benfeitor: "Atire, pois, a primeira pedra aquele que estiver sem pecado". Camilo – Justiça e Amor – Cap. 6 – Item 22 – Jesus e a mulher adúltera
  • 23. 19 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual 2.4 A Violência e o Soldado agressor Assim que Jesus disse isso, um dos guardas que ali estavam bateu-lhe fortemente no rosto, com a palma da mão, dizendo: “Isso é maneira de responder ao sumo sacerdote?” E Jesus respondeu ao guarda: “Se Eu disse algo de mal, revela o mal. Mas se disse a verdade por que me agrediste?” Jesus – João 18:20/21 A oportunidade não podia ser melhor para a exibição da covardia, com objetivo de retirar proveito pessoal. Um homem manso atado por cordas, abandonado pelos convivas da véspera e acusado pelo crime de ser bom e justo, amigo e servidor... Entre os vapores da luxúria que engalanava o mentiroso poder de Anás e de Caifás, em seu palácio, estruge o bofete acintoso... Sem que fosse solicitado, o bilioso militar se insurge, violento, agredindo Aquele que detinha as rédeas do governo planetário em Suas mãos sublimadas. A torpeza quando associada à ignorância, determina a perda completa do controle, do equilíbrio, gerando desastres terríveis na vida das pessoas. Entretanto, o Luminoso Espírito, violentado, fez o legado que se perpetuaria na consciência do mundo, enfrentando os tempos, com a imponência do seu conteúdo: "Se falei mal, dá-me testemunho do mal; porém, se falei bem, por que me feres?" A interrogação, acompanhada pela lógica do argumento, tendo provindo, ainda, da boca do homem abatido pelo arbítrio daqueles que detinham largas quotas do poder terreno, tinha que soar como uma trombeta ou estrondear como um trovão, embora a mansa firmeza da voz entoada com suficiente intensidade para ser ouvida pelos que no recinto estavam. Se falei bem, Por que me feres? No mundo tem sido assim. Avultado número de indivíduos resgata, perante suas consciências, antigos gravames, estando submetidos a outros indivíduos que se fazem motivo de escândalo, tomando nas próprias mãos a ação somente cabível à lei divina. Exorbitando, como costuma ocorrer, valem-se de suas funções profissionais, de suas posições no jogo político-administrativo da Terra, de seus recursos financeiros, a fim de darem vazão aos instintos violentos que ainda os caracterizam.
  • 24. 20 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual Quantos se atiram a perseguições de outros, infelicitando-os em seus empregos, em seus negócios, no seio familiar ou no bojo da vida social, destilando ódio, inveja, despeito, que são cultivados por almas pequenas, por indivíduos liliputianos que, por mais persigam, maltratem, infelicitem, não sentem esvaziar o tonel de baixezas que conduzem no íntimo? O que se passa é que tais criaturas estão acicatadas por si mesmas, pelos vícios morais alimentados, inconformadas que são com o êxito, com o progresso, com o crescimento ou o destaque de quem quer que seja. E, então, sentem esses prazeres mórbidos em se valer de suas posições para maldizer e maltratar, oculta ou abertamente. Outros tantos indivíduos, que não têm destaques sociais ou profissionais ou de qualquer ordem, se estorcegam, desesperados, com esse desejo insano de perseguir, de denegrir, de violentar; transformam-se em bajuladores, serviçais rastejantes, traidores pérfidos de verdadeiros amigos, unicamente para dar vazão a sua inveja, suas frustrações, seus dejetos morais, operando nas sombras, às ocultas, fazendo questão de acompanhar, sorrateiros, a desilusão, a amargura, o pranto das suas vítimas que, não obstante, se souberem tudo suportar com dignidade e altivez, resgatam, libertam-se. Em toda parte, são encontrados esses indivíduos que, com o fito de se autopromover, não trepidam em descarregar seu morbífico caráter, promovendo o sofrimento de quantos apareçam em suas estradas, principalmente se se apresentarem como seres superiores, o que será suficiente para despertar o despeito nessas almas perturbadas em si mesmas. As anotações do evangelista João, em seu capítulo dezoito, versículo vinte e dois, deixam-nos perceber que o que se passou com o Sublime Nazareno e o soldado, no palácio de Anás, foi exatamente isso: o desejo infeliz de tripudiar sobre o homem indefeso, mas que deixava à mostra a superioridade que o aureolava. Camilo – Justiça e Amor – Cap. 6 – Item 23 – Jesus e o Soldado agressor
  • 25. 21 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual 2.5 A Violência e a Crucificação do Cristo “Eram nove horas da manhã quando o crucificaram”. Marcos 15:25 “Os soldados foram e quebraram as pernas de um e depois do outro, que estavam crucificados com Jesus. E se aproximaram de Jesus. Vendo que já estava morto, não Lhe quebraram as pernas, mas um soldado Lhe atravessou o lado com uma lança e imediatamente saiu sangue e água”. João 19:31,34 "Que mal fez Ele? – perguntou Pilatos. Porém cada vez clamavam mais: seja crucificado!" Mateus, 27:23. A conspiração para que se consumasse o holocausto do Calvário, em que o Filho de Deus testemunhou seu amor pelos homens, foi tramada pelos inimigos impenitentes desencarnados, vencidos pelo despeito na luta pela vitória da violência com que sintonizaram os transitórios donatários da posição governamental e religiosa da Terra, como daqueles que se lhe entregaram a soldo. Amelia Rodrigues – Revista Reformador – 1976 – Agosto – O Calvário e a Obsessão Jesus Cristo! ... Condenado sem culpa, vencido e vencedor... Profundamente amado, violentamente combatido! De todos os títulos, preferiu o de Mestre, conquanto devesse, nas Provas Supremas, reconhecer-se abandonado pelos discípulos. De todas as profissões praticou, um dia, a de carpinteiro, ciente de que não teria para a ministração de seus apelos e ensinamentos nem culminâncias de poder terrestre e nem galerias de ouro, mas, sim, pobres barcos talhados em serviço de enxó e a golpes de formão... Soberano da Eternidade permitiu se lhe aplicassem a coroa de espinhos, deixando-se alçar num sólio constituído de dois lenhos justapostos, em dois traços distintos... Ele que se declarou enfeixando O Caminho, a Verdade e a Vida, deu-se na Extrema Renúncia, em penhor de semelhante revelação, suspenso nas horas derradeiras, sobre o traço vertical que simbolizava a Fé, a erigir-se em Caminho para o Céu, e sobre o traço horizontal, que exprimia o Amor, alimentando a Vida, na direção de todas as criaturas, como a dizer-nos que Ele era, na Cruz, a Verdade torturada e silenciosa, entre a Fé e o Amor, a sustentar-se claramente erguida para a Justiça Divina, batida e supliciada pelos homens, mas de braços abertos. Emmanuel – Perante Jesus – Cap. 7 – Perante o Divino Mestre
  • 26. 22 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual A crucificação como pena era muito difundida na antiguidade. Aparece sob várias formas entre numerosos povos do mundo antigo, mesmo entre os gregos. (...) Era uma punição política e militar. Entre os romanos era aplicada sobretudo às classes inferiores, isto é, escravos, criminosos violentos e rebeldes. Os romanos faziam a crucificação em 3 fases: flagellation (flagelação), crucifixion (colocação na cruz) e crurifragium (ato de quebrar as pernas para acelerar a morte). Através da humilhação extrema, com a exibição pública da vítima nua em um lugar proeminente, como cruzamentos, teatro ou em elevações no local do crime, os romanos desejavam intimidar o povo pelo exemplo e medo. O judeu em particular era muito ciente disso. (...) A crucificação era agravada ainda mais pelo fato de que com muita frequência suas vítimas nunca eram enterradas. A vítima crucificada servia de alimento para animais selvagens e pássaros predadores. Desse modo, a desgraça era tornada completa. O significado para um homem, na antiguidade, de ter recusado o seu sepultamento e a desonra que vinha com isso, dificilmente pode ser avaliado pelo homem moderno. A flagelação (o açoite) era considerada o segundo pior castigo, perdia apenas para a crucificação. Nela o réu era despido de suas vestes e homens treinados o chicoteavam com chicotes especiais conhecidos como flagerum. Geralmente o resultado era que o réu desmaiava de dor. Eles “acordavam-no" para continuar com o tormento. O chicote abria profundos rasgos no corpo, o que gerava perda de sangue e o deixava em “carne viva”. Muitas vezes os golpes certeiros dados em uma mesma área provocavam a laceração dos músculos. Áreas sensíveis como o fígado, artérias do pescoço e coração podiam sofrer danos irreversíveis, o que podia provocar a morte do réu. Porém, o objetivo não era matar, mas torturar para facilitar a morte, por isso não era qualquer um podia chicotear. Lilian Diniz – Escola de Aprendizes do Evangelho – Aula 44 – O Calvário
  • 27. 23 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual Pilatos, diante da turba revoltada, consulta o que fazer para evitar-lhe a morte nefanda, e um dos patrícios propõe a pena dos açoites na praça pública. “– Mas os açoites?! – diz Publius Lentulus, admirado, antevendo as torturas do horrível suplício”. Na esperança de que levassem em consideração seu espanto, vê que de nada adianta a sua observação piedosa. Emmanuel – Há Dois Mil Anos – Cap. 8 – No grande dia do Calvário Waldehir Bezerra de Almeida – Revista Reformador – 2020 – Abril – Publius Lentulus e o julgamento de Jesus. O Mestre é açoitado diante da multidão (João, 19:4 a 6). Não tendes, porventura, algum prisioneiro com processo consumado, que possa substituir o profeta em tão horrorosas penas? As massas possuem alma caprichosa e versátil e é bem possível que a de hoje se satisfaça com a crucificação de algum criminoso, em lugar desse homem, que pode ser um mago visionário, mas é um coração caridoso e justo. Emmanuel – Há Dois Mil Anos – Cap. 8 – No grande dia do Calvário Aceita a proposta, Pilatos propõe ao povo sedento de sangue: “A quem quereis que eu solte: Barrabás ou Jesus, que se chama Cristo?” O povo ensandecido pede que solte o perigoso bandido e condena o Mestre à ignomínia da cruz (Mateus, 27:15 a 23). Fervilhando as constrições obsidentes que se impunham, os adversários da liberdade espiritual da Terra, em desgoverno no Mundo Espiritual, dominaram os que se não armaram de vigilância e equilíbrio, tornando‐se fáceis presas do Anti-Cristo, a fim de que a tragédia do Gólgota se consumasse... (...) As hordas desenfreadas da Espiritualidade inferior galvanizam no ódio os que se permitem as licenças das paixões dissolventes. Sempre se repetirão aquelas cenas nos linchamentos das ruas, nas prisões arbitrárias, nas injustiças tornadas legais, quando as massas afluem aos espetáculos hediondos e se asselvajam, tornando‐se homicidas incomparáveis. (...) A covardia moral, abrindo as faculdades psíquicas ao intercâmbio com os Espíritos imperfeitos e obsessores, todo o bem recebido negou, a fim de poupar‐se.
  • 28. 24 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual Transformou o inocente em algoz, em revolucionário desnaturado, e elegeu o crime como elemento de justiça. O grande espetáculo da loucura coletiva se aproxima do Calvário. A obsessão coletiva, como tóxico morbífico, domina os participantes da inominável atuação infeliz. (...) Nem todos desertaram. A fúria possessiva da treva não alcançara os que tiveram acesa a luz da abnegação e do amor. Olhou além e mais profundamente os presentes e os que se refugiaram longe deles, os que armaram as cenas, os que se locupletam em gozos mentirosos sobre a fugidiça vitória. Seu olhar penetrou os promotores reais do testemunho, aqueles que transitavam livres das roupagens físicas... No ápice da dor arquejante, bradou Jesus: "Perdoa‐os, meu Pai! Eles não sabem o que fazem." A sinfonia patética logrou, então, o máximo. Toda a orquestração de dor converteu‐se em musicalidade de esperança e amor. Ele não perdoava, apenas, os crucificadores, mas, também, os desertores, os negadores, os receosos e pusilânimes, os ingratos e maledicentes, os insensatos e rebeldes... Na imensa gama dos acolhidos pelo Seu perdão alcançava os promotores desencarnados dos mil males que engendraram nos homens a prova das suas mazelas e o agravamento das suas penas... Sua voz alcançou os penetrais do Infinito e lucilou nos báratros das consciências inditosas dos anticristos de todos os tempos, abrindo‐lhes os braços da oportunidade ao recomeço e à redenção O perdão doado da culminância da Cruz é a aliança inquebrável da união do Seu amor com todos nós, os caminhantes retardados da via da evolução, convocando‐nos à perene vigilância contra a obsessão de qualquer natureza que nos sitia e persegue implacavelmente... Amelia Rodrigues – Revista Reformador – 1976 – Agosto – O Calvário e a Obsessão
  • 29. 25 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual São muitas, as lições do grande dia do Calvário, mas um aspecto avulta a todos os demais: é o que nos adverte de escolher certo as opções que se nos apresentem nos grandes momentos das nossas vidas. Nossas paixões são más conselheiras, os interesses pessoais nos amarram ao passado lamentável e impiedoso. No jogo entre as posições humanas e os interesses superiores do espírito imortal, tendemos a optar pelos aspectos que nos evidenciam diante dos homens e não por aqueles que nos redimem diante das leis de Deus. Entre o orgulho e a humildade, costumamos ficar com aquele. Entre a oportunidade de servir e amar e o impulso de acomodar-se ao egoísmo, ficamos com este. E nem percebemos que, com nossas atitudes, espalhamos dor, retardamos a marcha evolutiva, não apenas a nossa, mas a de outros espíritos a quem as nossas escolhas influenciaram. Entre a força e a justiça, decidimos quase sempre pela força, na terrível ilusão de que estamos apoiados na justiça. Hermínio de Miranda – Reencarnação e Imortalidade – Cap. 20 – O Grande dia do Calvário (...) Após as cenas dolorosas do Gólgota, saciada no homem a sede de opressão e o instinto de vandalismo, com o martírio do Justo, Jerusalém retoma a estrada das rotinas mundanas. As três cruzes erguidas numa das colinas do Monte Moriá permanecem gravadas nos arquivos do ambiente, testemunhado a fabilidade da justiça de César, desde essa época cega às motivações edificantes que movimentam o Espírito, dando-lhe forças para alcançar o objetivo que a si mesmo traçou. Os homens àquele tempo já tinham ouvido tudo o de que necessitariam pelos milênios a fora. Seria preciso que o Pastor se afastasse do cenário imediato para que as ovelhas dessem testemunhos dele. Mas Jesus não nos abandonou. Nós, que já o conhecemos, pratiquemos seus ensinos junto aos doentes, pois foi para eles que Jesus-Cristo veio. A todos os momentos novas encruzilhadas se desdobram, e novos estropiados transitam por elas, aguardando-nos o socorro. Nosso ministério é de iluminação íntima pela iluminação possível do mundo.
  • 30. 26 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual Não nos furtemos a servir, ainda que as expressões grosseiras da comunidade humana nos exijam concessões que, por conhecermos as coisas de Deus, saberemos entender como convenientes ou não. Desçamos, cheios de vida, aos antros da morte, mesmo que a luz da mensagem que o Cristo envia por nós não passe de relâmpago orientador nas furnas do sofrimento. Hoje, como ontem e para todo o sempre, a Verdade continua a ser a mesma: Jesus- Cristo. E Jesus, filhos, é Amor. Albert Schweitzer – Revista Reformador – 1976 – Julho – Cristianismo Hoje Anjo entre os anjos, faz-se pobre criança necessitada do arrimo de singelos pastores; Sábio entre os sábios, transforma-se em amigo anônimo de pescadores humildes, comungando- lhes a linguagem; Instrutor entre instrutores, detém-se, bondoso, entre enfermos e aflitos, crianças e mendigos abandonados, para abraçar-lhes a luta, e, Juiz dos juízes, não se revolta por sofrer no tumulto da praça o iníquo julgamento do povo que o prefere a Barrabás, para os tormentos imerecidos. Todavia, por descer, elevando quantos lhe não podiam compreender a refulgência da altura, é que se fez o Caminho de nossa Ascensão Espiritual, a Verdade de nosso gradativo Aprimoramento e a Vida de nossas vidas, a erguer-nos a alma entenebrecida no erro, para a Vitória da Luz. Emmanuel – Religião dos Espíritos – Cap. 28 – Desce Elevando Filhos do Evangelho, não temamos! O Mestre Ressuscitado vem de novo às assembléias dos continuadores de Sua obra de redenção humana, reiterando-nos a promessa de que permanecerá conosco até o fim dos séculos!... Caminhemos servindo, armando o coração de humildade. Antes, o amor infinito a sustentar-nos! Agora, o infinito amor a soerguer-nos! Cristo avança! Cristo Reina! Ave, Cristo. Pedro de Alcântara – Tempo e Amor – Cap. 16 – Antes e Agora
  • 31. 27 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual 2.6 A Não Violência, a Paz e Francisco de Assis Mas Francisco de Assis não era uma alma que se contentasse com o meio-termo. Ele sempre exigiu de si o máximo. E esses anos de provação trouxeram-lhe três experiências para toda a vida: a tristeza é por excelência, mal dissolvente da alma; a conciliação de ideais contraditórios é uma condição de inércia e de tortura interior; a dissociação do pensamento e da ação é inimiga da vida e da PAZ. Alceu de Amoroso Lima – Jornal do Brasil – 04/02/1983 – Terceiro artigo de série sobre São Francisco As perseguições aos chamados "hereges" e o negro projeto corporificado depois na Inquisição preocupavam o mundo espiritual, onde se aprestaram providências e medidas de renovação educativa. Reencarna-se, então, na região da Úmbria, um dos maiores apóstolos de Jesus, que recebeu o nome de Francisco de Assis. Seu exemplo de simplicidade e de amor, de singeleza e de fé, contagiou numerosas criaturas, mas não foi suficiente para converter a Igreja, que não entendeu que a lição trazida por Francisco era para ela mesma. Emmanuel – A Caminho da Luz – Cap. 18 – Os abusos do poder religioso João enternecido, acercou-se mais e O abraçou com lágrimas nos olhos, falando-lhe com voz embargada: – Eu seguirei contigo amigo amado, até o fim, doando-te a minha pobre vida, para que eu possa ficar ao teu lado para sempre.... Os séculos se dobaram sobre aquele momento inesquecível, e o discípulo amado, dando prosseguimento fiel à sua promessa retornou à Terra nas roupagens de Francisco de Assis. Amélia Rodrigues – Dias Venturosos – Cap. 4 – Causas dos Sofrimentos Meus bem-amados, são chegados os tempos em que, explicados, os erros se tornarão verdades. Ensinar-vos-emos o sentido exato das parábolas e vos mostraremos a forte correlação que existe entre o que foi e o que é. Digo-vos, em verdade: a manifestação espírita avulta no horizonte, e aqui está o seu enviado, que vai resplandecer como o Sol no cume dos montes. João Evangelista – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 8 – Bem-Aventurados os que tem puro o Coração (Paris, 1863.)
  • 32. 28 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual 2.6.1 Francisco de Assis Ontem e Hoje Quando chegaste à Terra, a noite medieval espalhava o terror, mantendo a ignorância em predomínio de que se locupletavam os poderosos para esmagar os camponeses e os citadinos pobres. (...) Permanecia epidêmico o ódio, que espalhava o bafio pestilento das guerras intérminas, deixando os campos juncados de cadáveres que apodreciam a céu aberto... Tua voz, suave e meiga, entoou, então, o canto da paz, e te fizeste o símbolo da verdadeira fraternidade que um dia se estenderá por toda a Terra. As epidemias dizimavam os seres humanos, reduzidos a hilotas do destino insano, dentro da terrível fatalidade do sofrimento sem termo. (...) O mundo moderno, rico de glórias ligeiras e pobre de sentimentos, orgulhoso das suas conquistas rápidas, mas que não nota a imensa aflição em que estorcegam as multidões famintas e excluídas da sua sociedade, vivendo uma insuperável noite de horror e de incertezas, necessita de ti com muita urgência. Nunca houve tanta carência de amor quanto agora, por isso, o teu canto virá diminuir a angústia que se transformou em patética afligente na Terra sofredora. Há, sem dúvida, grandezas que defluem da ciência e da tecnologia, mas a solidão, a ansiedade, o medo e as incertezas, todos eles filhos do materialismo insensível produzem o vazio existencial, os transtornos psicológicos graves, as doenças psicossomáticas, a loucura pelas drogas, pelo alcoolismo, pelo tabaco, pelo sexo desvairado, levando suas vítimas à fuga pelo suicídio injustificável. Volta, Irmão Francisco, para novamente reunir as tuas criaturas, todas elas à tua volta como fizeste naqueles dias já recuados, conduzindo-as a Jesus. (...) Volta, por favor, Irmão Alegria, a fim de que a tristeza do desamor bata em retirada e uma primavera de bênçãos tome conta de tudo. (...) Canta, então, novamente, a tua oração simples, com que nos brindaste naqueles dias inesquecíveis, e onde houver desespero faze que se manifestem a paz e a esperança, e ante a ameaça da morte iminente, o ser ressurja em júbilos ante as certezas da ressurreição, porque é morrendo que se vive para sempre. Irmão Sol, a grande noite moral da atualidade te aguarda ansiosa! Joanna de Angelis – Francisco de Assis – O Sol de Assis – Cap. 1 – Em Louvor ao Irmão Sol
  • 33. 29 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual Irmão Francisco! Canta outra vez para nós o teu poema de amor, nestes calamitosos dias que vivemos! As noites da Terra já não são ricas de canções, mas de expectativas dolorosas. Os grupos juvenis raramente se reúnem para sorrir ou para os folguedos inocentes, e sim para a embriaguez alcoólica ou o envenenamento por drogas alucinantes. O enamoramento que procede à união dos corpos foi sucedido pela volúpia do sexo em desalinho e a posterior dilaceração dos sentimentos face ao abandono e às suas conseqüências perversas. O relacionamento fraternal tem sido transformado em gangues violentas que se arremetem umas contra as outras em fúria desconhecida. A literatura gentil e cavalheiresca cede lugar à pornografia desabrida e às narrações de funestos acontecimentos. A música romântica transformou-se em vulcão de ruídos metálicos que induzem à loucura e à bestialidade. A poesia perdeu a inocência e a beleza, passando às arremetidas de palavras sem nexo ou construções de palavras sem ritmo, sem rima, sem mensagem. É certo que ainda permanecem em alguns grupos o sentimento de amor, de fraternidade, de beleza e de harmonia, afirmando que nem tudo está perdido na grande noite adornada de ciência e de tecnologia, na qual as almas estorcegam sob os camartelos do sofrimento. Existe muito conforto para uns e nenhum para outros. Aliás, também nos teus dias era assim, razão porque preferistes os últimos, oferecendo-lhes carinho por faltarem outros recursos. O progresso facilitou o intercâmbio entre as criaturas e propiciou o desenvolvimento da criminalidade e do ódio. Há grandeza, sim, na arte e no pensamento, na cultura e no sentimento, porém, a fé empalideceu e agoniza ante a predominância do comportamento hedonista que se espalha por toda a parte. O firmamento está cortado a cada momento por grandiosas naves conduzindo milhões de indivíduos de um para outro lado, com todo luxo e facilidade. Todavia, milhares de ogivas nucleares carregadas de bombas de alta destruição aguardam o simples movimento para dispararem suas cargas terríveis de desagregação de tudo.
  • 34. 30 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual Nesse pandemônio de alegrias e pavor, de riquezas e misérias, de esperanças e desencantos, há milhões de pessoas anelando por conhecer-te ou reencontrar-te, a fim de que a tua canção, Irmão da Natureza, as reconduza a Jesus a quem tanto amas! Volta novamente à Terra, Trovador de Deus, para que tua pobreza inunde de poder todos aqueles que acreditam na força de não ter nada, nas infinitas possibilidades da não-violência e no infinito amor do Pai! Irmão Francisco: O teu irmão lobo transformou-se no monstro devastador de drogas que consomem a juventude, em especial, e a outros indivíduos, em particular. As lutas de cidades, umas contra as outras, ainda continuam e agora mais graves, na violência urbana. A poluição química da atmosfera, que ameaça a Terra, filha daquela de natureza mental e moral, lentamente destrói a Irmã Natureza que tanto amas. Homens dominadores e perversos ameaçam-se ainda através da política escravizadora das moedas que subjugam os povos que não têm voz no concerto das Nações poderosas. As vozes que proclamam a paz estão muito comprometidas com a guerra. O mundo de hoje aguarda o retorno da tua Canção, pobrezinho de Deus, porque ela impregna as vidas com ternura, amor e paz. Iremos fazer um grande silêncio interior, preparar os caminhos e aguardar que tu chegues, simples e nobre como o lírio do campo, bom e doce como o mel silvestre, amigo e irmão como o Sol, para que tua voz nos reconduza de volta ao rebanho que te segue e levas ao Irmão Liberdade, que é Jesus. Joanna de Angelis – Nascente de Bençãos – Cap. 5 – Irmão da Natureza Diante dele, recorda-te de Jesus. Meditando nele, acompanha-o até Jesus. – Orando com ele, avança para Jesus. Não aceites colocações impossíveis quando chamado à trilha da dedicação cristã. Nas novas Porciúnculas, nas recentes vias das Assis megalópoles, ergue no coração o eremitério para o amor e sai a cantar bênçãos e consolações para os irmãos do mundo em agonia. Estigmatiza-te com as feridas do sentimento em sublimação e abre as comportas do espírito à embriaguez do amor. Faze da vida um poema simples, uma canção de simplicidade, uma oração simples exaltando os bens inconfundíveis do Evangelho, que deves imprimir nos atos de toda hora. Amor a Deus, amor aos homens, amor aos animais, amor a todas as coisas. Pensando nas santas aspirações e ideais de Francisco de Assis, o "esposo da pobreza" e o dedicado servo do Cristo, esforça-te até ao sacrifício total, rogando ao Senhor que faça de ti "instrumento de sua paz", em louvor de todas as criaturas. Joanna de Ângelis – A Serviço do Espiritismo – Cap. 6 – Émulo de Jesus (Psicografia de Divaldo P. Franco, em Setembro/1977, junto à tumba de S. Francisco, ao lado de diversos amigos, em Assis, Itália.)
  • 35. 31 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual 2.6.2 Francisco de Assis e a Carta Magna da Paz – A Oração pela Paz O Luminoso Francisco, num dos seus momentos de rara beleza, com a alma extasiada, tocado por inabalável sentimento de gratidão ao Criador, escreveu de próprio punho que Deus é a Paz. Ao afirmar que Deus é a Paz, com certeza Francisco O entendia como fonte de absoluta sanidade, de plena estesia e de peregrina beleza, onde cada ser pode imergir com a convicção de alcançar a felicidade de pacificar-se. Buscar Deus, sentir-Lhe a presença, alterar-se positivamente com essa sensibilização permitirá, é certo, a cada filho, o encontro consigo mesmo e a consequente fruição da Paz. Camilo – A Carta Magna da Paz – Introdução Essa consciência do próprio dever fez com que se manifestasse em Francisco o desejo de ofertar o seu melhor conteúdo, o seu maior patrimônio – a sua inteligência e sensibilidade – em prol da instalação desse estado de bem-aventurança no planeta: a Paz. Quando ele roga, faze de mim, deixa-nos a visão de que desenvolvera o apercebimento de que as atividades terrenas, tanto para o lado bom da vida quanto para o hemisfério sombrio, dependem da decisão íntima, da vontade de participar do projeto luminoso do Criador para Seus filhos ou da fuga desassisada para os labirintos de lamentáveis decepções. Reconhecendo que o Senhor conta com inúmeros instrumentos humanos posicionados na esfera construtiva do amor, do bem, da paz; consciente de que não seria o único a engajar- se nesse mister de contribuir para o espalhamento do espírito pacífico pelos vários arraias do mundo, Francisco pede apenas para que seja um instrumento e não o instrumento a favor da paz. Desejava somar e não ter o cetro do absolutismo. (...) Enquanto as considerações comuns admitem que o mundo tem, realmente, sede de paz, a grande maioria dos indivíduos crê que essa paz deve ter começo no outro, ou ainda, nos tratados e em várias outras decisões dos governos, das autoridades estabelecidas, que, por fim, deve ser legislada ou decretada. Francisco, não. Atreveu-se e atirou-se à realização imensa de tornar-se um instrumento nas mãos do Senhor, para o estabelecimento da paz.
  • 36. 32 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual Na sua disposição, não o vemos com medo de não lograr êxito na empreitada; não o sentimos acovardado perante o gigantismo da tarefa; não o encontramos a cobrar a participação dos amigos ou dos familiares em seus planos. A sua rogativa era intrépida: Senhor, faze de mim... Era lúcido quanto a sua incapacidade de transformar o mundo inteiro; tinha a consciência de que a sua seria a contribuição de um homem à Obra de Deus no planeta; era cônscio de que cada companheiro que viesse à liça, que somasse aos seus esforços, seria bem- vindo, cooperaria com mais uma quota de prestação de serviço. (...) Como produto do amadurecimento individual, cada um que fizer a sua parte, sem marcar passo, sem estagnar, saberá que sua atuação configurará o esforço de autossuperação e de autoconquista, após o que sentirá a presença inefável da Paz dentro de si Camilo – A Carta Magna da Paz – Cap. 6/7 – Um instrumento nas mãos de Deus A Busca da Espiritualidade Franciscana: a) Busca da “descoberta” de Deus na Natureza; b) Busca do “caminho” da simplicidade no Viver; c) Busca do “amor singelo” às criaturas; d) Busca da “confiança na bondade” das pessoas; e) Busca da “imperturbável” alegria no meio da turbulência do caminho. Adalberto Coelho
  • 37. 33 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual Existe uma espiritualidade franciscana difusa no espírito de nosso tempo, nascida da experiência de Francisco, de Clara e de seus primeiros companheiros. Trata-se do caminho da simplicidade, da descoberta de Deus na natureza, do amor singelo a todas as criaturas, da confiança quase infantil na bondade das pessoas e na imperturbável alegria, mesmo em face dos dramas mais pungentes da vida humana. A Oração da Paz também chamada de Oração de São Francisco constitui uma das cristalizações desta espiritualidade difusa. Ela não provém diretamente da pena do Francisco histórico, mas da espiritualidade do São Francisco da fé. Ele é o pai espiritual e por isso seu autor no sentido mais profundo e abrangente desta palavra. Sem ele, com certeza, essa Oração da Paz jamais teria sido formulada nem divulgada e muito menos teria se imposto como uma das orações mais ecumênicas hoje existentes. Ela tem o condão de unir a todos num mesmo espírito de Paz e de Amor. Por um momento faz sentir que todos somos de fato irmãos e irmãs na grande família humana e cósmica e também filhos e filhas da família divina. (...) Em que consiste a Paz de Deus? Indo diretamente ao cerne da resposta, podemos afirmar: ela reside no espirito das bem-aventuranças, cristalizado no texto do Sermão da Montanha (Mt 5,1-12; Lc 6,20-25). Qual é a chave do espírito das bem-aventuranças? É não permitir que o mal, a ofensa, a perseguição e o ódio tenham a última palavra. Mas o amor, o perdão, a misericórdia, a mansidão e a cordialidade. (...) Quem quiser ser instrumento da paz de Deus deve ele mesmo ser uma pessoa pacificada, imbuída de cuidado essencial e cheia do espírito das bem-aventuranças, que é o que traz a Paz. Deve irradiar paz de dentro para fora a partir de sua identidade mais profunda. Nós nos fazemos instrumentos da Paz de Deus quando estamos de tal forma impregnados de paz, que nem sequer pensamos nela; irradiamos paz e benquerença, comunicamos bondade e amorosidade porque a paz de Deus se fez carne de nossa carne, ou seja de nosso íntimo. Importa FAZER a verdade da Paz. Então a paz passará da cabeça ao coração, do coração às mãos e das mãos à Vida. A Oração da Paz, portanto deve se transformar de palavra e canção, para ação e irradiação. A Paz não pode ser uma simples PRO-POSTA, mas deve ser uma RES-POSTA permanente sua à Vida. Leonardo Boff – A Oração de Francisco de Assis – Cap.4 – Que é a Paz
  • 38. 34 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual A Oração de Francisco de Assis nos ensina a conquistar três níveis de consciência: Pacificação – O primeiro nível de consciência acontece após o apelo que o aprendiz sincero e verdadeiro faz ao Mestre: Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz! Para se tornar um instrumento de paz, ao aprendiz é convidado a pacificar o próprio coração. Por isso, ele toma decisão de, onde houver ódio, ofensa, discórdia, dúvida, erro, desespero, tristeza e trevas em sua intimidade de levar o amor, o perdão, a união, a fé, a verdade, a esperança, a alegria e a luz, iniciando a sua jornada de aprendizado e autoaperfeiçoamento. Disponibilização – O segundo nível de consciência acontece quando o aprendiz sincero e verdadeiro faz o apelo: Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado, compreender que ser compreendido, amar que ser amado. É o aprendiz se colocando à disposição do Mestre. Essa exclamação também é um chamado, porque há uma característica salutar na condição do aprendiz sincero e verdadeiro: a de colocar as lições do Mestre e Sua sabedoria como parâmetros fundamentais nas decisões que ele tomará dali em diante. Autonomia – O terceiro nível de consciência acontece quando o aprendiz sincero e verdadeiro diz: Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna. Nessa etapa o aprendiz já está num trabalho ativo de internalização das virtudes do amor, do perdão, da união, da fé, da verdade, da esperança, da alegria e da luz. Por isso, nesse nível, sem necessidade do esforço de que carece no primeiro nível de consciência, doa-se e perdoa, adquirindo autonomia, pois já consegue exercitar as virtudes do Mestre em si com naturalidade, Para que o aprendiz sincero e verdadeiro possa desenvolver esses três níveis de consciência, é fundamental que faça exercícios de aprendizado com esforços continuados, pacientes e perseverantes. Todo esforço em direção ao Bem maior vale a pena, pois nos proporciona a felicidade tão almejada por todos. Alírio de Cerqueira Filho – A Sublime Oração de Francisco de Assis – Introdução
  • 39. 35 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual Ode à Paz Quando alguém é capaz de escutar uma canção que vem de longe, fazendo um profundo silêncio interior; Quando alguém é capaz de se deitar num relvado imaginário e banir os tormentos do dia- a-dia das telas do pensamento; Quando alguém é capaz de, atravessando dificuldades, sorrir com face desanuviada, no meio da rua; Quando alguém é capaz de estender mão generosa e braço dorido ao transeunte que cambaleia; Quando alguém é capaz de examinar o passado sem rancor, contemplar o presente sem fel e olhar o futuro sem medo; Quando se pode meditar nas coisas santas da vida, embora tendo os pés no rio das dores e o coração atado as dificuldades do caminho; Quando se pode tudo esquecer a respeito do mal para do bem somente recordar, E quando se é capaz de voltar ao posto de partida para bendizer as mãos que lhe deram água, o coração que lhe ofereceu agasalho, o amor que lhe concedeu pão — este alguém é bem- aventurado! Mesmo que jornadeie solitário nas trevas do sofrimento, E que carregue o coração ferido pela urze, E tenha os pés retalhados pelos acúleos dos caminhos, E tenha sorvido da amargura a taça inteira, E do descrédito e da desconfiança recebido pedradas e agressões. Nele, a paz não guarda o silêncio mentiroso das sepulturas, nem a quietude malsã da infelicidade. Este bem-aventurado logrou a Paz. Tornou-se ação dinâmica e produtora que, no entanto, lenifica de dentro para fora, como a Paz que vem de Jesus. Que nada toma, Que nada põe a perder, Que nada aniquila! Eu te agradeço, mensagem sublime de paz, no turbilhão dos conflitos que me esmagam e na inquietação das necessidades que sepultam as minhas ambições: louvada sejas! Flannagan – Depoimentos Vivos – Cap. 38 – Ode à Paz
  • 40. 36 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual Senhor: Fazei de mim um instrumento de vossa Paz! Onde houver Ódio, que eu leve o Amor, Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão. Onde houver Discórdia, que eu leve a União. Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé. Onde houver Erro, que eu leve a Verdade. Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança. Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria. Onde houver Trevas, que eu leve a Luz! Ó Mestre, Fazei que eu procure mais: Consolar, que ser consolado; Compreender, que ser compreendido; Amar, que ser amado. Pois é dando, que se recebe. Perdoando, que se é perdoado e é morrendo, que se vive para a VIDA ETERNA. “Francisco de Assis” – Oração da Paz – (França, 1912) Onde há caridade e sabedoria, aí não há nem temor nem ignorância. Onde há paciência e humildade, aí não há nem ira nem perturbação. Onde há pobreza com alegria, aí não há nem ganância nem avareza. Onde há quietude e meditação, aí não há nem preocupação nem divagação. Onde há temor do Senhor para guardar seus átrios, aí o inimigo não tem lugar para entrar. Onde há misericórdia e discernimento, aí não há nem superfluidade nem rigidez. Francisco de Assis – Admoestação – Cap. 27– A Virtude que afugenta os Vícios (Itália, 1200) Nota: As Admoestações são uma coleção de 28 textos curtos (só a primeira é um pouco maior) que tem ampla presença nos manuscritos medievais. Francisco costumava fazer alocuções (admoestações) a todos os frades nos capítulos gerais (reunião geral). Provavelmente são textos que só foram falados por São Francisco e que foram preservados porque alguém tomou nota. As Admoestações são um bom resumo da proposta espiritual de Francisco de Assis. No caso, esta “admoestação 27” guarda semelhança com a Oração da Paz, a qual é atribuída a Francisco de Assis. A “Oração da Paz” apareceu, pela primeira vez, em uma pequena revista local da Normandia, na França. Vinha sem referência de autor, transcrita de outra revista tão insignificante, que nem deixou sinal da história, pois, em nenhum arquivo da França, foi encontrada. Universalizou-se a partir de sua publicação no Obssevatore Romano, órgão oficioso do Vaticano, no dia 20 de janeiro de 1916.
  • 41. 37 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual 2.6.3 Marcos da busca pela Paz – Cronologia – Século XX • 1935 – Brasil/Getúlio Vargas: Dia da Fraternidade/ Confraternização Universal – 01/janeiro O dia da Confraternização Universal é um feriado nacional no Brasil, comemorado no dia 1 de janeiro. Foi instituído por lei em 1935, conjuntamente com vários outros feriados, por Getúlio Vargas. Lei no 108, de 29 de outubro de 1935. • 1948 – Índia/Gandhi/Não Violência – Assassinato de Gandhi (30/janeiro) “Minha convicção pessoal é absolutamente clara. Não tenho o direito de magoar nenhum ser vivo, muito menos seres humanos como eu, ainda que eles possam causar grandes males a mim e aos meus. Por isso ao mesmo tempo que considerando o domínio britânico uma calamidade, não pretendo causar danos a um único cidadão inglês, ou a qualquer interesse legítimo que ele possa ter na índia. Sei que, empenhando-me pela não-violência, estarei correndo o que poderia ser chamado de um grande risco, mas as vitórias da verdade jamais foram alcançadas sem riscos!” Gandhi (Richard Attenborough – As Palavras de Gandhi) Kleber Halfeld – Revista Reformador – 1997 – Novembro – Um líder no conceito de Emmanuel • 1965 – USA/ONU/Paulo VI: Fala de Paulo VI na Assembleia Anual da ONU, por ocasião do vigésimo aniversário desta instituição mundial – 04/Outubro “A paz, vós o sabeis, não se constrói somente por meio da política e do equilíbrio das forças e dos interesses. Ela constrói-se com o espírito, as ideias, as obras da paz (...) Basta recordar que o sangue de milhões de homens, os sofrimentos espantosos e inumeráveis, os inúteis massacres e as aterradoras ruínas sancionam o pacto que vos une, num juramento que deve mudar a história futura do mundo: nunca mais a guerra, nunca mais a guerra. É a paz, a paz que deve guiar o destino dos povos e de toda a humanidade”. Paulo VI – Libreria Editrice Vaticana – Discurso na Organização das Nações Unidas
  • 42. 38 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual • 1968 – Itália/Roma/Vaticano/Paulo VI/Dia Mundial da Paz (01/Janeiro) “É, pois, à paz verdadeira, à Paz justa e equilibrada, assente no reconhecimento sincero dos direitos da pessoa humana e da independência de cada nação, que nós convidamos os homens prudentes e corajosos, a dedicar este « Dia »”. Paulo VI – Libreria Editrice Vaticana – I Dia Mundial da Paz 1968 • 1981 – USA/ONU/Dia Internacional da Paz pela ONU/21 de Setembro. Dia Internacional da Paz é celebrado em 21 de setembro, foi declarado pela ONU em 30 de novembro de 1981. Em 21 de setembro de 2006, por ocasião do Dia Internacional da Paz, Kofi Annan afirmou: “Há vinte e cinco anos, a Assembleia Geral da ONU proclamou o Dia Internacional da Paz como um dia de cessar-fogo e de não violência em todo o mundo. Desde então a ONU tem celebrado este dia, cuja finalidade não é apenas que as pessoas pensem na paz, mas sim que façam também algo a favor da paz”. Kofi Annan – Secretário Geral da ONU (1997/2006) • 1986 – USA/ONU/Ano Internacional da Paz. O Ano Internacional da Paz foi reconhecido em 1986 pela Organização das Nações Unidas. Ele foi proposto pela primeira vez durante a conferência do Conselho Econômico e Social em novembro de 1981, tendo a data associada ao quadragésimo aniversário da criação da ONU(1946). Assembleia das Nações Unidas – A/RES/37/16 – International Year of Peace • 1986 – Itália/Assis/João Paulo II/Dia Mundial de Oração pela Paz (27/Outubro): O Papa João Paulo II organizou o primeiro Dia Mundial de Oração pela Paz em Assis na Itália em 27 de outubro de 1986. Ao todo cerca de 160 religiosos comemoraram o dia juntos celebrando seu Deus e Deuses. Cerca de 32 organizações católicas cristãs e 11 religiões não-cristãs estiveram presentes. “Se existem muitas e importantes diferenças entre nós, também existe um terreno comum, de onde atuar juntos na solução deste dramático desafio de nossa época: a verdadeira paz ou a guerra catastrófica? Sim, existe a dimensão da oração, que na diversidade real das religiões tenta expressar a comunicação com uma Força acima de todas as nossas forças humanas.
  • 43. 39 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual A paz depende basicamente deste poder, que chamamos de Deus, e como os cristãos acreditam que se revelou em Cristo. Este é o significado deste Dia Mundial de Oração. Pela primeira vez na história, reunimo-nos de todos os lugares, Igrejas e comunidades eclesiais cristãs e religiões mundiais, neste lugar sagrado dedicado a São Francisco, para testemunhar ao mundo, cada um segundo a sua convicção, sobre o transcendente qualidade de paz. A Paz é um valor sem fronteiras” João Paulo II – Libreria Editrice Vaticana – Aos representantes das igrejas e comunidades eclesiais cristã e das religiões mundiais. • 1998 – Brasil/Salvador/Bahia/Divaldo Franco/Movimento Você e a Paz (19/Dezembro). Idealizado por Divaldo Franco, o Movimento Você e a Paz é uma atividade sem caráter religioso ou político, mobilizado pelo ideal de uma vivência pacífica entre pessoas, buscando leva-las a uma reflexão profunda quanto à necessidade de renovação dos sentimentos e mudança de comportamento. Com sua primeira edição realizada no ano de 1998 em Salvador, na Bahia, hoje o movimento ocorre em mais de 75 cidades do mundo, estando presente em 11 países. No Brasil, acontece em 56 cidades, em 11 de seus estados. A proposta do Movimento Você e a Paz é que partamos para a ação por intermédio da não-violência, a maior arma contra a violência, em nome da caridade, do perdão, do amor ensinado por Jesus. Embora nos demoremos em ser violentos, a paz é a condição natural do ser humano. Assim, a 19 de dezembro daquele ano, a Praça Dois de Julho, Largo do Campo Grande, em Salvador, na Bahia, tornou-se palco do 1o Movimento Você e a Paz. Embora não tenha caráter religioso ou político, a proposta rendeu ao seu idealizador o convite para participar da Conferência do Milênio para a Paz Mundial – Encontro de Cúpula Mundial de Líderes Religiosos e Espirituais pela Paz Mundial, como líder espírita. O evento proposto e realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) aconteceu entre os dias 28 e 31 de agosto de 2000, em Nova lorque, nos Estados Unidos. “Descobri que a Paz é de excelente qualidade, dando-me resistência para vencer minhas imperfeições, os inimigos gratuitos, abraçar o ideal e não olhar para os lados, menos ainda para trás e permanecer em paz” Divaldo Franco – Mansão do Caminho – Lançamento do Movimento Você e a Paz (19/Dezembro/1998)
  • 44. 40 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual • 2000 – USA/ONU/Encontro Mundial de Líderes Religiosos pela Paz/FEB/Divaldo Franco: “Na construção da Paz/A Paz vem de Deus”. Lançada por organizações não-governamentais representando 75 religiões diferentes no mundo, a iniciativa tem por objetivo estudar os meios de cooperação com a ONU em questões relativas à pobreza, paz e estabilidade. “Valorizando e fortalecendo a família como célula básica da sociedade; demonstrando amor à criança e amparando-a em todos os sentidos, desde a sua concepção; favorecendo ao homem uma adequada compreensão da própria existência, que atenda às suas inquietações e lhe dê sentido à vida; e banindo o hábito da cultura da violência, os segmentos mais responsáveis pela sociedade – governo, religiões, órgãos não governamentais e empresas –, unidos nesta ação, estarão dando um exemplo de solidariedade real que acabará sendo absorvido e cultivado por todos os homens, os quais, por sua vez, responderão com um comportamento solidário, capaz de construir a paz social. Nestor João Masotti – Revista Reformador – 2000 – Novembro – Na Construção da Paz (Documento remetido por Nestor João Masotti, Secretário-Geral do Conselho Espírita Internacional, ao Sr. Bawa Jain, Secretário-Geral do Encontro de Cúpula Mundial de Líderes Religiosos e Espirituais pela Paz Mundial) “Herança do primarismo, que ainda predomina em a natureza humana, a guerra é vestígio de barbárie que necessita ser extirpada da Terra. (...) O ser humano, no entanto, preservando essa herança ancestral, também se faz agressor do seu irmão, vitimado por fatores de profunda perturbação emocional, mental, social, econômica, religiosa, étnica, cultural, demonstrando que ainda não se identificou com Deus, ou se O conhece, o seu relacionamento é superficial ou fanático, não lhe havendo permitido uma perfeita sintonia com a paz que dEle se irradia, e que deve estender-se por todo o mundo. A paz é resultado da Lei natural – o amor – que vige em toda parte no Universo. (...) Educar, portanto, as novas gerações, dignificando-as, é terapia moral que prevenirá o porvir das calamidades que hoje assolam as ruas das pequenas e grandes cidades do mundo, das aldeias ou das megalópoles que se tornam, a cada dia, mais vítimas de insuportáveis agressividades e violências, transforma- das como se encontram em palcos de guerras urbanas, embora vicejando a paz...”. Divaldo Franco – Revista Reformador – 2000 – Novembro – A Paz vem de Deus (Documento remetido pelo tribuno e médium Divaldo Pereira Franco ao Sr. Bawa Jain, Secretário– Geral do Encontro de Cúpula Mundial de Líderes Religiosos e Espirituais pela Paz Mundial)
  • 45. 41 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual 3. A Violência na Sociedade – Aspectos Materiais e Sociológicos 3.1 Violência – Conceitos Violência: constrangimento físico ou moral; uso da força; coação. Violentar: exercer violência sobre; forçar; coagir; constranger; torcer o sentido de; alterar; inverter. Dicionário Aurélio Buarque de Holanda Violência: ação ou efeito de empregar força física ou intimidação moral contra; ato violento; exercício injusto ou discricionário, ger. ilegal, de força ou de poder; força súbita que se faz sentir com intensidade; fúria, veemência; constrangimento físico ou moral exercido sobre alguém, para obrigá-lo a submeter-se à vontade de outrem; coação; cerceamento da justiça e do direito; coação, opressão, tirania. Dicionário Houaiss Violência é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como "o uso intencional de força física ou poder, ameaçados ou reais, contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade, que resultem ou tenham grande probabilidade de resultar em ferimento, morte, dano psicológico, mau desenvolvimento ou privação". Wikipédia, a enciclopédia livre – Violência É possível definir a violência de muitas maneiras. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a violência, como o uso de força física ou poder, em ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulte ou possa resultar em sofrimento, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação. A definição dada pela OMS associa intencionalidade com a realização do ato, independentemente do resultado produzido. São excluídos da definição os incidentes não intencionais, tais como a maioria dos ferimentos no trânsito e queimaduras em incêndio. A inclusão da palavra "poder", completando a frase "uso de força física", amplia a natureza de um ato violento e expande o conceito usual de violência para incluir os atos que resultam de uma relação de poder, incluindo ameaças e intimidação. O "uso de poder" também leva a incluir a negligência ou atos de omissão, além dos atos violentos mais óbvios de execução propriamente dita. Assim, o conceito de "uso de força física ou poder" deve incluir negligência e todos os tipos de abuso físico, sexual e psicológico, bem como o suicídio e outros atos auto-infligidos.
  • 46. 42 A Violência na Sociedade e Você – uma Leitura Espiritual Esta definição cobre uma ampla gama de resultados, incluindo injúria psicológica, privação e desenvolvimento precário. Ela reflete um crescente reconhecimento entre pesquisadores da necessidade de incluir a violência que não produza necessariamente sofrimento ou morte, mas que, apesar disso, impõe um peso substancial em indivíduos, famílias, comunidades e sistemas de saúde em todo o mundo. Muitas formas de violência contra mulheres, crianças e idosos, por exemplo, podem resultar em problemas físicos, psicológicos e sociais que não representam necessariamente ferimentos, incapacidade ou morte. Tais conseqüências podem ser imediatas ou latentes e durar por anos após o ato abusivo inicial. Assim, definir as conseqüências somente em termos de ferimento ou morte limita a compreensão total da violência em indivíduos, nas comunidades e na sociedade em geral. Um dos aspectos mais complexos da definição é a questão da intencionalidade. Devem-se observar dois pontos importantes em relação a isto. Primeiro, mesmo que se distinga a violência de atos não intencionais que produzem ferimentos, a intenção de usar força em determinado ato não significa necessariamente que houve intenção de causar dano. Na verdade, pode haver enorme disparidade entre comportamento intencional e conseqüência intencional. O agressor pode cometer um ato intencional que, sob critério objetivo, pode ser considerado perigoso e, possivelmente, ter resultados adversos para a saúde, mas não percebê-lo assim. (...) Outros aspectos da violência são incluídos na definição, embora não se encontrem explicitados. Por exemplo, a definição implicitamente inclui todos os atos de violência, quer sejam públicos ou privados, quer sejam reativos (em resposta a fatos anteriores, como uma provocação) ou antecipatórios (ou instrumentais para resultados automáticos), ou mesmo criminosos ou não. Cada um desses aspectos é importante para a compreensão da violência e para o planejamento de programas preventivos. Linda L. Dahlberg – Division of Violence Prevention, National Center for Injury Prevention and Control, Centers for Disease Control and Prevention, WHO. Atlanta GA – Violence: a global public health problem (Version of the Introduction to the World Report on Violence and Health –WHO, 2002, Geneve) Revista Ciência & Saúde Coletiva, vol. 11, Suppl, pag. 1163–1178, 2007 (Este artigo é uma versão do que foi publicado no Informe Mundial sobre Violência e Saúde, da Organização Mundial de Saúde (OMS), como introdução ao tema)