O documento discute a influência da cultura dos mangás japoneses na juventude brasileira. Apresenta a história dos mangás no Japão e como se popularizaram no Brasil após a exibição de animes na TV nos anos 1990. Também destaca que os mangás oferecem identificação aos leitores por retratarem personagens mais humanos, que envelhecem e evoluem ao longo das histórias.
A utilização do mangá no âmbito da ilustração na cultura jovem brasileira.
1. A utilização do mangá no âmbito da
ilustração na cultura jovem brasileira.
Universidade Federal da Bahia
Savitri Ramaiana
Orientadora – Marcela
11/09/2013
2. Mangá no Japão Antigo
A palavra mangá significa rabiscos
descompromissados, ou ainda
imagens involuntárias
Ganha força com o fim da era
feudal no Japão, em meados do
século XIX
Durante a segunda guerra mundial, o
mangá foi utilizado como forma de
resistência, passando mensagens
contra o poder estadunidense, sem
que os mesmos percebessem.
3. Mangá no Japão Atual
Existem mangás específicos para leitores
masculinos e femininos desde a idade préescolar, idade infantil, adolescência,
universitária, adulta e idosa.
Um outro aspecto fundamental do mangá
é a sua relação com a escrita japonesa. O
mangá é, entre outras coisas, usado como
fundamental ferramenta no ensino do
idioma japonês, desde a pré-escola até o
colegial.
4. No Japão, os mangás, em sua maioria semanais, podem possuir
entre 400 e 500 páginas, com cerca de vinte histórias de autores
diferentes por edição; a cada mês a editora publica junto com o
mangá uma pesquisa com os leitores para que respondam quais
são suas histórias favoritas naquele mês, se uma história não está
sendo popular ela é cancelada para dar lugar a outras, gerando
assim uma grande rotatividade de histórias e autores.
Admiradores de mangás e cultura pop japonesa são
chamados de otákus ( “fechado em seu casulo”)
são como os nerds americanos, que, por serem
fanáticos e obcecados por quadrinhos, games e/ou
animação, são excluídos e encarados como pessoas
esquisitas. No caso do Brasil, esses jovens utilizam
o termo como sinônimo de fã de cultura pop
japonesa em geral, titulo digno de orgulho para
eles.
5. Mangá no Brasil
O primeiro mangá publicado no Brasil foi “O
lobo Solitário” de Kozuri Okame, em 1988.
Porém, o estouro do mangá no Brasil,
só aconteceu depois da exibição do
anime - desenho japonês – Cavaleiros
do Zodíaco, em 1994 pela TV
Manchete. Que rapidamente se
tornou fenômeno de público e vendas
6. O desenho foi o ponto focal para
solidificar no Brasil a presença e o gosto
pelo animê e pelo mangá. Somando isso
ao período propício da economia
brasileira e o surgimento da internet no
Brasil.
O sucesso fez nascer a criação de diversas
revistas especializadas - Herói, Animax,
Anime Dô, etc. Foi através dessas
publicações que o público infanto-juvenil,
descobriu que todos os desenhos
animados que eles acompanhavam na
televisão tinham sua origem em histórias
em quadrinhos japonesas.
7. Em 2001, editoras como a JBC e Conrad
passaram a publicar séries originais de mangá
traduzidas para o português. Antes disso, o
mercado editorial de quadrinhos no Brasil tinha
hegemonia das gigantes americanas Marvel e DC
Comics. Nessa mesma época, a qualidade das
HQ’s americanas tinha caído, deixando um
terreno livre para a entrada de material novo.
A única grande dificuldade que os leitores
teriam de enfrentar era o fato de um mangá,
assim como toda publicação e textos
japoneses, se ler da direita para a esquerda
e começa pelo final. Para sanar esse
problema, as editoras colocam na primeira
ou última página do mangá uma explicação
sobre como se deve lê-lo.
8. Mangá e vendas
A Folha On-line publicou um artigo, em 15/01/2008, que
considera o Brasil pioneiro, no ocidente, no consumo de
quadrinhos japoneses.
No Japão, as vendas de mangás chegam a 2,5 milhões de
exemplares numa única semana. No Brasil, atingem 900 mil por
mês, o que representa a metade de todos os quadrinhos
produzidos, de acordo com estimativas de editoras (LUYTEN,
1987)
Os super-heróis, que circulavam com até 150 mil exemplares por mês
na década de 1980, sobrevivem com 20 mil, os títulos da Disney, como
o Pato Donald, também não passam de 30 mil editares. Os Mangás, em
contrapartida, estão superando-os: a Conrad com até 100 mil e a JBC
com cerca de 40 mil.
9. Em setembro de 2007 foi possível encontrar 105 títulos
de Mangás a venda nos site das editoras: Conrad, JBC,
Panini e NewPOP. Em março de 2009 esse número pulou
para 135, ou seja, em 19 meses 30 novos títulos surgiram
no mercado.
A JBC já teria vendido cerca de 1,2 milhões de Mangás
(correspondentes a 18 títulos). Seus leitores são formados de ambos
os sexos, das classes A e B, com idade de 12 a 25 anos, e se
concentrariam em capitais e centros regionais, dos quais 55%
correspondem ao sudeste.
Quanto a Panini (www.paninicomics.com.br), estão
disponíveis a venda 44 títulos, De 2007 para cá, lançou mais 18
histórias em quadrinhos. Em comparação com as outras
empresas é a que publica Mangás com mais páginas, grande
parte chega quase a 200 ou passa desse número, além de
também oferecer assinatura.
10. Mangá e Eventos
A maior concentração de otakus do país fica, em São Paulo,
devido ao grande número de descendentes dos imigrantes
japoneses e ao bairro da Liberdade, que mantém lojas de
produtos japoneses relativos a essa cultura pop com a venda
de CD´s DVD´s, revistas, mangás, etc.
Por todo o Brasil, centenas de eventos são realizados por
ano, com exibição de desenhos animados, divulgação de
quadrinhos e apresentação de Cosplay - fantasias. O maior
evento do país é o Anime Friends, que acontece em São
Paulo, em julho.
11. Em Salvador, temos o
Bon Odori, um festival
Japonês de
agradecimento aos
antepassados, que foi
incorporada pela
cultura baiana, desde
1992. O Festival
reúne cerca de 35 mil
pessoas e atrações de
todo o país.
12. Mas é no Anipólitan, que o maior evento voltado a cultura
pop acontece. Realizado anualmente desde o ano de 2003,
disponibiliza salas de exibição, oficinas de bonsai, origami,
língua japonesa e oficina de mangá. O público encontra no
evento a exposição de artefatos japoneses, estandes de
empresas especializadas no segmento, comidas típicas
orientais, apresentações, ilustrações do tipo mangá e afins.
Devido ao sucesso dos eventos realizados e o
crescente consumo de mangás na capital, iniciei
minha pesquisa dado o seguinte questionamento:
14. “A absorção da cultura nipônica acontece porque dentro de
nossos casulos de consumo e das nossas comunidades fechadas,
estamos cada vez mais carentes de uma memória coletiva e da
sensação de pertencimento. As mensagens que a mídia ocidental
veicula estão sempre ligadas a uma valorização da
personalidade e da quebra com as tradições e laços sociais. “ Mangá: o fenômeno comunicacional no Brasil, pag 13.
“Gusman (2005) aponta três vantagens que os Mangás possuem em
relação as outras HQs. A primeira é que todas as histórias dos Mangás tem
fim, independente do tempo que levarem para terminar. A outra vantagem
é a relação desse mercado com o da TV e do cinema. A terceira vantagem é
que os personagens expressam um aspecto mais humano que os ocidentais,
gerando empatia maior no leitor. Outro fator importante, segundo Sidney
Gusman, é que o Mangá resgatou um público especifico no Brasil (entendase também no Ocidente) que estava sendo esquecido: As garotas". O autor
(2005, p. 79)” - Mangá: o fenômeno comunicacional no Brasil, pag 11-12
16. “O mercado de mangá é segmentado, com revistas para
crianças, adolescentes, jovens, adultos com mais de trinta anos
(com direito a revistas femininas e masculinas). Para as garotas
que saíram da adolescência e para jovens mulheres executivas,
bem como para seus pares masculinos. Tal fato, amplia muito o
mercado consumidor brasileiro, logo também o numero de
leitores, pois não é limitado a um público especifico, e sim
atendendo a todos. O mangá oferece grandes possibilidades de
comunicação em massa no país (Luyten, 1978)” - Mangá :
Ascensão da cultura visual moderna japonesa no Brasil , pag 12
“Nos mangás, os personagens envelhecem, passam por dilemas e as
histórias têm um final, ao contrário dos super-heróis do resto do
mundo, em que um episódio não necessariamente é continuidade do
outro e os personagens têm sempre a mesma idade e tipo físico, ainda
que sobrevivam por décadas. Isto faz com que muitos leitores se
identifiquem com os personagens, ao contrário do HQ (quadrinhos)
norte americano cujo personagem se apresenta sempre imutável,
perfeito, sem defeitos físicos, de caráter ou psicológicos.” (LUYTEN, 1987
- Mangá : Ascensão da cultura visual moderna japonesa no Brasil , pag
12.
17. Entrevista e Gráfico
Para comparar as citações pesquisadas com o pensamento do
jovem brasileiro em relação aos quadrinhos japoneses, foi
realizado um questionário com dez perguntas de fácil
compreensão em torno da problematização. Jovens em torno
de 12 à 23 anos, que com as suas colaborações ajudaram a
entender um pouco mais sobre esse interesse que a cada ano
vem sendo evidente e contagiando cada vez mais pessoas.
25. Sabe a diferença entre um otaku
brasileiro e um japonês?
20%
Não
10%
Ambos são
fanáticos
30%
40%
Acham que o
otaku japonês é
anti-social
Que o otaku
japonês é melhor
26. O que te atrai nos eventos
relacionados à cultura pop
japonesa?
28. Conclusão
Conclui-se que, através da analise da pesquisa, o fator mais atraente
para os jovens no mangá, dá-se a identificação do próprio leitor no
personagem. A “humanidade” do mesmo aproxima e configura o
sucesso que os quadrinhos vem obtendo hoje.
É importante que esses aspectos de manifestações joviais sejam
observados, para prestarmos atenção e delimitarmos as verdadeiras
mudanças na juventude brasileira, a necessidade de interação, de se
encontrar com semelhantes, de ser ouvido e visto pelos demais. Com o
mangá abordando temas polêmicos, a “minoria”, como homossexuais,
podem se sentir mais aceitos, observando que dentro daquele mundo
jovem, ele também possui espaço. Podemos traçar, através disso, uma
abordagem psicológica do assunto.