O documento discute a necessidade de liderança no Brasil para defender a soberania nacional, comparando com o papel de Winston Churchill na Grã-Bretanha durante a Segunda Guerra Mundial. O autor argumenta que o Brasil está sujeito ao "sistema totalitário moderno" e que só houve dois governantes que tentaram impedir essa dominação, Getúlio Vargas e João Goulart, que foram removidos do poder. Sem uma liderança como Churchill para unir a nação em torno de um projeto de defesa da soberania e desenvolvimento, o
SOCIAL REVOLUTIONS, THEIR TRIGGERS FACTORS AND CURRENT BRAZIL
A liderança que falta ao brasil para defender sua soberania
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A LIDERANÇA QUE FALTA AO BRASIL PARA DEFENDER SUA
SOBERANIA
Fernando Alcoforado*
Assisti ao filme “Destino de uma nação” que apresenta a ascensão de Winston Churchill
à condição de Primeiro Ministro que mostrou a relevância de seu papel como grande
líder da Grã-Bretanha na luta contra o nazi-fascismo. Com a Grã-Bretanha à beira de
perder a guerra para a Alemanha, Winston Churchill sofre pressão para fazer um acordo
com Hitler, mas resiste à pressão. Seu papel foi decisivo para combater as forças
políticas no parlamento britânico que desejavam celebrar uma paz com a Alemanha
nazista. O Império Britânico estava ameaçado de sucumbir diante da Alemanha nazista,
fato este que não ocorreu graças à determinação de Churchill de resistir em defesa de
sua soberania.
Winston Churchill nasceu em Woodstock em 30 de novembro de 1874 e faleceu em
Londres em 24 de janeiro de 1965. Foi um político conservador e estadista britânico,
famoso principalmente por sua atuação como primeiro-ministro do Reino Unido durante
a Segunda Guerra Mundial. Ele foi primeiro-ministro britânico por duas vezes (1940-45
e 1951-55). Ele é o único primeiro-ministro britânico a ter recebido o Prêmio Nobel de
Literatura e a cidadania honorária dos Estados Unidos. Em 2002, foi eleito pela BBC o
maior britânico de todos os tempos.
Em 10 de maio de 1940, Churchill chegou ao cargo de primeiro-ministro
britânico, contando 65 anos de idade. Seus discursos memoráveis, conclamando o povo
britânico à resistência e sua crescente aproximação com o então presidente
americano Franklin Delano Roosevelt, visando que os Estados Unidos ingressassem
definitivamente na guerra, foram essenciais para o êxito dos aliados. O exemplo de
Churchill e sua incendiária oratória permitiram-lhe manter a coesão do povo britânico
nas horas de prova suprema que significaram os bombardeios sistemáticos
da Alemanha sobre Londres e outras cidades do Reino Unido.
Apesar da vitória na Segunda Guerra Mundial em 1945, os conservadores de Churchill
perderam as eleições para os trabalhistas, liderados por Clement Attlee, que se tornou
primeiro-ministro. Em 1951, com a vitória por ampla maioria dos conservadores nas
eleições daquele ano, Churchill voltou ao cargo de primeiro-ministro quando tinha
então 76 anos de idade. Morreu em Hyde Park Gate em Londres, a 24 de Janeiro de
1965.
No século XXI, na era contemporânea de globalização econômica e financeira, surge o
totalitarismo moderno, abarcando todo o planeta, pior do que o totalitarismo da primeira
metade do século XX. O sistema capitalista neoliberal dominante se define pela
onipresença de sua ideologia mercantil que ocupa ao mesmo tempo todo o espaço e
todos os setores da vida. Esta ideologia não diz nada mais do que: produza, venda,
consuma e acumule! Ela reduziu todas as relações humanas em relações mercantis e
considera nosso planeta como uma simples mercadoria. O dever que nos impõe é o
trabalho servil. O único direito que ele reconhece é o direito a propriedade privada. O
único deus que ele adora é o dinheiro.
A onipresença da ideologia, o culto ao dinheiro, o partido único disfarçado de
pluralismo parlamentar, a ausência de uma oposição visível e a repressão sob todas as
formas contra a vontade de transformar o homem e o mundo caracterizam o
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totalitarismo moderno. Eis o verdadeiro rosto do totalitarismo moderno que chamamos
“democracia liberal” que, porém, é necessário chamá-la pelo seu verdadeiro nome:
sistema mercantil totalitário. O homem, a sociedade e o conjunto de nosso planeta estão
dominados por esta ideologia.
O sistema mercantil totalitário moderno realizou o que nenhum totalitarismo conseguiu
fazer antes: unificar o mundo à sua imagem. Hoje já não existe exílio possível. O que
acaba de ser descrito nos parágrafos acima deixa evidenciada a necessidade imperiosa
de combater em escala planetária o globalizado totalitarismo moderno que demonstra
ser o maior inimigo de todos os povos do mundo. Um fato é indiscutível: sem a
derrocada do totalitarismo moderno em escala nacional e global, não serão superados os
problemas que afetam o ser humano em cada país isoladamente.
Lideranças como Winston Churchill que aglutinou o povo britânico na luta em defesa
da soberania nacional britânica contra o totalitarismo nazifascista é o que está a faltar
em um país como o Brasil que se encontra à mercê do sistema totalitário moderno. No
exercício do governo do Brasil, só surgiram dois governantes (Getúlio Vargas e João
Goulart) que procuraram impedir a dominação do país pelo sistema totalitário moderno.
Ambos governantes foram afastados do poder, por assumirem postura de resistência ao
totalitarismo moderno.
É importante observar que os mais importantes eventos históricos do Brasil encontraram
uma resposta que ficou configurada na intenção explícita de manter fora do âmbito das
decisões, as classes e camadas sociais “de baixo” com a “conciliação pelo alto” como
ocorreu com a Independência, a Abolição da Escravidão, a Proclamação da República, a
Revolução de 1930 e a implantação da ditadura militar em 1964. Pode-se afirmar que as
transformações ocorridas na história do Brasil não resultaram de movimentos
provenientes de baixo para cima, envolvendo o conjunto da população, mas se
encaminharam sempre através de uma conciliação entre os representantes dos grupos
economicamente dominantes.
A crítica situação política, econômica e social em que se encontra o Brasil no momento
atual dificilmente será solucionada com a “conciliação pelo alto”. A “conciliação pelo
alto” é consequência, fundamentalmente, do frágil protagonismo do povo brasileiro, da
ausência de partidos políticos e de lideranças políticas confiáveis com propostas capazes
de galvanizar a grande maioria da população. Sem a existência de uma liderança, como
Winston Churchill, que aglutine a nação em torno de um projeto comum de defesa da
soberania e do desenvolvimento nacional, o Brasil não superará seus gigantescos
problemas econômicos, políticos e sociais atuais.
*Fernando Alcoforado, 78, membro da Academia Baiana de Educação e da Academia Brasileira Rotária
de Letras – Seção da Bahia, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento
Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento
estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é
autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova
(Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São
Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado.
Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e
Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX
e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of
the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe
Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia Sustentável-
Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do
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Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social
(Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática
Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015), As Grandes Revoluções Científicas,
Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016) e A Invenção de um novo
Brasil (Editora CRV, Curitiba, 2017).