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Biotecnologias
12º ano
Curso com Plano Próprio de
Tecnologias e Segurança Alimentar
No meio ambiente existem numerosos e variados agentes patogénicos, capazes de
causarem doenças. Os principais agentes patogénicos são as bactérias e os vírus, os
fungos, os protozoários ou os vermes parasitas.
O quadro seguinte resume as principais características dos agentes patogénicos.
O sistema imunitário é constituído por um conjunto de órgãos, tecidos e células capaz
de reconhecer os elementos próprios e estranhos ao organismo e de desenvolver ações
que protegem o organismo dos agentes patogénicos e das células cancerosas.
Fazem parte do sistema imunitário:
• diferentes tipos de leucócitos;
• a medula vermelha dos ossos e o timo, onde se formam e diferenciam os
leucócitos;
• o baço, os gânglios linfáticos, o apêndice, as amígdalas e as adenoides onde
se concentram os leucócitos.
O reconhecimento dos elementos próprios e estranhos ao organismo baseia-se num
conjunto de glicoproteínas superficiais da membrana citoplasmática que funcionam
como marcadores celulares.
Estas glicoproteínas são codificadas por um conjunto de genes localizados no
cromossoma 6, sendo designado complexo principal de histocompatibilidade, cuja sigla
é MHC.
Biotecnologia médica e farmacêutica
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As proteínas do MHC são codificadas por um grande número de alelos e são as que
apresentam maior polimorfismo, conferindo uma identidade bioquímica a cada
indivíduo.
Os leucócitos, produzidos na medula vermelha dos ossos e no tecido linfático, são
libertados no sangue, através do qual são transportados pelo corpo. A partir do sangue
passam para os tecidos onde levam a cabo funções de reconhecimento e de defesa.
As seguintes propriedades apresentadas pelos leucócitos são de extrema importância
no desempenho das suas funções:
• Diapedese. Passagem através dos poros dos vasos sanguíneos para os tecidos
envolventes. O poro é muito menor do que a célula, mas uma pequena parte
da célula desliza através do poro e é comprimida até ao seu diâmetro.
• Fagocitose. Captura, por endocitose, de células ou restos de células que são
destruídas em vesículas digestivas. As células que realizam fagocitose são os
fagócitos.
• Quimiotaxia. Atracão dos leucócitos por certas substâncias químicas
produzidas por microrganismos ou células injuriadas. Os leucócitos detetam
alterações na concentração dessas substâncias e dirigem-se para as regiões
de maior concentração.
O quadro seguinte resume as caraterísticas morfológicas e funcionais dos diferentes
tipos de leucócitos.
Todos os leucócitos, bem como hemácias, plaquetas e mastócitos (tecido conjuntivo)
são formados a partir de Células-tronco hematopoiéticas, os Hemocitoblastos.
Página 3 de 16
Defesa não específica
A defesa não específica, ou imunidade inata, inclui o conjunto de processos através
dos quais o organismo previne a entrada de agentes estranhos e os reconhece e destrói,
quando essa entrada acontece. A resposta do organismo é sempre a mesma, qualquer
que seja o agente invasor e qualquer que seja o número de vezes que este contacta com
o organismo. Não se verifica especificidade, nem memória.
A defesa não específica é composta pelos elementos que constam do quadro
seguinte.
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Reação inflamatória
A reação inflamatória é uma sequência complexa de acontecimentos que ocorre
quando agentes patogénicos conseguem ultrapassar as barreiras físicas de defesa do
organismo. Envolve mediadores químicos e fagócitos.
A sequência de acontecimentos envolvida na reação inflamatória está ilustrada na
figura seguinte.
Quando os agentes patogénicos são particularmente agressivos, é acionada uma
reação inflamatória sistémica, que ocorre em várias partes do organismo e se
caracteriza pelos seguintes acontecimentos:
• Aumento do número de leucócitos em circulação. Este aumento resulta da
estimulação da medula óssea por substâncias químicas produzidas pelas
células lesadas.
• Febre. A febre pode ser desencadeada por toxinas produzidas pelos agentes
patogénicos ou por pirógenos produzidos por leucócitos. Estas substâncias
atuam sobre o hipotálamo e regulam a-temperatura do corpo para um valor
mais alto.
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A febre moderada é benéfica porque acelera as reações do organismo, estimulando
a fagocitose e a reparação dos tecidos lesados. Adicionalmente, inibe a multiplicação de
alguns microrganismos.
Defesa específica
A defesa específica, ou imunidade adquirida, inclui o conjunto de processos através
dos quais o organismo reconhece os agentes invasores e os destrói de uma forma
dirigida e eficaz. Ao contrário do que acontece com a defesa não específica, a resposta
do organismo ao agente invasor melhora a cada novo contacto. Verifica-se
especificidade e memória.
As substâncias que desencadeiam uma resposta específica são os antigénios. Existem
antigénios próprios do organismo e antigénios estranhos. Estes últimos podem ser
moléculas superficiais de bactérias, vírus ou outros microrganismos, toxinas produzidas
por bactérias ou mesmo moléculas presentes no pólen, pêlo de animais e células de
outras pessoas.
Um antigénio possui várias regiões capazes de serem reconhecidas pelas células do
sistema imunitário. Cada uma dessas regiões é um determinante antigénico ou epítopo.
As principais células que intervêm na defesa específica do organismo são os linfócitos
B e os linfócitos T. Ambos se formam a partir de células estaminais da medula vermelha
dos ossos, mas as células precursoras dos linfócitos T migram para o timo, onde
completam a sua maturação, enquanto que as células precursoras dos linfócitos B
sofrem todas as transformações na medula óssea (T do inglês thymus, B do inglês bone
marrow).
Durante a maturação dos linfócitos B e T, estes adquirem recetores superficiais para
numerosos e variados antigénios, passando a reconhecê-los e tornando-se células
imunocompetentes. O conjunto de linfócitos com recetores para um determinante
antigénico constitui um clone.
Os linfócitos que, durante o seu processo de maturação, desenvolvem a capacidade
de reconhecer antigénios próprios do organismo são destruídos ou inactivados.
Os linfócitos maduros passam para a circulação sanguínea e linfática e encontram-se
em grande quantidade em órgãos do sistema linfático, como o baço ou os gânglios
linfáticos.
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Por razões históricas, os mecanismos de defesa específica do organismo são divididos
em imunidade humoral e imunidade celular.
Imunidade humoral
A imunidade humoral depende da capacidade dos linfócitos B reconhecerem
antigénios específicos, iniciando uma resposta para proteger o organismo contra os
agressores.
Por vezes, os antigénios são moléculas que se encontram na superfície dos
organismos patogénicos, como bactérias e vírus. No entanto, os antigénios podem
também ser toxinas.
Quando o antigénio entra no organismo e chega a um órgão linfoide, ativa uma
pequena fração de linfócitos B que possuem na membrana recetores, determinados
geneticamente, para esses antigénios específicos. Esta ativação conduz à sua
multiplicação, originando-se dois grupos de clones destas células.
Um dos grupos diferencia-se em células efetoras, de vida relativamente curta,
chamadas plasmócitos. Essas células efetoras possuem um retículo endoplasmático
muito desenvolvido, sendo capazes de produzir proteínas designadas anticorpos, que
interagem, de forma altamente específica, com os antigénios. Estes anticorpos
difundem-se através do sangue e da linfa.
Um outro grupo origina células-memória, que, embora não atuem durantes esta
resposta, permanecem vivas durante um longo período (por vezes anos ou mesmo toda
a vida), estando
prontas para responder
rapidamente, caso o
mesmo antigénio volte
a surgir no organismo.
Página 7 de 16
Como um antigénio pode possuir vários determinantes antigénicos e os anticorpos
são específicos para esses determinantes, um mesmo antigénio pode ligar-se a vários
anticorpos.
Os anticorpos pertencem a um grupo de proteínas globulares designadas
imunoglobulinas. As imunoglobulinas são moléculas com estrutura em forma de Y,
constituídas por quatro cadeias polipeptídicas, duas cadeias pesadas e duas cadeias
leves. As cadeias polipeptídicas possuem uma região constante, muito semelhante em
todas as imunoglobulinas, e uma região variável. A figura seguinte ilustra a estrutura de
um anticorpo.
Na região variável das imunoglobulinas existem sequências de aminoácidos que lhe
conferem uma conformação tridimensional particular e que permitem interações
electroestáticas específicas. É nesta região que se estabelece a ligação com o antigénio,
formando o complexo antigénio-anticorpo.
Página 8 de 16
Os anticorpos não têm capacidade de destruir diretamente os invasores portadores
de antigénios. Na verdade, eles “marcam” as moléculas estranhas, que são destruídas
depois por uma série de processos.
Os anticorpos atuam sobre os antigénios de várias formas, como as seguintes:
Página 9 de 16
Memória imunitária
Na primeira exposição, como a produção de anticorpos requer a multiplicação de um
determinado linfócito B, demora alguns dias até que atinja os valores máximos;
entretanto, desenvolve-se um estado infecioso.
Numa segunda exposição, como o organismo já possui células de memória reage de
uma forma mais intensa e rápida, impedindo o aparecimento dos sintomas de doença.
Assim, algumas doenças só nos afetam uma vez na vida.
IgM e IgG nas respostas primária e secundária
IgG e IgM são proteínas produzidas pelo
organismo com o objetivo de defender o
organismo contra agentes infeciosos e as suas
toxinas. O IgM é o primeiro anticorpo a ser
produzido quando há uma infeção, sendo
considerado um marcador de fase aguda da
infeção.
O IgG é produzido um pouco mais
tardiamente, mas ainda na fase aguda da
infeção, porém é produzido de acordo com o
microrganismo invasor, sendo considerado
mais específico, além de permanecer circulante
no sangue, protegendo a pessoa contra
possíveis infeções futuras pelo mesmo
microrganismo.
Resposta
Primária
Resposta
Secundária
Concentração
de
Imunoglobulinas
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IgM – elimina patogénicos nos estágios iniciais da imunidade mediada pelos linfócitos
B antes que haja IgG suficiente - ativação do sistema de complemento.
IgG - ativação do sistema de complemento (inflamação e fagocitose); citotoxicidade
mediada por células dependentes de anticorpo.
É a classe de anticorpos encontrada em maior quantidade no nosso corpo. Estima-se
que 75% dos anticorpos de uma pessoa normal sejam do tipo IgG.
É o único tipo de Ig que ultrapassa a barreira placentária.
IgA - encontrado em áreas de mucosas, como boca, os intestinos, trato respiratório
e trato urogenital, prevenindo a sua colonização por patogénicos. Passa para o feto via
amamentação.
IgD - constitui menos de 1% das imunoglobulinas presentes no plasma, mas são
encontradas em grande quantidade na membrana do linfócito B. Esta imunoglobulina
relaciona-se com a diferenciação dos linfócitos B induzida pelo antigénio.
IgE – liga-se a alérgenos e ativam os mastócitos - responsáveis pela liberação de
histamina- e basófilos.
Reação de hipersensibilidade Inata) → alergia.
Também protege contra parasitas helmintos.
Imunidade celular
A imunidade celular é mediada pelos linfócitos T e é particularmente efetiva na
defesa do organismo contra agentes patogénicos intracelulares, pela destruição de
células infetadas, e contra células cancerosas. É, também, responsável pela rejeição de
enxertos e de transplantes.
De forma genérica, pode considerar-se que a resposta mediada por células tem início
com a apresentação do antigénio aos linfócitos T. Esta apresentação pode ser realizada
por macrófagos, por linfócitos B ou por células infetadas por vírus.
Uma vez ativados, os linfócitos T dividem-se e diferenciam-se em diferentes tipos de
células T. Algumas destas células T diferenciadas atuam diretamente (citotóxicas)
ligando-se às células estranhas ou infetadas e libertando perforina, uma proteína que
forma poros na membrana citoplasmática, provocando a lise celular. Outos linfócitos T
(Helper – auxiliares) libertam mediadores químicos (citoquinas) que estimulam a
fagocitose, a produção de interferão e a produção de anticorpos pelos linfócitos B. Os
liOs linfócitos T de memória desencadeiam uma resposta mais rápida e vigorosa num
segundo contacto com o mesmo antigénio.
Página 11 de 16
A imunidade mediada por células, além de ter um importante papel no combate a
agentes infeciosos, é especialmente importante no reconhecimento e na eliminação de
células cancerosas.
Memória imunitária e imunidade artificial
O primeiro contacto do organismo com um antigénio origina uma resposta
imunitária primária, durante a qual são ativados linfócitos B e T que se diferenciam em
células efetoras e células de memória. As células efetoras são os plasmócitos e os
linfócitos T citotóxicos.
Eliminado o antigénio, as células efetoras desaparecem, mas as células de memória
permanecem no organismo e dão origem a uma resposta imunitária secundária, mais
rápida, intensa e prolongada, num segundo contacto com o mesmo antigénio. Esta
propriedade designa-se memória imunitária.
A memória imunitária está na base da imunização artificial através da vacinação.
Uma vacina é uma solução preparada com antigénios tornados inofensivos, como, por
exemplo, microrganismos mortos ou atenuados ou toxinas inativas. A vacina
desencadeia no organismo uma resposta imunitária primária e formam-se células de
memória.
Quando o antigénio entra de novo em contacto com o organismo, as células de
memória dão origem a uma resposta imunitária secundária que conduz à destruição do
agente patogénico antes de se manifestarem os sintomas da doença.
A vacinação confere imunidade. A imunidade é entendida, genericamente, como o
estado de proteção do organismo em relação a determinados antigénios, os quais
conseguem ser reconhecidos e eliminados.
Página 12 de 16
O quadro seguinte resume diferentes tipos de imunidade.
Desequilíbrios e doenças
Várias deficiências no funcionamento do sistema imunitário estão na origem de
desequilíbrios e doenças. Algumas doenças resultam da incapacidade do sistema
imunitário responder com eficácia aos agentes que ameaçam o organismo e designam-
-se, genericamente, imunodeficiências. Outras doenças resultam de uma reação
excessiva do sistema imunitário, ou hipersensibilidade, em relação a agentes estranhos
inócuos ou aos próprios constituintes do organismo.
O quadro seguinte resume as principais doenças do sistema imunitário.
Página 13 de 16
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Biotecnologia no diagnóstico e na terapêutica de doenças
A Biotecnologia consiste na manipulação de organismos, células ou moléculas
biológicas com aplicações específicas.
O diagnóstico e a terapêutica de doenças constituem campos de aplicação da
Biotecnologia, nomeadamente através da imunoterapia, que permite amplificar ou
dirigir a resposta imunitária, e da produção de substâncias, como antibióticos,
esteroides, vitaminas e vacinas.
Importância dos anticorpos na Biotecnologia aplicada à Saúde
Os anticorpos, pela sua elevada especificidade, são utilizados no diagnóstico e no
tratamento de doenças provocadas por determinados antigénios. A utilização de
anticorpos permite:
• o reconhecimento de antigénios específicos, mesmo quando presentes em
quantidades muito pequenas;
• o ataque dirigido às células que apresentam antigénios específicos, o que
aumenta a eficácia da terapêutica e reduz eventuais efeitos adversos sobre
outras células.
Um antigénio (uma bactéria ou um vírus, por exemplo) possui geralmente vários
determinantes antigénicos que estimulam diferentes clones de linfócitos B e dão origem
à produção de diferentes tipos de anticorpos.
Chamam-se anticorpos policlonais aos anticorpos produzidos como resultado da
estimulação de vários clones de linfócitos B, em resposta a um determinado antigénio,
e que apresentam especificidade para cada um dos diferentes determinantes
antigénicos desse antigénio. A invasão do organismo por um agente patogénico conduz,
naturalmente, à produção de anticorpos policlonais e é este tipo de anticorpos que é
extraído do soro de animais inoculados com antigénios.
Os anticorpos monoclonais são obtidos a partir da estimulação de um único clone de
linfócitos B e, por isso, são todos iguais e específicos para um só determinante
antigénico.
Os anticorpos monoclonais são produzidos laboratorialmente, em grande
quantidade, pela técnica ilustrada no esquema seguinte:
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Os hibridomas conjugam as seguintes características das células parentais:
• produzem grandes quantidades de anticorpos específicos para um único
determinante antigénico;
• dividem-se ativamente, dando origem a um grande número de células.
Os anticorpos monoclonais são altamente específicos. O quadro seguinte resume
algumas das suas aplicações biomédicas.
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A Biotecnologia na obtenção de produtos com aplicação terapêutica
A Biotecnologia permite a obtenção de vários produtos com aplicação terapêutica,
em grandes quantidades e com baixos custos, por processos de bioconversão.
A bioconversão consiste na transformação de um determinado composto noutro
composto estruturalmente relacionado, e com valor comercial, por células ou
microrganismos.
A produção de substâncias terapêuticas por bioconversão apresenta as seguintes
vantagens:
• permite a obtenção de produtos que resultam de vias metabólicas complexas
e cuja síntese in vitro é difícil, se não mesmo impossível;
• diminui o número de etapas necessárias para a obtenção do produto o que
torna a sua produção mais rápida e económica;
• aumenta o grau de pureza dos produtos obtidos, diminuindo o risco de
reações alérgicas.
O quadro seguinte refere alguns produtos com aplicação terapêutica obtidos por
bioconversão.

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  • 1. Página 1 de 16 Biotecnologias 12º ano Curso com Plano Próprio de Tecnologias e Segurança Alimentar No meio ambiente existem numerosos e variados agentes patogénicos, capazes de causarem doenças. Os principais agentes patogénicos são as bactérias e os vírus, os fungos, os protozoários ou os vermes parasitas. O quadro seguinte resume as principais características dos agentes patogénicos. O sistema imunitário é constituído por um conjunto de órgãos, tecidos e células capaz de reconhecer os elementos próprios e estranhos ao organismo e de desenvolver ações que protegem o organismo dos agentes patogénicos e das células cancerosas. Fazem parte do sistema imunitário: • diferentes tipos de leucócitos; • a medula vermelha dos ossos e o timo, onde se formam e diferenciam os leucócitos; • o baço, os gânglios linfáticos, o apêndice, as amígdalas e as adenoides onde se concentram os leucócitos. O reconhecimento dos elementos próprios e estranhos ao organismo baseia-se num conjunto de glicoproteínas superficiais da membrana citoplasmática que funcionam como marcadores celulares. Estas glicoproteínas são codificadas por um conjunto de genes localizados no cromossoma 6, sendo designado complexo principal de histocompatibilidade, cuja sigla é MHC. Biotecnologia médica e farmacêutica
  • 2. Página 2 de 16 As proteínas do MHC são codificadas por um grande número de alelos e são as que apresentam maior polimorfismo, conferindo uma identidade bioquímica a cada indivíduo. Os leucócitos, produzidos na medula vermelha dos ossos e no tecido linfático, são libertados no sangue, através do qual são transportados pelo corpo. A partir do sangue passam para os tecidos onde levam a cabo funções de reconhecimento e de defesa. As seguintes propriedades apresentadas pelos leucócitos são de extrema importância no desempenho das suas funções: • Diapedese. Passagem através dos poros dos vasos sanguíneos para os tecidos envolventes. O poro é muito menor do que a célula, mas uma pequena parte da célula desliza através do poro e é comprimida até ao seu diâmetro. • Fagocitose. Captura, por endocitose, de células ou restos de células que são destruídas em vesículas digestivas. As células que realizam fagocitose são os fagócitos. • Quimiotaxia. Atracão dos leucócitos por certas substâncias químicas produzidas por microrganismos ou células injuriadas. Os leucócitos detetam alterações na concentração dessas substâncias e dirigem-se para as regiões de maior concentração. O quadro seguinte resume as caraterísticas morfológicas e funcionais dos diferentes tipos de leucócitos. Todos os leucócitos, bem como hemácias, plaquetas e mastócitos (tecido conjuntivo) são formados a partir de Células-tronco hematopoiéticas, os Hemocitoblastos.
  • 3. Página 3 de 16 Defesa não específica A defesa não específica, ou imunidade inata, inclui o conjunto de processos através dos quais o organismo previne a entrada de agentes estranhos e os reconhece e destrói, quando essa entrada acontece. A resposta do organismo é sempre a mesma, qualquer que seja o agente invasor e qualquer que seja o número de vezes que este contacta com o organismo. Não se verifica especificidade, nem memória. A defesa não específica é composta pelos elementos que constam do quadro seguinte.
  • 4. Página 4 de 16 Reação inflamatória A reação inflamatória é uma sequência complexa de acontecimentos que ocorre quando agentes patogénicos conseguem ultrapassar as barreiras físicas de defesa do organismo. Envolve mediadores químicos e fagócitos. A sequência de acontecimentos envolvida na reação inflamatória está ilustrada na figura seguinte. Quando os agentes patogénicos são particularmente agressivos, é acionada uma reação inflamatória sistémica, que ocorre em várias partes do organismo e se caracteriza pelos seguintes acontecimentos: • Aumento do número de leucócitos em circulação. Este aumento resulta da estimulação da medula óssea por substâncias químicas produzidas pelas células lesadas. • Febre. A febre pode ser desencadeada por toxinas produzidas pelos agentes patogénicos ou por pirógenos produzidos por leucócitos. Estas substâncias atuam sobre o hipotálamo e regulam a-temperatura do corpo para um valor mais alto.
  • 5. Página 5 de 16 A febre moderada é benéfica porque acelera as reações do organismo, estimulando a fagocitose e a reparação dos tecidos lesados. Adicionalmente, inibe a multiplicação de alguns microrganismos. Defesa específica A defesa específica, ou imunidade adquirida, inclui o conjunto de processos através dos quais o organismo reconhece os agentes invasores e os destrói de uma forma dirigida e eficaz. Ao contrário do que acontece com a defesa não específica, a resposta do organismo ao agente invasor melhora a cada novo contacto. Verifica-se especificidade e memória. As substâncias que desencadeiam uma resposta específica são os antigénios. Existem antigénios próprios do organismo e antigénios estranhos. Estes últimos podem ser moléculas superficiais de bactérias, vírus ou outros microrganismos, toxinas produzidas por bactérias ou mesmo moléculas presentes no pólen, pêlo de animais e células de outras pessoas. Um antigénio possui várias regiões capazes de serem reconhecidas pelas células do sistema imunitário. Cada uma dessas regiões é um determinante antigénico ou epítopo. As principais células que intervêm na defesa específica do organismo são os linfócitos B e os linfócitos T. Ambos se formam a partir de células estaminais da medula vermelha dos ossos, mas as células precursoras dos linfócitos T migram para o timo, onde completam a sua maturação, enquanto que as células precursoras dos linfócitos B sofrem todas as transformações na medula óssea (T do inglês thymus, B do inglês bone marrow). Durante a maturação dos linfócitos B e T, estes adquirem recetores superficiais para numerosos e variados antigénios, passando a reconhecê-los e tornando-se células imunocompetentes. O conjunto de linfócitos com recetores para um determinante antigénico constitui um clone. Os linfócitos que, durante o seu processo de maturação, desenvolvem a capacidade de reconhecer antigénios próprios do organismo são destruídos ou inactivados. Os linfócitos maduros passam para a circulação sanguínea e linfática e encontram-se em grande quantidade em órgãos do sistema linfático, como o baço ou os gânglios linfáticos.
  • 6. Página 6 de 16 Por razões históricas, os mecanismos de defesa específica do organismo são divididos em imunidade humoral e imunidade celular. Imunidade humoral A imunidade humoral depende da capacidade dos linfócitos B reconhecerem antigénios específicos, iniciando uma resposta para proteger o organismo contra os agressores. Por vezes, os antigénios são moléculas que se encontram na superfície dos organismos patogénicos, como bactérias e vírus. No entanto, os antigénios podem também ser toxinas. Quando o antigénio entra no organismo e chega a um órgão linfoide, ativa uma pequena fração de linfócitos B que possuem na membrana recetores, determinados geneticamente, para esses antigénios específicos. Esta ativação conduz à sua multiplicação, originando-se dois grupos de clones destas células. Um dos grupos diferencia-se em células efetoras, de vida relativamente curta, chamadas plasmócitos. Essas células efetoras possuem um retículo endoplasmático muito desenvolvido, sendo capazes de produzir proteínas designadas anticorpos, que interagem, de forma altamente específica, com os antigénios. Estes anticorpos difundem-se através do sangue e da linfa. Um outro grupo origina células-memória, que, embora não atuem durantes esta resposta, permanecem vivas durante um longo período (por vezes anos ou mesmo toda a vida), estando prontas para responder rapidamente, caso o mesmo antigénio volte a surgir no organismo.
  • 7. Página 7 de 16 Como um antigénio pode possuir vários determinantes antigénicos e os anticorpos são específicos para esses determinantes, um mesmo antigénio pode ligar-se a vários anticorpos. Os anticorpos pertencem a um grupo de proteínas globulares designadas imunoglobulinas. As imunoglobulinas são moléculas com estrutura em forma de Y, constituídas por quatro cadeias polipeptídicas, duas cadeias pesadas e duas cadeias leves. As cadeias polipeptídicas possuem uma região constante, muito semelhante em todas as imunoglobulinas, e uma região variável. A figura seguinte ilustra a estrutura de um anticorpo. Na região variável das imunoglobulinas existem sequências de aminoácidos que lhe conferem uma conformação tridimensional particular e que permitem interações electroestáticas específicas. É nesta região que se estabelece a ligação com o antigénio, formando o complexo antigénio-anticorpo.
  • 8. Página 8 de 16 Os anticorpos não têm capacidade de destruir diretamente os invasores portadores de antigénios. Na verdade, eles “marcam” as moléculas estranhas, que são destruídas depois por uma série de processos. Os anticorpos atuam sobre os antigénios de várias formas, como as seguintes:
  • 9. Página 9 de 16 Memória imunitária Na primeira exposição, como a produção de anticorpos requer a multiplicação de um determinado linfócito B, demora alguns dias até que atinja os valores máximos; entretanto, desenvolve-se um estado infecioso. Numa segunda exposição, como o organismo já possui células de memória reage de uma forma mais intensa e rápida, impedindo o aparecimento dos sintomas de doença. Assim, algumas doenças só nos afetam uma vez na vida. IgM e IgG nas respostas primária e secundária IgG e IgM são proteínas produzidas pelo organismo com o objetivo de defender o organismo contra agentes infeciosos e as suas toxinas. O IgM é o primeiro anticorpo a ser produzido quando há uma infeção, sendo considerado um marcador de fase aguda da infeção. O IgG é produzido um pouco mais tardiamente, mas ainda na fase aguda da infeção, porém é produzido de acordo com o microrganismo invasor, sendo considerado mais específico, além de permanecer circulante no sangue, protegendo a pessoa contra possíveis infeções futuras pelo mesmo microrganismo. Resposta Primária Resposta Secundária Concentração de Imunoglobulinas
  • 10. Página 10 de 16 IgM – elimina patogénicos nos estágios iniciais da imunidade mediada pelos linfócitos B antes que haja IgG suficiente - ativação do sistema de complemento. IgG - ativação do sistema de complemento (inflamação e fagocitose); citotoxicidade mediada por células dependentes de anticorpo. É a classe de anticorpos encontrada em maior quantidade no nosso corpo. Estima-se que 75% dos anticorpos de uma pessoa normal sejam do tipo IgG. É o único tipo de Ig que ultrapassa a barreira placentária. IgA - encontrado em áreas de mucosas, como boca, os intestinos, trato respiratório e trato urogenital, prevenindo a sua colonização por patogénicos. Passa para o feto via amamentação. IgD - constitui menos de 1% das imunoglobulinas presentes no plasma, mas são encontradas em grande quantidade na membrana do linfócito B. Esta imunoglobulina relaciona-se com a diferenciação dos linfócitos B induzida pelo antigénio. IgE – liga-se a alérgenos e ativam os mastócitos - responsáveis pela liberação de histamina- e basófilos. Reação de hipersensibilidade Inata) → alergia. Também protege contra parasitas helmintos. Imunidade celular A imunidade celular é mediada pelos linfócitos T e é particularmente efetiva na defesa do organismo contra agentes patogénicos intracelulares, pela destruição de células infetadas, e contra células cancerosas. É, também, responsável pela rejeição de enxertos e de transplantes. De forma genérica, pode considerar-se que a resposta mediada por células tem início com a apresentação do antigénio aos linfócitos T. Esta apresentação pode ser realizada por macrófagos, por linfócitos B ou por células infetadas por vírus. Uma vez ativados, os linfócitos T dividem-se e diferenciam-se em diferentes tipos de células T. Algumas destas células T diferenciadas atuam diretamente (citotóxicas) ligando-se às células estranhas ou infetadas e libertando perforina, uma proteína que forma poros na membrana citoplasmática, provocando a lise celular. Outos linfócitos T (Helper – auxiliares) libertam mediadores químicos (citoquinas) que estimulam a fagocitose, a produção de interferão e a produção de anticorpos pelos linfócitos B. Os liOs linfócitos T de memória desencadeiam uma resposta mais rápida e vigorosa num segundo contacto com o mesmo antigénio.
  • 11. Página 11 de 16 A imunidade mediada por células, além de ter um importante papel no combate a agentes infeciosos, é especialmente importante no reconhecimento e na eliminação de células cancerosas. Memória imunitária e imunidade artificial O primeiro contacto do organismo com um antigénio origina uma resposta imunitária primária, durante a qual são ativados linfócitos B e T que se diferenciam em células efetoras e células de memória. As células efetoras são os plasmócitos e os linfócitos T citotóxicos. Eliminado o antigénio, as células efetoras desaparecem, mas as células de memória permanecem no organismo e dão origem a uma resposta imunitária secundária, mais rápida, intensa e prolongada, num segundo contacto com o mesmo antigénio. Esta propriedade designa-se memória imunitária. A memória imunitária está na base da imunização artificial através da vacinação. Uma vacina é uma solução preparada com antigénios tornados inofensivos, como, por exemplo, microrganismos mortos ou atenuados ou toxinas inativas. A vacina desencadeia no organismo uma resposta imunitária primária e formam-se células de memória. Quando o antigénio entra de novo em contacto com o organismo, as células de memória dão origem a uma resposta imunitária secundária que conduz à destruição do agente patogénico antes de se manifestarem os sintomas da doença. A vacinação confere imunidade. A imunidade é entendida, genericamente, como o estado de proteção do organismo em relação a determinados antigénios, os quais conseguem ser reconhecidos e eliminados.
  • 12. Página 12 de 16 O quadro seguinte resume diferentes tipos de imunidade. Desequilíbrios e doenças Várias deficiências no funcionamento do sistema imunitário estão na origem de desequilíbrios e doenças. Algumas doenças resultam da incapacidade do sistema imunitário responder com eficácia aos agentes que ameaçam o organismo e designam- -se, genericamente, imunodeficiências. Outras doenças resultam de uma reação excessiva do sistema imunitário, ou hipersensibilidade, em relação a agentes estranhos inócuos ou aos próprios constituintes do organismo. O quadro seguinte resume as principais doenças do sistema imunitário.
  • 14. Página 14 de 16 Biotecnologia no diagnóstico e na terapêutica de doenças A Biotecnologia consiste na manipulação de organismos, células ou moléculas biológicas com aplicações específicas. O diagnóstico e a terapêutica de doenças constituem campos de aplicação da Biotecnologia, nomeadamente através da imunoterapia, que permite amplificar ou dirigir a resposta imunitária, e da produção de substâncias, como antibióticos, esteroides, vitaminas e vacinas. Importância dos anticorpos na Biotecnologia aplicada à Saúde Os anticorpos, pela sua elevada especificidade, são utilizados no diagnóstico e no tratamento de doenças provocadas por determinados antigénios. A utilização de anticorpos permite: • o reconhecimento de antigénios específicos, mesmo quando presentes em quantidades muito pequenas; • o ataque dirigido às células que apresentam antigénios específicos, o que aumenta a eficácia da terapêutica e reduz eventuais efeitos adversos sobre outras células. Um antigénio (uma bactéria ou um vírus, por exemplo) possui geralmente vários determinantes antigénicos que estimulam diferentes clones de linfócitos B e dão origem à produção de diferentes tipos de anticorpos. Chamam-se anticorpos policlonais aos anticorpos produzidos como resultado da estimulação de vários clones de linfócitos B, em resposta a um determinado antigénio, e que apresentam especificidade para cada um dos diferentes determinantes antigénicos desse antigénio. A invasão do organismo por um agente patogénico conduz, naturalmente, à produção de anticorpos policlonais e é este tipo de anticorpos que é extraído do soro de animais inoculados com antigénios. Os anticorpos monoclonais são obtidos a partir da estimulação de um único clone de linfócitos B e, por isso, são todos iguais e específicos para um só determinante antigénico. Os anticorpos monoclonais são produzidos laboratorialmente, em grande quantidade, pela técnica ilustrada no esquema seguinte:
  • 15. Página 15 de 16 Os hibridomas conjugam as seguintes características das células parentais: • produzem grandes quantidades de anticorpos específicos para um único determinante antigénico; • dividem-se ativamente, dando origem a um grande número de células. Os anticorpos monoclonais são altamente específicos. O quadro seguinte resume algumas das suas aplicações biomédicas.
  • 16. Página 16 de 16 A Biotecnologia na obtenção de produtos com aplicação terapêutica A Biotecnologia permite a obtenção de vários produtos com aplicação terapêutica, em grandes quantidades e com baixos custos, por processos de bioconversão. A bioconversão consiste na transformação de um determinado composto noutro composto estruturalmente relacionado, e com valor comercial, por células ou microrganismos. A produção de substâncias terapêuticas por bioconversão apresenta as seguintes vantagens: • permite a obtenção de produtos que resultam de vias metabólicas complexas e cuja síntese in vitro é difícil, se não mesmo impossível; • diminui o número de etapas necessárias para a obtenção do produto o que torna a sua produção mais rápida e económica; • aumenta o grau de pureza dos produtos obtidos, diminuindo o risco de reações alérgicas. O quadro seguinte refere alguns produtos com aplicação terapêutica obtidos por bioconversão.