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Rev Esc Enferm USP
2013; 47(2):348-54
www.ee.usp.br/reeusp/
Qualidade de vida de pacientes com diabetes mellitus
antes e após participação em programa educativo
Faria HTG, Veras VS, Xavier ATF, Teixeira CRS, Zanetti ML, Santos MA
resumo
Estudo quase-experimental com objetivo
de avaliar a qualidade de vida relacionada
à saúde de pessoas com diabetes mellitus,
antes e após participação em um progra-
ma educativo de cinco meses. Participaram
51 sujeitos, com predomínio do sexo femi-
nino (56,9%), média e desvio-padrão de
57,65 ± 11,44 anos de idade, em um ser-
viço de atenção primária no interior pau-
lista, em 2008. Para obtenção dos dados
utilizou-se o questionário SF-36. O instru-
mento mostrou-se confiável para a popu-
lação estudada, sendo os valores de alpha
de Cronbach para os componentes físico e
mental 0,83 e 0,89, respectivamente. Os
resultados mostraram melhora discreta em
quase todos os domínios, embora apenas o
estado geral de saúde antes (63,96 ± 19,03)
e após (70,59 ± 17,82) o programa educati-
vo tenha apresentado diferença estatistica-
mente significativa t(50) = -2,16, p < 0,05.
A participação dos sujeitos no programa
educativo em diabetes mellitus também
contribuiu para a melhoria da percepção
acerca de seu estado geral de saúde.
descritores
Diabetes mellitus
Qualidade de vida
Educação em saúde
Cuidados de enfermagem
Qualidade de vida de pacientes com diabetes
mellitus antes e após participação em
programa educativo
ArtigoOriginal
Abstract
This quasi-experimental study aimed to
evaluate the health-related quality of life
in individuals with diabetes mellitus before
and after their participation in a five-month
educational program in a primary care
service in Brazil in 2008. The sample con-
sisted of 51 individuals, 56.9% female and
43.1% male, who had a mean age of 57.65
± 11.44 years. Data were collected using
the Portuguese version of the SF-36 ques-
tionnaire. The instrument had adequate
reliability estimates for the study sample.
Cronbach’s alpha for the two components
of the instrument, physical and mental,
were 0.83 and 0.89, respectively. The find-
ings suggested improvements in all the do-
main components; however, only the gen-
eral health domain, before (63.96 ± 19.03)
and after (70.59 ± 17.82) the educational
program, presented statistically significant
mean differences, t(50) = 2.16, p<0.05. Par-
ticipation in the educational program also
contributed to improvements in the per-
ceptions of the individuals regarding their
general health status.
descriptors
Diabetes mellitus
Quality of life
Health education
Nursing care
Resumen
Estudio cuasi-experimental objetivando eva-
luar la calidad de vida relacionada a la salud
de personas con diabetes mellitus, antes y
después de participar de un programa edu-
cativo de cinco meses. Participaron 51 suje-
tos, predominantemente de sexo femenino
(56,9%), promedio etario y desvío estándar
de 57,65±11,44 años, en un servicio de aten-
ción primaria del interior paulista durante
2008. Datos recolectados mediante cuestio-
nario SF-36. El instrumento se demostró con-
fiable para la población estudiada, el Alpha
de Cronbach para componentes físicos y
mentales fue de 0,83 y 0,89, respectivamen-
te. Los resultados mostraron discreta mejora
en casi todos los dominios, a pesar de que el
estado general de salud antes (63,96±19,03)
y después (70,59±17,82) del programa edu-
cativo haya presentado diferencia estadísti-
camente significativa t(50)=-2,16; p<0,05. La
participación de los sujetos en el programa
educativo en diabetes mellitus contribuyó
también para mejorar la percepción acerca
de su estado general de salud.
descriptores
Diabetes mellitus
Calidad de vida
Educación en salud
Atención de enfermería
Heloisa Turcatto Gimenes Faria1
, Vívian Saraiva Veras2
, Antônia Tayana da Franca Xavier3
,
Carla Regina de Souza Teixeira4
, Maria Lúcia Zanetti5
, Manoel Antônio dos Santos6
QUALITY OF LIFE IN PATIENTS WITH DIABETES MELLITUS BEFORE AND AFTER
THEIR PARTICIPATION IN AN EDUCATIONAL PROGRAM
Calidad de vida de pacientes de diabetes mellitus antes y después de
participar en un programa educativo
1
Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem Fundamental pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador
da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem. Ribeirão Preto, SP, Brasil. helogimenes@hotmail.com 2
Enfermeira. Doutoranda em
Enfermagem Fundamental pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento
da Pesquisa em Enfermagem. Ribeirão Preto, SP, Brasil. vivianveras@hotmail.com 3
Enfermeira. Mestre em Enfermagem Fundamental pela Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem. Ribeirão
Peto, SP, Brasil. tayanaxavier@usp.br 4
Enfermeira. Professora Associada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo,
Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem. Ribeirão Preto, SP, Brasil. carlast@eerp.usp.br 5
Enfermeira. Professora
Associada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa
em Enfermagem. Ribeirão Preto, SP, Brasil. zanetti@eerp.usp.br 6
Psicólogo, Professor Doutor do Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade
de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto, SP, Brasil. masantos@ffclrp.usp.br
Recebido: 14/07/2011
Aprovado: 24/07/2012
Português / Inglês
www.scielo.br/reeusp
349
Qualidade de vida de pacientes com diabetes mellitus
antes e após participação em programa educativo
Faria HTG, Veras VS, Xavier ATF, Teixeira CRS, Zanetti ML, Santos MA
Rev Esc Enferm USP
2013; 47(2):348-54
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Introdução
Diabetes mellitus (DM) representa um problema de
saúde pública devido ao aumento de sua incidência e pre-
valência. Por se tratar de uma doença progressiva, os in-
divíduos acometidos tendem a deteriorar seu estado de
saúde com o passar do tempo, quando começam a apare-
cer as complicações derivadas de um mau controle glicê-
mico(1)
. Essa situação pode acarretar uma depreciação da
qualidade de vida (QV), pois se reflete em seus diferentes
aspectos, como debilidade do estado físico, prejuízo da
capacidade funcional, dor em membros inferiores, falta
de vitalidade, dificuldades no relacionamento social, ins-
tabilidade emocional, entre outros.
Estima-se que, após 15 anos do aparecimento do DM,
2% dos indivíduos acometidos apresentarão cegueira,
10%, problemas visuais graves, 30% a 45%, algum grau de
retinopatia, 10% a 20%, de nefropatia, 20%
a 35%, de neuropatia e 10% a 25%, de doen-
ça cardiovascular(2)
. Esses problemas de saú-
de elevam de forma significativa os custos
para o atendimento ao indivíduo com DM e
acarretam prejuízo à sua QV, considerando-
-se a dor e ansiedade geradas pelo apareci-
mento progressivo dessas complicações(2)
.
Nesse contexto, o paciente com DM, em
particular tipo 2 (DM2), enfrenta diversas di-
ficuldades de ajustamento, as quais podem
afetar a apreciação subjetiva que faz de sua
condição de vida, de acordo com o estágio
de desenvolvimento das complicações rela-
cionadas à doença. Além disso, é uma con-
dição crônica que persiste por toda a vida e
que, algumas vezes, vem acompanhada de
outras comorbidades. As complicações agu-
das, decorrentes do DM, também exercem
impacto direto sobre a QV, pois aumentam
a predisposição a transtornos depressivos
e de ansiedade, interferem nas relações de
trabalho, no desempenho de tarefas domiciliares e esco-
lares, bem como na própria independência(3)
.
Em consequência da complexidade e extensão da
problemática acerca do viver com uma doença crônica,
os estudos têm se preocupado em investigar o impacto
da doença sobre a qualidade de vida relacionada à saúde
(QVRS) dos pacientes acometidos. Nessa direção, pode ser
investigada em relação a escolha do tratamento, alívio de
sintomas, conhecimento acerca da doença, perspectivas
futuras e habilidades para manejo de suas complicações, a
adaptação psicológica diante dos problemas enfrentados e
o impacto social do aumento da incidência e prevalência.
Esses fatores estão relacionados, direta ou indiretamente, à
qualidade de vida relacionada à saúde da população(4)
.
A QV tem sido definida como um conceito intensa-
mente marcado pela subjetividade, que engloba vários
fatores, como a percepção de bem-estar e satisfação do
indivíduo em relação a sua condição física, estado emo-
cional e espiritual, desempenho de funções, que são com-
ponentes essenciais da condição humana e envolvem va-
lores, atitudes e habilidades que repercutem na qualidade
da participação social nas diversas dimensões da vida. Já
qualidade de vida relacionada à saúde reflete a intenção
de quantificar as repercussões de uma enfermidade e seu
tratamento, de acordo com a percepção que as pessoas
apresentam sobre sua capacidade para desenvolver suas
potencialidades e ter uma vida plena. Sua mensuração
é subjetiva, uma vez que seus domínios não podem ser
medidos diretamente por meios físicos. A qualidade de
vida relacionada à saúde está relacionada com a percep-
ção que a pessoa tem tanto do impacto da sua disfunção
quanto de sua existência(5)
.
Programas educativos em DM têm sido preconizados
como uma das estratégias de cuidado que contribuem pa-
ra melhorar os indicadores relacionados à
percepção dos aspectos físicos, da funcionali-
dade, da dor, da condição geral de saúde, as-
sim como da vitalidade, dos aspectos sociais,
emocionais e da saúde mental que afetam a
qualidade de vida relacionada à saúde dos pa-
cientes. No entanto, em revisão da literatura
constatou-se que ainda há escassez de estu-
dos que avaliem a QVRS antes e após o ofere-
cimento de um programa educativo em DM2.
Considera-se que investigações dessa na-
tureza podem contribuir para um melhor di-
mensionamento da atenção em diabetes, vi-
sando à integralidade do cuidado em saúde.
Medidas de QVRS podem oferecer suporte
ao planejamento de programas educativos e
estratégias de intervenção em DM2(6-7)
.
Diante do exposto, o presente estudo teve
como objetivo avaliar a qualidade de vida re-
lacionada à saúde de pacientes com diabetes
mellitus tipo 2, antes e após a implementação
de um programa educativo.
MÉTODO
Estudo quase experimental, prospectivo, comparativo,
do tipo antes e depois(8)
. É quase experimental porque se
constituiu do oferecimento de um grupo educativo aos
pacientes com DM2, cuja amostra não foi selecionada de
forma aleatória. Neste estudo, o paciente é seu próprio
controle, antes e após o programa educativo. Assim, com-
parou-se o resultado dos domínios da QVRS antes e após
a implementação do referido programa.
O estudo foi realizado em um serviço de atenção pri-
mária de um município do interior paulista, em 2008. A
população foi constituída por todos os pacientes cadastra-
dos no referido serviço. A amostra foi constituída por 51
Programas educativos
em diabetes mellitus
têm sido preconizados
como uma das
estratégias de cuidado
que contribuem para
melhorar os indicadores
relacionados à
percepção dos
aspectos físicos, (...)
dos aspectos sociais,
emocionais e da saúde
mental que afetam
a qualidade de vida
relacionada à saúde
dos pacientes.
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Rev Esc Enferm USP
2013; 47(2):348-54
www.ee.usp.br/reeusp/
Qualidade de vida de pacientes com diabetes mellitus
antes e após participação em programa educativo
Faria HTG, Veras VS, Xavier ATF, Teixeira CRS, Zanetti ML, Santos MA
pacientes que apresentaram, no mínimo, 75% de frequên-
cia nas atividades.
O programa educativo foi conduzido por uma equipe
multiprofissional constituída por enfermeiros, nutricio-
nistas, psicólogos, educador físico e alunos de graduação
em enfermagem e psicologia. Teve duração de cinco me-
ses e ocorreu às terças-feiras das 14h00 às 17h00. Foi im-
plementado mediante as seguintes estratégias de ensino:
grupal, em sala de aula, por meio de palestras educativas,
e individual, conforme a necessidade de cada participan-
te. Esse programa seguiu as diretrizes preconizadas pela
Padronização para o Desenvolvimento de Programas de
Educação de Pessoas com Diabetes nas Américas(9)
.
Os pacientes foram subdivididos em quatro grupos,
sendo três grupos com 13 integrantes e um com 12 com-
ponentes. Essa divisão em pequenos grupos teve por fi-
nalidade facilitar a comunicação entre os pacientes e a
equipe de trabalho. A cada encontro semanal, trabalhou-
-se em esquema de rodízio pelas especialidades: enferma-
gem, nutrição, psicologia e educação física. Desse modo,
os quatro grupos eram atendidos simultaneamente. Fo-
ram realizados 20 encontros para cada grupo.
O atendimento individual foi realizado de acordo com
as necessidades detectadas durante o trabalho grupal e
tinha como finalidade reforçar estratégias ministradas nos
encontros em grupo. Foram realizados atendimentos in-
dividuais com, aproximadamente, 15 participantes, que
apresentavam dificuldades para manutenção do controle
metabólico ou de inserção na atividade grupal.
Os conteúdos das palestras educativas foram organiza-
dos considerando as dificuldades identificadas pelos pro-
fissionais durante o atendimento dos pacientes. Os temas
abordados foram: conceito, fisiopatologia e tratamento
do DM, atividade física, alimentação, cuidados e exames
dos pés, automonitorização, hipoglicemia, complicações
crônicas, situações especiais e apoio familiar. Para o de-
senvolvimento dos conteúdos foram utilizadas várias es-
tratégias de ensino, tais como simulações, dramatizações,
relatos de experiências, festas comemorativas, palestras
e demonstrações. Utilizaram-se, como material didático,
cartazes, figuras, transparências, slides, folhetos e mate-
riais para demonstração, tais como seringas, agulhas, mo-
nitor de glicemia, lancetas, algodão, álcool, balança, entre
outros. Desse modo, buscou-se que os pacientes assumis-
sem uma participação ativa no processo educativo.
Os instrumentos utilizados foram: formulário conten-
do variáveis sociodemográficas e a versão, na língua por-
tuguesa, do Questionário Genérico de Avaliação de Quali-
dade de Vida SF-36(10)
. A escolha desse instrumento levou
em conta o fato de se tratar de um questionário genérico
para avaliação do perfil de saúde. Portanto, pode ser uti-
lizado em vários tipos de doenças e populações. Trata-se
de instrumento adaptado e validado para o contexto bra-
sileiro e que vem sendo utilizado em estudos relaciona-
dos ao campo da saúde. Ainda que existam, na literatura
internacional, vários instrumentos para avaliar QVRS de
pessoas com DM, ainda são escassos os validados para a
língua portuguesa(7,11)
.
O SF-36, instrumento de fácil aplicação e compreen-
são, é formado por 36 itens englobados em dois com-
ponentes: físico e mental. O Componente Físico (CF) é
constituído de quatro domínios: capacidade funcional
(dez itens), aspectos físicos (quatro itens), dor (dois itens),
estado geral de saúde (cinco itens). O Componente Men-
tal (CM) também é constituído de quatro domínios: vitali-
dade (quatro itens), aspectos sociais (dois itens), aspectos
emocionais (três itens) e saúde mental (cinco itens). O
questionário inclui ainda uma questão de avaliação com-
parativa entre percepção de condições de saúde atual e
a de um ano atrás, que não é somada aos diferentes do-
mínios do instrumento. Esses componentes estão envolvi-
dos, de maneiras distintas, nas diversas doenças(12)
.
O SF-36 avalia tanto aspectos negativos da saúde (do-
ença ou enfermidade) como os aspectos positivos (bem-
-estar). Apresenta um escore final de 0 a 100, no qual ze-
ro corresponde ao pior estado geral de saúde e 100 ao
melhor estado de saúde. As pontuações são computadas
para cada domínio. A pontuação pode ser apresentada de
forma sumarizada: CF, que envolve os domínios capacida-
de funcional, aspectos físicos, dor e estado geral de saúde,
e CM, que engloba os domínios aspectos sociais, aspec-
tos emocionais, saúde mental e vitalidade. Os domínios
estado geral de saúde e vitalidade estão relacionados, de
forma indireta, tanto ao CF quanto ao CM.
Os dados foram obtidos após obtenção do consenti-
mento livre e esclarecido dos sujeitos, no próprio local de
estudo, mediante aplicação individual, em dois momentos
distintos: primeiramente, no início do programa educati-
vo, ainda na fase de cadastramento dos pacientes, antes
de iniciar o programa educativo – G0 e, posteriormente,
ao término do programa – G1, na semana seguinte à 20ª
sessão grupal.
Para a análise dos dados, utilizou-se estatística descri-
tiva para caracterizar os sujeitos e as variáveis do estudo.
Foi calculado o índice de correlação de Pearson para cada
domínio do questionário e utilizado o teste t pareado para
avaliar diferenças entre os domínios de QVRS, antes e de-
pois da participação no programa educativo. A consistên-
cia interna dos dois componentes do SF-36 foi verificada
por meio dos valores de alpha de Cronbach para cada um
dos componentes e domínios do questionário, a saber: a)
geral para o Componente Físico (α = 0,83) e para cada um
de seus domínios: Capacidade Funcional (α = 0,85), As-
pectos Físicos (α = 0,68), Dor (α = 0,80), Estado Geral de
Saúde (α = 0,67); b) geral para o Componente Mental (α
= 0,89) e para cada um de seus domínios: Vitalidade (α =
0,76), Aspectos Sociais (α = 0,54), Aspectos Emocionais (α
= 0,84) e Saúde Mental (α = 0,82).
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pes-
quisa, protocolo no
0667/2006.
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Qualidade de vida de pacientes com diabetes mellitus
antes e após participação em programa educativo
Faria HTG, Veras VS, Xavier ATF, Teixeira CRS, Zanetti ML, Santos MA
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RESULTADOS
Caracterização dos sujeitos
Dos 51 pacientes com DM investigados, a idade va-
riou de 33 a 80 anos, com média e desvio-padrão de
57,65 ± 11,44, sendo 29 (56,9%) do sexo feminino e 22
(43,1%) masculino. Quanto à escolaridade, obteve-se que
27 (52,9%) tinham até ensino fundamental completo, 13
(25,5%) ensino médio incompleto/completo e 11 (21,6%)
ensino superior incompleto/completo. As ocupações pre-
dominantes foram: do lar – 14 (27,5%), trabalhador autô-
nomo – 14 (27,5%), trabalhador urbano assalariado – 13
(25,5%) e aposentado – 10 (19,6%).
Autopercepção da saúde e qualidade de vida
relacionada à saúde
Ao investigar a autopercepção da saúde, obteve-se
que, após a participação dos sujeitos no programa educa-
tivo, 33,3% consideraram sua saúde muito melhor, 33,3%
um pouco melhor, 21,6% quase a mesma coisa, 9,8% um
pouco pior e 2% muito pior.
A Tabela 1 mostra os domínios relativos ao Compo-
nente Físico e Componente Mental do SF-36, antes e após
a participação dos sujeitos no programa educativo.
Tabela 1 – Escores médios dos domínios relativos ao Componen-
te Físico e Componente Mental do SF-36, antes e após a partici-
pação dos sujeitos no programa educativo – Ribeirão Preto, 2007
Variável
Antes do
Programa
M ± DP
Após o
Programa
M ± DP
Alpha de
Cronbach
Componente Físico
Capacidade Funcional
Aspectos Físicos
Dor
Estado Geral de Saúde
72,74 ± 21,07
70,10 ± 32,41
57,85 ± 23,48
63,96 ± 19,03
73,53 ± 21,54
61,76 ± 40,42
59,31 ± 24,36
70,59 ± 17,82
0,83
0,85
0,68
0,80
0,67
Componente Mental
Vitalidade
Aspectos Sociais
Aspectos Emocionais
Saúde Mental
62,63 ± 19,57
73,25 ± 24,63
67,33 ± 21,93
67,33 ± 21,93
63,53 ± 22,63
73,76 ± 24,15
62,08 ± 38,88
67,45 ± 22,55
0,89
0,76
0,54
0,84
0,82
Quanto aos domínios da QVRS investigados antes e
após o programa educativo para o Componente Físico, os
escores médios para Capacidade Funcional, Aspectos Físi-
cos e Dor mantiveram-se próximos. Por outro lado, verifi-
cou-se que houve melhora na percepção dos sujeitos em
relação ao Estado Geral de Saúde antes (63,96 ± 19,03) e
após (70,59 ± 17,82), respectivamente.
Em relação aos domínios da QVRS para o Componente
Mental, os escores médios também se mantiveram pró-
ximos para Vitalidade, Aspectos Sociais e Saúde Mental,
e rebaixados para Aspectos Emocionais – que antes eram
67,33 ± 21,93 e, depois, 62,08 ± 38,88, respectivamente.
Esse resultado indica que entrar em contato com sua real
condição de saúde pode levar os sujeitos a vivenciar des-
conforto psicológico.
Em relação à avaliação da QVRS dos pacientes inves-
tigados (Tabela 1), antes do programa educativo, os va-
lores médios obtidos para oito componentes do SF-36
variaram de 57,85 (Dor) a 73,25 (Aspectos Sociais). Nessa
primeira avaliação verificou-se que três domínios da me-
dida de QVRS apresentaram escores médios inferiores:
Dor (57,85), Vitalidade (62,63) e Estado Geral de Saúde
(63,96). Os que apresentaram maiores escores médios
foram: Aspectos Sociais (73,25), Capacidade Funcional
(72,74) e Aspectos Físicos (70,10).
Após os cinco meses de programa educativo, os escores
médios obtidos para os oito domínios do SF-36 variaram
desde 59,31, para Dor, a 73,76, para Aspectos Sociais. Na
segunda avaliação observou-se que quatro domínios da me-
dida de QVRS apresentaram médias inferiores: Dor (59,31),
Aspectos Físicos (61,76), Aspectos Emocionais (62,08) e Vita-
lidade (63,53). Os resultados mostram que os participantes
sentiam-se prejudicados pelas limitações impostas por sua
saúde física. Os domínios que apresentaram maiores escores
médios foram: Aspectos Sociais (73,76), Capacidade Funcio-
nal (73,53) e Estado Geral de Saúde (70,59).
O cálculo dos índices de alpha de Cronbach mostrou-
-se aceitável para a maioria dos domínios investigados, à
exceção dos domínios Aspectos Físicos (α = 0,68), Estado
Geral de Saúde (α = 0,67) e Aspectos Sociais (α = 0,54).
A Tabela 2 mostra a matriz de correlações de Pearson
entre os domínios do SF-36. Em relação às correlações de
Pearson calculadas entre os domínios, a maioria apresentou
correlações estatisticamente significativas para p ≤ 0,05.
Tabela 2 – Matriz de correlações de Pearson entre os domínios do
SF-36 - Ribeirão Preto, 2007
Domínios 1 2 3 4 5 6 7 8
1. Capacidade Funcional 1,00
2. Aspectos Físicos ,21 1,00
3. Dor ,42** ,34* 1,00
4. Estado Geral de Saúde ,44** ,09 ,28* 1,00
5. Vitalidade ,45** ,28* ,31* ,49** 1,00
6. Aspectos Sociais ,27* ,11 ,27 ,41** ,55** 1,00
7. Aspectos Emocionais ,98 ,52** ,09 ,27* ,43** ,42** 1,00
8. Saúde Mental ,19 ,24 ,30* ,51** ,80** ,54** ,44** 1,00
*p ≤ 0,05; **p ≤ 0,01
No que se refere à análise dos domínios da QVRS antes
e depois da participação no programa educativo, os resul-
tados indicaram que apenas o domínio Estado Geral de
Saúde antes (63,96 ± 19,03) e após (70,59 ± 17,82) mos-
trou diferença estatisticamente significativa t(50) = -2,16,
p ≤ 0,05.
DISCUSSÃO
A caracterização sociodemográfica dos sujeitos mos-
trou predomínio do sexo feminino (56,9%), com média e
desvio-padrão de idade de 57,65 ± 11,44 anos, escolari-
dade equivalente ao ensino fundamental completo e in-
352
Rev Esc Enferm USP
2013; 47(2):348-54
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Qualidade de vida de pacientes com diabetes mellitus
antes e após participação em programa educativo
Faria HTG, Veras VS, Xavier ATF, Teixeira CRS, Zanetti ML, Santos MA
completo (47%) e ocupação relacionada a atividades do
lar (27,5%) e trabalhador autônomo (27,5%).
Essas características são relevantes para a compreen-
são dos domínios da QVRS. Os dados corroboram a lite-
ratura, considerando que a população mundial feminina
é maior do que a masculina, o que explicaria em parte a
maior proporção de mulheres participantes do estudo. As
mulheres se caracterizam por buscarem mais frequente-
mente os serviços de saúde(13)
.
Os dados do presente estudo, no que concerne à idade,
corroboram os encontrados no estudo multicêntrico nacio-
nal de prevalência do DM, que constatou que a frequência
da doença aumenta gradativamente após os 50 anos, o que
se relaciona à tendência progressiva de envelhecimento
populacional constatada, atualmente, no Brasil(14)
.
Em relação à escolaridade, a maioria dos pacientes ti-
nha ensino fundamental completo, superior à encontrada
em outros estudos(15)
. Quanto à ocupação, os dados mos-
tram que quase a metade dos sujeitos encontrava-se inse-
rida no mercado de trabalho.
Ao analisar como os pacientes percebem sua saúde,
considera-se que uma autopercepção positiva possibilita
maior envolvimento em relação ao tratamento e ao contro-
le da doença. Constatou-se que houve melhora em 66,6%
dos sujeitos, distribuídos na mesma porcentagem (33,3%
muito melhor e 33,3%, um pouco melhor) após a partici-
pação no programa educativo. Por outro lado, para melhor
compreensão dessa questão, há necessidade de outros es-
tudos que identifiquem as variáveis que determinam a per-
cepção positiva ou negativa quanto à condição de saúde(16)
.
Em relação aos oito componentes da SF-36 investiga-
dos, verificou-se que domínios referentes ao componente
físico afetaram mais a QVRS dos pacientes com DM do que
os relacionados à saúde mental. Na apreciação subjetiva
dos sujeitos antes do programa educativo, os problemas
de ordem fisiopatológica referentes à saúde prevaleceram
em relação aos domínios do componente saúde mental.
O DM pode afetar negativamente o bem-estar físico
em decorrência das complicações agudas e crônicas e
das demandas do tratamento. As complicações crônicas
em pessoas com DM2 podem afetar a qualidade de vida;
por outro lado, as ações que visam ao controle intensivo
da glicemia ou pressão arterial não têm a mesma reper-
cussão. Em estudo realizado no sudeste do México, apli-
cando-se o SF-36 em pessoas com condições crônicas de
saúde, obteve-se maior valor para a dimensão Capacidade
Funcional e o menor valor para escore referente ao Estado
Geral de Saúde. Para o grupo controle, no qual um dos cri-
térios de inclusão era não ter condição crônica, o domínio
mais elevado foi para Aspectos Físicos e o menor valor ob-
tido foi para Estado Geral de Saúde(17)
. Ao avaliar o impac-
to das condições crônicas na QVRS da população de oito
países, por meio do SF-36, observou-se notável impacto
do DM no escore da dimensão relacionada ao Estado Ge-
ral de Saúde(18)
. Em estudo realizado com objetivo de ava-
liar o DM2 e a QVRS, os domínios que obtiveram menores
escores foram: Estado Geral de Saúde e Vitalidade(19)
.
Em contrapartida, no presente estudo os domínios que
obtiveram menores escores foram: Dor, Vitalidade e Esta-
do Geral de Saúde, o que sugere que os sujeitos estudados
percebem prejuízos, tais como desânimo, fraqueza, mal-es-
tar, relacionados ao mau controle metabólico. Por outro la-
do, os escores médios mais elevados obtidos nos domínios
Aspectos Sociais e Capacidade Funcional podem refletir a
situação peculiar da amostra estudada, considerando que a
maioria dos sujeitos mantinha atividade laboral.
Em suma, a participação no programa educativo con-
tribui para melhora no domínio Estado Geral de Saúde e
depreciação nos Aspectos Físicos. Estudo que avaliou QV
de 46 indivíduos com DM mostrou que 39 (84,8%) refe-
riram que a doença modificou sua QV, dos quais sete
(15,2%) não apresentaram alteração. Quinze (38,5%) indi-
víduos referiram alterações nas áreas relacionadas ao tra-
balho, estudo e atividades do lar, 10 (25,6%) apontaram a
Capacidade Física como a principal alteração(20)
. Por outro
lado, estudo realizado com 65 pacientes em tratamento
para DM2, que analisou a relação entre variáveis sociode-
mográficas, locus de controle e autoestima, mostrou que
os sujeitos apresentaram autoestima preservada, apesar
dos agravos de saúde e das condições sociodemográficas
e clínicas desfavoráveis(21)
.
Estudo com 495 pacientes com DM2, que avaliou a in-
fluência do controle glicêmico e dos fatores de risco car-
diovascular na QVRS, encontrou menores pontuações em
quatro domínios do SF-36: Aspectos Físicos, Dor, Saúde
Geral e Vitalidade. Desse modo, os pacientes apresenta-
ram pior desempenho nas dimensões físicas, mantendo-
-se preservados os aspectos sociais e de saúde mental. A
hipertensão arterial, a obesidade e o mau controle me-
tabólico foram associados a pior apreciação subjetiva do
estado de saúde(19)
.
Ao comparar os domínios antes e após os cinco meses
de programa educativo, obteve-se melhora na qualidade
de vida em quatro domínios do SF-36, a saber: Capacida-
de Funcional (73,53), Estado Geral de Saúde (70,59), Vi-
talidade (63,53) e Dor (59,31). Constatou-se que apenas
o domínio Estado Geral de Saúde do Componente Físico
da QVRS dos pacientes melhorou cinco meses após o pro-
grama, sendo a diferença entre os valores obtidos, antes e
depois, estatisticamente significante.
Já os domínios Aspectos Sociais e Saúde Mental man-
tiveram praticamente os mesmos escores médios antes
e após o programa educativo. As mudanças de atitudes
e o aumento dos conhecimentos sobre a doença e o tra-
tamento proposto requerem um tempo, que varia de
pessoa para pessoa, para elaboração e incorporação de
aprendizados que se traduzam em ações de autocuidado
para melhorar o controle glicêmico, o que, por sua vez,
pode se refletir em melhor QVRS.
353
Qualidade de vida de pacientes com diabetes mellitus
antes e após participação em programa educativo
Faria HTG, Veras VS, Xavier ATF, Teixeira CRS, Zanetti ML, Santos MA
Rev Esc Enferm USP
2013; 47(2):348-54
www.ee.usp.br/reeusp/
O domínio Dor apresentou menores escores médios,
tanto antes quanto após o programa educativo. Cabe des-
tacar que o DM é uma doença assintomática, na qual a
dor pode se manifestar em estados avançados de compli-
cações crônicas.
A consistência interna do SF-36 foi inferior a 0,70 para
três domínios: Aspectos Sociais (alpha de Cronbach igual
a 0,54), Estado Geral de Saúde (0,67) e Aspectos Físicos
(0,68), o que pode indicar falta de consistência nas respos-
tas dos sujeitos. Um dos fatores que possivelmente pre-
judicou a compreensão dos sujeitos em relação aos itens
do SF-36 pode estar relacionado ao nível de escolaridade
da população estudada e à idade. Para os demais domí-
nios, a consistência interna do SF-36 variou de 0,76 a 0,85.
A dimensão que apresentou maior valor para o alpha de
Cronbach foi Capacidade Funcional (α = 0,85), precedida
pelos domínios Aspectos Emocionais, Saúde Mental, Dor
e Vitalidade.
Em relação às correlações encontradas (Tabela 2),
ressalta-se que os escores maiores apontam para me-
nor comprometimento daquele domínio. Observou-se
que, entre todos os domínios, a correlação foi positiva e
estatisticamente significativa, apontando para uma boa
consistência interna entre eles. Considerou-se para essa
análise os valores de correlação segundo a classificação:
muito baixo (00-0,25), baixo (0,26-0,49), moderado (0,50-
0,69), alto (0,70-0,89) e muito alto (0,90-1,00)(22)
. No pre-
sente estudo o valor mais baixo foi igual a 0,09 entre Es-
tado Geral de Saúde e Aspectos Físicos e entre Aspectos
Emocionais e Dor, e o mais alto, igual a 0,98, entre Aspec-
tos Emocionais e Capacidade Funcional.
A manutenção da QRVS deve ser uma das principais
metas no tratamento do DM. Hoje em dia, apesar de seu
reconhecimento como um conceito importante para a ob-
tenção da meta terapêutica, ainda é raramente avaliada
em programas educativos em DM(5)
.
CONCLUSÃO
Os dados obtidos no presente estudo apontaram
melhora discreta da QVRS em quase todos os domínios,
embora apenas o Estado Geral de Saúde antes (63,96 ±
19,03) e depois (70,59 ± 17,82) do programa educativo
tenha apresentado diferença estatisticamente significa-
tiva – t(50) = -2,16, p < 0,05. O instrumento mostrou-se
confiável à população estudada, sendo o valor obtido para
o alpha de Cronbach para os dois componentes do instru-
mento (CF e CM) 0,83 e 0,89, respectivamente. Conclui-
-se que a participação dos sujeitos no programa educativo
em DM também contribuiu para melhorar sua percepção
acerca do seu estado geral de saúde.
Como limitação do estudo, pode-se mencionar a não
utilização de instrumento específico para avaliar a QVRS
da população com DM, uma vez que o instrumento gené-
rico não está direcionado às características específicas da
doença em estudo, bem como das pessoas acometidas.
Recomenda-se que o profissional de saúde reconheça
a necessidade de investigar a QV utilizando instrumento
específico para a população com DM, bem como a realiza-
ção de novos estudos com o mesmo propósito, com maior
tempo de seguimento em programa educativo, para futu-
ras comparações.
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354
Rev Esc Enferm USP
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Qualidade de vida de pacientes com diabetes mellitus
antes e após participação em programa educativo
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v45n4/en_v45n4a09.pdf
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Correspondência: Maria Lúcia Zanetti
Campus Universitário da USP
Av. Bandeirantes, 3900
CEP 14040-902 – Ribeirão Preto, SP, Brasil

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QoL in Diabetes Patients Before and After Educational Program

  • 1. 348 Rev Esc Enferm USP 2013; 47(2):348-54 www.ee.usp.br/reeusp/ Qualidade de vida de pacientes com diabetes mellitus antes e após participação em programa educativo Faria HTG, Veras VS, Xavier ATF, Teixeira CRS, Zanetti ML, Santos MA resumo Estudo quase-experimental com objetivo de avaliar a qualidade de vida relacionada à saúde de pessoas com diabetes mellitus, antes e após participação em um progra- ma educativo de cinco meses. Participaram 51 sujeitos, com predomínio do sexo femi- nino (56,9%), média e desvio-padrão de 57,65 ± 11,44 anos de idade, em um ser- viço de atenção primária no interior pau- lista, em 2008. Para obtenção dos dados utilizou-se o questionário SF-36. O instru- mento mostrou-se confiável para a popu- lação estudada, sendo os valores de alpha de Cronbach para os componentes físico e mental 0,83 e 0,89, respectivamente. Os resultados mostraram melhora discreta em quase todos os domínios, embora apenas o estado geral de saúde antes (63,96 ± 19,03) e após (70,59 ± 17,82) o programa educati- vo tenha apresentado diferença estatistica- mente significativa t(50) = -2,16, p < 0,05. A participação dos sujeitos no programa educativo em diabetes mellitus também contribuiu para a melhoria da percepção acerca de seu estado geral de saúde. descritores Diabetes mellitus Qualidade de vida Educação em saúde Cuidados de enfermagem Qualidade de vida de pacientes com diabetes mellitus antes e após participação em programa educativo ArtigoOriginal Abstract This quasi-experimental study aimed to evaluate the health-related quality of life in individuals with diabetes mellitus before and after their participation in a five-month educational program in a primary care service in Brazil in 2008. The sample con- sisted of 51 individuals, 56.9% female and 43.1% male, who had a mean age of 57.65 ± 11.44 years. Data were collected using the Portuguese version of the SF-36 ques- tionnaire. The instrument had adequate reliability estimates for the study sample. Cronbach’s alpha for the two components of the instrument, physical and mental, were 0.83 and 0.89, respectively. The find- ings suggested improvements in all the do- main components; however, only the gen- eral health domain, before (63.96 ± 19.03) and after (70.59 ± 17.82) the educational program, presented statistically significant mean differences, t(50) = 2.16, p<0.05. Par- ticipation in the educational program also contributed to improvements in the per- ceptions of the individuals regarding their general health status. descriptors Diabetes mellitus Quality of life Health education Nursing care Resumen Estudio cuasi-experimental objetivando eva- luar la calidad de vida relacionada a la salud de personas con diabetes mellitus, antes y después de participar de un programa edu- cativo de cinco meses. Participaron 51 suje- tos, predominantemente de sexo femenino (56,9%), promedio etario y desvío estándar de 57,65±11,44 años, en un servicio de aten- ción primaria del interior paulista durante 2008. Datos recolectados mediante cuestio- nario SF-36. El instrumento se demostró con- fiable para la población estudiada, el Alpha de Cronbach para componentes físicos y mentales fue de 0,83 y 0,89, respectivamen- te. Los resultados mostraron discreta mejora en casi todos los dominios, a pesar de que el estado general de salud antes (63,96±19,03) y después (70,59±17,82) del programa edu- cativo haya presentado diferencia estadísti- camente significativa t(50)=-2,16; p<0,05. La participación de los sujetos en el programa educativo en diabetes mellitus contribuyó también para mejorar la percepción acerca de su estado general de salud. descriptores Diabetes mellitus Calidad de vida Educación en salud Atención de enfermería Heloisa Turcatto Gimenes Faria1 , Vívian Saraiva Veras2 , Antônia Tayana da Franca Xavier3 , Carla Regina de Souza Teixeira4 , Maria Lúcia Zanetti5 , Manoel Antônio dos Santos6 QUALITY OF LIFE IN PATIENTS WITH DIABETES MELLITUS BEFORE AND AFTER THEIR PARTICIPATION IN AN EDUCATIONAL PROGRAM Calidad de vida de pacientes de diabetes mellitus antes y después de participar en un programa educativo 1 Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem Fundamental pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem. Ribeirão Preto, SP, Brasil. helogimenes@hotmail.com 2 Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem Fundamental pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem. Ribeirão Preto, SP, Brasil. vivianveras@hotmail.com 3 Enfermeira. Mestre em Enfermagem Fundamental pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem. Ribeirão Peto, SP, Brasil. tayanaxavier@usp.br 4 Enfermeira. Professora Associada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem. Ribeirão Preto, SP, Brasil. carlast@eerp.usp.br 5 Enfermeira. Professora Associada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem. Ribeirão Preto, SP, Brasil. zanetti@eerp.usp.br 6 Psicólogo, Professor Doutor do Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto, SP, Brasil. masantos@ffclrp.usp.br Recebido: 14/07/2011 Aprovado: 24/07/2012 Português / Inglês www.scielo.br/reeusp
  • 2. 349 Qualidade de vida de pacientes com diabetes mellitus antes e após participação em programa educativo Faria HTG, Veras VS, Xavier ATF, Teixeira CRS, Zanetti ML, Santos MA Rev Esc Enferm USP 2013; 47(2):348-54 www.ee.usp.br/reeusp/ Introdução Diabetes mellitus (DM) representa um problema de saúde pública devido ao aumento de sua incidência e pre- valência. Por se tratar de uma doença progressiva, os in- divíduos acometidos tendem a deteriorar seu estado de saúde com o passar do tempo, quando começam a apare- cer as complicações derivadas de um mau controle glicê- mico(1) . Essa situação pode acarretar uma depreciação da qualidade de vida (QV), pois se reflete em seus diferentes aspectos, como debilidade do estado físico, prejuízo da capacidade funcional, dor em membros inferiores, falta de vitalidade, dificuldades no relacionamento social, ins- tabilidade emocional, entre outros. Estima-se que, após 15 anos do aparecimento do DM, 2% dos indivíduos acometidos apresentarão cegueira, 10%, problemas visuais graves, 30% a 45%, algum grau de retinopatia, 10% a 20%, de nefropatia, 20% a 35%, de neuropatia e 10% a 25%, de doen- ça cardiovascular(2) . Esses problemas de saú- de elevam de forma significativa os custos para o atendimento ao indivíduo com DM e acarretam prejuízo à sua QV, considerando- -se a dor e ansiedade geradas pelo apareci- mento progressivo dessas complicações(2) . Nesse contexto, o paciente com DM, em particular tipo 2 (DM2), enfrenta diversas di- ficuldades de ajustamento, as quais podem afetar a apreciação subjetiva que faz de sua condição de vida, de acordo com o estágio de desenvolvimento das complicações rela- cionadas à doença. Além disso, é uma con- dição crônica que persiste por toda a vida e que, algumas vezes, vem acompanhada de outras comorbidades. As complicações agu- das, decorrentes do DM, também exercem impacto direto sobre a QV, pois aumentam a predisposição a transtornos depressivos e de ansiedade, interferem nas relações de trabalho, no desempenho de tarefas domiciliares e esco- lares, bem como na própria independência(3) . Em consequência da complexidade e extensão da problemática acerca do viver com uma doença crônica, os estudos têm se preocupado em investigar o impacto da doença sobre a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) dos pacientes acometidos. Nessa direção, pode ser investigada em relação a escolha do tratamento, alívio de sintomas, conhecimento acerca da doença, perspectivas futuras e habilidades para manejo de suas complicações, a adaptação psicológica diante dos problemas enfrentados e o impacto social do aumento da incidência e prevalência. Esses fatores estão relacionados, direta ou indiretamente, à qualidade de vida relacionada à saúde da população(4) . A QV tem sido definida como um conceito intensa- mente marcado pela subjetividade, que engloba vários fatores, como a percepção de bem-estar e satisfação do indivíduo em relação a sua condição física, estado emo- cional e espiritual, desempenho de funções, que são com- ponentes essenciais da condição humana e envolvem va- lores, atitudes e habilidades que repercutem na qualidade da participação social nas diversas dimensões da vida. Já qualidade de vida relacionada à saúde reflete a intenção de quantificar as repercussões de uma enfermidade e seu tratamento, de acordo com a percepção que as pessoas apresentam sobre sua capacidade para desenvolver suas potencialidades e ter uma vida plena. Sua mensuração é subjetiva, uma vez que seus domínios não podem ser medidos diretamente por meios físicos. A qualidade de vida relacionada à saúde está relacionada com a percep- ção que a pessoa tem tanto do impacto da sua disfunção quanto de sua existência(5) . Programas educativos em DM têm sido preconizados como uma das estratégias de cuidado que contribuem pa- ra melhorar os indicadores relacionados à percepção dos aspectos físicos, da funcionali- dade, da dor, da condição geral de saúde, as- sim como da vitalidade, dos aspectos sociais, emocionais e da saúde mental que afetam a qualidade de vida relacionada à saúde dos pa- cientes. No entanto, em revisão da literatura constatou-se que ainda há escassez de estu- dos que avaliem a QVRS antes e após o ofere- cimento de um programa educativo em DM2. Considera-se que investigações dessa na- tureza podem contribuir para um melhor di- mensionamento da atenção em diabetes, vi- sando à integralidade do cuidado em saúde. Medidas de QVRS podem oferecer suporte ao planejamento de programas educativos e estratégias de intervenção em DM2(6-7) . Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade de vida re- lacionada à saúde de pacientes com diabetes mellitus tipo 2, antes e após a implementação de um programa educativo. MÉTODO Estudo quase experimental, prospectivo, comparativo, do tipo antes e depois(8) . É quase experimental porque se constituiu do oferecimento de um grupo educativo aos pacientes com DM2, cuja amostra não foi selecionada de forma aleatória. Neste estudo, o paciente é seu próprio controle, antes e após o programa educativo. Assim, com- parou-se o resultado dos domínios da QVRS antes e após a implementação do referido programa. O estudo foi realizado em um serviço de atenção pri- mária de um município do interior paulista, em 2008. A população foi constituída por todos os pacientes cadastra- dos no referido serviço. A amostra foi constituída por 51 Programas educativos em diabetes mellitus têm sido preconizados como uma das estratégias de cuidado que contribuem para melhorar os indicadores relacionados à percepção dos aspectos físicos, (...) dos aspectos sociais, emocionais e da saúde mental que afetam a qualidade de vida relacionada à saúde dos pacientes.
  • 3. 350 Rev Esc Enferm USP 2013; 47(2):348-54 www.ee.usp.br/reeusp/ Qualidade de vida de pacientes com diabetes mellitus antes e após participação em programa educativo Faria HTG, Veras VS, Xavier ATF, Teixeira CRS, Zanetti ML, Santos MA pacientes que apresentaram, no mínimo, 75% de frequên- cia nas atividades. O programa educativo foi conduzido por uma equipe multiprofissional constituída por enfermeiros, nutricio- nistas, psicólogos, educador físico e alunos de graduação em enfermagem e psicologia. Teve duração de cinco me- ses e ocorreu às terças-feiras das 14h00 às 17h00. Foi im- plementado mediante as seguintes estratégias de ensino: grupal, em sala de aula, por meio de palestras educativas, e individual, conforme a necessidade de cada participan- te. Esse programa seguiu as diretrizes preconizadas pela Padronização para o Desenvolvimento de Programas de Educação de Pessoas com Diabetes nas Américas(9) . Os pacientes foram subdivididos em quatro grupos, sendo três grupos com 13 integrantes e um com 12 com- ponentes. Essa divisão em pequenos grupos teve por fi- nalidade facilitar a comunicação entre os pacientes e a equipe de trabalho. A cada encontro semanal, trabalhou- -se em esquema de rodízio pelas especialidades: enferma- gem, nutrição, psicologia e educação física. Desse modo, os quatro grupos eram atendidos simultaneamente. Fo- ram realizados 20 encontros para cada grupo. O atendimento individual foi realizado de acordo com as necessidades detectadas durante o trabalho grupal e tinha como finalidade reforçar estratégias ministradas nos encontros em grupo. Foram realizados atendimentos in- dividuais com, aproximadamente, 15 participantes, que apresentavam dificuldades para manutenção do controle metabólico ou de inserção na atividade grupal. Os conteúdos das palestras educativas foram organiza- dos considerando as dificuldades identificadas pelos pro- fissionais durante o atendimento dos pacientes. Os temas abordados foram: conceito, fisiopatologia e tratamento do DM, atividade física, alimentação, cuidados e exames dos pés, automonitorização, hipoglicemia, complicações crônicas, situações especiais e apoio familiar. Para o de- senvolvimento dos conteúdos foram utilizadas várias es- tratégias de ensino, tais como simulações, dramatizações, relatos de experiências, festas comemorativas, palestras e demonstrações. Utilizaram-se, como material didático, cartazes, figuras, transparências, slides, folhetos e mate- riais para demonstração, tais como seringas, agulhas, mo- nitor de glicemia, lancetas, algodão, álcool, balança, entre outros. Desse modo, buscou-se que os pacientes assumis- sem uma participação ativa no processo educativo. Os instrumentos utilizados foram: formulário conten- do variáveis sociodemográficas e a versão, na língua por- tuguesa, do Questionário Genérico de Avaliação de Quali- dade de Vida SF-36(10) . A escolha desse instrumento levou em conta o fato de se tratar de um questionário genérico para avaliação do perfil de saúde. Portanto, pode ser uti- lizado em vários tipos de doenças e populações. Trata-se de instrumento adaptado e validado para o contexto bra- sileiro e que vem sendo utilizado em estudos relaciona- dos ao campo da saúde. Ainda que existam, na literatura internacional, vários instrumentos para avaliar QVRS de pessoas com DM, ainda são escassos os validados para a língua portuguesa(7,11) . O SF-36, instrumento de fácil aplicação e compreen- são, é formado por 36 itens englobados em dois com- ponentes: físico e mental. O Componente Físico (CF) é constituído de quatro domínios: capacidade funcional (dez itens), aspectos físicos (quatro itens), dor (dois itens), estado geral de saúde (cinco itens). O Componente Men- tal (CM) também é constituído de quatro domínios: vitali- dade (quatro itens), aspectos sociais (dois itens), aspectos emocionais (três itens) e saúde mental (cinco itens). O questionário inclui ainda uma questão de avaliação com- parativa entre percepção de condições de saúde atual e a de um ano atrás, que não é somada aos diferentes do- mínios do instrumento. Esses componentes estão envolvi- dos, de maneiras distintas, nas diversas doenças(12) . O SF-36 avalia tanto aspectos negativos da saúde (do- ença ou enfermidade) como os aspectos positivos (bem- -estar). Apresenta um escore final de 0 a 100, no qual ze- ro corresponde ao pior estado geral de saúde e 100 ao melhor estado de saúde. As pontuações são computadas para cada domínio. A pontuação pode ser apresentada de forma sumarizada: CF, que envolve os domínios capacida- de funcional, aspectos físicos, dor e estado geral de saúde, e CM, que engloba os domínios aspectos sociais, aspec- tos emocionais, saúde mental e vitalidade. Os domínios estado geral de saúde e vitalidade estão relacionados, de forma indireta, tanto ao CF quanto ao CM. Os dados foram obtidos após obtenção do consenti- mento livre e esclarecido dos sujeitos, no próprio local de estudo, mediante aplicação individual, em dois momentos distintos: primeiramente, no início do programa educati- vo, ainda na fase de cadastramento dos pacientes, antes de iniciar o programa educativo – G0 e, posteriormente, ao término do programa – G1, na semana seguinte à 20ª sessão grupal. Para a análise dos dados, utilizou-se estatística descri- tiva para caracterizar os sujeitos e as variáveis do estudo. Foi calculado o índice de correlação de Pearson para cada domínio do questionário e utilizado o teste t pareado para avaliar diferenças entre os domínios de QVRS, antes e de- pois da participação no programa educativo. A consistên- cia interna dos dois componentes do SF-36 foi verificada por meio dos valores de alpha de Cronbach para cada um dos componentes e domínios do questionário, a saber: a) geral para o Componente Físico (α = 0,83) e para cada um de seus domínios: Capacidade Funcional (α = 0,85), As- pectos Físicos (α = 0,68), Dor (α = 0,80), Estado Geral de Saúde (α = 0,67); b) geral para o Componente Mental (α = 0,89) e para cada um de seus domínios: Vitalidade (α = 0,76), Aspectos Sociais (α = 0,54), Aspectos Emocionais (α = 0,84) e Saúde Mental (α = 0,82). O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pes- quisa, protocolo no 0667/2006.
  • 4. 351 Qualidade de vida de pacientes com diabetes mellitus antes e após participação em programa educativo Faria HTG, Veras VS, Xavier ATF, Teixeira CRS, Zanetti ML, Santos MA Rev Esc Enferm USP 2013; 47(2):348-54 www.ee.usp.br/reeusp/ RESULTADOS Caracterização dos sujeitos Dos 51 pacientes com DM investigados, a idade va- riou de 33 a 80 anos, com média e desvio-padrão de 57,65 ± 11,44, sendo 29 (56,9%) do sexo feminino e 22 (43,1%) masculino. Quanto à escolaridade, obteve-se que 27 (52,9%) tinham até ensino fundamental completo, 13 (25,5%) ensino médio incompleto/completo e 11 (21,6%) ensino superior incompleto/completo. As ocupações pre- dominantes foram: do lar – 14 (27,5%), trabalhador autô- nomo – 14 (27,5%), trabalhador urbano assalariado – 13 (25,5%) e aposentado – 10 (19,6%). Autopercepção da saúde e qualidade de vida relacionada à saúde Ao investigar a autopercepção da saúde, obteve-se que, após a participação dos sujeitos no programa educa- tivo, 33,3% consideraram sua saúde muito melhor, 33,3% um pouco melhor, 21,6% quase a mesma coisa, 9,8% um pouco pior e 2% muito pior. A Tabela 1 mostra os domínios relativos ao Compo- nente Físico e Componente Mental do SF-36, antes e após a participação dos sujeitos no programa educativo. Tabela 1 – Escores médios dos domínios relativos ao Componen- te Físico e Componente Mental do SF-36, antes e após a partici- pação dos sujeitos no programa educativo – Ribeirão Preto, 2007 Variável Antes do Programa M ± DP Após o Programa M ± DP Alpha de Cronbach Componente Físico Capacidade Funcional Aspectos Físicos Dor Estado Geral de Saúde 72,74 ± 21,07 70,10 ± 32,41 57,85 ± 23,48 63,96 ± 19,03 73,53 ± 21,54 61,76 ± 40,42 59,31 ± 24,36 70,59 ± 17,82 0,83 0,85 0,68 0,80 0,67 Componente Mental Vitalidade Aspectos Sociais Aspectos Emocionais Saúde Mental 62,63 ± 19,57 73,25 ± 24,63 67,33 ± 21,93 67,33 ± 21,93 63,53 ± 22,63 73,76 ± 24,15 62,08 ± 38,88 67,45 ± 22,55 0,89 0,76 0,54 0,84 0,82 Quanto aos domínios da QVRS investigados antes e após o programa educativo para o Componente Físico, os escores médios para Capacidade Funcional, Aspectos Físi- cos e Dor mantiveram-se próximos. Por outro lado, verifi- cou-se que houve melhora na percepção dos sujeitos em relação ao Estado Geral de Saúde antes (63,96 ± 19,03) e após (70,59 ± 17,82), respectivamente. Em relação aos domínios da QVRS para o Componente Mental, os escores médios também se mantiveram pró- ximos para Vitalidade, Aspectos Sociais e Saúde Mental, e rebaixados para Aspectos Emocionais – que antes eram 67,33 ± 21,93 e, depois, 62,08 ± 38,88, respectivamente. Esse resultado indica que entrar em contato com sua real condição de saúde pode levar os sujeitos a vivenciar des- conforto psicológico. Em relação à avaliação da QVRS dos pacientes inves- tigados (Tabela 1), antes do programa educativo, os va- lores médios obtidos para oito componentes do SF-36 variaram de 57,85 (Dor) a 73,25 (Aspectos Sociais). Nessa primeira avaliação verificou-se que três domínios da me- dida de QVRS apresentaram escores médios inferiores: Dor (57,85), Vitalidade (62,63) e Estado Geral de Saúde (63,96). Os que apresentaram maiores escores médios foram: Aspectos Sociais (73,25), Capacidade Funcional (72,74) e Aspectos Físicos (70,10). Após os cinco meses de programa educativo, os escores médios obtidos para os oito domínios do SF-36 variaram desde 59,31, para Dor, a 73,76, para Aspectos Sociais. Na segunda avaliação observou-se que quatro domínios da me- dida de QVRS apresentaram médias inferiores: Dor (59,31), Aspectos Físicos (61,76), Aspectos Emocionais (62,08) e Vita- lidade (63,53). Os resultados mostram que os participantes sentiam-se prejudicados pelas limitações impostas por sua saúde física. Os domínios que apresentaram maiores escores médios foram: Aspectos Sociais (73,76), Capacidade Funcio- nal (73,53) e Estado Geral de Saúde (70,59). O cálculo dos índices de alpha de Cronbach mostrou- -se aceitável para a maioria dos domínios investigados, à exceção dos domínios Aspectos Físicos (α = 0,68), Estado Geral de Saúde (α = 0,67) e Aspectos Sociais (α = 0,54). A Tabela 2 mostra a matriz de correlações de Pearson entre os domínios do SF-36. Em relação às correlações de Pearson calculadas entre os domínios, a maioria apresentou correlações estatisticamente significativas para p ≤ 0,05. Tabela 2 – Matriz de correlações de Pearson entre os domínios do SF-36 - Ribeirão Preto, 2007 Domínios 1 2 3 4 5 6 7 8 1. Capacidade Funcional 1,00 2. Aspectos Físicos ,21 1,00 3. Dor ,42** ,34* 1,00 4. Estado Geral de Saúde ,44** ,09 ,28* 1,00 5. Vitalidade ,45** ,28* ,31* ,49** 1,00 6. Aspectos Sociais ,27* ,11 ,27 ,41** ,55** 1,00 7. Aspectos Emocionais ,98 ,52** ,09 ,27* ,43** ,42** 1,00 8. Saúde Mental ,19 ,24 ,30* ,51** ,80** ,54** ,44** 1,00 *p ≤ 0,05; **p ≤ 0,01 No que se refere à análise dos domínios da QVRS antes e depois da participação no programa educativo, os resul- tados indicaram que apenas o domínio Estado Geral de Saúde antes (63,96 ± 19,03) e após (70,59 ± 17,82) mos- trou diferença estatisticamente significativa t(50) = -2,16, p ≤ 0,05. DISCUSSÃO A caracterização sociodemográfica dos sujeitos mos- trou predomínio do sexo feminino (56,9%), com média e desvio-padrão de idade de 57,65 ± 11,44 anos, escolari- dade equivalente ao ensino fundamental completo e in-
  • 5. 352 Rev Esc Enferm USP 2013; 47(2):348-54 www.ee.usp.br/reeusp/ Qualidade de vida de pacientes com diabetes mellitus antes e após participação em programa educativo Faria HTG, Veras VS, Xavier ATF, Teixeira CRS, Zanetti ML, Santos MA completo (47%) e ocupação relacionada a atividades do lar (27,5%) e trabalhador autônomo (27,5%). Essas características são relevantes para a compreen- são dos domínios da QVRS. Os dados corroboram a lite- ratura, considerando que a população mundial feminina é maior do que a masculina, o que explicaria em parte a maior proporção de mulheres participantes do estudo. As mulheres se caracterizam por buscarem mais frequente- mente os serviços de saúde(13) . Os dados do presente estudo, no que concerne à idade, corroboram os encontrados no estudo multicêntrico nacio- nal de prevalência do DM, que constatou que a frequência da doença aumenta gradativamente após os 50 anos, o que se relaciona à tendência progressiva de envelhecimento populacional constatada, atualmente, no Brasil(14) . Em relação à escolaridade, a maioria dos pacientes ti- nha ensino fundamental completo, superior à encontrada em outros estudos(15) . Quanto à ocupação, os dados mos- tram que quase a metade dos sujeitos encontrava-se inse- rida no mercado de trabalho. Ao analisar como os pacientes percebem sua saúde, considera-se que uma autopercepção positiva possibilita maior envolvimento em relação ao tratamento e ao contro- le da doença. Constatou-se que houve melhora em 66,6% dos sujeitos, distribuídos na mesma porcentagem (33,3% muito melhor e 33,3%, um pouco melhor) após a partici- pação no programa educativo. Por outro lado, para melhor compreensão dessa questão, há necessidade de outros es- tudos que identifiquem as variáveis que determinam a per- cepção positiva ou negativa quanto à condição de saúde(16) . Em relação aos oito componentes da SF-36 investiga- dos, verificou-se que domínios referentes ao componente físico afetaram mais a QVRS dos pacientes com DM do que os relacionados à saúde mental. Na apreciação subjetiva dos sujeitos antes do programa educativo, os problemas de ordem fisiopatológica referentes à saúde prevaleceram em relação aos domínios do componente saúde mental. O DM pode afetar negativamente o bem-estar físico em decorrência das complicações agudas e crônicas e das demandas do tratamento. As complicações crônicas em pessoas com DM2 podem afetar a qualidade de vida; por outro lado, as ações que visam ao controle intensivo da glicemia ou pressão arterial não têm a mesma reper- cussão. Em estudo realizado no sudeste do México, apli- cando-se o SF-36 em pessoas com condições crônicas de saúde, obteve-se maior valor para a dimensão Capacidade Funcional e o menor valor para escore referente ao Estado Geral de Saúde. Para o grupo controle, no qual um dos cri- térios de inclusão era não ter condição crônica, o domínio mais elevado foi para Aspectos Físicos e o menor valor ob- tido foi para Estado Geral de Saúde(17) . Ao avaliar o impac- to das condições crônicas na QVRS da população de oito países, por meio do SF-36, observou-se notável impacto do DM no escore da dimensão relacionada ao Estado Ge- ral de Saúde(18) . Em estudo realizado com objetivo de ava- liar o DM2 e a QVRS, os domínios que obtiveram menores escores foram: Estado Geral de Saúde e Vitalidade(19) . Em contrapartida, no presente estudo os domínios que obtiveram menores escores foram: Dor, Vitalidade e Esta- do Geral de Saúde, o que sugere que os sujeitos estudados percebem prejuízos, tais como desânimo, fraqueza, mal-es- tar, relacionados ao mau controle metabólico. Por outro la- do, os escores médios mais elevados obtidos nos domínios Aspectos Sociais e Capacidade Funcional podem refletir a situação peculiar da amostra estudada, considerando que a maioria dos sujeitos mantinha atividade laboral. Em suma, a participação no programa educativo con- tribui para melhora no domínio Estado Geral de Saúde e depreciação nos Aspectos Físicos. Estudo que avaliou QV de 46 indivíduos com DM mostrou que 39 (84,8%) refe- riram que a doença modificou sua QV, dos quais sete (15,2%) não apresentaram alteração. Quinze (38,5%) indi- víduos referiram alterações nas áreas relacionadas ao tra- balho, estudo e atividades do lar, 10 (25,6%) apontaram a Capacidade Física como a principal alteração(20) . Por outro lado, estudo realizado com 65 pacientes em tratamento para DM2, que analisou a relação entre variáveis sociode- mográficas, locus de controle e autoestima, mostrou que os sujeitos apresentaram autoestima preservada, apesar dos agravos de saúde e das condições sociodemográficas e clínicas desfavoráveis(21) . Estudo com 495 pacientes com DM2, que avaliou a in- fluência do controle glicêmico e dos fatores de risco car- diovascular na QVRS, encontrou menores pontuações em quatro domínios do SF-36: Aspectos Físicos, Dor, Saúde Geral e Vitalidade. Desse modo, os pacientes apresenta- ram pior desempenho nas dimensões físicas, mantendo- -se preservados os aspectos sociais e de saúde mental. A hipertensão arterial, a obesidade e o mau controle me- tabólico foram associados a pior apreciação subjetiva do estado de saúde(19) . Ao comparar os domínios antes e após os cinco meses de programa educativo, obteve-se melhora na qualidade de vida em quatro domínios do SF-36, a saber: Capacida- de Funcional (73,53), Estado Geral de Saúde (70,59), Vi- talidade (63,53) e Dor (59,31). Constatou-se que apenas o domínio Estado Geral de Saúde do Componente Físico da QVRS dos pacientes melhorou cinco meses após o pro- grama, sendo a diferença entre os valores obtidos, antes e depois, estatisticamente significante. Já os domínios Aspectos Sociais e Saúde Mental man- tiveram praticamente os mesmos escores médios antes e após o programa educativo. As mudanças de atitudes e o aumento dos conhecimentos sobre a doença e o tra- tamento proposto requerem um tempo, que varia de pessoa para pessoa, para elaboração e incorporação de aprendizados que se traduzam em ações de autocuidado para melhorar o controle glicêmico, o que, por sua vez, pode se refletir em melhor QVRS.
  • 6. 353 Qualidade de vida de pacientes com diabetes mellitus antes e após participação em programa educativo Faria HTG, Veras VS, Xavier ATF, Teixeira CRS, Zanetti ML, Santos MA Rev Esc Enferm USP 2013; 47(2):348-54 www.ee.usp.br/reeusp/ O domínio Dor apresentou menores escores médios, tanto antes quanto após o programa educativo. Cabe des- tacar que o DM é uma doença assintomática, na qual a dor pode se manifestar em estados avançados de compli- cações crônicas. A consistência interna do SF-36 foi inferior a 0,70 para três domínios: Aspectos Sociais (alpha de Cronbach igual a 0,54), Estado Geral de Saúde (0,67) e Aspectos Físicos (0,68), o que pode indicar falta de consistência nas respos- tas dos sujeitos. Um dos fatores que possivelmente pre- judicou a compreensão dos sujeitos em relação aos itens do SF-36 pode estar relacionado ao nível de escolaridade da população estudada e à idade. Para os demais domí- nios, a consistência interna do SF-36 variou de 0,76 a 0,85. A dimensão que apresentou maior valor para o alpha de Cronbach foi Capacidade Funcional (α = 0,85), precedida pelos domínios Aspectos Emocionais, Saúde Mental, Dor e Vitalidade. Em relação às correlações encontradas (Tabela 2), ressalta-se que os escores maiores apontam para me- nor comprometimento daquele domínio. Observou-se que, entre todos os domínios, a correlação foi positiva e estatisticamente significativa, apontando para uma boa consistência interna entre eles. Considerou-se para essa análise os valores de correlação segundo a classificação: muito baixo (00-0,25), baixo (0,26-0,49), moderado (0,50- 0,69), alto (0,70-0,89) e muito alto (0,90-1,00)(22) . No pre- sente estudo o valor mais baixo foi igual a 0,09 entre Es- tado Geral de Saúde e Aspectos Físicos e entre Aspectos Emocionais e Dor, e o mais alto, igual a 0,98, entre Aspec- tos Emocionais e Capacidade Funcional. A manutenção da QRVS deve ser uma das principais metas no tratamento do DM. Hoje em dia, apesar de seu reconhecimento como um conceito importante para a ob- tenção da meta terapêutica, ainda é raramente avaliada em programas educativos em DM(5) . CONCLUSÃO Os dados obtidos no presente estudo apontaram melhora discreta da QVRS em quase todos os domínios, embora apenas o Estado Geral de Saúde antes (63,96 ± 19,03) e depois (70,59 ± 17,82) do programa educativo tenha apresentado diferença estatisticamente significa- tiva – t(50) = -2,16, p < 0,05. O instrumento mostrou-se confiável à população estudada, sendo o valor obtido para o alpha de Cronbach para os dois componentes do instru- mento (CF e CM) 0,83 e 0,89, respectivamente. Conclui- -se que a participação dos sujeitos no programa educativo em DM também contribuiu para melhorar sua percepção acerca do seu estado geral de saúde. Como limitação do estudo, pode-se mencionar a não utilização de instrumento específico para avaliar a QVRS da população com DM, uma vez que o instrumento gené- rico não está direcionado às características específicas da doença em estudo, bem como das pessoas acometidas. Recomenda-se que o profissional de saúde reconheça a necessidade de investigar a QV utilizando instrumento específico para a população com DM, bem como a realiza- ção de novos estudos com o mesmo propósito, com maior tempo de seguimento em programa educativo, para futu- ras comparações. REFERÊNCIAS 1. Sousa VD, Zauszniewski JA, Musil CM, Price-Lea PJ, Davis, SA. Re- lationships among self-care agency, self-efficacy, self-care, and glycemic control. Res Theory Nurs Pract. 2005;19(3):217-30. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Diabetes mellitus. Brasília; 2006. (Cadernos de Atenção Básica, n.16). 3. Sousa VD, Zanetti ML, Zauszniewski JA, Mendes IAC, Daguano MO. 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  • 7. 354 Rev Esc Enferm USP 2013; 47(2):348-54 www.ee.usp.br/reeusp/ Qualidade de vida de pacientes com diabetes mellitus antes e após participação em programa educativo Faria HTG, Veras VS, Xavier ATF, Teixeira CRS, Zanetti ML, Santos MA 11. Correr CJ, Pontarolo R, Melchiors AC, Rossignoli P, Fernández- -Llimós F, Radominski RB. Tradução para o português e valida- ção do instrumento Diabetes Quality of Life Measure (DQOL- -Brasil). Arq Bras Endocrinol Metab. 2008;52(3): 515-22. 12. Ware JE, Sherboune CD. The MOS 36 Item Short-Form Heal- th Survey (SF-36). I. Conceptual framework and item selec- tion. Med Care. 1992;30(6):473-83. 13. Martins JJ, Albuquerque GL, Nascimento ERP, Barra DCC, Souza WGA, Pacheco WNS. Necessidades de educação em saúde dos cuidadores de pessoas idosas no domicílio. Texto Contexto Enferm. 2007;16(2):254-62. 14. Malerbi DA, Franco LJ; The Brazilian Cooperative Group on the Study of Diabetes Prevalence. Multicenter study of the prevalence of diabetes mellitus and impaired glucose tole- rance in the urban Brazilian population Aged 30-69 yr. Dia- betes Care. 1992;15(11):1509-16. 15. Otero LM, Zanetti ML, Teixeira CRS. Características socio- demográficas e clínicas de portadores de diabetes em um serviço de atenção básica à saúde. Rev Latino Am Enferm. 2007;15(n.esp):768-73. 16. Miranzi SSC, Ferreira FS, Iwamoto, HH, Pereira GA, Miranzi MAS. Qualidade de vida de indivíduos com diabetes mellitus e hipertensão acompanhados por uma equipe de saúde da família. Texto Contexto Enferm. 2008;17(4):672-9. 17. Zúnica MA, Carrilo-Jiménez GT, Fos PJ, Gandek B, Medina- -Moreno MR. Evaluación del estado de salud con la Encues- ta SF-36: resultados preliminares en México. Salud Pública Mex. 1999;41(2):110-8. 18. Alonso J, Ferrer M, Gandek B, Ware JE, Aaronson NK, Mos- coni P, et al. Health-related quality of life with chronic con- ditions in eight countries: results from the International Quality of Life Assessment (IQOLA) Project. Qual Life Res. 2004;13(2):283-98. 19. Martín FJM, Escudero JCM, Blanco FS, Casado BJ, Ares JLC. Diabetes mellitus tipo 2 y calidad de vida relacionada con la salud: resultados del Estúdio Hortega. An Med Interna. 2006;23(8):357-60. 20. Souza TT, Santini L, Wada AS, Vasco CF, Kimura M. Quali- dade de vida da pessoa diabética. Rev Esc Enferm USP. 1997;31(1):50-64. 21. Fuscaldi FS, Balsanelli ACS, Grossi SAA. Locus of control in health and self-esteem in type-2 diabetic patients. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2011 [cited 2012 Mar 17];45(4):855- 61. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/ v45n4/en_v45n4a09.pdf 22. Munro BH. Statistical methods for health care research. 4th ed. Philadelphia: Lippincott; 2001. Correspondência: Maria Lúcia Zanetti Campus Universitário da USP Av. Bandeirantes, 3900 CEP 14040-902 – Ribeirão Preto, SP, Brasil