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8º ENCONTRO
A Penitência
Por que existe um sacramento da Reconciliação?
Porque a nova vida da graça, recebida no Batismo,
não suprimiu a fragilidade da natureza humana nem a
inclinação para o pecado (isto é, a concupiscência).
Cristo instituiu este sacramento para a conversão dos
batizados que pelo pecado d’Ele se afastaram.
Introdução
A Penitência é o sacramento instituído por Jesus
Cristo para perdoar os pecados cometidos depois do
batismo. Ou, para dar uma definição mais longa e
descritiva, podemos dizer que a Penitência é o
sacramento pelo qual o sacerdote, como instrumento
vivo de Deus, perdoa os pecados cometidos depois
do batismo, quando o pecador está sinceramente
arrependido, diz as suas faltas em confissão ao
sacerdote e se submete à satisfação ou pena que
este lhe impõe.
Ideias principais
A Penitência
Toda a força da Penitência reside no fato de ela nos reconstituir
na graça de Deus e de nos unir a Ele com a máxima amizade. O
fim e o efeito deste sacramento são, pois, a reconciliação com
Deus. Para aqueles que recebem o sacramento da Penitência
com coração contrito e disposição religiosa, este sacramento é
seguido da paz e da tranquilidade da consciência, acompanhadas
duma grande consolação espiritual. Com efeito, o sacramento da
reconciliação com Deus leva a uma verdadeira ressurreição
espiritual, à restituição da dignidade e dos bens próprios da vida
dos filhos de Deus, o mais precioso dos quais é a amizade do
mesmo Deus.
Se alguém vai confessar-se sem pecado mortal, nem por
isso o sacramento é recebido em vão. Neste caso, a alma
recebe um incremento de graça santificante, o que significa
que se aprofunda e se fortalece nela aquela participação da
vida divina pela qual está unida a Deus. E quer se esteja ou
não em pecado mortal, são sempre perdoados todos os
pecados veniais que o penitente tenha cometido e de que
esteja arrependido.
Além de restaurar ou aumentar a graça santificante e de
perdoar os pecados mortais e veniais, que outras vantagens
nos proporciona este sacramento?
Se se trata de pecados mortais, é cancelado pela Penitência
o castigo eterno que deles resulta inevitavelmente. Sabemos
que quem rejeita Deus pelo pecado mortal e entra na
eternidade impenitente, separa-se dEle para sempre; vai
para o inferno. Mas quando Deus, no sacramento da
Penitência, une outra vez essa alma a Si e a absolve do
pecado mortal, elimina também o perigo de desastre eterno
a que essa alma estava destinada.
Ao mesmo tempo que perdoa o castigo eterno devido pelo
pecado mortal, o sacramento da Penitência perdoa pelo
menos parte da pena temporal devida pelo pecado. Esta pena
temporal nasce da dívida de satisfação que contraio com Deus
pelos meus pecados, mesmo depois de terem sido perdoados.
Ou pagamos essa pena com orações, mortificações e outras
boas ações feitas em estado de graça nesta vida, ou teremos
que pagá-la no purgatório. Esta é a dívida que o sacramento
da Penitência reduz, ao menos em parte, proporcionalmente
ao grau do nosso arrependimento. Quanto mais fervorosas
forem as nossas disposições, mais se reduzirá a satisfação
temporal que devemos.
Outro efeito do sacramento da Penitência é devolver-nos os méritos das
boas obras que tenhamos feito e que se tenham perdido pelo pecado
mortal. Como sabemos, toda a boa ação que realizamos em estado de
graça santificante, com a intenção de agradar a Deus, é uma ação
meritória, isto é, merece-nos um aumento de graça nesta vida e de glória
no céu. Mesmo as ações mais simples – uma palavra amável, um gesto de
cortesia – feitas com amor de Deus, causam esse efeito; muito mais as
orações, missas e sacramentos. No entanto, o pecado mortal cancela
todos esses méritos acumulados. Ao perdoar-nos o pecado mortal, Deus
podia, em perfeita justiça, deixar que os nossos méritos passados
continuassem perdidos para sempre. Mas, na sua bondade infinita, não o
faz, não nos obriga a começar outra vez do princípio: o sacramento da
Penitência não só perdoa os nossos pecados, como nos devolve também
os méritos que tínhamos perdido voluntariamente.
Finalmente, além de todos esses benefícios, o sacramento da
Penitência dá-nos o direito a quaisquer graças atuais de que
possamos necessitar – e na medida em que delas necessitamos –
para podermos satisfazer os nossos pecados passados, e vencer
as nossas tentações futuras. Esta é a “graça sacramental”
especial da Penitência, que nos fortifica contra as recaídas do
pecado. É o remédio espiritual que fortalece e ao mesmo tempo
cura. Esta é a razão pela qual toda a pessoa desejosa de ter
verdadeira vida interior sente necessidade de confessar-se com
frequência. A confissão frequente é uma das melhores defesas
contra o pecado mortal.
Preparação da Confissão
As condições para recebermos dignamente o
sacramento da Penitência são cinco: o exame da
nossa consciência, a contrição pelos nossos
pecados, o firme propósito de não pecar daí por
diante, a confissão dos nossos pecados ao
sacerdote e a vontade de cumprir a penitência
que o confessor nos impõe.
O exame de consciência define-se como o esforço sincero
por recordar todos os pecados cometidos desde a última
confissão válida. Devemos cumprir essa tarefa antes de nos
aproximarmos do confessionário. Se alguém tem dificuldade
em examinar a sua consciência – por exemplo, por estar
afastado da confissão há muito tempo ou por ter pouca
formação religiosa – o sacerdote o ajudará. Mas o normal é
ter os pecados antecipadamente preparados para desfilarem
em revista perante o sacerdote, logo que este nos possa
ouvir.
Antes de mais nada, o nosso exame de consciência deve
começar com uma oração fervorosa, pedindo ao Espírito
Santo luzes para podermos reconhecer os nossos pecados
claramente, confessá-los adequadamente e arrepender-nos
sinceramente. Só depois dedicaremos a inventariá-los. Sem
pressa nem nervosismos, repassaremos os mandamentos da
lei de Deus e da Igreja e os nossos deveres particulares de
estado, aplicando-os à nossa pessoa. Devemos preocupar-
nos de recordar os pecados mortais se, infelizmente,
existirem.
Sem ser estritamente necessária, a confissão das faltas
cotidianas (pecados veniais) é contudo vivamente
recomendada pela Igreja. Com efeito, a confissão regular
dos nossos pecados veniais ajuda-nos a formar a
consciência, a lutar contra as más inclinações, a deixarmo-
nos curar por Cristo, a progredir na vida do Espírito.
Recebendo com mais frequência, neste sacramento, o
dom da misericórdia do Pai, somos levados a ser
misericordiosos como Ele.
Antes de recebermos o sacramento da Penitência, é
importante examinarmos bem a consciência; mas é mais
importante ainda assegurarmo-nos de que temos dor
sincera dos nossos pecados. Podemos esquecer-nos
involuntariamente de confessar um pecado – até mortal – e
mesmo assim fazer uma boa confissão, receber o perdão
dos nossos pecados. Mas também podemos confessar
todos os nossos pecados com a máxima precisão e, no
entanto, sair do confessionário com eles na nossa alma, se
não temos uma contrição sincera.
Que é, pois, essa contrição tão essencial para recebermos
validamente o sacramento da Penitência? A palavra
contrição deriva do latim e significa “moer”, “pulverizar”. A
ideia de pulverizar a pó o “eu” é a que nos leva a
apresentar-nos diante de Deus com profunda humildade. O
Concílio de Trento, que tratou amplamente do sacramento
da Penitência, diz que a contrição é um pesar de coração e
detestação do pecado cometido, com o propósito de nunca
mais cometê-lo.
Temos que distinguir duas espécies de contrição: a perfeita
e a imperfeita. A diferença entre elas baseia-se nos
motivos que as produzem, nos “porquês” do nosso
arrependimento. A contrição perfeita é a dor dos pecados
que nasce de um perfeito amor a Deus. Ama-se a Deus
sobre todas as coisas por Ele mesmo, simplesmente por
ser infinitamente bom e merecedor da nossa lealdade
absoluta, e essa consideração nos leva ao pesar de O
termos ofendido. Uma contrição perfeita perdoa o pecado
mortal imediatamente, sempre que tenhamos a intenção
de nos acusarmos dele na nossa próxima confissão.
A contrição imperfeita é uma espécie de dor mais egoísta,
mas deve ficar claro que não é uma má espécie de dor.
Embora não tenha o poder de perdoar o pecado mortal
fora da confissão, é uma dor suficientemente sincera para
nos conseguir o perdão no sacramento da Penitência. Os
motivos que inspiram a contrição imperfeita são o ódio ao
pecado por ser essencialmente um mal, ou o temor à
justiça divina: à perda do céu e ao desterro eterno no
inferno.
Ambas as espécies de contrição, a perfeita e a imperfeita,
devem incluir, evidentemente, o firme propósito de não
pecar daí para a frente. É óbvio que não estamos contritos
de um pecado se continuamos dispostos a cometê-lo
novamente, quando tivermos ocasião. Este propósito de
não mais pecar deve, além disso, abranger todos os
pecados mortais, não só os que se confessaram, e deve
incluir todos os pecados veniais que confiamos nos sejam
perdoados.
A Contrição
Como podemos, pois, saber se a nossa contrição é autêntica ou não?
Quais os requisitos essenciais de um ato de contrição genuíno? Os
teólogos enumeram quatro condições para isso.
O primeiro e o mais evidente dos requisitos é que a contrição seja
interior. Quando dizemos a Deus: “Sinto muito haver-Vos ofendido”, não
fazemos um mero ato de cortesia nem apresentamos a obrigatória
desculpa cortês. O nosso coração deve estar nas nossas palavras.
Simplesmente devemos dizer o que dizemos. Mas isto não significa
necessariamente que devamos sentir dor emocional. Como o amor, a dor
é um ato da vontade, não um golpe de emoção. Assim como podemos
amar a Deus sem experimentar sensações, podemos ter uma profunda
dor dos nossos pecados sem sentir reação emocional alguma. Se com
toda sinceridade nos determinamos a evitar tudo o que possa ofender a
Deus, com a ajuda da sua graça, então temos contrição interior.
A penitência interior é uma reorientação radical de toda a
vida, um regresso, uma conversão a Deus de todo o nosso
coração, uma rejeição do pecado, uma aversão ao mal, uma
repugnância contra as más ações que cometemos. Ao
mesmo tempo, implica o desejo e o propósito de mudar de
vida, na esperança da misericórdia divina e na ajuda da sua
graça. Esta conversão do coração é acompanhada por uma
dor e uma tristeza salutares, a que os santos Padres
chamaram animi cruciatus (aflição do espírito), compunctio
cordis (arrependimento do coração).
Além de interior, a nossa contrição deve ser sobrenatural. A nossa
dor é sobrenatural quando nasce de considerações sobrenaturais;
quer dizer, quando o seu “porquê” se baseia na fé em algumas
verdades que Deus ensinou. Por exemplo, Deus disse-nos que
devemos amá-lo sobre todas as coisas e que pecar é negar-lhe
esse amor. Deus disse-nos que um pecado mortal causa a perda do
céu e nos faz merecedores do inferno, e que o pecado venial deve
ser reparado no purgatório. Disse-nos que o pecado é a causa de
Jesus ter morrido na cruz e que é uma ofensa à bondade infinita de
Deus. Disse-nos que o pecado é odioso por sua própria natureza.
Quando a nossa dor se baseia nestas verdades que Deus revelou, é
dor sobrenatural.
Em terceiro lugar, a nossa dor deve ser suprema. Quer dizer,
devemos encarar realmente o mal moral do pecado como o
máximo mal que existe, maior que qualquer mal físico ou
meramente natural que nos possa ocorrer. Significa que,
quando dizemos a Deus que nos arrependemos dos nossos
pecados, estamos dispostos, com a ajuda da sua graça, a
sofrer qualquer coisa antes que ofendê-lo outra vez. A dor
suprema não exclui um sincero temor de pecar outra vez, se
fazemos depender a vitória apenas das nossas forças
humanas. Pelo contrário, devemos desconfiar de nós e da
nossa auto-suficiência; devemos reconhecer que dependemos
da graça divina.
Por último, a nossa dor – interior, sobrenatural e suprema –
deve ser também universal. Isto significa que devemos
arrepender-nos de todos os pecados mortais sem exceção.
Um só pecado mortal nos separaria de Deus e nos privaria
da graça santificante. Ou nos arrependemos de todos ou
não poderemos recuperar a graça de Deus. Ou todos são
perdoados ou nenhum.
Não há ato de contrição verdadeiro se não se fizer
acompanhar do propósito de emenda. Este propósito não é
outra coisa senão a simples e sincera determinação de
evitar o pecado no futuro, bem como as ocasiões próximas
de pecado, tanto quanto nos seja possível. Sem esse
propósito, não pode haver perdão dos pecados, nem mesmo
dos veniais.
Ocasião próxima de pecado é qualquer circunstância que nos
possa levar a ele. Algumas ocasiões de pecado são próximas
por sua própria natureza: livros e revistas declaradamente
obscenos, por exemplo. Outras podem ser ocasiões próximas
só para determinados indivíduos. Assim, um bar pode ser
ocasião de pecado para quem tenha dificuldade de beber com
moderação. Em geral, as experiências do passado podem
dizer-nos perfeitamente quais são para nós as ocasiões
próximas de pecado. Ao fazermos o ato de contrição, devemos
renunciar resolutamente a todas essas ameaças ao nosso
bem espiritual, quer provenham de pessoas, de lugares, de
coisas ou de certas atividades.
Sem dor não pode haver perdão, e sem propósito de
emenda não pode haver dor genuína. Se alguém é
culpado de pecados mortais, não basta que os diga
ao confessor ou recite um ato de contrição rotineiro.
Se não está sincera e firmemente resolvido a não
tornar a cometer um pecado mortal, a sua confissão
é um ato de hipocrisia; é uma confissão tão má como
daquele que ocultasse conscientemente um ou mais
pecados mortais ao confessor.
Uma pessoa que tenha a desgraça de cair num hábito de
pecado – seja de impureza, de ira, contra a castidade ou
qualquer outra virtude – precisa de ter ideias absolutamente
claras acerca do verdadeiro propósito de emenda: o que
conta na confissão é este momento de agora e esta intenção
de agora. Pode ser que depois haja mais tropeços e mais
quedas, antes da vitória final. Mas o único pecador que é
derrotado é aquele que deixa de lutar.
Agradecer a Deus pela confissão
Jesus quis que a acusação dos pecados fosse parte essencial do
sacramento da Penitência. Ao conferir aos seus sacerdotes, no Domingo
da Ressurreição o poder de perdoar os pecados, Ele disse: “Àqueles a
quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados. Àqueles a quem
os retiverdes, ser-lhe-ão retidos (Jo 20,23). E, com a infinita sabedoria
de Deus, Jesus não disse essas palavras levianamente; e essas
palavras não têm sentido a não ser que pressuponham a acusação dos
pecados. Como é que os Apóstolos e os sacerdotes que os sucederiam
poderiam saber que pecados perdoar e que pecados não perdoar se não
soubessem que pecados eram esses? E como é que poderiam conhecer
esses pecados se não fosse o próprio pecador a manifestá-los?
O sacramento da Penitência é um dos maiores presentes que Deus
nos fez, um presente sem o qual não poderíamos passar e que sempre
teremos de agradecer.
Em primeiro lugar, ao requerer a explícita confissão dos nossos
pecados, Deus nos protege contra a universal fraqueza humana, que nos
leva a justificar-nos. Está muito bem dizer: “Na intimidade da minha alma,
direi a Deus que me arrependo, e Deus me perdoará”. Se nos fosse
pedido somente isso, seria muito fácil enganarmo-nos, pensando que
estávamos arrependidos, quando, na realidade, continuaríamos apegados
aos nossos pecados e os tornaríamos a cometer com a maior sem-
cerimônia. Mas quando temos que trazê-los à luz, quando temos que pôr-
nos de joelhos e manifestá-los de viva voz, então temos que enfrentar a
verdade. Já não é tão fácil que nos enganemos. Deus, que nos fez e sabe
com que facilidade nos enganamos, proporcionou-nos um bendito meio
para não nos iludirmos.
Outro dos benefícios da confissão é que nos
proporciona um conselho autorizado para as nossas
necessidades espirituais. Assim como um médico nos
ajuda com a sua ciência a curar e prevenir as doenças
físicas, na confissão encontramos um perito nos
males da alma, que nos prescreve os remédios e as
salvaguardas necessárias para conservarmos a saúde
espiritual e crescermos em santidade.
Também não é desprezível a ajuda psicológica que
obtemos na confissão, tal como a sensação de alívio
que se segue à manifestação dos nossos pecados,
a paz e o júbilo interiores que acompanham a
certeza de termos sido perdoados, a libertação dos
sentimentos de culpa que nos perturbavam e
desalentavam.
Depois de termos sido batizados, há uma só coisa
que nos pode separar de Deus: o pecado mortal, o
repúdio consciente e deliberado da vontade de Deus
em matéria grave. O principal fim do sacramento da
Penitência é restaurar na alma do pecador a vida
divina (a graça santificante) que havia perdido. Por
conseguinte, os pecados que devemos dizer na
confissão são todos os pecados mortais cometidos
depois do batismo e não confessados previamente.
Já que o pecado venial não extingue em nós a vida da graça,
não somos obrigados a mencioná-los na confissão. Mas é
muito proveitoso fazê-lo, ainda que não seja obrigatório:
nada nos pode dar maior certeza de terem sido perdoados
do que submetê-los à absolvição de um sacerdote; além
disso, no sacramento da Penitência recebemos graças
especiais, que nos dão forças para evitar esses pecados no
futuro. Mas é verdade que o pecado venial pode ser
perdoado fora da confissão por um ato de contrição sincero e
um propósito de emenda.
Perguntas
www.conhecendominhafe.blogspot.com.br
1. Por que existe um sacramento da Reconciliação?
2. Quais são os efeitos deste sacramento?
3. Quais são as condições para recebermos dignamente
este sacramento?
4. Quais os requisitos essenciais de um ato de contrição
genuíno?

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Os sacramentos da igreja - Aula 08

  • 2. Por que existe um sacramento da Reconciliação? Porque a nova vida da graça, recebida no Batismo, não suprimiu a fragilidade da natureza humana nem a inclinação para o pecado (isto é, a concupiscência). Cristo instituiu este sacramento para a conversão dos batizados que pelo pecado d’Ele se afastaram.
  • 3. Introdução A Penitência é o sacramento instituído por Jesus Cristo para perdoar os pecados cometidos depois do batismo. Ou, para dar uma definição mais longa e descritiva, podemos dizer que a Penitência é o sacramento pelo qual o sacerdote, como instrumento vivo de Deus, perdoa os pecados cometidos depois do batismo, quando o pecador está sinceramente arrependido, diz as suas faltas em confissão ao sacerdote e se submete à satisfação ou pena que este lhe impõe.
  • 5. A Penitência Toda a força da Penitência reside no fato de ela nos reconstituir na graça de Deus e de nos unir a Ele com a máxima amizade. O fim e o efeito deste sacramento são, pois, a reconciliação com Deus. Para aqueles que recebem o sacramento da Penitência com coração contrito e disposição religiosa, este sacramento é seguido da paz e da tranquilidade da consciência, acompanhadas duma grande consolação espiritual. Com efeito, o sacramento da reconciliação com Deus leva a uma verdadeira ressurreição espiritual, à restituição da dignidade e dos bens próprios da vida dos filhos de Deus, o mais precioso dos quais é a amizade do mesmo Deus.
  • 6. Se alguém vai confessar-se sem pecado mortal, nem por isso o sacramento é recebido em vão. Neste caso, a alma recebe um incremento de graça santificante, o que significa que se aprofunda e se fortalece nela aquela participação da vida divina pela qual está unida a Deus. E quer se esteja ou não em pecado mortal, são sempre perdoados todos os pecados veniais que o penitente tenha cometido e de que esteja arrependido.
  • 7. Além de restaurar ou aumentar a graça santificante e de perdoar os pecados mortais e veniais, que outras vantagens nos proporciona este sacramento? Se se trata de pecados mortais, é cancelado pela Penitência o castigo eterno que deles resulta inevitavelmente. Sabemos que quem rejeita Deus pelo pecado mortal e entra na eternidade impenitente, separa-se dEle para sempre; vai para o inferno. Mas quando Deus, no sacramento da Penitência, une outra vez essa alma a Si e a absolve do pecado mortal, elimina também o perigo de desastre eterno a que essa alma estava destinada.
  • 8. Ao mesmo tempo que perdoa o castigo eterno devido pelo pecado mortal, o sacramento da Penitência perdoa pelo menos parte da pena temporal devida pelo pecado. Esta pena temporal nasce da dívida de satisfação que contraio com Deus pelos meus pecados, mesmo depois de terem sido perdoados. Ou pagamos essa pena com orações, mortificações e outras boas ações feitas em estado de graça nesta vida, ou teremos que pagá-la no purgatório. Esta é a dívida que o sacramento da Penitência reduz, ao menos em parte, proporcionalmente ao grau do nosso arrependimento. Quanto mais fervorosas forem as nossas disposições, mais se reduzirá a satisfação temporal que devemos.
  • 9. Outro efeito do sacramento da Penitência é devolver-nos os méritos das boas obras que tenhamos feito e que se tenham perdido pelo pecado mortal. Como sabemos, toda a boa ação que realizamos em estado de graça santificante, com a intenção de agradar a Deus, é uma ação meritória, isto é, merece-nos um aumento de graça nesta vida e de glória no céu. Mesmo as ações mais simples – uma palavra amável, um gesto de cortesia – feitas com amor de Deus, causam esse efeito; muito mais as orações, missas e sacramentos. No entanto, o pecado mortal cancela todos esses méritos acumulados. Ao perdoar-nos o pecado mortal, Deus podia, em perfeita justiça, deixar que os nossos méritos passados continuassem perdidos para sempre. Mas, na sua bondade infinita, não o faz, não nos obriga a começar outra vez do princípio: o sacramento da Penitência não só perdoa os nossos pecados, como nos devolve também os méritos que tínhamos perdido voluntariamente.
  • 10. Finalmente, além de todos esses benefícios, o sacramento da Penitência dá-nos o direito a quaisquer graças atuais de que possamos necessitar – e na medida em que delas necessitamos – para podermos satisfazer os nossos pecados passados, e vencer as nossas tentações futuras. Esta é a “graça sacramental” especial da Penitência, que nos fortifica contra as recaídas do pecado. É o remédio espiritual que fortalece e ao mesmo tempo cura. Esta é a razão pela qual toda a pessoa desejosa de ter verdadeira vida interior sente necessidade de confessar-se com frequência. A confissão frequente é uma das melhores defesas contra o pecado mortal.
  • 11. Preparação da Confissão As condições para recebermos dignamente o sacramento da Penitência são cinco: o exame da nossa consciência, a contrição pelos nossos pecados, o firme propósito de não pecar daí por diante, a confissão dos nossos pecados ao sacerdote e a vontade de cumprir a penitência que o confessor nos impõe.
  • 12. O exame de consciência define-se como o esforço sincero por recordar todos os pecados cometidos desde a última confissão válida. Devemos cumprir essa tarefa antes de nos aproximarmos do confessionário. Se alguém tem dificuldade em examinar a sua consciência – por exemplo, por estar afastado da confissão há muito tempo ou por ter pouca formação religiosa – o sacerdote o ajudará. Mas o normal é ter os pecados antecipadamente preparados para desfilarem em revista perante o sacerdote, logo que este nos possa ouvir.
  • 13. Antes de mais nada, o nosso exame de consciência deve começar com uma oração fervorosa, pedindo ao Espírito Santo luzes para podermos reconhecer os nossos pecados claramente, confessá-los adequadamente e arrepender-nos sinceramente. Só depois dedicaremos a inventariá-los. Sem pressa nem nervosismos, repassaremos os mandamentos da lei de Deus e da Igreja e os nossos deveres particulares de estado, aplicando-os à nossa pessoa. Devemos preocupar- nos de recordar os pecados mortais se, infelizmente, existirem.
  • 14. Sem ser estritamente necessária, a confissão das faltas cotidianas (pecados veniais) é contudo vivamente recomendada pela Igreja. Com efeito, a confissão regular dos nossos pecados veniais ajuda-nos a formar a consciência, a lutar contra as más inclinações, a deixarmo- nos curar por Cristo, a progredir na vida do Espírito. Recebendo com mais frequência, neste sacramento, o dom da misericórdia do Pai, somos levados a ser misericordiosos como Ele.
  • 15. Antes de recebermos o sacramento da Penitência, é importante examinarmos bem a consciência; mas é mais importante ainda assegurarmo-nos de que temos dor sincera dos nossos pecados. Podemos esquecer-nos involuntariamente de confessar um pecado – até mortal – e mesmo assim fazer uma boa confissão, receber o perdão dos nossos pecados. Mas também podemos confessar todos os nossos pecados com a máxima precisão e, no entanto, sair do confessionário com eles na nossa alma, se não temos uma contrição sincera.
  • 16. Que é, pois, essa contrição tão essencial para recebermos validamente o sacramento da Penitência? A palavra contrição deriva do latim e significa “moer”, “pulverizar”. A ideia de pulverizar a pó o “eu” é a que nos leva a apresentar-nos diante de Deus com profunda humildade. O Concílio de Trento, que tratou amplamente do sacramento da Penitência, diz que a contrição é um pesar de coração e detestação do pecado cometido, com o propósito de nunca mais cometê-lo.
  • 17. Temos que distinguir duas espécies de contrição: a perfeita e a imperfeita. A diferença entre elas baseia-se nos motivos que as produzem, nos “porquês” do nosso arrependimento. A contrição perfeita é a dor dos pecados que nasce de um perfeito amor a Deus. Ama-se a Deus sobre todas as coisas por Ele mesmo, simplesmente por ser infinitamente bom e merecedor da nossa lealdade absoluta, e essa consideração nos leva ao pesar de O termos ofendido. Uma contrição perfeita perdoa o pecado mortal imediatamente, sempre que tenhamos a intenção de nos acusarmos dele na nossa próxima confissão.
  • 18. A contrição imperfeita é uma espécie de dor mais egoísta, mas deve ficar claro que não é uma má espécie de dor. Embora não tenha o poder de perdoar o pecado mortal fora da confissão, é uma dor suficientemente sincera para nos conseguir o perdão no sacramento da Penitência. Os motivos que inspiram a contrição imperfeita são o ódio ao pecado por ser essencialmente um mal, ou o temor à justiça divina: à perda do céu e ao desterro eterno no inferno.
  • 19. Ambas as espécies de contrição, a perfeita e a imperfeita, devem incluir, evidentemente, o firme propósito de não pecar daí para a frente. É óbvio que não estamos contritos de um pecado se continuamos dispostos a cometê-lo novamente, quando tivermos ocasião. Este propósito de não mais pecar deve, além disso, abranger todos os pecados mortais, não só os que se confessaram, e deve incluir todos os pecados veniais que confiamos nos sejam perdoados.
  • 20. A Contrição Como podemos, pois, saber se a nossa contrição é autêntica ou não? Quais os requisitos essenciais de um ato de contrição genuíno? Os teólogos enumeram quatro condições para isso. O primeiro e o mais evidente dos requisitos é que a contrição seja interior. Quando dizemos a Deus: “Sinto muito haver-Vos ofendido”, não fazemos um mero ato de cortesia nem apresentamos a obrigatória desculpa cortês. O nosso coração deve estar nas nossas palavras. Simplesmente devemos dizer o que dizemos. Mas isto não significa necessariamente que devamos sentir dor emocional. Como o amor, a dor é um ato da vontade, não um golpe de emoção. Assim como podemos amar a Deus sem experimentar sensações, podemos ter uma profunda dor dos nossos pecados sem sentir reação emocional alguma. Se com toda sinceridade nos determinamos a evitar tudo o que possa ofender a Deus, com a ajuda da sua graça, então temos contrição interior.
  • 21. A penitência interior é uma reorientação radical de toda a vida, um regresso, uma conversão a Deus de todo o nosso coração, uma rejeição do pecado, uma aversão ao mal, uma repugnância contra as más ações que cometemos. Ao mesmo tempo, implica o desejo e o propósito de mudar de vida, na esperança da misericórdia divina e na ajuda da sua graça. Esta conversão do coração é acompanhada por uma dor e uma tristeza salutares, a que os santos Padres chamaram animi cruciatus (aflição do espírito), compunctio cordis (arrependimento do coração).
  • 22. Além de interior, a nossa contrição deve ser sobrenatural. A nossa dor é sobrenatural quando nasce de considerações sobrenaturais; quer dizer, quando o seu “porquê” se baseia na fé em algumas verdades que Deus ensinou. Por exemplo, Deus disse-nos que devemos amá-lo sobre todas as coisas e que pecar é negar-lhe esse amor. Deus disse-nos que um pecado mortal causa a perda do céu e nos faz merecedores do inferno, e que o pecado venial deve ser reparado no purgatório. Disse-nos que o pecado é a causa de Jesus ter morrido na cruz e que é uma ofensa à bondade infinita de Deus. Disse-nos que o pecado é odioso por sua própria natureza. Quando a nossa dor se baseia nestas verdades que Deus revelou, é dor sobrenatural.
  • 23. Em terceiro lugar, a nossa dor deve ser suprema. Quer dizer, devemos encarar realmente o mal moral do pecado como o máximo mal que existe, maior que qualquer mal físico ou meramente natural que nos possa ocorrer. Significa que, quando dizemos a Deus que nos arrependemos dos nossos pecados, estamos dispostos, com a ajuda da sua graça, a sofrer qualquer coisa antes que ofendê-lo outra vez. A dor suprema não exclui um sincero temor de pecar outra vez, se fazemos depender a vitória apenas das nossas forças humanas. Pelo contrário, devemos desconfiar de nós e da nossa auto-suficiência; devemos reconhecer que dependemos da graça divina.
  • 24. Por último, a nossa dor – interior, sobrenatural e suprema – deve ser também universal. Isto significa que devemos arrepender-nos de todos os pecados mortais sem exceção. Um só pecado mortal nos separaria de Deus e nos privaria da graça santificante. Ou nos arrependemos de todos ou não poderemos recuperar a graça de Deus. Ou todos são perdoados ou nenhum.
  • 25. Não há ato de contrição verdadeiro se não se fizer acompanhar do propósito de emenda. Este propósito não é outra coisa senão a simples e sincera determinação de evitar o pecado no futuro, bem como as ocasiões próximas de pecado, tanto quanto nos seja possível. Sem esse propósito, não pode haver perdão dos pecados, nem mesmo dos veniais.
  • 26. Ocasião próxima de pecado é qualquer circunstância que nos possa levar a ele. Algumas ocasiões de pecado são próximas por sua própria natureza: livros e revistas declaradamente obscenos, por exemplo. Outras podem ser ocasiões próximas só para determinados indivíduos. Assim, um bar pode ser ocasião de pecado para quem tenha dificuldade de beber com moderação. Em geral, as experiências do passado podem dizer-nos perfeitamente quais são para nós as ocasiões próximas de pecado. Ao fazermos o ato de contrição, devemos renunciar resolutamente a todas essas ameaças ao nosso bem espiritual, quer provenham de pessoas, de lugares, de coisas ou de certas atividades.
  • 27. Sem dor não pode haver perdão, e sem propósito de emenda não pode haver dor genuína. Se alguém é culpado de pecados mortais, não basta que os diga ao confessor ou recite um ato de contrição rotineiro. Se não está sincera e firmemente resolvido a não tornar a cometer um pecado mortal, a sua confissão é um ato de hipocrisia; é uma confissão tão má como daquele que ocultasse conscientemente um ou mais pecados mortais ao confessor.
  • 28. Uma pessoa que tenha a desgraça de cair num hábito de pecado – seja de impureza, de ira, contra a castidade ou qualquer outra virtude – precisa de ter ideias absolutamente claras acerca do verdadeiro propósito de emenda: o que conta na confissão é este momento de agora e esta intenção de agora. Pode ser que depois haja mais tropeços e mais quedas, antes da vitória final. Mas o único pecador que é derrotado é aquele que deixa de lutar.
  • 29. Agradecer a Deus pela confissão Jesus quis que a acusação dos pecados fosse parte essencial do sacramento da Penitência. Ao conferir aos seus sacerdotes, no Domingo da Ressurreição o poder de perdoar os pecados, Ele disse: “Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados. Àqueles a quem os retiverdes, ser-lhe-ão retidos (Jo 20,23). E, com a infinita sabedoria de Deus, Jesus não disse essas palavras levianamente; e essas palavras não têm sentido a não ser que pressuponham a acusação dos pecados. Como é que os Apóstolos e os sacerdotes que os sucederiam poderiam saber que pecados perdoar e que pecados não perdoar se não soubessem que pecados eram esses? E como é que poderiam conhecer esses pecados se não fosse o próprio pecador a manifestá-los?
  • 30. O sacramento da Penitência é um dos maiores presentes que Deus nos fez, um presente sem o qual não poderíamos passar e que sempre teremos de agradecer. Em primeiro lugar, ao requerer a explícita confissão dos nossos pecados, Deus nos protege contra a universal fraqueza humana, que nos leva a justificar-nos. Está muito bem dizer: “Na intimidade da minha alma, direi a Deus que me arrependo, e Deus me perdoará”. Se nos fosse pedido somente isso, seria muito fácil enganarmo-nos, pensando que estávamos arrependidos, quando, na realidade, continuaríamos apegados aos nossos pecados e os tornaríamos a cometer com a maior sem- cerimônia. Mas quando temos que trazê-los à luz, quando temos que pôr- nos de joelhos e manifestá-los de viva voz, então temos que enfrentar a verdade. Já não é tão fácil que nos enganemos. Deus, que nos fez e sabe com que facilidade nos enganamos, proporcionou-nos um bendito meio para não nos iludirmos.
  • 31. Outro dos benefícios da confissão é que nos proporciona um conselho autorizado para as nossas necessidades espirituais. Assim como um médico nos ajuda com a sua ciência a curar e prevenir as doenças físicas, na confissão encontramos um perito nos males da alma, que nos prescreve os remédios e as salvaguardas necessárias para conservarmos a saúde espiritual e crescermos em santidade.
  • 32. Também não é desprezível a ajuda psicológica que obtemos na confissão, tal como a sensação de alívio que se segue à manifestação dos nossos pecados, a paz e o júbilo interiores que acompanham a certeza de termos sido perdoados, a libertação dos sentimentos de culpa que nos perturbavam e desalentavam.
  • 33. Depois de termos sido batizados, há uma só coisa que nos pode separar de Deus: o pecado mortal, o repúdio consciente e deliberado da vontade de Deus em matéria grave. O principal fim do sacramento da Penitência é restaurar na alma do pecador a vida divina (a graça santificante) que havia perdido. Por conseguinte, os pecados que devemos dizer na confissão são todos os pecados mortais cometidos depois do batismo e não confessados previamente.
  • 34. Já que o pecado venial não extingue em nós a vida da graça, não somos obrigados a mencioná-los na confissão. Mas é muito proveitoso fazê-lo, ainda que não seja obrigatório: nada nos pode dar maior certeza de terem sido perdoados do que submetê-los à absolvição de um sacerdote; além disso, no sacramento da Penitência recebemos graças especiais, que nos dão forças para evitar esses pecados no futuro. Mas é verdade que o pecado venial pode ser perdoado fora da confissão por um ato de contrição sincero e um propósito de emenda.
  • 36. www.conhecendominhafe.blogspot.com.br 1. Por que existe um sacramento da Reconciliação? 2. Quais são os efeitos deste sacramento? 3. Quais são as condições para recebermos dignamente este sacramento? 4. Quais os requisitos essenciais de um ato de contrição genuíno?