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FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS
A LEXICOGRAFIA COMO UMA TEORIA E
UMA PRÁTICA
Maputo – (2007)/...
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
Conteúdos:
1. O que é Lexicografia
2. A Lexicografia como teoria e prática
3. A Tipologia de dicionários
4. A Compilação e revisão de dicionários
5. A Publicação de dicionários
6. A planificação da produção de dicionários
1. O que é Lexicografia
•
Lexicografia:
a) Técnica de confecção de dicionários
b) Análise linguística dessa técnica
(Ambiguidade do termo)
• A prática lexicográfica é muito antiga. Primeiros testemunhos escritos:
glossários e nomenclatura.
(Primeiros dicionários exaustivos são posteriores à invenção da
imprensa)
• França (séc.17-18, 2ª metade do séc.19): grande número de dicionários
• A Lexicografia estuda os diferentes tipos de dicionários.
• A Lexicografia estuda:
- a micro-estrutura dos dicionários (a estrutura interna dos
verbetes)
- a sua macro-estrutura (elementos constituintes dos dicionários)
2. A Lexicografia como teoria e prática
(Hartmann 1995)
LEXICOGRAFIA
Como Teoria
(Pesquisa)
Como Prática
(Produção)
História
de dicio-
nários
Análise
crítica de
dcinários
Tipologia
de dic
Uso /
Finalidad
de dic
Estrutura
de dic.
Recolha
(Trblho
Campo)
Compila-
ção e
Revisão
Publica-
ção
I – SOBRE A PESQUISA LEXICOGRÁFICA
1. História de dicionários
• Muitos dicionários têm precursores e todos têm imitadores.
• Compreensão dos fundamentos históricos da compilação de
dicionários é um dos pré-requisitos para o progresso da Lexicografia
em termos académicos.
• Exemplo: “Breve historia da Lexicografia das línguas bantu faladas em
Mocambique” (Cap. 2 da Tese de Mestrado de Bento Sitoe, 1991)
(Enquadramento histórico, descrição, metodologias, problemas)
2. Análise crítica de dicionários:
• Guiões de Análise de dicionários com os seguintes aspectos:
a) Grau de inclusão
b) Problemas de conteúdo
c) Problemas de organização
DICIONÁRIOS
3. Tipologia de dicionários:
A - Ponto prévio: Tipologia de Textos para situarmos os dicionários no
diagrama que se segue: (Hartmann 1995)
TEXTO
de Estudo de Consulta
Compêndios Antologias Obras de Referência
Enciclopédias Obras de Referência de
orientação lexical
Índices Manuais de Concordâncias DICIONÁRIOS
utilização
Thesaurus Sinonímias Glossários
B - Breve caracterização de dicionários
• Os dicionários podem ser classificados segundo uma
óptica criteriológica defendida pelos linguistas de Berkeley
(Malkiel 1967)
• Três categorias de dicionários, quanto a: extensão,
perspectiva e apresentação (Bot Ba Njock, 1983:117ss)
a) A extensão (tamanho e âmbito do dicionário):
i. grau de cobertura do léxico;
ii. número de línguas envolvidas (dic. monolingues,
bilingues, trilingues ou multilingues);
iii. grau de concentração de informação nos
dados lexicais
b) A perspectiva (modo como o compilador encara o
seu trabalho e tipo de abordagem adoptada):
i. tipo de usuários em termos de a) seu perfil e suas
necessidades, b) estratégias para o acesso à informação
pelo usuário;
ii. dicionário descritivo ou prescritivo;
iii. natureza e conteúdo (dicionários temáticos ou
especializados; diacrónicos ou sincrónicos)
[Nota: Segundo Zgusta 1971, os dicionários diacrónicos são
históricos quando estudam as mudanças da forma e de
significados do léxico e serão etimológicos quando se
debruçam sobre a origem das palavras (pré-história das
palavras). Os dicionários sincrónicos dão conta do stock do
léxico de uma língua numa determinada fase do seu
desenvolvimento.]
iv. organização do material no dicionário (ordem alfabética;
por temas; por som (como nos dicionários de rimas); por
conceitos, ou ainda segundo outros meios e critérios)
c) A apresentação (concretização, em forma de dicionário,
dos objectivos e princípios pré-estabelecidos):
Estes princípios envolvem:
a) o estilo tipográfico,
b) os símbolos especiais e abreviaturas,
c) os meios de apresentação da informação gramatical,
semântica e extra-linguística,
d) forma de apresentação dos sentidos das unidades lexicais,
e) tipo de material ilustrativo (textos, gravuras), etc.
Cada uma destas categorias de caracterização de dicionários
que acabamos de apresentar pressupõe uma metodologia
própria, conforme os objectivos em vista.
C - Tipologia genética de dicionários (Rey 1970, 1977)
(roteiro com sete pontos válido para a descrição de dicionários na
medida em que os critérios apresentados orientam o lexicógrafo em
relação às decisões tomadas na preparação de um determinado tipo de
dicionário): (Miodunka 1989:251ss)
1) Os dados
Os dados podem ser:
a) observados (p.e. em dicionários com base num texto de um só autor,
ou numa língua morta);
b) produzidos ad hoc (pelo lexicógrafo) e/ou sobretudo pelos
informantes;
(Um modelo misto junta a estes, os dados observados.)
c) fornecidos de modo funcional (p.e. em dicionários sincrónicos de uma
língua, em textos orais e escritos).
d) fornecidos por diferentes sistemas funcionais (p.e. em dicionários
diacrónicos).
Os dados podem ter sido utilizados globalmente (p.e. na indexação de
todas as palavras que vêm numa obra literária) ou parcialmente, tendo-se
como critérios de selecção a intuição ou uma base objectiva (factor
quantitativo, p.e.).
2) Os verbetes
De acordo com ao perspectiva do dicionário, os verbetes podem vir:
a) da utilização do índice de um texto,
b) de unidades lexicais e/ou outras unidades tais como morfemas;
c) de idiomas, etc.
3) Elementos constitutivos do dicionário
São formados pelo conjunto funcional correspondente à língua (p.e.
dicionários gerais) e pelos subconjuntos:
a) Semio-cultural (semântico ou nocional - p.e. dicionário temático;
sociocultural - p.e. dicionário do calão entre ladrões);
b) de relações semânticas (p.e. dicionário de sinónimos) ou de relações
formais (p.e. dicionário de rimas).
No tratamento destes conjuntos, pode-se empregar o método extensivo
ou o método selectivo, segundo os critérios intuitivo e objectivo.
4) Sequência dos verbetes
Pode obedecer a:
a) uma ordem formal (p.e. dicionários alfabéticos);
b) uma ordem semântico-metalinguístico (nocional)
p.e. o Thesaurus de Roget;
metalinguístico (p.e. dicionário sistemático temático).
Os pontos 2, 3 e 4 constituem a Macroestrutura do dicionário.
5) Análise semântica funcional
Pode ser:
a) Explícita, abrangendo:
1) o plano de conteúdo (p.e. enciclopédias de uma língua ou de uma
língua natural + um sistema icónico, i.e., ilustração gráfica);
2) o plano formal (p.e. dicionários de língua, que podem ser mono-, bi-
ou multilingues).
b) Implícita, p.e., índice de palavras-chave, dicionários ortográficos;
com utilização global ou seleccionada de dados.
6) Informação não-semântica
Pode ser funcional (p.e. sobre distribuição; nível de linguagem, etc.); ou
funcional e não-funcional (p.e. etimológica, histórica, normativa, etc.).
Os Pontos 5 e 6 constituem a Microestrura e podem optar pelo modelo
extensivo (definições e equivalentes com informação detalhada), ou
selectivo (dicionário bilingue com palavras homólogas).
Na Microestrutura importa estudar as categorias da informação do
verbete quanto:
a) à Forma (ortografia, pronúncia, informação gramatical)
b) ao Sentido (significado; uso; etimologia), etc.
7) Exemplificação dos dados
Os dicionários podem vir sem material ilustrativo ou podem integrar
exemplos vindos do levantamento de textos (citações); produzido, ou
produzido e observado pelo lexicógrafo.
O material ilustrativo pode ser extraído da fala (sem informação do
lexicógrafo) ou elaborado pelo lexicógrafo para casos específicos a
ilustrar.
4. Recolha de dados, compilação e revisão do dicionário
A – Passos metodológicos para a recolha de dados e
compilação de um dicionário bilingue: (adaptados de Sitoe 1991)
1. Identificação do grupo alvo (usuários) do dicionário
2. Decisão sobre o tamanho (número aproximado de verbetes)
3. Decisão sobre apresentação do dicionário
4. Elaboração de um esquema de recolha e classificação de textos
5. Recolha e transcrição de dados (ficheiros informatizados)
6. Alistamento das unidades lexicais (programas informáticos)
7. Identificação e tratamento das unidades homógrafas, homónimas e
polissémicas
8. Redacção dos verbetes
(identificação, discriminação e hierarquização de sentidos; informação
diversa, exemplos e ilustrações;)
9. Organização do dicionário (introdução, apêndices, etc.)
10. Revisão cuidada dos dados introduzidos e impressão
11. Submissão do dicionário à apreciação de falantes, especialistas, etc.
12. Correcção final do dicionário (e publicação)
II – SOBRE A PRÁTICA LEXICOGRÁFICA
B - Ficha de revisão
(proposta em Bartholomew & Schoenhals, 1983:24 e Sitoe 1991)
1. O sistema ortográfico usado está de acordo com o aprovado?
2. A palavra proposta é o equivalente geral da unidade lexical,
ou aplicar-se-á apenas a um dos sentidos? (Pt. campo /Chg. kampu)
3. Será o equivalente escolhido por sua vez ambíguo?, i.e., com as suas
próprias discriminações de sentido? (Pt. apascentar /Chg. -bzisa)
4. Um comentário discriminativo ou um sinónimo poderá ajudar a tornar
o equivalente menos ambíguo? (Chg. –bzisa (pessoas) dirigir,
conduzir)
5. Estará a forma gramatical do equivalente em conflito com a da unidade
em estudo? (Pt. paz /Chg. kurhula (n.); -rhula (v.) estar quieto, calmo…)
6. Estará a esfera mínima de referência da unidade lexical coberta pelo
equivalente de modo que encaixe adequadamente no conceito em
estudo? (Pt. campo / Chg. kampu versus Pt. faca / Chg. xikhwa)
7. As definições e os comentários terão sido redigidos de modo adequado
e consistente?
8. Abreviaturas, símbolos e sistemas de remissão e cruzamento foram
usados de modo adequado e consistente?
III – ASPECTOS ORGANIZACIONAIS NA PRODUÇÃO DE
DICIONARIOS
5. A planificação da produção de dicionários
(Sitoe 1991 e Zgusta 1971)
a) Envolvimento e cometimento pessoal
• Decisão pessoal do lexicógrafo e de outras pessoas ligadas ao
projecto (proprietários) do projecto, coordenador, compiladores,
informantes e colaboradores;
• Recolha e transcrição de textos, extracção das unidades lexicais,
compilação do dicionário e acompanhamento da publicação: muitos
anos de trabalho
• Frustrações originadas pela extensão no tempo. “Remédio”:
combinação da actividade lexicográfica com outras actividades (p.e.
produção de gramáticas, manuais de ensino das línguas abrangidas,
recolha e divulgação de contos, provérbios e outras manifestações
culturais)
b) Sequência dos tipos de dicionários a serem produzidos
(Línguas moçambicanas ainda sem grande tradição de escrita mas em mudança: contacto
com outras línguas com a escrita muito desenvolvida)
• Primeiro passo: modestos dicionários bilingues (apropriação e consolidação da ortografia)
• Depois: dicionários bilingues de vulto (lg europeia – lg moçambicana)
• Mais tarde (20/50 anos): produção de dicionários monolingues
c) Cálculo do tempo de custos
• Raros projectos auto-financiam-se: mobilização de recursos financeiros
• Cálculo do tempo e de fundos para o projecto
• Amostras de trabalho inicial ajudam a avaliar tempo e custos reais
d) Infra-estruturas e equipamento
• A planificação = mobilização de recursos materiais. (espaço, equipamento, consumíveis e
serviços)
Ajuda externa / contribuição local: garantia de continuidade do projecto
e) Recursos humanos e coordenação
• Contraproducente um lexicógrafo trabalhar sozinho: uma equipa à volta do coordenador =
projecto seja bem sucedido.
• Planificação da formação do pessoal envolvido no projecto.
• Coordenação (intra- e inter equipas, p.e. comissões de línguas)
6. Publicação do dicionário:
A publicação do dicionário não é da responsabilidade directa do lexicógrafo mas este deve
acompanhar todo o processo para ajudar na tomada de decisões sobre questões
tipográficas e outras.
(Veja Zgusta 1971 para detalhes)
Bibliografia
Bartholomew, D.A. & Louise C. Schoenhals. 1983. Bilingual dictionaries for Indigenous Languages.
Mexico: Summer Institute of Linguistics.
Bot Ba Njock, H.M. 1983. Etapes d’elaboration d’un dictionnaire monolingue en langue africaine. In
Bulletin de l’ALELIA 6:117-126.
Corbeil, Jean-Claude & Ariane Archambault. 2006. The Firefly Spanish / English visual Dictionary.
New York: Firefly Books.
Hallig, Rudolf & Walther von Wartburg. 1963. Système raisonné dês concepts pour servir de base a la
Lexicographie – essai d’un schéma de classement. Berlin: Akademie-Verlag.
Hartmann, R.R.K. 1995. Lexicography – Theory and Practise. Comunicação apresentada no
Seminário Pré-Conferência da ALASA 95 em Stellenbosch.
Kavanagh, K. 2000. Words in cultural context. In Lexikos 10:99-118.
Kotzé, E. 1999. Translating culture in bilingual dictionaries. In Lexikos 9:86-107.
Landau, Sidney I. 1989. Dictionaries. The Art and Craft of Lexicography. New York: C. Scribner’s
Sons / Cambridge: C.U.P.
Malkiel, Y. 1967. A Typological Classification of Dictionaries on the Basis of Distinctive Features. In
Householder, F.W. & Sol Sapota (ed.). Problems in Lexicography. Bloomington: indiana University.
McArthur, T. (ed). 1992. The Oxford Companion to the English Language. Oxford: Oxford University
Press. Pg. 239.
Miodunka, W. 1989. Podstaw Leksykologii i Leksykografii. Warszawa: Państowe Wydawnictwo
naukowe.
Murphy, M. Lynne. 1996. Dictionaries and orthography in modern Africa. Lexikos 6:44-70.
Oxford-Duden. 1992. The Oxford-Duden Pictorial Portuguese-English Dictionary. Oxford: Clarendon
Press.
Prinsloo, D. J. 2001. The compilation of electronic dictionaries for the African languages. Lexikos.
11:139-159.
Sitoe, Bento. 1991. Lexicografia da língua Tsonga: Uma proposta metodológica. (Tese de Mestrado).
Universidade de Varsóvia.
Wierzbicka, Anna. 1985. Lexicography and conceptual analysis. Ann Arbor: Karoma Publishers, Inc.
Zgusta, Ladislav. 1971. Manual of Lexicography. Praha: Academia.

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  • 1. FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS A LEXICOGRAFIA COMO UMA TEORIA E UMA PRÁTICA Maputo – (2007)/... UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
  • 2. Conteúdos: 1. O que é Lexicografia 2. A Lexicografia como teoria e prática 3. A Tipologia de dicionários 4. A Compilação e revisão de dicionários 5. A Publicação de dicionários 6. A planificação da produção de dicionários
  • 3. 1. O que é Lexicografia • Lexicografia: a) Técnica de confecção de dicionários b) Análise linguística dessa técnica (Ambiguidade do termo) • A prática lexicográfica é muito antiga. Primeiros testemunhos escritos: glossários e nomenclatura. (Primeiros dicionários exaustivos são posteriores à invenção da imprensa) • França (séc.17-18, 2ª metade do séc.19): grande número de dicionários • A Lexicografia estuda os diferentes tipos de dicionários. • A Lexicografia estuda: - a micro-estrutura dos dicionários (a estrutura interna dos verbetes) - a sua macro-estrutura (elementos constituintes dos dicionários)
  • 4. 2. A Lexicografia como teoria e prática (Hartmann 1995) LEXICOGRAFIA Como Teoria (Pesquisa) Como Prática (Produção) História de dicio- nários Análise crítica de dcinários Tipologia de dic Uso / Finalidad de dic Estrutura de dic. Recolha (Trblho Campo) Compila- ção e Revisão Publica- ção
  • 5. I – SOBRE A PESQUISA LEXICOGRÁFICA 1. História de dicionários • Muitos dicionários têm precursores e todos têm imitadores. • Compreensão dos fundamentos históricos da compilação de dicionários é um dos pré-requisitos para o progresso da Lexicografia em termos académicos. • Exemplo: “Breve historia da Lexicografia das línguas bantu faladas em Mocambique” (Cap. 2 da Tese de Mestrado de Bento Sitoe, 1991) (Enquadramento histórico, descrição, metodologias, problemas) 2. Análise crítica de dicionários: • Guiões de Análise de dicionários com os seguintes aspectos: a) Grau de inclusão b) Problemas de conteúdo c) Problemas de organização
  • 6. DICIONÁRIOS 3. Tipologia de dicionários: A - Ponto prévio: Tipologia de Textos para situarmos os dicionários no diagrama que se segue: (Hartmann 1995) TEXTO de Estudo de Consulta Compêndios Antologias Obras de Referência Enciclopédias Obras de Referência de orientação lexical Índices Manuais de Concordâncias DICIONÁRIOS utilização Thesaurus Sinonímias Glossários
  • 7. B - Breve caracterização de dicionários • Os dicionários podem ser classificados segundo uma óptica criteriológica defendida pelos linguistas de Berkeley (Malkiel 1967) • Três categorias de dicionários, quanto a: extensão, perspectiva e apresentação (Bot Ba Njock, 1983:117ss) a) A extensão (tamanho e âmbito do dicionário): i. grau de cobertura do léxico; ii. número de línguas envolvidas (dic. monolingues, bilingues, trilingues ou multilingues); iii. grau de concentração de informação nos dados lexicais
  • 8. b) A perspectiva (modo como o compilador encara o seu trabalho e tipo de abordagem adoptada): i. tipo de usuários em termos de a) seu perfil e suas necessidades, b) estratégias para o acesso à informação pelo usuário; ii. dicionário descritivo ou prescritivo; iii. natureza e conteúdo (dicionários temáticos ou especializados; diacrónicos ou sincrónicos) [Nota: Segundo Zgusta 1971, os dicionários diacrónicos são históricos quando estudam as mudanças da forma e de significados do léxico e serão etimológicos quando se debruçam sobre a origem das palavras (pré-história das palavras). Os dicionários sincrónicos dão conta do stock do léxico de uma língua numa determinada fase do seu desenvolvimento.] iv. organização do material no dicionário (ordem alfabética; por temas; por som (como nos dicionários de rimas); por conceitos, ou ainda segundo outros meios e critérios)
  • 9. c) A apresentação (concretização, em forma de dicionário, dos objectivos e princípios pré-estabelecidos): Estes princípios envolvem: a) o estilo tipográfico, b) os símbolos especiais e abreviaturas, c) os meios de apresentação da informação gramatical, semântica e extra-linguística, d) forma de apresentação dos sentidos das unidades lexicais, e) tipo de material ilustrativo (textos, gravuras), etc. Cada uma destas categorias de caracterização de dicionários que acabamos de apresentar pressupõe uma metodologia própria, conforme os objectivos em vista.
  • 10. C - Tipologia genética de dicionários (Rey 1970, 1977) (roteiro com sete pontos válido para a descrição de dicionários na medida em que os critérios apresentados orientam o lexicógrafo em relação às decisões tomadas na preparação de um determinado tipo de dicionário): (Miodunka 1989:251ss) 1) Os dados Os dados podem ser: a) observados (p.e. em dicionários com base num texto de um só autor, ou numa língua morta); b) produzidos ad hoc (pelo lexicógrafo) e/ou sobretudo pelos informantes; (Um modelo misto junta a estes, os dados observados.) c) fornecidos de modo funcional (p.e. em dicionários sincrónicos de uma língua, em textos orais e escritos). d) fornecidos por diferentes sistemas funcionais (p.e. em dicionários diacrónicos). Os dados podem ter sido utilizados globalmente (p.e. na indexação de todas as palavras que vêm numa obra literária) ou parcialmente, tendo-se como critérios de selecção a intuição ou uma base objectiva (factor quantitativo, p.e.).
  • 11. 2) Os verbetes De acordo com ao perspectiva do dicionário, os verbetes podem vir: a) da utilização do índice de um texto, b) de unidades lexicais e/ou outras unidades tais como morfemas; c) de idiomas, etc. 3) Elementos constitutivos do dicionário São formados pelo conjunto funcional correspondente à língua (p.e. dicionários gerais) e pelos subconjuntos: a) Semio-cultural (semântico ou nocional - p.e. dicionário temático; sociocultural - p.e. dicionário do calão entre ladrões); b) de relações semânticas (p.e. dicionário de sinónimos) ou de relações formais (p.e. dicionário de rimas). No tratamento destes conjuntos, pode-se empregar o método extensivo ou o método selectivo, segundo os critérios intuitivo e objectivo.
  • 12. 4) Sequência dos verbetes Pode obedecer a: a) uma ordem formal (p.e. dicionários alfabéticos); b) uma ordem semântico-metalinguístico (nocional) p.e. o Thesaurus de Roget; metalinguístico (p.e. dicionário sistemático temático). Os pontos 2, 3 e 4 constituem a Macroestrutura do dicionário. 5) Análise semântica funcional Pode ser: a) Explícita, abrangendo: 1) o plano de conteúdo (p.e. enciclopédias de uma língua ou de uma língua natural + um sistema icónico, i.e., ilustração gráfica); 2) o plano formal (p.e. dicionários de língua, que podem ser mono-, bi- ou multilingues). b) Implícita, p.e., índice de palavras-chave, dicionários ortográficos; com utilização global ou seleccionada de dados.
  • 13. 6) Informação não-semântica Pode ser funcional (p.e. sobre distribuição; nível de linguagem, etc.); ou funcional e não-funcional (p.e. etimológica, histórica, normativa, etc.). Os Pontos 5 e 6 constituem a Microestrura e podem optar pelo modelo extensivo (definições e equivalentes com informação detalhada), ou selectivo (dicionário bilingue com palavras homólogas). Na Microestrutura importa estudar as categorias da informação do verbete quanto: a) à Forma (ortografia, pronúncia, informação gramatical) b) ao Sentido (significado; uso; etimologia), etc. 7) Exemplificação dos dados Os dicionários podem vir sem material ilustrativo ou podem integrar exemplos vindos do levantamento de textos (citações); produzido, ou produzido e observado pelo lexicógrafo. O material ilustrativo pode ser extraído da fala (sem informação do lexicógrafo) ou elaborado pelo lexicógrafo para casos específicos a ilustrar.
  • 14. 4. Recolha de dados, compilação e revisão do dicionário A – Passos metodológicos para a recolha de dados e compilação de um dicionário bilingue: (adaptados de Sitoe 1991) 1. Identificação do grupo alvo (usuários) do dicionário 2. Decisão sobre o tamanho (número aproximado de verbetes) 3. Decisão sobre apresentação do dicionário 4. Elaboração de um esquema de recolha e classificação de textos 5. Recolha e transcrição de dados (ficheiros informatizados) 6. Alistamento das unidades lexicais (programas informáticos) 7. Identificação e tratamento das unidades homógrafas, homónimas e polissémicas 8. Redacção dos verbetes (identificação, discriminação e hierarquização de sentidos; informação diversa, exemplos e ilustrações;) 9. Organização do dicionário (introdução, apêndices, etc.) 10. Revisão cuidada dos dados introduzidos e impressão 11. Submissão do dicionário à apreciação de falantes, especialistas, etc. 12. Correcção final do dicionário (e publicação) II – SOBRE A PRÁTICA LEXICOGRÁFICA
  • 15. B - Ficha de revisão (proposta em Bartholomew & Schoenhals, 1983:24 e Sitoe 1991) 1. O sistema ortográfico usado está de acordo com o aprovado? 2. A palavra proposta é o equivalente geral da unidade lexical, ou aplicar-se-á apenas a um dos sentidos? (Pt. campo /Chg. kampu) 3. Será o equivalente escolhido por sua vez ambíguo?, i.e., com as suas próprias discriminações de sentido? (Pt. apascentar /Chg. -bzisa) 4. Um comentário discriminativo ou um sinónimo poderá ajudar a tornar o equivalente menos ambíguo? (Chg. –bzisa (pessoas) dirigir, conduzir) 5. Estará a forma gramatical do equivalente em conflito com a da unidade em estudo? (Pt. paz /Chg. kurhula (n.); -rhula (v.) estar quieto, calmo…) 6. Estará a esfera mínima de referência da unidade lexical coberta pelo equivalente de modo que encaixe adequadamente no conceito em estudo? (Pt. campo / Chg. kampu versus Pt. faca / Chg. xikhwa) 7. As definições e os comentários terão sido redigidos de modo adequado e consistente? 8. Abreviaturas, símbolos e sistemas de remissão e cruzamento foram usados de modo adequado e consistente?
  • 16. III – ASPECTOS ORGANIZACIONAIS NA PRODUÇÃO DE DICIONARIOS 5. A planificação da produção de dicionários (Sitoe 1991 e Zgusta 1971) a) Envolvimento e cometimento pessoal • Decisão pessoal do lexicógrafo e de outras pessoas ligadas ao projecto (proprietários) do projecto, coordenador, compiladores, informantes e colaboradores; • Recolha e transcrição de textos, extracção das unidades lexicais, compilação do dicionário e acompanhamento da publicação: muitos anos de trabalho • Frustrações originadas pela extensão no tempo. “Remédio”: combinação da actividade lexicográfica com outras actividades (p.e. produção de gramáticas, manuais de ensino das línguas abrangidas, recolha e divulgação de contos, provérbios e outras manifestações culturais)
  • 17. b) Sequência dos tipos de dicionários a serem produzidos (Línguas moçambicanas ainda sem grande tradição de escrita mas em mudança: contacto com outras línguas com a escrita muito desenvolvida) • Primeiro passo: modestos dicionários bilingues (apropriação e consolidação da ortografia) • Depois: dicionários bilingues de vulto (lg europeia – lg moçambicana) • Mais tarde (20/50 anos): produção de dicionários monolingues c) Cálculo do tempo de custos • Raros projectos auto-financiam-se: mobilização de recursos financeiros • Cálculo do tempo e de fundos para o projecto • Amostras de trabalho inicial ajudam a avaliar tempo e custos reais d) Infra-estruturas e equipamento • A planificação = mobilização de recursos materiais. (espaço, equipamento, consumíveis e serviços) Ajuda externa / contribuição local: garantia de continuidade do projecto e) Recursos humanos e coordenação • Contraproducente um lexicógrafo trabalhar sozinho: uma equipa à volta do coordenador = projecto seja bem sucedido. • Planificação da formação do pessoal envolvido no projecto. • Coordenação (intra- e inter equipas, p.e. comissões de línguas) 6. Publicação do dicionário: A publicação do dicionário não é da responsabilidade directa do lexicógrafo mas este deve acompanhar todo o processo para ajudar na tomada de decisões sobre questões tipográficas e outras. (Veja Zgusta 1971 para detalhes)
  • 18. Bibliografia Bartholomew, D.A. & Louise C. Schoenhals. 1983. Bilingual dictionaries for Indigenous Languages. Mexico: Summer Institute of Linguistics. Bot Ba Njock, H.M. 1983. Etapes d’elaboration d’un dictionnaire monolingue en langue africaine. In Bulletin de l’ALELIA 6:117-126. Corbeil, Jean-Claude & Ariane Archambault. 2006. The Firefly Spanish / English visual Dictionary. New York: Firefly Books. Hallig, Rudolf & Walther von Wartburg. 1963. Système raisonné dês concepts pour servir de base a la Lexicographie – essai d’un schéma de classement. Berlin: Akademie-Verlag. Hartmann, R.R.K. 1995. Lexicography – Theory and Practise. Comunicação apresentada no Seminário Pré-Conferência da ALASA 95 em Stellenbosch. Kavanagh, K. 2000. Words in cultural context. In Lexikos 10:99-118. Kotzé, E. 1999. Translating culture in bilingual dictionaries. In Lexikos 9:86-107. Landau, Sidney I. 1989. Dictionaries. The Art and Craft of Lexicography. New York: C. Scribner’s Sons / Cambridge: C.U.P. Malkiel, Y. 1967. A Typological Classification of Dictionaries on the Basis of Distinctive Features. In Householder, F.W. & Sol Sapota (ed.). Problems in Lexicography. Bloomington: indiana University. McArthur, T. (ed). 1992. The Oxford Companion to the English Language. Oxford: Oxford University Press. Pg. 239. Miodunka, W. 1989. Podstaw Leksykologii i Leksykografii. Warszawa: Państowe Wydawnictwo naukowe. Murphy, M. Lynne. 1996. Dictionaries and orthography in modern Africa. Lexikos 6:44-70. Oxford-Duden. 1992. The Oxford-Duden Pictorial Portuguese-English Dictionary. Oxford: Clarendon Press. Prinsloo, D. J. 2001. The compilation of electronic dictionaries for the African languages. Lexikos. 11:139-159. Sitoe, Bento. 1991. Lexicografia da língua Tsonga: Uma proposta metodológica. (Tese de Mestrado). Universidade de Varsóvia. Wierzbicka, Anna. 1985. Lexicography and conceptual analysis. Ann Arbor: Karoma Publishers, Inc. Zgusta, Ladislav. 1971. Manual of Lexicography. Praha: Academia.