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CAPÍTULO 2                           CAPÍTULO 2


1. INTRODUÇÃO: REPROVAÇÃO DE KRISHNA, RÉPLICA E RENDIÇÃO DE ARJUNA (1 – 9)

  1.1. PRIMEIRA REPROVAÇÃO DE KRISHNA: 1 NÍVEL (1 – 3)
               Verso 1   Sañjaya disse: Vendo Arjuna cheio de compaixão, sua mente deprimida, seus
                         olhos rasos dágua, Madhusudana, Krshna, disse as seguintes palavras.
               Verso 2   A Suprema Personalidade de Deus disse: Meu querido Arjuna, como foi que
                         estas impurezas desenvolveram-se em você? Elas não condizem com um
                         homem que conhece o valor da vida. Elas não conduzem aos planetas
                         superiores, mas à infâmia.
               Verso 3   Ó filho de Prtha, não ceda a esta impotência degradante. Isto não lhe fica
                         bem. Abandona esta mesquinha fraqueza de coração e levante-se, ó
                         castigador do inimigo.

  1.2. REPLICA DE ARJUNA: ARGUMENTOS UTILITARISTAS,        DA   SUPERIORIDADE,   DA   RENÚNCIA   E DA
       DÚVIDA (4 – 6)
               Verso 4   Arjuna disse: Ó matador dos inimigos, ó matador de Madhu, como é que na
                         batalha posso contra-atacar com flechas homens como Bhisma e Drona, que
                         são dignos da minha adoração?
               Verso 5   É preferível viver mendigando neste mundo que viver à custa das vidas de
                         grandes almas que são meus mestres. Embora desejem conquistas terrenas,
                         eles são superiores. Se forem mortos, tudo o que desfrutarmos estará
                         manchado de sangue.
               Verso 6   Tampouco sabemos o que é melhor — vencê-los ou ser vencidos por eles. Se
                         matássemos os filhos de Dhritarastra, não nos importaríamos de viver.
                         Contudo, eles agora estão diante de nós no campo de batalha.

  1.3. RENDIÇÃO DE ARJUNA (7 – 9)
               Verso 7   Agora, estou confuso quanto ao meu dever e perdi toda a compostura devido
                         à reles fraqueza. Nesta condição, estou Lhe pedindo que me diga com certeza
                         o que é melhor para mim. Eis que sou Seu discípulo e uma alma rendida a
                         Você. Por favor, instrua-me.
               Verso 8   Não consigo descobrir um meio de afastar este pesar que está secando meus
                         sentidos. Não serei capaz de suprimi-lo nem mesmo que ganhe na Terra um
                         reino próspero e inigualável com soberania como a dos semideuses nos céus.
               Verso 9   Sañjaya disse: Tendo dito essas palavras, Arjuna, o castigador dos inimigos,
                         disse a Krshna: ―Govinda, não lutarei‖, e ficou calado.


2. SANKHYA, JNANA OU ―O QUE EXISTE?‖: ARGUMENTO DE KRISHNA DO 2º NÍVEL (10 – 30)

  2.1. O 2 NÍVEL: ALMA, FELICIDADE E AFLIÇÃO E LIBERAÇÃO (10 – 15)
               Verso 10 Ó descendente de Bharata, naquele momento, Krshna, no meio dos dois
                        exércitos, sorriu e disse as seguintes palavras ao desconsolado Arjuna.
               Verso 11 A Suprema Personalidade de Deus disse: Enquanto fala palavras sábias, você
                        está se lamentando pelo que não precisa se afligir. Os sábios não se lamentam
                        nem pelos vivos nem pelos mortos.
               Verso 12 Nunca houve um tempo em que Eu não existisse, nem você, nem todos esses
                        reis; e no futuro nenhum de nós deixará de existir.
               Verso 13 Assim como, neste corpo, a alma corporificada seguidamente passa da
                        infância à juventude e à velhice, do mesmo modo, chegando à morte, a alma


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passa para outro corpo. Uma pessoa ponderada não fica confusa com essa
                      mudança.
            Verso 14 Ó filho de Kunti, o aparecimento transitório de felicidade e aflição, e seu
                     desaparecimento no devido tempo, são como o aparecimento e o
                     desaparecimento das estações do inverno e do verão. Surgem da percepção
                     sensorial, ó descendente de Bharata, e é preciso aprender a tolerá-los sem
                     perturbar-se.
            Verso 15 Ó melhor entre os homens [Arjuna], quem não se deixa perturbar pela
                     felicidade ou aflição e que permanece estável em ambas as circunstâncias
                     decerto está qualificado para alcançar a liberação.

2.2. A NATUREZA SUPERIOR DA ALMA: ARGUMENTO DE KRISHNA DO 2º NÍVEL (16 – 25)
            Verso 16 Aqueles que são videntes da verdade concluíram que o não-existente [o corpo
                     material] não permanece e o eterno [a alma] não muda. Isto eles concluíram
                     estudando a natureza de ambos.
            Verso 17 Deves saber que aquilo que penetra o corpo inteiro é indestrutível. Ninguém
                     é capaz de destruir a alma imperecível.
            Verso 18 O corpo material da entidade viva indestrutível, imensurável e eterna decerto
                     chegará ao fim; portanto, lute, ó descendente de Bharata.
            Verso 19 Nem aquele que pensa que a entidade viva é o matador nem aquele que pensa
                     que ela é morta estão em conhecimento, pois o eu não mata nem é morto.
            Verso 20 Para a alma, em tempo algum existe nascimento ou morte. Ela não passou a
                     existir, não passa a existir e nem passará a existir. Ela é não nascida, eterna,
                     sempre-existente e primordial. Ela não morre quando o corpo morre.
            Verso 21 Ó Partha, como pode uma pessoa que sabe que a alma é indestrutível, eterna,
                     não-nascida e imutável matar alguém ou fazer com que outrem mate?
            Verso 22 Assim como alguém veste roupas novas, abandonando as antigas, a alma
                     aceita novos corpos materiais, abandonando os velhos e inúteis.
            Verso 23 A alma nunca pode ser despedaçada por arma alguma, tampouco pode ser
                     queimada pelo fogo, umedecida pela água ou enxugada pelo vento.
            Verso 24 Essa alma individual é inquebrável e indissolúvel, e não pode ser queimada
                     nem seca. Ela é permanente, está presente em toda parte, é imutável, imóvel e
                     eternamente a mesma.
            Verso 25 Diz-se que a alma é invisível, inconcebível e imutável. Sabendo disto, você
                     não deve se afligir por causa do corpo.

2.3. O ARGUMENTO MATERIALISTA E O ARGUMENTO DO 2º NÍVEL (26 – 30)
            Verso 26 Se, no entanto, você pensa que a alma [ou os sintomas de vida] sempre nasce
                     e morre para sempre, mesmo assim, não tem razão para lamentar, ó pessoa de
                     braços poderosos.
            Verso 27 Alguém que nasceu com certeza morrerá, e após a morte ele voltará a nascer.
                     Portanto, no inevitável cumprimento do dever, você não deve se lamentar.
            Verso 28 Todos os seres criados são imanifestos em seu começo, manifestos em seu
                     estado intermediário, e novamente imanifestos quando são aniquilados.
                     Entao, qual a necessidade de lamentação.
            Verso 29 Alguns consideram a alma como espantosa, outros descrevem-na como
                     espantosa, e alguns ouvem dizer que ela é espantosa, enquanto outros, mesmo
                     após ouvir sobre ela, não podem absolutamente compreendê-la.
            Verso 30 Ó descendente de Bharata, aquele que mora no corpo nunca pode ser morto.
                     Portanto, você não precisa afligir-se por nenhum ser vivo.




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3. ARGUMENTOS DE KRISHNA DO 1º NÍVEL (31 – 38)

  3.1. ARGUMENTO UTILITARISTA DHARMICO OU ARGUMENTO SAKAMA-KARMA (31 – 33)
              Verso 31 Considerando seu dever específico de ksatriya, você deve saber que não há
                       melhor ocupação para você do que lutar conforme determinam os princípios
                       religiosos; e assim não há necessidade de hesitação.
              Verso 32 Ó Partha, felizes são os ksatriyas a quem aparece essa oportunidade de lutar,
                       abrindo-lhes as portas dos planetas celestiais.
              Verso 33 Se, contudo, você não executar seu dever religioso e não lutar, então na certa
                       incorrerá em pecados por negligenciar seus deveres e assim perderá sua
                       reputação de lutador.

  3.2. ARGUMENTO UTILITARISTA SIMPLES (34 – 37)
              Verso 34 As pessoas sempre falarão de sua infâmia, e para alguém respeitável, a
                       desonra é pior do que a morte.
              Verso 35 Os grandes generais que têm na mais alta estima o seu nome e fama pensarão
                       que você deixou o campo de batalha simplesmente porque estava com medo,
                       e portanto irão considerá-lo insignificante.
              Verso 36 Seus inimigos irão descrevê-lo com muitas palavras indelicadas e
                       desdenharão sua habilidade. Que poderia ser mais doloroso para você?
              Verso 37 Ó filho de Kunti, ou você será morto no campo de batalha e alcançará os
                       planetas celestiais, ou conquistará e gozará o reino terrestre. Portanto,
                       levante-se com determinação e lute.

  3.3. ARGUMENTO NISKAMA-KARMA DE KRISHNA: PRELUDIO A KARMA-YOGA (38)
              Verso 38 Lute pelo simples fato de lutar, sem levar em consideração felicidade ou
                       aflição, perda ou ganho, vitória ou derrota— e adotando este procedimento
                       você nunca incorrerá em pecado.


4. KARMA-YOGA OU ―COMO AGIR?‖ (39 – 53)

  4.1. INTRODUÇÃO: DOIS ASPECTOS DA MESMA SABEDORIA (39 – 41)
              Verso 39 Até aqui, descrevi-lhe este conhecimento através do estudo analítico. Agora
                       ouça enquanto eu o explico em termos do trabalho sem resultados fruitivos.
                       Ó filho de Prtha, quando age com esse conhecimento, você pode libertar-se
                       do cativeiro decorrente das ações.
              Verso 40 Neste esforço, não há perda nem diminuição, e um pequeno progresso neste
                       caminho pode proteger a pessoa do mais perigoso tipo de medo.
              Verso 41 Aqueles que estão neste caminho são resolutos, e têm apenas um objetivo. Ó
                       amado filho dos Kurus, a inteligência daqueles que são irresolutos tem muitas
                       ramificações.




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4.2. DHARMA E OS VEDAS (42 – 46)
              Verso 42-43 Os homens de pouco conhecimento estão muitíssimo apegados às palavras
                       floridas dos Vedas, que recomendam várias atividades fruitivas àqueles que
                       desejam elevar-se aos planetas celestiais, com o consequente bom
                       nascimento, poder e assim por diante. Por estarem ávidos de gozo dos
                       sentidos e vida opulenta, eles dizem que isto é tudo o que existe.
              Verso 44 Nas mentes daqueles que estão muito apegados ao gozo dos sentidos e à
                       opulência material, e que se deixam confundir por estas coisas, não ocorre a
                       determinação resoluta de prestar serviço devocional ao Senhor Supremo.
              Verso 45 Os Vedas tratam principalmente do tema três modos da natureza material. Ó
                       Arjuna, torne-se transcendental a esses três modos. Liberte-se de todas as
                       dualidades e de todos os anseios advindos da busca de ganho e segurança e
                       estabeleça-se no eu.
              Verso 46 Todos os propósitos satisfeitos por um poço pequeno podem imediatamente
                       ser satisfeitos por um grande reservatório de água. De modo semelhante,
                       pode servir-se de todos os propósitos dos Vedas quem conhece o seu
                       propósito subjacente.

  4.3. KARMA-YOGA (47 – 51)
              Verso 47 Tens o direito de executar teu dever prescrito, mas não podes exigir os frutos
                       da ação. Jamais te consideres a causa dos resultados de tuas atividades, e
                       jamais te apegues ao não-cumprimento do teu dever.
              Verso 48 Desempenha teu dever com equilíbrio, ó Arjuna, abandonando todo o apego
                       a sucesso ou fracasso. Essa equanimidade chama-se yoga.
              Verso 49 Ó Dhanañjaya, através do serviço devocional, mantenha todas as atividades
                       abomináveis bem distantes, e com esta consciência, renda-se ao Senhor.
                       Aqueles que querem gozar o fruto de seu trabalho são mesquinhos.
              Verso 50 Um homem ocupado em serviço devocional livra-se tanto das boas quanto
                       das más ações, mesmo nesta vida. Portanto, empenhe-se na yoga, que é a arte
                       de todo o trabalho.
              Verso 51 Ocupando-se nesse serviço devocional ao Senhor, grandes sábios ou devotos
                       livram-se dos resultados do trabalho no mundo material. Desse modo, eles
                       transcendem ao ciclo de nascimentos e mortes e passam a viver além de todas
                       as misérias [voltando ao Supremo].

  4.4. O ESTÁGIO DE SAMADHI E OS VEDAS (52 – 53)
              Verso 52 Quando sua inteligência tiver cruzado a densa floresta da ilusão, você será
                       indiferente a tudo o que se ouviu e a tudo o que se há de ouvir.
              Verso 53 Quando sua mente deixar de perturbar-se pela linguagem florida dos Vedas, e
                       quando se fixar no transe da auto-realização, então você terá atingido a
                       consciência divina.


5. O STHITA-PRAJÏÄ E OS SENTIDOS (54 – 72)

  5.1. O STHITA-PRAJÏÄ (54 – 59)
              Verso 54 Arjuna disse: Ó Krshna, quais são os sintomas daquele cuja consciência está
                       absorta nessa transcendência? Como fala, e qual é sua linguagem? Como se
                       senta e como caminha?
              Verso 55 A Suprema Personalidade de Deus disse: Ó Partha, quando alguém desiste de
                       todas as variedades de desejo de gozo dos sentidos, que surgem da invenção
                       mental, e quando sua mente, assim purificada, encontra satisfação apenas no
                       eu, então se diz que ele está em consciência transcendental pura.




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Verso 56 Quem não deixa a mente se perturbar mesmo em meio às três classes de
                     misérias, nem se exulta quando há felicidade, e que está livre do apego, medo
                     e ira, é chamado um sábio de mente estável.
            Verso 57 No mundo material, quem não se deixa afetar pelo bem ou mal a que está
                     sujeito a obter, sem louvá-los nem desprezá-los, está firmemente fixo em
                     conhecimento perfeito.
            Verso 58 Aquele que é capaz de retirar seus sentidos dos objetos dos sentidos, assim
                     como a tartaruga recolhe seus membros para dentro da carapaça, está
                     firmemente fixo em consciência perfeita.
            Verso 59 A alma corporificada pode restringir-se do gozo dos sentidos, embora
                     permaneça o gosto pelos objetos dos sentidos. Porém, interrompendo tais
                     ocupações ao experimentar um gosto superior, ela se fixa em consciência.

5.2. OS SENTIDOS E CONTROLE DOS SENTIDOS (60 – 68)
            Verso 60 Os sentidos são tão fortes e impetuosos, ó Arjuna, que arrebatam à força
                     mesmo a mente de um homem de discriminação que se esforça por controlá-
                     los.
            Verso 61 Aquele que restringe os sentidos, mantendo-os sob completo controle, e fixa
                     sua consciência em Mim, é conhecido como homem de inteligência estável.
            Verso 62 Enquanto contempla os objetos dos sentidos, a pessoa desenvolve apego a
                     eles, e de tal apego se desenvolve a luxúria, e da luxúria surge a ira.
            Verso 63 Da ira, surge completa ilusão, e da ilusão, a confusão da memória. Quando a
                     memória está confusa, perde-se a inteligência, e ao perder a inteligência, cai-
                     se de novo no poço material.
            Verso 64 Mas quem está livre de todo o apego e aversão e é capaz de controlar seus
                     sentidos através dos princípios reguladores com os quais se obtém a liberdade
                     pode receber a completa misericórdia do Senhor.
            Verso 65 Para alguém que sente essa alegria [a consciência de Krshna], as três classes
                     de misérias da existência material deixam de existir; nessa consciência
                     jubilosa, a inteligência logo torna-se resoluta.
            Verso 66 Quem não está vinculado ao Supremo [em consciência de Krshna] não pode
                     ter inteligência transcendental nem mente estável, sem as quais não há
                     possibilidade de paz. E como pode haver alguma felicidade sem paz?
            Verso 67 Assim como um vento forte arrasta um barco na água, mesmo um só dos
                     sentidos errantes em que a mente se detenha pode arrebatar a inteligência de
                     um homem.
            Verso 68 Portanto, ó pessoa de braços poderosos, o indivíduo cujos sentidos são
                     restringidos de seus objetos com certeza tem a inteligência estável.

5.3. CONCLUSÃO (69 – 72)
            Verso 69 Aquilo que é noite para todos os seres é a hora de despertar para o
                     autocontrolado; e a hora de despertar para todos os seres é noite para o sábio
                     introspectivo.
            Verso 70 Só quem não se perturba com o incessante fluxo de desejos — que são como
                     rios que entram no oceano, que está sempre sendo enchido mas nunca se
                     agita — pode alcançar a paz, e não o homem que luta para satisfazer esses
                     desejos.
            Verso 71 Aquele que abandonou todos os desejos de gozo dos sentidos, que vive livre
                     de desejos, que abandonou todo o sentimento de propriedade e não tem falso
                     ego — só ele pode conseguir a paz verdadeira.




Estrutura da Bhagavad-gita,                 por    Rama      Carita das             CAPÍTULO 2 | 5
Verso 72 Este é o caminho da vida espiritual e piedosa, e o homem que a alcança não
                 se confunde. Se, mesmo somente à hora da morte, ele atinge essa posição,
                 pode entrar no reino de Deus.




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Capitulo 2

  • 1. CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 2 1. INTRODUÇÃO: REPROVAÇÃO DE KRISHNA, RÉPLICA E RENDIÇÃO DE ARJUNA (1 – 9) 1.1. PRIMEIRA REPROVAÇÃO DE KRISHNA: 1 NÍVEL (1 – 3) Verso 1 Sañjaya disse: Vendo Arjuna cheio de compaixão, sua mente deprimida, seus olhos rasos dágua, Madhusudana, Krshna, disse as seguintes palavras. Verso 2 A Suprema Personalidade de Deus disse: Meu querido Arjuna, como foi que estas impurezas desenvolveram-se em você? Elas não condizem com um homem que conhece o valor da vida. Elas não conduzem aos planetas superiores, mas à infâmia. Verso 3 Ó filho de Prtha, não ceda a esta impotência degradante. Isto não lhe fica bem. Abandona esta mesquinha fraqueza de coração e levante-se, ó castigador do inimigo. 1.2. REPLICA DE ARJUNA: ARGUMENTOS UTILITARISTAS, DA SUPERIORIDADE, DA RENÚNCIA E DA DÚVIDA (4 – 6) Verso 4 Arjuna disse: Ó matador dos inimigos, ó matador de Madhu, como é que na batalha posso contra-atacar com flechas homens como Bhisma e Drona, que são dignos da minha adoração? Verso 5 É preferível viver mendigando neste mundo que viver à custa das vidas de grandes almas que são meus mestres. Embora desejem conquistas terrenas, eles são superiores. Se forem mortos, tudo o que desfrutarmos estará manchado de sangue. Verso 6 Tampouco sabemos o que é melhor — vencê-los ou ser vencidos por eles. Se matássemos os filhos de Dhritarastra, não nos importaríamos de viver. Contudo, eles agora estão diante de nós no campo de batalha. 1.3. RENDIÇÃO DE ARJUNA (7 – 9) Verso 7 Agora, estou confuso quanto ao meu dever e perdi toda a compostura devido à reles fraqueza. Nesta condição, estou Lhe pedindo que me diga com certeza o que é melhor para mim. Eis que sou Seu discípulo e uma alma rendida a Você. Por favor, instrua-me. Verso 8 Não consigo descobrir um meio de afastar este pesar que está secando meus sentidos. Não serei capaz de suprimi-lo nem mesmo que ganhe na Terra um reino próspero e inigualável com soberania como a dos semideuses nos céus. Verso 9 Sañjaya disse: Tendo dito essas palavras, Arjuna, o castigador dos inimigos, disse a Krshna: ―Govinda, não lutarei‖, e ficou calado. 2. SANKHYA, JNANA OU ―O QUE EXISTE?‖: ARGUMENTO DE KRISHNA DO 2º NÍVEL (10 – 30) 2.1. O 2 NÍVEL: ALMA, FELICIDADE E AFLIÇÃO E LIBERAÇÃO (10 – 15) Verso 10 Ó descendente de Bharata, naquele momento, Krshna, no meio dos dois exércitos, sorriu e disse as seguintes palavras ao desconsolado Arjuna. Verso 11 A Suprema Personalidade de Deus disse: Enquanto fala palavras sábias, você está se lamentando pelo que não precisa se afligir. Os sábios não se lamentam nem pelos vivos nem pelos mortos. Verso 12 Nunca houve um tempo em que Eu não existisse, nem você, nem todos esses reis; e no futuro nenhum de nós deixará de existir. Verso 13 Assim como, neste corpo, a alma corporificada seguidamente passa da infância à juventude e à velhice, do mesmo modo, chegando à morte, a alma Estrutura da Bhagavad-gita, por Rama Carita das CAPÍTULO 2 | 1
  • 2. passa para outro corpo. Uma pessoa ponderada não fica confusa com essa mudança. Verso 14 Ó filho de Kunti, o aparecimento transitório de felicidade e aflição, e seu desaparecimento no devido tempo, são como o aparecimento e o desaparecimento das estações do inverno e do verão. Surgem da percepção sensorial, ó descendente de Bharata, e é preciso aprender a tolerá-los sem perturbar-se. Verso 15 Ó melhor entre os homens [Arjuna], quem não se deixa perturbar pela felicidade ou aflição e que permanece estável em ambas as circunstâncias decerto está qualificado para alcançar a liberação. 2.2. A NATUREZA SUPERIOR DA ALMA: ARGUMENTO DE KRISHNA DO 2º NÍVEL (16 – 25) Verso 16 Aqueles que são videntes da verdade concluíram que o não-existente [o corpo material] não permanece e o eterno [a alma] não muda. Isto eles concluíram estudando a natureza de ambos. Verso 17 Deves saber que aquilo que penetra o corpo inteiro é indestrutível. Ninguém é capaz de destruir a alma imperecível. Verso 18 O corpo material da entidade viva indestrutível, imensurável e eterna decerto chegará ao fim; portanto, lute, ó descendente de Bharata. Verso 19 Nem aquele que pensa que a entidade viva é o matador nem aquele que pensa que ela é morta estão em conhecimento, pois o eu não mata nem é morto. Verso 20 Para a alma, em tempo algum existe nascimento ou morte. Ela não passou a existir, não passa a existir e nem passará a existir. Ela é não nascida, eterna, sempre-existente e primordial. Ela não morre quando o corpo morre. Verso 21 Ó Partha, como pode uma pessoa que sabe que a alma é indestrutível, eterna, não-nascida e imutável matar alguém ou fazer com que outrem mate? Verso 22 Assim como alguém veste roupas novas, abandonando as antigas, a alma aceita novos corpos materiais, abandonando os velhos e inúteis. Verso 23 A alma nunca pode ser despedaçada por arma alguma, tampouco pode ser queimada pelo fogo, umedecida pela água ou enxugada pelo vento. Verso 24 Essa alma individual é inquebrável e indissolúvel, e não pode ser queimada nem seca. Ela é permanente, está presente em toda parte, é imutável, imóvel e eternamente a mesma. Verso 25 Diz-se que a alma é invisível, inconcebível e imutável. Sabendo disto, você não deve se afligir por causa do corpo. 2.3. O ARGUMENTO MATERIALISTA E O ARGUMENTO DO 2º NÍVEL (26 – 30) Verso 26 Se, no entanto, você pensa que a alma [ou os sintomas de vida] sempre nasce e morre para sempre, mesmo assim, não tem razão para lamentar, ó pessoa de braços poderosos. Verso 27 Alguém que nasceu com certeza morrerá, e após a morte ele voltará a nascer. Portanto, no inevitável cumprimento do dever, você não deve se lamentar. Verso 28 Todos os seres criados são imanifestos em seu começo, manifestos em seu estado intermediário, e novamente imanifestos quando são aniquilados. Entao, qual a necessidade de lamentação. Verso 29 Alguns consideram a alma como espantosa, outros descrevem-na como espantosa, e alguns ouvem dizer que ela é espantosa, enquanto outros, mesmo após ouvir sobre ela, não podem absolutamente compreendê-la. Verso 30 Ó descendente de Bharata, aquele que mora no corpo nunca pode ser morto. Portanto, você não precisa afligir-se por nenhum ser vivo. Estrutura da Bhagavad-gita, por Rama Carita das CAPÍTULO 2 | 2
  • 3. 3. ARGUMENTOS DE KRISHNA DO 1º NÍVEL (31 – 38) 3.1. ARGUMENTO UTILITARISTA DHARMICO OU ARGUMENTO SAKAMA-KARMA (31 – 33) Verso 31 Considerando seu dever específico de ksatriya, você deve saber que não há melhor ocupação para você do que lutar conforme determinam os princípios religiosos; e assim não há necessidade de hesitação. Verso 32 Ó Partha, felizes são os ksatriyas a quem aparece essa oportunidade de lutar, abrindo-lhes as portas dos planetas celestiais. Verso 33 Se, contudo, você não executar seu dever religioso e não lutar, então na certa incorrerá em pecados por negligenciar seus deveres e assim perderá sua reputação de lutador. 3.2. ARGUMENTO UTILITARISTA SIMPLES (34 – 37) Verso 34 As pessoas sempre falarão de sua infâmia, e para alguém respeitável, a desonra é pior do que a morte. Verso 35 Os grandes generais que têm na mais alta estima o seu nome e fama pensarão que você deixou o campo de batalha simplesmente porque estava com medo, e portanto irão considerá-lo insignificante. Verso 36 Seus inimigos irão descrevê-lo com muitas palavras indelicadas e desdenharão sua habilidade. Que poderia ser mais doloroso para você? Verso 37 Ó filho de Kunti, ou você será morto no campo de batalha e alcançará os planetas celestiais, ou conquistará e gozará o reino terrestre. Portanto, levante-se com determinação e lute. 3.3. ARGUMENTO NISKAMA-KARMA DE KRISHNA: PRELUDIO A KARMA-YOGA (38) Verso 38 Lute pelo simples fato de lutar, sem levar em consideração felicidade ou aflição, perda ou ganho, vitória ou derrota— e adotando este procedimento você nunca incorrerá em pecado. 4. KARMA-YOGA OU ―COMO AGIR?‖ (39 – 53) 4.1. INTRODUÇÃO: DOIS ASPECTOS DA MESMA SABEDORIA (39 – 41) Verso 39 Até aqui, descrevi-lhe este conhecimento através do estudo analítico. Agora ouça enquanto eu o explico em termos do trabalho sem resultados fruitivos. Ó filho de Prtha, quando age com esse conhecimento, você pode libertar-se do cativeiro decorrente das ações. Verso 40 Neste esforço, não há perda nem diminuição, e um pequeno progresso neste caminho pode proteger a pessoa do mais perigoso tipo de medo. Verso 41 Aqueles que estão neste caminho são resolutos, e têm apenas um objetivo. Ó amado filho dos Kurus, a inteligência daqueles que são irresolutos tem muitas ramificações. Estrutura da Bhagavad-gita, por Rama Carita das CAPÍTULO 2 | 3
  • 4. 4.2. DHARMA E OS VEDAS (42 – 46) Verso 42-43 Os homens de pouco conhecimento estão muitíssimo apegados às palavras floridas dos Vedas, que recomendam várias atividades fruitivas àqueles que desejam elevar-se aos planetas celestiais, com o consequente bom nascimento, poder e assim por diante. Por estarem ávidos de gozo dos sentidos e vida opulenta, eles dizem que isto é tudo o que existe. Verso 44 Nas mentes daqueles que estão muito apegados ao gozo dos sentidos e à opulência material, e que se deixam confundir por estas coisas, não ocorre a determinação resoluta de prestar serviço devocional ao Senhor Supremo. Verso 45 Os Vedas tratam principalmente do tema três modos da natureza material. Ó Arjuna, torne-se transcendental a esses três modos. Liberte-se de todas as dualidades e de todos os anseios advindos da busca de ganho e segurança e estabeleça-se no eu. Verso 46 Todos os propósitos satisfeitos por um poço pequeno podem imediatamente ser satisfeitos por um grande reservatório de água. De modo semelhante, pode servir-se de todos os propósitos dos Vedas quem conhece o seu propósito subjacente. 4.3. KARMA-YOGA (47 – 51) Verso 47 Tens o direito de executar teu dever prescrito, mas não podes exigir os frutos da ação. Jamais te consideres a causa dos resultados de tuas atividades, e jamais te apegues ao não-cumprimento do teu dever. Verso 48 Desempenha teu dever com equilíbrio, ó Arjuna, abandonando todo o apego a sucesso ou fracasso. Essa equanimidade chama-se yoga. Verso 49 Ó Dhanañjaya, através do serviço devocional, mantenha todas as atividades abomináveis bem distantes, e com esta consciência, renda-se ao Senhor. Aqueles que querem gozar o fruto de seu trabalho são mesquinhos. Verso 50 Um homem ocupado em serviço devocional livra-se tanto das boas quanto das más ações, mesmo nesta vida. Portanto, empenhe-se na yoga, que é a arte de todo o trabalho. Verso 51 Ocupando-se nesse serviço devocional ao Senhor, grandes sábios ou devotos livram-se dos resultados do trabalho no mundo material. Desse modo, eles transcendem ao ciclo de nascimentos e mortes e passam a viver além de todas as misérias [voltando ao Supremo]. 4.4. O ESTÁGIO DE SAMADHI E OS VEDAS (52 – 53) Verso 52 Quando sua inteligência tiver cruzado a densa floresta da ilusão, você será indiferente a tudo o que se ouviu e a tudo o que se há de ouvir. Verso 53 Quando sua mente deixar de perturbar-se pela linguagem florida dos Vedas, e quando se fixar no transe da auto-realização, então você terá atingido a consciência divina. 5. O STHITA-PRAJÏÄ E OS SENTIDOS (54 – 72) 5.1. O STHITA-PRAJÏÄ (54 – 59) Verso 54 Arjuna disse: Ó Krshna, quais são os sintomas daquele cuja consciência está absorta nessa transcendência? Como fala, e qual é sua linguagem? Como se senta e como caminha? Verso 55 A Suprema Personalidade de Deus disse: Ó Partha, quando alguém desiste de todas as variedades de desejo de gozo dos sentidos, que surgem da invenção mental, e quando sua mente, assim purificada, encontra satisfação apenas no eu, então se diz que ele está em consciência transcendental pura. Estrutura da Bhagavad-gita, por Rama Carita das CAPÍTULO 2 | 4
  • 5. Verso 56 Quem não deixa a mente se perturbar mesmo em meio às três classes de misérias, nem se exulta quando há felicidade, e que está livre do apego, medo e ira, é chamado um sábio de mente estável. Verso 57 No mundo material, quem não se deixa afetar pelo bem ou mal a que está sujeito a obter, sem louvá-los nem desprezá-los, está firmemente fixo em conhecimento perfeito. Verso 58 Aquele que é capaz de retirar seus sentidos dos objetos dos sentidos, assim como a tartaruga recolhe seus membros para dentro da carapaça, está firmemente fixo em consciência perfeita. Verso 59 A alma corporificada pode restringir-se do gozo dos sentidos, embora permaneça o gosto pelos objetos dos sentidos. Porém, interrompendo tais ocupações ao experimentar um gosto superior, ela se fixa em consciência. 5.2. OS SENTIDOS E CONTROLE DOS SENTIDOS (60 – 68) Verso 60 Os sentidos são tão fortes e impetuosos, ó Arjuna, que arrebatam à força mesmo a mente de um homem de discriminação que se esforça por controlá- los. Verso 61 Aquele que restringe os sentidos, mantendo-os sob completo controle, e fixa sua consciência em Mim, é conhecido como homem de inteligência estável. Verso 62 Enquanto contempla os objetos dos sentidos, a pessoa desenvolve apego a eles, e de tal apego se desenvolve a luxúria, e da luxúria surge a ira. Verso 63 Da ira, surge completa ilusão, e da ilusão, a confusão da memória. Quando a memória está confusa, perde-se a inteligência, e ao perder a inteligência, cai- se de novo no poço material. Verso 64 Mas quem está livre de todo o apego e aversão e é capaz de controlar seus sentidos através dos princípios reguladores com os quais se obtém a liberdade pode receber a completa misericórdia do Senhor. Verso 65 Para alguém que sente essa alegria [a consciência de Krshna], as três classes de misérias da existência material deixam de existir; nessa consciência jubilosa, a inteligência logo torna-se resoluta. Verso 66 Quem não está vinculado ao Supremo [em consciência de Krshna] não pode ter inteligência transcendental nem mente estável, sem as quais não há possibilidade de paz. E como pode haver alguma felicidade sem paz? Verso 67 Assim como um vento forte arrasta um barco na água, mesmo um só dos sentidos errantes em que a mente se detenha pode arrebatar a inteligência de um homem. Verso 68 Portanto, ó pessoa de braços poderosos, o indivíduo cujos sentidos são restringidos de seus objetos com certeza tem a inteligência estável. 5.3. CONCLUSÃO (69 – 72) Verso 69 Aquilo que é noite para todos os seres é a hora de despertar para o autocontrolado; e a hora de despertar para todos os seres é noite para o sábio introspectivo. Verso 70 Só quem não se perturba com o incessante fluxo de desejos — que são como rios que entram no oceano, que está sempre sendo enchido mas nunca se agita — pode alcançar a paz, e não o homem que luta para satisfazer esses desejos. Verso 71 Aquele que abandonou todos os desejos de gozo dos sentidos, que vive livre de desejos, que abandonou todo o sentimento de propriedade e não tem falso ego — só ele pode conseguir a paz verdadeira. Estrutura da Bhagavad-gita, por Rama Carita das CAPÍTULO 2 | 5
  • 6. Verso 72 Este é o caminho da vida espiritual e piedosa, e o homem que a alcança não se confunde. Se, mesmo somente à hora da morte, ele atinge essa posição, pode entrar no reino de Deus. Estrutura da Bhagavad-gita, por Rama Carita das CAPÍTULO 2 | 6