1. OPINIÃO
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À espera
Continuamos à espera de quê?
Esta pergunta tem inevitavelmente de se fazer
à sociedade portuguesa e em particular aos seus
decisores políticos.
Toda a gente já entendeu que o caminho da aus-
teridade está hoje bloqueado.
Estamos em plena armadilha
da austeridade. A austerida-
de excessiva, na dose em que
foi aplicada no actual progra-
ma de ajustamento, cria rapi-
damente condições para que
deixe de ser eficaz. De facto,
na situação actual portuguesa,
qualquer reforço da austeri-
dade será contraproducente
mesmo em relação aos objecti-
vos supostamente prioritários,
como é o da redução do peso
da dúvida pública no PIB.
Cortar 4,7 mil milhões de eu-
ros na despesa pública nestas
condições não vai ajudar em nada ao cumpri-
mento do objectivo e pode aprofundar a reces-
são numa dimensão difícil de prever.
Por outro lado, toda a gente também compreen-
deu que vamos enfrentar a passagem do fim do
resgate para o financiamento nos mercados em
péssima situação económica e sem que esteja
resolvido, longe disso, o problema das finanças
públicas. O que é que isso implicará? Um novo
resgate? Condições ainda mais gravosas para que
possamos aceder ao apoio do
Banco Central Europeu? Conti-
nuamos à espera que alguém
nos diga como vai ser.
Só não entende quem não
quer que, nas condições que
vigoram na zona euro, a nos-
sa permanência na moeda
única nos condenará à estag-
nação por décadas e ao defi-
nhamento demográfico. Mas
continuamos à espera que,
por um milagre, a União re-
volucione as instituições do
euro de acordo com os nossos
interesses.
Não equacionar alternativas
por fala de coragem. Persistir no que se vê não
tem futuro, à espera de um milagre. Estes são
ingredientes habituais na decadência dos paí-
ses. Mesmo daqueles que têm nove séculos de
História.
Nas condições que vigoram
na zona euro, a nossa
permanência na moeda
única nos condenará à
estagnação por décadas
e ao definhamento
demográfico. Mas
continuamos à espera que,
por um milagre, a União
revolucione as instituições
do euro de acordo com os
nossos interesses
João Ferreira do Amaral
Economista
r/com renascença comunicação multimédia, 2013
Ponte da Arrábida
Inauguração foi há 50 anos
Maria João Cunha»
No princípio, eram as pontes das barcas. Mas vieram as
invasões francesas, a grande catástrofe, e o tempera-
mento do rio não dava azo ao sustento de 33 barcaças
ligadas por cabos de aço.
Veio, depopis, a Ponte Pênsíl, iluminada a petróleo
quando não havia luar. Depois, fez-se a Ponte de D.
Maria, na estreia de Gustave Eiffel no Porto. Ainda no
século XIX, surgiu a Ponte D. Luís. Custou 369 contos.
Mas estamos, agora, no séc. XX, segunda metade. Im-
põe-se uma nova travessia rodoviária, a primeira ponte
da modernidade, na cidade das pontes. A encomenda é
feita ao “engenheiro das pontes” que então se projec-
tava, à medida das suas obras. Edgar Cardoso assina um
projecto arrojado, a bater recordes mundiais. Agrada
ao Estado Novo, que, assim, patrocina a primeira ponte
verdadeiramente nacional. Integralmente concebida e
construída pela engenharia portuguesa.
A constru-
ção co-
meça em
Maio de
1957. Das
margens,
graníticas
e rochosas, há-de fazer-se o cimento. E nelas hão-de
nascer grandes maciços de betão armado, para apoiar
a ponte.
Ponte em arco, com tabuleiro superior, comprimento
de quase 500 metros. É, então, o maior vão de be-
tão armado do mundo - 270 metros entre os apoios nas
margens do rio. O tabuleiro eleva-se 70 metros acima
do nível médio das águas. A inauguração foi a 22 de
Junho de 1963.
Conheça a história com detalhe, na reportagem da Re-
nascença V+, em vmais.rr.sapo.pt.
RR