[1] O documento descreve a peça teatral "A Pantera", escrita por Camila Appel e dirigida por Marco Antônio Braz. A peça usa uma pantera solta em um supermercado como metáfora para os conflitos em um relacionamento amoroso.
[2] O diretor Marco Antônio Braz analisa os símbolos e temas da peça, como idealização versus frustração no amor. A peça também reflete sobre a conveniência versus o desconforto de manter um relacionamento.
A Pantera: Uma tragicomédia sobre amor e conveniência
1.
A
PANTERA
Texto
Camila
Appel
direção
Marco
Antônio
Braz
Estréia
10
de
junho
-‐
Auditório
SESC
Pinheiros
1
2.
Uma
Pantera
Nada
Cor-‐de-‐rosa
“O
texto
teatral
de
Camila
Appel
é
para
mim
uma
parábola
surrealista
sobre
o
encontro
de
um
casal,
a
ilusão
do
amor
e
o
casamento.
Surrealista
pois
a
história
de
nosso
encontro
se
dá
entre
as
prateleiras
de
um
supermercado,
símbolo
da
ordem
material
das
coisas
a
reger
planos
e
destinos.
É
como
se
este
rápido
passeio
de
compras
domésticas,
e
sua
desventura
em
fugir
ou
se
confrontar
com
a
pantera,
fosse
o
resumo
da
vida
deste
jovem
casal.
A
Pantera
aqui
é
símbolo
poético
tanto
dos
instintos
amorosos
quanto
dos
selvagens.
Ela
é
a
própria
sombra
do
casal
que
cresce
e
ameaça
todo
o
tempo
a
relação.
Ela
é
o
perigo
da
morte.
Da
morte
do
amor.
Ela
é
a
representação
viva
do
conflito
que
se
estabelece
e
cresce
entre
eles,
sem
que
eles
percebam.
É
através
do
irrisório
que
se
torna
fundamental
que
percebemos
nossas
falhas
humanas
e
compreendemos
o
caráter
patético
dessas
falhas.
É
um
caminho
que
vai
da
idealização
à
frustração.
A
idealização
é
cor-‐de-‐rosa
e
a
frustração
é
escura
sombra.
Por
isso
a
Pantera
de
Camila
Appel
não
é
nada
cor-‐de-‐rosa.
Mas
tem
muito
humor.
Para
além
de
todos
os
planos
de
leitura,
o
texto
cativa
e
envolve
o
espectador
que
se
identifica
com
a
situação
amorosa
e
termina
por
rir
de
si
mesmo.
É
através
deste
reconhecimento
que
o
público
é
convidado
a
passear
entre
luzes
artificiais
e
sombras
profundas,
mas
cujo
destino
sempre
remete
a
outra
luz,
a
luz
do
amor”.
Marco
Antonio
Braz
Com
o
propósito
de
agregar
valores
artísticos,
estimular
novos
talentos
e
difundir
a
montagem
de
textos
nacionais,
a
Jaburá
Produções,
responsável
pela
produção
do
espetáculo
“A
Pantera”
uniu
à
jovem
autora
Camila
Appel,
uma
equipe
de
reconhecido
talento
capitaneada
por
Marco
Antônio
Braz
(prêmio
de
Melhor
Diretor
do
Ano
2002
por
O
Beijo
no
Asfalto
pela
APCA;
prêmio
Shell
de
Melhor
Diretor
2008
por
A
Alma
Boa
de
Setsuan);
que
traz
em
sua
equipe
de
criação
Telumi
Hellen
–
cenários
e
figurinos,
Tunica
–
Trilha
Sonora
e
Guilherme
Bonfanti
na
iluminação.
Em
cena,
um
casal
de
namorados
se
vê
preso
num
supermercado,
diante
de
uma
pantera
à
solta
pelos
corredores.
Para
o
futuro
o
casal,
este
animal
selvagem
se
transforma,
cada
vez
mais,
de
uma
realidade
ameaçadora
para
uma
figura
metafórica.
Se
antes
discutiam
o
que
sairia
das
prateleiras
para
o
carrinho
de
compras,
agora
revelam
uma
incompatibilidade,
sem
escuta
ou
concessões,
agredindo-‐se
mutuamente
num
ambiente
claustrofóbico.
O
texto
propõe
uma
reflexão
sobre
a
conveniência
dos
relacionamentos,
e
aponta
para
o
dilema:
levar
à
frente
um
relacionamento
pela
conveniência
da
vida
a
dois
ou
enfrentar
o
desconforto
de
romper
este
caminho
natural
das
coisas,
deslocado
e
sozinho.
2
3. O
simbolismo
proposto
por
Camila
Appel
nesta
comédia
dramática
também
encontrou
paralelo
num
poema
do
tcheco
Rainer
Maria
Rilke,
descoberto
pela
própria
autora
enquanto
concluía
seu
trabalho.
Em
“Der
Panther”
(1903),
Rilke
descreve
a
agonia
de
um
animal
enjaulado
no
Jardin
des
Plants,
em
Paris,
onde
animais
exóticos
eram
mantidos
vivos
para
pesquisa.
Na
tradução
de
Tércio
Redondo:
“Seu
olhar,
de
tanto
contemplar
as
grades,
está
cansado
e
já
nada
vê.
É
como
se
o
cercassem
milhões
de
barras
e
por
trás
delas
nada
mais
houvesse
/
O
corpo
forte
se
move
com
suavidade
perfazendo
um
círculo
diminuto;
executa
uma
dança
de
força
em
torno
a
um
ponto,
onde
uma
férrea
vontade
jaz
entorpecida.
Por
vezes
as
pupilas
se
abrem
silenciosas.
Atravessa-‐lhes
então
uma
imagem
que
percorre
a
tensa
serenidade
dos
membros
e
se
exaure
no
coração”.
(o
poema
original
segue
no
final
do
documento)
SINOPSE
A
Pantera.
Uma
tragicomédia
escrita
por
Camila
Appel
e
dirigida
por
Marco
Antônio
Braz.
Noiva
(Silvia
Lourenço)
e
Noivo
(Bruno
Autran),
às
vésperas
do
casamento,
se
vêem
trancados
num
supermercado.
A
situação
inusitada
traz
à
tona
uma
série
de
revelações
surpreendentes.
PERFIS
Camila
Appel
(texto)
Formada
em
Administração
de
Empresas
pela
EAESP-‐FGV
e
com
mestrado
em
Antropologia,
a
paulistana
Camila
Appel
é
filha
e
neta
de
escritoras.
A
avó,
Antonieta
Assumpção,
foi
amiga
de
Monteiro
Lobato
e
escreveu
livros
infantis.
A
mãe,
Leilah
Assumpção,
é
dramaturga.
Escreve
desde
pequena,
e
aos
27
anos
decide
profissionalizar-‐se
na
arte
da
escrita.
“A
Pantera”
é
sua
peça
de
estreia.
Marco
Antônio
Braz
(direção)
Marco
Antônio
Braz
dedica-‐se
ao
teatro
desde
os
15
anos,
tendo
feito
muitos
cursos
e
montagens
amadoras
até
formar-‐se
bacharel
em
artes
cênicas
pela
UNI-‐RIO.
Carioca
da
Tijuca
muda-‐se
para
São
Paulo
em
1990
tornando-‐se
essencialmente
paulista.
Em
São
Paulo
trabalha
com
Antunes
Filho
e
funda
um
grupo
de
teatro
especializado
na
encenação
da
obra
teatral
de
Nelson
Rodrigues:
o
Círculo
dos
Comediantes.
Torna-‐se
referência
sobre
Nelson
Rodrigues
não
somente
através
de
suas
direções,
mas
através
de
textos
teóricos,
adaptações,
palestras
e
exposições.
Destaca-‐se
também
na
sua
carreira
a
pesquisa
e
a
formação
de
atores,
tendo
trabalhado
como
professor
nas
mais
importantes
escolas
de
teatro
do
país.
A
principal
característica
de
sua
assinatura
como
artista
é
o
resgate
da
dramaturgia
brasileira
moderna
através
de
encenações
pouco
ortodoxas
e
com
muito
humor.
Principais
trabalhos:
“Perdoa-‐me
Por
Me
Traíres”,
de
Nelson
Rodrigues
–
com
o
Círculo
dos
Comediantes;
“Boca
de
Ouro”,
de
Nelson
Rodrigues
–
com
Marcos
Oliveira,
Flávia
Pucci
e
outros
–
Teatro
1
do
Centro
Cultural
do
Banco
do
Brasil
–
1997.
“Otto
Lara
Resende
ou
Bonitinha,
mas
Ordinária”,
3
4. de
Nelson
Rodrigues,
com
o
Círculo
dos
Comediantes
_
Teatro
de
Arena
Eugênio
Kusnet
_
2000.
“Geração
Trianon”,
de
Anamaria
Nunes_
Projeto
de
Formação
de
Público_
Teatro
João
Caetano_
2001/2002.
“O
Grande
Dia”,
de
Nelson
Rodrigues_
adaptação
para
seis
contos
de
A
Vida
Como
Ela
É
por
Braz
e
Nelson
Rodrigues
Filho_
Teatro
Augusta_
2002;
“Valsa
Nº
6”,
de
Nelson
Rodrigues_
com
o
Círculo
dos
Comediantes_
Novo
TBC_2002;
“Beijo
no
Asfalto”,
de
Nelson
Rodrigues
_
com
o
Círculo
dos
Comediantes
_
Novo
TBC_2002;
“Ay
Carmela”,
de
José
Sanchis
Sinisterra
_
com
Maurício
Marques
e
Virgínia
Buckowski
;
Teatro
da
Memória
_
2007;
“As
Noivas
de
Nelson”,
de
Nelson
Rodrigues
(contos
de
“A
vida
como
ela
é”_com
a
Cia
Paulista
de
Artes,
2008;
“Alma
Boa
de
Setsuan”,
de
Bertold
Brecht_com
Denise
Fraga,
2008.
“Amor
de
Servidão”,
de
Marçal
de
Aquino
e
Marília
de
Toledo,
2008;
“As
Traças
da
Paixão”,
de
Alcides
Nogueira_com
Lucélia
Santos,
2009.
Prêmio
de
Melhor
Diretor
do
Ano
2002
por
O
Beijo
no
Asfalto
pela
APCA
(Associação
Paulista
dos
Críticos
de
Arte)
Prêmio
Shell
de
Melhor
Diretor
2008
por
A
Alma
Boa
de
Setsuan.
Silvia
Lourenço
(atriz)
Formada
no
Teatro-‐Escola
Célia
Helena,
integrou
o
Centro
de
Pesquisa
Teatral
(CPT),
de
Antunes
Filho.
Atuou
em
“Pequenas
Histórias
que
a
História
não
Conta”,
direção
de
Luiz
Carlos
Moreira,
“Essa
Nossa
Juventude”,
dirigida
por
Laís
Bodansky
e
“As
Meninas”,
adaptação
de
Maria
Adelaide
Amaral
para
o
romance
de
Lygia
Fagundes
Telles,
entre
outros.
No
cinema
protagonizou
“Contra
Todos”
e
“Quanto
Dura
o
Amor?”,
ambos
de
Roberto
Moreira.
Também
esteve
no
elenco
de
“Querô”
e
“O
Cheiro
do
Ralo”.
Na
TV,
atuou
em
“Alice”,
da
HBO
e
na
série
“Tudo
Novo
de
Novo”,
da
TV
Globo.
Recentemente
protagonizou
a
série
“Bipolar”,
do
canal
Brasil.
Bruno
Autran
(ator
)
É
ator
formado
pela
Oficina
de
Atores
da
Rede
Globo.
No
cinema
participou
dos
curta
metragens
“Transa,
Apt
303”,
“Gosto
Estranho
de
Sangue
na
Boca”,
“Menina
do
Mar”
e
“Malu
e
Fred”,
neste
último
ganhando
o
Prêmio
de
Melhor
Ator
no
Festival
Curta
Santos
2009.
Em
televisão
podemos
destacar
“Sítio
do
Pica
Pau
Amarelo”
e
“Por
Toda
Minha
Vida”,
ambos
na
Rede
Globo.
No
teatro
integrou
o
elenco
dos
espetáculos
“Entre
4
Paredes”,
“Liberdade
Liberdade”,
“Sinos
Imaginários”
e
“No
Meio
do
Caminho”.
Telumi
Hellen
(cenografia
e
figurino)
Participou
no
grupo
Macunaíma
do
CPT
(Antunes
Filho)
por
11
anos,
desenvolvendo
projetos
como
cenógrafa
e
figurinista.
Coordena
oficinas
práticas
no
Espaço
Cenográfico
SP
de
J.C.
Serroni.
Participou
de
05
quadrienais
em
Praga,
sendo
em
1999
e
2003
como
coordenadora
da
secção
de
escolas
de
cenografia
do
Brasil.
E
projeto
dos
alunos
do
Espaço
Cenográfico
na
Scenofest
em
2003
e
2007.
Guilherme
Bonfanti
(luz)
4
5. Atua
desde
1987,
com
trabalhos
nas
artes
cênicas
e
artes
plásticas.
Dentre
seus
principais
projetos
para
teatro,
destacam-‐se
as
óperas
“Don
Giovanni”
e
“La
Boheme”
em
Curitiba,
“Madame
Butterfly”
em
Manaus
e
“Carmen”,
em
São
Paulo.
Iluminou
também
espetáculos
de
dança
para
o
Ballet
Stagium
e
foi
diretor
técnico
do
Teatro
da
Vertigem.
Trabalhou
ainda
com
diretores
como
Eduardo
Tolentino
(“Rasto
Atrás”,
“Do
Fundo
do
Lago
Escuro”)
e
Gabriel
Villela
(“Ópera
do
Malandro”,
“Sonhos
de
Uma
Noite
de
Verão”).
Desenvolveu
projetos
luminotécnicos
para
quatro
Bienais
Internacionais
de
São
Paulo.
Acumula
cinco
prêmios
Shell,
três
APCA
e
um
prêmio
Mambembe.
Tunica
Teixeira
(trilha
sonora)
Iniciou
sua
carreira
de
diretora
musical
e
sonoplasta
na
Escola
de
Arte
Dramática
em
1969,
confeccionando
trilhas
sonoras
para
suas
montagens
curriculares.
Cursou
a
Escola
de
Comunicações
e
Artes
da
Universidade
de
São
Paulo
entre
1968
e
1974.
Em
1975,
ganhou
bolsa
de
estudos
do
SESC-‐SP
para
o
curso
“Stage
Sound
and
Electronic
Music
for
Beginners”
na
Cockpit
Arts
and
Workshop
em
Londres,
Inglaterra.
Entre
seus
inúmeros
trabalhos,
destacam-‐se:
“Santidade”,
direção
de
Fauzi
Arap;
“Visão
Cega”,
direção
de
José
Renato;
“Honra”,
direção
de
Celso
Nunes;
“Joana
Dark”,
direção
de
José
Possi
Neto;
“Os
Lusíadas”,
direção
de
Iacov
Hillel
;“Visitando
o
Sr.Green”,
direção
de
Elias
Andreatto;
“
A
loba
de
rayban”
de
Renato
Borghi,
direção
de
José
Possi
Neto;
trilha
sonora
com
Aline
Meyer;
“
Ligações
perigosas”
direção
de
Mauro
Vedia
com
Maria
Fernanda
Candido
e
Marat
Descartes.
“
Os
olhos
verdes
do
ciúme
,
direção
de
Marco
Antonio
Brás,
com
Suzy
Rêgo.
Ao
longo
de
30
anos
de
carreira
teatral,
recebeu
um
prêmio
Governador
do
Estado,
quatro
prêmios
APCA
(Associação
Paulista
de
Críticos
de
Arte)
e
onze
prêmios
APETESP
(Associação
dos
Produtores
de
Teatro
do
Estado
de
São
Paulo),
entre
outros
prêmios.
Foi
indicada
em
1996,
juntamente
com
Aline
Meyer,
ao
Prêmio
Shell
de
Melhor
Trilha
Sonora
para
Teatro
pelo
espetáculo
“Cenas
de
um
Casamento”
de
Ingmar
Bergman,
direção
de
Vivien
Buckup.
Nesse
mesmo
ano
receberam
o
APETESP
de
melhor
trilha
sonora
para
Teatro
Infantil
por
“Sherazade”,
direção
de
Francisco
Medeiros
Em
1998
recebeu,
juntamente
com
Aline
Meyer,
o
Prêmio
Shell
de
Melhor
Trilha
Sonora
para
Teatro
pelos
espetáculos
“Santidade”
e
“Caixa
2”,
ambos
dirigidos
por
Fauzi
Arap.
5
6. SERVIÇO
–
A
PANTERA
Local:
Sesc
Pinheiros
–
auditório
Endereço:
Rua
Paes
Leme,
195.
(estacionamento
no
local)
Bilheteria:
(011)
3095
9400
Temporada:
de
10
de
junho
a
2
de
julho.
Sessões:
Sextas
e
sábados,
às
20h.
Classificação
etária:
14
anos.
Duração:
70
minutos.
Capacidade:
100
lugares.
Acesso
para
deficientes
/
Ar
condicionado
Preço:
R$
20
/
R$
10
/
R$
5
FICHA
TÉCNICA
Texto
Camila
Appel
Direção
Marco
Antônio
Braz
Elenco
Silvia
Lourenço
e
Bruno
Autran
Iluminação
Guilherme
Bonfanti
Direção
de
Arte
Telumi
Hellen
Trilha
Sonora
Tunica
Assist.
Direção
Fernanda
Fazzi
Preparador
Gestual
(Mímica)
Fernando
Vieira
Maquiagem
Jô
Simões
Fotógrafo
João
Caldas
Direção
de
Produção
Cristina
Sato
Produção
Executiva
Paulo
Ferrer
6
7.
Poema
“Der
Panther”
–
texto
original
Der
Panther
Im
Jardin
des
Plantes,
Paris
Sein
Blick
ist
vomVorübergehn
der
Stäbe
so
müd
geworden,
daß
er
nichts
mehr
hält.
Ihm
ist,
als
ob
es
tausend
Stäbe
gäbe
und
hinter
tausend
Stäben
keine
Welt.
Der
weiche
Gang
geschmeidig
starker
Schritte,
der
sic
h
im
allerkleinsten
Kreise
dreht,
ist
wie
ein
Tanz
von
Kraft
um
eine
Mitte,
in
der
betäubt
ein
großer
Wille
steht.
Nur
manchmal
schiebt
der
Vorhang
der
Pupille
sich
lautlos
auf
-‐
dann
geht
ein
Bild
hinein,
geht
durch
der
Glieder
angespannte
Stille
-‐
und
hört
im
Herzen
auf
zu
sein.
Rainer
Maria
Rilke
A
Pantera
No
Jardin
des
Plantes,
Paris
(Tradução
de
Tercio
Redondo)
Seu
olhar,
de
tanto
contemplar
as
grades,
está
cansado
e
já
nada
vê.
É
como
se
o
cercassem
milhares
de
barras
e
por
trás
delas
nada
mais
houvesse.
O
corpo
forte
se
move
com
suavidade
perfazendo
um
círculo
diminuto;
executa
uma
dança
de
força
em
torno
a
um
ponto
onde
uma
férrea
vontade
jaz
entorpecida.
Por
vezes
as
pupilas
se
abrem
silenciosas.
Atravessa-‐lhes
então
uma
imagem
que
percorre
a
tensa
serenidade
dos
membros
e
se
exaure
no
coração.
Rainer
Maria
Rilke
7