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An. Soc. Entomol. Brasil 26(1) 163Abril, 1997
Efeitos de Espécies de Timbós (Derris spp.: Fabaceae) em Populações de
Musca domestica L.
José P. C. da Costa1
, Muracy Belo2,4
e José C. Barbosa3
1
Área Técnica de Recursos Genéticos e Biotecnologia, EMBRAPA-CPATU, Caixa postal
48, 66095-100, Belém, PA.
2
Departamento de Biologia Aplicada à Agropecuária, FCAV-UNESP, 14870-000,
Jaboticabal, SP.
3
Departamento de Ciências Exatas, FCAV-UNESP, 14870-000, Jaboticabal, SP.
4
Autor correspondente.
An. Soc. Entomol. Brasil 26(1): 163-168 (1997)
Effects of Timbó (Derris spp.: Fabaceae) Species m Musca domestica L. Populations
ABSTRACT - The effect of the root powder of two timbó species (Derris urucu
and D. nicou) on Musca domestica L. larvae was estimated for populations of
two strains of this fly collected from two localities of São Paulo state, i.e., Jabo-
ticabal (Jab) and Brodósqui (Bro). Analysis was performed using a logistic mo-
del, contrasting the values for the regression equations of lethal doses of the
two timbó species for both fly strains. Data showed that D. urucu was more effi-
cient than D. nicou to control the two strains, and more than twice the amount
of D. nicou powder was necessary to get the same effect caused by D. urucu.
There was specificity in the action of the timbó species on the fly strains. D.
urucu was more efficient to control of Bro strain, while D. nicou presented more
control on Jab strain.
KEY WORDS: Insecta, flies, rotenone, control.
RESUMO - A partir de ensaios com dosagens crescentes, foi avaliado o efeito
do pó da raiz de duas espécies de timbó (Derris urucu e D. nicou) sobre popu-
lações de larvas de duas linhagens de Musca domestica L., provenientes de
duas localidades do Estado de São Paulo, Jaboticabal (Jab) e Brodósqui (Bro).
Para obtenção das doses letais foram utilizados ajustes de regressão de acordo
com o modelo logístico. D. urucu foi mais eficiente que D. nicou no controle
das duas linhagens, sendo necessário mais que o dobro da quantidade de D.
nicou para se obter os mesmos efeitos causados com D. urucu. Foi demonstrada
a existência de especificidade de ação dos timbós nas linhagens de moscas. D,
urucu foi mais eficiente no controle da linhagem Bro, enquanto que D. nicou
controlou maior número de indivíduos da linhagem Jab.
PALAVRAS-CHAVE: Insecta, moscas, rotenona, controle.
Os timbós, devido a sua toxicidade, são
plantas utilizadas pêlos índios da Amazônia
nas pescarias. As espécies de maior importân-
cia são Derris urucu e D. nicou. Lima (1987),
relata que substâncias encontradas nas raízes,
como a rotenona e os rotenóides, entre os
Costa et al.164
quais se destacam a deguelina, tefrosina e o
toxicarol, são produtos de onde deriva a im-
portância destas plantas.
Segundo Caminha Filho (1940) antes de
1946, a rotenona era utilizada como inseticida
nas lavouras contra insetos (larvas de borbo-
letas, coccídeos, cochonilhas e pulgões) e
ectoparasitas de animais. Costa et al. (1986),
relata o sucesso de D. urucu (usado como
solução do pó da raiz) no controle ao piolho
(Haematopinus tuberculatus) dos búfalos.
A despeito do conhecimento da rotenona ser
inócua a animais de sangue quente (Lima 1987),
ela é tóxica para mamíferos (Link 1965), sendo
absorvida através da pele, porém, relativa-
mente inofensiva quando utilizada adequada-
mente. Estes fatos enfatizam a possibilidade
dessas plantas serem empregadas em fazen-
das no controle de Musca domestica L. Desta
forma, testou-se o efeito tóxico de D. urucu
e D. nicou para larvas dessa espécie.
Material e Métodos
As linhagens de moscas empregadas fo-
ram coletadas com rede entomológica (confec-
cionada com tecido de “organza” branco) em
granjas de galinhas poedeiras, localizadas nos
municípios de Brodósqui-SP (linhagem Bro) e
Jaboticabal-SP (linhagem Jab). Segundo Oli-
veira et al. (l 993), estas linhagens diferem em
relação à resistência para três tipos de inseti-
cidas e no desempenho apresentado na explo-
ração dos recursos disponíveis em laboratório,
apesar de serem coletadas em localidades pró-
ximas (cerca de 70 Km de distância).
Todo procedimento posterior foi realizado
dentro de câmara climatizada (27 ± 2°C, 65-
70% U. R. e fotoperíodo de 12 horas). As mos-
cas capturadas foram mantidas neste local, para
o fornecimento de ovos e destes foram obtidas
larvas com dois dias de idade. As populações
experimentais foram montadas com 300 dessas
larvas, em recipientes de plástico transparen-
tes (500 ml) e com meio de cultura (31,4 g de
farelo de trigo, 2,4 g de fermento comercial,
l ,5 g de leite em pó integral e 60 ml de água
destilada). Na tampa do recipiente foi feita
uma abertura de 3x3 cm vedada com tecido de
”organza” para permitir a aeração e evitar a
saída das larvas e imagos.
As espécies de timbó D. urucu e D. nicou,
(clones n° 52 e 498) foram coletadas respecti-
vamente nos municípios de São Paulo de Oli-
vença-AM e Calçoene-AP. As raízes dos tim-
bós foram adquiridas do Banco Ativo de Ger-
moplasma (BAG) da EMBRAPA-CPATU em
Belém-PA e submetidas a secagem em estufa
com ventilação forçada, em temperatura de
40 ± 2 °C. Em seguida, foram trituradas sepa-
radamente em moinho tipo Willey (Tecnal),
modelo TB-340, com uso de uma peneira de
40 mesh, para formação do pó de timbó.
Os experimentos (quatro ensaios com três
repetições), foram iniciados com populações
de larvas em meio de cultura, no qual a quanti-
dade de farelo de trigo foi substituída propor-
cionalmente pelas quantidades de pó de timbó
acrescidas. Os dois primeiros ensaios envol-
veram os clones de D. urucu e D. nicou e a
linhagem Jab, com oito tratamentos: 0,0 (con-
trole), 0,5, 1,0, 1,5, 2,0, 3,0, 4,0 e 5,0 g. Os dois
últimos ensaios foram realizados com os clo-
nes de D. urucu e D. nicou e a linhagem Bro,
com os tratamentos: 0,0 (controle), 0,5, 1,0, 1,5
e 2,0 g.
As avaliações do número de imagos emer-
gidos foram feitas diariamente, e as análises
foram realizadas através do modelo logístico
(Finney 1971), o que permitiu determinar os
valores das doses letais para cada linhagem
de moscas (foi empregado o teste t para avaliar
a significância dos parâmetros a e b do mo-
delo), bem como, a comparação entre as cur-
vas obtidas para cada espécie de timbó (foi
empregado o teste de quiquadrado para avaliar
a significância das condições de paralelismo
e coincidência das linhas de regressão), em
cada linhagem de mosca.
Resultados
Os resultados mostraram que D. urucu foi
mais eficiente no controle das moscas das duas
An. Soc. Entomol. Brasil 26(1) 165Abril, 1997
linhagens, pois com o tratamento de 0,7g de
pó da raiz, as populações Jab e Bro atingiram
percentagem de mortalidade maior que 80%
(Fig. 1), enquanto que o mesmo tratamento com
D. nicou controlou cerca de 10% da linhagem
Jab. Nas populações de moscas da linhagem
Bro não ocorreram reações negativas aparen-
tes no número de moscas emergidas para tal
dosagem. Os dados indicaram que no controle
das moscas houve especificidade de ação
entre as espécies de Derris e as linhagens de
M. domestica. Deste modo, a linhagem Bro
Figura 1. Mortalidade (%) observadas (descontando-se a mortalidade natural) e estimadas
através das equações de regressão para duas linhagens de Musca domestica (Jab - Jaboticabal,
SP e Bro - Brodósqui, SP) em populações tratadas com diferentes doses do pó de timbó,
Derris nicou e Derris urucu
Costa et al.166
Tabela 1 - Equações obtidas a partir de bioensaios e ajustadas de acordo com o modelo
logístico e dose letal (DL50
) do pó da raiz de duas espécies de timbó - Derris nicou e Derris
urucu, sobre duas linhagens de Musca domestica - Jab (Jaboticabal,SP) e Bro (Brodósqui,SP).
** significativo ao nível de 1% de probabilidade.
foi mais sensível que a linhagem Jab ao D.
urucu, enquanto que os indivíduos da linha-
gem Jab mostraram maior sensibilidade do
que a linhagem Bro a D. nicou.
As comparações dos efeitos das espécies
de timbós nas populações de moscas indica-
ram que é necessária maior quantidade de D.
nicou para se obter a DL para as moscas da
linhagem Bro (l,68 g), em relação à linhagem
Jab (1,13 g), enquanto que, maior quantidade
de D. urucu é necessária para obter a DL50
na
linhagem Jab (0,55 g), em relação à linhagem
Bro (0,21 g) (Tabela 1).
Ocorreram diferenças significativas entre
as linhas de regressão obtidas para cada
espécie de timbó em cada linhagem de mosca
Tabela 2 - Valores obtidos para o teste χ2
de paralelismo e coincidência para as comparações
entre as equações de regressão obtidas para a taxa de mortalidade de duas linhagens de
moscas (Jab - Jaboticabal,SP e Bro - Brodósqui,SP), expostas a concentrações crescentes
(0,5; 1,0; 1,5 e 2,0 g) de pó da raiz de Derris nicou e Derris urucu.
NS = não significativo ao nível de 5% de probabilidade.
** = significativo ao nível de 1% de probabilidade.
An. Soc. Entomol. Brasil 26(1) 167Abril, 1997
(Tabela 2). Verifica-se que os testes para para-
lelismo e coincidência das linhas de regressão
foram significativos para todas as compara-
ções, com exceção do teste de paralelismo
para a linhagem Jab em D. nicou contra a li-
nhagem Jab em D. urucu, indicando que as
espécies de timbós, possuem eficiências dife-
rentes no controle das larvas de moscas das
duas linhagens estudadas.
A linhagem Jab foi significativamente mais
afetada por D. nicou que a linhagem Bro.
Quanto a D. urucu, verifica-se o contrário. As
duas comparações mostraram que, quantita-
tivamente, são necessárias duas vezes mais
D. nicou que D. urucu, para controlar o mesmo
número de indivíduos nas populações da li-
nhagem Jab. Esta quantidade, em relação à
linhagem Bro, representa quase cinco vezes
mais pó de D. nicou que devem ser empregados
para controlar o mesmo número de indivíduos
que D. urucu (Tabela 2).
Discussão
Segundo Lima (1947), existem diferentes
características apresentadas por D. urucu e
D. nicou quando cultivadas e com as quais
estas espécies podem ser diferenciadas. A
primeira espécie é mais rústica, apresentando
florescimento e frutificação; enquanto a se-
gunda não apresenta florescimento, mesmo
quando tratada com fito-hormônios, ou quan-
do tem o prolongamento do fotoperíodo com
iluminação artificial.
No D. urucu, os ramos tomam-se escan-
dentes, entrelaçam-se formando um teto com-
pacto sobre o solo, protegendo-o da ação do
sol, além das raízes apresentarem nodosidade
resultantes da simbiose com a bactéria Rhyzo-
hium; já.D. nicou conserva seus ramos eretos.
Destaca-se, porém, que D. urucu produz maior
quantidade de raízes que D. nicou, além de
apresentar a possibilidade de ser melhorado
geneticamente.
Diversos autores, (Corbett 1940, Caminha
Filho 1940, Lima 1947), citam D. nicou como
mais rico em teor de rotenona que D. urucu.
De acordo com Corbett (1940) e Caminha Filho
(1940), a quantidade de rotenona em D. nicou
está entre 15 a 17% e, em D. urucu, entre 5 a
12%. Apesar das citações acima sobre o teor
de rotenona, os dados mostraram ação mais
eficiente de D. urucu no controle dos indiví-
duos das duas linhagens de M. domestica.
Mostrando a possibilidade de outras subs-
tâncias além da rotenona, como aquelas mais
conhecidas, tais como deguelina, tefrosina e
toxicarol (Lima 1947), além de outras desco-
nhecidas, como a nilobilina, um alcalóide que,
de acordo com Caminha Filho (l 940), foi en-
contrada por Groffoy em 1895, e que poderiam
estar agindo no controle das larvas. Estes fa-
tos indicam a necessidade de mais pesquisas
para se detectar outros produtos que pode-
riam estar agindo como princípio ativo destas
plantas.
Por outro lado, a despeito do efeito mar-
cante de D. urucu, em relação à D. nicou, no
controle das populações de M. domestica,
pode-se destacar que a linhagem Jab foi mais
sensível que a Bro em relação à D. nicou.
Quanto à D. urucu, verificou-se o contrário,
isto é, a linhagem Bro foi mais sensível. Estes
fatos destacam a especificidade de ação do
pó de timbó nas linhagens de M. domestica.
Assim, os dados mostram a possibilidade de
que com baixo custo, nas propriedades rurais,
o pó de timbó pode ser obtido e usado no
controle das larvas de um dos mais impor-
tantes vetores de endemias rurais.
Agradecimentos
Ao Prof. Dr. Dilermando Perecin, docente
do Departamento de Ciências Exatas da FCAV-
UNESP, pela revisão e sugestões apresen-
tadas.
Literatura Citada
Caminha Filho, A. 1940. Timbó e rotenona.
Uma riqueza nacional inexplorada. Rio de
Janeiro, Serviço de Informação Agrícola,
14p.
Costa et al.168
Corbett, C. E. 1940. Plantas ictiotóxicas
farmacologia da rotenona. São Paulo, Fac.
Med. Univ. São Paulo, 157 p.
Costa, N. A. da, C. N. B. do Nascimento, L. O.
D. de Moura Carvalho, S. Dutra, & E. S.
Pimentel, 1986. Uso do timbó urucu (Der-
ris urucu) no controle do piolho (Haema-
topinus tuberculatus) em bubalinos. Belém,
EMBRAPA-CPATU, Bol. Pesq, 78,16 p.
Finney, D. J. 1971. Probit analysis. 3rd ed.,
Cambridge, Cambridge University Press,
333p.
Lima, R. R. 1947. Os timbós da Amazônia
brasileira. Rio de Janeiro, Ministério da
Agricultura, Bol. Tec. 36, p. 14-29.
Lima, R. R. 1987. Informações sobre duas
espécies de timbó Derris urucu (Killip et
Smith) MacBride e Derris nicou (Killip et
Smith) MacBride, como plantas insetici-
das. Belém, EMBRAPA-CPATU, Docu-
mentos, 42, 23 p.
Link, R. P. 1965. Insecticides. p.702-726. In:
L. M. Jones, (ed.) Veterinary pharma-co-
logy and therapeutics. 3rd ed., Ames, Iowa
State University.
Oliveira, P. C. S., L. K. G. Trevijano, & M.
Belo. 1993. Sensibilidade estacional em
linhagens de Musca domestica (L.) para
três tipos de inseticidas. An. Soc. Entomol.
Brasil 22:455-461.
Recebido em 25/09/95. Aceito em 30/02/97.

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Efeitos de espécies de timbós em moscas

  • 1. An. Soc. Entomol. Brasil 26(1) 163Abril, 1997 Efeitos de Espécies de Timbós (Derris spp.: Fabaceae) em Populações de Musca domestica L. José P. C. da Costa1 , Muracy Belo2,4 e José C. Barbosa3 1 Área Técnica de Recursos Genéticos e Biotecnologia, EMBRAPA-CPATU, Caixa postal 48, 66095-100, Belém, PA. 2 Departamento de Biologia Aplicada à Agropecuária, FCAV-UNESP, 14870-000, Jaboticabal, SP. 3 Departamento de Ciências Exatas, FCAV-UNESP, 14870-000, Jaboticabal, SP. 4 Autor correspondente. An. Soc. Entomol. Brasil 26(1): 163-168 (1997) Effects of Timbó (Derris spp.: Fabaceae) Species m Musca domestica L. Populations ABSTRACT - The effect of the root powder of two timbó species (Derris urucu and D. nicou) on Musca domestica L. larvae was estimated for populations of two strains of this fly collected from two localities of São Paulo state, i.e., Jabo- ticabal (Jab) and Brodósqui (Bro). Analysis was performed using a logistic mo- del, contrasting the values for the regression equations of lethal doses of the two timbó species for both fly strains. Data showed that D. urucu was more effi- cient than D. nicou to control the two strains, and more than twice the amount of D. nicou powder was necessary to get the same effect caused by D. urucu. There was specificity in the action of the timbó species on the fly strains. D. urucu was more efficient to control of Bro strain, while D. nicou presented more control on Jab strain. KEY WORDS: Insecta, flies, rotenone, control. RESUMO - A partir de ensaios com dosagens crescentes, foi avaliado o efeito do pó da raiz de duas espécies de timbó (Derris urucu e D. nicou) sobre popu- lações de larvas de duas linhagens de Musca domestica L., provenientes de duas localidades do Estado de São Paulo, Jaboticabal (Jab) e Brodósqui (Bro). Para obtenção das doses letais foram utilizados ajustes de regressão de acordo com o modelo logístico. D. urucu foi mais eficiente que D. nicou no controle das duas linhagens, sendo necessário mais que o dobro da quantidade de D. nicou para se obter os mesmos efeitos causados com D. urucu. Foi demonstrada a existência de especificidade de ação dos timbós nas linhagens de moscas. D, urucu foi mais eficiente no controle da linhagem Bro, enquanto que D. nicou controlou maior número de indivíduos da linhagem Jab. PALAVRAS-CHAVE: Insecta, moscas, rotenona, controle. Os timbós, devido a sua toxicidade, são plantas utilizadas pêlos índios da Amazônia nas pescarias. As espécies de maior importân- cia são Derris urucu e D. nicou. Lima (1987), relata que substâncias encontradas nas raízes, como a rotenona e os rotenóides, entre os
  • 2. Costa et al.164 quais se destacam a deguelina, tefrosina e o toxicarol, são produtos de onde deriva a im- portância destas plantas. Segundo Caminha Filho (1940) antes de 1946, a rotenona era utilizada como inseticida nas lavouras contra insetos (larvas de borbo- letas, coccídeos, cochonilhas e pulgões) e ectoparasitas de animais. Costa et al. (1986), relata o sucesso de D. urucu (usado como solução do pó da raiz) no controle ao piolho (Haematopinus tuberculatus) dos búfalos. A despeito do conhecimento da rotenona ser inócua a animais de sangue quente (Lima 1987), ela é tóxica para mamíferos (Link 1965), sendo absorvida através da pele, porém, relativa- mente inofensiva quando utilizada adequada- mente. Estes fatos enfatizam a possibilidade dessas plantas serem empregadas em fazen- das no controle de Musca domestica L. Desta forma, testou-se o efeito tóxico de D. urucu e D. nicou para larvas dessa espécie. Material e Métodos As linhagens de moscas empregadas fo- ram coletadas com rede entomológica (confec- cionada com tecido de “organza” branco) em granjas de galinhas poedeiras, localizadas nos municípios de Brodósqui-SP (linhagem Bro) e Jaboticabal-SP (linhagem Jab). Segundo Oli- veira et al. (l 993), estas linhagens diferem em relação à resistência para três tipos de inseti- cidas e no desempenho apresentado na explo- ração dos recursos disponíveis em laboratório, apesar de serem coletadas em localidades pró- ximas (cerca de 70 Km de distância). Todo procedimento posterior foi realizado dentro de câmara climatizada (27 ± 2°C, 65- 70% U. R. e fotoperíodo de 12 horas). As mos- cas capturadas foram mantidas neste local, para o fornecimento de ovos e destes foram obtidas larvas com dois dias de idade. As populações experimentais foram montadas com 300 dessas larvas, em recipientes de plástico transparen- tes (500 ml) e com meio de cultura (31,4 g de farelo de trigo, 2,4 g de fermento comercial, l ,5 g de leite em pó integral e 60 ml de água destilada). Na tampa do recipiente foi feita uma abertura de 3x3 cm vedada com tecido de ”organza” para permitir a aeração e evitar a saída das larvas e imagos. As espécies de timbó D. urucu e D. nicou, (clones n° 52 e 498) foram coletadas respecti- vamente nos municípios de São Paulo de Oli- vença-AM e Calçoene-AP. As raízes dos tim- bós foram adquiridas do Banco Ativo de Ger- moplasma (BAG) da EMBRAPA-CPATU em Belém-PA e submetidas a secagem em estufa com ventilação forçada, em temperatura de 40 ± 2 °C. Em seguida, foram trituradas sepa- radamente em moinho tipo Willey (Tecnal), modelo TB-340, com uso de uma peneira de 40 mesh, para formação do pó de timbó. Os experimentos (quatro ensaios com três repetições), foram iniciados com populações de larvas em meio de cultura, no qual a quanti- dade de farelo de trigo foi substituída propor- cionalmente pelas quantidades de pó de timbó acrescidas. Os dois primeiros ensaios envol- veram os clones de D. urucu e D. nicou e a linhagem Jab, com oito tratamentos: 0,0 (con- trole), 0,5, 1,0, 1,5, 2,0, 3,0, 4,0 e 5,0 g. Os dois últimos ensaios foram realizados com os clo- nes de D. urucu e D. nicou e a linhagem Bro, com os tratamentos: 0,0 (controle), 0,5, 1,0, 1,5 e 2,0 g. As avaliações do número de imagos emer- gidos foram feitas diariamente, e as análises foram realizadas através do modelo logístico (Finney 1971), o que permitiu determinar os valores das doses letais para cada linhagem de moscas (foi empregado o teste t para avaliar a significância dos parâmetros a e b do mo- delo), bem como, a comparação entre as cur- vas obtidas para cada espécie de timbó (foi empregado o teste de quiquadrado para avaliar a significância das condições de paralelismo e coincidência das linhas de regressão), em cada linhagem de mosca. Resultados Os resultados mostraram que D. urucu foi mais eficiente no controle das moscas das duas
  • 3. An. Soc. Entomol. Brasil 26(1) 165Abril, 1997 linhagens, pois com o tratamento de 0,7g de pó da raiz, as populações Jab e Bro atingiram percentagem de mortalidade maior que 80% (Fig. 1), enquanto que o mesmo tratamento com D. nicou controlou cerca de 10% da linhagem Jab. Nas populações de moscas da linhagem Bro não ocorreram reações negativas aparen- tes no número de moscas emergidas para tal dosagem. Os dados indicaram que no controle das moscas houve especificidade de ação entre as espécies de Derris e as linhagens de M. domestica. Deste modo, a linhagem Bro Figura 1. Mortalidade (%) observadas (descontando-se a mortalidade natural) e estimadas através das equações de regressão para duas linhagens de Musca domestica (Jab - Jaboticabal, SP e Bro - Brodósqui, SP) em populações tratadas com diferentes doses do pó de timbó, Derris nicou e Derris urucu
  • 4. Costa et al.166 Tabela 1 - Equações obtidas a partir de bioensaios e ajustadas de acordo com o modelo logístico e dose letal (DL50 ) do pó da raiz de duas espécies de timbó - Derris nicou e Derris urucu, sobre duas linhagens de Musca domestica - Jab (Jaboticabal,SP) e Bro (Brodósqui,SP). ** significativo ao nível de 1% de probabilidade. foi mais sensível que a linhagem Jab ao D. urucu, enquanto que os indivíduos da linha- gem Jab mostraram maior sensibilidade do que a linhagem Bro a D. nicou. As comparações dos efeitos das espécies de timbós nas populações de moscas indica- ram que é necessária maior quantidade de D. nicou para se obter a DL para as moscas da linhagem Bro (l,68 g), em relação à linhagem Jab (1,13 g), enquanto que, maior quantidade de D. urucu é necessária para obter a DL50 na linhagem Jab (0,55 g), em relação à linhagem Bro (0,21 g) (Tabela 1). Ocorreram diferenças significativas entre as linhas de regressão obtidas para cada espécie de timbó em cada linhagem de mosca Tabela 2 - Valores obtidos para o teste χ2 de paralelismo e coincidência para as comparações entre as equações de regressão obtidas para a taxa de mortalidade de duas linhagens de moscas (Jab - Jaboticabal,SP e Bro - Brodósqui,SP), expostas a concentrações crescentes (0,5; 1,0; 1,5 e 2,0 g) de pó da raiz de Derris nicou e Derris urucu. NS = não significativo ao nível de 5% de probabilidade. ** = significativo ao nível de 1% de probabilidade.
  • 5. An. Soc. Entomol. Brasil 26(1) 167Abril, 1997 (Tabela 2). Verifica-se que os testes para para- lelismo e coincidência das linhas de regressão foram significativos para todas as compara- ções, com exceção do teste de paralelismo para a linhagem Jab em D. nicou contra a li- nhagem Jab em D. urucu, indicando que as espécies de timbós, possuem eficiências dife- rentes no controle das larvas de moscas das duas linhagens estudadas. A linhagem Jab foi significativamente mais afetada por D. nicou que a linhagem Bro. Quanto a D. urucu, verifica-se o contrário. As duas comparações mostraram que, quantita- tivamente, são necessárias duas vezes mais D. nicou que D. urucu, para controlar o mesmo número de indivíduos nas populações da li- nhagem Jab. Esta quantidade, em relação à linhagem Bro, representa quase cinco vezes mais pó de D. nicou que devem ser empregados para controlar o mesmo número de indivíduos que D. urucu (Tabela 2). Discussão Segundo Lima (1947), existem diferentes características apresentadas por D. urucu e D. nicou quando cultivadas e com as quais estas espécies podem ser diferenciadas. A primeira espécie é mais rústica, apresentando florescimento e frutificação; enquanto a se- gunda não apresenta florescimento, mesmo quando tratada com fito-hormônios, ou quan- do tem o prolongamento do fotoperíodo com iluminação artificial. No D. urucu, os ramos tomam-se escan- dentes, entrelaçam-se formando um teto com- pacto sobre o solo, protegendo-o da ação do sol, além das raízes apresentarem nodosidade resultantes da simbiose com a bactéria Rhyzo- hium; já.D. nicou conserva seus ramos eretos. Destaca-se, porém, que D. urucu produz maior quantidade de raízes que D. nicou, além de apresentar a possibilidade de ser melhorado geneticamente. Diversos autores, (Corbett 1940, Caminha Filho 1940, Lima 1947), citam D. nicou como mais rico em teor de rotenona que D. urucu. De acordo com Corbett (1940) e Caminha Filho (1940), a quantidade de rotenona em D. nicou está entre 15 a 17% e, em D. urucu, entre 5 a 12%. Apesar das citações acima sobre o teor de rotenona, os dados mostraram ação mais eficiente de D. urucu no controle dos indiví- duos das duas linhagens de M. domestica. Mostrando a possibilidade de outras subs- tâncias além da rotenona, como aquelas mais conhecidas, tais como deguelina, tefrosina e toxicarol (Lima 1947), além de outras desco- nhecidas, como a nilobilina, um alcalóide que, de acordo com Caminha Filho (l 940), foi en- contrada por Groffoy em 1895, e que poderiam estar agindo no controle das larvas. Estes fa- tos indicam a necessidade de mais pesquisas para se detectar outros produtos que pode- riam estar agindo como princípio ativo destas plantas. Por outro lado, a despeito do efeito mar- cante de D. urucu, em relação à D. nicou, no controle das populações de M. domestica, pode-se destacar que a linhagem Jab foi mais sensível que a Bro em relação à D. nicou. Quanto à D. urucu, verificou-se o contrário, isto é, a linhagem Bro foi mais sensível. Estes fatos destacam a especificidade de ação do pó de timbó nas linhagens de M. domestica. Assim, os dados mostram a possibilidade de que com baixo custo, nas propriedades rurais, o pó de timbó pode ser obtido e usado no controle das larvas de um dos mais impor- tantes vetores de endemias rurais. Agradecimentos Ao Prof. Dr. Dilermando Perecin, docente do Departamento de Ciências Exatas da FCAV- UNESP, pela revisão e sugestões apresen- tadas. Literatura Citada Caminha Filho, A. 1940. Timbó e rotenona. Uma riqueza nacional inexplorada. Rio de Janeiro, Serviço de Informação Agrícola, 14p.
  • 6. Costa et al.168 Corbett, C. E. 1940. Plantas ictiotóxicas farmacologia da rotenona. São Paulo, Fac. Med. Univ. São Paulo, 157 p. Costa, N. A. da, C. N. B. do Nascimento, L. O. D. de Moura Carvalho, S. Dutra, & E. S. Pimentel, 1986. Uso do timbó urucu (Der- ris urucu) no controle do piolho (Haema- topinus tuberculatus) em bubalinos. Belém, EMBRAPA-CPATU, Bol. Pesq, 78,16 p. Finney, D. J. 1971. Probit analysis. 3rd ed., Cambridge, Cambridge University Press, 333p. Lima, R. R. 1947. Os timbós da Amazônia brasileira. Rio de Janeiro, Ministério da Agricultura, Bol. Tec. 36, p. 14-29. Lima, R. R. 1987. Informações sobre duas espécies de timbó Derris urucu (Killip et Smith) MacBride e Derris nicou (Killip et Smith) MacBride, como plantas insetici- das. Belém, EMBRAPA-CPATU, Docu- mentos, 42, 23 p. Link, R. P. 1965. Insecticides. p.702-726. In: L. M. Jones, (ed.) Veterinary pharma-co- logy and therapeutics. 3rd ed., Ames, Iowa State University. Oliveira, P. C. S., L. K. G. Trevijano, & M. Belo. 1993. Sensibilidade estacional em linhagens de Musca domestica (L.) para três tipos de inseticidas. An. Soc. Entomol. Brasil 22:455-461. Recebido em 25/09/95. Aceito em 30/02/97.