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1
CARL GUSTAV JUNG
"... A minha vida é a história de um inconsciente que se realizou. Tudo
o que nele repousa aspira a tornar-se acontecimento e, a personalidade, por
seu lado, quer evoluir a partir de suas condições inconscientes e
experimentar-se como totalidade. A fim de descrever esse desenvolvimento,
tal como se expressou em mim, não posso servir-me da linguagem científica;
não posso me experimentar como um problema científico. O que se é
mediante uma intuição interior e o que o homem parece ser expresso através
de um mito. Este último é mais individual e exprime a vida mais exatamente
do que o faz a ciência, que trabalha com noções médicas, genéricas demais
para uma idéia justa da riqueza múltipla e subjetiva de uma vida individual...".1
Esta frase nos mostra o quanto que, a obra e a vida de Jung são
extremamente ecológicas, sem frases de efeito e sem invenções que atendam ao
consumismo materialista da nossa condição pós-moderna; que tanto nos afasta da
realidade, por impedir a plenitude da vida natural, buscando um modelo de perfeição
que fragmenta o todo de maneira racional e, desta forma, unilateral. Por isso, sua
obra não é um manual de definições nem um mapa que nos afasta da troca e da
dinâmica singular que surge em todas as relações humanas.
Suas produções são registros fiéis da sua vida e de suas experiências
clínicas, tendo como base o processo empírico continuamente correlacionando
aspectos teóricos e práticos. Desta forma, este universo teórico não pode ser partido
sem que todo "ecossistema" se modifique, devendo ser visto e percebido por inteiro,
e cronologicamente para não corrermos o risco de usarmos levianamente suas
contribuições, ainda hoje muito ousadas, questionadoras e implicativas.
Reconhecendo o homem de forma integral, do mais denso e físico ao mais sutil e
espiritual. Mesmo assim, Jung continuamente tenta conceituar, sem se ocupar em
chegar a definições absolutas, com coerência e muita consistência, atendendo,
ainda hoje, a todas as necessidades do mundo moderno, inclusive das situações
extremas e emergenciais.
1
JUNG, C. G. Memórias Sonhos e Reflexões pg. 19.
2
Para Jung o processo de individuação2
vai contribuir para que tu te tornes
aquilo que tu és. Porém, a persona3
científica, vestida com as roupas da arrogância
2
Individuação é o processo teleológico – a existência de uma lógica, com sentido e significado
existencial, que na maioria das vezes está inconsciente e distante da realidade cotidiana – que está
imanente nas profundezas do inconsciente de todo ser humano. É a capacidade que todo indivíduo
tem, por meio do caminho de diferenciação, separação e integração, sair da uniformidade rasa e
alienante da normose coletiva em direção e uma busca simultânea de profundidade e expansão
evolutiva. Esse processo começa com a disposição para o conhecimento de si mesmo, representado
pelo eu ou ego pessoal, por meio da relação com o outro de si mesmo que, invariavelmente estará
num tu exterior, até desembocar no eu – representado pelos aspectos sociais e culturais. Só assim
poderá acontecer a verdadeira diferenciação e integração consciente rumo ao grande abraço integral
que é a meta do processo de individuação, onde cada ser humano poderá valorizar a sua
singularidade na pluralidade e diversidade, reconhecendo simultaneamente o Todo nas partes e as
partes no Todo. Compreendendo que ser diferente não é sinônimo de ser desigual. Só assim poderá
alcançar a condição ideal da felicidade, advinda de sentimentos egocêntricos e altruístas. Ou seja, o
egocentrismo necessário para manter os sentimentos de boa auto-estima, segurança e fé e o
altruísmo para poder servir a humanidade, porque o inseguro acaba sendo egoísta e dependente de
coisas externas que são facilmente perdidas, tomadas e finitas, gerando mais medo e insegurança.
Desta forma, quem está comprometido com o processo de individuação sempre terá mais consciência
da sua presença, do seu trajeto e do seu entorno relacional, com mais poder na sua ambiência,
protegido do contágio nocivo que ela pode fazer e até interferindo positivamente nela! Por isso,
atualmente, meu maior objetivo é o de fazer com que as pessoas, sejam elas quem forem e aonde
estiverem, saiam da inércia e da atitude do escravo, que trabalha apenas pelo chicote ou pela
necessidade de ganhar dinheiro para garantir sua sobrevivência, acumular bens ou desfrutar dos
efêmeros prazeres carnais, pois acredito e sei, da existência do processo de individuação e a função
transcendente, que todo ser humano é uma pedra bruta que precisa ser polida para deixar que a luz
de seu espírito interior possa brilhar e orientar o seu caminho exterior que, inevitavelmente, será o de
servir à própria humanidade.
3
O termo “persona” significa na abordagem da psicologia junguiana, os aspectos do “eu” que
apresentamos ao mundo exterior. É a máscara social e ideal de nós mesmos. É um arquétipo
funcional que é extremamente necessário, em função das necessidades adaptativas. Jung (1984, Vol.
VII/2: § 245) amplia o termo: “Ela é, como o nome indica, apenas a máscara da psique coletiva, uma
máscara que ‘finge individualidade’, fazendo com que nós e os outros acreditemos que somos
indivíduos, embora estejamos, simplesmente, desempenhando um papel através do qual a psique
coletiva se exprime (...). Quando analisamos a persona, despimos a máscara e descobrimos que
aquilo que parecia ser individual é, no fundo, coletivo; em outras palavras, que a persona era apenas
uma máscara da psique coletiva. Fundamentalmente a persona nada tem de real: não passa de um
acordo entre o indivíduo e a sociedade sobre aquilo que um homem deveria parecer ser. Ele adota
um nome, ganha um título, desempenha uma função, é isto ou aquilo. Em certo sentido, tudo isto é
real; contudo, em relação à individualidade essencial de uma determinada pessoa, é apenas uma
realidade secundária, uma formação de compromisso, fato nos quais as demais pessoas muitas
vezes têm uma parte maior do que a própria pessoa”.
3
do saber, nos afasta deste processo, projetando uma enorme sombra4
, que se
expressa através do capitalismo selvagem. Estimulando a negação do si mesmo,
que nos induz ao consumo desenfreado, preocupando-nos, muito mais, com a
quantidade acumulada de bens, do que com a qualidade potencial de vida. Com
isso, acabamos substituindo a beleza da natureza, que é dinâmica, viva, assimétrica
e diversificada, pela busca de um padrão de perfeição, que só a tecnologia da
imagem possibilita, criando assim um novo reino que podemos chamar de reino
virtual ou do simulacro. Mas, neste reino, nada é vivo só é esteticamente perfeito,
plástico e impermeável, por negar o sentido da ética e do humano, advindo das
trocas e dos vínculos.
O que Jung busca, com o conceito de individuação não é a perfeição, mas a
realização do ser e a sua plenitude, permitindo o reconhecimento das antinomias e
da sombra, que fazem parte da natureza humana, contribuindo para que a vida se
torne mais harmoniosa. Por isso Jung tem demonstrado, ao longo de sua obra, o
quanto que é humanista, não essencialista e determinista, sempre acreditando no
potencial da criatividade humana e no caráter compensatório e auto-regulador do
Self. Com isso, ele é um empirista, não dogmático, mas extremamente coerente e
fiel com seus princípios, idéias, paradigmas e doxas.
Jung, apesar de trabalhar com os aspectos retrospectivos e causais do
4
Sombra significa os aspectos ocultos e inconscientes do si mesmo, são conteúdos reprimidos,
negados ou jamais reconhecidos pelo ego, que é o representante da consciência. Na sombra
encontramos além dos conteúdos dos quais não nos orgulhamos, fantasias, ressentimentos,
potencialidades, instintos, habilidades e qualidades. Desta forma, o confronto com a sombra, permite
um alargamento da consciência, um acordo com o outro de nós mesmos, uma vida mais saudável e
harmoniosa. Em 1945, Jung deu uma definição mais direta e clara da sombra: "a coisa que uma
pessoa não tem desejo de ser" (1987 Vol. XVI/2: §470). Com isso, a sombra não é dotada de juízo de
valor, maniqueísmos ou posições absolutas de boa ou ruim, bem ou mal, pois ela é apenas o
contraponto compensatório da consciência do ego, ou seja, da consciência que o indivíduo tem de si
mesmo. Nesta gravura podemos inferir que a sombra do suicida se agarra à vida, apesar disso não
podemos dizer se ela é boa ou má, pois até o ato suicida é relativo e muitas vezes necessário e
importante para o processo de individuação ou salvação.
4
passado, volta seu pensamento na direção prospectiva sintética, buscando o sentido
e o significado das manifestações humanas. Sendo assim, ele é muito mais finalista
do que os mecanicistas que procuram causas passadas para explicarem os
sintomas, iludidos no pseudo "poder" de explicarem tudo, muitas vezes sem
compreenderem nada da realidade humana. Por isso, Jung sempre valorizou a força
do diálogo, advindo da arte da hermenêutica, deixando de ser apenas um hábil
ouvinte, como os psicanalistas, porque convidava seus clientes para serem parceiros
ativos em todo o processo terapêutico.
Conhecer a obra juguiana, de forma inteira e profunda, permite perceber que
se trata de uma produção extremamente atual e viável, não sendo necessário buscar
nada "novo" para substituí-la, apenas complementá-la com os avanços advindos da
própria experiência dos analistas. Além disso, muitas contribuições científicas da
atualidade acabaram dando respaldo teórico para várias intuições precoces e
visionárias de Jung, como o conceito de sincronicidade, que pode ser fundamentado
nos subsídios da mecânica quântica, e nas teorias de campo morfogenético, dos
fractais e do caos. Mas, infelizmente, como existem muitos "junguianos" que não
conhecem bem o "velho", mas precisam de resultados imediatos em suas práticas
diárias, ao invés de reverenciarem-se ao mestre, percebendo quanto ainda existe
para aprender, buscam informações superficiais, imediatistas ou mágicas,
denegrindo e distorcendo sua obra que é eficaz, coerente e ecológica.
Jung sabia que, em todas as pessoas, existem mecanismos criativos
contribuindo para que as transformações aconteçam, chamando essa capacidade
psíquica de função transcendente. Afirmando que os seres humanos têm cinco
instintos básicos:
1- Fome, para garantir a sobrevivência.
2- Labor, para dar proteção e possibilitar o crescimento.
3- Sexualidade, permitindo a transmissão do estoque genético para a perpetuação
da espécie.
4- Reflexão, gerador de angústia ao exigir contínua atitude de indagação sobre
tudo e todos, inclusive sobre nós mesmos.
5- Criatividade, estimulando a busca da superação e a transformação frente à
angústia existencial, responsável por toda produção científica, artística e
religiosa da humanidade.
Justificando assim, o porquê ninguém consegue ficar satisfeito com uma
atitude simplista de manutenção da vida, apenas esperando a morte chegar. Porque,
em função destes instintos, buscamos novos desafios e, inevitavelmente e
conseqüentemente, nos deparamos com adversidades e crises, que possibilitam
nosso crescimento evolutivo, apesar de que:
“... O segredo do mistério criador, assim como o do livre-arbítrio, é um
problema transcendente e não compete à psicologia respondê-lo. Ela pode
5
apenas descrevê-lo. Do mesmo modo, o homem criador também constitui um
enigma, cuja solução pode ser proposta de várias maneiras, mas sempre em
vão” 5
.
Nesta frase, fica comprovado o quanto que o pensamento de Jung é
coerente, primeiro, por aceitar a criatividade humana, demonstrando que não existe
um determinismo, sendo assim um humanista. Depois, ao citar a possibilidade de
termos vontades livres, conferindo valor aos impulsos e movimentos que estão a
serviço dos desejos do si mesmo (Self). Além disso, ao afirmar sua incapacidade de
responder, dentro do método reducionista mecânico, apesar de empiricamente poder
vivenciar e descrever os fenômenos criativos e a vontade, demonstrando aceitar
acontecimentos transcendentes e a ocorrência de mistérios no caminho evolutivo da
existência humana. Com este posicionamento Jung diverge do essencialismo
aristotélico e do cientificismo baseado em evidencias comprováveis e reproduzíveis
em laboratórios.
Através de suas constatações empíricas, Jung adquiriu a certeza e o
conhecimento de que existe um sentido maior para a vida. Algo mais que nos remete
para as antinomias, os opostos, e que permite o surgimento da transcendência, do
calor angustiante que alimenta a alma e do sagrado. Por isso Jung gera
controvérsias, perguntas como: É um místico ou um cientista? Um psicótico que
delira com suas visões ou um pesquisador da alma? Um embusteiro que transforma
as coisas "ruins" em experiências, criando filosofia e psicologia com a intenção de
ajudar?
Vale lembrar que Jung afirmava que os mitos e as manifestações psicóticas
se desenvolvem da mesma forma, ou seja, através de processos inconscientes.
Jung não era louco, pois valoriza o ego6
, que é, simultaneamente, o centro e a
periferia da consciência, afirmando que quanto mais forte o ego estiver mais
potencialidade e possibilidade o indivíduo terá para se desenvolver e crescer
criativamente, livre das imposições normóticas, puramente adaptativas, mesmo que
numa sociedade extremamente doente.
Para Jung, o ego, administrador da consciência, é muito importante. Sem ele
não pode haver crescimento do si mesmo (Self), a discriminação dos opostos e o
processo de individuação. Um ego fraco, inevitavelmente, irá projetar os conteúdos
sombrios do inconsciente, gerando as neuroses, as doenças e as paralisias, pois
não poderá dar significado simbólico aos desafios que vão surgindo no transcorrer
da vida. Desta forma, quanto mais for desenvolvido o psiquismo, possuindo um ego
5
JUNG, C. G. O Espírito na Arte e na Ciência par. 155.
6
O termo “Ego” é o resultado de um complexo que, por sua vez é formado por um conjunto de
arquétipos, representando o centro organizador da consciência. O ego é uma diferenciação do si
mesmo que, ao longo da vida, precisa se confrontar com ele para permitir a realização da alma. Um
ego saudável é flexível e lida simbolicamente com os conteúdos desconhecidos que surgem no
transcorrer da vida. Um ego patológico fica inflexível e nega, neuroticamente, os conteúdos do
inconsciente, tornando-se impermeável e incapaz de trocar.
6
estruturante, e não desestruturado ou estruturado e rígido, mais dinâmica e plena
será a personalidade.
Jung, mesmo desprendido do rigor cartesiano concreto, era um grande
pesquisador, sem jamais abandonar o respeito pela ciência e pela alma humana,
lembrando que as idéias de consciente e de inconsciente nasceram juntas. Onde a
consciência pensa e percebe o inconsciente, mas sem ele não existiria. Com isso,
não pode haver hierarquia entre as partes que são apenas a divisão de um todo. Em
função desta idéia, valorizamos a relação das partes. Uma depende da outra. Se
uma não se realizar a outra também não se realizará, apesar de que é o ego o
responsável pela consecução do processo de individuação.
Dentre as várias contribuições inovadoras introduzidas por C. G. Jung para
compreendermos e aliviarmos a angústia e curarmos as doenças, físicas e ou
psíquicas, que afligem os seres humanos, provocando repercussões sociais,
culturais, familiares, profissionais, religiosas e econômicas temos:
O processo de individuação (1), como uma realidade teleológica7
(2)
inconsciente que direciona o ego a se dedicar no sentido de propiciar a evolução da
psique ou alma. Porém, para que isso possa acontecer a consciência egóica tem
que se libertar da identificação corporal, do fascínio com a persona ou da possessão
dos complexos, que paralisam, dominam e impedem que a percepção da totalidade
aconteça. Com isso, o processo de individuação deixa de acontecer e o indivíduo
passa a viver uma vida alienada do si mesmo, sem sentido e significado, mantendo-
se enredado numa rotina automatizada e repetitiva voltada apenas para a
biossobrevivência e para o alívio dos medos e da angustia ou reparação da mágoa e
da culpa. Porém, como o Self, ou o si mesmo, tem como meta o objetivo de fazer
com que o ego contribua com o processo evolutivo da psique, ele tentará criar
condições para que aconteça algum fenômeno “arrebatador” que possibilite ou
provoque a mudança do estado de consciência egóica, no sentido do processo de
individuação. Ou, em outras palavras, irá provocar situações críticas fazendo com
que o ego passe a ser submisso (no sentido de estar missionário) com a
necessidade evolutiva da alma, ou psique, que aspira realização.
Neste sentido, os fenômenos que surgem para possibilitar a mudança do
estado de consciência, para que o indivíduo integral possa mudar seu estágio
evolutivo são:
 A sincronicidade (3), advinda da inter-relação do inconsciente pessoal e
7 No dicionário Houaiss temos: Teleologia – 1) qualquer doutrina que identifica a presença de metas, fins ou objetivos últimos guiando a natureza e a
humanidade, considerando a finalidade como o princípio explicativo fundamental na organização e nas transformações de todos os seres da realidade;
aproxima-se dos conceitos de teleologismo e finalismo. 2) doutrina inerente ao aristotelismo e a seus desdobramentos, fundamentada na idéia de que tanto
os múltiplos seres existentes, quanto o universo como um todo direcionam-se em última instância a uma finalidade que, por transcender a realidade material,
é inalcançável de maneira plena ou permanente. 3) teoria característica do hegelianismo e seus epígonos, segundo a qual o processo histórico da
humanidade - assim como o movimento de cada realidade particular - é explicável como um trajeto em direção a uma finalidade que, em última instância, é a
realização plena e exeqüível do espírito humano.
7
coletivo com o ego, representada por coincidências significativas, sem
correlação de tempo e espaço, que sempre nos remetem para a possibilidade
da integração dos opostos por meio do surgimento dos símbolos (4),
transdutores energéticos que são capazes de ativar a função transcendente
(5).
 Os sonhos (6), pois para Jung eles também são manifestações conscientes
advindas do inconsciente, pessoal e coletivo, atemporais e acausais,
igualmente repletos de conteúdos simbólicos, ao trazerem os dinamismos
arquetípicos, e suas respectivas imagens, que possibilitam ampliação e
mudança do estado de consciência.
 Todos os tipos e formas de crises geradoras de sintomas físicos, relacionais
ou psíquicos, individuais ou coletivos, que nos remetem para a bipolaridade
(7), ou pares de opostos (antinomias), igualmente com forte carga simbólica e
possibilidades de transformações criativas e evolutivas rumo ao processo de
individuação. Porque possibilitam o reconhecimento da existência dos
complexos (8), incluindo o do ego, da realidade exterior dotada de
materialidade, da alma e do espírito (soma, psique e pneuma – corpo, alma e
espírito). Reconhecer os complexos, por sua vez, possibilita que o ego
compreenda toda a dimensão arquetípica (9) presente no inconsciente
coletivo, com suas respectivas imagens advindas da consciência e do
inconsciente pessoal, incluindo as imagens dos arquétipos da sombra e da
anima ou animus.
 Todas as produções criativas expressas na forma de arte, ciência, religião ou
produção tecnológica. Apesar de que, na maioria das vezes, a produção
artística transcende o artista que, muitas vezes, não consegue beneficiar-se
da sua criação, entregando-se conscientemente ao processo de individuação,
livrando-se da supremacia dos complexos e de sua identificação egóica com
a persona (principalmente quando fica famoso) e de sua experiência corporal,
a qual encanta por possibilitar sensações prazerosas imediatas, apesar de ser
finita e, por isso mesmo, assustadora.
Além disso, também temos as contribuições da teoria dos tipos e funções
psíquicas (10), que nos permitem compreender as várias formas de personalidades
atuantes na humanidade, fazendo julgamentos e assumindo comportamentos
distintos, interferindo diretamente nas produções criativas, advindas da necessidade
de adaptação (11), e nos mecanismos compensatórios (12) presentes em todos os
seres humanos. Estas são as razões que me fazem acreditar que esses conceitos
são importantes avanços que contribuíram, e ainda contribuem, para a evolução da
consciência humana, por meio do autoconhecimento!
Neste sentido, para mim, esses catorze conceitos teóricos que sustentam a
obra de Jung, transformando as demais idéias trabalhadas por ele como meros
desdobramentos. Desta forma, esse conhecimento é uma excelente base para
compreendermos o surgimento dos sintomas e de todos os fenômenos
8
provocadores de crises, mudança do estado de consciência e tentativa de conduzir o
ego para engajar-se conscientemente ao processo de individuação, único meio para
a verdadeira cura da humanidade. Por isso listo-os novamente abaixo:
1- Individuação
2- Teleologia ou finalidade
3- Sincronicidade
4- Símbolos
5- Função transcendente
6- Sonhos
7- Bipolaridade, antinomia ou pares de opostos
8- Complexos
9- Arquétipos
10-Tipos e funções psíquicas
11-Adaptação
12-Compensação
13-Mandala
14-Imaginação ativa
Sendo que os meios que o Self possui para que o ego possa sair da sua
condição inercial de automatismo, repetição, anestesia, negação ou repressão do
Self e da alma são:
 SINCRONICIDADE
 SONHOS
 CRIATIVIDADE
 ARTE
 CIÊNCIA
 MITOS/RELIGIÕES
 PRODUÇÕES INTELECTUAIS OU TECNOLÓGICAS
 SINTOMAS
9
 FÍSICOS
 PSÍQUICOS
 RELACIONAIS
Por isso necessitamos ferramentas para lidarmos com essas produções que
tem o mesmo objetivo que é o de provocar mudanças tanto na atitude quanto nas
crenças e desejos do ego, fazendo que ele estabeleça uma relação saudável com o
Self e passe a se comprometer com a necessidade evolutiva da alma ou psique,
equivalente ao processo de individuação, muito parecido com os caminhos de
iluminação ou de salvação.
Neste sentido, ainda a meu ver, no século XX, além de Carl Gustav Jung,
também temos mais três pensadores ocidentais: George Ivanovich Gurdjieff, Rudolf
Steiner e Teilhard de Chardin, enquanto que no oriente: Paramahansa Yogananda,
Sri Aurobindo, Jiddu Krishnamurti e Daisetz Teitaro Suzuki, cada um com suas
terminologias e construções teóricas, acabaram desembocando em caminhos muito
semelhantes, ao afirmarem que o autoconhecimento é a base para que o indivíduo
atinja a plenitude do seu ser, com realização existencial. Ou seja, o
autoconhecimento faz com que as pessoas se tornem mais seguras,
simultaneamente auto-centradas ou ego-centradas e altruístas, podendo servir a
humanidade como um todo. O interessante é que esse conceito já era defendido por
Hipócrates (460 – 377 a.C. - Grécia), o pai da medicina, que em seu aforismo
afirmava: “Homem conheça-te a ti mesmo, e só então poderás conhecer os deuses
e, conseqüentemente, o deus que habita em ti”.
Para Jung existe uma espécie de gênio ou daimon no íntimo de cada um de
nós. Mas, infelizmente, para a maioria das pessoas, esse guia interior não está
acessível, nos deixando muito “perdidos” para o “chamado” da nossa vocação,
equivalente à realização do mais alto fim existencial. Essa idéia foi utilizada por
Samuel Hahneman, idealizador da homeopatia, ao comentar que toda doença nada
mais é do que o desvio equivocado desse chamado ou meta existencial. Neste
sentido, a doença é a possibilidade que o indivíduo tem de parar e repensar a
própria vida. Por isso, os princípios de Jung convergem com os da homeopatia.
Carl Gustav Jung nasceu a 26 de Julho de 1875, em Kesswil, aldeia no
cantão da Turcóvia, Suíça. Seu pai, Paul Achiles Jung, exercia a função de pastor
protestante. Aos quatro anos foi transferido para Klein nos arredores da Basiléia,
local onde fez todos os seus estudos, inclusive o curso de medicina. Este local, na
época, era um dos maiores centros culturais da Europa. Seu avô C. G. Jung foi o
grande reformador da Faculdade de Medicina da Basiléia e dizia ser filho ilegítimo de
Goethe, o autor do Fausto, porém nada ficou provado, apesar de que Jung
demonstrava prazer nesta possibilidade.
Jung foi filho único por nove anos, brigava muito com seu pai, devido a
conflitos teológicos. Tinha uma relação extremamente afetiva com sua mãe. Ele
herdou de seus avos paternos conhecimentos fabulosos, pois seu avô era reitor da
Universidade de Basiléia além de Grão mestre da loja Suíça de francos-mações,
10
casado com Sophie Frey, filha do prefeito de Basiléia e 18 anos mais jovem que ele.
Seu pai, Paul Jung, era reverendo protestante, doutorado em línguas orientais, além
de ser poliglota e líder maçom. Sua mãe, Emilie Jung-Priswerk, filha de pastor, muito
enérgica e muito dinâmica, apesar de extremamente calma, era ligada ao ocultismo
espiritualista além de ser muito inteligente.
O próprio Jung conta que a atmosfera do seu lar era "irrespirável". Porque seu
pai tinha um humor melancólico, frustrando-se após terminar a versão Árabe do
Cântico dos Cânticos, como tese doutoral, e ter de se decidir pela carreira de pastor
em uma cidadezinha rural. Para Jung, seu pai sofria de uma crise espiritual,
sacrificando o intelecto na vã esperança de dar um apoio a sua piedade vacilante.
Nesta época, a saúde de Jung era delicada. Fato posteriormente relacionado aos
aborrecimentos domésticos.
Desde pequeno sempre se sentiu dividido em duas personalidades8
. A
número um, de um menino solitário, introvertido, que sentia uma enorme ansiedade
por não se adaptar ao ambiente familiar e as idéias vigentes. A número dois, de um
ser muito velho e muito sábio, digno de todo respeito. Esta divisão perdurou por
muitos anos. Também percebeu esta divisão em sua mãe. Onde, geralmente, agia
como uma mulher extremamente boa, de um enorme calor animal, corpulenta,
simpática, com grandes dons literários, bom gosto, profundidade e afeita ao diálogo.
Porém, repentinamente surgia uma personalidade inconsciente e de um poder
imprevisto, com um aspecto sombrio, imponente, dotada de autoridade e intangível.
Desta forma, Jung conclui que sua mãe também possuía duas personalidades uma
humana e outra, pelo contrário, temível. Quanto a seu pai, nunca conseguiu se
comunicar profundamente com ele. Percebia que suas perguntas o entristeciam,
vendo-o como um homem solitário e ressentido.
Muito cedo, ainda criança, Jung entrou em contato com o mundo onírico. Com
apenas quatro anos teve o seu primeiro grande sonho e, a partir deste, a cada
grande sonho guardava sentimentos e imagens que iriam marcá-lo profundamente.
Desde muito jovem demonstrou um caráter contestador, com muitos pensamentos e
uma enorme capacidade para a reflexão. Relata que, por volta dos nove anos, na
solidão de filho único, até então, desenvolvia este tipo de brincadeira:
“... Em frente desta parede havia uma encosta na qual ficava cravada
uma pedra um pouco saliente - minha pedra. Às vezes, quando estava só,
sentava-me nela e então começava um jogo de pensamentos que seguia
mais ou menos este curso: ‘Eu estou sentado nesta pedra. Eu, em cima, ela
embaixo’. Mas a pedra também poderia dizer ‘Eu’ e pensar: ‘Eu estou aqui,
neste declive e ele está sentado em cima de mim’. – surgia então a pergunta:
‘Sou aquele que está sentado na pedra, ou sou a pedra na qual ele está
sentado’? – Esta pergunta sempre me perturbava: eu me erguia, duvidava de
mim mesmo, meditando a cerca de ‘quem seria o quê’? Isto não esclarecia e
8
JUNG, C. G, Memórias Sonhos e Reflexões, Pg. 32.
11
minha incerteza era acompanhada pelo sentido de uma obscuridade estranha
e fascinante. O fato indubitável era que essa pedra tinha uma singular relação
comigo. Eu podia ficar sentado nela horas inteiras, enfeitiçado pelo enigma
que ela me propunha” 9
.
Jung relata que, aos 12 anos de idade, após um incidente, em que levou um
soco de outro menino e ficou atordoado, começou a sofrer uma síncope toda vez
que tentava lidar com as coisas da escola. Ficou em uma atitude de isolamento e
total subversão frente ao mundo e à vida. Percebia-se como um rapaz tímido,
ansioso, desconfiado, pálido, magro e de uma saúde aparentemente instável, com
freqüentes desmaios, ficando envolto e inebriado com as suas inquietantes
reflexões.
Seus pais o levaram a vários médicos. Nada mudou até certo dia que Jung
escutou seu pai conversando com um amigo. Ele comentava que os médicos
ignoravam o que seu filho tinha e o que mais temia era a possibilidade de ser algo
incurável. Questionava: o que será de meu filho? Será que ele terá capacidade de
ganhar a vida? Neste momento, Jung entrou em contato com a realidade: teria de
ganhar o seu sustento, um dia. A partir desse momento foi para o escritório do pai e
procurou concentrar-se nos livros. Primeiramente conseguiu dez minutos e sofreu
um desmaio, depois quinze... E mais trinta... E mais trinta... Até que não sobreveio
mais nenhum desmaio. Assim, livrou-se de seu estado mórbido, passou a dedicar-
se, diariamente, em várias horas de leitura e estudos na biblioteca de seu pai. Lia
tudo o que encontrava: literatura, filosofia, história das religiões, etc. Tornou-se então
mais seguro, sentindo um grande apetite sob todos os aspectos.
Jung percorreu autores dos séculos XVII até o séc. XX. Seu pensamento
permeia todos esses conceitos. Sua metodologia está livre da produção ficcional de
conceitos do neoliberalismo contemporâneo. Este, só serve ao interesse da indústria
da cultura que superficializa e banaliza os pensamentos. A super valorização do
novo nos desvia da filosofia perene, da realidade e do presente. Por isso, Jung,
sempre propôs uma revolução científica, incentivando a interdisciplinaridade, por
perceber que as soluções dos problemas se encontram, geralmente, não no cerne
daquela ciência, mas nas ciências afins. Só com a mudança do estado de
consciência é que podemos superar os problemas.
Aos 16 anos Jung começou os grandes estudos, onde percebeu que seu
dilema ia se dissipando lentamente, entrou em contato com a escolástica cristã, o
intelectualismo Aristotélico de São Tomás, a filosofia de Shopenhauer onde, pela
primeira vez, ouviu falar dos sofrimentos do mundo de uma maneira que aquietava
seus pensamentos. Esta evolução filosófica prolongou-se praticamente até o final de
sua vida, principalmente quando entrou em contato com a obra de Kant e Nietzche.
Em 1900 obtém o título de médico, cuja carreira evoluiu rapidamente. Sua
tese de doutoramento foi sobre fenômenos paranormais. Em 1902, já formado em
9
Ibíd. Pg. 32.
12
medicina e atuando como psiquiatra, apresenta uma tese de doutoramento: Sobre a
Psicologia e Patologia dos Denominados Fenômenos Ocultos. Em 1903 passa a ser
o primeiro assistente em Burgholzli, Manicômio Cantonal e Clínica Psiquiátrica da
Universidade de Zurique, neste mesmo ano casa-se com Emma Rauschenbach,
com quem teve cinco filhos. Fez vários estudos sobre a demência precoce chamada,
atualmente, de esquizofrenia. Trabalhou com associações verbais normais e
patológicas, o que originou o teste de associação de palavras e lhe conferiu o título
de cidadão “honor is causas” da Basiléia. Posteriormente, Freud adaptou esse
estudo para associação livre e Jung desenvolveu a teoria dos complexos, que
possuem núcleos afetivos e podem tomar a consciência de assalto.
Em 1906 estuda as obras de Freud e, no ano seguinte encontrou-se, com ele,
em Viena. Neste primeiro encontro ficaram conversando ininterruptamente por 14
horas. Mas, desde o início, ficou clara a divergência de idéias que existia entre eles.
Entre alguns conflitos podemos citar: Libido Sexual X Energia Psíquica; Religião X
Razão; Inconsciente, como subproduto da consciência X Consciência, como
evolução do inconsciente; Adaptação X Individuação. Mesmo assim, Jung foi
nomeado o 1o
Presidente da Sociedade Psicanalítica. Freud e Jung tiveram um
intenso relacionamento, por apenas seis anos (1907 a 1913). Ficando evidente que
suas bases filosóficas e religiosas eram totalmente antagônicas. Por isso, é um
grande engano colocar Jung como aluno de Freud, porque o próprio Freud o situava
como um parceiro respeitado e muito valioso, pois deu sustentação teórica a muitas
de suas idéias.
A grande ruptura entre os dois autores se deu em função do lançamento do
livro de Jung: Símbolos da Transformação da Libido, no qual Jung se distancia
definitivamente do conceito freudiano de libido, como uma pulsão exclusivamente de
caráter sexual. Para Jung, a libido, ou energia psíquica, se manifesta em várias
instâncias do humano, indo do mais denso ao mais sutil, ou seja, do corpo à
espiritualidade. Além disso, Freud via o mito no mesmo complexo nuclear da
neurose e Jung, ao contrário, como funções sadias e positivas da psique, sem se
ligarem, necessariamente, a impulsos sexuais ou neuróticos. Por isso, Freud
afirmava que os símbolos são restos reprimidos do passado e Jung que eles são os
grandes transformadores ou transdutores da energia psíquica, contribuindo com a
capacidade criativa e curativa do homem.
Para Freud, o sentido da vida é a aquisição de conhecimento em busca da
perfeição. Para Jung, é a realização do si mesmo, que traz um sentimento de
plenitude, que leva à transcendência, apesar das diferenças, assimetrias e
imperfeições humanas. Por isso, Freud via a religião como resultante do complexo
de Édipo, paterno ou materno, produzindo a sublimação do instinto sexual. Desta
13
forma, a razão poderia afastar totalmente o sagrado10
. Enquanto que Jung via a
religião como um fenômeno universal, inerente à psique, equivalente a grandes
sistemas psicoterapêuticos, por favorecem a religação com o arquétipo11
central, ou
si mesmo.
Freud não aceitou as categorias junguianas de inconsciente coletivo,
arquétipos, função transcendente, sincronicidade, capacidade simbólica e criativa da
psique, entre outras. Porque Jung tinha um enfoque muito mais voltado para o
pensamento prospectivo sintético, sem desconsiderar o conhecimento redutivo
causal, que era à base da análise de Freud, que pesquisava apenas a origem do
trauma. Além disso, Freud era um homem sem laços com a história, julgando-se
inventor de conceitos. E, apesar de possuir inteligência extrema, negava o
conhecimento filosófico, preferindo ficar só, na sua ilha, para não correr o risco de se
"contaminar" com outros pensamentos e ter a certeza de que toda produção era de
sua lavra. Sempre com o intuito de impor, sob a forma de dogmas, sua teoria,
desconsiderando a antropologia, sociologia, história, religiões e todo pensamento
holístico e integral, pois nunca abandonou sua origem de neurocientista.
10
Isso fica muito claro neste excerto: “... seu anseio por um pai constitui um motivo idêntico à sua
necessidade de proteção contra as conseqüências de sua debilidade humana. É a defesa contra o
desamparo infantil que empresta suas feições características à reação do adulto ao desamparo que
ele tem de reconhecer – reação que é, exatamente, a formação da religião”. (FREUD, S. O Futuro de
uma Ilusão O Mal-Estar na Civilização, PG. 36).
11
O conceito de “Arquétipo” significa o repositório de consciência coletiva que está presente em cada
pessoa, e do qual se diz que é o arquivo dos vestígios de memória de todas as experiências
passadas, tanto de si mesmo quanto de outras pessoas. Com isso, ele é transpessoal abarcando
todos os seres sencientes. Jung (1984 VIII/2: §415) amplia: “Psicologicamente... o arquétipo, como
uma imagem do instinto, é uma meta espiritual em direção à qual tente toda a natureza do homem;
ele é o oceano ao qual se encaminham todos os rios, o prêmio que o herói arrebata na luta contra o
dragão”. Concluímos que os arquétipos são potencialidades psíquicas herdadas que se manifestam
por meio de imagens. Pertencem ao inconsciente coletivo, representam as memórias ancestrais
vivenciadas e registradas ao longo da evolução humana. Por isso, são universais e atuantes ao longo
de nossa existência. Os arquétipos são contextos universais representados por continentes temáticos
e as imagens arquetípicas os conteúdos advindos das experiências existenciais que preenchem
esses continentes que por sua vez são oriundas tanto do inconsciente coletivo quanto do
inconsciente pessoal e das experiências conscientes de cada ser humano.
14
Jung, ao descrever a Freud um sonho12
que havia tido, sobre uma casa com
escadas em caracol em que ele descia para ambientes e épocas cada vez mais
antigas, até chegar numa caverna com ossos, constatou que suas diferenças com
Freud ficaram muito mais evidentes. A interpretação feita por Freud contribuiu,
significativamente, para que a separação acontecesse. Mas, posteriormente, este
mesmo sonho, lhe possibilitou o entendimento da psique além de reativar seus
interesses pela arqueologia, porque permitiu a formulação da teoria do inconsciente
coletivo e o conceito dos arquétipos.
Em 1913 Jung começou a estudar tudo sobre a alquimia, o que lhe abriu um
campo extremamente fecundo e grande, acrescentando ao Inconsciente Pessoal a
idéia de Inconsciente Coletivo. Em 1920 escreveu os Tipos Psicológicos, onde
popularizou termos como a extroversão e a introversão. Sua paixão em conhecer a
alma humana não parou, chegou a conclusões que o levariam, cada vez mais, para
o pensamento oriental, para os mecanismos auto-reguladores do Self (homeostase
psíquica), saindo do pensamento linear e aproximando-se das ciências naturais e
empíricas, substituindo os estudos metódicos e laboratoriais pela observação direta
dos fatos reais (empirismo). Concluindo que a:
“A teoria representa, inegavelmente, o melhor escudo para proteger a
insuficiência experimental ou a ignorância. As conseqüências, porém, são
lamentáveis: mesquinhez, superficialidade e sectarismo científico... Então,
pretender rotular os germes polivalentes da criança com a terminologia tirada
do estágio de desenvolvimento pleno da sexualidade será, certamente,
empreendimento muito duvidoso. Este proceder levará a estender a
12
JUNG, C. G. Memória Sonhos e Reflexões, PG. 143.
15
interpretação sexual a todas as outras disposições infantis; deste modo, o
conceito de sexualidade se tornará demasiadamente inflado e nebuloso,
enquanto que os fatores espirituais aparecerão apenas como meras
deformações do espírito” 13
.
Em 1921 passou um grande período na África depois foi visitar os índios
pueblos no Arizona e Novo México. Volta à África, em 1926, para viver entre os
nativos das vertentes do monte Elgon, no Quênia. Visitou a Índia além de vários
países Europeus e os Estados Unidos. Em 1922 comprou um terreno em Bollingen,
e constrói uma casa de dois andares, que vai sendo reformada e arquitetada, ao
longo de sua vida, conforme as suas necessidades internas. Em sua torre de
Bollingen, Jung se sentia mais autenticamente ele mesmo, lá Jung dizia ser o filho
"arquivo" de sua mãe, o filho do inconsciente materno, o arquivelho que habitava seu
ser quando criança, o arquivo do inconsciente da humanidade. A casa de Bollingen
tomou sua forma definitiva em 1955, após vários estágios de transformações.
Quando Jung estava com 45 anos, bem envolvido com as questões da sua
metanóia, onde conclui:
"... tornou-se claro para mim que a meta do desenvolvimento
psíquico é o si mesmo. A aproximação em direção a este não é linear, mas
circular... Compreender isso me deu firmeza e progressividade, restabeleceu-
se a paz interior. Atingira com a mandala, expressão do si mesmo, a
descoberta última a que poderia chegar. Alguém poderá ir além eu não" 14
.
A partir deste momento toda a sua vida se resumiu em elaborar tudo o que
surgira durante estes anos, suas vivências internas, estudos, pesquisas, viagens,
enfim, o sentido era dar forma ao conteúdo que habitava no seu íntimo. Foi ao
encontro com suas raízes históricas onde os estudos da alquimia foram decisivos.
Em 1928 é publicado o livro: Dialética do eu e do Inconsciente, e em 1929 em
colaboração com R. Wilhelm, o livro O Segredo da Flor de Ouro. Nesta época, Jung
já esta com 55 anos e em plena produção científica, suas obras vão surgindo: A
13
JUNG, C. G. O Desenvolvimento da Personalidade, PG. 10.
14
Ibíd. PG. 174.
16
Energia da Alma; Psicologia e Religião, entre outros.
No início de 1944, próximo dos 69 anos, fratura um pé e logo depois tem um
enfarte. Durante a doença passou muito tempo acamado e teve vários sonhos e
visões que contribuíram para mais transformações em sua vida. Seu pensamento
fluía, Jung disse que após a doença ele estabeleceu uma relação de "sim",
incondicional ao que é, sem objeções subjetivas, aceitando as condições da
existência, como as via e compreendia, acolhendo tanto a simplicidade quanto a
complexidade do inconsciente, com a sombra e as manifestações da alma,
escrevendo:
“... Quando seguimos o caminho da individuação, quando
vivemos nossa vida; é preciso também aceitar o erro, sem o qual a vida não
será completa: nada nos garante – em nenhum instante – que não possamos
cair em erro mortal. Pensamos talvez que haja um caminho seguro. Ora, esse
seria o caminho dos mortos. Então nada mais acontece e em caso algum
acontece o que é exato. Quem segue o caminho seguro está tão bem como
quem está morto...” 15
.
Jung afirma que a doença nos leva a fatos e que a psicoterapia, ao encontrar
o símbolo que é o bônus da doença, propicia o: conheça-te a ti mesmo, que
inevitavelmente trará o sentido e o significado existencial de cada indivíduo. Os
cristãos poderiam falar: reconhecer e carregar a sua própria cruz.
Em 1944 publica os livros Psicologia e Alquimia; e Resposta a Jó; em 1946, A
Psicologia da Transferência, em 1951 retoma a problemática de Cristo com o livro:
Aion, em busca do Simbolismo de si mesmo; em 1956 o livro: Mysterium
Conjunctionis. Com isso, Jung conclui que suas obras são estações de sua vida,
constituindo a expressão do seu desenvolvimento interior, e que sua vida é a sua
ação e seu trabalho é consagrado ao espírito, sendo impossível separar um do
outro.
Jung foi um viajante que se aprofundou num terreno insólito e aterrorizador,
que é o inconsciente e, apesar de ter passado pela primeira e segunda guerra
15
JUNG, C. G. Memória Sonhos e Reflexões, PG. 259.
17
mundial, dedicou-se continuamente na elaboração das suas vivências internas e
suas experiências, com estudos pesquisas e viagens, para cumprir a missão a que
se sentia predestinado escrevendo:
“... Pressentira desde o início a singularidade do meu destino, o
sentido da minha vida seria cumpri-lo. Isto me dava uma segurança interior
que nunca pude provar a mim mesmo, mas que era provada. Não possuía
esta certeza, mas ela me possuía... Ninguém conseguiu demover-me da
certeza de que estava no mundo para fazer o que Deus queria e não o que eu
queria..." 16
.
E explica como inseriu o universo mítico em sua obra:
"... Ao descrever os processos vivos da psique, deliberada e
conscientemente dou preferência a um modo de pensar e de falar dramático e
mitológico, porque isso não só é mais expressivo como também mais exato do que
uma terminologia científica abstrata, que está acostumada a se entreter com a noção
de que suas formulações teóricas que poderão um belo dia ser determinadas por
equações algébricas..." 17
.
Também tece uma crítica para a atitude racionalista do homem
contemporâneo, dizendo que ao negarmos o Sagrado e os deuses, passamos a ter
uma atitude unilateral onde cultuamos e adoramos, monoteístamente, apenas a
deusa razão, denunciando que:
"... O homem contemporâneo não consegue perceber que,
apesar de toda sua racionalização e toda a sua eficiência, continua possuído
por 'forças' além do seu controle. Seus deuses e demônios absolutamente
não desaparecem; tem apenas novos nomes. E conservam-no em contato
íntimo com a inquietude, apreensões vagas, complicações psicológicas, uma
insaciável necessidade de pílulas, álcool, fumo, alimento e, acima de tudo
com uma enorme coleção, de neuroses..." 18
.
Jung sempre encorajava seus alunos em abordar cada caso com um mínimo
16
Rrr
17
Ttt
18
JUNG, C. G. O Homem e Seus Símbolos.
18
de suposições preconcebidas. Dizia, apesar de saber ser utópico e impossível, que o
ideal seria não ter nenhuma suposição, e que cada analista encontre os seus
próprios caminhos, dizendo:
"... Posso apenas esperar e desejar que ninguém se torne
‘junguiano’... Eu não proclamo qualquer doutrina predeterminada, e abomino
os ‘partidários cegos’. Deixo todas as pessoas livres para lidar com os fatos
à sua própria maneira, pois também reclamo essa liberdade para mim" 19
.
Nestas frases percebemos o sentido liberal e teleológico que Jung alimenta
sobre a alma humana, sua dinâmica e seus fins. E, em 1957, Jung estava com 82
anos, e iniciou a elaboração de sua última contribuição literária, o livro: “Memórias,
Sonhos e Reflexões”, que foi compilado e prefaciado por Aniela Jaffé. Em 1959, em
sua casa de campo em Bollingen, desenvolvia o capítulo “Sobre a Vida depois da
Morte” disse: “Algo em mim foi atingido. Formou-se um declive pelo qual me vejo
forçado a descer”.
Na primavera do dia 6 de junho de 1961, com quase 86 anos, em sua
casa/torre de Bollingen morreu tranqüilamente. É significativo citar que na entrada de
sua casa Jung colocou em latim os seguintes dizeres: “Chamado ou não chamado,
Deus está presente”.
JUNG NO BRASIL
Carl Gustav Jung (1875-1961) foi o expoente mais promissor da psicanálise,
reconhecido por Sigmund Freud como seu principal legatário. Porém, devido a
desarmonias ideológicas, foi divergindo de muitos conceitos constitucionais da
psicanálise freudiana, afastando-se e criando uma teoria original que buscava uma
melhor compreensão sobre a psique e as atitudes humanas. Jung teve a coragem –
ação do coração – de submergir no seu inconsciente e reconhecer que a vida é uma
19 Tgtt
19
expressão criativa da singularidade individual na pluralidade coletiva.
Seus estudos e principalmente suas experiências e suas vivências, subjetivas
e objetivas, foram à pedra angular para a criação da psicologia analítica.
Atualmente, além da escola clássica, que mantêm uma maior fidelidade aos
postulados de Jung, temos subsídios de neo-junguianos que criaram as escolas
arquetípicas e desenvolvimentistas.
No passado, profissionais de várias partes do mundo se dirigiram para a
Suíça em busca da vivência e do conhecimento desta teoria. Ao retornarem a seus
países de origem ou imigrando para outros países, foram criando grupos e
sociedades para divulgar e formar novos psicoterapeutas.
A psicologia analítica de Carl Gustav Jung no Brasil é muito jovem. Porém,
apesar das várias conseqüências desastrosas da globalização, produzindo mais
exclusão social e a perda das referências culturais, um ganho secundário fantástico
é a possibilidade da aquisição do conhecimento acessível a todas as pessoas
interessadas. Com isso, atualmente, ninguém pode se julgar proprietário do
conhecimeto, ora dominando ou evitando que outras pessoas tenham acesso a ele,
ora fazendo patrulhamentos ideológicos, denegrindo quem obteve o conhecimento
por meios e fontes diferentes dos que se julgam proprietários. Porque, o acesso às
informações está cada vez mais fácil e horizontal. Por isso, na nossa era da
informação e das comunicações, quem tiver mais conhecimento terá mais poder –
no seu sentido latino: potere = ser capaz. Lembrando que conhecimento implica em
relação, diferente da informação que equivale apenas ao acúmulo de dados.
Somente em 1977 que começou a se organizar, aqui no Brasil, a primeira
sociedade para estudos e divulgação desta prática e deste conhecimento tão rico e
valioso para a humanidade. Nesta época o casal belga, Leon e Jette Bonaventure,
criaram seminários na cidade de São Paulo, lançando livros de analistas junguianos
famosos bem como se iniciou, pela editora Vozes, a publicação das Obras
Completas de Jung que, infelizmente, até o início de 2002 ainda não estava
totalmente publicada. Logo depois, outros analistas formados em Zurique, se
juntaram e criaram uma sociedade para formar analistas junguianos, mas o casal
20
Bonaventure acabou não aderindo seu estatuto formal. A partir daí os grupos foram
surgindo, alguns com credenciamento internacional e outros não.
Anteriormente, no Rio de Janeiro, a Dra. Nise da Silveira, em 1957, foi para a
Suíça apresentar para Jung o seu trabalho com pinturas de psicóticos refratários aos
tratamentos convencionais, no intuito de comprovar a existência do Inconsciente
Coletivo, material que agregou e contribuiu para a validação desta teoria de Jung.
Nesta mesma época ela iniciou grupos de estudos junguianos na Casa das
Palmeiras.
A obra de Jung foi ganhando espaço e reconhecimento, motivando um
número cada vez maior de simpatizantes e estudiosos. A academia também não
podia mais ficar omissa a esta crescente demanda e, paulatinamente apesar de
acanhadamente, foi incluindo as contribuições de Jung nas aulas de teorias e
técnicas psicoterápicas. Atualmente são raros os cursos de psicologia ou de
especialização em psiquiatria que não dedicam, pelo menos, um semestre
consagrado à teoria junguiana.
Atualmente nós temos, no Brasil, várias sociedades que estudam e divulgam
a obra de Jung e dos neo-junguianos. Em quase todas as capitais do país
encontramos grupos articulados se aprofundando neste conhecimento tão vasto e
enriquecedor. Academicamente existem cursos de pós-graduação titulando
especialistas, como o da FACIS, formando especialistas em São Paulo e outras
cidades brasileiras desde 1984, onde atuo como coordenador. Além disso, nos
programas de mestrado e doutorados já é grande o número de dissertações e teses
que fazem de Jung a referência teórica principal.
Com isso, o conhecimento e a prática da psicologia junguiana está se
tornando uma base fundante nas práticas psicoterápicas, não podendo ficar restrito
a confrarias que de forma sectária, econômica e ou culturalmente, pretendem
monopolizar esta ciência e esta arte. Principalmente porque Jung tinha uma atitude
completamente includente e não postulava a formação de partidários cegos, assim
como abominava a busca de poder pelo poder, sem amor e sem a entrega irrestrita
e abrangente para a vida e seu significado, evitando sempre as exclusões
21
ideológicas e mercantilistas. Por isso, a primeira leva de analistas junguianos é
preponderantemente advinda de seus pacientes, seres humanos que se mostraram
sensíveis, devido as suas próprias feridas, e capazes de estabelecer a relação de
ajuda que essa prática exige.
Algumas citações de Jung e seus colaboradores que julgo relevantes:
“A humanidade experimentou inúmeras vezes, tanto individualmente quanto
como coletividade, que a consciência individual significa separação e inimizade. No
indivíduo, o tempo de dissociação é tempo de doença, o mesmo acontecendo na
vida dos povos. Não podemos negar que a nossa época é um tempo de dissociação
e doença. As condições políticas e sociais, a fragmentação religiosa e filosófica, a
arte e psicologia modernas, tudo dá a entender a mesma coisa... A palavra crise
também é expressão médica que sempre designa um clímax perigoso da doença...
Com a tomada da consciência, o germe da doença da dissociação plantou-se no
espírito da humanidade, sendo o maior bem e o maior mal ao nosso tempo.”20
“Os deuses tornaram-se doenças. Não procuramos mais os Deuses no
Olimpo, nem nos antigos cultos, templos ou estátuas do passado, nem mesmo em
seus dramas e narrativas míticas. Em vez disso, os Deuses aparecem em nossas
desordens, particulares é claro, mas também públicas.”21
“A dessacralização de nossa época tão profana é devida ao nosso
desconhecimento da psique inconsciente, e ao culto exclusivo da consciência.
Nossa verdadeira religião é o monoteísmo da consciência, uma possessão da
20
JUNG, C. G. Civilização em Transição par. 290.
21
JUNG, C.G. in HILLMAN, J. Cidade e Alma, pg. 66.
22
consciência, que ocasiona uma negação fanática da existência de sistemas parciais
autônomos..."22
“O homem perdeu o temor de Deus e pensa que tudo pode ser julgado
de acordo com medidas humanas”. Esta hybris, que corresponde a uma estreiteza
de consciência, é o caminho mais curto para o asilo de loucos... ...Congratulamo-nos
por haver atingido um tal grau de clareza, deixando para trás todos esses deuses
fantasmagóricos. Abandonamos, no entanto, apenas os espectros verbais, não os
fatos psíquicos responsáveis pelo nascimento dos deuses. Ainda estamos tão
possuídos pelos conteúdos psíquicos autônomos, como se estes fossem deuses.
Atualmente eles são chamados: fobias, obsessões, e tornam-se doenças. Zeus não
governa mais o Olimpo, mas o plexo solar e produz espécimes curiosos que visitam
o consultório médico; também perturba os miolos dos políticos e jornalistas, que
desencadeiam pelo mundo verdadeiras epidemias psíquicas... ”23
“A vida se me afigurou uma planta que extrai sua vitalidade do rizoma.
O que se torna visível sobre a terra dura só um verão, depois fenece... Aparição
efêmera. Quando se pensa no futuro e no desaparecimento infinito da vida e das
culturas, não podemos nos furtar a uma impressão de total futilidade; mas nunca
perdi o sentimento da perenidade da vida sob a eterna mudança. O que vemos é a
floração – e ela desaparece. Mas o rizoma persiste.”24
CRONOLOGIA
Estou elaborando
SUGESTÃO DE LEITURA DA OBRA DE JUNG E OUTROS AUTORES
 O eu e o inconsciente
 Psicologia do Inconsciente
 O homem e seus símbolos
 A energia psíquica
 A natureza da psique
22
Aqui Jung esta se referindo à idéia dos complexos, de núcleo afetivo, que são autônomos e
produzem as doenças psíquicas e ou físicas.
23
Ibid., pg. 50.
24
rgve
23
 Fundamentos de psicologia junguiana
 Desenvolvimento da personalidade
 Ab-reação, análise dos sonhos e transferência
 Civilização em transição
 A prática da psicoterapia
 Memórias sonhos e reflexões
 Tipos psicológicos e função inferior – Von Franz e Hillmam
 Sonhos, um portal para a fonte – Edward Whitmont
 Sincronicidade e o Tao – Jean Shinoda Bolen
 Psicologia e Religião
 Aion e o simbolismo de si mesmo
 Resposta a Jó
 O segredo da flor de ouro
 Os parceiros invisíveis – John Stanford
 Suicídio e Alma – James Hillman
 Encarando os deuses – James Hillman
REFERENCIAS
GUGGENBÜHL-CRAIG, Adolf. O abuso do poder na psicoterapia e na medicina,
serviço social, sacerdócio e magistério. Rio de Janeiro, Achiamé, 1978.
HILLMAN, James. Encarando os Deuses, SP, Ed. Cultrix, - 1992.
24
HILLMAN, James. Suicídio e alma, Petrópolis, Vozes, 1991.
JUNG, C. G e WILHELM, R., O segredo da flor de ouro, Petrópolis, Vozes, 1984.
JUNG, C. G. A energia psíquica, Vol. VIII/1, Petrópolis, Vozes, 1983.
JUNG, C. G. A natureza da psique, Vol. VIII/2, Petrópolis, Vozes, 1984.
JUNG, C. G. A prática da psicoterapia, Vol. XVI/1, Petrópolis, Vozes, 1981.
JUNG, C. G. Ab-reação, análise dos sonhos, transferência, Vol. XVI/2, Petrópolis,
Vozes, 1987.
JUNG, C. G. Aion, estudos do simbolismo do si-mesmo, Vol. IX/2, Petrópolis, Vozes,
1982.
JUNG, C. G. Aspectos do drama contemporâneo, Vol. X/2, Petrópolis, Vozes, 1988.
JUNG, C. G. Cartas, Vol. I, Petrópolis, Vozes, 2001.
JUNG, C. G. Cartas, Vol. II, Petrópolis, Vozes, 2002.
JUNG, C. G. Cartas, Vol. III, Petrópolis, Vozes, 2003.
JUNG, C. G. Civilização em transição, Vol. X/3, Petrópolis, Vozes, 1993.
JUNG, C. G. Escritos diversos, Vol. X e XI, Petrópolis, Vozes, 2003.
JUNG, C. G. Fundamentos de psicologia analítica, Vol. XVIII/1, Petrópolis, Vozes,
1979.
JUNG, C. G. Interpretação psicológica do dogma da trindade, Vol. XI/2, Petrópolis,
Vozes, 1983.
JUNG, C. G. Mysterium coniunctionis, Vol. XIV/2, Petrópolis, Vozes, 1990.
JUNG, C. G. O desenvolvimento da personalidade, Vol. XVII, Petrópolis, Vozes,
1983.
JUNG, C. G. O eu e o inconsciente, Vol. VII/2, Petrópolis, Vozes, 1984.
JUNG, C. G. Os arquétipos e o inconsciente coletivo, Vol. IX/1, Petrópolis, Vozes,
2000.
25
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JUNG, C. G. Psicologia do inconsciente, Vol. VII/1, Petrópolis, Vozes, 1987.
JUNG, C. G. Psicologia e religião, Vol. XI/1, Petrópolis, Vozes, 1984.
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1961.
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1964.
JUNG, Carl Gustav. O símbolo da transformação na missa, Vol. XI/3, Petrópolis,
Vozes, 1979.
JUNG, Emma. Animus e anima, São Paulo, Cultrix, 1991.
MAGALDI F., Waldemar. Dinheiro, saúde e sagrado, SP, Ed. Edicta, - 2006.
NEUMANN, Erich. História da origem da consciência, São Paulo, Cultrix, 1990.
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1992.
WHITMONT, Edward C. e PERERA, Sylvia B. Sonhos - um portal para a fonte, São
Paulo, Summus, 1995.
ZWEIG, Connie, e ABRAMS, Jeremiah (org.), Ao encontro da sombra, São Paulo,
Cultrix, 1994.
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  • 1. 1 CARL GUSTAV JUNG "... A minha vida é a história de um inconsciente que se realizou. Tudo o que nele repousa aspira a tornar-se acontecimento e, a personalidade, por seu lado, quer evoluir a partir de suas condições inconscientes e experimentar-se como totalidade. A fim de descrever esse desenvolvimento, tal como se expressou em mim, não posso servir-me da linguagem científica; não posso me experimentar como um problema científico. O que se é mediante uma intuição interior e o que o homem parece ser expresso através de um mito. Este último é mais individual e exprime a vida mais exatamente do que o faz a ciência, que trabalha com noções médicas, genéricas demais para uma idéia justa da riqueza múltipla e subjetiva de uma vida individual...".1 Esta frase nos mostra o quanto que, a obra e a vida de Jung são extremamente ecológicas, sem frases de efeito e sem invenções que atendam ao consumismo materialista da nossa condição pós-moderna; que tanto nos afasta da realidade, por impedir a plenitude da vida natural, buscando um modelo de perfeição que fragmenta o todo de maneira racional e, desta forma, unilateral. Por isso, sua obra não é um manual de definições nem um mapa que nos afasta da troca e da dinâmica singular que surge em todas as relações humanas. Suas produções são registros fiéis da sua vida e de suas experiências clínicas, tendo como base o processo empírico continuamente correlacionando aspectos teóricos e práticos. Desta forma, este universo teórico não pode ser partido sem que todo "ecossistema" se modifique, devendo ser visto e percebido por inteiro, e cronologicamente para não corrermos o risco de usarmos levianamente suas contribuições, ainda hoje muito ousadas, questionadoras e implicativas. Reconhecendo o homem de forma integral, do mais denso e físico ao mais sutil e espiritual. Mesmo assim, Jung continuamente tenta conceituar, sem se ocupar em chegar a definições absolutas, com coerência e muita consistência, atendendo, ainda hoje, a todas as necessidades do mundo moderno, inclusive das situações extremas e emergenciais. 1 JUNG, C. G. Memórias Sonhos e Reflexões pg. 19.
  • 2. 2 Para Jung o processo de individuação2 vai contribuir para que tu te tornes aquilo que tu és. Porém, a persona3 científica, vestida com as roupas da arrogância 2 Individuação é o processo teleológico – a existência de uma lógica, com sentido e significado existencial, que na maioria das vezes está inconsciente e distante da realidade cotidiana – que está imanente nas profundezas do inconsciente de todo ser humano. É a capacidade que todo indivíduo tem, por meio do caminho de diferenciação, separação e integração, sair da uniformidade rasa e alienante da normose coletiva em direção e uma busca simultânea de profundidade e expansão evolutiva. Esse processo começa com a disposição para o conhecimento de si mesmo, representado pelo eu ou ego pessoal, por meio da relação com o outro de si mesmo que, invariavelmente estará num tu exterior, até desembocar no eu – representado pelos aspectos sociais e culturais. Só assim poderá acontecer a verdadeira diferenciação e integração consciente rumo ao grande abraço integral que é a meta do processo de individuação, onde cada ser humano poderá valorizar a sua singularidade na pluralidade e diversidade, reconhecendo simultaneamente o Todo nas partes e as partes no Todo. Compreendendo que ser diferente não é sinônimo de ser desigual. Só assim poderá alcançar a condição ideal da felicidade, advinda de sentimentos egocêntricos e altruístas. Ou seja, o egocentrismo necessário para manter os sentimentos de boa auto-estima, segurança e fé e o altruísmo para poder servir a humanidade, porque o inseguro acaba sendo egoísta e dependente de coisas externas que são facilmente perdidas, tomadas e finitas, gerando mais medo e insegurança. Desta forma, quem está comprometido com o processo de individuação sempre terá mais consciência da sua presença, do seu trajeto e do seu entorno relacional, com mais poder na sua ambiência, protegido do contágio nocivo que ela pode fazer e até interferindo positivamente nela! Por isso, atualmente, meu maior objetivo é o de fazer com que as pessoas, sejam elas quem forem e aonde estiverem, saiam da inércia e da atitude do escravo, que trabalha apenas pelo chicote ou pela necessidade de ganhar dinheiro para garantir sua sobrevivência, acumular bens ou desfrutar dos efêmeros prazeres carnais, pois acredito e sei, da existência do processo de individuação e a função transcendente, que todo ser humano é uma pedra bruta que precisa ser polida para deixar que a luz de seu espírito interior possa brilhar e orientar o seu caminho exterior que, inevitavelmente, será o de servir à própria humanidade. 3 O termo “persona” significa na abordagem da psicologia junguiana, os aspectos do “eu” que apresentamos ao mundo exterior. É a máscara social e ideal de nós mesmos. É um arquétipo funcional que é extremamente necessário, em função das necessidades adaptativas. Jung (1984, Vol. VII/2: § 245) amplia o termo: “Ela é, como o nome indica, apenas a máscara da psique coletiva, uma máscara que ‘finge individualidade’, fazendo com que nós e os outros acreditemos que somos indivíduos, embora estejamos, simplesmente, desempenhando um papel através do qual a psique coletiva se exprime (...). Quando analisamos a persona, despimos a máscara e descobrimos que aquilo que parecia ser individual é, no fundo, coletivo; em outras palavras, que a persona era apenas uma máscara da psique coletiva. Fundamentalmente a persona nada tem de real: não passa de um acordo entre o indivíduo e a sociedade sobre aquilo que um homem deveria parecer ser. Ele adota um nome, ganha um título, desempenha uma função, é isto ou aquilo. Em certo sentido, tudo isto é real; contudo, em relação à individualidade essencial de uma determinada pessoa, é apenas uma realidade secundária, uma formação de compromisso, fato nos quais as demais pessoas muitas vezes têm uma parte maior do que a própria pessoa”.
  • 3. 3 do saber, nos afasta deste processo, projetando uma enorme sombra4 , que se expressa através do capitalismo selvagem. Estimulando a negação do si mesmo, que nos induz ao consumo desenfreado, preocupando-nos, muito mais, com a quantidade acumulada de bens, do que com a qualidade potencial de vida. Com isso, acabamos substituindo a beleza da natureza, que é dinâmica, viva, assimétrica e diversificada, pela busca de um padrão de perfeição, que só a tecnologia da imagem possibilita, criando assim um novo reino que podemos chamar de reino virtual ou do simulacro. Mas, neste reino, nada é vivo só é esteticamente perfeito, plástico e impermeável, por negar o sentido da ética e do humano, advindo das trocas e dos vínculos. O que Jung busca, com o conceito de individuação não é a perfeição, mas a realização do ser e a sua plenitude, permitindo o reconhecimento das antinomias e da sombra, que fazem parte da natureza humana, contribuindo para que a vida se torne mais harmoniosa. Por isso Jung tem demonstrado, ao longo de sua obra, o quanto que é humanista, não essencialista e determinista, sempre acreditando no potencial da criatividade humana e no caráter compensatório e auto-regulador do Self. Com isso, ele é um empirista, não dogmático, mas extremamente coerente e fiel com seus princípios, idéias, paradigmas e doxas. Jung, apesar de trabalhar com os aspectos retrospectivos e causais do 4 Sombra significa os aspectos ocultos e inconscientes do si mesmo, são conteúdos reprimidos, negados ou jamais reconhecidos pelo ego, que é o representante da consciência. Na sombra encontramos além dos conteúdos dos quais não nos orgulhamos, fantasias, ressentimentos, potencialidades, instintos, habilidades e qualidades. Desta forma, o confronto com a sombra, permite um alargamento da consciência, um acordo com o outro de nós mesmos, uma vida mais saudável e harmoniosa. Em 1945, Jung deu uma definição mais direta e clara da sombra: "a coisa que uma pessoa não tem desejo de ser" (1987 Vol. XVI/2: §470). Com isso, a sombra não é dotada de juízo de valor, maniqueísmos ou posições absolutas de boa ou ruim, bem ou mal, pois ela é apenas o contraponto compensatório da consciência do ego, ou seja, da consciência que o indivíduo tem de si mesmo. Nesta gravura podemos inferir que a sombra do suicida se agarra à vida, apesar disso não podemos dizer se ela é boa ou má, pois até o ato suicida é relativo e muitas vezes necessário e importante para o processo de individuação ou salvação.
  • 4. 4 passado, volta seu pensamento na direção prospectiva sintética, buscando o sentido e o significado das manifestações humanas. Sendo assim, ele é muito mais finalista do que os mecanicistas que procuram causas passadas para explicarem os sintomas, iludidos no pseudo "poder" de explicarem tudo, muitas vezes sem compreenderem nada da realidade humana. Por isso, Jung sempre valorizou a força do diálogo, advindo da arte da hermenêutica, deixando de ser apenas um hábil ouvinte, como os psicanalistas, porque convidava seus clientes para serem parceiros ativos em todo o processo terapêutico. Conhecer a obra juguiana, de forma inteira e profunda, permite perceber que se trata de uma produção extremamente atual e viável, não sendo necessário buscar nada "novo" para substituí-la, apenas complementá-la com os avanços advindos da própria experiência dos analistas. Além disso, muitas contribuições científicas da atualidade acabaram dando respaldo teórico para várias intuições precoces e visionárias de Jung, como o conceito de sincronicidade, que pode ser fundamentado nos subsídios da mecânica quântica, e nas teorias de campo morfogenético, dos fractais e do caos. Mas, infelizmente, como existem muitos "junguianos" que não conhecem bem o "velho", mas precisam de resultados imediatos em suas práticas diárias, ao invés de reverenciarem-se ao mestre, percebendo quanto ainda existe para aprender, buscam informações superficiais, imediatistas ou mágicas, denegrindo e distorcendo sua obra que é eficaz, coerente e ecológica. Jung sabia que, em todas as pessoas, existem mecanismos criativos contribuindo para que as transformações aconteçam, chamando essa capacidade psíquica de função transcendente. Afirmando que os seres humanos têm cinco instintos básicos: 1- Fome, para garantir a sobrevivência. 2- Labor, para dar proteção e possibilitar o crescimento. 3- Sexualidade, permitindo a transmissão do estoque genético para a perpetuação da espécie. 4- Reflexão, gerador de angústia ao exigir contínua atitude de indagação sobre tudo e todos, inclusive sobre nós mesmos. 5- Criatividade, estimulando a busca da superação e a transformação frente à angústia existencial, responsável por toda produção científica, artística e religiosa da humanidade. Justificando assim, o porquê ninguém consegue ficar satisfeito com uma atitude simplista de manutenção da vida, apenas esperando a morte chegar. Porque, em função destes instintos, buscamos novos desafios e, inevitavelmente e conseqüentemente, nos deparamos com adversidades e crises, que possibilitam nosso crescimento evolutivo, apesar de que: “... O segredo do mistério criador, assim como o do livre-arbítrio, é um problema transcendente e não compete à psicologia respondê-lo. Ela pode
  • 5. 5 apenas descrevê-lo. Do mesmo modo, o homem criador também constitui um enigma, cuja solução pode ser proposta de várias maneiras, mas sempre em vão” 5 . Nesta frase, fica comprovado o quanto que o pensamento de Jung é coerente, primeiro, por aceitar a criatividade humana, demonstrando que não existe um determinismo, sendo assim um humanista. Depois, ao citar a possibilidade de termos vontades livres, conferindo valor aos impulsos e movimentos que estão a serviço dos desejos do si mesmo (Self). Além disso, ao afirmar sua incapacidade de responder, dentro do método reducionista mecânico, apesar de empiricamente poder vivenciar e descrever os fenômenos criativos e a vontade, demonstrando aceitar acontecimentos transcendentes e a ocorrência de mistérios no caminho evolutivo da existência humana. Com este posicionamento Jung diverge do essencialismo aristotélico e do cientificismo baseado em evidencias comprováveis e reproduzíveis em laboratórios. Através de suas constatações empíricas, Jung adquiriu a certeza e o conhecimento de que existe um sentido maior para a vida. Algo mais que nos remete para as antinomias, os opostos, e que permite o surgimento da transcendência, do calor angustiante que alimenta a alma e do sagrado. Por isso Jung gera controvérsias, perguntas como: É um místico ou um cientista? Um psicótico que delira com suas visões ou um pesquisador da alma? Um embusteiro que transforma as coisas "ruins" em experiências, criando filosofia e psicologia com a intenção de ajudar? Vale lembrar que Jung afirmava que os mitos e as manifestações psicóticas se desenvolvem da mesma forma, ou seja, através de processos inconscientes. Jung não era louco, pois valoriza o ego6 , que é, simultaneamente, o centro e a periferia da consciência, afirmando que quanto mais forte o ego estiver mais potencialidade e possibilidade o indivíduo terá para se desenvolver e crescer criativamente, livre das imposições normóticas, puramente adaptativas, mesmo que numa sociedade extremamente doente. Para Jung, o ego, administrador da consciência, é muito importante. Sem ele não pode haver crescimento do si mesmo (Self), a discriminação dos opostos e o processo de individuação. Um ego fraco, inevitavelmente, irá projetar os conteúdos sombrios do inconsciente, gerando as neuroses, as doenças e as paralisias, pois não poderá dar significado simbólico aos desafios que vão surgindo no transcorrer da vida. Desta forma, quanto mais for desenvolvido o psiquismo, possuindo um ego 5 JUNG, C. G. O Espírito na Arte e na Ciência par. 155. 6 O termo “Ego” é o resultado de um complexo que, por sua vez é formado por um conjunto de arquétipos, representando o centro organizador da consciência. O ego é uma diferenciação do si mesmo que, ao longo da vida, precisa se confrontar com ele para permitir a realização da alma. Um ego saudável é flexível e lida simbolicamente com os conteúdos desconhecidos que surgem no transcorrer da vida. Um ego patológico fica inflexível e nega, neuroticamente, os conteúdos do inconsciente, tornando-se impermeável e incapaz de trocar.
  • 6. 6 estruturante, e não desestruturado ou estruturado e rígido, mais dinâmica e plena será a personalidade. Jung, mesmo desprendido do rigor cartesiano concreto, era um grande pesquisador, sem jamais abandonar o respeito pela ciência e pela alma humana, lembrando que as idéias de consciente e de inconsciente nasceram juntas. Onde a consciência pensa e percebe o inconsciente, mas sem ele não existiria. Com isso, não pode haver hierarquia entre as partes que são apenas a divisão de um todo. Em função desta idéia, valorizamos a relação das partes. Uma depende da outra. Se uma não se realizar a outra também não se realizará, apesar de que é o ego o responsável pela consecução do processo de individuação. Dentre as várias contribuições inovadoras introduzidas por C. G. Jung para compreendermos e aliviarmos a angústia e curarmos as doenças, físicas e ou psíquicas, que afligem os seres humanos, provocando repercussões sociais, culturais, familiares, profissionais, religiosas e econômicas temos: O processo de individuação (1), como uma realidade teleológica7 (2) inconsciente que direciona o ego a se dedicar no sentido de propiciar a evolução da psique ou alma. Porém, para que isso possa acontecer a consciência egóica tem que se libertar da identificação corporal, do fascínio com a persona ou da possessão dos complexos, que paralisam, dominam e impedem que a percepção da totalidade aconteça. Com isso, o processo de individuação deixa de acontecer e o indivíduo passa a viver uma vida alienada do si mesmo, sem sentido e significado, mantendo- se enredado numa rotina automatizada e repetitiva voltada apenas para a biossobrevivência e para o alívio dos medos e da angustia ou reparação da mágoa e da culpa. Porém, como o Self, ou o si mesmo, tem como meta o objetivo de fazer com que o ego contribua com o processo evolutivo da psique, ele tentará criar condições para que aconteça algum fenômeno “arrebatador” que possibilite ou provoque a mudança do estado de consciência egóica, no sentido do processo de individuação. Ou, em outras palavras, irá provocar situações críticas fazendo com que o ego passe a ser submisso (no sentido de estar missionário) com a necessidade evolutiva da alma, ou psique, que aspira realização. Neste sentido, os fenômenos que surgem para possibilitar a mudança do estado de consciência, para que o indivíduo integral possa mudar seu estágio evolutivo são:  A sincronicidade (3), advinda da inter-relação do inconsciente pessoal e 7 No dicionário Houaiss temos: Teleologia – 1) qualquer doutrina que identifica a presença de metas, fins ou objetivos últimos guiando a natureza e a humanidade, considerando a finalidade como o princípio explicativo fundamental na organização e nas transformações de todos os seres da realidade; aproxima-se dos conceitos de teleologismo e finalismo. 2) doutrina inerente ao aristotelismo e a seus desdobramentos, fundamentada na idéia de que tanto os múltiplos seres existentes, quanto o universo como um todo direcionam-se em última instância a uma finalidade que, por transcender a realidade material, é inalcançável de maneira plena ou permanente. 3) teoria característica do hegelianismo e seus epígonos, segundo a qual o processo histórico da humanidade - assim como o movimento de cada realidade particular - é explicável como um trajeto em direção a uma finalidade que, em última instância, é a realização plena e exeqüível do espírito humano.
  • 7. 7 coletivo com o ego, representada por coincidências significativas, sem correlação de tempo e espaço, que sempre nos remetem para a possibilidade da integração dos opostos por meio do surgimento dos símbolos (4), transdutores energéticos que são capazes de ativar a função transcendente (5).  Os sonhos (6), pois para Jung eles também são manifestações conscientes advindas do inconsciente, pessoal e coletivo, atemporais e acausais, igualmente repletos de conteúdos simbólicos, ao trazerem os dinamismos arquetípicos, e suas respectivas imagens, que possibilitam ampliação e mudança do estado de consciência.  Todos os tipos e formas de crises geradoras de sintomas físicos, relacionais ou psíquicos, individuais ou coletivos, que nos remetem para a bipolaridade (7), ou pares de opostos (antinomias), igualmente com forte carga simbólica e possibilidades de transformações criativas e evolutivas rumo ao processo de individuação. Porque possibilitam o reconhecimento da existência dos complexos (8), incluindo o do ego, da realidade exterior dotada de materialidade, da alma e do espírito (soma, psique e pneuma – corpo, alma e espírito). Reconhecer os complexos, por sua vez, possibilita que o ego compreenda toda a dimensão arquetípica (9) presente no inconsciente coletivo, com suas respectivas imagens advindas da consciência e do inconsciente pessoal, incluindo as imagens dos arquétipos da sombra e da anima ou animus.  Todas as produções criativas expressas na forma de arte, ciência, religião ou produção tecnológica. Apesar de que, na maioria das vezes, a produção artística transcende o artista que, muitas vezes, não consegue beneficiar-se da sua criação, entregando-se conscientemente ao processo de individuação, livrando-se da supremacia dos complexos e de sua identificação egóica com a persona (principalmente quando fica famoso) e de sua experiência corporal, a qual encanta por possibilitar sensações prazerosas imediatas, apesar de ser finita e, por isso mesmo, assustadora. Além disso, também temos as contribuições da teoria dos tipos e funções psíquicas (10), que nos permitem compreender as várias formas de personalidades atuantes na humanidade, fazendo julgamentos e assumindo comportamentos distintos, interferindo diretamente nas produções criativas, advindas da necessidade de adaptação (11), e nos mecanismos compensatórios (12) presentes em todos os seres humanos. Estas são as razões que me fazem acreditar que esses conceitos são importantes avanços que contribuíram, e ainda contribuem, para a evolução da consciência humana, por meio do autoconhecimento! Neste sentido, para mim, esses catorze conceitos teóricos que sustentam a obra de Jung, transformando as demais idéias trabalhadas por ele como meros desdobramentos. Desta forma, esse conhecimento é uma excelente base para compreendermos o surgimento dos sintomas e de todos os fenômenos
  • 8. 8 provocadores de crises, mudança do estado de consciência e tentativa de conduzir o ego para engajar-se conscientemente ao processo de individuação, único meio para a verdadeira cura da humanidade. Por isso listo-os novamente abaixo: 1- Individuação 2- Teleologia ou finalidade 3- Sincronicidade 4- Símbolos 5- Função transcendente 6- Sonhos 7- Bipolaridade, antinomia ou pares de opostos 8- Complexos 9- Arquétipos 10-Tipos e funções psíquicas 11-Adaptação 12-Compensação 13-Mandala 14-Imaginação ativa Sendo que os meios que o Self possui para que o ego possa sair da sua condição inercial de automatismo, repetição, anestesia, negação ou repressão do Self e da alma são:  SINCRONICIDADE  SONHOS  CRIATIVIDADE  ARTE  CIÊNCIA  MITOS/RELIGIÕES  PRODUÇÕES INTELECTUAIS OU TECNOLÓGICAS  SINTOMAS
  • 9. 9  FÍSICOS  PSÍQUICOS  RELACIONAIS Por isso necessitamos ferramentas para lidarmos com essas produções que tem o mesmo objetivo que é o de provocar mudanças tanto na atitude quanto nas crenças e desejos do ego, fazendo que ele estabeleça uma relação saudável com o Self e passe a se comprometer com a necessidade evolutiva da alma ou psique, equivalente ao processo de individuação, muito parecido com os caminhos de iluminação ou de salvação. Neste sentido, ainda a meu ver, no século XX, além de Carl Gustav Jung, também temos mais três pensadores ocidentais: George Ivanovich Gurdjieff, Rudolf Steiner e Teilhard de Chardin, enquanto que no oriente: Paramahansa Yogananda, Sri Aurobindo, Jiddu Krishnamurti e Daisetz Teitaro Suzuki, cada um com suas terminologias e construções teóricas, acabaram desembocando em caminhos muito semelhantes, ao afirmarem que o autoconhecimento é a base para que o indivíduo atinja a plenitude do seu ser, com realização existencial. Ou seja, o autoconhecimento faz com que as pessoas se tornem mais seguras, simultaneamente auto-centradas ou ego-centradas e altruístas, podendo servir a humanidade como um todo. O interessante é que esse conceito já era defendido por Hipócrates (460 – 377 a.C. - Grécia), o pai da medicina, que em seu aforismo afirmava: “Homem conheça-te a ti mesmo, e só então poderás conhecer os deuses e, conseqüentemente, o deus que habita em ti”. Para Jung existe uma espécie de gênio ou daimon no íntimo de cada um de nós. Mas, infelizmente, para a maioria das pessoas, esse guia interior não está acessível, nos deixando muito “perdidos” para o “chamado” da nossa vocação, equivalente à realização do mais alto fim existencial. Essa idéia foi utilizada por Samuel Hahneman, idealizador da homeopatia, ao comentar que toda doença nada mais é do que o desvio equivocado desse chamado ou meta existencial. Neste sentido, a doença é a possibilidade que o indivíduo tem de parar e repensar a própria vida. Por isso, os princípios de Jung convergem com os da homeopatia. Carl Gustav Jung nasceu a 26 de Julho de 1875, em Kesswil, aldeia no cantão da Turcóvia, Suíça. Seu pai, Paul Achiles Jung, exercia a função de pastor protestante. Aos quatro anos foi transferido para Klein nos arredores da Basiléia, local onde fez todos os seus estudos, inclusive o curso de medicina. Este local, na época, era um dos maiores centros culturais da Europa. Seu avô C. G. Jung foi o grande reformador da Faculdade de Medicina da Basiléia e dizia ser filho ilegítimo de Goethe, o autor do Fausto, porém nada ficou provado, apesar de que Jung demonstrava prazer nesta possibilidade. Jung foi filho único por nove anos, brigava muito com seu pai, devido a conflitos teológicos. Tinha uma relação extremamente afetiva com sua mãe. Ele herdou de seus avos paternos conhecimentos fabulosos, pois seu avô era reitor da Universidade de Basiléia além de Grão mestre da loja Suíça de francos-mações,
  • 10. 10 casado com Sophie Frey, filha do prefeito de Basiléia e 18 anos mais jovem que ele. Seu pai, Paul Jung, era reverendo protestante, doutorado em línguas orientais, além de ser poliglota e líder maçom. Sua mãe, Emilie Jung-Priswerk, filha de pastor, muito enérgica e muito dinâmica, apesar de extremamente calma, era ligada ao ocultismo espiritualista além de ser muito inteligente. O próprio Jung conta que a atmosfera do seu lar era "irrespirável". Porque seu pai tinha um humor melancólico, frustrando-se após terminar a versão Árabe do Cântico dos Cânticos, como tese doutoral, e ter de se decidir pela carreira de pastor em uma cidadezinha rural. Para Jung, seu pai sofria de uma crise espiritual, sacrificando o intelecto na vã esperança de dar um apoio a sua piedade vacilante. Nesta época, a saúde de Jung era delicada. Fato posteriormente relacionado aos aborrecimentos domésticos. Desde pequeno sempre se sentiu dividido em duas personalidades8 . A número um, de um menino solitário, introvertido, que sentia uma enorme ansiedade por não se adaptar ao ambiente familiar e as idéias vigentes. A número dois, de um ser muito velho e muito sábio, digno de todo respeito. Esta divisão perdurou por muitos anos. Também percebeu esta divisão em sua mãe. Onde, geralmente, agia como uma mulher extremamente boa, de um enorme calor animal, corpulenta, simpática, com grandes dons literários, bom gosto, profundidade e afeita ao diálogo. Porém, repentinamente surgia uma personalidade inconsciente e de um poder imprevisto, com um aspecto sombrio, imponente, dotada de autoridade e intangível. Desta forma, Jung conclui que sua mãe também possuía duas personalidades uma humana e outra, pelo contrário, temível. Quanto a seu pai, nunca conseguiu se comunicar profundamente com ele. Percebia que suas perguntas o entristeciam, vendo-o como um homem solitário e ressentido. Muito cedo, ainda criança, Jung entrou em contato com o mundo onírico. Com apenas quatro anos teve o seu primeiro grande sonho e, a partir deste, a cada grande sonho guardava sentimentos e imagens que iriam marcá-lo profundamente. Desde muito jovem demonstrou um caráter contestador, com muitos pensamentos e uma enorme capacidade para a reflexão. Relata que, por volta dos nove anos, na solidão de filho único, até então, desenvolvia este tipo de brincadeira: “... Em frente desta parede havia uma encosta na qual ficava cravada uma pedra um pouco saliente - minha pedra. Às vezes, quando estava só, sentava-me nela e então começava um jogo de pensamentos que seguia mais ou menos este curso: ‘Eu estou sentado nesta pedra. Eu, em cima, ela embaixo’. Mas a pedra também poderia dizer ‘Eu’ e pensar: ‘Eu estou aqui, neste declive e ele está sentado em cima de mim’. – surgia então a pergunta: ‘Sou aquele que está sentado na pedra, ou sou a pedra na qual ele está sentado’? – Esta pergunta sempre me perturbava: eu me erguia, duvidava de mim mesmo, meditando a cerca de ‘quem seria o quê’? Isto não esclarecia e 8 JUNG, C. G, Memórias Sonhos e Reflexões, Pg. 32.
  • 11. 11 minha incerteza era acompanhada pelo sentido de uma obscuridade estranha e fascinante. O fato indubitável era que essa pedra tinha uma singular relação comigo. Eu podia ficar sentado nela horas inteiras, enfeitiçado pelo enigma que ela me propunha” 9 . Jung relata que, aos 12 anos de idade, após um incidente, em que levou um soco de outro menino e ficou atordoado, começou a sofrer uma síncope toda vez que tentava lidar com as coisas da escola. Ficou em uma atitude de isolamento e total subversão frente ao mundo e à vida. Percebia-se como um rapaz tímido, ansioso, desconfiado, pálido, magro e de uma saúde aparentemente instável, com freqüentes desmaios, ficando envolto e inebriado com as suas inquietantes reflexões. Seus pais o levaram a vários médicos. Nada mudou até certo dia que Jung escutou seu pai conversando com um amigo. Ele comentava que os médicos ignoravam o que seu filho tinha e o que mais temia era a possibilidade de ser algo incurável. Questionava: o que será de meu filho? Será que ele terá capacidade de ganhar a vida? Neste momento, Jung entrou em contato com a realidade: teria de ganhar o seu sustento, um dia. A partir desse momento foi para o escritório do pai e procurou concentrar-se nos livros. Primeiramente conseguiu dez minutos e sofreu um desmaio, depois quinze... E mais trinta... E mais trinta... Até que não sobreveio mais nenhum desmaio. Assim, livrou-se de seu estado mórbido, passou a dedicar- se, diariamente, em várias horas de leitura e estudos na biblioteca de seu pai. Lia tudo o que encontrava: literatura, filosofia, história das religiões, etc. Tornou-se então mais seguro, sentindo um grande apetite sob todos os aspectos. Jung percorreu autores dos séculos XVII até o séc. XX. Seu pensamento permeia todos esses conceitos. Sua metodologia está livre da produção ficcional de conceitos do neoliberalismo contemporâneo. Este, só serve ao interesse da indústria da cultura que superficializa e banaliza os pensamentos. A super valorização do novo nos desvia da filosofia perene, da realidade e do presente. Por isso, Jung, sempre propôs uma revolução científica, incentivando a interdisciplinaridade, por perceber que as soluções dos problemas se encontram, geralmente, não no cerne daquela ciência, mas nas ciências afins. Só com a mudança do estado de consciência é que podemos superar os problemas. Aos 16 anos Jung começou os grandes estudos, onde percebeu que seu dilema ia se dissipando lentamente, entrou em contato com a escolástica cristã, o intelectualismo Aristotélico de São Tomás, a filosofia de Shopenhauer onde, pela primeira vez, ouviu falar dos sofrimentos do mundo de uma maneira que aquietava seus pensamentos. Esta evolução filosófica prolongou-se praticamente até o final de sua vida, principalmente quando entrou em contato com a obra de Kant e Nietzche. Em 1900 obtém o título de médico, cuja carreira evoluiu rapidamente. Sua tese de doutoramento foi sobre fenômenos paranormais. Em 1902, já formado em 9 Ibíd. Pg. 32.
  • 12. 12 medicina e atuando como psiquiatra, apresenta uma tese de doutoramento: Sobre a Psicologia e Patologia dos Denominados Fenômenos Ocultos. Em 1903 passa a ser o primeiro assistente em Burgholzli, Manicômio Cantonal e Clínica Psiquiátrica da Universidade de Zurique, neste mesmo ano casa-se com Emma Rauschenbach, com quem teve cinco filhos. Fez vários estudos sobre a demência precoce chamada, atualmente, de esquizofrenia. Trabalhou com associações verbais normais e patológicas, o que originou o teste de associação de palavras e lhe conferiu o título de cidadão “honor is causas” da Basiléia. Posteriormente, Freud adaptou esse estudo para associação livre e Jung desenvolveu a teoria dos complexos, que possuem núcleos afetivos e podem tomar a consciência de assalto. Em 1906 estuda as obras de Freud e, no ano seguinte encontrou-se, com ele, em Viena. Neste primeiro encontro ficaram conversando ininterruptamente por 14 horas. Mas, desde o início, ficou clara a divergência de idéias que existia entre eles. Entre alguns conflitos podemos citar: Libido Sexual X Energia Psíquica; Religião X Razão; Inconsciente, como subproduto da consciência X Consciência, como evolução do inconsciente; Adaptação X Individuação. Mesmo assim, Jung foi nomeado o 1o Presidente da Sociedade Psicanalítica. Freud e Jung tiveram um intenso relacionamento, por apenas seis anos (1907 a 1913). Ficando evidente que suas bases filosóficas e religiosas eram totalmente antagônicas. Por isso, é um grande engano colocar Jung como aluno de Freud, porque o próprio Freud o situava como um parceiro respeitado e muito valioso, pois deu sustentação teórica a muitas de suas idéias. A grande ruptura entre os dois autores se deu em função do lançamento do livro de Jung: Símbolos da Transformação da Libido, no qual Jung se distancia definitivamente do conceito freudiano de libido, como uma pulsão exclusivamente de caráter sexual. Para Jung, a libido, ou energia psíquica, se manifesta em várias instâncias do humano, indo do mais denso ao mais sutil, ou seja, do corpo à espiritualidade. Além disso, Freud via o mito no mesmo complexo nuclear da neurose e Jung, ao contrário, como funções sadias e positivas da psique, sem se ligarem, necessariamente, a impulsos sexuais ou neuróticos. Por isso, Freud afirmava que os símbolos são restos reprimidos do passado e Jung que eles são os grandes transformadores ou transdutores da energia psíquica, contribuindo com a capacidade criativa e curativa do homem. Para Freud, o sentido da vida é a aquisição de conhecimento em busca da perfeição. Para Jung, é a realização do si mesmo, que traz um sentimento de plenitude, que leva à transcendência, apesar das diferenças, assimetrias e imperfeições humanas. Por isso, Freud via a religião como resultante do complexo de Édipo, paterno ou materno, produzindo a sublimação do instinto sexual. Desta
  • 13. 13 forma, a razão poderia afastar totalmente o sagrado10 . Enquanto que Jung via a religião como um fenômeno universal, inerente à psique, equivalente a grandes sistemas psicoterapêuticos, por favorecem a religação com o arquétipo11 central, ou si mesmo. Freud não aceitou as categorias junguianas de inconsciente coletivo, arquétipos, função transcendente, sincronicidade, capacidade simbólica e criativa da psique, entre outras. Porque Jung tinha um enfoque muito mais voltado para o pensamento prospectivo sintético, sem desconsiderar o conhecimento redutivo causal, que era à base da análise de Freud, que pesquisava apenas a origem do trauma. Além disso, Freud era um homem sem laços com a história, julgando-se inventor de conceitos. E, apesar de possuir inteligência extrema, negava o conhecimento filosófico, preferindo ficar só, na sua ilha, para não correr o risco de se "contaminar" com outros pensamentos e ter a certeza de que toda produção era de sua lavra. Sempre com o intuito de impor, sob a forma de dogmas, sua teoria, desconsiderando a antropologia, sociologia, história, religiões e todo pensamento holístico e integral, pois nunca abandonou sua origem de neurocientista. 10 Isso fica muito claro neste excerto: “... seu anseio por um pai constitui um motivo idêntico à sua necessidade de proteção contra as conseqüências de sua debilidade humana. É a defesa contra o desamparo infantil que empresta suas feições características à reação do adulto ao desamparo que ele tem de reconhecer – reação que é, exatamente, a formação da religião”. (FREUD, S. O Futuro de uma Ilusão O Mal-Estar na Civilização, PG. 36). 11 O conceito de “Arquétipo” significa o repositório de consciência coletiva que está presente em cada pessoa, e do qual se diz que é o arquivo dos vestígios de memória de todas as experiências passadas, tanto de si mesmo quanto de outras pessoas. Com isso, ele é transpessoal abarcando todos os seres sencientes. Jung (1984 VIII/2: §415) amplia: “Psicologicamente... o arquétipo, como uma imagem do instinto, é uma meta espiritual em direção à qual tente toda a natureza do homem; ele é o oceano ao qual se encaminham todos os rios, o prêmio que o herói arrebata na luta contra o dragão”. Concluímos que os arquétipos são potencialidades psíquicas herdadas que se manifestam por meio de imagens. Pertencem ao inconsciente coletivo, representam as memórias ancestrais vivenciadas e registradas ao longo da evolução humana. Por isso, são universais e atuantes ao longo de nossa existência. Os arquétipos são contextos universais representados por continentes temáticos e as imagens arquetípicas os conteúdos advindos das experiências existenciais que preenchem esses continentes que por sua vez são oriundas tanto do inconsciente coletivo quanto do inconsciente pessoal e das experiências conscientes de cada ser humano.
  • 14. 14 Jung, ao descrever a Freud um sonho12 que havia tido, sobre uma casa com escadas em caracol em que ele descia para ambientes e épocas cada vez mais antigas, até chegar numa caverna com ossos, constatou que suas diferenças com Freud ficaram muito mais evidentes. A interpretação feita por Freud contribuiu, significativamente, para que a separação acontecesse. Mas, posteriormente, este mesmo sonho, lhe possibilitou o entendimento da psique além de reativar seus interesses pela arqueologia, porque permitiu a formulação da teoria do inconsciente coletivo e o conceito dos arquétipos. Em 1913 Jung começou a estudar tudo sobre a alquimia, o que lhe abriu um campo extremamente fecundo e grande, acrescentando ao Inconsciente Pessoal a idéia de Inconsciente Coletivo. Em 1920 escreveu os Tipos Psicológicos, onde popularizou termos como a extroversão e a introversão. Sua paixão em conhecer a alma humana não parou, chegou a conclusões que o levariam, cada vez mais, para o pensamento oriental, para os mecanismos auto-reguladores do Self (homeostase psíquica), saindo do pensamento linear e aproximando-se das ciências naturais e empíricas, substituindo os estudos metódicos e laboratoriais pela observação direta dos fatos reais (empirismo). Concluindo que a: “A teoria representa, inegavelmente, o melhor escudo para proteger a insuficiência experimental ou a ignorância. As conseqüências, porém, são lamentáveis: mesquinhez, superficialidade e sectarismo científico... Então, pretender rotular os germes polivalentes da criança com a terminologia tirada do estágio de desenvolvimento pleno da sexualidade será, certamente, empreendimento muito duvidoso. Este proceder levará a estender a 12 JUNG, C. G. Memória Sonhos e Reflexões, PG. 143.
  • 15. 15 interpretação sexual a todas as outras disposições infantis; deste modo, o conceito de sexualidade se tornará demasiadamente inflado e nebuloso, enquanto que os fatores espirituais aparecerão apenas como meras deformações do espírito” 13 . Em 1921 passou um grande período na África depois foi visitar os índios pueblos no Arizona e Novo México. Volta à África, em 1926, para viver entre os nativos das vertentes do monte Elgon, no Quênia. Visitou a Índia além de vários países Europeus e os Estados Unidos. Em 1922 comprou um terreno em Bollingen, e constrói uma casa de dois andares, que vai sendo reformada e arquitetada, ao longo de sua vida, conforme as suas necessidades internas. Em sua torre de Bollingen, Jung se sentia mais autenticamente ele mesmo, lá Jung dizia ser o filho "arquivo" de sua mãe, o filho do inconsciente materno, o arquivelho que habitava seu ser quando criança, o arquivo do inconsciente da humanidade. A casa de Bollingen tomou sua forma definitiva em 1955, após vários estágios de transformações. Quando Jung estava com 45 anos, bem envolvido com as questões da sua metanóia, onde conclui: "... tornou-se claro para mim que a meta do desenvolvimento psíquico é o si mesmo. A aproximação em direção a este não é linear, mas circular... Compreender isso me deu firmeza e progressividade, restabeleceu- se a paz interior. Atingira com a mandala, expressão do si mesmo, a descoberta última a que poderia chegar. Alguém poderá ir além eu não" 14 . A partir deste momento toda a sua vida se resumiu em elaborar tudo o que surgira durante estes anos, suas vivências internas, estudos, pesquisas, viagens, enfim, o sentido era dar forma ao conteúdo que habitava no seu íntimo. Foi ao encontro com suas raízes históricas onde os estudos da alquimia foram decisivos. Em 1928 é publicado o livro: Dialética do eu e do Inconsciente, e em 1929 em colaboração com R. Wilhelm, o livro O Segredo da Flor de Ouro. Nesta época, Jung já esta com 55 anos e em plena produção científica, suas obras vão surgindo: A 13 JUNG, C. G. O Desenvolvimento da Personalidade, PG. 10. 14 Ibíd. PG. 174.
  • 16. 16 Energia da Alma; Psicologia e Religião, entre outros. No início de 1944, próximo dos 69 anos, fratura um pé e logo depois tem um enfarte. Durante a doença passou muito tempo acamado e teve vários sonhos e visões que contribuíram para mais transformações em sua vida. Seu pensamento fluía, Jung disse que após a doença ele estabeleceu uma relação de "sim", incondicional ao que é, sem objeções subjetivas, aceitando as condições da existência, como as via e compreendia, acolhendo tanto a simplicidade quanto a complexidade do inconsciente, com a sombra e as manifestações da alma, escrevendo: “... Quando seguimos o caminho da individuação, quando vivemos nossa vida; é preciso também aceitar o erro, sem o qual a vida não será completa: nada nos garante – em nenhum instante – que não possamos cair em erro mortal. Pensamos talvez que haja um caminho seguro. Ora, esse seria o caminho dos mortos. Então nada mais acontece e em caso algum acontece o que é exato. Quem segue o caminho seguro está tão bem como quem está morto...” 15 . Jung afirma que a doença nos leva a fatos e que a psicoterapia, ao encontrar o símbolo que é o bônus da doença, propicia o: conheça-te a ti mesmo, que inevitavelmente trará o sentido e o significado existencial de cada indivíduo. Os cristãos poderiam falar: reconhecer e carregar a sua própria cruz. Em 1944 publica os livros Psicologia e Alquimia; e Resposta a Jó; em 1946, A Psicologia da Transferência, em 1951 retoma a problemática de Cristo com o livro: Aion, em busca do Simbolismo de si mesmo; em 1956 o livro: Mysterium Conjunctionis. Com isso, Jung conclui que suas obras são estações de sua vida, constituindo a expressão do seu desenvolvimento interior, e que sua vida é a sua ação e seu trabalho é consagrado ao espírito, sendo impossível separar um do outro. Jung foi um viajante que se aprofundou num terreno insólito e aterrorizador, que é o inconsciente e, apesar de ter passado pela primeira e segunda guerra 15 JUNG, C. G. Memória Sonhos e Reflexões, PG. 259.
  • 17. 17 mundial, dedicou-se continuamente na elaboração das suas vivências internas e suas experiências, com estudos pesquisas e viagens, para cumprir a missão a que se sentia predestinado escrevendo: “... Pressentira desde o início a singularidade do meu destino, o sentido da minha vida seria cumpri-lo. Isto me dava uma segurança interior que nunca pude provar a mim mesmo, mas que era provada. Não possuía esta certeza, mas ela me possuía... Ninguém conseguiu demover-me da certeza de que estava no mundo para fazer o que Deus queria e não o que eu queria..." 16 . E explica como inseriu o universo mítico em sua obra: "... Ao descrever os processos vivos da psique, deliberada e conscientemente dou preferência a um modo de pensar e de falar dramático e mitológico, porque isso não só é mais expressivo como também mais exato do que uma terminologia científica abstrata, que está acostumada a se entreter com a noção de que suas formulações teóricas que poderão um belo dia ser determinadas por equações algébricas..." 17 . Também tece uma crítica para a atitude racionalista do homem contemporâneo, dizendo que ao negarmos o Sagrado e os deuses, passamos a ter uma atitude unilateral onde cultuamos e adoramos, monoteístamente, apenas a deusa razão, denunciando que: "... O homem contemporâneo não consegue perceber que, apesar de toda sua racionalização e toda a sua eficiência, continua possuído por 'forças' além do seu controle. Seus deuses e demônios absolutamente não desaparecem; tem apenas novos nomes. E conservam-no em contato íntimo com a inquietude, apreensões vagas, complicações psicológicas, uma insaciável necessidade de pílulas, álcool, fumo, alimento e, acima de tudo com uma enorme coleção, de neuroses..." 18 . Jung sempre encorajava seus alunos em abordar cada caso com um mínimo 16 Rrr 17 Ttt 18 JUNG, C. G. O Homem e Seus Símbolos.
  • 18. 18 de suposições preconcebidas. Dizia, apesar de saber ser utópico e impossível, que o ideal seria não ter nenhuma suposição, e que cada analista encontre os seus próprios caminhos, dizendo: "... Posso apenas esperar e desejar que ninguém se torne ‘junguiano’... Eu não proclamo qualquer doutrina predeterminada, e abomino os ‘partidários cegos’. Deixo todas as pessoas livres para lidar com os fatos à sua própria maneira, pois também reclamo essa liberdade para mim" 19 . Nestas frases percebemos o sentido liberal e teleológico que Jung alimenta sobre a alma humana, sua dinâmica e seus fins. E, em 1957, Jung estava com 82 anos, e iniciou a elaboração de sua última contribuição literária, o livro: “Memórias, Sonhos e Reflexões”, que foi compilado e prefaciado por Aniela Jaffé. Em 1959, em sua casa de campo em Bollingen, desenvolvia o capítulo “Sobre a Vida depois da Morte” disse: “Algo em mim foi atingido. Formou-se um declive pelo qual me vejo forçado a descer”. Na primavera do dia 6 de junho de 1961, com quase 86 anos, em sua casa/torre de Bollingen morreu tranqüilamente. É significativo citar que na entrada de sua casa Jung colocou em latim os seguintes dizeres: “Chamado ou não chamado, Deus está presente”. JUNG NO BRASIL Carl Gustav Jung (1875-1961) foi o expoente mais promissor da psicanálise, reconhecido por Sigmund Freud como seu principal legatário. Porém, devido a desarmonias ideológicas, foi divergindo de muitos conceitos constitucionais da psicanálise freudiana, afastando-se e criando uma teoria original que buscava uma melhor compreensão sobre a psique e as atitudes humanas. Jung teve a coragem – ação do coração – de submergir no seu inconsciente e reconhecer que a vida é uma 19 Tgtt
  • 19. 19 expressão criativa da singularidade individual na pluralidade coletiva. Seus estudos e principalmente suas experiências e suas vivências, subjetivas e objetivas, foram à pedra angular para a criação da psicologia analítica. Atualmente, além da escola clássica, que mantêm uma maior fidelidade aos postulados de Jung, temos subsídios de neo-junguianos que criaram as escolas arquetípicas e desenvolvimentistas. No passado, profissionais de várias partes do mundo se dirigiram para a Suíça em busca da vivência e do conhecimento desta teoria. Ao retornarem a seus países de origem ou imigrando para outros países, foram criando grupos e sociedades para divulgar e formar novos psicoterapeutas. A psicologia analítica de Carl Gustav Jung no Brasil é muito jovem. Porém, apesar das várias conseqüências desastrosas da globalização, produzindo mais exclusão social e a perda das referências culturais, um ganho secundário fantástico é a possibilidade da aquisição do conhecimento acessível a todas as pessoas interessadas. Com isso, atualmente, ninguém pode se julgar proprietário do conhecimeto, ora dominando ou evitando que outras pessoas tenham acesso a ele, ora fazendo patrulhamentos ideológicos, denegrindo quem obteve o conhecimento por meios e fontes diferentes dos que se julgam proprietários. Porque, o acesso às informações está cada vez mais fácil e horizontal. Por isso, na nossa era da informação e das comunicações, quem tiver mais conhecimento terá mais poder – no seu sentido latino: potere = ser capaz. Lembrando que conhecimento implica em relação, diferente da informação que equivale apenas ao acúmulo de dados. Somente em 1977 que começou a se organizar, aqui no Brasil, a primeira sociedade para estudos e divulgação desta prática e deste conhecimento tão rico e valioso para a humanidade. Nesta época o casal belga, Leon e Jette Bonaventure, criaram seminários na cidade de São Paulo, lançando livros de analistas junguianos famosos bem como se iniciou, pela editora Vozes, a publicação das Obras Completas de Jung que, infelizmente, até o início de 2002 ainda não estava totalmente publicada. Logo depois, outros analistas formados em Zurique, se juntaram e criaram uma sociedade para formar analistas junguianos, mas o casal
  • 20. 20 Bonaventure acabou não aderindo seu estatuto formal. A partir daí os grupos foram surgindo, alguns com credenciamento internacional e outros não. Anteriormente, no Rio de Janeiro, a Dra. Nise da Silveira, em 1957, foi para a Suíça apresentar para Jung o seu trabalho com pinturas de psicóticos refratários aos tratamentos convencionais, no intuito de comprovar a existência do Inconsciente Coletivo, material que agregou e contribuiu para a validação desta teoria de Jung. Nesta mesma época ela iniciou grupos de estudos junguianos na Casa das Palmeiras. A obra de Jung foi ganhando espaço e reconhecimento, motivando um número cada vez maior de simpatizantes e estudiosos. A academia também não podia mais ficar omissa a esta crescente demanda e, paulatinamente apesar de acanhadamente, foi incluindo as contribuições de Jung nas aulas de teorias e técnicas psicoterápicas. Atualmente são raros os cursos de psicologia ou de especialização em psiquiatria que não dedicam, pelo menos, um semestre consagrado à teoria junguiana. Atualmente nós temos, no Brasil, várias sociedades que estudam e divulgam a obra de Jung e dos neo-junguianos. Em quase todas as capitais do país encontramos grupos articulados se aprofundando neste conhecimento tão vasto e enriquecedor. Academicamente existem cursos de pós-graduação titulando especialistas, como o da FACIS, formando especialistas em São Paulo e outras cidades brasileiras desde 1984, onde atuo como coordenador. Além disso, nos programas de mestrado e doutorados já é grande o número de dissertações e teses que fazem de Jung a referência teórica principal. Com isso, o conhecimento e a prática da psicologia junguiana está se tornando uma base fundante nas práticas psicoterápicas, não podendo ficar restrito a confrarias que de forma sectária, econômica e ou culturalmente, pretendem monopolizar esta ciência e esta arte. Principalmente porque Jung tinha uma atitude completamente includente e não postulava a formação de partidários cegos, assim como abominava a busca de poder pelo poder, sem amor e sem a entrega irrestrita e abrangente para a vida e seu significado, evitando sempre as exclusões
  • 21. 21 ideológicas e mercantilistas. Por isso, a primeira leva de analistas junguianos é preponderantemente advinda de seus pacientes, seres humanos que se mostraram sensíveis, devido as suas próprias feridas, e capazes de estabelecer a relação de ajuda que essa prática exige. Algumas citações de Jung e seus colaboradores que julgo relevantes: “A humanidade experimentou inúmeras vezes, tanto individualmente quanto como coletividade, que a consciência individual significa separação e inimizade. No indivíduo, o tempo de dissociação é tempo de doença, o mesmo acontecendo na vida dos povos. Não podemos negar que a nossa época é um tempo de dissociação e doença. As condições políticas e sociais, a fragmentação religiosa e filosófica, a arte e psicologia modernas, tudo dá a entender a mesma coisa... A palavra crise também é expressão médica que sempre designa um clímax perigoso da doença... Com a tomada da consciência, o germe da doença da dissociação plantou-se no espírito da humanidade, sendo o maior bem e o maior mal ao nosso tempo.”20 “Os deuses tornaram-se doenças. Não procuramos mais os Deuses no Olimpo, nem nos antigos cultos, templos ou estátuas do passado, nem mesmo em seus dramas e narrativas míticas. Em vez disso, os Deuses aparecem em nossas desordens, particulares é claro, mas também públicas.”21 “A dessacralização de nossa época tão profana é devida ao nosso desconhecimento da psique inconsciente, e ao culto exclusivo da consciência. Nossa verdadeira religião é o monoteísmo da consciência, uma possessão da 20 JUNG, C. G. Civilização em Transição par. 290. 21 JUNG, C.G. in HILLMAN, J. Cidade e Alma, pg. 66.
  • 22. 22 consciência, que ocasiona uma negação fanática da existência de sistemas parciais autônomos..."22 “O homem perdeu o temor de Deus e pensa que tudo pode ser julgado de acordo com medidas humanas”. Esta hybris, que corresponde a uma estreiteza de consciência, é o caminho mais curto para o asilo de loucos... ...Congratulamo-nos por haver atingido um tal grau de clareza, deixando para trás todos esses deuses fantasmagóricos. Abandonamos, no entanto, apenas os espectros verbais, não os fatos psíquicos responsáveis pelo nascimento dos deuses. Ainda estamos tão possuídos pelos conteúdos psíquicos autônomos, como se estes fossem deuses. Atualmente eles são chamados: fobias, obsessões, e tornam-se doenças. Zeus não governa mais o Olimpo, mas o plexo solar e produz espécimes curiosos que visitam o consultório médico; também perturba os miolos dos políticos e jornalistas, que desencadeiam pelo mundo verdadeiras epidemias psíquicas... ”23 “A vida se me afigurou uma planta que extrai sua vitalidade do rizoma. O que se torna visível sobre a terra dura só um verão, depois fenece... Aparição efêmera. Quando se pensa no futuro e no desaparecimento infinito da vida e das culturas, não podemos nos furtar a uma impressão de total futilidade; mas nunca perdi o sentimento da perenidade da vida sob a eterna mudança. O que vemos é a floração – e ela desaparece. Mas o rizoma persiste.”24 CRONOLOGIA Estou elaborando SUGESTÃO DE LEITURA DA OBRA DE JUNG E OUTROS AUTORES  O eu e o inconsciente  Psicologia do Inconsciente  O homem e seus símbolos  A energia psíquica  A natureza da psique 22 Aqui Jung esta se referindo à idéia dos complexos, de núcleo afetivo, que são autônomos e produzem as doenças psíquicas e ou físicas. 23 Ibid., pg. 50. 24 rgve
  • 23. 23  Fundamentos de psicologia junguiana  Desenvolvimento da personalidade  Ab-reação, análise dos sonhos e transferência  Civilização em transição  A prática da psicoterapia  Memórias sonhos e reflexões  Tipos psicológicos e função inferior – Von Franz e Hillmam  Sonhos, um portal para a fonte – Edward Whitmont  Sincronicidade e o Tao – Jean Shinoda Bolen  Psicologia e Religião  Aion e o simbolismo de si mesmo  Resposta a Jó  O segredo da flor de ouro  Os parceiros invisíveis – John Stanford  Suicídio e Alma – James Hillman  Encarando os deuses – James Hillman REFERENCIAS GUGGENBÜHL-CRAIG, Adolf. O abuso do poder na psicoterapia e na medicina, serviço social, sacerdócio e magistério. Rio de Janeiro, Achiamé, 1978. HILLMAN, James. Encarando os Deuses, SP, Ed. Cultrix, - 1992.
  • 24. 24 HILLMAN, James. Suicídio e alma, Petrópolis, Vozes, 1991. JUNG, C. G e WILHELM, R., O segredo da flor de ouro, Petrópolis, Vozes, 1984. JUNG, C. G. A energia psíquica, Vol. VIII/1, Petrópolis, Vozes, 1983. JUNG, C. G. A natureza da psique, Vol. VIII/2, Petrópolis, Vozes, 1984. JUNG, C. G. A prática da psicoterapia, Vol. XVI/1, Petrópolis, Vozes, 1981. JUNG, C. G. Ab-reação, análise dos sonhos, transferência, Vol. XVI/2, Petrópolis, Vozes, 1987. JUNG, C. G. Aion, estudos do simbolismo do si-mesmo, Vol. IX/2, Petrópolis, Vozes, 1982. JUNG, C. G. Aspectos do drama contemporâneo, Vol. X/2, Petrópolis, Vozes, 1988. JUNG, C. G. Cartas, Vol. I, Petrópolis, Vozes, 2001. JUNG, C. G. Cartas, Vol. II, Petrópolis, Vozes, 2002. JUNG, C. G. Cartas, Vol. III, Petrópolis, Vozes, 2003. JUNG, C. G. Civilização em transição, Vol. X/3, Petrópolis, Vozes, 1993. JUNG, C. G. Escritos diversos, Vol. X e XI, Petrópolis, Vozes, 2003. JUNG, C. G. Fundamentos de psicologia analítica, Vol. XVIII/1, Petrópolis, Vozes, 1979. JUNG, C. G. Interpretação psicológica do dogma da trindade, Vol. XI/2, Petrópolis, Vozes, 1983. JUNG, C. G. Mysterium coniunctionis, Vol. XIV/2, Petrópolis, Vozes, 1990. JUNG, C. G. O desenvolvimento da personalidade, Vol. XVII, Petrópolis, Vozes, 1983. JUNG, C. G. O eu e o inconsciente, Vol. VII/2, Petrópolis, Vozes, 1984. JUNG, C. G. Os arquétipos e o inconsciente coletivo, Vol. IX/1, Petrópolis, Vozes, 2000.
  • 25. 25 JUNG, C. G. Presente e futuro, Vol. X/1, Petrópolis, Vozes, 1988. JUNG, C. G. Psicologia do inconsciente, Vol. VII/1, Petrópolis, Vozes, 1987. JUNG, C. G. Psicologia e religião, Vol. XI/1, Petrópolis, Vozes, 1984. JUNG, C. G. Resposta a Jó, Vol. XI/4, Petrópolis, Vozes, 1979. JUNG, C. G. Símbolos da transformação, Vol. V, Petrópolis, Vozes, 1986. JUNG, C. G. Tipos psicológicos, Petrópolis, Vol. VI, Vozes, 1991. JUNG, C.G., Analytical psychology; its theory and practice, N. Y., Vintage, 1968. JUNG, Carl Gustav. Memórias, sonhos e reflexões, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1961. JUNG, Carl Gustav. O homem e seus símbolos, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1964. JUNG, Carl Gustav. O símbolo da transformação na missa, Vol. XI/3, Petrópolis, Vozes, 1979. JUNG, Emma. Animus e anima, São Paulo, Cultrix, 1991. MAGALDI F., Waldemar. Dinheiro, saúde e sagrado, SP, Ed. Edicta, - 2006. NEUMANN, Erich. História da origem da consciência, São Paulo, Cultrix, 1990. STEINBVERG, Warren. Aspectos Clínicos da Terapia Junguiana, SP, Ed. Cultrix, - 1992. WHITMONT, Edward C. e PERERA, Sylvia B. Sonhos - um portal para a fonte, São Paulo, Summus, 1995. ZWEIG, Connie, e ABRAMS, Jeremiah (org.), Ao encontro da sombra, São Paulo, Cultrix, 1994.
  • 26. 26