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PALAVRAS-CHAVE
- Aprendizagem baseada em
problemas.
- Currículo.
- Educação médica.
KEY WORDS
- Problem based learning.
- Curriculum
- Medical education.
Recebido em: 09/07/2007
Reencaminhado em: 20/12/2007
Aprovado em: 10/01/2008
Escrever bons problemas
Writing good problems
Gerson Zanetta de Lima1
Rosa Elisa Carvalho Linhares1
R E S U M O
Bons problemas são fundamentais em um currículo que utiliza o Aprendizado Baseado em Problemas.
Escrevê-losrequerconhecimentosobreoselementosbásicosquedevemfazerpartedaestruturadoproblemae
também os fatores fundamentais que devem ser levados em consideração para que os objetivos sejam
alcançados. Neste trabalho foram revistos alguns artigos da literatura com sugestões sobre a estrutura de
problemaspara uso em atividadestutoriais. São também apresentadosprincípiosquedevem serrespeitadose
o modelo de estrutura de um problema, tal como têm sido sugeridos para os grupos de planejamento dos
módulostemáticosetutoriaisdocursodeMedicinada UniversidadeEstadualdeLondrinaalémdeexemplos
deerros,observadosemnossaexperiênciade10anoscomestemodelodecurrículo,equedevemserevitados.
A B S T R A C T
Good problems are crucial for the development of a Problem-Based Learning curriculum. Writing good
problems requires discipline and knowledge of the basic principle of the structure and fundamental features
that have been considered to achieve the goals. Herein, the authors reviewed some of the rules suggested by
themedical literature, andpresenteda model of writtenproblemsthataresuggestedforthetutorial planning
groups of the Medical Course at the State University of Londrina, Brazil. Examples of errors observed in our
10-year experience in Problem-Based Learning are commented.
197
REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA
32 (2) : 197 – 201 : 2008 1 Universidade Estadual de Londrina, Paraná, Brasil.
Gerson Zanetta de Lima et al. Escrever bons problemas
198
REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA
32 (2) : 197 – 201 : 2008
INTRODUÇÃO
O problema representa uma ferramenta de trabalho funda-
mental dentro de um currículo que adota a abordagem da
Aprendizagem Baseada em Problemas1
. Nos anos pré-internato
os tutoriais, um dos momentos de aprendizagem de um módulo
temático, utiliza-se dos problemas escritos para motivaro aluno,
resgatar conhecimentos arquivados na memória, instigar dúvi-
dascientíficas,integrarconhecimentosedirigiroestudo.Males-
crito, o problema resulta em desmotivação, leitura pobre e resul-
tados insatisfatórios2
. Bem escrito, puxa a corrente de significa-
dosconceituaiseaespiraldoaprendizadoparacima,ampliando
horizontes, abrindo portas interdisciplinares e despertando de-
sejos por outros aprendizados relacionados. Um problema bem
formatadoensejamaisleituradoqueinicialmenteparececondu-
zir. Neste trabalho são apresentadas algumas orientações da lite-
ratura e também princípios básicos para a redação de bons
problemas além de exemplos de erros comuns, baseados na
experiência de 10 anos da reforma do currículo médico da
Universidade Estadual de Londrina.
PRINCÍPIOS BÁSICOS SEGUNDO ALGUNS
AUTORES
Schmidt 3 aponta três condições que facilitam a aprendiza-
gem: ativar conhecimentos prévios dos estudantes a respeito do
assunto que se pretende que eles aprendam, contextualizar a in-
formação de forma congruente com a prática que será exercida
no futuro e possibilitar que o novo material seja reelaborado
através de discussões com outras pessoas. Sugere os seguintes
princípios a serem atendidos por um problema escrito:
1. Devem conter uma descrição neutra de um acontecimento
ouconjunto de fenômenos que necessitamde explicação em
termos de processo subjacente, princípios ou mecanismos.
2. Devem conduzir a uma atividade de resolução de proble-
mas pelos estudantes.
3. Devemserformuladosdeumasituaçãotãoconcretaquanto
possível.
4. Devem ter um grau de complexidade adaptado ao conheci-
mento prévio de cada estudante.
Dentrodeummódulotemáticoumproblemadeveserescrito
para atingir objetivos educacionais determinados. Os alunos de-
verão ser estimulados a estudar conteúdos pertinentes aos obje-
tivos educacionais pretendidos, através da discussão do proble-
ma durante o tutorial e apresentar esses resultados em seção
tutorial posterior.
Wood4 aponta que o método ABP só pode ser bem sucedido
se os cenários apresentados aos alunos forem de alta qualidade
(Quadro 1). Princípios muito semelhantes são apontados por
Dolmans et al.5. Spence6 sugere que se estabeleçam as idéias fun-
damentais que se pretende que os estudantes compreendam, se
traduzamestasidéiasemobjetivoseducacionais, criem-seproje-
tos ou cenários para problemas que permitam atingir estes obje-
tivos, construam-se guias para cada problema, selecionem-se os
recursos de aprendizagem e se escreva um mapa conceitual do
curso.
QUADRO 1
Cenários efetivos para o contexto de aprendizado baseado em problemas
Objetivos de estudo devem ser definidos pelos estudantes, depois de analisar o problema, congruentemente com os
objetivos propostos pelo currículo.
Os problemas devem ser apropriados à fase do currículo e ao nível da compreensão dos estudantes.
Os cenários devem conter interesse intrínseco para os estudantes e serem relevantes para a prática futura.
As ciências básicas devem ser apresentadas no contexto de um cenário clínico para encorajar a integração de
conhecimentos.
Os cenários devem conter gatilhos para estimular as discussões e encorajar os estudantes a procurar explicações para os
itens apresentados.
O problema deve ser suficientemente aberto, evitando que a discussão seja interrompida muito precocemente no processo.
Os cenários devem promover participação dos estudantes na procura de informação de vários recursos de aprendizagem.
Fonte: Baseado em Wood DF. ABC of learning and teaching in medicine: Problem- based learning. BMJ 2003; 326:328-330.
Hung7desenvolveuummodelo,quedesigna3C3R,comcompo-
nentes centrais (core) e componentes de processamento (processing).
Osprimeirossãoconteúdo,contextoeconexão(os3C,doinglêscon-
tent, context, connection) e os segundos são pesquisa, argumentação e
reflexão (os 3 R, do inglês researching, reasoning, reflecting). O proble-
madeconteúdoestánodilemaprofundidadeversusabrangênciaea
estruturação dos problemas deve levar em consideração que os alu-
nosprecisamdeambos,masnãopodemestudarcomprofundidade
todososassuntosnecessários.Ocontextodizrespeitoàrealidadena
qual o problema se insere e à prática profissional futura. O autor usa
otermovalidadecontextualparasituarmelhoroproblemaelembra
que apresentar um problema dentro de um contexto inválido para
aquele enunciado é inadequado para que ele seja adequadamente
lembrado no futuro, quando o estudante estiverdiante de uma situ-
ação prática. Conexão diz respeito à interconexão dos enunciados
dos problemas relativos a um mesmo módulo, permitindo ao aluno
a construção de um arcabouço conceitual adequado. A pesquisa
deveseradequadaaosobjetivosdeaprendizadoquesepretendeeo
enunciado do problema, embora deva ser suficientemente aberto
para permitir uma discussão mais ampla, deve também conter gati-
lhosparaqueapesquisasejaadequadaaoquesepretendedoaluno,
naquele momento do currículo. A argumentação relacionada à for-
mulação de hipóteses e teste destas hipóteses e o raciocinar logica-
mentesãofundamentaisnoprocessodeaprendizagemenacompre-
ensãodasrelaçõescausaisedenexodoproblemaapresentado.Are-
flexão, finalmente, permite a organização e a integração do conheci-
mento e a memorização ordenada do novo aprendizado.
Ensinar a redigir bons problemas em uma escola de medicina,
entretanto,nãoétarefasimples.Docentesmédicosmuitasvezesten-
dem a confundir um problema com um caso clínico. Adiscussão de
umcaso clínico destina-se a desenvolverno aluno habilidades espe-
cíficas: de formulação diagnóstica, de estabelecimento de diagnósti-
co diferencial, de solicitação de exames subsidiários, de programa-
çãoterapêutica.Adiscussãodeumproblemadestina-seasuscitarno
aluno o desejo de aprender determinados assuntos através de estu-
do de conteúdos específicos. Por outro lado, docentes das ciências
básicasmuitasvezestendemasimplificardemaisotexto,diminuin-
do a motivação. Essa tendência decorre da necessidade de transfor-
mar a literatura das ciências biológicas, matemáticas e químicas em
um texto legível e congruente com uma situação clínica.
PRINCÍPIOS PARA ESCREVER BONS
PROBLEMAS, UMA EXPERIÊNCIA DE LONDRINA
1. Manter os pés firmes na realidade
Este princípio, aparentemente simples, é difícil de ser segui-
do.Muitasvezestende-seinventarsituações,baseando-senaex-
pectativa de que a vasta experiência do grupo de planejamento
nãocometeráerros.Arealidadenãoerra.Umasituaçãorealmui-
tas vezes necessita de ser formatada para se transformar em um
problema. Por exemplo, um caso clínico deve ser reformatado,
despojado de algumas características não essenciais e estressado
nas mais importantes parasetornarumbomproblema. Umcaso
inventado, todavia, pode conter erros grosseiros que passam
desapercebidos pela equipe de planejamento.
Exemplo
O seguinte problema foi escrito para estimular o estudo de
balanço de água: “Um corredor do rally Paris Dakar sofre um
acidente no deserto e só é resgatado depois de muitas horas. Ao
chegar ao posto de controle, urina pouco”.Este cenário é pouco
provável devido à inibição do músculo detrusor pelo estímulo
adrenérgico e não há nenhuma razão para o piloto urinar se ele
tempoucaurinadentrodabexiga.Oerrosófoipossívelporquea
equipe de planejamento não tinha nenhuma experiência médica
com corredores do Paris Dakar.
2. Manter os olhos fixos na literatura científica
Este princípio também é simples mas, freqüentemente extra-
polado. Por exemplo, pode-se utilizar um pequeno parágrafo de
um texto científico que deve ser lido e interpretado pelos alunos
como um problema. Um texto pode estar correto ou incorreto e o
aluno deverá através do estudo exercitar a crítica ao texto. Um
meta texto, escrito das cabeças dos planejadores dos módulos,
pode conter erros e dificultar ou desviar o aluno dos objetivos
que se queira atingir, ou ser tão simples que pareça infantil ao
aluno de curso superior, que deseja ser provocado por textos ci-
entíficos mais complexos, tarefa para a qual imagina ter sido
preparado durante o curso secundário.
Exemplo
O seguinte problema foi apresentado a alunos de primeiro
ano – “Telma, estudante muito curiosa do 1o Colegial, queria sa-
ber de seu irmão Tiago, estudante de Ciências Biológicas, como
os 2 metros de DNApresentes nas células eucarióticas poderiam
estar contidos dentro do núcleo celular, de aproximadamente
5µm de diâmetro. Aúnica coisa que ela havia entendido era que
algumasproteínasbásicaseácidasajudavamaestruturarocom-
plexo sistema. Outra coisa que intrigava Telma era o que ocorria
com este material, quando as diferentes células do indivíduo se
dividiam e se diferenciavam e se todos os 2 metros de DNA ti-
nham de ser lidos para essa diferenciação ou se apenas partes
dele, e se era necessário expressar genes distintos.” É muito pro-
Gerson Zanetta de Lima et al. Escrever bons problemas
199
REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA
32 (2) : 197 – 201 : 2008
vávelqueestesconhecimentossejam“velhos”paraumestudan-
te de medicina e, por isso, pouco motivadores. Talvez um texto
retirado de um artigo científico real ou de um capítulo de livro
substituísse mais adequadamente este enunciado.
3. Partir dos objetivos educacionais que se queira
alcançar
Esta tarefa é óbvia, mas difícil. É freqüente que os grupos de
planejamento fujam da dificuldade através da desconstrução do
problema escrito. Tomando-se um objetivo principal do módu-
lo, por exemplo, estudar uma infecção viral, constrói-se um pro-
blema baseado em um caso real e depois, dependendo das opor-
tunidades que o texto apresenta, derivam-se outros objetivos de
estudo. Esta prática coloca os objetivos do módulo a deriva e
nemsempreseconseguequeoqueestavanoplanejamentoinici-
alsejaalcançado.Buscarumasituação,umfenômenodarealida-
de ou um texto que atenda a alguns objetivos educacionais do
módulo é tarefa que requer planejamento e pesquisa, redação,
teste e re-escritura até que se tenha um texto enxuto e adequado
ao que se pretende.
4. Manter-se dentro de limites compatíveis com os
tempos disponíveis para a discussão e para o estudo
A discussão de um problema não deve exceder uma hora na
fasedeinduçãoeumahoradafasededevolução.Apreocupação
de estender o conteúdo, freqüentemente observada nos docen-
tes provenientes de currículos tradicionais, tende a sobrecarre-
gar o enunciado do problema, resultando na necessidade de
mais tempo nas seções tutoriais e em um número excessivo de
objetivos de estudo, o que torna o tempo disponível, para pes-
quisa de fontes e leitura das mesmas, insatisfatório para um
estudo aprofundado do conteúdo. O resultado é um conheci-
mento superficial e acrítico.
5. Valorar positivamente as questões congruentes
com o currículo:
Um problema não deve desvalorizar aspectos valorados pelo
currículo. É freqüente que os especialistas, premidos por expe-
riências de sua vida profissional, critiquem os generalistas por
erros de diagnóstico ou terapêutico, esquecendo-se que, na qua-
lidade de especialistas, concentram o encaminhamento desses
casos e que o erro nem sempre representa um evento comum ou
freqüente na prática do conjunto dos generalistas. Se o currículo
valoriza a formação geral do médico, desvalorizar o generalista,
atenta contra um dos objetivos atitudinais do currículo que é o
de formar profissionais que valorizem esse tipo de trabalho.
Exemplo
DonaMariaprocuraoprontosocorrodoHospitalUniversitá-
rio porque notou uma bola endurecida no abdômen de seu filho
João. Havia procurado a unidade de saúde 3 vezes queixando-se
dedorabdominal,masomédiconãohaviaexaminadoacriança,
apenas medicando-a comumremédio para vermes. Dona Maria
fica assustada quando o doutor lhe explica que João tem um tu-
mor no abdômen.” Bem intencionado no sentido de explicitar a
necessidade de que um exame físico cuidadoso seja feito na uni-
dade de saúde, o problema na verdade passa a mensagem nega-
tiva que a medicina realizada nesses locais é de baixa qualidade
e reforça um preconceito, interferindo diretamente nas expecta-
tivas do aluno e desviando-o de um dos objetivos do currículo,
que é formar um profissional adequado à realidade da
organização da atenção médica no país.
6. Composição de um problema
Geralmente um problema tem um título, um enunciado e
eventualmente, uma questão final. Os objetivos de aprendizado
pretendidos pelo grupo de planejamento e um resumo da dis-
cussão para orientação do tutor são outros componentes
comuns.
Título do problema
Um problema pode ou não ter um título. A função do título é
apresentar o enfoque principal do problema; quando o enfoque
for óbvio o título será desnecessário. Mantemos títulos para facili-
tar a identificação dos problemas. Nestes casos o título deve ser
neutro.Otítulojamaisdeveserjocosoenuncadeveatentarcontra
o bom gosto ou contra princípios éticos da prática profissional.
Exemplo
Pretendendo discutir uma situação de esterilidade masculina
o grupo de planejamento cria um cenário no qual um jovem
adulto estéril relata um trauma escrotal na juventude e escolhe o
título “Chute nas partes baixas”. Tal título, de uso jocoso na lín-
gua portuguesa falada no Brasil, enseja que os alunos enxer-
guemcomicidadeereajamcomcomentáriosjocosos,resvalando
na questão ética do respeito com o qual deveriam se aproximar
do enunciado.
Enunciado do problema
O texto deve conter o problema e deve ser objetivo e direto.
Para atingir um objetivo de estudo, o texto deve ter gatilhos para
que isso ocorra. Por outro lado, não deve ter gatilhos para outros
objetivos, ou desvios nos quais os alunos possam se perder. Um
Gerson Zanetta de Lima et al. Escrever bons problemas
200
REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA
32 (2) : 197 – 201 : 2008
texto tão pouco é uma proposta de enigma, um quebra cabeça
proposto para o aluno como desafio de acerto ou erro. Sua moti-
vação deve derivar da lógica da discussão de seu conteúdo, de
forma encadeada e objetiva.
Questão no final do problema
Umaquestãofinalqueorienteoalunoparaumatarefaespecí-
fica, dentro da discussão do texto, pode ser proposta quando ne-
cessária. Isso pode facilitar o trabalho de discussão de um pro-
blema retirado de um texto científico, por exemplo. Se escolher-
mos um trecho de um texto, este pode conter várias oportunida-
des para que a discussão se desvie dos objetivos do problema,
uma questão final pode ajudar a colocar ordem neste universo.
Outra situação é quando pretendemos que o aluno busque co-
nhecimentos específicos, como é o caso da epidemiologia e da
estatística, algo habitualmente difícil de ser alcançado sem este
tipo de estímulo, uma vez que normalmente os alunos não
dispõem de conhecimentos prévios a respeito.
Objetivos de aprendizado do problema
Os objetivos do problema não devem ser confundidos com os
objetivos do módulo temático ou do currículo. Estes devem en-
dereçar o que o aluno deve saber ou desempenhar ao término do
módulo. Os objetivos doproblemaserãosempreiniciados como
termo estudar: estudar a anatomia da região, estudar as causas
do fenômeno, estudar os problemas sócio-emocionais relaciona-
dos, etc. Os objetivos dos problemas não são habitualmente
apresentados aos alunos, servindo para o tutor se orientar em
relação ao que a equipe de planejamento pretende com aquele
enunciado.
Resumo do que se pretende para orientação do tutor.
Um resumo circunstanciado é sempre útil, considerando-se
que sempre haverá variação de conhecimentos entre os tutores e
que o time de tutores não contará com um especialista para cada
grupo de alunos que estará discutindo aquele problema em um
determinado momento. O resumo serve para unificar e orientar
os tutores sobre o enunciado, os objetivos, as dificuldades que
poderão encontrar.
CONCLUSÕES
É importante considerar que os problemas devem ser elabo-
rados combaseemobjetivos previamentedefinidos esempreto-
mando como exemplo fatos reais. Devem suscitar conhecimen-
tos prévios para melhor retenção e sempre estar relacionados
com a prática profissional futura. Escrever um bom problema
para um tutorial requer alguma disciplina e a atenção a alguns
princípios e posturas para resultar em um texto limpo e eficiente
em cumprir sua tarefa principal de propiciar aquisição do
conhecimento pelo aluno, com motivação.
REFERÊNCIAS
1. DutchB.PBLClearingHouse:ProblemWritingGuide.Uni-
versity of Delaware. Problem-Based Learning Clearinghou-
se. 2001. Disponível em: www.udel.edu/pblc/problems .
[Acesso em 15/06/2007].
2. Hitchcock MA, Anderson AS. Dealing with dysfunctional
tutorial groups. Teaching Learning Med. 1997; 9:19-24.
3. Schmidt H. A base lógica de aprendizagem em resolução
de problemas. In: Engel C, Majoor G, Vluggen P. Educação
de profissionais de saúde orientada para a comunidade:
uma selação de publicações da Network. Maastricht: Net-
work Publications, 1999.p. 83-90.
4. Wood DF. Problem based learning. BMJ 2003; 326:328-330.
5. Dolmans DHJM, Snellen-Balendong H, Wolfhagen HAP,
Van der Vleuten CPM. Seven principles of effective case
design for a problem-based curriculum. Med. Teach. 1997;
19:185-189.
6. Spence LD. PBL Course Design. The Pensilvania State Uni-
versity. IST Learning Iniciative. 2006. Disponível em:
http://pbl.ist.psu.edu/print/pbl-course-design.pdf.
[Acesso em 15/06/2007].
7. Hung W. The 3C3R model: a conceptual framework for de-
signing problems in PBL. IJPBL 2006; 1(1):55-77
ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA
Gerson Zanetta de Lima
Rua Geraldo Julio 1555
86045-310 – Londrina – PR – Brasil
E-mail: zanetta@uel.br
Gerson Zanetta de Lima et al. Escrever bons problemas
201
REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA
32 (2) : 197 – 201 : 2008

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Escrever bons problemas

  • 1. PALAVRAS-CHAVE - Aprendizagem baseada em problemas. - Currículo. - Educação médica. KEY WORDS - Problem based learning. - Curriculum - Medical education. Recebido em: 09/07/2007 Reencaminhado em: 20/12/2007 Aprovado em: 10/01/2008 Escrever bons problemas Writing good problems Gerson Zanetta de Lima1 Rosa Elisa Carvalho Linhares1 R E S U M O Bons problemas são fundamentais em um currículo que utiliza o Aprendizado Baseado em Problemas. Escrevê-losrequerconhecimentosobreoselementosbásicosquedevemfazerpartedaestruturadoproblemae também os fatores fundamentais que devem ser levados em consideração para que os objetivos sejam alcançados. Neste trabalho foram revistos alguns artigos da literatura com sugestões sobre a estrutura de problemaspara uso em atividadestutoriais. São também apresentadosprincípiosquedevem serrespeitadose o modelo de estrutura de um problema, tal como têm sido sugeridos para os grupos de planejamento dos módulostemáticosetutoriaisdocursodeMedicinada UniversidadeEstadualdeLondrinaalémdeexemplos deerros,observadosemnossaexperiênciade10anoscomestemodelodecurrículo,equedevemserevitados. A B S T R A C T Good problems are crucial for the development of a Problem-Based Learning curriculum. Writing good problems requires discipline and knowledge of the basic principle of the structure and fundamental features that have been considered to achieve the goals. Herein, the authors reviewed some of the rules suggested by themedical literature, andpresenteda model of writtenproblemsthataresuggestedforthetutorial planning groups of the Medical Course at the State University of Londrina, Brazil. Examples of errors observed in our 10-year experience in Problem-Based Learning are commented. 197 REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA 32 (2) : 197 – 201 : 2008 1 Universidade Estadual de Londrina, Paraná, Brasil.
  • 2. Gerson Zanetta de Lima et al. Escrever bons problemas 198 REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA 32 (2) : 197 – 201 : 2008 INTRODUÇÃO O problema representa uma ferramenta de trabalho funda- mental dentro de um currículo que adota a abordagem da Aprendizagem Baseada em Problemas1 . Nos anos pré-internato os tutoriais, um dos momentos de aprendizagem de um módulo temático, utiliza-se dos problemas escritos para motivaro aluno, resgatar conhecimentos arquivados na memória, instigar dúvi- dascientíficas,integrarconhecimentosedirigiroestudo.Males- crito, o problema resulta em desmotivação, leitura pobre e resul- tados insatisfatórios2 . Bem escrito, puxa a corrente de significa- dosconceituaiseaespiraldoaprendizadoparacima,ampliando horizontes, abrindo portas interdisciplinares e despertando de- sejos por outros aprendizados relacionados. Um problema bem formatadoensejamaisleituradoqueinicialmenteparececondu- zir. Neste trabalho são apresentadas algumas orientações da lite- ratura e também princípios básicos para a redação de bons problemas além de exemplos de erros comuns, baseados na experiência de 10 anos da reforma do currículo médico da Universidade Estadual de Londrina. PRINCÍPIOS BÁSICOS SEGUNDO ALGUNS AUTORES Schmidt 3 aponta três condições que facilitam a aprendiza- gem: ativar conhecimentos prévios dos estudantes a respeito do assunto que se pretende que eles aprendam, contextualizar a in- formação de forma congruente com a prática que será exercida no futuro e possibilitar que o novo material seja reelaborado através de discussões com outras pessoas. Sugere os seguintes princípios a serem atendidos por um problema escrito: 1. Devem conter uma descrição neutra de um acontecimento ouconjunto de fenômenos que necessitamde explicação em termos de processo subjacente, princípios ou mecanismos. 2. Devem conduzir a uma atividade de resolução de proble- mas pelos estudantes. 3. Devemserformuladosdeumasituaçãotãoconcretaquanto possível. 4. Devem ter um grau de complexidade adaptado ao conheci- mento prévio de cada estudante. Dentrodeummódulotemáticoumproblemadeveserescrito para atingir objetivos educacionais determinados. Os alunos de- verão ser estimulados a estudar conteúdos pertinentes aos obje- tivos educacionais pretendidos, através da discussão do proble- ma durante o tutorial e apresentar esses resultados em seção tutorial posterior. Wood4 aponta que o método ABP só pode ser bem sucedido se os cenários apresentados aos alunos forem de alta qualidade (Quadro 1). Princípios muito semelhantes são apontados por Dolmans et al.5. Spence6 sugere que se estabeleçam as idéias fun- damentais que se pretende que os estudantes compreendam, se traduzamestasidéiasemobjetivoseducacionais, criem-seproje- tos ou cenários para problemas que permitam atingir estes obje- tivos, construam-se guias para cada problema, selecionem-se os recursos de aprendizagem e se escreva um mapa conceitual do curso. QUADRO 1 Cenários efetivos para o contexto de aprendizado baseado em problemas Objetivos de estudo devem ser definidos pelos estudantes, depois de analisar o problema, congruentemente com os objetivos propostos pelo currículo. Os problemas devem ser apropriados à fase do currículo e ao nível da compreensão dos estudantes. Os cenários devem conter interesse intrínseco para os estudantes e serem relevantes para a prática futura. As ciências básicas devem ser apresentadas no contexto de um cenário clínico para encorajar a integração de conhecimentos. Os cenários devem conter gatilhos para estimular as discussões e encorajar os estudantes a procurar explicações para os itens apresentados. O problema deve ser suficientemente aberto, evitando que a discussão seja interrompida muito precocemente no processo. Os cenários devem promover participação dos estudantes na procura de informação de vários recursos de aprendizagem. Fonte: Baseado em Wood DF. ABC of learning and teaching in medicine: Problem- based learning. BMJ 2003; 326:328-330.
  • 3. Hung7desenvolveuummodelo,quedesigna3C3R,comcompo- nentes centrais (core) e componentes de processamento (processing). Osprimeirossãoconteúdo,contextoeconexão(os3C,doinglêscon- tent, context, connection) e os segundos são pesquisa, argumentação e reflexão (os 3 R, do inglês researching, reasoning, reflecting). O proble- madeconteúdoestánodilemaprofundidadeversusabrangênciaea estruturação dos problemas deve levar em consideração que os alu- nosprecisamdeambos,masnãopodemestudarcomprofundidade todososassuntosnecessários.Ocontextodizrespeitoàrealidadena qual o problema se insere e à prática profissional futura. O autor usa otermovalidadecontextualparasituarmelhoroproblemaelembra que apresentar um problema dentro de um contexto inválido para aquele enunciado é inadequado para que ele seja adequadamente lembrado no futuro, quando o estudante estiverdiante de uma situ- ação prática. Conexão diz respeito à interconexão dos enunciados dos problemas relativos a um mesmo módulo, permitindo ao aluno a construção de um arcabouço conceitual adequado. A pesquisa deveseradequadaaosobjetivosdeaprendizadoquesepretendeeo enunciado do problema, embora deva ser suficientemente aberto para permitir uma discussão mais ampla, deve também conter gati- lhosparaqueapesquisasejaadequadaaoquesepretendedoaluno, naquele momento do currículo. A argumentação relacionada à for- mulação de hipóteses e teste destas hipóteses e o raciocinar logica- mentesãofundamentaisnoprocessodeaprendizagemenacompre- ensãodasrelaçõescausaisedenexodoproblemaapresentado.Are- flexão, finalmente, permite a organização e a integração do conheci- mento e a memorização ordenada do novo aprendizado. Ensinar a redigir bons problemas em uma escola de medicina, entretanto,nãoétarefasimples.Docentesmédicosmuitasvezesten- dem a confundir um problema com um caso clínico. Adiscussão de umcaso clínico destina-se a desenvolverno aluno habilidades espe- cíficas: de formulação diagnóstica, de estabelecimento de diagnósti- co diferencial, de solicitação de exames subsidiários, de programa- çãoterapêutica.Adiscussãodeumproblemadestina-seasuscitarno aluno o desejo de aprender determinados assuntos através de estu- do de conteúdos específicos. Por outro lado, docentes das ciências básicasmuitasvezestendemasimplificardemaisotexto,diminuin- do a motivação. Essa tendência decorre da necessidade de transfor- mar a literatura das ciências biológicas, matemáticas e químicas em um texto legível e congruente com uma situação clínica. PRINCÍPIOS PARA ESCREVER BONS PROBLEMAS, UMA EXPERIÊNCIA DE LONDRINA 1. Manter os pés firmes na realidade Este princípio, aparentemente simples, é difícil de ser segui- do.Muitasvezestende-seinventarsituações,baseando-senaex- pectativa de que a vasta experiência do grupo de planejamento nãocometeráerros.Arealidadenãoerra.Umasituaçãorealmui- tas vezes necessita de ser formatada para se transformar em um problema. Por exemplo, um caso clínico deve ser reformatado, despojado de algumas características não essenciais e estressado nas mais importantes parasetornarumbomproblema. Umcaso inventado, todavia, pode conter erros grosseiros que passam desapercebidos pela equipe de planejamento. Exemplo O seguinte problema foi escrito para estimular o estudo de balanço de água: “Um corredor do rally Paris Dakar sofre um acidente no deserto e só é resgatado depois de muitas horas. Ao chegar ao posto de controle, urina pouco”.Este cenário é pouco provável devido à inibição do músculo detrusor pelo estímulo adrenérgico e não há nenhuma razão para o piloto urinar se ele tempoucaurinadentrodabexiga.Oerrosófoipossívelporquea equipe de planejamento não tinha nenhuma experiência médica com corredores do Paris Dakar. 2. Manter os olhos fixos na literatura científica Este princípio também é simples mas, freqüentemente extra- polado. Por exemplo, pode-se utilizar um pequeno parágrafo de um texto científico que deve ser lido e interpretado pelos alunos como um problema. Um texto pode estar correto ou incorreto e o aluno deverá através do estudo exercitar a crítica ao texto. Um meta texto, escrito das cabeças dos planejadores dos módulos, pode conter erros e dificultar ou desviar o aluno dos objetivos que se queira atingir, ou ser tão simples que pareça infantil ao aluno de curso superior, que deseja ser provocado por textos ci- entíficos mais complexos, tarefa para a qual imagina ter sido preparado durante o curso secundário. Exemplo O seguinte problema foi apresentado a alunos de primeiro ano – “Telma, estudante muito curiosa do 1o Colegial, queria sa- ber de seu irmão Tiago, estudante de Ciências Biológicas, como os 2 metros de DNApresentes nas células eucarióticas poderiam estar contidos dentro do núcleo celular, de aproximadamente 5µm de diâmetro. Aúnica coisa que ela havia entendido era que algumasproteínasbásicaseácidasajudavamaestruturarocom- plexo sistema. Outra coisa que intrigava Telma era o que ocorria com este material, quando as diferentes células do indivíduo se dividiam e se diferenciavam e se todos os 2 metros de DNA ti- nham de ser lidos para essa diferenciação ou se apenas partes dele, e se era necessário expressar genes distintos.” É muito pro- Gerson Zanetta de Lima et al. Escrever bons problemas 199 REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA 32 (2) : 197 – 201 : 2008
  • 4. vávelqueestesconhecimentossejam“velhos”paraumestudan- te de medicina e, por isso, pouco motivadores. Talvez um texto retirado de um artigo científico real ou de um capítulo de livro substituísse mais adequadamente este enunciado. 3. Partir dos objetivos educacionais que se queira alcançar Esta tarefa é óbvia, mas difícil. É freqüente que os grupos de planejamento fujam da dificuldade através da desconstrução do problema escrito. Tomando-se um objetivo principal do módu- lo, por exemplo, estudar uma infecção viral, constrói-se um pro- blema baseado em um caso real e depois, dependendo das opor- tunidades que o texto apresenta, derivam-se outros objetivos de estudo. Esta prática coloca os objetivos do módulo a deriva e nemsempreseconseguequeoqueestavanoplanejamentoinici- alsejaalcançado.Buscarumasituação,umfenômenodarealida- de ou um texto que atenda a alguns objetivos educacionais do módulo é tarefa que requer planejamento e pesquisa, redação, teste e re-escritura até que se tenha um texto enxuto e adequado ao que se pretende. 4. Manter-se dentro de limites compatíveis com os tempos disponíveis para a discussão e para o estudo A discussão de um problema não deve exceder uma hora na fasedeinduçãoeumahoradafasededevolução.Apreocupação de estender o conteúdo, freqüentemente observada nos docen- tes provenientes de currículos tradicionais, tende a sobrecarre- gar o enunciado do problema, resultando na necessidade de mais tempo nas seções tutoriais e em um número excessivo de objetivos de estudo, o que torna o tempo disponível, para pes- quisa de fontes e leitura das mesmas, insatisfatório para um estudo aprofundado do conteúdo. O resultado é um conheci- mento superficial e acrítico. 5. Valorar positivamente as questões congruentes com o currículo: Um problema não deve desvalorizar aspectos valorados pelo currículo. É freqüente que os especialistas, premidos por expe- riências de sua vida profissional, critiquem os generalistas por erros de diagnóstico ou terapêutico, esquecendo-se que, na qua- lidade de especialistas, concentram o encaminhamento desses casos e que o erro nem sempre representa um evento comum ou freqüente na prática do conjunto dos generalistas. Se o currículo valoriza a formação geral do médico, desvalorizar o generalista, atenta contra um dos objetivos atitudinais do currículo que é o de formar profissionais que valorizem esse tipo de trabalho. Exemplo DonaMariaprocuraoprontosocorrodoHospitalUniversitá- rio porque notou uma bola endurecida no abdômen de seu filho João. Havia procurado a unidade de saúde 3 vezes queixando-se dedorabdominal,masomédiconãohaviaexaminadoacriança, apenas medicando-a comumremédio para vermes. Dona Maria fica assustada quando o doutor lhe explica que João tem um tu- mor no abdômen.” Bem intencionado no sentido de explicitar a necessidade de que um exame físico cuidadoso seja feito na uni- dade de saúde, o problema na verdade passa a mensagem nega- tiva que a medicina realizada nesses locais é de baixa qualidade e reforça um preconceito, interferindo diretamente nas expecta- tivas do aluno e desviando-o de um dos objetivos do currículo, que é formar um profissional adequado à realidade da organização da atenção médica no país. 6. Composição de um problema Geralmente um problema tem um título, um enunciado e eventualmente, uma questão final. Os objetivos de aprendizado pretendidos pelo grupo de planejamento e um resumo da dis- cussão para orientação do tutor são outros componentes comuns. Título do problema Um problema pode ou não ter um título. A função do título é apresentar o enfoque principal do problema; quando o enfoque for óbvio o título será desnecessário. Mantemos títulos para facili- tar a identificação dos problemas. Nestes casos o título deve ser neutro.Otítulojamaisdeveserjocosoenuncadeveatentarcontra o bom gosto ou contra princípios éticos da prática profissional. Exemplo Pretendendo discutir uma situação de esterilidade masculina o grupo de planejamento cria um cenário no qual um jovem adulto estéril relata um trauma escrotal na juventude e escolhe o título “Chute nas partes baixas”. Tal título, de uso jocoso na lín- gua portuguesa falada no Brasil, enseja que os alunos enxer- guemcomicidadeereajamcomcomentáriosjocosos,resvalando na questão ética do respeito com o qual deveriam se aproximar do enunciado. Enunciado do problema O texto deve conter o problema e deve ser objetivo e direto. Para atingir um objetivo de estudo, o texto deve ter gatilhos para que isso ocorra. Por outro lado, não deve ter gatilhos para outros objetivos, ou desvios nos quais os alunos possam se perder. Um Gerson Zanetta de Lima et al. Escrever bons problemas 200 REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA 32 (2) : 197 – 201 : 2008
  • 5. texto tão pouco é uma proposta de enigma, um quebra cabeça proposto para o aluno como desafio de acerto ou erro. Sua moti- vação deve derivar da lógica da discussão de seu conteúdo, de forma encadeada e objetiva. Questão no final do problema Umaquestãofinalqueorienteoalunoparaumatarefaespecí- fica, dentro da discussão do texto, pode ser proposta quando ne- cessária. Isso pode facilitar o trabalho de discussão de um pro- blema retirado de um texto científico, por exemplo. Se escolher- mos um trecho de um texto, este pode conter várias oportunida- des para que a discussão se desvie dos objetivos do problema, uma questão final pode ajudar a colocar ordem neste universo. Outra situação é quando pretendemos que o aluno busque co- nhecimentos específicos, como é o caso da epidemiologia e da estatística, algo habitualmente difícil de ser alcançado sem este tipo de estímulo, uma vez que normalmente os alunos não dispõem de conhecimentos prévios a respeito. Objetivos de aprendizado do problema Os objetivos do problema não devem ser confundidos com os objetivos do módulo temático ou do currículo. Estes devem en- dereçar o que o aluno deve saber ou desempenhar ao término do módulo. Os objetivos doproblemaserãosempreiniciados como termo estudar: estudar a anatomia da região, estudar as causas do fenômeno, estudar os problemas sócio-emocionais relaciona- dos, etc. Os objetivos dos problemas não são habitualmente apresentados aos alunos, servindo para o tutor se orientar em relação ao que a equipe de planejamento pretende com aquele enunciado. Resumo do que se pretende para orientação do tutor. Um resumo circunstanciado é sempre útil, considerando-se que sempre haverá variação de conhecimentos entre os tutores e que o time de tutores não contará com um especialista para cada grupo de alunos que estará discutindo aquele problema em um determinado momento. O resumo serve para unificar e orientar os tutores sobre o enunciado, os objetivos, as dificuldades que poderão encontrar. CONCLUSÕES É importante considerar que os problemas devem ser elabo- rados combaseemobjetivos previamentedefinidos esempreto- mando como exemplo fatos reais. Devem suscitar conhecimen- tos prévios para melhor retenção e sempre estar relacionados com a prática profissional futura. Escrever um bom problema para um tutorial requer alguma disciplina e a atenção a alguns princípios e posturas para resultar em um texto limpo e eficiente em cumprir sua tarefa principal de propiciar aquisição do conhecimento pelo aluno, com motivação. REFERÊNCIAS 1. DutchB.PBLClearingHouse:ProblemWritingGuide.Uni- versity of Delaware. Problem-Based Learning Clearinghou- se. 2001. Disponível em: www.udel.edu/pblc/problems . [Acesso em 15/06/2007]. 2. Hitchcock MA, Anderson AS. Dealing with dysfunctional tutorial groups. Teaching Learning Med. 1997; 9:19-24. 3. Schmidt H. A base lógica de aprendizagem em resolução de problemas. In: Engel C, Majoor G, Vluggen P. Educação de profissionais de saúde orientada para a comunidade: uma selação de publicações da Network. Maastricht: Net- work Publications, 1999.p. 83-90. 4. Wood DF. Problem based learning. BMJ 2003; 326:328-330. 5. Dolmans DHJM, Snellen-Balendong H, Wolfhagen HAP, Van der Vleuten CPM. Seven principles of effective case design for a problem-based curriculum. Med. Teach. 1997; 19:185-189. 6. Spence LD. PBL Course Design. The Pensilvania State Uni- versity. IST Learning Iniciative. 2006. Disponível em: http://pbl.ist.psu.edu/print/pbl-course-design.pdf. [Acesso em 15/06/2007]. 7. Hung W. The 3C3R model: a conceptual framework for de- signing problems in PBL. IJPBL 2006; 1(1):55-77 ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA Gerson Zanetta de Lima Rua Geraldo Julio 1555 86045-310 – Londrina – PR – Brasil E-mail: zanetta@uel.br Gerson Zanetta de Lima et al. Escrever bons problemas 201 REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA 32 (2) : 197 – 201 : 2008