2. Para
Moneo,
ocupar
um
lugar
significa
tomar
posse
dele.
Construir
implica
a
consumação
do
lugar.
Assim,
o
construir
sempre
traz
consigo
uma
certa
violência
sobre
o
lugar.
Construção
da
avenida
Sumaré,
final
dos
anos
1970
3. “A
arquitetura
moderna
morreu
em
St.
Louis,
Missouri
a
15
de
Julho
de
1972
às
15h32m,
quando
o
infame
complexo
de
Pruit-‐Igoe
Yveram
o
seu
golpe
final
dado
pelo
dinamite”
Charles
Jencks
4. Quando
se
veem
as
impressionantes
ruinas
romanas
num
lugar
remoto
se
cai
em
conta
do
imenso
valor
que
o
construído
Ynha
para
aqueles
que
queriam
ser
os
novos
senhores
da
terra.
Colonizar,
possuir
a
terra,
sempre
requereu
sua
transformação,
a
constância
nela
do
domínio.
Assim
se
explica
o
desejo
de
levantar
mapas,
de
medir
a
terra,
definindo
bordas
A
arquitetura
apresenta-‐se
como
o
testemunho
da
vontade
do
domínio
do
lugar.
Esfera
armilar,
que
no
renascimento
foi
o
instrumento
que
garanYa
o
sucesso
nas
navegações.
5. Quando
se
tem
diante
de
uma
catedral
barroca
ou
renascenYsta,
é
percepavel
o
esforço
de
uma
cultura,
de
uma
ideia
que
passa
a
ser
dominante
em
determinante
naquele
tempo.
9. Pensar
na
existência
de
uma
natureza
ainda
intacta,
virgem,
é
uma
fantasia.
conceito
de
paisagem
implica
aceitar
a
presença
de
algum
;po
de
manipulação,
contaminação.
Tanto
na
cidade
como
no
campo,
não
há
mais
como
não
aceitar
que
estamos
no
antropoceno.
Antropoceno
é
um
termo
usado
por
alguns
cienYstas
para
descrever
o
período
mais
recente
na
história
do
Planeta
Terra.
Ainda
não
há
data
de
início
precisa
e
oficialmente
apontada,
mas
muitos
consideram
que
começa
no
final
do
Século
XVIII,
quando
as
aYvidades
humanas
começaram
a
ter
um
impacto
global
significaYvo
no
clima
da
Terra
e
no
funcionamento
dos
seus
ecossistemas.
Aprendendo
de
Las
Vegas.
Denise
ScoiBrown
e
Robert
Venturi
10. Moneo
afirma
que
a
arquitetura
pertence
ao
lugar.
A
arquitetura
deve
reconhecer,
tanto
num
senYdo
posiYvo
como
num
senYdo
negaYvo,
os
atributos
do
lugar.
Entender
quais
são
esses
atributos,
entender
o
modo
em
que
se
manifestam
é
o
primeiro
movimento
do
processo
projeYvo.
”Não
é
fácil
descrever
como
é
este
processo.
E,
não
obstante,
não
há
problema
em
afirmar
que
aprender
a
escutar
o
murmúrio,
o
rumor
do
lugar,
é
uma
das
experiências
mais
necessárias
para
o
projetar.“
Quinta
Monroy
Alejandro
Aravena
–
Chile
11.
Discernir
entre
aqueles
atributos
do
lugar
que
devem
ser
conservados,
aqueles
que
devem
consYtuir
a
nova
realidade
que
emerge.
Entender
o
que
ignorar,
adicionar,
eliminar,
transformar,
mas
perceber
as
condicionantes
prévias
do
lugar,
aquilo
que
não
pode
ser
perdido
nem
ignorado.
SESC
Pompéia,
de
Lina
Bo
Bardi
12.
13. Moneo
ainda
diz
que,
uma
arquitetura
apropriada
não
elimina
a
possível
destruição
do
lugar.
”A
liberdade
de
homens
e
mulheres
para
transformar
e
criar
uma
paisagem
que
se
converta
em
marco
adequado
para
a
vida
exige
tal
possibilidade
e,
em
efeito,
a
história
da
arquitetura
está
cheia
deste
Ypo
de
episódios.Dito
de
outro
modo,
uma
arquitetura
apropriada
pode
reivindicar
a
formulação
de
um
juízo
contrário
ao
lugar.
A
arquitetura,
portanto,
a
construção
de
um
edimcio
num
determinado
lugar,
não
significa
uma
resposta
automáYca,
imediata.”
Desmanche
do
Morro
do
Castelo,
em
1922,
Rio
de
Janeiro
14.
Moneo
diz
que
a
atual
confusão
entre
Lugar
e
Contexto
pode
gerar
arquiteturas
esquemáYcas
resultantes
da
simples
análise
do
meio.
Para
ele
é
como
se
o
respeito
ao
lugar,
a
contextualização
da
arquitetura,
fossem
suficientes
para
completar
a
incompletude
do
lugar.
Ele
não
nega,
no
entanto,
que
Pode
ser
que
o
contexto
requeira
um
Ypo
exato
de
arquitetura
ou
projeto
urbano
que
venha
a
preencher
perfeitamente
uma
lacuna,
mas
esta
não
é
a
norma.
A
arquitetura
converte-‐se,
para
quem
praYca
tal
método,
num
simples
resultado
de
tal
análise:
o
edimcio
será
pouco
menos
que
a
descrição
ou
o
esquema
resultante
da
análise.
Silogismo:
raciocínio
deduYvo
estruturado
formalmente
a
parYr
de
duas
proposições
(premissas),
das
quais
se
obtém
por
inferência
uma
terceira
(conclusão)
[p.ex.:
"todos
os
homens
são
mortais;
os
gregos
são
homens;
logo,
os
gregos
são
mortais"].
15. Os
lugares
são,
para
Moneo,
as
chaves
para
entender
a
direção
que
tomou
o
processo
de
construção
de
um
edimcio.
O
lugar
é
uma
realidade
expectante,
sempre
à
espera
do
acontecimento
que
supõe
o
construir
sobre
ele.
Quando
tal
ocorra
aparecerão
os
atributos
ocultos.
O
lugar
é,
pois,
onde
a
arquitetura
adquire
seu
ser.
A
arquitetura
não
pode
estar
onde
quer
que
seja.
16. “É
no
lugar
onde
o
edimcio
adquire
a
dimensão
necessária
de
sua
condição
única,
irrepeavel;
onde
a
especificidade
da
arquitetura
se
faz
visível
e
pode
ser
compreendida,
apresentada,
como
seu
mais
valioso
atributo.”
17.
18. Introdução
O
anYgo
edimcio
(com
um
casino
e
um
teatro
dentro)
do
Kursaal
foi
demolido
em
1973
e
realizou
um
concurso
para
atribuição
de
um
auditório
e
um
centro
de
conferências.
“Duas
rochas
encalhados”
por
Rafael
Moneo
ganhou
o
concurso,
e
foi
o
arquiteto
que
executou
o
trabalho
entre
1996
e
1999.
Localização
• projeto
do
estudo
Moneo
para
Auditório
Kursaal,
em
San
SebasYan
fica
à
direita
da
foz
do
Urumea,
de
modo
que
a
localização
do
prédio
é
excelente,
construído
sobre
um
aterro
com
terra
do
mar.
Conceito
O
centro
de
convenções
de
San
SebasYan
é
composto
por
dois
cubos
de
vidro
enormes.
O
mesmo
arquiteto
descreve-‐o
como
um
“encalhadas”
rochas
ao
longo
do
Golfo
da
Biscaia,
a
7.000
m2
rochas
subterrâneas
conectadas,
que
abrigam
dois
auditórios
dentro
dela
versáYl,
uma
sala
de
exposições,
um
restaurante
e
estacionamento.
O
Kursaal
é
composto
por
dois
grandes
cubos
de
vidro
translúcido
e
deformado
em
relação
orientada
para
Urgull
montanha,
a
oeste,
e
Ulia,
no
leste.
Esses
cubos
com
geometria
assimétrica,
parecem
assumir
a
escala
ea
natureza
da
baía.
Descrição
Na
primeira
das
rochas
encalhadas
no
auditório
estão
disponíveis,
com
dimensões
de
60x48x27
m.,
E
uma
capacidade
máxima
de
1806
espectadores.
O
quarto
tem
uma
forma
retangular
com
um
teto
plano
e
na
vizinhança
do
andar
térreo
estão
os
serviços
complementares:
serviços,
portaria,
telefone,
WC.
O
acesso
ao
topo
da
sala
é
realizada
por
meio
de
rampas
e
degraus,
realizados
com
os
painéis
de
aço
inoxidável
sobre
a
madeira
e
dentro.
No
intervalo
entre
o
invólucro
exterior
e
quartos
são
organizados
salões,
que
oferecem
vistas
dos
arredores
e
magnífico
cenário
da
praia.
Tem
também
uma
fase
de
350
m2
equipada
com
concertos
removíveis
câmara
e
suportes,
bem
como
os
serviços
como
uma
barra.
A
segunda
secção
contém
rocha
Hall,
consYtuído
por
um
prisma
de
43x32x20
m.,
Com
uma
estrutura
de
metal
e
uma
parede
dupla,
complementado
com
pedaços
de
vidro,
e
uma
capacidade
de
624
pessoas,
existe
também
uma
fase
de
120
m2
equipada
com
teto
acúsYca
removível
e
adereços.
Estrutura
A
construção
é
resolvido
por
uma
estrutura
metálica
que
dá
origem
à
formação
de
uma
parede
dupla,
complementado,
para
dentro
e
para
fora,
com
o
bloco
de
vidro
prensado.
20. Este
lugar
é
um
acidente
geográfico.
Era
desejável,
a
meu
ver,
que
o
lugar
manYvesse
seus
atributos
naturais,
inclusive
depois
de
construir
sobre
ele.
Daí
que
propus
levantar
ali,
duas
gigantescas
rochas
ancoradas,
onde
o
rio
encontra
o
mar.
Uma
dirige-‐se
ao
Monte
Urgull,
que
protege
a
Playa
de
La
Concha.
A
outra
mira
ao
Monte
Ulía,
um
promontório
que
define
uma
das
bordas
que
limitam
o
crescimento
da
cidade.
Propomos
construí-‐las
como
blocos
de
vidro,
porque
eu
gostaria
que
fossem
sólidos
translúcidos,
capazes
de
afrontar
as
dimceis
condições
climáYcas
de
um
lugar
no
que
se
faz
senYr
de
vez
em
quando
a
fúria
do
oceano.
A
“massa
gelada”
de
nossas
rochas
de
vidro
mudará
dramaYcamente
nas
noites,
quando
se
convertam
em
fanais
que
miram
ao
mar.
Encontrar-‐se-‐
ão
sós,
distantes.
Permanecerão
silenciosas,
como
guardiãs
do
lugar.
Gostaria
que
não
pertencessem
ao
tecido
urbano
da
cidade,
mas
que
pertencessem
à
paisagem.
24. A
nova
construção
foi
projetada
para
cumprir
o
testamento
de
Joan
Miró,
quem
queria
que
Palma
de
Mallorca
contasse
com
uma
insYtuição
que
conYvesse
sua
obra
e
proporcionasse
a
estudiosos
e
arYstas
a
oportunidade
de
estudar
seu
trabalho.
25. O
edimcio
levanta-‐se
num
terreno
de
propriedade
de
Miró,
que
disfrutava
de
esplêndidas
vistas
sobre
a
baía
de
Palma
quando
ele
e
sua
família
se
instalaram
na
cidade
a
finais
dos
anos
40.
Na
propriedade
citada,
que
contava
com
uma
construção
de
finais
do
século
XVIII
–Son
Boter–
Joan
Miró
edificou,
em
primeiro
lugar,
uma
casa
para
ele
e
sua
família,
obra
de
seu
cunhado,
o
arquiteto
Juncosa,
e
um
estúdio
que
projetou
seu
amigo
Josep
Lluis
Sert
a
mediados
dos
anos
50.
Infelizmente,
o
lugar
foi
rodeado
por
edimcios
de
apartamentos
de
grande
altura,
construídos
durante
aos
anos
60
e
70,
que
fizeram
que
a
propriedade
de
Miró
perdesse
a
formosa
vista
do
mar.
26.
27.
28. Assim é que depois de identificar uma área
próxima ao estúdio numa ladeira orientada à
baía, decidi que a nova construção não deveria
ser alta, mas sim se opor com energia ao
mundo do construído em torno. E assim, a
galeria, uma peça chave no novo edifício, tem
algo de fortaleza militar que sobrevive, após
reconhecer seus inimigos, num meio hostil.
29.
30. Nosso desejo é que as pinturas flutuem nos muros, encontrando neles o lugar que
lhes pertence. Lugar e programa cavalgam juntos,
31. Deliberadamente tentei evitar a repetição, a série, o paralelismo, com o desejo de
conectar com o epifânico e inefável caráter de sua obra.