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ÍNDICE
Capítulo 1
A RESPEITO DO HOMEM E SUA MISSÃO
A missão do homem............................................................................11
Conheça a Vontade Divina....................................................................11
Camadas do Mundo Espiritual................................................................14
Os três espíritos do homem.................................................................16
Vença seu próprio mal.........................................................................17
Capítulo 2
ELEVAÇÃO DA ESPIRITUALIDADE
2.1 – Elevação espiritual
Espírito e corpo.....................................................................................21
Sejam sempre homens do presente..........................................................24
Ser amado por Deus..............................................................................25
O segredo da boa sorte..........................................................................27
2.2 – Inteligência da Percepção Verdadeira
Luz da Inteligência...............................................................................31
O saber das coisas..................................................................................32
As cinco inteligências.............................................................................36
2.3 – Felicidade
Felicidade..............................................................................................39
Segredo da felicidade...........................................................................40
Destino e liberalismo...........................................................................43
Nós é que traçamos o nosso destino.....................................................43
Bom Senso...............................................................................................45
2.4 – Fé Universal
Possua Fé Universal..............................................................................46
Deus é Justiça.........................................................................................48
A Nossa Religião e o Universalismo......................................................49
2.5 – Vida em Harmonia
Fé Messiânica.......................................................................................52
Sol e Lua................................................................................................53
O que é Limite.......................................................................................55
Espírito de “Izunomê”..............................................................................56
Capítulo 3
VIDA E MORTE
Vida e Morte..............................................................................................61
O que é a morte?........................................................................................66
Existem Fantasmas?..................................................................................68
Julgamento no Mundo Espiritual........................................................70
A Reencarnação........................................................................................74
Capitulo 4
SAÚDE
4.1 – Verdadeira Saúde
A verdade sobre a saúde...........................................................................79
O homem é um poço de saúde................................................................81
A verdadeira saúde e a saúde aparente...................................................83
Morte natural e morte antinatural...........................................................84
4.2 – Toxinas
Análise das toxinas................................................................................86
Os três tipos de toxinas........................................................................89
Toxinas Urinárias..................................................................................90
A causa dos acidentes............................................................................90
4.3 – Processo de Purificação
O tratamento natural..............................................................................92
O que é a doença...................................................................................94
A verdadeira causa das doenças............................................................97
O que é a doença? — A gripe................................................................99
A trilogia dos órgãos internos e o Johrei...............................................103
A verdadeira causa da doença está no “espírito”................................106
A causa das doenças e o pecado.........................................................109
O que é o estado ligeiramente febril....................................................113
Sobre a purificação proporcional.......................................................115
A doença e o caráter do homem........................................................116
A advertência dos antepassados........................................................116
4.4 – Nutrição
Alimentação e nutrição.........................................................................118
A dietética.............................................................................................120
A comédia da nutrição..........................................................................122
A MISSÃO DO HOMEM
O homem veio à Terra com a missão de auxiliar na concretização das condições ideais
do planeta, de acordo com o Plano Cósmico. Quando ele vive em conformidade com esse
Plano, é naturalmente abençoado com a saúde, a felicidade e a paz, a que tem direito
inalienável.
Infelizmente, pelo fato do homem ter se desviado da Verdade, ninguém está livre das
máculas espirituais transmitidas de geração a geração, bem como das máculas geradas pelos
seus próprios pensamentos e atos errôneos. Além disso, existem as substâncias artificiais,
consciente ou inconscientemente introduzidas no corpo, que aumentam as máculas e,
conseqüentemente, o sofrimento. Enquanto o homem não se libertar, purificando-se através
da compreensão e do discernimento, continuará sofrendo.
Contudo, aqueles que dedicam o seu pensamento e trabalho ao servir à Causa Divina,
não necessitam afligir-se durante o período de transição da Noite para o Dia, porque são
necessários ao Plano Cósmico evolutivo.
Extraído do livro “Os Novos Tempos”
CONHEÇA A VONTADE DIVINA
Volto a ventilar o assunto de que o homem foi criado para construir o Mundo Ideal
planejado por Deus. E ele só trabalhará com saúde, sem desgraças, em ambiente satisfatório,
se conseguir identificar-se com este objetivo Divino. Eis a Verdade Eterna.
O ser humano carrega não só as suas próprias máculas, como as de sua raiz familiar.
Além disso, mesmo sem saber, ele absorve substâncias tóxicas, aumentando,
inevitavelmente, o número de suas enfermidades. Ora, a existência de pessoas doentes e,
conseqüentemente, inúteis para a Obra Divina, constitui um prejuízo para Deus. Por isso, é
lógico que Ele deseje curá-las; nem precisaríamos preocupar-nos com o assunto. No entanto,
os que ignoram esse aspecto, julgam que os remédios sejam o único recurso contra as
doenças, e nada mais fazem que reprimi-las. Assim, desconhecendo a Lei de Identidade
Espírito-Matéria, jamais poderão obter a cura integral.
Os males que decorrem da ignorância humana, não se restringem às questões de saúde.
Todas as desgraças têm o mesmo caráter e destinam-se à purificação do homem. O processo
purificador, no entanto, muda seu tipo de ação de acordo com a causa do mal.
Os pecados de furto, peculato, prejuízo ao próximo, luxo excessivo e outros, são
redimidos com perda de dinheiro e de bens materiais. O farrista que esbanja a herança
familiar está redimindo as máculas de seus pais e de seus antepassados. O espírito de um
antepassado escolheu um descendente para que, por seu intermédio, se processe a purificação
e a preservação do sangue da família, a fim de que ela venha a progredir no futuro. Nessas
circunstâncias, não há conselho que surta efeito. Pode ocorrer o caso de dois irmãos com
índoles diferentes: um é incorrigível e malvado; o outro é leal e honesto. Aparentemente, o
primeiro é mau e desonra o nome da família. Mas, à luz da Verdade, purificando a família e
eliminando as máculas dos antepassados, sua missão assume maior importância que a do
outro. Por essa razão, é dificílimo definir o bem e o mal usando critérios humanos.
Incêndios, roubos, falsidade, perdas na Bolsa, falências comerciais, apostas inúteis,
gastos com doenças, etc., são formas materiais de redenção de máculas também adquiridas
materialmente. Portanto, embora possa fugir às sanções das leis humanas, ninguém escapa
das leis eternas.
O pecado de enganar ou ludibriar os olhos humanos será redimido, conseqüentemente,
pelos males da vista; aquele que se comete através da palavra, provocará doença dos ouvidos
ou da língua; torturar a mente do próximo causará dores de cabeça; o uso dos braços apenas
para benefício próprio, será fonte de padecimento nos braços. A purificação ocorre de acordo
com o princípio da concordância.
Também o ingresso na Fé produz sofrimento, e este será tanto mais profundo, quanto
maior for a dedicação. O motivo é que Deus quer beneficiar a pessoa como recompensa pela
sua dedicação, e para isso é necessário eliminar suas máculas espirituais, a fim de que ela
possa receber Suas Graças. Suportando as purificações sem vacilar, a pessoa receberá
benefícios inesperados. Entretanto, quem não possui firmeza de fé, vacila nesses momentos
decisivos.
Vou lhes falar de minha experiência sobre o assunto.
Durante vinte anos sofri em virtude de dívidas aparentemente insolúveis. Finalmente
consegui saldá-las em 1941. Foi um alívio! No ano seguinte, começaram a chegar-me
riquezas inesperadas, e assim me surpreendi com a profundidade da Vontade Divina.
É habitual ouvirmos comentários como este: “Fulano ficou rico após o incêndio”. Isso
nada mais é que uma conseqüência da purificação. Podemos dizer o mesmo em relação ao
incêndio de Atami. Se compararmos a atual cidade com o que ela era antes da catástrofe,
veremos que a diferença é surpreendente.
Concluímos que, se os bons acontecimentos são apreciáveis, os maus também nos trazem
benefícios, pois são purificadores, e que haverá verdadeira paz sempre que soubermos
agradecer, tanto na saúde como na enfermidade. Mas isto se limita aos que têm fé. Com os
descrentes ocorre o contrário: o sofrimento gera o sofrimento, a ansiedade piora a situação, e
tudo caminha para o abismo.
O segredo da felicidade humana consiste em aceitar esta verdade.
2 de dezembro de 1953
CAMADAS DO MUNDO ESPIRITUAL
Já expliquei que o Mundo Espiritual está constituído dos planos Superior, Intermediário
e Inferior, mas explicarei agora a estreita relação entre eles e o destino do homem.
Cada um desses planos se subdivide em sessenta camadas, de modo que, no total, são
cento e oitenta camadas. Eu as chamo de Camadas do Mundo Espiritual.
O homem nasce no Mundo Material por desígnio de Deus. Creio que, nesse sentido, o
elemento “mei” (desígnio), que aparece em “seimei” (vida), tem a mesma significação que o
“mei” de “meirei” (ordem).
Eis uma pergunta que todos fazem: por que razão o homem nasce? Enquanto não
compreender isso, o homem não poderá ter comportamento correto nem verdadeira
tranqüilidade, estando sujeito a levar uma vida vazia e ociosa.
O objetivo de Deus é fazer da Terra um mundo ideal, ou melhor, construir o Paraíso
Terrestre. No desenvolvimento do Seu plano, há uma grandiosidade que não pode ser
expressa com palavras, pois o progresso da cultura não tem limite. Assim, todos os
acontecimentos da História Mundial, até hoje, não passaram de operações básicas para
concretizar o objetivo de Deus. Este, concedendo diferentes missões e características a cada
pessoa e alternando a vida e a morte, está fazendo evoluir Seu plano em direção ao objetivo
estabelecido. Portanto, concluímos que o bem e o mal, a guerra e a paz, a destruição e a
construção são processos necessários à evolução.
Como já expliquei minuciosamente, estamos atravessando a fase de transição da Noite
para o Dia. O mundo, atualmente, está prestes a dar um grande salto para a Nova Era, e a
humanidade, libertando-se da selvageria, está procurando alcançar o mais alto nível da
cultura. Aí, a guerra, a doença e a pobreza terão fim. É claro que o aparecimento do Johrei é
o prenúncio disso e constitui mesmo um fator essencial.
Para o cumprimento de Seu plano, Deus emite ordens ao homem constantemente, através
de algo que é como a semente de cada indivíduo numa das camadas do Mundo Espiritual.
Dei-lhe o nome de YUKON. A ordem é primeiramente baixada ao YUKON, e este, através
do elo espiritual, a transmite à alma, núcleo do corpo espiritual do homem. Entretanto, é
dificílimo o homem comum conseguir perceber a ordem Divina; somente aqueles cujo corpo
espiritual foi purificado até certo ponto é que o conseguem. Essa percepção é dificultada não
só pela grande quantidade de máculas, mas também pela ação de Satanás, que se aproveita
dessas máculas. Uma prova disso é que, às vezes, as coisas não correm como o homem
deseja, e o seu destino toma um rumo que ele jamais imaginaria. Existem, também, pessoas
que se sentem sempre governadas por uma força estranha e não conseguem mudar seu
destino. É que, de acordo com a posição do YUKON no Mundo Espiritual, há diferença na
missão e também no destino. Isto é, quanto mais alta for a camada em que estiver o YUKON
de uma pessoa, melhor ela perceberá as ordens Divinas e mais feliz será. Ao contrário,
quanto mais baixo ele estiver, mais infeliz a pessoa. As camadas superiores correspondem ao
Céu: mundo de alegria, saúde, paz e riqueza material; em contraposição, as camadas mais
baixas correspondem ao Inferno: mundo de sofrimento, doença, conflito e pobreza. Assim,
para ser verdadeiramente feliz, o homem deve, antes de mais nada, elevar a posição do seu
YUKON.
E como é que ele pode conseguir isso? Purificando seu corpo espiritual. Este está sempre
se elevando ou baixando, dependendo da quantidade de máculas; o espírito purificado se
eleva, por ser leve, e o espírito maculado desce, pelo peso das máculas. Portanto, para
purificar seu espírito, o homem deve praticar boas ações e acumular virtudes.
5 de fevereiro de 1947
OS TRÊS ESPÍRITOS DO HOMEM
Todo homem tem, no Mundo Espiritual, um Espírito Guardião que constantemente o
protege. É comum ouvirmos dizer que o homem é filho ou templo de Deus: isso significa que
ele possui a partícula Divina que lhe foi outorgada pelo Criador e que constitui seu Espírito
Primordial. O espírito animal agregado após o nascimento, é o Espírito Secundário; pode ser
de raposa, texugo, cão, gato, cavalo, boi, macaco, doninha, dragão, “tengu” (1) , aves, etc.
Em geral, há uma espécie para cada pessoa, mas em casos menos freqüentes há mais de uma.
Dificilmente os homens da atualidade acreditam nisso; creio mesmo que chegam a
escarnecer. Contudo, através de inúmeras experiências, eu compreendi que se trata de uma
realidade incontestável.
O Espírito Primordial é o bem, é a consciência; o Espírito Secundário é o mal, são os
pensamentos vis. No budismo, dá-se à consciência o nome de Bodaishim (espírito do bem)
ou Bushim (sentimento de misericórdia búdica), e os maus pensamentos são chamados de
Bonno (desejos mundanos).
Além desses dois espíritos – Primordial e Secundário – existe o Espírito Guardião. É o
espírito de um ancestral. Quando uma pessoa nasce, é escolhido entre seus ancestrais um
espírito que recebe a missão de guardá-la. Via de regra, é espírito humano, mas também
podem ser espíritos híbridos de homem com dragão, raposa, “tengu” etc. Meu Espírito
Secundário, por exemplo, é “Karassu-tengu” (2), e meu Espírito Guardião é dragão.
É muito freqüente, diante de um perigo, o homem se salvar miraculosamente, sendo
avisado em sonho ou tendo um pressentimento. Isso é trabalho do Espírito Guardião. O
mesmo se pode dizer em relação à inspiração recebida por artistas e inventores, no momento
em que, compenetrados, estão criando alguma obra. No caso de querer satisfazer os desejos
corretos do homem ou fazê-lo receber graças através da Fé, Deus atua por intermédio do
Espírito Guardião. Os antigos provérbios “A verdadeira sinceridade se transmite ao Céu”, ou
“A sinceridade se transmite a Deus”, significam a concessão das graças Divinas através do
Espírito Guardião.
5 de fevereiro de 1947
VENÇA SEU PRÓPRIO MAL
Já escrevi a respeito da necessidade de vencer o mal, dando à expressão o sentido de não
ser vencido pelo homem perverso. Agora falarei da vitória sobre o mal que existe em nosso
íntimo.
Dentro de cada ser humano há uma batalha constante entre o bem e o mal. É a luta para
subjugar as paixões do mundo, conforme a interpretação budista.
A ambição humana é ilimitada. Embora o homem viva tentando refrear-se em relação ao
dinheiro, ao sexo, ao poder, à fama e ao egoísmo, vê-se constantemente tentado por eles. A
consciência lhe adverte que seja prudente, que evite isto e aquilo que será castigado se for a
determinado lugar, etc. O campo de batalha desta luta sem trégua encontra-se no interior de
cada indivíduo.
A vitória do mal resulta em pecado e infelicidade; a vitória do bem cria felicidade. É
tudo tão simples e nítido quando examinamos a questão, que parece fácil de praticar.
Entretanto, mesmo com uma clara noção do assunto, os homens não são capazes de triunfar
na luta contra o mal, principalmente quando não têm fé. Eis por que os fiéis mais esclarecidos
pecam menos que os outros. Mas, para isso, é necessário que eles façam um grande esforço.
Naturalmente, a força que nos arrasta à prática do mal pertence ao Espírito Secundário, e
a que nos conduz pelo caminho do bem, ao Espírito Guardião. Como, além destes, temos o
Espírito Primordial, que determina o Absoluto Bem, precisamos fazer algo para aumentar-lhe
o poder de atuação, porque essa é a força que domina o mal pela raiz. Sendo assim, o único
recurso é adorar a Deus e solidificar a fé. Não existe outro meio para se obter a felicidade.
20 de junho de 1951
ELEVAÇÃO ESPIRITUAL
ESPÍRITO E CORPO
Se tudo que ocorre no Universo está fundamentado na precedência do espírito sobre a
matéria, não há nada de estranho nos inúmeros milagres que acontecem. Para entender esses
milagres, precisamos conhecer a relação entre o Mundo Espiritual e o Mundo Material.
Tal como o homem possui roupas para o corpo, o espírito também possui uma veste, que
é a aura. Esta é uma espécie de éter; é a luz emanada do espírito. Não obstante ser algo vago,
há quem consiga enxergá-la. Ela pode ser comparada ao tempo: ora está clara, ora está
nublada. Se pensamos o bem e o praticamos, a aura fica clara; se pensamos e praticamos o
mal, ela fica maculada. Assim, se cremos numa divindade verdadeira, recebemos sua Luz,
que dissipa as máculas; se cremos numa divindade falsa, as máculas aumentam. Geralmente
por falta de conhecimento espiritual, as pessoas pensam que toda divindade é correta e
verdadeira, mas aí está um gravíssimo erro, pois, na realidade, os falsos deuses são em maior
número. A prova é que muitas famílias, embora sejam devotas há várias gerações, não param
de ser atormentadas pela infelicidade. Isso ocorre porque estão adorando um deus falso, ou de
fraco poder. O homem deve, portanto, converter-se ao verdadeiro Deus e salvar o próximo;
quanto mais méritos e virtudes ele somar, mais luminosa e maior se tornará a sua aura.
A aura de uma pessoa comum tem aproximadamente três centímetros, mas no caso de
um virtuoso varia entre quinze e trinta centímetros. Os virtuosos que alcançaram nível de
divindade possuem aura de alguns metros ou mesmo quilômetros. Entre os grandes religiosos
há aqueles cuja aura alcança diversos países ou povos. Cristo e Sakyamuni, por exemplo. A
aura do Salvador do Mundo, no entanto, possui a força máxima, ou seja, uma força que
envolve em Luz toda a humanidade; mas a História mostra que até agora ainda não apareceu
o Salvador do Mundo.
Como dissemos, a aura aumenta ou diminui de acordo com a boa vontade e o esforço de
cada um. Os homens precisam crer nisso e praticar o bem. Exemplificando,no caso de
alguém sofrer um acidente automobilístico ou ferroviário, se a sua aura for espessa, o espírito
do veículo esbarrará nela e não atingirá a pessoa, salvando-a; todavia, se a aura for fina ou
quase inexistente, ocorrerão ferimentos graves ou mesmo morte. É por esse motivo que os
nossos fiéis conseguem escapar dos acidentes.
A sorte ou azar da pessoa obedece ao mesmo princípio. O corpo pertence ao Mundo
Material, e o espírito ao Mundo Espiritual; esta é a organização dos dois mundos. O Mundo
Espiritual está dividido em três planos: Superior, Médio e Inferior. Cada plano subdivide-se
em sessenta camadas, distribuídas, por sua vez, em três níveis de vinte camadas cada um,
totalizando cento e oitenta camadas. É claro que o plano mais baixo corresponde ao Inferno;
em seguida vem o mundo intermediário, equivalente ao nível do Mundo Material; o mais alto
é o Céu. A maior parte das pessoas se situa no plano intermediário, mas, dependendo da
prática do bem ou do mal, elas podem descer ou subir de plano. Assim, se praticam o bem,
sobem ao Céu; se praticam o mal, caem no Inferno. Além do mais, no Mundo Espiritual
existe absoluta justiça e não há privilégios, o que é desagradável para os malfeitores. Aqueles
que acreditarem nisso, poderão alcançar a verdadeira felicidade.
É evidente que no Inferno reina a inveja, o ódio, a cobiça, o ciúme, a pobreza, etc., e
quanto mais se desce, mais intensos se tornam, sendo que o nível mais baixo é chamado de
Reino do Fundo da Raiz ou Inferno de Trevas e Frio Absolutos. Entretanto, não só após a
morte, mas desde que o corpo está no Mundo Material, o espírito se reflete nele no estado em
que se encontra. É por isso que vemos até casos de suicídio de uma família inteira, após um
sofrimento extremo. São ocorrências que sempre figuram nos jornais, mostrando que a sorte
ou o azar dependem da posição (nível) da pessoa no Mundo Espiritual. Obviamente trata-se
de uma conseqüência da lei de causa e efeito entre o bem e o mal, de modo que não há
ninguém mais tolo que o malfeitor. Mesmo que consiga progredir na vida valendo-se do mal,
esse êxito é passageiro; um dia ele acabará arruinado, já que no Mundo Espiritual sua posição
é no Inferno. Em contrapartida, por mais azarada que uma pessoa seja, se ela praticar o bem,
sua posição no Mundo Espiritual irá se elevando e algum dia ela se tornará feliz. É uma Lei
Divina que jamais poderá ser infringida. Todavia, embora a pregação deste ensinamento seja
a missão original das religiões, isso não ocorreu de maneira efetiva, pois, considerando os
ensinamentos e os sermões como sendo o mais importante, elas não os faziam acompanhar da
força que tem o real poder, ou seja, os milagres.
Entretanto, é chegado o tempo, e Deus está manifestando o Poder Absoluto, fazendo
surgir surpreendentes milagres através da nossa Igreja, para despertar a humanidade da ilusão
em que ela se encontra; por isso, por mais incrédulo que alguém seja, não poderá deixar de
crer.
10 de setembro de 1953
SEJAM SEMPRE HOMENS DO PRESENTE
O homem deve progredir e elevar-se continuamente, sobretudo aqueles que possuem fé.
Entretanto, quando tocamos em assuntos religiosos, as pessoas costumam julgar-nos
antiquados e conservadores. Não podemos negar que essa é uma tendência dos fiéis em geral;
porém, com os messiânicos, dá-se justamente o contrário, ou melhor, eles devem esforçar-se
para ser o contrário.
Observemos a Natureza. Ela procura renovar-se e progredir constantemente, sem um
minuto de interrupção. O número de seres humanos aumenta de ano para ano. As terras vão
sendo exploradas todos os anos. Vemos maiores e melhores vias de transportes – obras cuja
construção demonstra crescente arrojo arquitetônico – e maquinarias cada vez mais perfeitas.
As ervas e as árvores crescem em direção ao Céu. Tudo isso mostra que nada regride.
Ora, se tudo continua evoluindo, é natural que os homens também devam evoluir
continuamente, seguindo o exemplo da Natureza. Nesse sentido, eu mesmo faço esforço para
elevar-me e progredir cada vez mais; este mês, mais do que no mês anterior; este ano, mais
do que no ano passado.
Mas progredir somente na parte material, isto é, nos negócios, na profissão e na posição
social, não passa de algo sem base, algo demasiado superficial, como uma planta sem raiz. É
indispensável o progresso do espírito, isto é, a elevação da individualidade. Portanto,
devemos prosseguir passo a passo, pacientemente, visando à perfeição, principalmente no
que se refere à espiritualidade. Com a elevação gradual do espírito, a personalidade também
florescerá e, sem dúvida alguma, essa atitude de contínuo progresso conquistará a confiança
do próximo, facilitará os empreendimentos e tornará a pessoa feliz.
Os jovens da atualidade talvez encarem estas palavras como moral antiquada e já
superada; entretanto, é pondo em ação tais palavras que as criaturas poderão,
verdadeiramente, ficar atualizadas. Os homens que não pensam e não agem assim, desejando
evoluir apenas materialmente, ficam estacionados. Não progridem nem são progressistas.
Parecem-me antiquadíssimos, observados deste ponto de vista. Seus pensamentos e assuntos
são sempre os mesmos, não apresentam nada de especial. Palestrar com essas pessoas não me
desperta nenhum interesse, pois elas se limitam a assuntos triviais, não falando de Religião,
de Política, de Filosofia e muito menos de Arte.
O ideal seria que todos os fiéis da nossa Igreja se interessassem em progredir e elevar-se
cada vez mais. Como visamos a corrigir a civilização errônea e construir um mundo ideal, os
messiânicos devem procurar, nesta época de transição do mundo, ser sempre homens
atualizados, vivendo em sintonia com o século XXI, que se aproxima.
Eis o sentido do meu costumeiro conselho: sejam homens do presente.
11 de outubro de 1950
SER AMADO POR DEUS
A essência da fé, em poucas palavras, é “Ser amado por Deus” ou “Estar no agrado de
Deus”. Deste modo, devemos saber que tipo de pessoa é amada por Deus. Mas deixemos isso
para depois; devemos, primeiramente, conhecer a missão da nossa Igreja. Ela está
relacionada ao Juízo Final, de Cristo e à extinção do budismo, de Sakyamuni, fatos esses que
estão prestes a acontecer.
Deus e as entidades búdicas estão manifestando seu grande amor misericordioso, fazendo
com que um maior número de pessoas ultrapasse a grande transição do mundo. E como Deus
atuará? Naturalmente, Ele utilizará os homens, e acredito que fui escolhido para assumir esta
grande missão.
Como é uma grande missão, jamais vista ou ouvida, acabo até achando-a difícil demais
de ser realizada; porém, como é o grandioso Deus Supremo que me outorgou essa missão,
não tenho alternativa.
Inicialmente, duvidei e até resisti, mas não havia meio de recusá-la , pois estava acima
das minhas forças. Deus me utiliza livremente. Não são poucas as vezes em que Ele me fez
sentir alegrias extremas e aquelas em que me obrigou a enfrentar situações infernais. Porém,
cada vez que isso ocorria, percebia Sua mão invisível, Seu indescritível poder de atração e
experimentava o gratificante sabor da vida. Talvez seja uma sensação impossível de ser
expressa em palavras que, provavelmente, somente eu tenha vivido na face da Terra.
O mais importante é procurar saber o que devemos fazer para sermos do agrado de Deus.
Qualquer pessoa de bom senso sabe que o que desagrada a Deus é agir fora do caminho,
mentir, fazer os outros sofrer, causar incômodo à sociedade. Contudo, atualmente, existem
muitas pessoas que não se importam com ninguém, achando que basta o próprio bem-estar e
manifestam esse egoísmo na prática. Por se tratar de uma atitude das mais condenáveis, não
há como estar do agrado de Deus. Assim, cada um precisa saber se está sendo amado por
Deus ou não. É algo extremamente simples:
“Para mim, nada vai a contento. Sofro de necessidades materiais; meu trabalho não
progride; meu crédito é fraco; não consigo me rodear de pessoas; minha saúde também é
insatisfatória; do jeito que trabalho, não entendo por que não dá certo.” As pessoas que fazem
esse tipo de comentário não estão sendo do agrado de Deus. Bastar estar no agrado d’Ele e o
nosso trabalho se desenvolve satisfatoriamente; as pessoas juntam-se ao nosso redor a ponto
de nos incomodar; os recursos materiais nos chegam em tão grande quantidade, que mal
podemos utilizá-los em sua totalidade. O mundo, então, se torna um lugar agradável de se
viver.
A fé só tem realmente valor quando somos felizes. Se a praticamos mas não alcançamos
a felicidade, é porque o motivo, infalivelmente, se encontra em nosso próprio espírito.
25 de maio de 1949
O SEGREDO DA BOA SORTE
Já escrevi a respeito em outras oportunidades, mas insisto sobre o assunto porque, quanto
mais observo o mundo atual, mais vejo pessoas infelizes.
É desnecessário dizer que, desde a antigüidade, a boa ou má sorte do homem constitui a
questão mais difícil que existe. Talvez o ser humano esteja fadado, desde o momento em que
nasce até o momento em que morre, a nunca se libertar do desejo de obter a boa sorte. Isso
porque geralmente não conseguimos compreender aquilo que mais desejamos. Seria
maravilhoso se o conseguíssemos, mesmo que fosse um pouco. Felizmente, eu adquiri clara
compreensão dos fundamentos para se alcançar a boa sorte. Além disso, pelas minhas
próprias experiências, verifiquei que eles não contêm o mínimo erro, de modo que os
exponho com toda a convicção.
Conforme todos podem observar, não existe nada mais vago, abstrato e difícil de ser
obtido que a boa sorte, algo tão simples. Não estando ela ao nosso alcance, a única alternativa
que temos, naturalmente, é esperar por ela. Daí, talvez, o nome sorte. Concordo com as
palavras: “A vida é uma grande aposta”, pois até as pessoas consideradas sábias continuam a
perseguir a boa sorte, embora pareçam ter perdido as esperanças de alcançá-la. Talvez esta
seja a predestinação dos homens.
É unicamente pela vontade de alcançar a boa sorte que conseguimos fazer diversas
coisas, seja qual for o sacrifício. Por esse motivo, também, é que “fazemos das tripas
coração” e chegamos ao fim da vida sacrificando-nos para realizar nossos desejos. Assim,
talvez, seja a vida. Não existe nada mais irônico que a sorte: quanto mais tentamos agarrá-la,
mais ela foge. No Ocidente, existe um ditado que diz: “A oportunidade de obter a boa sorte
só aparece uma vez na vida. Se a perdermos, não encontraremos outra”. É exatamente assim.
Pela minha longa experiência, sinto que sou constantemente ludibriado pela sorte. Às
vezes parece que vou consegui-la facilmente, mas tal não acontece. Quando a vejo bem
diante de meus olhos e estendo as mãos para alcançá-la, ela acaba escapando. Quanto mais a
perseguimos, mais rápido ela foge. É realmente difícil lidar com ela. Mas eu consegui agarrar
de fato aquilo que se chama sorte. Entretanto, o que complica sua explicação é a existência de
pontos desconhecidos que as pessoas dificilmente compreendem, salvo as que têm fé. Isto
porque elas olham somente o lado superficial das coisas e não o seu interior; ou melhor, não
o enxergam. E no caso da sorte, sua causa está justamente no interior; sem compreender isso,
é impossível alcançá-la. Quando o homem movimenta o corpo, não é o corpo em si que se
move; quem o faz mover-se é o espírito, que está dentro dele. Da mesma forma, o fator
essencial da sorte está no interior do homem. Vou explicar melhor.
Em primeiro lugar, ampliemos a teoria acima. A parte superficial do mundo corresponde
ao Mundo Material, e a parte interior, ao Mundo Espiritual, ou seja, o espaço invisível aos
nossos olhos. Esta é a estrutura do mundo; assim o fez o Criador. Por isso, da mesma forma
que o espírito move o corpo, o Mundo Espiritual move o Mundo Material. Em tudo, o Mundo
Espiritual é soberano, e o Mundo Material, súdito. Portanto, o mesmo acontece com a sorte;
basta que ela advenha ao nosso espírito, que se encontra no Mundo Espiritual, para que,
refletindo igualmente na matéria, nos tornemos pessoas afortunadas.
Darei explicações mais detalhadas sobre o Mundo Espiritual.
Ele possui uma hierarquia muito mais justa e rigorosa que a do Mundo Material. É
constituído de cento e oitenta camadas, distribuídas em três planos – Superior, Intermediário
e Inferior – cada um composto de sessenta camadas. Naturalmente, o Plano Superior é o Céu;
o Inferior é o Inferno; o Intermediário corresponde ao Mundo Material. Talvez o homem
contemporâneo não acredite nisso de imediato; entretanto, como Deus me mostrou
minuciosamente a relação entre o Mundo Espiritual e o Mundo Material, e, através de minha
longa experiência, adquiri o mais profundo conhecimento sobre o assunto, não há o menor
erro no que estou afirmando. Como prova disso, existem inúmeras pessoas que, acreditando
nesse princípio e colocando-o em prática, conseguiram alcançar a boa sorte. Eu me incluo
entre elas. Para se certificarem do que estou dizendo, basta que me analisem imparcialmente:
constatarão o estado de felicidade em que eu me encontro.
Ampliando um pouco mais o assunto, falarei sobre as camadas espirituais mencionadas
acima.
Se, conforme expus, o corpo físico do homem está no Mundo Material, e o espírito, no
Mundo Espiritual, este deve situar-se numa das cento e oitenta camadas, a qual seria uma
espécie de “residência” do espírito. Esta “residência” não é fixa; flutua constantemente para
cima ou para baixo. Uma vez que o destino acompanha essa flutuação, o homem deve
esforçar-se ao máximo para elevar-se às camadas superiores.
Naturalmente, o Plano Inferior é o Inferno; um mundo de trevas, repleto de doença,
pobreza, conflito e figuras horrendas, assombrosas, monstruosas, com todos os tipos de
sofrimentos possíveis. Em contraposição, quanto mais alta for a camada, melhor a sua
condição. O Plano Superior é o Céu, local puro, de paz, luz, saúde e riqueza. O Plano
Intermediário é mais ou menos a média entre os dois extremos. Conseqüentemente, se a
“residência” do Mundo Espiritual reflete-se na matéria e transforma-se em destino, é claro
que o princípio fundamental da boa sorte está na elevação do nível espiritual.
Como nos mostra a realidade, existem muitas pessoas que, tornando-se importantes e
invejadas por terceiros, ficam orgulhosas e pensam que continuarão assim eternamente. Um
dia, porém, de forma inesperada, vêem-se decaídas, arruinadas, regredindo ao estado anterior.
Isto acontece porque, desconhecendo o fundamento da boa sorte, elas se baseiam quase que
somente na força humana. Além disso, maltratam os outros e forçam situações. Assim,
mesmo que, aparentemente, obtenham êxito, seu espírito está decaído no Inferno. Em
conseqüência, pela Lei do Espírito Precede a Matéria, essas pessoas passam a ter o mesmo
destino. Da mesma forma que a matéria, o espírito tem peso, de modo que, se ele for pesado,
cai no Inferno, e se for leve, sobe ao Céu. A conhecida expressão “peso na consciência”
refere-se exatamente a isso.
Ao contrário das más ações, que maculam o espírito e o tornam pesado, as boas ações o
tornam leve, fazendo-o elevar-se. Por conseguinte, o segredo da boa sorte é evitarmos o mal,
não cometermos pecados e praticarmos o bem o máximo possível, tornando leve o nosso
espírito. Por se tratar da Verdade, afirmo que não há outra maneira para alcançarmos a boa
sorte.
Explicada dessa forma, a teoria é realmente fácil de ser compreendida; entretanto,
quando vamos colocá-la em prática, torna-se muito difícil. Existe, porém, um método
facílimo para conseguirmos isso. Esse método não é outro senão a Fé. Portanto, as pessoas
que realmente desejam obter a boa sorte, antes de tudo e mais do que tudo, devem se
converter.
3 de fevereiro de 1954
INTELIGÊNCIA DA PERCEPÇÃO VERDADEIRA
LUZ DA INTELIGÊNCIA
Todos se referem à inteligência como se fosse uma coisa única. Mas ela pode ser de
vários tipos, apresentando diferentes níveis de profundidade.
Dentre as inteligências, as mais elevadas são: a Divina, a sagrada e a superior.
Precisamos aprofundar a nossa própria fé, a fim de cultivá-las. Elas surgem quando
possuímos espírito correto, que admite a existência de Deus. Quando há esforço baseado na
virtude, esses aspectos superiores da inteligência se desenvolvem, e a recompensa será a
verdadeira felicidade.
Em nível mais baixo, estão as inteligências calculista, ardilosa, satânica e outras, que
nascem do mal. Todos os criminosos servem como exemplo. Os delinqüentes intelectuais,
especialistas em fraudes, possuem-nas em alto grau. Os conhecidos “heróis” de sucesso
passageiro nada mais são do que portadores, em ampla escala, dessas inteligências nocivas.
É interessante notar que quanto maior for a inteligência do bem, mais profunda ela é;
quanto maior a inteligência do mal, mais superficial. Basta analisar a vida dos criminosos,
desde épocas remotas, para verificar o que estamos dizendo. Eles fazem planos
aparentemente perfeitos, mas que, na prática, apresentam alguma falha. É essa falha que
torna público e notório o seu fracasso. Por conseguinte, se o homem deseja crescente
prosperidade, deve fazer esforços para aprofundar sua inteligência.
A profundidade da inteligência depende da força da sinceridade. Assim, conclui-se que o
homem cuja fé não é correta, nada conseguirá. Tão logo seja aceita essa teoria, desaparecerão
os males da sociedade.
O homem de hoje é superficial. Isto pode ser facilmente observado por quem examina os
vários campos da atividade humana. Os políticos, por exemplo, só se ocupam de assuntos
imediatos; qualquer outro é negligenciado até que tome vulto. Suas providências
assemelham-se aos remédios alopatas: combatem os efeitos e não as causas. Ora, todo
problema surge porque existe uma causa; nada acontece sem motivo.
A inteligência superficial não consegue prever o futuro, ficando impossibilitada de
estabelecer uma verdadeira política. No jogo de xadrez, o mestre ganha a partida porque
“enxerga” os lances subseqüentes; o novato é derrotado porque não os prevê.
Neste sentido, o homem deve conscientizar-se de que precisa cultivar as inteligências de
nível superior, pois, sem elas, não obterá o verdadeiro êxito. E devemos compreender que a
Fé é o único meio para adquiri-las.
25 de maio de 1949
O SABER DAS COISAS
Creio que, em japonês, não há expressão de sentido mais profundo e sutil do que “mono
o shiru” (o saber das coisas). Considero-a de difícil interpretação, por isso vou tentar
esclarecê-la o melhor possível.
Analisando essa expressão, vemos que ela significa experimentar ilimitadamente tudo
que existe no mundo, penetrar, captar a essência das coisas e exprimi-la de alguma forma. Ou
melhor, descobrir o segredo de medir a ação e as conseqüências de determinado problema.
Ao contrário, se alguém exibir teorias infantis, agir levianamente ou praticar ações sem
perceber a censura e o desprezo dos outros, significa que não tem visão nem saber das coisas.
Pertence ao grupo daqueles que se costuma chamar de imaturos, infantis ou grosseiros.
Esclarecido é quem possui vasto saber. Por aí vemos quão grande é o número de homens
imaturos que não possuem esse saber das coisas, inclusive entre os homens públicos. Eles
procuram exagerar e fazer alarde de questões insignificantes, sem se dar conta de que estão
atraindo o desprezo dos esclarecidos. Seu comportamento nada mais é que a demonstração de
sua própria inferioridade. Tais indivíduos são, infalivelmente, umas nulidades, homens de
conceitos restritos (“Shojo”).
A eficiência e o crédito são sempre prejudicados pela ação dessas criaturas medíocres,
empenhadas somente em elevar sua própria fama. Certamente é por causa de tantos
elementos sem maturidade que não se consegue chegar a conclusões e resoluções mais
rápidas nos debates políticos de hoje. Se a maioria fosse esclarecida, seria fácil um acordo. O
problema é que os esclarecidos se retraem no silêncio, por detestarem discutir com gente
teimosa. Os imaturos aproveitam essa oportunidade para se exibir, desejando tornar-se
famosos, e a fama aumenta sua probabilidade de serem eleitos, por ocasião das eleições.
Sendo assim, os menos esclarecidos representam a maioria, e os esclarecidos, a minoria. Uma
prova disso é o fato e a necessidade de se passar longo tempo discutindo um problema – às
vezes de somenos importância – para se encontrar uma solução.
Mas a verdade é que, apesar de os homens mais esclarecidos aparecerem menos, por
serem modestos, suas opiniões acabam sempre triunfando. E isso não se limita ao mundo
político. É natural, em todos os setores da sociedade, que aqueles que são conhecidos pela
sua competência sejam homens relativamente esclarecidos.
Até aqui me referi à parte moral. Passarei, em seguida, para o campo da Arte, que eu
considero o melhor meio para explicar o presente assunto, já que a maioria dos homens
esclarecidos são, ao mesmo tempo, dotados de senso estético muito elevado.
Exemplifiquemos, primeiramente, com o príncipe Shotoku, cujo vasto conhecimento
sobre a cultura budista, principalmente na parte artística, ninguém poderá deixar de
reconhecer. Temos a prova disso no Templo Horyuji e em outras construções, que ainda
conservam o esplendor da sua magnificência. A sua famosa “Constituição dos 17 Artigos”
pode ser considerada a base da lei japonesa.
Também podemos citar Yoshimassa Ashikaga, que, embora tenha sido muito criticado
em outros setores, na parte artística deixou-nos uma obra notável. Além de construir o
Templo Guinkakuji (Pavilhão de Prata), foi apreciador da arte chinesa, tendo colecionado
objetos artísticos das eras Sung e Ming. Incentivou grandemente a arte japonesa, e as obras
raras e valiosas criadas por sua iniciativa, conhecidas como “Obras preciosas de Higashi-
yama”, ainda hoje deleitam o nosso senso artístico. Seu trabalho é realmente digno de louvor.
A maior honra, no entanto, desejamos conferir a Hideyoshi Toyotomi (unificador dos
feudos, no ano de 1573). Ao lado de sua exuberante criação artística, intitulada
“Momoyama”, devemos salientar o brilhante impulso dado por ele à arte da Cerimônia do
Chá – cuja existência, até então, era obscura – protegendo Rikyu Senno, mestre da referida
arte, naquele século. Graças a ele, houve um rápido desenvolvimento da cultura artística, e
gênios e grandes mestres surgiram uns após outros. Não fazem exceção Enshu Kobori e
Chojiro, o gênio da cerâmica. Este, como Ashikaga, além de obras japonesas e chinesas,
colecionou famosos objetos artísticos da Coréia, dando um novo impulso à cerâmica no
Japão. Devemos lembrar, aqui, a existência de Koetsu Honnami. Ele foi pintor e calígrafo
notável, tendo criado uma nova modalidade de “makiê” (arte que utiliza laca e madrepérola);
na fabricação de cerâmicas, foi inimitável, graças à sua originalidade e versatilidade. Sua
maior contribuição, que ele próprio não previra, foi ter influenciado, cem anos após seu
falecimento, o famoso mestre Korin Ogata, expoente máximo do Japão no setor artístico, o
qual foi admirador de Koetsu e o superou, conquistando grandiosa fama. Também não
podemos omitir os oleiros Ninsei e Kenzan. Desta corrente surgiu Hoitsu, que se fez notar,
também, pela sua habilidade artística.
A grandeza de Hideyoshi Toyotomi reside no fato de ter compreendido a Arte ainda na
mocidade e colecionado obras-primas, o que não deixa de ser algo surpreendente, dado que
ele era filho de lavrador. Geralmente, além de crescer sob condições favoráveis, ou melhor,
na classe acima da média, é necessário um grande esforço para se atingir o nível do “saber
das coisas”. Hideyoshi, portanto, é de fato um homem extraordinário, pois atingiu esse nível
apesar de sua origem humilde e de ter vivido continuamente em campos de batalha.
Lancemos, agora, uma vista sobre a arte literária.
Na poesia, sobressaem, indiscutivelmente, Saigyo e Basho. As obras destes dois
expoentes revelam ter sido realizadas por quem realmente possui o “saber das coisas”. Nunca
deixo de admirar estes poemas, suas obras principais:
“A solidão envolve
Até um coração indiferente,
Quando as narcejas levantam vôo do pântano,
Nos crepúsculos do outono.”
Saigyo (Waka)
“O canto das cigarras
Penetra no silêncio
E nas rochas.”
Basho (Haiku)
Uma pessoa que também merece ser lembrada é o aristocrata Unshu Matsudaira,
conhecido pelo nome de Fumai. Ele colecionou inúmeras obras de arte, classificou-as,
protegeu-as da dispersão e deu impulso à Cerimônia do Chá. É digno de toda a nossa
consideração.
Entre os esclarecidos da época moderna, citaremos o falecido ator Danjuro Itikawa.
Vimos, em linhas gerais, alguns dos principais representantes da arte japonesa
considerados esclarecidos. São homens civilizados no mais alto grau, e é escusado dizer o
quanto colaboraram para alimentar a alma do povo, enriquecendo-lhe o gosto estético e
elevando-lhe os sentimentos. Naturalmente, todos sabem que as invenções, as descobertas e o
progresso do ensino contribuíram para a cultura da humanidade, mas convém recordar a
grande contribuição que, em silêncio, as obras dos esclarecidos trouxeram à civilização.
15 de agosto de 1950
AS CINCO INTELIGÊNCIAS
Há vários tipos de inteligência. Formam uma escada de cinco degraus, na seguinte
ordem: Divina, sagrada, superior, ardilosa e calculista.
A inteligência Divina é a mais elevada, e Deus a concede a certas pessoas para que
cumpram missões importantes. Bem afirma o ditado: “Diz-se que a inteligência é humana,
quando o conhecimento é aprendido; é Divina, quando não depende de aprendizado.”
A inteligência Divina pode ser considerada como de caráter masculino em relação à
inteligência sagrada, que, por sua vez, pode ser considerada como de caráter feminino.
A inteligência superior é aquela manifestada pelas pessoas sábias. No budismo,
denomina-se “Tie Shokaku” (inteligência da percepção verdadeira) ou simplesmente “Tie”
(inteligência).
A ação dos espíritos malignos é que obscurece o discernimento humano. Os políticos e
os intelectuais da atualidade dão-nos exemplo disto: gastam horas e horas discutindo
problemas quase sempre de muito pouca importância. Quando se trata de assunto de grande
monta, dezenas de pessoas passam a debatê-lo por várias horas, durante dias e dias, muitas
vezes sem chegar à conclusão desejada. Isso prova a lentidão mental do homem
contemporâneo, pois todo problema só apresenta uma solução. Jamais houve um problema
com muitas respostas. E dizer que tantos cérebros levam vários dias só para encontrar a
solução de um problema!
É desolador...
A causa dessa lentidão mental é a escassez de inteligência superior, pois as mentes se
acham obscurecidas. E se elas estão obscurecidas é porque cultivam idéias satânicas,
decorrentes da devoção ao materialismo. Essa devoção provém do não-reconhecimento da
existência de Deus. Ora, se as pessoas não reconhecem a existência de Deus, é porque falta
uma religião com o poder de inspirar-lhes essa crença. A verdadeira religião deve ser capaz
de mostrar claramente que Deus existe. A própria necessidade de insistir neste assunto é
decorrente da fraqueza mental do homem moderno.
De acordo com a teoria que expomos, quem possui inteligência superior, consegue
resolver qualquer problema em poucos minutos. Eu, pessoalmente, limito a trinta minutos os
debates de meus subalternos, seja qual for o problema discutido. Quando a questão se
prolonga por mais de uma hora, aconselho que interrompam a reunião, deixando-a para outro
dia, ou que me consultem sobre o assunto.
É claro que não atendo à modéstia quando digo que quase sempre consigo resolver
qualquer problema em poucos minutos, por mais difícil que ele seja. Excepcionalmente, se
aparece uma questão que não resolvo logo, protelo-a sem me esforçar. Momentos depois,
infalivelmente, vem-me a inspiração para solucionar o caso.
Analisemos, a seguir, a inteligência calculista.
Todos a consideram uma inteligência superficial; seu sucesso é passageiro, resultando
sempre em derrota, e os que dela se utilizam perdem a confiança dos outros.
A inteligência ardilosa pode ser considerada como perversidade – é a inteligência do mal.
Milhares de pessoas a empregam, quase sempre pertencentes às classes dirigentes e
intelectuais. Assim, é impossível a sociedade melhorar. Tão logo essa espécie de inteligência
seja erradicada do Universo, surgirá uma sociedade sadia e países magníficos. Mas haverá
meios de erradicá-la? Certamente que sim. Basta destruirmos sua raiz. Essa tarefa cabe a uma
religião poderosa, capaz de despertar a fé em Deus.
20 de agosto de 1949
FELICIDADE
FELICIDADE
Em todos os tempos, o ser humano aspirou à felicidade, primeiro e último objetivo do
homem e meta de todo preparo, esforço e aperfeiçoamento. Mas quando poderão as criaturas
consegui-la de fato? A maioria, não obstante ansiar pela felicidade, permanece vítima das
desgraças e deixa este mundo antes de desfrutar a alegria de vê-la concretizada.
Será, então, a felicidade algo tão difícil de se conseguir? Devo dizer que não. A
felicidade baseia-se na eliminação de três fatores principais: doença, pobreza e conflito.
Como essa eliminação não é fácil, a maior parte das pessoas submete-se a uma forçada
resignação.
Tudo se enquadra dentro da Lei de Causa e Efeito, e a felicidade não foge a essa lei.
Descobrir sua causa será, pois, descobrir a chave do problema. A solução da incógnita está na
compreensão do amor altruísta. Lutar pelo bem-estar do próximo é a condição essencial para
nos tornarmos felizes. O mundo, entretanto, está repleto de pessoas que buscam a felicidade
apenas para si, indiferentes à desgraça alheia.
É uma tolice almejar a felicidade semeando a infelicidade. É como a água de um
recipiente: se a empurramos, ela volta; se a puxamos, ela se afasta. A necessidade da Religião
reside nesse ponto. O amor pregado pelo cristianismo e a caridade búdica têm por propósito
infundir a fraternidade no coração humano. Contudo, essa verdade tão simples é difícil de ser
reconhecida pelo homem.
Deus, por meio de Seus representantes, criou as religiões, que por sua vez estabeleceram
doutrinas, através das quais são indicadas as bases do viver. São as religiões que nos ensinam
a existência de um Ser Invisível, para, com a mais pura intenção, conduzir-nos ao caminho da
Fé. Não é pequeno o empenho requerido para salvar uma pessoa. A vida, realmente, não tem
sentido para a maioria, que, não sendo ensinada a crer no invisível, parte para o Além
indiferente aos ensinamentos, ludibriada e perdida nas trevas. Todavia, para os que souberem
desfrutar da alegria de viver, extasiar-se com as verdades, conseguir vida longa e o meio de
serem verdadeiramente felizes, o mundo será, sem dúvida, um paraíso digno de ser vivido.
Nós afirmamos que, para nos tornarmos felizes, há um caminho cujo rumo está indicado
neste livro, apresentado com tal propósito.
1º de dezembro de 1948
SEGREDO DA FELICIDADE
Quando falo em “segredo da felicidade”, parece que me refiro a algo mágico e
misterioso. Nada disso, porém. O “segredo da felicidade” é muito simples. Tão simples, que
poucos conseguem descobri-lo.
Quantas pessoas felizes conhecemos? Talvez nenhuma. Isso mostra que o mundo está
cheio de sofrimento. Todos vivem sob o risco de fracasso, dúvida, desespero, desemprego,
doença, pobreza e conflito, acorrentados pelas dificuldades, como se estivessem numa prisão.
Creio que todo ser humano, algum dia, perguntou a si mesmo: “Se Deus criou o homem,
por que o faz sofrer tanto, ao invés de determinar que no mundo reine a felicidade?”Como
essa interrogação permanece sem uma resposta, vamos tecer considerações a respeito.
Muitos já me perguntaram: “Se Deus é Amor e Piedade, como deixou que o homem
errasse, para depois levá-lo ao Juízo Final?” E mais: “Se, desde o início, Ele não criasse o
homem como um ser malvado, não haveria necessidade de castigo ou Juízo Final...”
Parecem-me observações bem lógicas. Falando a verdade, eu também penso assim. Se
estivesse no lugar de Deus, poderia explicar tudo a respeito do problema. Como sou apenas
uma existência criada, não consigo dar a resposta que Ele daria. Entretanto, esforço-me para
compreender e imagino que a resposta da questão é a que vai a seguir.
O bem e o mal se digladiam desde as eras mais remotas; jamais um predominou
definitivamente sobre o outro. Refletindo bem, foi em conseqüência do atrito entre ambos
que a civilização atingiu tão grande desenvolvimento.
Mas, como obter a felicidade neste mundo em que se empreende tal batalha? Deixando
de lado todas as suposições com que temos tentado compreender a vontade de Deus,
procuremos descobrir o meio de sermos felizes.
Como venho afirmando há muito tempo, nossa felicidade depende de fazermos os outros
felizes. Esse é o meio mais seguro para alcançá-la, e eu o venho aplicando há muitos anos
com resultados maravilhosos. Foi por isso que escrevi este ensinamento. Simplificando o
conselho, pratiquemos o maior número possível de boas ações, pensemos em dar alegria às
outras pessoas.
Que a esposa estimule o marido a trabalhar para o bem-estar da sociedade e que o marido
lhe dê alegria, mostrando-se gentil com ela e inspirando-lhe confiança.
É natural que os pais amem os filhos. Mas devem fazer mais do que isso: devem cuidar
do seu futuro com a máxima inteligência e eliminar atitudes autoritárias no trato com eles.
Que na vida cotidiana suscitemos esperança no coração das pessoas com quem lidamos,
tendo por lema proceder com amor e gentileza em relação a chefes e subalternos, bem como
seguir as normas da honestidade.
Aos políticos, cabe esquecerem a si próprios, pondo a felicidade do povo acima de tudo e
erigindo-se como exemplos de boa conduta. O povo também deve praticar boas ações e
esforçar-se constantemente para desenvolver sua inteligência.
Sabemos que serão mais felizes aqueles que praticarem maior número de ações
louváveis. Já imaginaram que povo e que nação surgiriam, se todas as pessoas se unissem
para praticar o bem? Um país assim seria alvo de respeito universal. Poderia ser considerado
como uma parcela do Paraíso Terrestre, pois, com o tempo, desapareceriam todos os
problemas de ordem moral, toda doença, toda pobreza e todo conflito. Seria como “bater com
o martelo no chão” – a pancada não poderia falhar.
Por toda parte existem homens praticando o mal, mentindo, enganando, buscando
atender às exigências de seu próprio egoísmo. É uma sociedade de seres maldosos. Assim, a
felicidade mantém-se muito distante. E o pior é que há quem julgue ser natural um mundo tão
perverso, achando inútil tentar reformá-lo. Temos até encontrado quem procure impedir
nossas tentativas de transformar em paraíso este inferno terrestre. Essas pessoas, pelo mal
que intentam, cavam sua própria desgraça, criando para si próprias o pior de todos os
infernos. São merecedoras de piedade e oramos constantemente para que sejam salvas.
Tenho certeza de que, meditando sobre este ensinamento, todos perceberão que não é
difícil ser feliz.
1º de outubro de 1949
DESTINO E LIBERALISMO
Como sempre me fazem perguntas sobre predestinação e destino, explicarei a diferença
entre ambos.
A predestinação é algo atribuído a uma pessoa em caráter definitivo, e de maneira
alguma pode ser mudada. Já o destino é livre, dentro dos limites da predestinação, e,
dependendo do esforço de cada um, pode-se atingir o nível mais alto ou, ao contrário, decair
ao nível mais baixo.
O liberalismo, que hoje se tornou alvo da atenção de tantas pessoas, é muito semelhante
ao destino. O verdadeiro liberalismo está restrito a certos limites. É impossível existir a
liberdade infinita; a verdadeira liberdade é aquela que tem limites. Assim, quando
ultrapassamos esses limites, não só invadimos e prejudicamos a liberdade dos outros, como
também nos tornamos traidores da cultura. Pela mesma razão, quando ultrapassamos os
limites do destino, invariavelmente fracassamos.
25 de janeiro de 1949
NÓS É QUE TRAÇAMOS O NOSSO DESTINO
Ao falar em destino, devo esclarecer primeiramente que as pessoas confundem
predestinação com destino. A diferença, no entanto, é radical. Devemos entender por
predestinação certas condições a que estamos sujeitos antes mesmo do nascimento, ao passo
que o destino depende inteiramente do homem.
A não-realização de diversos desejos deve-se à predestinação, da qual estamos
impossibilitados de nos livrar. O importante é conhecer o seu limite, o que é difícil, ou seja,
quase impossível. O desconhecimento desse limite faz o homem traçar planos superiores à
sua capacidade e ter esperanças descabidas, que o levam ao fracasso. Se, consciente do seu
erro, ele voltasse imediatamente ao ponto de partida, certamente sofreria menos, mas a
ignorância da predestinação o impele a prosseguir, aumentando sua desgraça.
Isto decorre também do fato de subestimar-se o rigor do mundo. Como resultado, a
maioria das pessoas só toma consciência da realidade após amargas experiências, falhando
nas tentativas de recuperação ou vendo-se impedidas de recomeçar suas atividades, por causa
das pedras lançadas em seu caminho. Felizes os que reconhecem o erro em tempo, ao
tomarem conhecimento da realidade.
Referi-me ao destino dos descrentes. Com os crentes é diferente.
Devo abordar a questão pelo aspecto espiritual e dizer, numa palavra, que todos os
sofrimentos são ações purificadoras. Ser vítima de chantagem, incêndio, acidente, roubo,
desgraça familiar, prejuízo, fracasso comercial, necessidade monetária, conflito conjugal,
desavença entre pais e filhos ou entre irmãos, contenda com parentes e amigos, tudo isso faz
parte da ação purificadora. Nessas circunstâncias, só há um recurso: eliminar as máculas
espirituais por meio do sofrimento. Enquanto houver máculas no espírito, a ação purificadora
persistirá; diminuí-las, é condição essencial para melhorar o destino. O ato purificador é
dispensado quando atingimos certo grau de purificação; então a desgraça se transforma em
felicidade. Sendo esta a verdade, a boa sorte não se espera de braços cruzados, mas
purificando.
Se a Fé é o meio para purificarmos sem sofrimentos, é natural que não haja felicidade
para os descrentes. Existem diversas espécies de crenças, mas para se obter a verdadeira
felicidade é preciso seguir uma fé verdadeira e de poder elevado. Daí a necessidade de se
reconhecer a Igreja Messiânica Mundial como uma religião que corresponde a essa condição.
25 de outubro de 1952
BOM SENSO
Para que a Fé seja autêntica, ela deve ser professada sem ferir o bom senso. Palavras e
atos excêntricos devem ser vistos com desconfiança; entretanto, as pessoas geralmente dão
muito crédito a tais coisas.
É preciso muita cautela. Religiões egocêntricas, fechadas, que não mantêm relações com
outras e que se isolam socialmente, também não são dignas de confiança. A Fé é verdadeira
quando não prejudica a lucidez e, ao mesmo tempo, desenvolve a consciência de que sua
missão é salvar a humanidade. Jamais pode ser egoística ou fechada em si mesma. O Japão é
exemplo típico do que aqui se condena: sofreu amarga derrota na Segunda Guerra Mundial
porque visava apenas o seu próprio bem, ficando indiferente à sorte dos países vizinhos.
A formação de homens perfeitos é um dos propósitos da Fé. Evidentemente, não se pode
exigir a perfeição do mundo, mas o esforço para consegui-la passo a passo deve ser a
verdadeira atitude religiosa.
A consolidação da Fé faz com que a pessoa assuma uma aparência comum. Isto significa
que ela se identificou plenamente com a Fé. Chega a tal ponto, que seus atos ou palavras
jamais ferem o bom senso. Sempre inspira simpatia, sem dar indícios da religião a que
pertence. No seu contato com os outros, assemelha-se à suave brisa da primavera. Suas
maneiras são afáveis, modestas e gentis. Deseja crescente bem ao próximo e trabalha em
favor do bem-estar da comunidade.
Sempre afirmei e continuo afirmando: quem deseja ser feliz, deve primeiramente tornar
feliz seus semelhantes, pois a Divina recompensa que disto provém, será a Verdadeira
Felicidade. Buscar a própria felicidade com o sacrifício alheio, é criar infelicidade para si
mesmo.
25 de janeiro de 1949
FÉ UNIVERSAL
POSSUA FÉ UNIVERSAL
Conforme venho insistindo, o mal de “Daijo” (fé universal) corresponde ao bem de
“Shojo” (fé restrita), e vice-versa. Peço profunda reflexão aos fiéis de nossa Igreja, os quais
estão esquecidos deste ponto capital.
Em poucas palavras, a maneira “Daijo” de encarar as coisas é observar tudo com visão
global. Vou explicar melhor.
Há fiéis que são muito dedicados, pensando estarem praticando o bem; muitas vezes,
contudo, as conseqüências de seus atos atrapalham a propagação da religião. Além disso,
como todos sabem por experiência própria, tais pessoas são do tipo auto-suficiente, confiam
demais na força humana e, inconscientemente, tendem a esquecer-se do santo poder de Deus.
Ouço ainda, com freqüência, o seguinte comentário: “Por que fulano, apesar de tanta
dedicação, não faz muito progresso?” A razão é que essa pessoa tem fé “Shojo” e, como tal, é
austera, cria um ambiente constrangedor à sua volta, não atraindo as demais, e por esse
motivo não prospera. O pior de tudo é que leva as coisas ao extremo e, fugindo ao senso
comum, diz e faz excentricidades. Vendo isso, as criaturas sensatas são tomadas de desprezo,
achando que a nossa Igreja é uma religião supersticiosa e de baixo nível. É justamente nesse
ponto que devemos tomar o máximo de cuidado.
Existem pessoas, no entanto, que fazem progresso sem que a gente espere, apesar de não
darem mostras de grande dedicação. Essas sim, realmente compreendem e agem conforme a
fé “Daijo”.
Desejo acrescentar que justamente as pessoas de fé “Shojo” é que procuram julgar o bem
e o mal do próximo. Trata-se de um erro gravíssimo, pois só Deus sabe fazer justiça. É
demasiada insolência do homem querer julgar o seu semelhante, e não há maior ofensa a
Deus do que ignorarmos a profundidade dessa profanação. Tais pessoas geralmente se julgam
perfeitas, são orgulhosas e, como lhes falta caráter, ao invés de progredirem, costumam criar
casos detestáveis.
Tomemos como exemplo o Japão antes do término da guerra. Naquela época, julgava-se
que o arrojado patriotismo do povo era uma ação justa e ditada pelo bem. Era, no entanto, um
bem de caráter restrito, pois tinha-se em vista somente a felicidade do próprio país; assim, a
derrota não foi nada mais que uma conseqüência desse conceito egoísta. Aliás, eu publiquei o
ensinamento “Precisamos ser universais” para comprovar a veracidade dessa tese, ou seja,
para demonstrar que o bem autêntico deve ser o bem de “Daijo”, isto é, o bem universal. Se
partíssemos deste princípio, não teríamos sido invadidos e estaríamos livres daquele massacre
e vexame. Continuaríamos gozando de paz e mereceríamos o respeito do mundo inteiro.
Em outras palavras, o amor também se divide em amor de Deus e amor do homem.
Como o amor de Deus é amor “Daijo”, Ele ama a humanidade com um amor ilimitado; o
amor do homem é amor “Shojo”, pois ele se limita a amar a si próprio, a seus partidários e a
seu povo. Portanto, vem a ser um mal.
Os fiéis que compreenderem claramente o sentido das minhas palavras, devem manter
sempre uma atitude “Daijo”, isto é, tomar consciência do amor de Deus e transmiti-lo ao
próximo, o que não deixará de produzir bons frutos.
Viver de acordo com a Vontade de Deus e possuir amor fraternal, tornará a pessoa
agradável a todos aqueles que a rodeiam, propiciando-lhe um sucesso garantido.
25 de novembro de 1951
DEUS É JUSTIÇA
Não deixa de ser estranho falar, agora, que Deus é Justiça. Mas insisto nesse ponto
porque não só o povo, mas também os fiéis e os ministros geralmente tendem a esquecê-lo.
Embora a nossa Igreja se dedique especialmente à prática da justiça e do bem, há alguns
fiéis que se desviam do caminho certo e vagueiam sem rumo. Nessas ocasiões – torno a
insistir – se eles desprezarem o sinal de advertência enviado por Deus, poderão sofrer
terríveis conseqüências.
No início, sensíveis e agradecidas às graças e milagres recebidos, as pessoas se mostram
devotadas, fervorosas na fé. Desde que esta seja sincera, as graças se fazem evidentes, o que
torna essas pessoas respeitadas por todos. Como também são beneficiadas materialmente, na
verdade elas deveriam sentir-se ainda mais gratas e dedicadas; entretanto, longe de pensarem
na retribuição, muitas se acostumam com as graças, tornando-se orgulhosas e vaidosas. Os
espíritos do mal, que estão sempre vigilantes, aproveitam essa oportunidade para conquistá-
las, e começam a controlá-las a seu bel-prazer. Isso é realmente alarmante.
Satanás espreita principalmente as pessoas ativas e
úteis. Sendo ele impotente contra a verdadeira fé, não há perigo para quem a possui. Isso se
evidencia pela presença ou ausência de egoísmo. O homem que vive somente para Deus e a
humanidade, sem pensar nos seus próprios interesses, não é atingido por Satanás. No entanto,
quando as coisas começam a correr bem, ele pode tornar-se pretensioso, julgando ser um
grande homem. Aí é que está o perigo, pois surge a ambição, e quanto mais ambicioso se
torna o homem, mais ele procura engrandecer-se e mais poderes deseja conquistar. O fato é
alarmante. Quando isso acontece, Satanás penetra no espírito da pessoa e acaba por dominá-
la. É um poder passageiro; entretanto, como ocorre a cura de doenças e outros milagres, a
vaidade é mais instigada ainda, chegando o vaidoso a se julgar a encarnação de alguma
divindade.
Trata-se de uma tendência que pode ser claramente distinguida observando-se com
atenção as atividades das religiões fundadas por esses pseudodeuses. Algumas se
caracterizam pelo escasso amor e pela fé “Shojo”, regida por preceitos extremamente
rigorosos. Os que não obedecem a eles, vêem-se ameaçados de castigo, destruição ou morte,
caso abandonem o grupo ou a Fé. São religiões ameaçadoras, que procuram impedir o des-
membramento de sua organização. Se uma religião apresentar esses indícios, pode ser julgada
como de caráter diabólico.
Torno a dizer que a fé verdadeira é “Daijo”, liberal; portanto, nada impede que seja
seguida ou abandonada. Além disso, ela é celestial, alegre e ativa, revelando vida. A religião
que exige uma fé rigorosa e dogmática, age com heresia, é infernal. Devem acautelar-se
principalmente quando houver o mínimo de segredo que seja. Se uma religião disser, por
exemplo: “Isso não pode ser dito aos outros, mas...”, podem ter certeza de que ela é herética.
A religião correta e autêntica é a própria imagem da clareza, sem nenhum indício de sigilo ou
mistério.
18 de março de 1950
A NOSSA RELIGIÃO E O UNIVERSALISMO
Observando o mundo atual, constatamos a existência de pessoas que, dizendo-se
esquerdistas, direitistas ou neutras, vivem criando conflitos. É fácil o aparecimento de
choques, entre esses grupos, em virtude de cada um se firmar em sua ideologia e tentar impô-
la aos demais. Existem alguns cujo propósito é justamente provocar tais choques, mas isso
não vem ao caso no momento.
Após a Segunda Guerra Mundial, o objetivo do povo japonês é a democracia, que,
obviamente, visa o máximo de felicidade para o maior número de pessoas. Entretanto, se
cada um insistir em suas ideologias e “ismos”, isso resultará em conflitos e, ao invés de se
proporcionar felicidade às pessoas, se estará acarretando o máximo de desgraças. Quem o diz
não sou eu apenas. Dentro do quadro social da atualidade, é uma tendência que realmente
aparece clara em todos os setores. Vejamos, por exemplo, os partidos políticos. Num mesmo
partido, existem alas, ocorrem choques entre seus componentes, devido à diferença de pontos
de vista, e há sempre o perigo de desagregação. Qualquer coisa que fuja a esses pontos de
vista é considerada como inimiga, por isso não é fácil manter-se a coesão do partido. Planeja-
se derrubar gabinetes que acabaram de ser compostos e até se insiste para que um gabinete
formado apenas há dois ou três meses concretize as medidas políticas propostas por ocasião
das eleições.
Raciocinemos. Por melhor que seja um político, é impossível ele cumprir suas promessas
no prazo de seis meses ou mesmo um ano. É por esse motivo que o Gabinete Japonês muda
tão rapidamente que nem dá tempo para esquentar as cadeiras. Nesse aspecto, assemelha-se
ao da França. Na Inglaterra, o gabinete trabalhista saiu-se muito mal no primeiro ano de
posse; se fosse no Japão, seria fortemente criticado, mas a tolerância dos ingleses é de fato
extraordinária. Chegou a impressionar-nos a confiança que eles depositaram em Sir Attlee e a
paciência com que ficaram aguardando os resultados. Passado o referido período, as coisas
começaram a melhorar. Hoje em dia, parece que a situação da Inglaterra é muito boa,
inclusive economicamente.
Nos Estados Unidos acontece o mesmo. Como o mandato presidencial é de quatro anos,
é possível fazer uma política arrojada. Vencedores da Segunda Guerra Mundial, os
americanos demonstraram grande tranqüilidade econômica, logo após o término do conflito,
quando deram aquele magnífico exemplo que foi o Plano de Salvação da Europa e do Leste
Asiático. Isso se deveu também às quatro eleições consecutivas do Presidente Roosevelt, o
qual, governando durante dezesseis anos, pôde tomar medidas ousadas, tendo obtido bons
resultados.
Como expus anteriormente, a realidade atual do Japão é que ele não consegue deixar de
comportar-se como país bitolado. Portanto, neste momento, todos os japoneses devem
empenhar-se, antes de mais nada, em cultivar o espírito de tolerância. É aquilo de que mais
necessitamos.
Se o objetivo da nossa Igreja é a construção de uma sociedade sem conflitos,
primeiramente precisamos livrar-nos do estreito sentimento de orgulho que nos faz
menosprezar os outros. Torna-se necessário caminharmos sem levar em conta se os ideais são
da esquerda, da direita ou do meio, mas fundindo-os num ideal grande e nobre, que abranja
tudo e ao qual se possa realmente chamar de mundial. Batizamo-lo de Universalismo.
8 de abril de 1949
VIDA EM HARMONIA
FÉ MESSIÂNICA
Tudo, na vida humana, principalmente a nossa fé, tem de ser versátil (“enten-
katsudatsu”), livre e desimpedido (“jiyu-mugue”). “Enten” significa “a roda gira”. Se a roda
possui arestas, não pode girar. Com muita razão se diz: “Aquela pessoa perdeu as arestas
porque sofreu muito.”
Entretanto, mais do que possuir arestas, existem pessoas que se assemelham ao
“konpeito” (doce cheio de ângulos). Ao invés de rodarem, vivem se enroscando em toda
parte. Há outras que sofrem dentro do próprio molde por elas criado, o que é desculpável,
quando se limita a elas próprias; mas há quem considere boa ação atormentar o próximo,
encurralando-o dentro desse molde.
Os exemplos que citamos são característicos da fé “Shojo” e não se limitam à Religião.
A vida dessas pessoas cheira a mofo e causa náuseas.
“Jiyu-mugue” significa “não criar formas, normas e mandamentos” e, por extensão, “ser
completamente livre de todas as limitações”. Devo lembrar-lhes que não se trata de
egocentrismo, e sim, da liberdade que respeita a liberdade alheia.
Sendo “Daijo”, a Fé Messiânica difere muito da fé “Shojo”, cujos preceitos são tão
rigorosos que ela própria não consegue cumpri-los. Eles são cumpridos apenas
superficialmente, não na sua essência. Essa duplicidade de ação gera fracasso e, ao mesmo
tempo, constitui um mal, porque dá origem à hipocrisia. Assim sendo, as pessoas de fé
“Shojo” são aparentemente boas, mas interiormente ruins. Ao contrário, as de fé “Daijo”
sentem-se mais livres, alegres, sem necessidade de camuflagem, porque sabem respeitar a
liberdade humana; nelas, a hipocrisia não tem lugar. Esta é a verdadeira e grata Fé
Messiânica.
Em outras palavras, as pessoas de fé “Shojo” sofrem de mania de grandeza, tornam-se
megalomaníacas, porque caem, sem querer, na hipocrisia. Isso as torna insuportáveis e
antipáticas. Além disso, elas diminuem-se, ao invés de engrandecer-se. Chamamos de
“homem limitado” a esse tipo de pessoa.
Na ocasião de levantar alguma construção, por exemplo, divirjo sempre do operário que
se preocupa somente com a beleza exterior. Como isso, de certo modo, causa má impressão,
faço-o corrigir as suas falhas. O mesmo se aplica aos homens. Os que procuram ser
modestos, são sempre mais respeitados, porque parecem mais nobres. Portanto, os que
professam a nossa Fé, devem tornar-se alvo de um respeito sincero.
20 de abril de 1949
SOL E LUA
Gostaria de explicar o significado do Sol e da Lua do ponto de vista religioso. Isso
constitui um grande mistério, razão pela qual talvez pensem que eu esteja dando uma
interpretação forçada ao assunto. O que eu vou dizer, no entanto, é a pura verdade, e todos
devem dar-lhe a máxima atenção.
O Japão possui três objetos tradicionalmente sagrados: uma pedra (“tama”), uma espada
(“tsurugui”) e um espelho (“kagami”).
A pedra representa o Sol; a espada, a Lua; o espelho, a Terra. A pedra tem a forma do
Sol; a espada assemelha-se à Lua Crescente, e o espelho tem o formato de um polígono de
oito lados. Estes lados representam os oito sentidos, ou seja, os pontos cardeais e colaterais:
norte, sul, este, oeste, nordeste, noroeste, sudeste e sudoeste.
Das três representações, a Terra dispensa comentários, mas o Sol e a Lua têm um
significado profundo.
Valho-me da interpretação dada pela Igreja Tenrikyo. Ela confere à Lua o significado de
empurrar, afastar, aguilhoar (“tsuki”), e ao Sol, o de puxar, atrair (“hiku”). Considero
interessantíssima esta interpretação.
Na Era da Noite, tudo se fazia por repulsão. Os países chocavam-se uns com outros, e o
maior exemplo disso eram as guerras constantes. Ora, os choques são empurrões recíprocos.
Antigamente a luta se fazia com espadas e a isto se dava o nome de “tsukiau” (golpear-se
mutuamente). O mesmo termo também se aplica ao ato de cultivar amizade. Embora os sinais
gráficos japoneses que representam os dois significados sejam diferentes, o som é idêntico.
O termo “tsukissussumu” significa “vitória”, mas sua tradução literal é “avançar
empurrando”. É essa realmente a ação de “tsuki” (Lua), que caracteriza a Era da Noite.
Ao contrário, temos “hiki” e “hiku”, que significam “recuar”. Também significam
“atrair”, “desistir da luta”, “ser derrotado”, “resignar-se”, “abnegar-se” e “ser modesto”.
Assim, todas essas ações se opõem à ação da Lua.
De acordo com esse princípio, na Era do Dia tudo se baseia em “hiki” (atração).
Aplicado ao homem, “hiki” é a humildade, pois esta não dá ensejo a desavenças. Eis por que
sempre dizemos que é melhor perder. Com base no mesmo princípio, será possível a
eliminação do conflito, a qual se inclui no objetivo final da nossa Igreja: a construção de um
mundo sem doença, pobreza e conflito. Pela mesma razão dizemos ser muito bom ficar
resfriado (“kase o hiku”).
Como a ação da Igreja Messiânica Mundial está baseada no Sol, isto é, na atividade do
elemento Fogo, devemos conscientizar-nos de que as nossas ações devem fundamentar-se na
atração, e não na repulsão. Assim, muitas pessoas serão atraídas. Além disso, como o Sol é
uma esfera, é natural que precisemos ser pacíficos, puros, alegres, corteses e flexíveis.
25 de outubro de 1949
O QUE É LIMITE
Tempos atrás, em determinado lugar, fiquei admirado ao ver um quadro do professor
Yamaoka Teshu. Em cima, estava escrita, com letra bem grande, a palavra LIMITE. Abaixo,
em letras pequenas, lia-se: “Em tudo os homens dependem dessa única palavra.” Isso ficou
gravado de forma tão profunda em minha mente, que até hoje não consegui esquecer.
Durante dezenas de anos, em diversas ocasiões, lembrei-me daquele quadro, e a lembrança
me foi de grande utilidade.
Muitas palavras sábias vêm sendo ditas desde os tempos antigos, mas talvez nenhuma
tenha me impressionado tanto quanto aquela. É constituída de uma letra apenas, mas que
força maravilhosa! Quando observamos as diversas situações do mundo tomando-a como
ponto de referência, constatamos que ela se encaixa perfeitamente em todas. Ajusta-se, por
exemplo, à passividade, aos exageros, aos pensamentos extremados voltados para a esquerda
ou para a direita, à ostentação proveniente da riqueza e à inibição motivada pela pobreza.
Não sei por que as pessoas sempre se colocam nos extremos. Talvez seja por isso que, na
maioria das vezes, elas fracassam. A famosa admoestação de Confúcio no sentido de se obter
o meio-termo surgiu para evitar esses fracassos. As expressões antigas “é bom não exceder o
limite”, “o limite é bom”, “guardar o limite” significam, em síntese, que cada um deve
proceder de acordo com a sua própria posição social.
Do ponto de vista espiritual, segundo a doutrina da nossa Igreja, se cruzarmos o vertical
e o horizontal, isto é, “Shojo” e “Daijo”, efetuar-se-á, no centro, a ação de “Izunomê”. Isso
resumido, significa também “limite”. Por conseguinte, antes de mais nada, o homem deve
respeitar os limites. Se o fizer, tudo lhe irá às mil maravilhas.
8 de agosto de 1951
ESPÍRITO DE “IZUNOMÊ”
Já expliquei, inúmeras vezes, o que significa espírito de “Izunomê”. Vejo, porém, que é
difícil praticá-lo, pelas poucas pessoas que o conseguem realmente. Na verdade não é tão
difícil. Se conhecermos e assimilarmos o seu fundamento, não haverá dificuldades. A idéia
preconcebida de que é difícil é que tolhe a ação. Ao mesmo tempo, como me parece que
ainda não deram muita importância ao assunto, sou levado a escrever repetidas vezes sobre
ele.
Em síntese, “Izunomê” significa “princípio imparcial”, isto é, manter-se sempre no
centro. Não é “Shojo” nem “Daijo”: é “Shojo” e “Daijo” simultaneamente, ou seja, significa
não tender aos extremos, nem decidir-se de maneira impensada.
Naturalmente não podemos fugir à decisão de determinadas questões, mas a dificuldade
está no julgamento. O espírito de “Izunomê” assemelha-se à arte culinária: o alimento deve
ser temperado na justa medida – nem doce, nem salgado. Assemelha-se também ao clima –
nem quente, nem frio. É o clima agradável da primavera e do outono. Se os homens
adotassem esse espírito e agissem de acordo com ele, seriam estimados por todos e tudo lhes
correria bem. Entretanto, os homens de hoje mostram acentuada tendência ao radicalismo.
Temos o melhor exemplo na Política. Os políticos professam princípios radicais,
denominando-os de partido direitista ou esquerdista. Como esses pensamentos estão
associados à obstinação, eles vivem em conflitos. E tudo isso prejudica grandemente o país e
o povo.
O método “Izunomê” deveria ser adotado na Política; contudo, há pouca probabilidade
de aparecerem políticos ou partidos que tenham consciência disso. A guerra origina-se,
também, do choque gerado pela imposição de princípios extremistas.
Verificamos, através de pesquisas, que os conflitos religiosos também surgem de
“Shojo” e “Daijo”, isto é, da diferença entre o sentimento e a razão. Nesse caso, deve-se
estabelecer a união encurtando a linha perpendicular e a horizontal pela metade, o que
significa uma solução pacífica. Assim, não é difícil entrar-se em entendimento.
A propósito desse assunto, podemos observar que sempre há conservadores e
renovadores em todos os setores, mesmo no religioso. O primeiro grupo compreende os
velhos crentes, aferrados à tradição, os quais detestam as novidades; o segundo compreende
os progressistas, que, tendendo ao extremismo, desprezam tudo que é antigo. Daí surge a
discussão, a causa do conflito, que poderia ser facilmente resolvida pelo método “Izunomê”.
A Religião, também, exige um profundo conhecimento da época. Todavia, os religiosos
são indiferentes a esse ponto, demonstrando forte inclinação para considerar a tradição
milenar como um código de ouro. Sendo a Fé algo espiritual – a Verdade absoluta e eterna –
não é possível modificá-la. Mas o mesmo não se aplica ao setor administrativo. Este
corresponde à parte material da Religião e deve acompanhar as mudanças da época.
O que acabamos de dizer implica numa perfeita ação espírito-matéria, ou seja, devemos
agir sempre de acordo com o método “Izunomê”. Assim, é escusado repetir que não se
conquista a alma do homem moderno praticando fielmente métodos antiquados. O essencial é
compreender que a ação de “Izunomê” é a verdade fundamental de todas as coisas. Desejo
que os fiéis tenham profunda consciência dessa verdade, e por isso estou sempre pregando o
espírito de “Izunomê”.
25 de abril de 1952
VIDA E MORTE
Para a vida humana, talvez não haja problema tão premente quanto o da morte. Não será,
pois, uma grande felicidade se o homem tiver esclarecimentos comprobatórios, e não
fantásticos, a respeito dessa questão? Desejo esclarecer as dúvidas existentes transmitindo a
todas as pessoas o resultado dos meus estudos sobre os fenômenos espirituais. Com relação
ao problema da vida após a morte, existem no Ocidente muitas obras famosas, tais como as
de Sir Oliver Joseph Lodge (1851-1940) e do Dr. Ward, que são autoridades no assunto. No
Japão temos Wazaburo Assano, um profundo pesquisador com quem eu tive certo
relacionamento e que deixou vários trabalhos. Infelizmente, ele faleceu há alguns anos.
Falando sobre os fenômenos espirituais, no entanto, quero deixar bem claro que, na medida
do possível, me basearei apenas na minha própria experiência. Agirei assim para garantir a
exatidão do que digo, pois, como esses fenômenos são invisíveis, é difícil apresentá-los de
forma concreta, sem cair em dogmas.
Desprendido do corpo, que se tornou inútil, o espírito retorna ao Mundo Espiritual, onde
passa a habitar, começando uma nova vida. Descreverei, inicialmente, como se processa o
instante da morte, observado do Mundo Espiritual.
Geralmente o espírito se desprende do corpo pela testa, pela região umbilical ou pela
ponta dos dedos do pé. O espírito puro sai pela testa; o que tem muitas máculas, pela ponta
dos dedos do pé; o mediano, pela região umbilical. Isso se explica porque o espírito puro
praticou o bem enquanto vivia, somou méritos e foi purificado; o que tem muitas máculas
somou muitos pecados, e o mediano situou-se entre os tipos mencionados. Tudo está
fundamentado na Lei da Concordância.
O exemplo que se segue é a experiência de uma enfermeira que “viu” a morte de um
doente; sua descrição é tão perfeita, que serve de ilustração. É um exemplo ocidental, porém,
tanto no Ocidente como no Japão, existem pessoas que têm a faculdade de ver espíritos. Não
guardei os pormenores da descrição, mas vou reproduzir as partes mais importantes.
“Certa vez – disse ela – fitando um doente prestes a morrer, notei que de sua testa subia
algo branco, uma espécie de névoa que, espalhando-se lentamente pelo espaço, tor-nou-se
uma massa disforme, semelhante a uma nuvem. Pouco a pouco, entretanto, começou a tomar
a forma humana; minutos depois, apresentou-se exatamente com as mesmas características
físicas da pessoa. De pé, no espaço, olhava atentamente seu corpo inerte, junto do qual os
familiares choravam. Parecia que desejava mostrar-lhes sua presença, mas desistiu, por saber
que estava em dimensão diferente; mudou, então, de posição, dirigiu-se para a janela e saiu
suavemente”.
Realmente, a descrição acima retrata muito bem os instantes da morte, que os budistas
designam pela expressão “vir para nascer”. De fato, se analisarmos do Mundo Material, é “ir
para morrer”, mas, se o fizermos do Mundo Espiritual, é “vir para nascer”. Da mesma forma,
ao invés de dizerem “antes de morrer”, eles dizem “antes de nascer”. Assim, o espírito vive
no Mundo Espiritual durante determinado tempo, às vezes dezenas, centenas ou milhares de
anos, para nascer novamente. Desse modo, o homem nasce e morre muitas vezes. Para se
referirem a esse nascer e renascer, os budistas usam a expressão “Rin-ne Tensho”.
Qual a relação entre o Mundo Espiritual e o homem?
O homem vem ao Mundo Material para cumprir a missão que lhe foi determinada por
Deus, tenha ou não tenha consciência disso. No cumprimento dessa missão, acumula máculas
no seu corpo espiritual. Chega, porém, um momento em que, por doença, velhice ou outros
motivos, torna-se-lhe difícil continuar a cumpri-la. Quando isso ocorre, o espírito abandona o
corpo e retorna ao Mundo Espiritual. Nesse sentido, desde tempos remotos chama-se
“Nakigara” (invólucro vazio) ao corpo sem espírito, e “Karada” (invólucro) ao corpo carnal
de uma pessoa viva.
Na ocasião em que o espírito entra no Mundo Espiritual, inicia-se, na maioria deles, o
processo purificador das máculas. Dependendo do peso e da quantidade destas, logicamente
ele vai ocupar um nível mais elevado ou mais baixo. O período de purificação é variável. Os
períodos mais curtos duram poucos anos, às vezes dezenas, e os mais prolongados, centenas
ou milhares de anos. Os espíritos que foram purificados até certo ponto, reencarnam, por
determinação de Deus.
Essa é a ordem normal, porém, de acordo com a pessoa, há situações em que não se
obedece a ela. Isso acontece com aqueles que, na ocasião da morte, têm forte apego à vida.
Eles reencarnam antes de terem sido suficientemente purificados no Mundo Espiritual.
Geralmente têm destino infeliz, porque lhes restam consideráveis máculas da vida anterior,
que precisam ser eliminadas. Por essa razão é que muitos praticam o bem mas vivem
perseguidos pelos infortúnios. São pessoas que na vida anterior cometeram muitos pecados e,
quando morreram, arrependeram-se seriamente, tomando a firme decisão de não persistir no
erro. Esse propósito ficou impregnado em seu espírito, mas, como reencarnaram sem terem
sido suficientemente purificadas, vivem sempre cercadas de sofrimento, apesar de detestarem
o mal e praticarem o bem. Entretanto, não são poucos os exemplos de pessoas que, passando
um período de infelicidade e tendo redimido os seus pecados, tornam-se subitamente felizes.
Há homens que se orgulham de não conhecerem outra mulher além de sua esposa, e
outros que não desejam casar-se, terminando a vida solteiros. São indivíduos a quem as
mulheres causaram muita infelicidade na vida anterior, e por esse motivo morreram com uma
espécie de temor ao sexo feminino, sentimento que deixou marcas em seu espírito.
Algumas pessoas têm especial aversão ou receio de aves, insetos ou outros bichos. Isso
tem origem na morte que tiveram, causada por um desses animais. O mesmo pode ser dito em
relação àqueles que temem a água, o fogo ou os lugares altos. Outros têm medo de lugares
onde se aglomera muita gente. Quando alguém sente isso, é porque em outra vida morreu
pisoteado pela multidão. É interessante o pavor que certas criaturas têm de ficar sozinhas.
Ministrei Johrei numa pessoa assim. Ela não podia ficar sozinha dentro de casa. Nessas
ocasiões, saía para a rua e ficava esperando alguém chegar. Provavelmente, na vida anterior,
tais pessoas faleceram de um mal súbito, quando estavam sozinhas.
Pelos diversos exemplos mencionados, concluímos que, no dia-a-dia da sua vida, o
homem deve se esforçar para morrer em paz, sem apegos, temores e outras preocupações.
Quando uma pessoa nasce deformada ou aleijada, geralmente é porque reencarnou antes
de estar suficientemente purificada no Mundo Espiritual. Por exemplo: antes de ser curada de
fratura nas mãos ou nas pernas, provocada pela queda de um lugar alto.
Além do apego do próprio falecido, há outro motivo para a reencarnação prematura: a
influência do apego dos familiares. É comum o caso de mulheres que engravidam logo após o
falecimento de um filho querido. Esse novo filho é aquele que morreu e reencarnou
prematuramente, em virtude do apego da mãe. Geralmente essas crianças não são muito
felizes.
Existem pessoas sábias e pessoas ignorantes. Por quê? Pela diferença de idade entre suas
almas: as primeiras têm alma velha; as segundas têm alma nova. A alma velha, por ter
reencarnado muitas vezes, possui uma larga experiência do mundo, ao passo que a nova, por
ter sido criada recentemente no Mundo Espiritual, tem pouca experiência, motivo pelo qual é
mais ignorante. Como vemos, também há um processo de procriação no Mundo Espiritual.
Ainda podemos citar algumas experiências pelas quais muitos já passaram.
Certas pessoas, ao encontrarem alguém que nunca viram, têm a impressão de tratar-se de
pessoa já conhecida. Sentem uma grande emoção, como se fossem pai e filho, ou irmãos;
podem até experimentar um sentimento mais profundo. A razão é que na vida anterior eram
parentes bem próximos ou tinham laços de estreita amizade; a isso se convencionou chamar
de INNEN (afinidade espiritual).
Também, por ocasião de uma viagem, encontramos lugares pelos quais sentimos especial
simpatia ou atração e onde desejaríamos residir. É porque em outra vida residimos ou
passamos muito tempo nesses locais.
No relacionamento entre homem e mulher, há casos em que ambos ficam em idílio
ardente, que progride até se tornar um amor cego. A explicação é que na vida anterior, apesar
de enamorados, eles não conseguiram unir-se. Entretanto, na vida atual, apresentando-se essa
oportunidade, cria-se entre os dois um amor apaixonado.
Ao lermos ou ouvirmos falar de determinados personagens ou acontecimentos históricos,
podemos sentir simpatia ou até ódio. Isso acontece porque já vivemos na época em que
aqueles fatos ocorreram, ou porque tivemos algum relacionamento com aqueles personagens.
5 de fevereiro de 1947
O QUE É A MORTE?
Entre as questões relacionadas à vida humana, nenhuma é tão séria quanto o problema da
morte. Todos o reconhecem; apesar disso, é a questão mais difícil de ser compreendida. Eu
cheguei a uma conclusão a respeito da morte depois de prolongados estudos e pesquisas em
todos os campos, incluindo diversas religiões, experiências espirituais realizadas no
Ocidente, etc. Começarei minha explanação falando sobre a constituição do homem.
O homem não é formado apenas pela matéria, ou seja, pelo corpo físico, como afirmam
os cientistas. É constituído por duas partes essenciais: espírito (elemento fogo) e matéria.
Esta, por sua vez, compõe-se dos elementos água e terra. Entretanto, apenas com estes dois
últimos elementos o homem não atua como ser vivo. Juntando-se a eles o espírito, sem forma
definida, é que se inicia a atividade vital. O espírito assume, então, a forma do próprio corpo
da pessoa. No momento em que ele se separa do corpo, ocorre aquilo que chamamos morte.
E por que ocorre a separação? É porque o corpo se torna inútil, seja por velhice, por
doença, por ferimento ou por hemorragia intensa; no instante em que isso ultrapassa certo
parâmetro, entra em vigor a lei que obriga a separação. Com a morte, imediatamente o corpo
esfria, e o sangue se coagula em determinado local. O esfriamento é decorrente da anulação
do elemento espírito, isto é, do elemento fogo.
O que acontece, então, com o espírito? Ele vai para o Mundo Espiritual com a forma
exata do corpo. A esse respeito li, há algum tempo, o relato de uma experiência realizada no
Ocidente; como se trata de um exemplo bem ilustrativo, vou reproduzi-lo a seguir.
Certa vez, fitando um doente prestes a morrer, uma enfermeira observou que de sua testa
começou a subir uma fumaça esbranquiçada, como se fosse vapor d’água, o qual se tornava
cada vez mais denso. A princípio essa fumaça tomou o formato de uma elipse no espaço, mas
gradualmente foi adquirindo a forma de um corpo humano; por fim, assumiu as mesmas
características físicas da pessoa. O espírito permanecia a uma distância de aproximadamente
um metro acima do morto e parecia querer dizer alguma coisa aos familiares que choravam à
sua volta; logo, porém, flutuando, saiu do quarto silenciosamente.
Em geral o espírito se desprende do corpo pela testa, pela região abdominal ou pelos pés.
No caso de morte por explosão, instantaneamente ele se espalha em todas as direções, na
forma de inúmeros corpúsculos, mas torna a se reunir de maneira centrípeta, reassumindo o
formato humano; assim, não difere nem um pouco da morte por doença.
Quando os espíritos se deslocam, por vontade própria, para determinado local, tomam a
forma esférica. É com esse formato que muitas pessoas afirmam tê-los visto. Com relação à
visão da enfermeira de quem falamos, trata-se de uma capacidade excepcional; aliás, existem
criaturas que já nasceram com essa capacidade, e outras que a adquiriram através de
treinamento. No Japão, desde a antigüidade registram-se casos verídicos desse tipo, e eu
mesmo já tive inúmeras oportunidades de contatar com médiuns. Conheci uma senhora
possuidora de percepção espiritual fora do comum, a qual me foi de grande valia nas
experiências que realizei.
1939
EXISTEM FANTASMAS?
Desde épocas remotas há controvérsias sobre a existência de fantasmas, mas eu afirmo
que eles existem. Trata-se de uma realidade que ninguém pode negar. Creio que a tese do
Inferno e do Paraíso, pregada por Buda, assim como a do Inferno, Purgatório e Céu, da
“Divina Comédia” de Dante Alighieri (1265-1321), não são teses sem fundamento, absurdas
ou ilusórias.
Que é o Mundo Espiritual? Em síntese, o Mundo Espiritual é o mundo da vontade e do
pensamento. Sem o empecilho da matéria, há uma liberdade que não existe no Mundo
Material.
O espírito pode ir aonde quiser, e mais rapidamente do que uma aeronave. No xintoísmo,
as palavras “Tome assento nesse templo, vencendo o tempo e o espaço”, proferidas nas
cerimônias litúrgicas, significam que um espírito pode cobrir a distância de mil léguas em
alguns minutos ou até segundos. Entretanto, a rapidez com que ele se move depende da sua
hierarquia. Os espíritos elevados, isto é, aqueles que conseguiram atingir os níveis de
hierarquia Divina, são mais velozes. O espírito do nível mais alto da hierarquia Divina pode
chegar ao local mais distante num espaço de tempo menor do que a milionésima parte de um
segundo, mas o espírito de nível inferior leva algumas dezenas de minutos para cobrir mil
léguas. Isso porque, quanto mais baixo o nível do espírito, mais pesado ele é, devido às suas
impurezas.
Além disso, por sua própria vontade, o espírito pode aumentar ou diminuir de tamanho.
Numa Morada dos Ancestrais com mais ou menos trinta e cinco centímetros de largura,
podem tomar assento várias centenas de espíritos. Nessa oportunidade, é rigorosamente
observada a ordem, isto é, cada um ocupa a posição adequada ao seu nível, dentro da maior
disciplina e com a indumentária apropriada. No budismo, eles assentam no seu nome
intemporal, escrito numa placa de madeira ou de qualquer outro material; no xintoísmo,
assentam num espelho, numa pedra, numa letra ou no “Himorogui” (cruz feita de fibras de
linho).
Logicamente, os espíritos ficam muito satisfeitos pelos cultos que lhes são oferecidos de
coração, mas o mesmo não acontece se são atos apenas formais. Assim, nas ocasiões de
culto, as pessoas devem colocar o máximo de sentimento e realizá-lo de forma ideal, de
acordo com as condições materiais do momento.
Desde épocas remotas fala-se em pessoas que ocasionalmente vêem fantasmas, mas na
maioria dos casos trata-se de espíritos com poucos dias de desencarnados. O grau de
densidade das células espirituais dos recém-falecidos é elevado, razão pela qual esses
espíritos podem ser vistos por algumas pessoas. Nada há de estranho, portanto, no fato de
muitos terem visto a Ressurreição e Ascensão de Cristo. Porém, como o espírito de Cristo era
elevado, Divino, ascendeu ao Céu. Com o passar do tempo, o espírito é purificado, ficando
menos denso, e, assim, mais difícil de ser visto.
Um fantasma pode entrar e sair livremente por um orifício do tamanho do buraco de uma
agulha, pois não tem corpo carnal que lhe estorve a passagem. Em vista disso, muitos podem
pensar que o Mundo Espiritual seja o lugar ideal para quem ama a liberdade, mas não é bem
assim. Nele existem leis que são aplicadas rigorosamente, e a liberdade é limitada.
Agora falarei rapidamente sobre a expressão facial dos espíritos.
Os fantasmas geralmente são retratados com a expressão facial dos instantes da morte.
Entretanto, com o decorrer do tempo a expressão do espírito vai mudando lentamente,
amoldando-se à índole da pessoa. Por exemplo, os tímidos, os pessimistas e os solitários
tomam um aspecto lúgubre, raquítico; os possuidores de natureza diabólica e animalesca,
tomam a aparência do próprio demônio; os de pensamento vil ficam com a face disforme, e
os que têm bom coração adquirem uma expressão bondosa e bela. Neste mundo, é possível
encobrir o pensamento, pela configuração chamada corpo carnal, mas no Mundo Espiritual
tudo é revelado, aparecendo exatamente como é. Essa imagem verdadeira aparece mais ou
menos um ano após a morte.
Num livro da autoria de um grande religioso, há mais ou menos esta referência: “Quando
o homem falece, seu espírito se extingue. O espírito não é eterno, nem tampouco existe
Mundo Espiritual; se existisse, já estaria repleto, pois o número de pessoas que faleceram
atinge vários bilhões”. Esse autor, apesar de ser um expoente do budismo, desconhece o
poder de elasticidade do espírito.
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A missão do homem e a Vontade Divina

  • 1. ÍNDICE Capítulo 1 A RESPEITO DO HOMEM E SUA MISSÃO A missão do homem............................................................................11 Conheça a Vontade Divina....................................................................11 Camadas do Mundo Espiritual................................................................14 Os três espíritos do homem.................................................................16 Vença seu próprio mal.........................................................................17 Capítulo 2 ELEVAÇÃO DA ESPIRITUALIDADE 2.1 – Elevação espiritual Espírito e corpo.....................................................................................21 Sejam sempre homens do presente..........................................................24 Ser amado por Deus..............................................................................25 O segredo da boa sorte..........................................................................27 2.2 – Inteligência da Percepção Verdadeira Luz da Inteligência...............................................................................31 O saber das coisas..................................................................................32 As cinco inteligências.............................................................................36 2.3 – Felicidade Felicidade..............................................................................................39 Segredo da felicidade...........................................................................40 Destino e liberalismo...........................................................................43 Nós é que traçamos o nosso destino.....................................................43 Bom Senso...............................................................................................45 2.4 – Fé Universal Possua Fé Universal..............................................................................46 Deus é Justiça.........................................................................................48 A Nossa Religião e o Universalismo......................................................49 2.5 – Vida em Harmonia
  • 2. Fé Messiânica.......................................................................................52 Sol e Lua................................................................................................53 O que é Limite.......................................................................................55 Espírito de “Izunomê”..............................................................................56 Capítulo 3 VIDA E MORTE Vida e Morte..............................................................................................61 O que é a morte?........................................................................................66 Existem Fantasmas?..................................................................................68 Julgamento no Mundo Espiritual........................................................70 A Reencarnação........................................................................................74 Capitulo 4 SAÚDE 4.1 – Verdadeira Saúde A verdade sobre a saúde...........................................................................79 O homem é um poço de saúde................................................................81 A verdadeira saúde e a saúde aparente...................................................83 Morte natural e morte antinatural...........................................................84 4.2 – Toxinas Análise das toxinas................................................................................86 Os três tipos de toxinas........................................................................89 Toxinas Urinárias..................................................................................90 A causa dos acidentes............................................................................90 4.3 – Processo de Purificação O tratamento natural..............................................................................92 O que é a doença...................................................................................94 A verdadeira causa das doenças............................................................97 O que é a doença? — A gripe................................................................99 A trilogia dos órgãos internos e o Johrei...............................................103 A verdadeira causa da doença está no “espírito”................................106 A causa das doenças e o pecado.........................................................109
  • 3. O que é o estado ligeiramente febril....................................................113 Sobre a purificação proporcional.......................................................115 A doença e o caráter do homem........................................................116 A advertência dos antepassados........................................................116 4.4 – Nutrição Alimentação e nutrição.........................................................................118 A dietética.............................................................................................120 A comédia da nutrição..........................................................................122 A MISSÃO DO HOMEM O homem veio à Terra com a missão de auxiliar na concretização das condições ideais do planeta, de acordo com o Plano Cósmico. Quando ele vive em conformidade com esse Plano, é naturalmente abençoado com a saúde, a felicidade e a paz, a que tem direito inalienável. Infelizmente, pelo fato do homem ter se desviado da Verdade, ninguém está livre das máculas espirituais transmitidas de geração a geração, bem como das máculas geradas pelos seus próprios pensamentos e atos errôneos. Além disso, existem as substâncias artificiais, consciente ou inconscientemente introduzidas no corpo, que aumentam as máculas e, conseqüentemente, o sofrimento. Enquanto o homem não se libertar, purificando-se através da compreensão e do discernimento, continuará sofrendo. Contudo, aqueles que dedicam o seu pensamento e trabalho ao servir à Causa Divina, não necessitam afligir-se durante o período de transição da Noite para o Dia, porque são necessários ao Plano Cósmico evolutivo. Extraído do livro “Os Novos Tempos” CONHEÇA A VONTADE DIVINA Volto a ventilar o assunto de que o homem foi criado para construir o Mundo Ideal planejado por Deus. E ele só trabalhará com saúde, sem desgraças, em ambiente satisfatório, se conseguir identificar-se com este objetivo Divino. Eis a Verdade Eterna. O ser humano carrega não só as suas próprias máculas, como as de sua raiz familiar. Além disso, mesmo sem saber, ele absorve substâncias tóxicas, aumentando, inevitavelmente, o número de suas enfermidades. Ora, a existência de pessoas doentes e, conseqüentemente, inúteis para a Obra Divina, constitui um prejuízo para Deus. Por isso, é lógico que Ele deseje curá-las; nem precisaríamos preocupar-nos com o assunto. No entanto, os que ignoram esse aspecto, julgam que os remédios sejam o único recurso contra as
  • 4. doenças, e nada mais fazem que reprimi-las. Assim, desconhecendo a Lei de Identidade Espírito-Matéria, jamais poderão obter a cura integral. Os males que decorrem da ignorância humana, não se restringem às questões de saúde. Todas as desgraças têm o mesmo caráter e destinam-se à purificação do homem. O processo purificador, no entanto, muda seu tipo de ação de acordo com a causa do mal. Os pecados de furto, peculato, prejuízo ao próximo, luxo excessivo e outros, são redimidos com perda de dinheiro e de bens materiais. O farrista que esbanja a herança familiar está redimindo as máculas de seus pais e de seus antepassados. O espírito de um antepassado escolheu um descendente para que, por seu intermédio, se processe a purificação e a preservação do sangue da família, a fim de que ela venha a progredir no futuro. Nessas circunstâncias, não há conselho que surta efeito. Pode ocorrer o caso de dois irmãos com índoles diferentes: um é incorrigível e malvado; o outro é leal e honesto. Aparentemente, o primeiro é mau e desonra o nome da família. Mas, à luz da Verdade, purificando a família e eliminando as máculas dos antepassados, sua missão assume maior importância que a do outro. Por essa razão, é dificílimo definir o bem e o mal usando critérios humanos. Incêndios, roubos, falsidade, perdas na Bolsa, falências comerciais, apostas inúteis, gastos com doenças, etc., são formas materiais de redenção de máculas também adquiridas materialmente. Portanto, embora possa fugir às sanções das leis humanas, ninguém escapa das leis eternas. O pecado de enganar ou ludibriar os olhos humanos será redimido, conseqüentemente, pelos males da vista; aquele que se comete através da palavra, provocará doença dos ouvidos ou da língua; torturar a mente do próximo causará dores de cabeça; o uso dos braços apenas para benefício próprio, será fonte de padecimento nos braços. A purificação ocorre de acordo com o princípio da concordância. Também o ingresso na Fé produz sofrimento, e este será tanto mais profundo, quanto maior for a dedicação. O motivo é que Deus quer beneficiar a pessoa como recompensa pela sua dedicação, e para isso é necessário eliminar suas máculas espirituais, a fim de que ela possa receber Suas Graças. Suportando as purificações sem vacilar, a pessoa receberá benefícios inesperados. Entretanto, quem não possui firmeza de fé, vacila nesses momentos decisivos. Vou lhes falar de minha experiência sobre o assunto. Durante vinte anos sofri em virtude de dívidas aparentemente insolúveis. Finalmente consegui saldá-las em 1941. Foi um alívio! No ano seguinte, começaram a chegar-me riquezas inesperadas, e assim me surpreendi com a profundidade da Vontade Divina. É habitual ouvirmos comentários como este: “Fulano ficou rico após o incêndio”. Isso nada mais é que uma conseqüência da purificação. Podemos dizer o mesmo em relação ao incêndio de Atami. Se compararmos a atual cidade com o que ela era antes da catástrofe, veremos que a diferença é surpreendente. Concluímos que, se os bons acontecimentos são apreciáveis, os maus também nos trazem benefícios, pois são purificadores, e que haverá verdadeira paz sempre que soubermos agradecer, tanto na saúde como na enfermidade. Mas isto se limita aos que têm fé. Com os descrentes ocorre o contrário: o sofrimento gera o sofrimento, a ansiedade piora a situação, e tudo caminha para o abismo. O segredo da felicidade humana consiste em aceitar esta verdade. 2 de dezembro de 1953 CAMADAS DO MUNDO ESPIRITUAL
  • 5. Já expliquei que o Mundo Espiritual está constituído dos planos Superior, Intermediário e Inferior, mas explicarei agora a estreita relação entre eles e o destino do homem. Cada um desses planos se subdivide em sessenta camadas, de modo que, no total, são cento e oitenta camadas. Eu as chamo de Camadas do Mundo Espiritual. O homem nasce no Mundo Material por desígnio de Deus. Creio que, nesse sentido, o elemento “mei” (desígnio), que aparece em “seimei” (vida), tem a mesma significação que o “mei” de “meirei” (ordem). Eis uma pergunta que todos fazem: por que razão o homem nasce? Enquanto não compreender isso, o homem não poderá ter comportamento correto nem verdadeira tranqüilidade, estando sujeito a levar uma vida vazia e ociosa. O objetivo de Deus é fazer da Terra um mundo ideal, ou melhor, construir o Paraíso Terrestre. No desenvolvimento do Seu plano, há uma grandiosidade que não pode ser expressa com palavras, pois o progresso da cultura não tem limite. Assim, todos os acontecimentos da História Mundial, até hoje, não passaram de operações básicas para concretizar o objetivo de Deus. Este, concedendo diferentes missões e características a cada pessoa e alternando a vida e a morte, está fazendo evoluir Seu plano em direção ao objetivo estabelecido. Portanto, concluímos que o bem e o mal, a guerra e a paz, a destruição e a construção são processos necessários à evolução. Como já expliquei minuciosamente, estamos atravessando a fase de transição da Noite para o Dia. O mundo, atualmente, está prestes a dar um grande salto para a Nova Era, e a humanidade, libertando-se da selvageria, está procurando alcançar o mais alto nível da cultura. Aí, a guerra, a doença e a pobreza terão fim. É claro que o aparecimento do Johrei é o prenúncio disso e constitui mesmo um fator essencial. Para o cumprimento de Seu plano, Deus emite ordens ao homem constantemente, através de algo que é como a semente de cada indivíduo numa das camadas do Mundo Espiritual. Dei-lhe o nome de YUKON. A ordem é primeiramente baixada ao YUKON, e este, através do elo espiritual, a transmite à alma, núcleo do corpo espiritual do homem. Entretanto, é dificílimo o homem comum conseguir perceber a ordem Divina; somente aqueles cujo corpo espiritual foi purificado até certo ponto é que o conseguem. Essa percepção é dificultada não só pela grande quantidade de máculas, mas também pela ação de Satanás, que se aproveita dessas máculas. Uma prova disso é que, às vezes, as coisas não correm como o homem deseja, e o seu destino toma um rumo que ele jamais imaginaria. Existem, também, pessoas que se sentem sempre governadas por uma força estranha e não conseguem mudar seu destino. É que, de acordo com a posição do YUKON no Mundo Espiritual, há diferença na missão e também no destino. Isto é, quanto mais alta for a camada em que estiver o YUKON de uma pessoa, melhor ela perceberá as ordens Divinas e mais feliz será. Ao contrário, quanto mais baixo ele estiver, mais infeliz a pessoa. As camadas superiores correspondem ao Céu: mundo de alegria, saúde, paz e riqueza material; em contraposição, as camadas mais baixas correspondem ao Inferno: mundo de sofrimento, doença, conflito e pobreza. Assim, para ser verdadeiramente feliz, o homem deve, antes de mais nada, elevar a posição do seu YUKON. E como é que ele pode conseguir isso? Purificando seu corpo espiritual. Este está sempre se elevando ou baixando, dependendo da quantidade de máculas; o espírito purificado se eleva, por ser leve, e o espírito maculado desce, pelo peso das máculas. Portanto, para purificar seu espírito, o homem deve praticar boas ações e acumular virtudes. 5 de fevereiro de 1947
  • 6. OS TRÊS ESPÍRITOS DO HOMEM Todo homem tem, no Mundo Espiritual, um Espírito Guardião que constantemente o protege. É comum ouvirmos dizer que o homem é filho ou templo de Deus: isso significa que ele possui a partícula Divina que lhe foi outorgada pelo Criador e que constitui seu Espírito Primordial. O espírito animal agregado após o nascimento, é o Espírito Secundário; pode ser de raposa, texugo, cão, gato, cavalo, boi, macaco, doninha, dragão, “tengu” (1) , aves, etc. Em geral, há uma espécie para cada pessoa, mas em casos menos freqüentes há mais de uma. Dificilmente os homens da atualidade acreditam nisso; creio mesmo que chegam a escarnecer. Contudo, através de inúmeras experiências, eu compreendi que se trata de uma realidade incontestável. O Espírito Primordial é o bem, é a consciência; o Espírito Secundário é o mal, são os pensamentos vis. No budismo, dá-se à consciência o nome de Bodaishim (espírito do bem) ou Bushim (sentimento de misericórdia búdica), e os maus pensamentos são chamados de Bonno (desejos mundanos). Além desses dois espíritos – Primordial e Secundário – existe o Espírito Guardião. É o espírito de um ancestral. Quando uma pessoa nasce, é escolhido entre seus ancestrais um espírito que recebe a missão de guardá-la. Via de regra, é espírito humano, mas também podem ser espíritos híbridos de homem com dragão, raposa, “tengu” etc. Meu Espírito Secundário, por exemplo, é “Karassu-tengu” (2), e meu Espírito Guardião é dragão. É muito freqüente, diante de um perigo, o homem se salvar miraculosamente, sendo avisado em sonho ou tendo um pressentimento. Isso é trabalho do Espírito Guardião. O mesmo se pode dizer em relação à inspiração recebida por artistas e inventores, no momento em que, compenetrados, estão criando alguma obra. No caso de querer satisfazer os desejos corretos do homem ou fazê-lo receber graças através da Fé, Deus atua por intermédio do Espírito Guardião. Os antigos provérbios “A verdadeira sinceridade se transmite ao Céu”, ou “A sinceridade se transmite a Deus”, significam a concessão das graças Divinas através do Espírito Guardião. 5 de fevereiro de 1947 VENÇA SEU PRÓPRIO MAL Já escrevi a respeito da necessidade de vencer o mal, dando à expressão o sentido de não ser vencido pelo homem perverso. Agora falarei da vitória sobre o mal que existe em nosso íntimo. Dentro de cada ser humano há uma batalha constante entre o bem e o mal. É a luta para subjugar as paixões do mundo, conforme a interpretação budista. A ambição humana é ilimitada. Embora o homem viva tentando refrear-se em relação ao dinheiro, ao sexo, ao poder, à fama e ao egoísmo, vê-se constantemente tentado por eles. A consciência lhe adverte que seja prudente, que evite isto e aquilo que será castigado se for a
  • 7. determinado lugar, etc. O campo de batalha desta luta sem trégua encontra-se no interior de cada indivíduo. A vitória do mal resulta em pecado e infelicidade; a vitória do bem cria felicidade. É tudo tão simples e nítido quando examinamos a questão, que parece fácil de praticar. Entretanto, mesmo com uma clara noção do assunto, os homens não são capazes de triunfar na luta contra o mal, principalmente quando não têm fé. Eis por que os fiéis mais esclarecidos pecam menos que os outros. Mas, para isso, é necessário que eles façam um grande esforço. Naturalmente, a força que nos arrasta à prática do mal pertence ao Espírito Secundário, e a que nos conduz pelo caminho do bem, ao Espírito Guardião. Como, além destes, temos o Espírito Primordial, que determina o Absoluto Bem, precisamos fazer algo para aumentar-lhe o poder de atuação, porque essa é a força que domina o mal pela raiz. Sendo assim, o único recurso é adorar a Deus e solidificar a fé. Não existe outro meio para se obter a felicidade. 20 de junho de 1951 ELEVAÇÃO ESPIRITUAL ESPÍRITO E CORPO Se tudo que ocorre no Universo está fundamentado na precedência do espírito sobre a matéria, não há nada de estranho nos inúmeros milagres que acontecem. Para entender esses milagres, precisamos conhecer a relação entre o Mundo Espiritual e o Mundo Material. Tal como o homem possui roupas para o corpo, o espírito também possui uma veste, que é a aura. Esta é uma espécie de éter; é a luz emanada do espírito. Não obstante ser algo vago, há quem consiga enxergá-la. Ela pode ser comparada ao tempo: ora está clara, ora está nublada. Se pensamos o bem e o praticamos, a aura fica clara; se pensamos e praticamos o mal, ela fica maculada. Assim, se cremos numa divindade verdadeira, recebemos sua Luz, que dissipa as máculas; se cremos numa divindade falsa, as máculas aumentam. Geralmente por falta de conhecimento espiritual, as pessoas pensam que toda divindade é correta e verdadeira, mas aí está um gravíssimo erro, pois, na realidade, os falsos deuses são em maior número. A prova é que muitas famílias, embora sejam devotas há várias gerações, não param de ser atormentadas pela infelicidade. Isso ocorre porque estão adorando um deus falso, ou de fraco poder. O homem deve, portanto, converter-se ao verdadeiro Deus e salvar o próximo; quanto mais méritos e virtudes ele somar, mais luminosa e maior se tornará a sua aura. A aura de uma pessoa comum tem aproximadamente três centímetros, mas no caso de um virtuoso varia entre quinze e trinta centímetros. Os virtuosos que alcançaram nível de divindade possuem aura de alguns metros ou mesmo quilômetros. Entre os grandes religiosos há aqueles cuja aura alcança diversos países ou povos. Cristo e Sakyamuni, por exemplo. A aura do Salvador do Mundo, no entanto, possui a força máxima, ou seja, uma força que envolve em Luz toda a humanidade; mas a História mostra que até agora ainda não apareceu o Salvador do Mundo.
  • 8. Como dissemos, a aura aumenta ou diminui de acordo com a boa vontade e o esforço de cada um. Os homens precisam crer nisso e praticar o bem. Exemplificando,no caso de alguém sofrer um acidente automobilístico ou ferroviário, se a sua aura for espessa, o espírito do veículo esbarrará nela e não atingirá a pessoa, salvando-a; todavia, se a aura for fina ou quase inexistente, ocorrerão ferimentos graves ou mesmo morte. É por esse motivo que os nossos fiéis conseguem escapar dos acidentes. A sorte ou azar da pessoa obedece ao mesmo princípio. O corpo pertence ao Mundo Material, e o espírito ao Mundo Espiritual; esta é a organização dos dois mundos. O Mundo Espiritual está dividido em três planos: Superior, Médio e Inferior. Cada plano subdivide-se em sessenta camadas, distribuídas, por sua vez, em três níveis de vinte camadas cada um, totalizando cento e oitenta camadas. É claro que o plano mais baixo corresponde ao Inferno; em seguida vem o mundo intermediário, equivalente ao nível do Mundo Material; o mais alto é o Céu. A maior parte das pessoas se situa no plano intermediário, mas, dependendo da prática do bem ou do mal, elas podem descer ou subir de plano. Assim, se praticam o bem, sobem ao Céu; se praticam o mal, caem no Inferno. Além do mais, no Mundo Espiritual existe absoluta justiça e não há privilégios, o que é desagradável para os malfeitores. Aqueles que acreditarem nisso, poderão alcançar a verdadeira felicidade. É evidente que no Inferno reina a inveja, o ódio, a cobiça, o ciúme, a pobreza, etc., e quanto mais se desce, mais intensos se tornam, sendo que o nível mais baixo é chamado de Reino do Fundo da Raiz ou Inferno de Trevas e Frio Absolutos. Entretanto, não só após a morte, mas desde que o corpo está no Mundo Material, o espírito se reflete nele no estado em que se encontra. É por isso que vemos até casos de suicídio de uma família inteira, após um sofrimento extremo. São ocorrências que sempre figuram nos jornais, mostrando que a sorte ou o azar dependem da posição (nível) da pessoa no Mundo Espiritual. Obviamente trata-se de uma conseqüência da lei de causa e efeito entre o bem e o mal, de modo que não há ninguém mais tolo que o malfeitor. Mesmo que consiga progredir na vida valendo-se do mal, esse êxito é passageiro; um dia ele acabará arruinado, já que no Mundo Espiritual sua posição é no Inferno. Em contrapartida, por mais azarada que uma pessoa seja, se ela praticar o bem, sua posição no Mundo Espiritual irá se elevando e algum dia ela se tornará feliz. É uma Lei Divina que jamais poderá ser infringida. Todavia, embora a pregação deste ensinamento seja a missão original das religiões, isso não ocorreu de maneira efetiva, pois, considerando os ensinamentos e os sermões como sendo o mais importante, elas não os faziam acompanhar da força que tem o real poder, ou seja, os milagres. Entretanto, é chegado o tempo, e Deus está manifestando o Poder Absoluto, fazendo surgir surpreendentes milagres através da nossa Igreja, para despertar a humanidade da ilusão em que ela se encontra; por isso, por mais incrédulo que alguém seja, não poderá deixar de crer. 10 de setembro de 1953 SEJAM SEMPRE HOMENS DO PRESENTE
  • 9. O homem deve progredir e elevar-se continuamente, sobretudo aqueles que possuem fé. Entretanto, quando tocamos em assuntos religiosos, as pessoas costumam julgar-nos antiquados e conservadores. Não podemos negar que essa é uma tendência dos fiéis em geral; porém, com os messiânicos, dá-se justamente o contrário, ou melhor, eles devem esforçar-se para ser o contrário. Observemos a Natureza. Ela procura renovar-se e progredir constantemente, sem um minuto de interrupção. O número de seres humanos aumenta de ano para ano. As terras vão sendo exploradas todos os anos. Vemos maiores e melhores vias de transportes – obras cuja construção demonstra crescente arrojo arquitetônico – e maquinarias cada vez mais perfeitas. As ervas e as árvores crescem em direção ao Céu. Tudo isso mostra que nada regride. Ora, se tudo continua evoluindo, é natural que os homens também devam evoluir continuamente, seguindo o exemplo da Natureza. Nesse sentido, eu mesmo faço esforço para elevar-me e progredir cada vez mais; este mês, mais do que no mês anterior; este ano, mais do que no ano passado. Mas progredir somente na parte material, isto é, nos negócios, na profissão e na posição social, não passa de algo sem base, algo demasiado superficial, como uma planta sem raiz. É indispensável o progresso do espírito, isto é, a elevação da individualidade. Portanto, devemos prosseguir passo a passo, pacientemente, visando à perfeição, principalmente no que se refere à espiritualidade. Com a elevação gradual do espírito, a personalidade também florescerá e, sem dúvida alguma, essa atitude de contínuo progresso conquistará a confiança do próximo, facilitará os empreendimentos e tornará a pessoa feliz. Os jovens da atualidade talvez encarem estas palavras como moral antiquada e já superada; entretanto, é pondo em ação tais palavras que as criaturas poderão, verdadeiramente, ficar atualizadas. Os homens que não pensam e não agem assim, desejando evoluir apenas materialmente, ficam estacionados. Não progridem nem são progressistas. Parecem-me antiquadíssimos, observados deste ponto de vista. Seus pensamentos e assuntos são sempre os mesmos, não apresentam nada de especial. Palestrar com essas pessoas não me desperta nenhum interesse, pois elas se limitam a assuntos triviais, não falando de Religião, de Política, de Filosofia e muito menos de Arte. O ideal seria que todos os fiéis da nossa Igreja se interessassem em progredir e elevar-se cada vez mais. Como visamos a corrigir a civilização errônea e construir um mundo ideal, os messiânicos devem procurar, nesta época de transição do mundo, ser sempre homens atualizados, vivendo em sintonia com o século XXI, que se aproxima. Eis o sentido do meu costumeiro conselho: sejam homens do presente. 11 de outubro de 1950 SER AMADO POR DEUS A essência da fé, em poucas palavras, é “Ser amado por Deus” ou “Estar no agrado de Deus”. Deste modo, devemos saber que tipo de pessoa é amada por Deus. Mas deixemos isso para depois; devemos, primeiramente, conhecer a missão da nossa Igreja. Ela está relacionada ao Juízo Final, de Cristo e à extinção do budismo, de Sakyamuni, fatos esses que estão prestes a acontecer.
  • 10. Deus e as entidades búdicas estão manifestando seu grande amor misericordioso, fazendo com que um maior número de pessoas ultrapasse a grande transição do mundo. E como Deus atuará? Naturalmente, Ele utilizará os homens, e acredito que fui escolhido para assumir esta grande missão. Como é uma grande missão, jamais vista ou ouvida, acabo até achando-a difícil demais de ser realizada; porém, como é o grandioso Deus Supremo que me outorgou essa missão, não tenho alternativa. Inicialmente, duvidei e até resisti, mas não havia meio de recusá-la , pois estava acima das minhas forças. Deus me utiliza livremente. Não são poucas as vezes em que Ele me fez sentir alegrias extremas e aquelas em que me obrigou a enfrentar situações infernais. Porém, cada vez que isso ocorria, percebia Sua mão invisível, Seu indescritível poder de atração e experimentava o gratificante sabor da vida. Talvez seja uma sensação impossível de ser expressa em palavras que, provavelmente, somente eu tenha vivido na face da Terra. O mais importante é procurar saber o que devemos fazer para sermos do agrado de Deus. Qualquer pessoa de bom senso sabe que o que desagrada a Deus é agir fora do caminho, mentir, fazer os outros sofrer, causar incômodo à sociedade. Contudo, atualmente, existem muitas pessoas que não se importam com ninguém, achando que basta o próprio bem-estar e manifestam esse egoísmo na prática. Por se tratar de uma atitude das mais condenáveis, não há como estar do agrado de Deus. Assim, cada um precisa saber se está sendo amado por Deus ou não. É algo extremamente simples: “Para mim, nada vai a contento. Sofro de necessidades materiais; meu trabalho não progride; meu crédito é fraco; não consigo me rodear de pessoas; minha saúde também é insatisfatória; do jeito que trabalho, não entendo por que não dá certo.” As pessoas que fazem esse tipo de comentário não estão sendo do agrado de Deus. Bastar estar no agrado d’Ele e o nosso trabalho se desenvolve satisfatoriamente; as pessoas juntam-se ao nosso redor a ponto de nos incomodar; os recursos materiais nos chegam em tão grande quantidade, que mal podemos utilizá-los em sua totalidade. O mundo, então, se torna um lugar agradável de se viver. A fé só tem realmente valor quando somos felizes. Se a praticamos mas não alcançamos a felicidade, é porque o motivo, infalivelmente, se encontra em nosso próprio espírito. 25 de maio de 1949 O SEGREDO DA BOA SORTE Já escrevi a respeito em outras oportunidades, mas insisto sobre o assunto porque, quanto mais observo o mundo atual, mais vejo pessoas infelizes. É desnecessário dizer que, desde a antigüidade, a boa ou má sorte do homem constitui a questão mais difícil que existe. Talvez o ser humano esteja fadado, desde o momento em que nasce até o momento em que morre, a nunca se libertar do desejo de obter a boa sorte. Isso porque geralmente não conseguimos compreender aquilo que mais desejamos. Seria maravilhoso se o conseguíssemos, mesmo que fosse um pouco. Felizmente, eu adquiri clara
  • 11. compreensão dos fundamentos para se alcançar a boa sorte. Além disso, pelas minhas próprias experiências, verifiquei que eles não contêm o mínimo erro, de modo que os exponho com toda a convicção. Conforme todos podem observar, não existe nada mais vago, abstrato e difícil de ser obtido que a boa sorte, algo tão simples. Não estando ela ao nosso alcance, a única alternativa que temos, naturalmente, é esperar por ela. Daí, talvez, o nome sorte. Concordo com as palavras: “A vida é uma grande aposta”, pois até as pessoas consideradas sábias continuam a perseguir a boa sorte, embora pareçam ter perdido as esperanças de alcançá-la. Talvez esta seja a predestinação dos homens. É unicamente pela vontade de alcançar a boa sorte que conseguimos fazer diversas coisas, seja qual for o sacrifício. Por esse motivo, também, é que “fazemos das tripas coração” e chegamos ao fim da vida sacrificando-nos para realizar nossos desejos. Assim, talvez, seja a vida. Não existe nada mais irônico que a sorte: quanto mais tentamos agarrá-la, mais ela foge. No Ocidente, existe um ditado que diz: “A oportunidade de obter a boa sorte só aparece uma vez na vida. Se a perdermos, não encontraremos outra”. É exatamente assim. Pela minha longa experiência, sinto que sou constantemente ludibriado pela sorte. Às vezes parece que vou consegui-la facilmente, mas tal não acontece. Quando a vejo bem diante de meus olhos e estendo as mãos para alcançá-la, ela acaba escapando. Quanto mais a perseguimos, mais rápido ela foge. É realmente difícil lidar com ela. Mas eu consegui agarrar de fato aquilo que se chama sorte. Entretanto, o que complica sua explicação é a existência de pontos desconhecidos que as pessoas dificilmente compreendem, salvo as que têm fé. Isto porque elas olham somente o lado superficial das coisas e não o seu interior; ou melhor, não o enxergam. E no caso da sorte, sua causa está justamente no interior; sem compreender isso, é impossível alcançá-la. Quando o homem movimenta o corpo, não é o corpo em si que se move; quem o faz mover-se é o espírito, que está dentro dele. Da mesma forma, o fator essencial da sorte está no interior do homem. Vou explicar melhor. Em primeiro lugar, ampliemos a teoria acima. A parte superficial do mundo corresponde ao Mundo Material, e a parte interior, ao Mundo Espiritual, ou seja, o espaço invisível aos nossos olhos. Esta é a estrutura do mundo; assim o fez o Criador. Por isso, da mesma forma que o espírito move o corpo, o Mundo Espiritual move o Mundo Material. Em tudo, o Mundo Espiritual é soberano, e o Mundo Material, súdito. Portanto, o mesmo acontece com a sorte; basta que ela advenha ao nosso espírito, que se encontra no Mundo Espiritual, para que, refletindo igualmente na matéria, nos tornemos pessoas afortunadas. Darei explicações mais detalhadas sobre o Mundo Espiritual. Ele possui uma hierarquia muito mais justa e rigorosa que a do Mundo Material. É constituído de cento e oitenta camadas, distribuídas em três planos – Superior, Intermediário e Inferior – cada um composto de sessenta camadas. Naturalmente, o Plano Superior é o Céu; o Inferior é o Inferno; o Intermediário corresponde ao Mundo Material. Talvez o homem contemporâneo não acredite nisso de imediato; entretanto, como Deus me mostrou minuciosamente a relação entre o Mundo Espiritual e o Mundo Material, e, através de minha longa experiência, adquiri o mais profundo conhecimento sobre o assunto, não há o menor erro no que estou afirmando. Como prova disso, existem inúmeras pessoas que, acreditando nesse princípio e colocando-o em prática, conseguiram alcançar a boa sorte. Eu me incluo entre elas. Para se certificarem do que estou dizendo, basta que me analisem imparcialmente: constatarão o estado de felicidade em que eu me encontro.
  • 12. Ampliando um pouco mais o assunto, falarei sobre as camadas espirituais mencionadas acima. Se, conforme expus, o corpo físico do homem está no Mundo Material, e o espírito, no Mundo Espiritual, este deve situar-se numa das cento e oitenta camadas, a qual seria uma espécie de “residência” do espírito. Esta “residência” não é fixa; flutua constantemente para cima ou para baixo. Uma vez que o destino acompanha essa flutuação, o homem deve esforçar-se ao máximo para elevar-se às camadas superiores. Naturalmente, o Plano Inferior é o Inferno; um mundo de trevas, repleto de doença, pobreza, conflito e figuras horrendas, assombrosas, monstruosas, com todos os tipos de sofrimentos possíveis. Em contraposição, quanto mais alta for a camada, melhor a sua condição. O Plano Superior é o Céu, local puro, de paz, luz, saúde e riqueza. O Plano Intermediário é mais ou menos a média entre os dois extremos. Conseqüentemente, se a “residência” do Mundo Espiritual reflete-se na matéria e transforma-se em destino, é claro que o princípio fundamental da boa sorte está na elevação do nível espiritual. Como nos mostra a realidade, existem muitas pessoas que, tornando-se importantes e invejadas por terceiros, ficam orgulhosas e pensam que continuarão assim eternamente. Um dia, porém, de forma inesperada, vêem-se decaídas, arruinadas, regredindo ao estado anterior. Isto acontece porque, desconhecendo o fundamento da boa sorte, elas se baseiam quase que somente na força humana. Além disso, maltratam os outros e forçam situações. Assim, mesmo que, aparentemente, obtenham êxito, seu espírito está decaído no Inferno. Em conseqüência, pela Lei do Espírito Precede a Matéria, essas pessoas passam a ter o mesmo destino. Da mesma forma que a matéria, o espírito tem peso, de modo que, se ele for pesado, cai no Inferno, e se for leve, sobe ao Céu. A conhecida expressão “peso na consciência” refere-se exatamente a isso. Ao contrário das más ações, que maculam o espírito e o tornam pesado, as boas ações o tornam leve, fazendo-o elevar-se. Por conseguinte, o segredo da boa sorte é evitarmos o mal, não cometermos pecados e praticarmos o bem o máximo possível, tornando leve o nosso espírito. Por se tratar da Verdade, afirmo que não há outra maneira para alcançarmos a boa sorte. Explicada dessa forma, a teoria é realmente fácil de ser compreendida; entretanto, quando vamos colocá-la em prática, torna-se muito difícil. Existe, porém, um método facílimo para conseguirmos isso. Esse método não é outro senão a Fé. Portanto, as pessoas que realmente desejam obter a boa sorte, antes de tudo e mais do que tudo, devem se converter. 3 de fevereiro de 1954 INTELIGÊNCIA DA PERCEPÇÃO VERDADEIRA LUZ DA INTELIGÊNCIA Todos se referem à inteligência como se fosse uma coisa única. Mas ela pode ser de vários tipos, apresentando diferentes níveis de profundidade.
  • 13. Dentre as inteligências, as mais elevadas são: a Divina, a sagrada e a superior. Precisamos aprofundar a nossa própria fé, a fim de cultivá-las. Elas surgem quando possuímos espírito correto, que admite a existência de Deus. Quando há esforço baseado na virtude, esses aspectos superiores da inteligência se desenvolvem, e a recompensa será a verdadeira felicidade. Em nível mais baixo, estão as inteligências calculista, ardilosa, satânica e outras, que nascem do mal. Todos os criminosos servem como exemplo. Os delinqüentes intelectuais, especialistas em fraudes, possuem-nas em alto grau. Os conhecidos “heróis” de sucesso passageiro nada mais são do que portadores, em ampla escala, dessas inteligências nocivas. É interessante notar que quanto maior for a inteligência do bem, mais profunda ela é; quanto maior a inteligência do mal, mais superficial. Basta analisar a vida dos criminosos, desde épocas remotas, para verificar o que estamos dizendo. Eles fazem planos aparentemente perfeitos, mas que, na prática, apresentam alguma falha. É essa falha que torna público e notório o seu fracasso. Por conseguinte, se o homem deseja crescente prosperidade, deve fazer esforços para aprofundar sua inteligência. A profundidade da inteligência depende da força da sinceridade. Assim, conclui-se que o homem cuja fé não é correta, nada conseguirá. Tão logo seja aceita essa teoria, desaparecerão os males da sociedade. O homem de hoje é superficial. Isto pode ser facilmente observado por quem examina os vários campos da atividade humana. Os políticos, por exemplo, só se ocupam de assuntos imediatos; qualquer outro é negligenciado até que tome vulto. Suas providências assemelham-se aos remédios alopatas: combatem os efeitos e não as causas. Ora, todo problema surge porque existe uma causa; nada acontece sem motivo. A inteligência superficial não consegue prever o futuro, ficando impossibilitada de estabelecer uma verdadeira política. No jogo de xadrez, o mestre ganha a partida porque “enxerga” os lances subseqüentes; o novato é derrotado porque não os prevê. Neste sentido, o homem deve conscientizar-se de que precisa cultivar as inteligências de nível superior, pois, sem elas, não obterá o verdadeiro êxito. E devemos compreender que a Fé é o único meio para adquiri-las. 25 de maio de 1949 O SABER DAS COISAS Creio que, em japonês, não há expressão de sentido mais profundo e sutil do que “mono o shiru” (o saber das coisas). Considero-a de difícil interpretação, por isso vou tentar esclarecê-la o melhor possível. Analisando essa expressão, vemos que ela significa experimentar ilimitadamente tudo que existe no mundo, penetrar, captar a essência das coisas e exprimi-la de alguma forma. Ou melhor, descobrir o segredo de medir a ação e as conseqüências de determinado problema. Ao contrário, se alguém exibir teorias infantis, agir levianamente ou praticar ações sem perceber a censura e o desprezo dos outros, significa que não tem visão nem saber das coisas. Pertence ao grupo daqueles que se costuma chamar de imaturos, infantis ou grosseiros. Esclarecido é quem possui vasto saber. Por aí vemos quão grande é o número de homens imaturos que não possuem esse saber das coisas, inclusive entre os homens públicos. Eles
  • 14. procuram exagerar e fazer alarde de questões insignificantes, sem se dar conta de que estão atraindo o desprezo dos esclarecidos. Seu comportamento nada mais é que a demonstração de sua própria inferioridade. Tais indivíduos são, infalivelmente, umas nulidades, homens de conceitos restritos (“Shojo”). A eficiência e o crédito são sempre prejudicados pela ação dessas criaturas medíocres, empenhadas somente em elevar sua própria fama. Certamente é por causa de tantos elementos sem maturidade que não se consegue chegar a conclusões e resoluções mais rápidas nos debates políticos de hoje. Se a maioria fosse esclarecida, seria fácil um acordo. O problema é que os esclarecidos se retraem no silêncio, por detestarem discutir com gente teimosa. Os imaturos aproveitam essa oportunidade para se exibir, desejando tornar-se famosos, e a fama aumenta sua probabilidade de serem eleitos, por ocasião das eleições. Sendo assim, os menos esclarecidos representam a maioria, e os esclarecidos, a minoria. Uma prova disso é o fato e a necessidade de se passar longo tempo discutindo um problema – às vezes de somenos importância – para se encontrar uma solução. Mas a verdade é que, apesar de os homens mais esclarecidos aparecerem menos, por serem modestos, suas opiniões acabam sempre triunfando. E isso não se limita ao mundo político. É natural, em todos os setores da sociedade, que aqueles que são conhecidos pela sua competência sejam homens relativamente esclarecidos. Até aqui me referi à parte moral. Passarei, em seguida, para o campo da Arte, que eu considero o melhor meio para explicar o presente assunto, já que a maioria dos homens esclarecidos são, ao mesmo tempo, dotados de senso estético muito elevado. Exemplifiquemos, primeiramente, com o príncipe Shotoku, cujo vasto conhecimento sobre a cultura budista, principalmente na parte artística, ninguém poderá deixar de reconhecer. Temos a prova disso no Templo Horyuji e em outras construções, que ainda conservam o esplendor da sua magnificência. A sua famosa “Constituição dos 17 Artigos” pode ser considerada a base da lei japonesa. Também podemos citar Yoshimassa Ashikaga, que, embora tenha sido muito criticado em outros setores, na parte artística deixou-nos uma obra notável. Além de construir o Templo Guinkakuji (Pavilhão de Prata), foi apreciador da arte chinesa, tendo colecionado objetos artísticos das eras Sung e Ming. Incentivou grandemente a arte japonesa, e as obras raras e valiosas criadas por sua iniciativa, conhecidas como “Obras preciosas de Higashi- yama”, ainda hoje deleitam o nosso senso artístico. Seu trabalho é realmente digno de louvor. A maior honra, no entanto, desejamos conferir a Hideyoshi Toyotomi (unificador dos feudos, no ano de 1573). Ao lado de sua exuberante criação artística, intitulada “Momoyama”, devemos salientar o brilhante impulso dado por ele à arte da Cerimônia do Chá – cuja existência, até então, era obscura – protegendo Rikyu Senno, mestre da referida arte, naquele século. Graças a ele, houve um rápido desenvolvimento da cultura artística, e gênios e grandes mestres surgiram uns após outros. Não fazem exceção Enshu Kobori e Chojiro, o gênio da cerâmica. Este, como Ashikaga, além de obras japonesas e chinesas, colecionou famosos objetos artísticos da Coréia, dando um novo impulso à cerâmica no Japão. Devemos lembrar, aqui, a existência de Koetsu Honnami. Ele foi pintor e calígrafo notável, tendo criado uma nova modalidade de “makiê” (arte que utiliza laca e madrepérola); na fabricação de cerâmicas, foi inimitável, graças à sua originalidade e versatilidade. Sua maior contribuição, que ele próprio não previra, foi ter influenciado, cem anos após seu falecimento, o famoso mestre Korin Ogata, expoente máximo do Japão no setor artístico, o
  • 15. qual foi admirador de Koetsu e o superou, conquistando grandiosa fama. Também não podemos omitir os oleiros Ninsei e Kenzan. Desta corrente surgiu Hoitsu, que se fez notar, também, pela sua habilidade artística. A grandeza de Hideyoshi Toyotomi reside no fato de ter compreendido a Arte ainda na mocidade e colecionado obras-primas, o que não deixa de ser algo surpreendente, dado que ele era filho de lavrador. Geralmente, além de crescer sob condições favoráveis, ou melhor, na classe acima da média, é necessário um grande esforço para se atingir o nível do “saber das coisas”. Hideyoshi, portanto, é de fato um homem extraordinário, pois atingiu esse nível apesar de sua origem humilde e de ter vivido continuamente em campos de batalha. Lancemos, agora, uma vista sobre a arte literária. Na poesia, sobressaem, indiscutivelmente, Saigyo e Basho. As obras destes dois expoentes revelam ter sido realizadas por quem realmente possui o “saber das coisas”. Nunca deixo de admirar estes poemas, suas obras principais: “A solidão envolve Até um coração indiferente, Quando as narcejas levantam vôo do pântano, Nos crepúsculos do outono.” Saigyo (Waka) “O canto das cigarras Penetra no silêncio E nas rochas.” Basho (Haiku) Uma pessoa que também merece ser lembrada é o aristocrata Unshu Matsudaira, conhecido pelo nome de Fumai. Ele colecionou inúmeras obras de arte, classificou-as, protegeu-as da dispersão e deu impulso à Cerimônia do Chá. É digno de toda a nossa consideração. Entre os esclarecidos da época moderna, citaremos o falecido ator Danjuro Itikawa. Vimos, em linhas gerais, alguns dos principais representantes da arte japonesa considerados esclarecidos. São homens civilizados no mais alto grau, e é escusado dizer o quanto colaboraram para alimentar a alma do povo, enriquecendo-lhe o gosto estético e elevando-lhe os sentimentos. Naturalmente, todos sabem que as invenções, as descobertas e o progresso do ensino contribuíram para a cultura da humanidade, mas convém recordar a grande contribuição que, em silêncio, as obras dos esclarecidos trouxeram à civilização. 15 de agosto de 1950 AS CINCO INTELIGÊNCIAS Há vários tipos de inteligência. Formam uma escada de cinco degraus, na seguinte ordem: Divina, sagrada, superior, ardilosa e calculista.
  • 16. A inteligência Divina é a mais elevada, e Deus a concede a certas pessoas para que cumpram missões importantes. Bem afirma o ditado: “Diz-se que a inteligência é humana, quando o conhecimento é aprendido; é Divina, quando não depende de aprendizado.” A inteligência Divina pode ser considerada como de caráter masculino em relação à inteligência sagrada, que, por sua vez, pode ser considerada como de caráter feminino. A inteligência superior é aquela manifestada pelas pessoas sábias. No budismo, denomina-se “Tie Shokaku” (inteligência da percepção verdadeira) ou simplesmente “Tie” (inteligência). A ação dos espíritos malignos é que obscurece o discernimento humano. Os políticos e os intelectuais da atualidade dão-nos exemplo disto: gastam horas e horas discutindo problemas quase sempre de muito pouca importância. Quando se trata de assunto de grande monta, dezenas de pessoas passam a debatê-lo por várias horas, durante dias e dias, muitas vezes sem chegar à conclusão desejada. Isso prova a lentidão mental do homem contemporâneo, pois todo problema só apresenta uma solução. Jamais houve um problema com muitas respostas. E dizer que tantos cérebros levam vários dias só para encontrar a solução de um problema! É desolador... A causa dessa lentidão mental é a escassez de inteligência superior, pois as mentes se acham obscurecidas. E se elas estão obscurecidas é porque cultivam idéias satânicas, decorrentes da devoção ao materialismo. Essa devoção provém do não-reconhecimento da existência de Deus. Ora, se as pessoas não reconhecem a existência de Deus, é porque falta uma religião com o poder de inspirar-lhes essa crença. A verdadeira religião deve ser capaz de mostrar claramente que Deus existe. A própria necessidade de insistir neste assunto é decorrente da fraqueza mental do homem moderno. De acordo com a teoria que expomos, quem possui inteligência superior, consegue resolver qualquer problema em poucos minutos. Eu, pessoalmente, limito a trinta minutos os debates de meus subalternos, seja qual for o problema discutido. Quando a questão se prolonga por mais de uma hora, aconselho que interrompam a reunião, deixando-a para outro dia, ou que me consultem sobre o assunto. É claro que não atendo à modéstia quando digo que quase sempre consigo resolver qualquer problema em poucos minutos, por mais difícil que ele seja. Excepcionalmente, se aparece uma questão que não resolvo logo, protelo-a sem me esforçar. Momentos depois, infalivelmente, vem-me a inspiração para solucionar o caso. Analisemos, a seguir, a inteligência calculista. Todos a consideram uma inteligência superficial; seu sucesso é passageiro, resultando sempre em derrota, e os que dela se utilizam perdem a confiança dos outros. A inteligência ardilosa pode ser considerada como perversidade – é a inteligência do mal. Milhares de pessoas a empregam, quase sempre pertencentes às classes dirigentes e intelectuais. Assim, é impossível a sociedade melhorar. Tão logo essa espécie de inteligência seja erradicada do Universo, surgirá uma sociedade sadia e países magníficos. Mas haverá meios de erradicá-la? Certamente que sim. Basta destruirmos sua raiz. Essa tarefa cabe a uma religião poderosa, capaz de despertar a fé em Deus. 20 de agosto de 1949 FELICIDADE
  • 17. FELICIDADE Em todos os tempos, o ser humano aspirou à felicidade, primeiro e último objetivo do homem e meta de todo preparo, esforço e aperfeiçoamento. Mas quando poderão as criaturas consegui-la de fato? A maioria, não obstante ansiar pela felicidade, permanece vítima das desgraças e deixa este mundo antes de desfrutar a alegria de vê-la concretizada. Será, então, a felicidade algo tão difícil de se conseguir? Devo dizer que não. A felicidade baseia-se na eliminação de três fatores principais: doença, pobreza e conflito. Como essa eliminação não é fácil, a maior parte das pessoas submete-se a uma forçada resignação. Tudo se enquadra dentro da Lei de Causa e Efeito, e a felicidade não foge a essa lei. Descobrir sua causa será, pois, descobrir a chave do problema. A solução da incógnita está na compreensão do amor altruísta. Lutar pelo bem-estar do próximo é a condição essencial para nos tornarmos felizes. O mundo, entretanto, está repleto de pessoas que buscam a felicidade apenas para si, indiferentes à desgraça alheia. É uma tolice almejar a felicidade semeando a infelicidade. É como a água de um recipiente: se a empurramos, ela volta; se a puxamos, ela se afasta. A necessidade da Religião reside nesse ponto. O amor pregado pelo cristianismo e a caridade búdica têm por propósito infundir a fraternidade no coração humano. Contudo, essa verdade tão simples é difícil de ser reconhecida pelo homem. Deus, por meio de Seus representantes, criou as religiões, que por sua vez estabeleceram doutrinas, através das quais são indicadas as bases do viver. São as religiões que nos ensinam a existência de um Ser Invisível, para, com a mais pura intenção, conduzir-nos ao caminho da Fé. Não é pequeno o empenho requerido para salvar uma pessoa. A vida, realmente, não tem sentido para a maioria, que, não sendo ensinada a crer no invisível, parte para o Além indiferente aos ensinamentos, ludibriada e perdida nas trevas. Todavia, para os que souberem desfrutar da alegria de viver, extasiar-se com as verdades, conseguir vida longa e o meio de serem verdadeiramente felizes, o mundo será, sem dúvida, um paraíso digno de ser vivido. Nós afirmamos que, para nos tornarmos felizes, há um caminho cujo rumo está indicado neste livro, apresentado com tal propósito. 1º de dezembro de 1948 SEGREDO DA FELICIDADE Quando falo em “segredo da felicidade”, parece que me refiro a algo mágico e misterioso. Nada disso, porém. O “segredo da felicidade” é muito simples. Tão simples, que poucos conseguem descobri-lo. Quantas pessoas felizes conhecemos? Talvez nenhuma. Isso mostra que o mundo está cheio de sofrimento. Todos vivem sob o risco de fracasso, dúvida, desespero, desemprego, doença, pobreza e conflito, acorrentados pelas dificuldades, como se estivessem numa prisão.
  • 18. Creio que todo ser humano, algum dia, perguntou a si mesmo: “Se Deus criou o homem, por que o faz sofrer tanto, ao invés de determinar que no mundo reine a felicidade?”Como essa interrogação permanece sem uma resposta, vamos tecer considerações a respeito. Muitos já me perguntaram: “Se Deus é Amor e Piedade, como deixou que o homem errasse, para depois levá-lo ao Juízo Final?” E mais: “Se, desde o início, Ele não criasse o homem como um ser malvado, não haveria necessidade de castigo ou Juízo Final...” Parecem-me observações bem lógicas. Falando a verdade, eu também penso assim. Se estivesse no lugar de Deus, poderia explicar tudo a respeito do problema. Como sou apenas uma existência criada, não consigo dar a resposta que Ele daria. Entretanto, esforço-me para compreender e imagino que a resposta da questão é a que vai a seguir. O bem e o mal se digladiam desde as eras mais remotas; jamais um predominou definitivamente sobre o outro. Refletindo bem, foi em conseqüência do atrito entre ambos que a civilização atingiu tão grande desenvolvimento. Mas, como obter a felicidade neste mundo em que se empreende tal batalha? Deixando de lado todas as suposições com que temos tentado compreender a vontade de Deus, procuremos descobrir o meio de sermos felizes. Como venho afirmando há muito tempo, nossa felicidade depende de fazermos os outros felizes. Esse é o meio mais seguro para alcançá-la, e eu o venho aplicando há muitos anos com resultados maravilhosos. Foi por isso que escrevi este ensinamento. Simplificando o conselho, pratiquemos o maior número possível de boas ações, pensemos em dar alegria às outras pessoas. Que a esposa estimule o marido a trabalhar para o bem-estar da sociedade e que o marido lhe dê alegria, mostrando-se gentil com ela e inspirando-lhe confiança. É natural que os pais amem os filhos. Mas devem fazer mais do que isso: devem cuidar do seu futuro com a máxima inteligência e eliminar atitudes autoritárias no trato com eles. Que na vida cotidiana suscitemos esperança no coração das pessoas com quem lidamos, tendo por lema proceder com amor e gentileza em relação a chefes e subalternos, bem como seguir as normas da honestidade. Aos políticos, cabe esquecerem a si próprios, pondo a felicidade do povo acima de tudo e erigindo-se como exemplos de boa conduta. O povo também deve praticar boas ações e esforçar-se constantemente para desenvolver sua inteligência. Sabemos que serão mais felizes aqueles que praticarem maior número de ações louváveis. Já imaginaram que povo e que nação surgiriam, se todas as pessoas se unissem para praticar o bem? Um país assim seria alvo de respeito universal. Poderia ser considerado como uma parcela do Paraíso Terrestre, pois, com o tempo, desapareceriam todos os problemas de ordem moral, toda doença, toda pobreza e todo conflito. Seria como “bater com o martelo no chão” – a pancada não poderia falhar. Por toda parte existem homens praticando o mal, mentindo, enganando, buscando atender às exigências de seu próprio egoísmo. É uma sociedade de seres maldosos. Assim, a felicidade mantém-se muito distante. E o pior é que há quem julgue ser natural um mundo tão perverso, achando inútil tentar reformá-lo. Temos até encontrado quem procure impedir nossas tentativas de transformar em paraíso este inferno terrestre. Essas pessoas, pelo mal que intentam, cavam sua própria desgraça, criando para si próprias o pior de todos os infernos. São merecedoras de piedade e oramos constantemente para que sejam salvas.
  • 19. Tenho certeza de que, meditando sobre este ensinamento, todos perceberão que não é difícil ser feliz. 1º de outubro de 1949 DESTINO E LIBERALISMO Como sempre me fazem perguntas sobre predestinação e destino, explicarei a diferença entre ambos. A predestinação é algo atribuído a uma pessoa em caráter definitivo, e de maneira alguma pode ser mudada. Já o destino é livre, dentro dos limites da predestinação, e, dependendo do esforço de cada um, pode-se atingir o nível mais alto ou, ao contrário, decair ao nível mais baixo. O liberalismo, que hoje se tornou alvo da atenção de tantas pessoas, é muito semelhante ao destino. O verdadeiro liberalismo está restrito a certos limites. É impossível existir a liberdade infinita; a verdadeira liberdade é aquela que tem limites. Assim, quando ultrapassamos esses limites, não só invadimos e prejudicamos a liberdade dos outros, como também nos tornamos traidores da cultura. Pela mesma razão, quando ultrapassamos os limites do destino, invariavelmente fracassamos. 25 de janeiro de 1949 NÓS É QUE TRAÇAMOS O NOSSO DESTINO Ao falar em destino, devo esclarecer primeiramente que as pessoas confundem predestinação com destino. A diferença, no entanto, é radical. Devemos entender por predestinação certas condições a que estamos sujeitos antes mesmo do nascimento, ao passo que o destino depende inteiramente do homem. A não-realização de diversos desejos deve-se à predestinação, da qual estamos impossibilitados de nos livrar. O importante é conhecer o seu limite, o que é difícil, ou seja, quase impossível. O desconhecimento desse limite faz o homem traçar planos superiores à sua capacidade e ter esperanças descabidas, que o levam ao fracasso. Se, consciente do seu erro, ele voltasse imediatamente ao ponto de partida, certamente sofreria menos, mas a ignorância da predestinação o impele a prosseguir, aumentando sua desgraça. Isto decorre também do fato de subestimar-se o rigor do mundo. Como resultado, a maioria das pessoas só toma consciência da realidade após amargas experiências, falhando nas tentativas de recuperação ou vendo-se impedidas de recomeçar suas atividades, por causa das pedras lançadas em seu caminho. Felizes os que reconhecem o erro em tempo, ao tomarem conhecimento da realidade. Referi-me ao destino dos descrentes. Com os crentes é diferente. Devo abordar a questão pelo aspecto espiritual e dizer, numa palavra, que todos os sofrimentos são ações purificadoras. Ser vítima de chantagem, incêndio, acidente, roubo, desgraça familiar, prejuízo, fracasso comercial, necessidade monetária, conflito conjugal, desavença entre pais e filhos ou entre irmãos, contenda com parentes e amigos, tudo isso faz parte da ação purificadora. Nessas circunstâncias, só há um recurso: eliminar as máculas espirituais por meio do sofrimento. Enquanto houver máculas no espírito, a ação purificadora
  • 20. persistirá; diminuí-las, é condição essencial para melhorar o destino. O ato purificador é dispensado quando atingimos certo grau de purificação; então a desgraça se transforma em felicidade. Sendo esta a verdade, a boa sorte não se espera de braços cruzados, mas purificando. Se a Fé é o meio para purificarmos sem sofrimentos, é natural que não haja felicidade para os descrentes. Existem diversas espécies de crenças, mas para se obter a verdadeira felicidade é preciso seguir uma fé verdadeira e de poder elevado. Daí a necessidade de se reconhecer a Igreja Messiânica Mundial como uma religião que corresponde a essa condição. 25 de outubro de 1952 BOM SENSO Para que a Fé seja autêntica, ela deve ser professada sem ferir o bom senso. Palavras e atos excêntricos devem ser vistos com desconfiança; entretanto, as pessoas geralmente dão muito crédito a tais coisas. É preciso muita cautela. Religiões egocêntricas, fechadas, que não mantêm relações com outras e que se isolam socialmente, também não são dignas de confiança. A Fé é verdadeira quando não prejudica a lucidez e, ao mesmo tempo, desenvolve a consciência de que sua missão é salvar a humanidade. Jamais pode ser egoística ou fechada em si mesma. O Japão é exemplo típico do que aqui se condena: sofreu amarga derrota na Segunda Guerra Mundial porque visava apenas o seu próprio bem, ficando indiferente à sorte dos países vizinhos. A formação de homens perfeitos é um dos propósitos da Fé. Evidentemente, não se pode exigir a perfeição do mundo, mas o esforço para consegui-la passo a passo deve ser a verdadeira atitude religiosa. A consolidação da Fé faz com que a pessoa assuma uma aparência comum. Isto significa que ela se identificou plenamente com a Fé. Chega a tal ponto, que seus atos ou palavras jamais ferem o bom senso. Sempre inspira simpatia, sem dar indícios da religião a que pertence. No seu contato com os outros, assemelha-se à suave brisa da primavera. Suas maneiras são afáveis, modestas e gentis. Deseja crescente bem ao próximo e trabalha em favor do bem-estar da comunidade. Sempre afirmei e continuo afirmando: quem deseja ser feliz, deve primeiramente tornar feliz seus semelhantes, pois a Divina recompensa que disto provém, será a Verdadeira Felicidade. Buscar a própria felicidade com o sacrifício alheio, é criar infelicidade para si mesmo. 25 de janeiro de 1949 FÉ UNIVERSAL POSSUA FÉ UNIVERSAL Conforme venho insistindo, o mal de “Daijo” (fé universal) corresponde ao bem de “Shojo” (fé restrita), e vice-versa. Peço profunda reflexão aos fiéis de nossa Igreja, os quais estão esquecidos deste ponto capital.
  • 21. Em poucas palavras, a maneira “Daijo” de encarar as coisas é observar tudo com visão global. Vou explicar melhor. Há fiéis que são muito dedicados, pensando estarem praticando o bem; muitas vezes, contudo, as conseqüências de seus atos atrapalham a propagação da religião. Além disso, como todos sabem por experiência própria, tais pessoas são do tipo auto-suficiente, confiam demais na força humana e, inconscientemente, tendem a esquecer-se do santo poder de Deus. Ouço ainda, com freqüência, o seguinte comentário: “Por que fulano, apesar de tanta dedicação, não faz muito progresso?” A razão é que essa pessoa tem fé “Shojo” e, como tal, é austera, cria um ambiente constrangedor à sua volta, não atraindo as demais, e por esse motivo não prospera. O pior de tudo é que leva as coisas ao extremo e, fugindo ao senso comum, diz e faz excentricidades. Vendo isso, as criaturas sensatas são tomadas de desprezo, achando que a nossa Igreja é uma religião supersticiosa e de baixo nível. É justamente nesse ponto que devemos tomar o máximo de cuidado. Existem pessoas, no entanto, que fazem progresso sem que a gente espere, apesar de não darem mostras de grande dedicação. Essas sim, realmente compreendem e agem conforme a fé “Daijo”. Desejo acrescentar que justamente as pessoas de fé “Shojo” é que procuram julgar o bem e o mal do próximo. Trata-se de um erro gravíssimo, pois só Deus sabe fazer justiça. É demasiada insolência do homem querer julgar o seu semelhante, e não há maior ofensa a Deus do que ignorarmos a profundidade dessa profanação. Tais pessoas geralmente se julgam perfeitas, são orgulhosas e, como lhes falta caráter, ao invés de progredirem, costumam criar casos detestáveis. Tomemos como exemplo o Japão antes do término da guerra. Naquela época, julgava-se que o arrojado patriotismo do povo era uma ação justa e ditada pelo bem. Era, no entanto, um bem de caráter restrito, pois tinha-se em vista somente a felicidade do próprio país; assim, a derrota não foi nada mais que uma conseqüência desse conceito egoísta. Aliás, eu publiquei o ensinamento “Precisamos ser universais” para comprovar a veracidade dessa tese, ou seja, para demonstrar que o bem autêntico deve ser o bem de “Daijo”, isto é, o bem universal. Se partíssemos deste princípio, não teríamos sido invadidos e estaríamos livres daquele massacre e vexame. Continuaríamos gozando de paz e mereceríamos o respeito do mundo inteiro. Em outras palavras, o amor também se divide em amor de Deus e amor do homem. Como o amor de Deus é amor “Daijo”, Ele ama a humanidade com um amor ilimitado; o amor do homem é amor “Shojo”, pois ele se limita a amar a si próprio, a seus partidários e a seu povo. Portanto, vem a ser um mal. Os fiéis que compreenderem claramente o sentido das minhas palavras, devem manter sempre uma atitude “Daijo”, isto é, tomar consciência do amor de Deus e transmiti-lo ao próximo, o que não deixará de produzir bons frutos. Viver de acordo com a Vontade de Deus e possuir amor fraternal, tornará a pessoa agradável a todos aqueles que a rodeiam, propiciando-lhe um sucesso garantido. 25 de novembro de 1951 DEUS É JUSTIÇA Não deixa de ser estranho falar, agora, que Deus é Justiça. Mas insisto nesse ponto porque não só o povo, mas também os fiéis e os ministros geralmente tendem a esquecê-lo.
  • 22. Embora a nossa Igreja se dedique especialmente à prática da justiça e do bem, há alguns fiéis que se desviam do caminho certo e vagueiam sem rumo. Nessas ocasiões – torno a insistir – se eles desprezarem o sinal de advertência enviado por Deus, poderão sofrer terríveis conseqüências. No início, sensíveis e agradecidas às graças e milagres recebidos, as pessoas se mostram devotadas, fervorosas na fé. Desde que esta seja sincera, as graças se fazem evidentes, o que torna essas pessoas respeitadas por todos. Como também são beneficiadas materialmente, na verdade elas deveriam sentir-se ainda mais gratas e dedicadas; entretanto, longe de pensarem na retribuição, muitas se acostumam com as graças, tornando-se orgulhosas e vaidosas. Os espíritos do mal, que estão sempre vigilantes, aproveitam essa oportunidade para conquistá- las, e começam a controlá-las a seu bel-prazer. Isso é realmente alarmante. Satanás espreita principalmente as pessoas ativas e úteis. Sendo ele impotente contra a verdadeira fé, não há perigo para quem a possui. Isso se evidencia pela presença ou ausência de egoísmo. O homem que vive somente para Deus e a humanidade, sem pensar nos seus próprios interesses, não é atingido por Satanás. No entanto, quando as coisas começam a correr bem, ele pode tornar-se pretensioso, julgando ser um grande homem. Aí é que está o perigo, pois surge a ambição, e quanto mais ambicioso se torna o homem, mais ele procura engrandecer-se e mais poderes deseja conquistar. O fato é alarmante. Quando isso acontece, Satanás penetra no espírito da pessoa e acaba por dominá- la. É um poder passageiro; entretanto, como ocorre a cura de doenças e outros milagres, a vaidade é mais instigada ainda, chegando o vaidoso a se julgar a encarnação de alguma divindade. Trata-se de uma tendência que pode ser claramente distinguida observando-se com atenção as atividades das religiões fundadas por esses pseudodeuses. Algumas se caracterizam pelo escasso amor e pela fé “Shojo”, regida por preceitos extremamente rigorosos. Os que não obedecem a eles, vêem-se ameaçados de castigo, destruição ou morte, caso abandonem o grupo ou a Fé. São religiões ameaçadoras, que procuram impedir o des- membramento de sua organização. Se uma religião apresentar esses indícios, pode ser julgada como de caráter diabólico. Torno a dizer que a fé verdadeira é “Daijo”, liberal; portanto, nada impede que seja seguida ou abandonada. Além disso, ela é celestial, alegre e ativa, revelando vida. A religião que exige uma fé rigorosa e dogmática, age com heresia, é infernal. Devem acautelar-se principalmente quando houver o mínimo de segredo que seja. Se uma religião disser, por exemplo: “Isso não pode ser dito aos outros, mas...”, podem ter certeza de que ela é herética. A religião correta e autêntica é a própria imagem da clareza, sem nenhum indício de sigilo ou mistério. 18 de março de 1950 A NOSSA RELIGIÃO E O UNIVERSALISMO Observando o mundo atual, constatamos a existência de pessoas que, dizendo-se esquerdistas, direitistas ou neutras, vivem criando conflitos. É fácil o aparecimento de choques, entre esses grupos, em virtude de cada um se firmar em sua ideologia e tentar impô-
  • 23. la aos demais. Existem alguns cujo propósito é justamente provocar tais choques, mas isso não vem ao caso no momento. Após a Segunda Guerra Mundial, o objetivo do povo japonês é a democracia, que, obviamente, visa o máximo de felicidade para o maior número de pessoas. Entretanto, se cada um insistir em suas ideologias e “ismos”, isso resultará em conflitos e, ao invés de se proporcionar felicidade às pessoas, se estará acarretando o máximo de desgraças. Quem o diz não sou eu apenas. Dentro do quadro social da atualidade, é uma tendência que realmente aparece clara em todos os setores. Vejamos, por exemplo, os partidos políticos. Num mesmo partido, existem alas, ocorrem choques entre seus componentes, devido à diferença de pontos de vista, e há sempre o perigo de desagregação. Qualquer coisa que fuja a esses pontos de vista é considerada como inimiga, por isso não é fácil manter-se a coesão do partido. Planeja- se derrubar gabinetes que acabaram de ser compostos e até se insiste para que um gabinete formado apenas há dois ou três meses concretize as medidas políticas propostas por ocasião das eleições. Raciocinemos. Por melhor que seja um político, é impossível ele cumprir suas promessas no prazo de seis meses ou mesmo um ano. É por esse motivo que o Gabinete Japonês muda tão rapidamente que nem dá tempo para esquentar as cadeiras. Nesse aspecto, assemelha-se ao da França. Na Inglaterra, o gabinete trabalhista saiu-se muito mal no primeiro ano de posse; se fosse no Japão, seria fortemente criticado, mas a tolerância dos ingleses é de fato extraordinária. Chegou a impressionar-nos a confiança que eles depositaram em Sir Attlee e a paciência com que ficaram aguardando os resultados. Passado o referido período, as coisas começaram a melhorar. Hoje em dia, parece que a situação da Inglaterra é muito boa, inclusive economicamente. Nos Estados Unidos acontece o mesmo. Como o mandato presidencial é de quatro anos, é possível fazer uma política arrojada. Vencedores da Segunda Guerra Mundial, os americanos demonstraram grande tranqüilidade econômica, logo após o término do conflito, quando deram aquele magnífico exemplo que foi o Plano de Salvação da Europa e do Leste Asiático. Isso se deveu também às quatro eleições consecutivas do Presidente Roosevelt, o qual, governando durante dezesseis anos, pôde tomar medidas ousadas, tendo obtido bons resultados. Como expus anteriormente, a realidade atual do Japão é que ele não consegue deixar de comportar-se como país bitolado. Portanto, neste momento, todos os japoneses devem empenhar-se, antes de mais nada, em cultivar o espírito de tolerância. É aquilo de que mais necessitamos. Se o objetivo da nossa Igreja é a construção de uma sociedade sem conflitos, primeiramente precisamos livrar-nos do estreito sentimento de orgulho que nos faz menosprezar os outros. Torna-se necessário caminharmos sem levar em conta se os ideais são da esquerda, da direita ou do meio, mas fundindo-os num ideal grande e nobre, que abranja tudo e ao qual se possa realmente chamar de mundial. Batizamo-lo de Universalismo. 8 de abril de 1949 VIDA EM HARMONIA
  • 24. FÉ MESSIÂNICA Tudo, na vida humana, principalmente a nossa fé, tem de ser versátil (“enten- katsudatsu”), livre e desimpedido (“jiyu-mugue”). “Enten” significa “a roda gira”. Se a roda possui arestas, não pode girar. Com muita razão se diz: “Aquela pessoa perdeu as arestas porque sofreu muito.” Entretanto, mais do que possuir arestas, existem pessoas que se assemelham ao “konpeito” (doce cheio de ângulos). Ao invés de rodarem, vivem se enroscando em toda parte. Há outras que sofrem dentro do próprio molde por elas criado, o que é desculpável, quando se limita a elas próprias; mas há quem considere boa ação atormentar o próximo, encurralando-o dentro desse molde. Os exemplos que citamos são característicos da fé “Shojo” e não se limitam à Religião. A vida dessas pessoas cheira a mofo e causa náuseas. “Jiyu-mugue” significa “não criar formas, normas e mandamentos” e, por extensão, “ser completamente livre de todas as limitações”. Devo lembrar-lhes que não se trata de egocentrismo, e sim, da liberdade que respeita a liberdade alheia. Sendo “Daijo”, a Fé Messiânica difere muito da fé “Shojo”, cujos preceitos são tão rigorosos que ela própria não consegue cumpri-los. Eles são cumpridos apenas superficialmente, não na sua essência. Essa duplicidade de ação gera fracasso e, ao mesmo tempo, constitui um mal, porque dá origem à hipocrisia. Assim sendo, as pessoas de fé “Shojo” são aparentemente boas, mas interiormente ruins. Ao contrário, as de fé “Daijo” sentem-se mais livres, alegres, sem necessidade de camuflagem, porque sabem respeitar a liberdade humana; nelas, a hipocrisia não tem lugar. Esta é a verdadeira e grata Fé Messiânica. Em outras palavras, as pessoas de fé “Shojo” sofrem de mania de grandeza, tornam-se megalomaníacas, porque caem, sem querer, na hipocrisia. Isso as torna insuportáveis e antipáticas. Além disso, elas diminuem-se, ao invés de engrandecer-se. Chamamos de “homem limitado” a esse tipo de pessoa. Na ocasião de levantar alguma construção, por exemplo, divirjo sempre do operário que se preocupa somente com a beleza exterior. Como isso, de certo modo, causa má impressão, faço-o corrigir as suas falhas. O mesmo se aplica aos homens. Os que procuram ser modestos, são sempre mais respeitados, porque parecem mais nobres. Portanto, os que professam a nossa Fé, devem tornar-se alvo de um respeito sincero. 20 de abril de 1949 SOL E LUA Gostaria de explicar o significado do Sol e da Lua do ponto de vista religioso. Isso constitui um grande mistério, razão pela qual talvez pensem que eu esteja dando uma interpretação forçada ao assunto. O que eu vou dizer, no entanto, é a pura verdade, e todos devem dar-lhe a máxima atenção.
  • 25. O Japão possui três objetos tradicionalmente sagrados: uma pedra (“tama”), uma espada (“tsurugui”) e um espelho (“kagami”). A pedra representa o Sol; a espada, a Lua; o espelho, a Terra. A pedra tem a forma do Sol; a espada assemelha-se à Lua Crescente, e o espelho tem o formato de um polígono de oito lados. Estes lados representam os oito sentidos, ou seja, os pontos cardeais e colaterais: norte, sul, este, oeste, nordeste, noroeste, sudeste e sudoeste. Das três representações, a Terra dispensa comentários, mas o Sol e a Lua têm um significado profundo. Valho-me da interpretação dada pela Igreja Tenrikyo. Ela confere à Lua o significado de empurrar, afastar, aguilhoar (“tsuki”), e ao Sol, o de puxar, atrair (“hiku”). Considero interessantíssima esta interpretação. Na Era da Noite, tudo se fazia por repulsão. Os países chocavam-se uns com outros, e o maior exemplo disso eram as guerras constantes. Ora, os choques são empurrões recíprocos. Antigamente a luta se fazia com espadas e a isto se dava o nome de “tsukiau” (golpear-se mutuamente). O mesmo termo também se aplica ao ato de cultivar amizade. Embora os sinais gráficos japoneses que representam os dois significados sejam diferentes, o som é idêntico. O termo “tsukissussumu” significa “vitória”, mas sua tradução literal é “avançar empurrando”. É essa realmente a ação de “tsuki” (Lua), que caracteriza a Era da Noite. Ao contrário, temos “hiki” e “hiku”, que significam “recuar”. Também significam “atrair”, “desistir da luta”, “ser derrotado”, “resignar-se”, “abnegar-se” e “ser modesto”. Assim, todas essas ações se opõem à ação da Lua. De acordo com esse princípio, na Era do Dia tudo se baseia em “hiki” (atração). Aplicado ao homem, “hiki” é a humildade, pois esta não dá ensejo a desavenças. Eis por que sempre dizemos que é melhor perder. Com base no mesmo princípio, será possível a eliminação do conflito, a qual se inclui no objetivo final da nossa Igreja: a construção de um mundo sem doença, pobreza e conflito. Pela mesma razão dizemos ser muito bom ficar resfriado (“kase o hiku”). Como a ação da Igreja Messiânica Mundial está baseada no Sol, isto é, na atividade do elemento Fogo, devemos conscientizar-nos de que as nossas ações devem fundamentar-se na atração, e não na repulsão. Assim, muitas pessoas serão atraídas. Além disso, como o Sol é uma esfera, é natural que precisemos ser pacíficos, puros, alegres, corteses e flexíveis. 25 de outubro de 1949 O QUE É LIMITE Tempos atrás, em determinado lugar, fiquei admirado ao ver um quadro do professor Yamaoka Teshu. Em cima, estava escrita, com letra bem grande, a palavra LIMITE. Abaixo, em letras pequenas, lia-se: “Em tudo os homens dependem dessa única palavra.” Isso ficou gravado de forma tão profunda em minha mente, que até hoje não consegui esquecer. Durante dezenas de anos, em diversas ocasiões, lembrei-me daquele quadro, e a lembrança me foi de grande utilidade. Muitas palavras sábias vêm sendo ditas desde os tempos antigos, mas talvez nenhuma tenha me impressionado tanto quanto aquela. É constituída de uma letra apenas, mas que força maravilhosa! Quando observamos as diversas situações do mundo tomando-a como ponto de referência, constatamos que ela se encaixa perfeitamente em todas. Ajusta-se, por exemplo, à passividade, aos exageros, aos pensamentos extremados voltados para a esquerda
  • 26. ou para a direita, à ostentação proveniente da riqueza e à inibição motivada pela pobreza. Não sei por que as pessoas sempre se colocam nos extremos. Talvez seja por isso que, na maioria das vezes, elas fracassam. A famosa admoestação de Confúcio no sentido de se obter o meio-termo surgiu para evitar esses fracassos. As expressões antigas “é bom não exceder o limite”, “o limite é bom”, “guardar o limite” significam, em síntese, que cada um deve proceder de acordo com a sua própria posição social. Do ponto de vista espiritual, segundo a doutrina da nossa Igreja, se cruzarmos o vertical e o horizontal, isto é, “Shojo” e “Daijo”, efetuar-se-á, no centro, a ação de “Izunomê”. Isso resumido, significa também “limite”. Por conseguinte, antes de mais nada, o homem deve respeitar os limites. Se o fizer, tudo lhe irá às mil maravilhas. 8 de agosto de 1951 ESPÍRITO DE “IZUNOMÊ” Já expliquei, inúmeras vezes, o que significa espírito de “Izunomê”. Vejo, porém, que é difícil praticá-lo, pelas poucas pessoas que o conseguem realmente. Na verdade não é tão difícil. Se conhecermos e assimilarmos o seu fundamento, não haverá dificuldades. A idéia preconcebida de que é difícil é que tolhe a ação. Ao mesmo tempo, como me parece que ainda não deram muita importância ao assunto, sou levado a escrever repetidas vezes sobre ele. Em síntese, “Izunomê” significa “princípio imparcial”, isto é, manter-se sempre no centro. Não é “Shojo” nem “Daijo”: é “Shojo” e “Daijo” simultaneamente, ou seja, significa não tender aos extremos, nem decidir-se de maneira impensada. Naturalmente não podemos fugir à decisão de determinadas questões, mas a dificuldade está no julgamento. O espírito de “Izunomê” assemelha-se à arte culinária: o alimento deve ser temperado na justa medida – nem doce, nem salgado. Assemelha-se também ao clima – nem quente, nem frio. É o clima agradável da primavera e do outono. Se os homens adotassem esse espírito e agissem de acordo com ele, seriam estimados por todos e tudo lhes correria bem. Entretanto, os homens de hoje mostram acentuada tendência ao radicalismo. Temos o melhor exemplo na Política. Os políticos professam princípios radicais, denominando-os de partido direitista ou esquerdista. Como esses pensamentos estão associados à obstinação, eles vivem em conflitos. E tudo isso prejudica grandemente o país e o povo. O método “Izunomê” deveria ser adotado na Política; contudo, há pouca probabilidade de aparecerem políticos ou partidos que tenham consciência disso. A guerra origina-se, também, do choque gerado pela imposição de princípios extremistas. Verificamos, através de pesquisas, que os conflitos religiosos também surgem de “Shojo” e “Daijo”, isto é, da diferença entre o sentimento e a razão. Nesse caso, deve-se estabelecer a união encurtando a linha perpendicular e a horizontal pela metade, o que significa uma solução pacífica. Assim, não é difícil entrar-se em entendimento. A propósito desse assunto, podemos observar que sempre há conservadores e renovadores em todos os setores, mesmo no religioso. O primeiro grupo compreende os velhos crentes, aferrados à tradição, os quais detestam as novidades; o segundo compreende os progressistas, que, tendendo ao extremismo, desprezam tudo que é antigo. Daí surge a discussão, a causa do conflito, que poderia ser facilmente resolvida pelo método “Izunomê”.
  • 27. A Religião, também, exige um profundo conhecimento da época. Todavia, os religiosos são indiferentes a esse ponto, demonstrando forte inclinação para considerar a tradição milenar como um código de ouro. Sendo a Fé algo espiritual – a Verdade absoluta e eterna – não é possível modificá-la. Mas o mesmo não se aplica ao setor administrativo. Este corresponde à parte material da Religião e deve acompanhar as mudanças da época. O que acabamos de dizer implica numa perfeita ação espírito-matéria, ou seja, devemos agir sempre de acordo com o método “Izunomê”. Assim, é escusado repetir que não se conquista a alma do homem moderno praticando fielmente métodos antiquados. O essencial é compreender que a ação de “Izunomê” é a verdade fundamental de todas as coisas. Desejo que os fiéis tenham profunda consciência dessa verdade, e por isso estou sempre pregando o espírito de “Izunomê”. 25 de abril de 1952 VIDA E MORTE Para a vida humana, talvez não haja problema tão premente quanto o da morte. Não será, pois, uma grande felicidade se o homem tiver esclarecimentos comprobatórios, e não fantásticos, a respeito dessa questão? Desejo esclarecer as dúvidas existentes transmitindo a todas as pessoas o resultado dos meus estudos sobre os fenômenos espirituais. Com relação ao problema da vida após a morte, existem no Ocidente muitas obras famosas, tais como as de Sir Oliver Joseph Lodge (1851-1940) e do Dr. Ward, que são autoridades no assunto. No Japão temos Wazaburo Assano, um profundo pesquisador com quem eu tive certo relacionamento e que deixou vários trabalhos. Infelizmente, ele faleceu há alguns anos. Falando sobre os fenômenos espirituais, no entanto, quero deixar bem claro que, na medida do possível, me basearei apenas na minha própria experiência. Agirei assim para garantir a exatidão do que digo, pois, como esses fenômenos são invisíveis, é difícil apresentá-los de forma concreta, sem cair em dogmas. Desprendido do corpo, que se tornou inútil, o espírito retorna ao Mundo Espiritual, onde passa a habitar, começando uma nova vida. Descreverei, inicialmente, como se processa o instante da morte, observado do Mundo Espiritual. Geralmente o espírito se desprende do corpo pela testa, pela região umbilical ou pela ponta dos dedos do pé. O espírito puro sai pela testa; o que tem muitas máculas, pela ponta dos dedos do pé; o mediano, pela região umbilical. Isso se explica porque o espírito puro praticou o bem enquanto vivia, somou méritos e foi purificado; o que tem muitas máculas somou muitos pecados, e o mediano situou-se entre os tipos mencionados. Tudo está fundamentado na Lei da Concordância. O exemplo que se segue é a experiência de uma enfermeira que “viu” a morte de um doente; sua descrição é tão perfeita, que serve de ilustração. É um exemplo ocidental, porém, tanto no Ocidente como no Japão, existem pessoas que têm a faculdade de ver espíritos. Não guardei os pormenores da descrição, mas vou reproduzir as partes mais importantes. “Certa vez – disse ela – fitando um doente prestes a morrer, notei que de sua testa subia algo branco, uma espécie de névoa que, espalhando-se lentamente pelo espaço, tor-nou-se uma massa disforme, semelhante a uma nuvem. Pouco a pouco, entretanto, começou a tomar a forma humana; minutos depois, apresentou-se exatamente com as mesmas características físicas da pessoa. De pé, no espaço, olhava atentamente seu corpo inerte, junto do qual os familiares choravam. Parecia que desejava mostrar-lhes sua presença, mas desistiu, por saber
  • 28. que estava em dimensão diferente; mudou, então, de posição, dirigiu-se para a janela e saiu suavemente”. Realmente, a descrição acima retrata muito bem os instantes da morte, que os budistas designam pela expressão “vir para nascer”. De fato, se analisarmos do Mundo Material, é “ir para morrer”, mas, se o fizermos do Mundo Espiritual, é “vir para nascer”. Da mesma forma, ao invés de dizerem “antes de morrer”, eles dizem “antes de nascer”. Assim, o espírito vive no Mundo Espiritual durante determinado tempo, às vezes dezenas, centenas ou milhares de anos, para nascer novamente. Desse modo, o homem nasce e morre muitas vezes. Para se referirem a esse nascer e renascer, os budistas usam a expressão “Rin-ne Tensho”. Qual a relação entre o Mundo Espiritual e o homem? O homem vem ao Mundo Material para cumprir a missão que lhe foi determinada por Deus, tenha ou não tenha consciência disso. No cumprimento dessa missão, acumula máculas no seu corpo espiritual. Chega, porém, um momento em que, por doença, velhice ou outros motivos, torna-se-lhe difícil continuar a cumpri-la. Quando isso ocorre, o espírito abandona o corpo e retorna ao Mundo Espiritual. Nesse sentido, desde tempos remotos chama-se “Nakigara” (invólucro vazio) ao corpo sem espírito, e “Karada” (invólucro) ao corpo carnal de uma pessoa viva. Na ocasião em que o espírito entra no Mundo Espiritual, inicia-se, na maioria deles, o processo purificador das máculas. Dependendo do peso e da quantidade destas, logicamente ele vai ocupar um nível mais elevado ou mais baixo. O período de purificação é variável. Os períodos mais curtos duram poucos anos, às vezes dezenas, e os mais prolongados, centenas ou milhares de anos. Os espíritos que foram purificados até certo ponto, reencarnam, por determinação de Deus. Essa é a ordem normal, porém, de acordo com a pessoa, há situações em que não se obedece a ela. Isso acontece com aqueles que, na ocasião da morte, têm forte apego à vida. Eles reencarnam antes de terem sido suficientemente purificados no Mundo Espiritual. Geralmente têm destino infeliz, porque lhes restam consideráveis máculas da vida anterior, que precisam ser eliminadas. Por essa razão é que muitos praticam o bem mas vivem perseguidos pelos infortúnios. São pessoas que na vida anterior cometeram muitos pecados e, quando morreram, arrependeram-se seriamente, tomando a firme decisão de não persistir no erro. Esse propósito ficou impregnado em seu espírito, mas, como reencarnaram sem terem sido suficientemente purificadas, vivem sempre cercadas de sofrimento, apesar de detestarem o mal e praticarem o bem. Entretanto, não são poucos os exemplos de pessoas que, passando um período de infelicidade e tendo redimido os seus pecados, tornam-se subitamente felizes. Há homens que se orgulham de não conhecerem outra mulher além de sua esposa, e outros que não desejam casar-se, terminando a vida solteiros. São indivíduos a quem as mulheres causaram muita infelicidade na vida anterior, e por esse motivo morreram com uma espécie de temor ao sexo feminino, sentimento que deixou marcas em seu espírito. Algumas pessoas têm especial aversão ou receio de aves, insetos ou outros bichos. Isso tem origem na morte que tiveram, causada por um desses animais. O mesmo pode ser dito em relação àqueles que temem a água, o fogo ou os lugares altos. Outros têm medo de lugares onde se aglomera muita gente. Quando alguém sente isso, é porque em outra vida morreu pisoteado pela multidão. É interessante o pavor que certas criaturas têm de ficar sozinhas. Ministrei Johrei numa pessoa assim. Ela não podia ficar sozinha dentro de casa. Nessas
  • 29. ocasiões, saía para a rua e ficava esperando alguém chegar. Provavelmente, na vida anterior, tais pessoas faleceram de um mal súbito, quando estavam sozinhas. Pelos diversos exemplos mencionados, concluímos que, no dia-a-dia da sua vida, o homem deve se esforçar para morrer em paz, sem apegos, temores e outras preocupações. Quando uma pessoa nasce deformada ou aleijada, geralmente é porque reencarnou antes de estar suficientemente purificada no Mundo Espiritual. Por exemplo: antes de ser curada de fratura nas mãos ou nas pernas, provocada pela queda de um lugar alto. Além do apego do próprio falecido, há outro motivo para a reencarnação prematura: a influência do apego dos familiares. É comum o caso de mulheres que engravidam logo após o falecimento de um filho querido. Esse novo filho é aquele que morreu e reencarnou prematuramente, em virtude do apego da mãe. Geralmente essas crianças não são muito felizes. Existem pessoas sábias e pessoas ignorantes. Por quê? Pela diferença de idade entre suas almas: as primeiras têm alma velha; as segundas têm alma nova. A alma velha, por ter reencarnado muitas vezes, possui uma larga experiência do mundo, ao passo que a nova, por ter sido criada recentemente no Mundo Espiritual, tem pouca experiência, motivo pelo qual é mais ignorante. Como vemos, também há um processo de procriação no Mundo Espiritual. Ainda podemos citar algumas experiências pelas quais muitos já passaram. Certas pessoas, ao encontrarem alguém que nunca viram, têm a impressão de tratar-se de pessoa já conhecida. Sentem uma grande emoção, como se fossem pai e filho, ou irmãos; podem até experimentar um sentimento mais profundo. A razão é que na vida anterior eram parentes bem próximos ou tinham laços de estreita amizade; a isso se convencionou chamar de INNEN (afinidade espiritual). Também, por ocasião de uma viagem, encontramos lugares pelos quais sentimos especial simpatia ou atração e onde desejaríamos residir. É porque em outra vida residimos ou passamos muito tempo nesses locais. No relacionamento entre homem e mulher, há casos em que ambos ficam em idílio ardente, que progride até se tornar um amor cego. A explicação é que na vida anterior, apesar de enamorados, eles não conseguiram unir-se. Entretanto, na vida atual, apresentando-se essa oportunidade, cria-se entre os dois um amor apaixonado. Ao lermos ou ouvirmos falar de determinados personagens ou acontecimentos históricos, podemos sentir simpatia ou até ódio. Isso acontece porque já vivemos na época em que aqueles fatos ocorreram, ou porque tivemos algum relacionamento com aqueles personagens. 5 de fevereiro de 1947 O QUE É A MORTE? Entre as questões relacionadas à vida humana, nenhuma é tão séria quanto o problema da morte. Todos o reconhecem; apesar disso, é a questão mais difícil de ser compreendida. Eu cheguei a uma conclusão a respeito da morte depois de prolongados estudos e pesquisas em todos os campos, incluindo diversas religiões, experiências espirituais realizadas no Ocidente, etc. Começarei minha explanação falando sobre a constituição do homem. O homem não é formado apenas pela matéria, ou seja, pelo corpo físico, como afirmam os cientistas. É constituído por duas partes essenciais: espírito (elemento fogo) e matéria. Esta, por sua vez, compõe-se dos elementos água e terra. Entretanto, apenas com estes dois
  • 30. últimos elementos o homem não atua como ser vivo. Juntando-se a eles o espírito, sem forma definida, é que se inicia a atividade vital. O espírito assume, então, a forma do próprio corpo da pessoa. No momento em que ele se separa do corpo, ocorre aquilo que chamamos morte. E por que ocorre a separação? É porque o corpo se torna inútil, seja por velhice, por doença, por ferimento ou por hemorragia intensa; no instante em que isso ultrapassa certo parâmetro, entra em vigor a lei que obriga a separação. Com a morte, imediatamente o corpo esfria, e o sangue se coagula em determinado local. O esfriamento é decorrente da anulação do elemento espírito, isto é, do elemento fogo. O que acontece, então, com o espírito? Ele vai para o Mundo Espiritual com a forma exata do corpo. A esse respeito li, há algum tempo, o relato de uma experiência realizada no Ocidente; como se trata de um exemplo bem ilustrativo, vou reproduzi-lo a seguir. Certa vez, fitando um doente prestes a morrer, uma enfermeira observou que de sua testa começou a subir uma fumaça esbranquiçada, como se fosse vapor d’água, o qual se tornava cada vez mais denso. A princípio essa fumaça tomou o formato de uma elipse no espaço, mas gradualmente foi adquirindo a forma de um corpo humano; por fim, assumiu as mesmas características físicas da pessoa. O espírito permanecia a uma distância de aproximadamente um metro acima do morto e parecia querer dizer alguma coisa aos familiares que choravam à sua volta; logo, porém, flutuando, saiu do quarto silenciosamente. Em geral o espírito se desprende do corpo pela testa, pela região abdominal ou pelos pés. No caso de morte por explosão, instantaneamente ele se espalha em todas as direções, na forma de inúmeros corpúsculos, mas torna a se reunir de maneira centrípeta, reassumindo o formato humano; assim, não difere nem um pouco da morte por doença. Quando os espíritos se deslocam, por vontade própria, para determinado local, tomam a forma esférica. É com esse formato que muitas pessoas afirmam tê-los visto. Com relação à visão da enfermeira de quem falamos, trata-se de uma capacidade excepcional; aliás, existem criaturas que já nasceram com essa capacidade, e outras que a adquiriram através de treinamento. No Japão, desde a antigüidade registram-se casos verídicos desse tipo, e eu mesmo já tive inúmeras oportunidades de contatar com médiuns. Conheci uma senhora possuidora de percepção espiritual fora do comum, a qual me foi de grande valia nas experiências que realizei. 1939 EXISTEM FANTASMAS? Desde épocas remotas há controvérsias sobre a existência de fantasmas, mas eu afirmo que eles existem. Trata-se de uma realidade que ninguém pode negar. Creio que a tese do Inferno e do Paraíso, pregada por Buda, assim como a do Inferno, Purgatório e Céu, da “Divina Comédia” de Dante Alighieri (1265-1321), não são teses sem fundamento, absurdas ou ilusórias. Que é o Mundo Espiritual? Em síntese, o Mundo Espiritual é o mundo da vontade e do pensamento. Sem o empecilho da matéria, há uma liberdade que não existe no Mundo Material. O espírito pode ir aonde quiser, e mais rapidamente do que uma aeronave. No xintoísmo, as palavras “Tome assento nesse templo, vencendo o tempo e o espaço”, proferidas nas cerimônias litúrgicas, significam que um espírito pode cobrir a distância de mil léguas em
  • 31. alguns minutos ou até segundos. Entretanto, a rapidez com que ele se move depende da sua hierarquia. Os espíritos elevados, isto é, aqueles que conseguiram atingir os níveis de hierarquia Divina, são mais velozes. O espírito do nível mais alto da hierarquia Divina pode chegar ao local mais distante num espaço de tempo menor do que a milionésima parte de um segundo, mas o espírito de nível inferior leva algumas dezenas de minutos para cobrir mil léguas. Isso porque, quanto mais baixo o nível do espírito, mais pesado ele é, devido às suas impurezas. Além disso, por sua própria vontade, o espírito pode aumentar ou diminuir de tamanho. Numa Morada dos Ancestrais com mais ou menos trinta e cinco centímetros de largura, podem tomar assento várias centenas de espíritos. Nessa oportunidade, é rigorosamente observada a ordem, isto é, cada um ocupa a posição adequada ao seu nível, dentro da maior disciplina e com a indumentária apropriada. No budismo, eles assentam no seu nome intemporal, escrito numa placa de madeira ou de qualquer outro material; no xintoísmo, assentam num espelho, numa pedra, numa letra ou no “Himorogui” (cruz feita de fibras de linho). Logicamente, os espíritos ficam muito satisfeitos pelos cultos que lhes são oferecidos de coração, mas o mesmo não acontece se são atos apenas formais. Assim, nas ocasiões de culto, as pessoas devem colocar o máximo de sentimento e realizá-lo de forma ideal, de acordo com as condições materiais do momento. Desde épocas remotas fala-se em pessoas que ocasionalmente vêem fantasmas, mas na maioria dos casos trata-se de espíritos com poucos dias de desencarnados. O grau de densidade das células espirituais dos recém-falecidos é elevado, razão pela qual esses espíritos podem ser vistos por algumas pessoas. Nada há de estranho, portanto, no fato de muitos terem visto a Ressurreição e Ascensão de Cristo. Porém, como o espírito de Cristo era elevado, Divino, ascendeu ao Céu. Com o passar do tempo, o espírito é purificado, ficando menos denso, e, assim, mais difícil de ser visto. Um fantasma pode entrar e sair livremente por um orifício do tamanho do buraco de uma agulha, pois não tem corpo carnal que lhe estorve a passagem. Em vista disso, muitos podem pensar que o Mundo Espiritual seja o lugar ideal para quem ama a liberdade, mas não é bem assim. Nele existem leis que são aplicadas rigorosamente, e a liberdade é limitada. Agora falarei rapidamente sobre a expressão facial dos espíritos. Os fantasmas geralmente são retratados com a expressão facial dos instantes da morte. Entretanto, com o decorrer do tempo a expressão do espírito vai mudando lentamente, amoldando-se à índole da pessoa. Por exemplo, os tímidos, os pessimistas e os solitários tomam um aspecto lúgubre, raquítico; os possuidores de natureza diabólica e animalesca, tomam a aparência do próprio demônio; os de pensamento vil ficam com a face disforme, e os que têm bom coração adquirem uma expressão bondosa e bela. Neste mundo, é possível encobrir o pensamento, pela configuração chamada corpo carnal, mas no Mundo Espiritual tudo é revelado, aparecendo exatamente como é. Essa imagem verdadeira aparece mais ou menos um ano após a morte. Num livro da autoria de um grande religioso, há mais ou menos esta referência: “Quando o homem falece, seu espírito se extingue. O espírito não é eterno, nem tampouco existe Mundo Espiritual; se existisse, já estaria repleto, pois o número de pessoas que faleceram atinge vários bilhões”. Esse autor, apesar de ser um expoente do budismo, desconhece o poder de elasticidade do espírito.