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Fábulas Errantes: fantasma e desejo dançando no meio da rua, no olho
do furacão.

Mariana Lima Muniz1

Este texto tem como rumo errar sobre o processo de criação do espetáculo de rua
Fábulas Errantes, baseado nos contos originais dos irmãos Grimm, dirigido por mim e
realizado pelo Galpão Cine-Horto no projeto Pé na Rua. Esse processo iniciou-se no
final de 2012 com o convite do Galpão Cine-Horto para a direção de um espetáculo
de rua a ser realizado com parte do elenco do Oficinão, outro projeto do centro
cultural que consiste na criação de um espetáculo de palco com atores profissionais
durante o ano anterior. Como centro cultural vinculado ao Grupo Galpão, coletivo
com o qual trabalhei como atriz no espetáculo Tio Vânia, o Cine-Horto tem como
objetivo dar continuidade ao processo de formação de atores em diferentes frentes,
neste caso específico, proporcionando a um grupo de atores selecionados, uma
experiência no palco e outra na rua. Característica comum também ao Grupo Galpão
que costuma dividir suas montagens entre estes espaços.
A proposta feita por Chico Pelúcio, ator do Grupo Galpão e diretor do Cine-Horto, era
fazer um espetáculo que rompesse com a estrutura tradicional do teatro de rua e que
pudesse incorporar a improvisação, técnica sobre a qual dedico minhas pesquisas nos
últimos doze anos. Concidentemente, Rita Clemente, diretora do Oficinão em 2012,
convidou-me para ministrar um breve curso de improvisação aos seus atores que, no
ano seguinte, viriam a compor a montagem do Fábulas, possibilitando um primeiro
contato entre nós.
A improvisação, em linhas gerais, é uma técnica de desbloqueio da criatividade a
partir da aceitação do erro e do fracasso como condições inerentes à criação. Portanto,
ela pode ser utilizada em diferentes contextos: no ensino de teatro na educação básica,
na formação do ator, como processo de criação de espetáculo, em contexto
terapêutico, como é o caso do psicodrama, e, ainda, como espetáculo apresentado
diante de um público. No entanto, improvisar diante de um público, ou seja colocar-se
diante do outro sem acordos prévios, no calor da ação, construindo uma narrativa que
desperte e mantenha o interesse do plateia, não é algo fácil para o ator. Exige um
tempo grande de aprendizagem de mecanismos de construção cênica e dramatúrgica
e, principalmente, de des-aprendizagem da perfeição e da originalidade como valores
únicos de apreciação de uma obra artística. Justamente por trabalhar com a
improvisação há mais de uma década sei bem que a tarefa de improvisar diante do
público não se logra em pouco tempo e demanda uma dedicação e uma maturação
maior do que a que teríamos no Pé na Rua. Por isso, sem descartar a improvisação
como processo de criação e, eventualmente, como resultado frente ao público, propus
um norte que pudesse conduzir nosso processo: os contos dos Irmãos Grimm.
Mas porquê os Irmãos Grimm? Por pura intuição. Pouco antes de receber o convite do
Cine-horto, estava indo ver um filme no Belas Artes e fui completamente seduzida
por uma belíssima encadernação da Cosac Naify da primeira edição destes contos em
comemoração ao seu bicentenário. Apesar do preço abusivo, adquiri aquela obra de
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
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  Diretora do espetáculo Fábulas Errantes. Professora Titular da Escola de Belas Artes/UFMG. Coordenadora do Programa de
Pós-graduação em Artes EBA/UFMG. Doutora em História, Teoria e Prática do Teatro (Universidad de Alcalá – Espanha).

	
  
arte em um impulso e com um pouquinho de culpa, mas consolando-me com uma fala
paterna de que a compra de um livro nunca é um gasto a se evitar. Lembrei-me de ter
uma coleção completa destes contos na infância que me eram lidos por minha mãe,
meu pai, babás e tios. Apesar de já saber ler na época, meu primeiro livro dos irmãos
Grimm tinha muito texto e pouquíssimas figuras, assim a voz do leitor parecia
imprescindível para mergulhar naquele universo permeado de perigos, medos,
ansiedades, desejos, mortes e ressureições.
Desde o início do processo, a proposta de levar estes contos para a rua, lugar
heterogêneo e democrático, provocou grande expectativa e inquietação na equipe
artística. Como tratar da violência, da morte, do abandono, dos medos e dos fantasmas
sem provocar nas crianças que nos assistiriam, ou em seus pais, uma repulsa que os
fizesse abandonar a cena? Como interpretar personagens que decapitam crianças ou as
abandonam à sua própria sorte em um mundo cruel e adverso? E, ainda, como
acreditar no recorrente final feliz, na solução mágica que coloca tudo em seu lugar e
faz com que as atrocidades vividas pelo herói desapareçam numa promessa de
felicidade atemporal? Com todas essas perguntas presentes, nos debruçamos nos mais
de 600 contos e em suas interpretações psicanalíticas, guiadas principalmente por
Bruno Bettelheim.
Entre o primeiro encontro com os atores, em dezembro de 2012, e o primeiro dia de
ensaios, em fevereiro de 2013, decorreram-se pouco mais de dois meses. Propus aos
atores que lessem todos os contos neste período, bem como o livro Psicanálise nos
contos de fada, e escolhessem um personagem, um tema, uma história, um objeto, um
espaço ou qualquer outro estímulo que gerasse uma pequena cena, individual ou
coletiva, a ser apresentada no parque municipal. Atenção, pois eis que entra um
personagem fundamental do nosso processo: o parque. Mas, por quê o Parque
Municipal? Porque no parque há árvores, bichos, águas, carrinhos de pipoca,
brinquedos de madeira, burrinhos, trenzinhos, pedalinhos, pontes, lambe-lambe e uma
infinidade de espaço e personagens. Também porque o parque foi paisagem
privilegiada da minha infância nos passeios de domingo com meu pai, lugar onde
perdi muitos guarda-chuvas e bolsinhas... Assim como algumas crianças se perderam
durante nosso espetáculo e foram encontradas em seguida, para grande alívio de
todos. Portanto, começamos nosso primeiro dia de ensaio no parque e entendemos
que teríamos que montar nosso espetáculo lá e não em uma sala de teatro vazia e
neutra. Não buscávamos a neutralidade e sim as cores e aromas do parque, inclusive
os fedidos, suas luzes e também suas trevas.
Durante os meses de fevereiro a junho de 2013, fomos ao parque todas as manhãs de
9 às 13hs. Ao chegar, nos deparávamos com grupos de bêbados que havia dormido na
rua e aproveitavam o solzinho do parque para se esquentar, muitas mães e seus bebês,
adolescentes indo para escola, pessoas correndo, parentes tristes esperando notícias de
seus entes queridos internados nos hospitais ao lado, turistas, pipoqueiros e muitos,
muitos gatos. Pouco a pouco fomos nos transformando em mais um destes
personagens: éramos o “povo-do-teatro”. Também pouco a pouco, essas pessoas
foram incluindo nossos ensaios em suas programações matinais e em pouco tempo
tínhamos sempre um grupo de dez a vinte a nos acompanharem. Sem saber
exatamente como começar, íamos nos aproximando das histórias e, a partir da reação
do nosso público-criador, fomos tomando decisões e compondo com o espaço e a
plateia nossas Fábulas Errantes.
Acreditando que a arte tem algo que pulsa independente das nossas escolhas
conscientes e indo na direção que nosso público espontâneo nos apontava, chegamos
à estreia e temporada em diversas praças de Minas Gerais e São Paulo. Escolhemos
duas histórias praticamente desconhecidas: João meu ouriço e Pé de Zimbro. Essas
escolhas também foram bastante intuitivas. Posteriormente percebemos que havia um
eixo comum entre elas pois são histórias cujo protagonista masculino passa por uma
série de provações, sendo recusados pelo genitor em seu nascimento, até sua redenção
no final feliz. Como um entremés entre as duas histórias principais, que são contadas
em diferentes lugares do parque, fizemos uma grande brincadeira com a Rapunzel e o
mito do amor perfeito ao som de Sidney Magal e com um lembrete bem-humorado de
nosso bufão: “ninguém é de ninguém”!
O Pé de Zimbro foi nossa grande aposta. Surgiu de um exercício na oficina de
narração que fizemos com da Maria Elisa Almeida do grupo Tudo Era Uma Vez.
Trata-se uma das histórias mais belas e cruéis dos irmãos Grimm. Nela, a mãe morre
de alegria no nascimento de seu filho, deixando seu pai inconsolável. O tempo passa e
ele se casa novamente com uma mulher que também tem uma filha. A nova mãe,
ambiciosa, não queria que sua herança fosse dividida entre sua filha e o enteado. Um
dia, a madrasta acaba por cortar a cabeça do menino com a fechadura de um baú,
coloca a culpa em sua filha, pica o enteado em pedacinhos e o serve ao marido em um
delicioso molho escabeche. Não é difícil imaginar os olhos arregalado dos pais
ouvindo todas essas atrocidades. As crianças, no entanto, permanecem sempre atentas
com uma convicção íntima de que a coisa acaba bem, como realmente acontece. Ao
decidir-nos por este conto, bem como pela história do João - que nasce metade
homem, metade porco espinho e é escondido pelos pais atrás do fogão até ser um
rapaz e ir morar sozinho na floresta- sabíamos que estávamos tocando em questões
universais e importantes tanto para nós, quanto para o público. Por isso, procuramos o
Aleph – escola de psicanálise e nos encontramos para discutir a dramaturgia que
estava sendo iniciada, bem como nossas primeiras experiências com o público. Com
os encontros, nos sentimos mais seguros para abordar estes temas e essa segurança foi
transformando a atrocidade narrada em mais um dos diversos elementos do conto, não
o principal.
Finalmente, a recepção do espetáculo foi extremamente positiva. O principal retorno
que recebemos foi o de ter apostado nos contos em sua plenitude, ou seja, em sua
violência e em sua beleza. Fugindo do politicamente correto, arriscamos e encenamos
a dor, a morte e o abandono para muitas crianças curiosas e pais boquiabertos.
Também trouxemos a esperança, o humor, a leveza e a brincadeira como contrapontos
necessários e presentes na infância, inclusive na nossa. Fomos buscar em nossas
memórias nossos fantasmas e os fizemos dançar frente ao público, com o público, na
rua, no olho do furacão.
Referências
BETTELHEIM, Bruno. Psicanálise nos contos de Fada. Tradução: Arlene Caetano.
Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra, 2002.
GALPÃO CINE-HORTO. Site oficial do Centro Cultural Galpão Cine-Horto.
Disponível em: www.galpaocinehorto.com.br Acessado em: 03/08/2013.
GRIMM, Jacob & Wilhem. Contos Infantis, Domésticos e Maravilhosos. São Paulo:
Cosac Naify, 2012.
MUNIZ, Mariana Lima. La Improvisación como espectáculo. Tese Doutoral. Alcalá
de Henares: Universidad de Alcalá, 2005.
PENIDO, Bete & MUNIZ, Mariana Lima. Fábulas Errantes. Belo Horizonte, 2013.
(texto dramatúrgico inédito).

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Artigo fábulas errantes

  • 1. Fábulas Errantes: fantasma e desejo dançando no meio da rua, no olho do furacão. Mariana Lima Muniz1 Este texto tem como rumo errar sobre o processo de criação do espetáculo de rua Fábulas Errantes, baseado nos contos originais dos irmãos Grimm, dirigido por mim e realizado pelo Galpão Cine-Horto no projeto Pé na Rua. Esse processo iniciou-se no final de 2012 com o convite do Galpão Cine-Horto para a direção de um espetáculo de rua a ser realizado com parte do elenco do Oficinão, outro projeto do centro cultural que consiste na criação de um espetáculo de palco com atores profissionais durante o ano anterior. Como centro cultural vinculado ao Grupo Galpão, coletivo com o qual trabalhei como atriz no espetáculo Tio Vânia, o Cine-Horto tem como objetivo dar continuidade ao processo de formação de atores em diferentes frentes, neste caso específico, proporcionando a um grupo de atores selecionados, uma experiência no palco e outra na rua. Característica comum também ao Grupo Galpão que costuma dividir suas montagens entre estes espaços. A proposta feita por Chico Pelúcio, ator do Grupo Galpão e diretor do Cine-Horto, era fazer um espetáculo que rompesse com a estrutura tradicional do teatro de rua e que pudesse incorporar a improvisação, técnica sobre a qual dedico minhas pesquisas nos últimos doze anos. Concidentemente, Rita Clemente, diretora do Oficinão em 2012, convidou-me para ministrar um breve curso de improvisação aos seus atores que, no ano seguinte, viriam a compor a montagem do Fábulas, possibilitando um primeiro contato entre nós. A improvisação, em linhas gerais, é uma técnica de desbloqueio da criatividade a partir da aceitação do erro e do fracasso como condições inerentes à criação. Portanto, ela pode ser utilizada em diferentes contextos: no ensino de teatro na educação básica, na formação do ator, como processo de criação de espetáculo, em contexto terapêutico, como é o caso do psicodrama, e, ainda, como espetáculo apresentado diante de um público. No entanto, improvisar diante de um público, ou seja colocar-se diante do outro sem acordos prévios, no calor da ação, construindo uma narrativa que desperte e mantenha o interesse do plateia, não é algo fácil para o ator. Exige um tempo grande de aprendizagem de mecanismos de construção cênica e dramatúrgica e, principalmente, de des-aprendizagem da perfeição e da originalidade como valores únicos de apreciação de uma obra artística. Justamente por trabalhar com a improvisação há mais de uma década sei bem que a tarefa de improvisar diante do público não se logra em pouco tempo e demanda uma dedicação e uma maturação maior do que a que teríamos no Pé na Rua. Por isso, sem descartar a improvisação como processo de criação e, eventualmente, como resultado frente ao público, propus um norte que pudesse conduzir nosso processo: os contos dos Irmãos Grimm. Mas porquê os Irmãos Grimm? Por pura intuição. Pouco antes de receber o convite do Cine-horto, estava indo ver um filme no Belas Artes e fui completamente seduzida por uma belíssima encadernação da Cosac Naify da primeira edição destes contos em comemoração ao seu bicentenário. Apesar do preço abusivo, adquiri aquela obra de                                                                                                                 1  Diretora do espetáculo Fábulas Errantes. Professora Titular da Escola de Belas Artes/UFMG. Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Artes EBA/UFMG. Doutora em História, Teoria e Prática do Teatro (Universidad de Alcalá – Espanha).  
  • 2. arte em um impulso e com um pouquinho de culpa, mas consolando-me com uma fala paterna de que a compra de um livro nunca é um gasto a se evitar. Lembrei-me de ter uma coleção completa destes contos na infância que me eram lidos por minha mãe, meu pai, babás e tios. Apesar de já saber ler na época, meu primeiro livro dos irmãos Grimm tinha muito texto e pouquíssimas figuras, assim a voz do leitor parecia imprescindível para mergulhar naquele universo permeado de perigos, medos, ansiedades, desejos, mortes e ressureições. Desde o início do processo, a proposta de levar estes contos para a rua, lugar heterogêneo e democrático, provocou grande expectativa e inquietação na equipe artística. Como tratar da violência, da morte, do abandono, dos medos e dos fantasmas sem provocar nas crianças que nos assistiriam, ou em seus pais, uma repulsa que os fizesse abandonar a cena? Como interpretar personagens que decapitam crianças ou as abandonam à sua própria sorte em um mundo cruel e adverso? E, ainda, como acreditar no recorrente final feliz, na solução mágica que coloca tudo em seu lugar e faz com que as atrocidades vividas pelo herói desapareçam numa promessa de felicidade atemporal? Com todas essas perguntas presentes, nos debruçamos nos mais de 600 contos e em suas interpretações psicanalíticas, guiadas principalmente por Bruno Bettelheim. Entre o primeiro encontro com os atores, em dezembro de 2012, e o primeiro dia de ensaios, em fevereiro de 2013, decorreram-se pouco mais de dois meses. Propus aos atores que lessem todos os contos neste período, bem como o livro Psicanálise nos contos de fada, e escolhessem um personagem, um tema, uma história, um objeto, um espaço ou qualquer outro estímulo que gerasse uma pequena cena, individual ou coletiva, a ser apresentada no parque municipal. Atenção, pois eis que entra um personagem fundamental do nosso processo: o parque. Mas, por quê o Parque Municipal? Porque no parque há árvores, bichos, águas, carrinhos de pipoca, brinquedos de madeira, burrinhos, trenzinhos, pedalinhos, pontes, lambe-lambe e uma infinidade de espaço e personagens. Também porque o parque foi paisagem privilegiada da minha infância nos passeios de domingo com meu pai, lugar onde perdi muitos guarda-chuvas e bolsinhas... Assim como algumas crianças se perderam durante nosso espetáculo e foram encontradas em seguida, para grande alívio de todos. Portanto, começamos nosso primeiro dia de ensaio no parque e entendemos que teríamos que montar nosso espetáculo lá e não em uma sala de teatro vazia e neutra. Não buscávamos a neutralidade e sim as cores e aromas do parque, inclusive os fedidos, suas luzes e também suas trevas. Durante os meses de fevereiro a junho de 2013, fomos ao parque todas as manhãs de 9 às 13hs. Ao chegar, nos deparávamos com grupos de bêbados que havia dormido na rua e aproveitavam o solzinho do parque para se esquentar, muitas mães e seus bebês, adolescentes indo para escola, pessoas correndo, parentes tristes esperando notícias de seus entes queridos internados nos hospitais ao lado, turistas, pipoqueiros e muitos, muitos gatos. Pouco a pouco fomos nos transformando em mais um destes personagens: éramos o “povo-do-teatro”. Também pouco a pouco, essas pessoas foram incluindo nossos ensaios em suas programações matinais e em pouco tempo tínhamos sempre um grupo de dez a vinte a nos acompanharem. Sem saber exatamente como começar, íamos nos aproximando das histórias e, a partir da reação do nosso público-criador, fomos tomando decisões e compondo com o espaço e a plateia nossas Fábulas Errantes.
  • 3. Acreditando que a arte tem algo que pulsa independente das nossas escolhas conscientes e indo na direção que nosso público espontâneo nos apontava, chegamos à estreia e temporada em diversas praças de Minas Gerais e São Paulo. Escolhemos duas histórias praticamente desconhecidas: João meu ouriço e Pé de Zimbro. Essas escolhas também foram bastante intuitivas. Posteriormente percebemos que havia um eixo comum entre elas pois são histórias cujo protagonista masculino passa por uma série de provações, sendo recusados pelo genitor em seu nascimento, até sua redenção no final feliz. Como um entremés entre as duas histórias principais, que são contadas em diferentes lugares do parque, fizemos uma grande brincadeira com a Rapunzel e o mito do amor perfeito ao som de Sidney Magal e com um lembrete bem-humorado de nosso bufão: “ninguém é de ninguém”! O Pé de Zimbro foi nossa grande aposta. Surgiu de um exercício na oficina de narração que fizemos com da Maria Elisa Almeida do grupo Tudo Era Uma Vez. Trata-se uma das histórias mais belas e cruéis dos irmãos Grimm. Nela, a mãe morre de alegria no nascimento de seu filho, deixando seu pai inconsolável. O tempo passa e ele se casa novamente com uma mulher que também tem uma filha. A nova mãe, ambiciosa, não queria que sua herança fosse dividida entre sua filha e o enteado. Um dia, a madrasta acaba por cortar a cabeça do menino com a fechadura de um baú, coloca a culpa em sua filha, pica o enteado em pedacinhos e o serve ao marido em um delicioso molho escabeche. Não é difícil imaginar os olhos arregalado dos pais ouvindo todas essas atrocidades. As crianças, no entanto, permanecem sempre atentas com uma convicção íntima de que a coisa acaba bem, como realmente acontece. Ao decidir-nos por este conto, bem como pela história do João - que nasce metade homem, metade porco espinho e é escondido pelos pais atrás do fogão até ser um rapaz e ir morar sozinho na floresta- sabíamos que estávamos tocando em questões universais e importantes tanto para nós, quanto para o público. Por isso, procuramos o Aleph – escola de psicanálise e nos encontramos para discutir a dramaturgia que estava sendo iniciada, bem como nossas primeiras experiências com o público. Com os encontros, nos sentimos mais seguros para abordar estes temas e essa segurança foi transformando a atrocidade narrada em mais um dos diversos elementos do conto, não o principal. Finalmente, a recepção do espetáculo foi extremamente positiva. O principal retorno que recebemos foi o de ter apostado nos contos em sua plenitude, ou seja, em sua violência e em sua beleza. Fugindo do politicamente correto, arriscamos e encenamos a dor, a morte e o abandono para muitas crianças curiosas e pais boquiabertos. Também trouxemos a esperança, o humor, a leveza e a brincadeira como contrapontos necessários e presentes na infância, inclusive na nossa. Fomos buscar em nossas memórias nossos fantasmas e os fizemos dançar frente ao público, com o público, na rua, no olho do furacão. Referências BETTELHEIM, Bruno. Psicanálise nos contos de Fada. Tradução: Arlene Caetano. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra, 2002. GALPÃO CINE-HORTO. Site oficial do Centro Cultural Galpão Cine-Horto. Disponível em: www.galpaocinehorto.com.br Acessado em: 03/08/2013. GRIMM, Jacob & Wilhem. Contos Infantis, Domésticos e Maravilhosos. São Paulo:
  • 4. Cosac Naify, 2012. MUNIZ, Mariana Lima. La Improvisación como espectáculo. Tese Doutoral. Alcalá de Henares: Universidad de Alcalá, 2005. PENIDO, Bete & MUNIZ, Mariana Lima. Fábulas Errantes. Belo Horizonte, 2013. (texto dramatúrgico inédito).