Informativo Maçônico com Ensinamentos sobre os Três Pontos
1. JB NEWS
Informativo Nr. 307
Editoria: Ir Jerônimo Borges
Loja Templários da Nova Era nr. 91
Quintas-feiras – 20h00 – Templo “Obreiros da Paz”
Praia de Canasvieiras
Florianópolis (SC), 30 de junho de 2011
Índice desta sexta-feira:
1. Almanaque
2. Os Três Pontos Maçônicos (Ir. Jellis Fernando de Carvalho)
3. Tudo que é sólido se desmancha no ar (Ir. Davys Sleman de Negreiros)
4. Os Inimigos da Luz (Ir. Paulo Moura)
5. Destaques JB
2. 6.
7.
Ir Jorge Sarobe (Loja Templários da Nova Era)
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3. 1097 - Batalha de Dorileia na Primeira Cruzada.
1098 - Eclipse total do Sol.
1722 - É executada, em Portugal, a última mulher condenada à pena de morte.
1849 - Queda da República Romana frente às tropas francesas.
1863 - Começa a Batalha de Gettysburg, ponto de viragem da Guerra Civil Americana.
1873 - A Ilha do Príncipe Eduardo junta-se à Confederação Canadense.
1894 - O Club de Regatas Botafogo é fundado.
1905 - É fundada a cidade de Assis, no interior de São Paulo. O município fica a 440
quilômetros a oeste da capital paulista.
1906 - Data oficial da Fundação do Sporting Clube de Portugal.
1912 - Aniversário de Divinópolis,município de Minas Gerais.
1914 - Em Londres, o cientista Archibald Low apresentou um aparelho para emissão de
imagens a distância, a que deu o nome de "televisão".
1916 - Cerca de 60 mil soldados britânicos morreram em apenas um dia na Ofensiva
Somme, ofensiva militar que envolveu a França e o Reino Unido.
1921 - Primeiro Congresso Nacional do Partido Comunista da China.
1925 - António Maria da Silva torna-se primeiro-ministro de Portugal, em substituição de
Vitorino de Carvalho Guimarães.
1937 - A Inglaterra lançou o primeiro serviço telefônico para atendimento de
emergências.
1944 - Início da Conferência de Bretton Woods, na qual é idealizada a criação do Fundo
Monetário Internacional.
1946 - Os Estados Unidos jogaram uma bomba atômica no atol de Bikini, no Oceano
Pacífico.
1955 - Desastre aéreo na Serra do Carvalho - Vila Nova de Poiares
1960 - Independência da Somália.
4. 1962 - Independência da Ruanda e do Burundi.
1970 - Ocorre a marcha em lembrança ao motim iniciado em 28 de Junho de 1969 (com
duração de mais dois dias) em frente ao bar Stonewall Inn (Nova Iorque), precursora das
atuais Paradas do Orgulho Gay.
1970 - Um avião da Cruzeiro do Sul foi seqüestrado com 34 passageiros. Os
seqüestradores, que voltaram para o Rio de Janeiro e exigiram a libertação de presos
políticos, foram presos pela Força Aérea Brasileira.
1972 - Os terroristas alemães Andreas Baader, Jan-Carl Raspe e Holger Meins são
capturados em Frankfurt am Main.
1974 - Morreu, aos 78 anos, Juan Domingo Perón, presidente da Argentina.
1974 - A lei que determinou a união dos estados da Guanabara e Rio de Janeiro foi
sancionada.
1976 - A ilha da Madeira, em Portugal, torna-se Região Autónoma, pela Constituição
Portuguesa de 1976
1979 - A Sony lançou o walkman, primeiro toca-fitas portátil da história. O modelo
pesava 390 gramas.
1980 - O Canada é declarado hino oficial do Canadá.
1994 - Um novo plano econômico mudou a moeda brasileira do Cruzeiro para o Real. A
proposta era de que o Real mantivesse paridade com o Dólar.
1997 - A soberania sobre Hong Kong é entregue pelo Reino Unido à República Popular
da China.
2004 - A sonda Cassini-Huygens faz a entrada na órbita de Saturno às 01h 12min e
termina às 02h 48min (Hora Universal).
2004 - Morre, aos 80 anos, o ator norte-americano Marlon Brando. Ele foi vítima de
complicações pulmonares. Brando ganhou dois Oscar, um deles pelo papel de Don Vito
Corleone no filme O Poderoso Chefão (1972).
Dia das Almas dos Antepassados
Dia da Vacina BCG
Dia Internacional do Cooperativismo
Feriado no Canadá, comemorando o Dia do Canadá que celebra sua independência.
Feriado na China, comemorando o dia da Fundação do Partido Comunista da China
Dia da Força Aérea Portuguesa
Dia da Região Autónoma da Madeira
Mitologia celta: Dia das Dríades, os espíritos das árvores.
Santos do dia
Santo Aarão, primeiro Sumo Sacerdote dos judeus.
Santa Ester, personagem do Livro de Ester.
5. (fonte: “O Livro dos Dias” e arquivo pessoal)
1768:
Fundação da Grande Loja das Três Chaves, de Ratisbon, Alemanha.
1869:
Iniciação de Rui Barbosa na Loja América, de São Paulo, aos dezenove anos.
1869:
Quando a Loja Vigilância foi fundada ocupava o 1º malhete do GOB o
educador Dr. Joaquim Marcelino de Brito, 8º Grão-Mestre daquela histórica
potência nacional. No dia 1º de julho de 1869 foi realizada a sessão magna de
regularização e filiação do Sublime Capítulo Vigilância.
1899:
Fundação da Loja União III Luz e Trabalho nr. 1329 de Porto União (GOB/SC
1977:
Fundação da Loja Alferes Tiradentes nr. 20 de Florianópolis (GLSC)
1989:
Fundação da Grande Loja do Hawaii, dos Maçons Antigos e Aceitos.
6. Ir.·. Jellis Fernando de Carvalho
O estudo da maçonaria esotérica repousa em grande parte no
conhecimento do ternário. Os três pontos usados após o nosso nome
representam o maior emblema entregue ao aprendiz na sua iniciação e
que o acompanhará por toda a vida e em qualquer grau que ele venha a
alcançar no futuro. Eles resguardam um profundo e infinito segredo,
onde estão guardadas as respostas para o mistério de todo o universo: a
origem de todas as coisas e de todos os seres. Por conseguinte, de sua
significação esotérica, nos mostram e nos orientam sobre quais atitudes e
comportamentos que o sincero e mais abnegado franco maçom deve
empreender em sua vida, a fim de que possa entender a verdades
contidas em seus ensinamentos.
Esta pequena peça arquitetônica, longe, encontra-se de sintetizar todo o
significado dos três pontos maçônicos; porém tenta-se discorrer um
pouco sobre o seu simbolismo e nos chama a atenção para o valor oculto
das coisas que não podem ser esquecidas pelo iniciado na ordem
maçônica.
A origem do ternário tem seu início a partir do binário. Este, por sua vez,
constitui uma manifestação do princípio da Unidade, do todo, segundo
os antigos "E n to Pan"- "Uno o Todo". O todo é Uno em sua realidade,
em sua essência e substância, tudo vem da Unidade, que está contido e é
sustentado por si mesmo. Sua representação é o ponto, origem da linha
reta, do círculo. Deste círculo, parte a linha reta, cuja representação é a
força que impõem direção rumo ao progresso retilíneo, como resultado
7. de uma força individual centrada no ponto ou centro de nosso ser. Como
manifestação humana podemos traduzi-la pelo desenvolvimento
progressivo e progressista das potencialidades latentes nas virtudes ou
poderes ativos.
Como resultado dessa necessidade de expressão, a unidade possui
realidade. Essa manifestação da mesma, toma-se forma como
manifestação da unidade. Daí surge como dualidade deste processo, o
segundo ponto. Esse caráter dual aparece em várias formas, entrelaçadas
em pares opostos. Esta propriedade marca o mundo dos efeitos(sua
expressão) e a lei que governa toda a manifestação ( a unidade). A
dualidade expressa-se de várias maneiras no mundo profano: temos dois
olhos para dois ouvidos aos quais correspondem dois hemisférios
cerebrais(instrumentos orgânicos da inteligência); duas mãos e dois pés,
instrumentos de nossa vontade. No mundo esotérico: o bem e o mal, as
duas colunas, o princípio da vida sob o aspecto do pai e da mãe, o
espaço e tempo, o céu e a terra, o esquadro e o compasso e o ângulo, no
qual duas linhas diferentes partem de um único ponto, divergindo-se e
prolongando-se à medida que se afastam das origem.
A manifestação da dualidade em sua atividade de pares opostos, assim
como a luz se opõe às trevas; o calor e o frio ou complementar, encontra
um terceiro elemento, o intermediário ou equilibrante ou princípio da
harmonia. No caso das idéias, após examinarmos a tese e a antítese,
temos a conclusão de tal situação, que é a síntese dos argumentos
favoráveis e dos contrários. Todo ternário nasce da dualidade acrescida
de uma nova unidade. Os três pontos maçônicos constituem o mais
simples e característico emblema do ternário. O ponto superior
representa a unidade fundamental, o absoluto. Os dois pontos inferiores
são a imagem da dualidade, as duas colunas, cuja união de múltiplas
ações e reações é produzida a multiplicidade fenomênica do universo. Se
traçarmos duas linhas entre o ponto superior e os dois inferiores, temos
um ângulo que expressa a dualidade dos dois princípios, oriundos da
emanação de um só princípio. Ao traçarmos uma linha que uma os dois
pontos inferiores, teremos o triângulo, representando o terceiro que
8. aparece como novo aspecto da unidade absoluta. Isoladamente, os três
pontos mostram os três princípios que constituem a unidade e a
dualidade da manifestação. O ponto superior corresponde ao Oriente e
ao mundo absoluto da realidade. Os dois inferiores ao Ocidente, ou seja,
o mundo relativo, o mundo da aparência. Na loja, às duas colunas
emblemáticas da dualidade.
Como pequena síntese do ternário e sua respectiva aplicação na vida
maçônica dos iniciados, empreende-se que o progresso pessoal dentro da
maçonaria requer que a inteligência se erga sobre o domínio da mente
concreta (aspectos da dualidade e dos opostos),os dois pontos inferiores,
situando-se no sentimento e na consciência da Unidade( ponto superior),
chegando-se na essência de todos os seres através das faculdades
superiores da mente que se baseiam na unidade,assim como a mente
concreta baseia sua lógica e suas conclusões no sentido da dualidade. A
iluminação maçônica se faz quando progredimos desde o Ocidente, que
é o reino da ilusão, da multiplicidade e da aparência, em direção ao
Oriente, o reino do real, da unidade e do ser. Passa-se a reconhecer no
Ocidente o uno em diversos seres e coisas; no Oriente temos a Unidade
na multiplicidade.
9. TUDO QUE É SÓLIDO SE DESMANCHA NO AR: CONVENCIONALISMO MAÇÔNICO NUMA VISÃO
SOCIOLÓGICA
Davys Sleman de Negreiros
BLSLoja Thêmis & Ágora nr. 20 – Rolim Moura/RO
GLOMARON
Embora muitas outras ciências diferentes da Sociologia se ocupem de aspectos
sociais do homem, nenhuma delas tem o fato da convivência e das relações
interhumanas como tema central de estudo, por esse fato, a acreditamos ser
interessante utilizarmos os conceitos e instrumentais sociológicos para
analisarmos e compreendermos o processo da Iniciação Maçônica.
Conquanto cada uma das outras ciências toquem nos aspectos sociais da vida do
homem, nenhuma delas tem como tema próprio e específico o fato social como
tal. Pelo contrário a Sociologia é a única ciência que quer estudar o fato social
10. especificamente, o fato da convivência, das atividades e relações interhumanas.
―Como sociólogos, estamos interessados nas relações sociais, não porque tais
relações sejam econômicas, ou políticas, ou religiosas, mas sim porque são ao
mesmo tempo sociais. Se duas pessoas se encontram no mercado, não são por
isso meramente dois “homens econômicos”, mas sim dois seres humanos, e
entram em relações que não são meramente econômicas. A vida do homem é
multilateral.‖ (MACIVER, 1950:05)
Efetivamente, a vida do homem tem dimensões e várias funções: religiosa, moral,
jurídica, política, econômica, artística, etc. Pois bem, todas essas dimensões ou
funções ocorrem e se desenvolvem na existência social do homem, isto é, do
homem enquanto tem relações com seus próximos. Os homens mantêm relações
uns com os outros. Assim ocorre, porque são essencialmente sociáveis, seja dito
de passagem, não só pelos motivos que já Aristóteles expusera, ―o homem por si
só, é uma animal social‖, mas também por razões muito mais profundas: a
sociabilidade é um componente essencial da vida humana, a tal ponto que esta
seria impossível e mesmo inconcebível sem sua componente social.
Desse modo, o estudo sociológico deparará em seu caminho, fatores e fatos
psíquicos, com crenças religiosas, com fenômenos políticos, com processos
econômicos, com estruturas jurídicas..., e nada disso poderá ser abstraído e
deixado inteiramente de lado. Porém o estudo sociológico não se interessa pelo
psicológico enquanto psicológico, nem pelo religioso enquanto religioso, nem
pelo político enquanto político, nem econômico enquanto econômico, nem pelo
jurídico enquanto jurídico..., e sim se interessa por esses aspectos somente na
medida em que a consideração dessas atividades e obras culturais possa lançar
alguma luz sobre os fatos, relações e processos sociais, enquanto tais, e na medida
em que a índole desses conteúdos culturais influa sobre a estrutura das relações e
sobre os caracteres dos processos sociais.
Apesar de ser a compreensão dos fatos sociais um elemento essencial e
indispensável do estudo da Sociologia, este mesmo estudo não se esgota nela.
Requer, além da compreensão, que procedamos também à explicação, porque os
fatos humanos, conquanto tenham sentido, não são puros sentidos abstratos, mas
sim realidades concretas, no espaço e no tempo, realidades essas que possuem um
sentido. Porque o Rito de Iniciação Maçônico e as variadas Instruções nos
respectivos graus têm um sentido, é necessário que tentemos compreendê-las.
Mas, porque são realidades produzidas por causas e geradoras de efeitos, é
necessário que, além disso, tratemos de explicá-las quanto a seu processo causal,
11. ou seja, cumpre que indaguemos de suas causas e de seus efeitos individuais e
coletivos.
I - MODOS COLETIVOS DE CONDUTA: OS RITOS
Um dos componentes fundamentais dos grupos e das sociedades humanas é o
processo ritual. Os ritos e as cerimônias (significa qualquer procedimento
estabelecido para dar dignidade e solenidade a um ato social, e ressaltar desse
modo, sua importância ou transcendência) permeiam todo o grupamento social,
desde as sociedades primitivas até as modernas sociedades pós-industriais. Os
sociólogos contemporâneos afirmam que temos um comportamento ritual quando
amamos e fuzilamos, quando nascemos e morremos, quando noivamos ou
casamos, quando ordenamos e oramos. Os rituais revelam os valores mais
profundos do comportamento humano e o estudo dos ritos torna-se
estrategicamente a chave para compreender-se a constituição essencial das
sociedades humanas.
Estudam-se hoje os ritos como um fenômeno social que possui um espaço
independente, isto é, como um objeto dotado de uma autonomia relativa em
termos de outros domínios do mundo social, e não mais como um dado
secundário, uma espécie de apêndice ou agente específico e nobre dos atos
classificados como mágicos pelos estudiosos.
Assim, designa-se rito a uma série de atos dispostos em procedimentos rítmico,
dirigidos ao mesmo fim e repetidos sem variação de umas formas instituídas em
certas ocasiões. Podem existir ritos individuais relacionados com atividades
rotineiras da vida cotidiana, como por exemplo na ordem dos atos de vestir-se,
pentear os cabelos ou na arrumação de um aposento, etc. Mas a maior parte dos
ritos são sociais – e são estes os que aqui daremos o nosso foco -, os quais têm
como sentido e objeto dar uma solenidade especial ao cumprimento de modos
coletivos de vida, solenidade essa que infunda respeito e suscite emoções comuns
nos membros do grupo reunidos. Existem ritos religiosos que, além de seu caráter
sacro, contribuem para infundir devoção, reverência, sentimento de dependência,
correntes emocionais de fusão com a comunidade dos fiéis, etc. Existem ritos
políticos ou meramente sociais – como os praticados em certas reuniões de
confraternidades – agrícolas, mercantis – principalmente em sociedades
primitivas ou antigas, etc.
O rito contribui para delimitar com mais precisão e rigor o grupo e o círculo
social, fundindo emocionalmente aos seus membros, e, os diferenciando de outras
12. pessoas não membros, que costumam permanecer frias ante os atos que, ao
contrário, suscitam fortes emoções nos participantes; como também, os ritos são
meios poderosos para manter vivo o sentimento de pertença a um grupo, para
conservar a adesão aos seus modos coletivos, para unir mais estreitamente os seus
membros, e para afirmar e reforçar sua significação e sua estrutura, que podem
era verificadas pela existência das insígnias, dos trajes cerimoniais, das
solenidades, que mantém a distância entre os dirigentes e o público, e a
hierarquia, que é a base da organização do grupo. (ORTEGA & GASSET, 1959;
LIENHARDT, 1974; VAN GENNEP, 1978; CASSIRER, 1986; ULLMANN,
1991; ELIADE, 1993)
Explicitando a complexidade dos ritos, dentre os quais vamos enfatizar os
chamados ritos de passagem, que nada mais são que celebrações em que se coloca
em relevo a mudança de um estado para outro (por exemplo a passagem de
profano em neófito). Podemos dizer ainda, serem ritos em que se destaca a
transição de alguém da sociedade profana para uma sociedade sagrada. ―Procuram
assegurar a transição para o ignoto, o novum‖ (CASSIER, 1986:64). Por outro
lado, antologicamente os ritos de passagem podem ser vistos sob três grandes
subdivisões: ritos de separação, ritos de margem e ritos de agregação. Segundo
Van Gennep (1978:31) ―essas três categorias secundárias não são igualmente
desenvolvidas em uma mesma população nem em um mesmo conjunto
cerimonial‖.
Os ritos de separação, referindo-se às cerimônias funerais e à separação dos
noivos de sua casa paterna, quando contraem matrimônio; fala-se em ritos de
agregação quando trata do casamento. Utilizam-se os termos ritos de margem, ao
enfocar os ritos respeitantes, diretamente, à iniciação como tal, em que o
indivíduo ou os indivíduos são colocados, temporariamente, à margem do grupo,
para receber instruções especiais, dentro duma sistemática tradicional. Se, por
conseguinte, o esquema completo dos ritos de passagem admite em teoria ritos
preliminares (separação), liminares (margem), e pós-liminares (agregação), na
prática estamos longe de encontrar a equivalência dos três grupos, quer no que diz
respeito à importância deles quer no grau de elaboração que apresentam. Além
disso, em certos casos, o esquema se desdobra, o que acontece quando a margem
é bastante desenvolvida para constituir uma etapa autônoma. Assim é que o
noivado constitui realmente um período de margem entre a adolescência e o
casamento.
Mas, a passagem da adolescência ao noivado comporta uma série especial de ritos
de separação, de margem e de agregação à margem. A passagem do noivado ao
13. casamento supõe uma série de ritos de separação da margem, de margem e de
agregação ao casamento. Esta mistura é também verificada no conjunto
constituído pelos ritos de gravidez, do parto e do nascimento. Embora procuramos
agrupar todos esses ritos com a maior clareza possível facilitando a análise do
ponto de vista didático, tratando-os como atividades, não se pode chegar nestas
matérias a uma classificação tão rígida.
II - SÍMBOLOS E UNIDADE COLETIVA
A adequação da conduta aos modos coletivos e o reconhecimento da autoridade
não chegaria a vingar, os ritos e as cerimônias careceriam de sentido, se não fosse
pelo fato de que o homem social possui a capacidade de criar e usar símbolos.
"Todo comportamento humano consiste no uso de símbolos, ou depende disto.
Comportamento humano é comportamento simbólico, e, comportamento
simbólico é comportamento humano. O símbolo é o universo da humanidade."
(WILLEMS, 1962:234)
Alguns sociólogos observam que diferentemente do animal, o homem não vive
num mundo de fatos crus e somente ao compasso de suas necessidades e desejos
imediatos, mas, além disso, e principalmente, vive num mundo de símbolos. A
linguagem, a religião, a arte, a política, os grupos sociais, constituem parte desse
mundo simbólico, formam os diversos fios que tecem a rede simbólica. O homem
não se enfrenta com a realidade de um modo imediato e direto; não a costuma ver
face a face. Envolve-se a si mesmo em formas lingüísticas, em imagens artísticas,
em símbolos, de tal modo que vê as coisas por meio da interposição dessa trama
de símbolos. Um símbolo, diz Titiev (1972), é a representação externa de um
sentido ou de um valor, que, por associação, transmite uma idéia ou estimula um
sentimento, ou ambas as coisas ao mesmo tempo. A unidade do grupo, como
também, os seus valores culturais, costumam expressar-se simbolicamente.
Assim, por exemplo, na nação, por meio da bandeira, do escudo, do hino
nacional...
O símbolo, como já foi comentado, é alguma coisa cujo o valor ou significado é
atribuído pelas pessoas que o usam. Dizemos ―coisa‖ porque um símbolo pode
assumir qualquer forma física; pode ter a forma de um objeto material, uma cor,
um som, um cheiro, o movimento de um objeto, um gosto. É importante frisar,
que o significado ou valor de um símbolo não deriva nunca, nem é determinado
pelas propriedades intrínsecas de sua forma física: a cor apropriada para o luto
pode ser amarelo, verde ou outra qualquer; a púrpura não é necessariamente a cor
14. da realeza; entre os governantes Manchu da China, por exemplo, era o amarelo. O
significado dos símbolos é derivado e determinado pelos organismos que os
usam; sentidos são atribuídos pelos seres humanos a formas físicas que então se
tornam símbolos.
Estas considerações nos levam a definir do seguinte modo o nível da realidade
social que estamos discutindo: os símbolos sociais são signos (isto é, substitutos
conscientes ou presenças intencionalmente introduzidas e invocadas para indicar
ausências) que não exprimem senão parcialmente os conteúdos significados e que
servem de mediadores entre os conteúdos de um lado, e os agentes coletivos e
individuais que os formulam e para os quais estão dirigidos, de outro, consistindo
a mediação em impelir, para uma participação mútua, os agentes aos conteúdos e
os conteúdos aos agentes.
Apresentado esta parte mais conceitual primeiramente, trataremos agora de
aplicar tais instrumentos ao Rito de Iniciação e aos aspectos provenientes da
primeira Instrução.
III - COMPREENDENDO O RITO DE INICIAÇÃO PELA ÓTICA
SOCIOLÓGICA
A par daqueles conceitos anteriormente discutidos, concluímos que todo o
processo da Cerimônia de Iniciação, pelo qual recentemente passamos, é, assim,
um rito de passagem do mundo profano ao mundo sagrado. Afinal, pelas leituras
que temos realizado, pelas discussões e bate-papos com os IIr.'. mais iluminados,
uma vez ocorrida a iniciação, nós AApr.'. vamos passar por todo um processo de
nos evadirmos pouco a pouco de um mundo essencialmente profano e iremos
ingressar numa área um pouco mais sagrada, buscando dia-a-dia alcançar o grau
de Companheiro, para finalmente atingirmos a chamada plenitude maçônica. ―A
senda em busca de apaziguar esta ânsia do sagrado prossegue nos altos graus e
por que não dizer só termina com a morte‖ (ADOUM, 1987:79). Todo este
período, que vai da iniciação até a morte terrena, pode ser chamado de um rito de
margem ou de liminaridade, pois o processo de aprendizagem e maturação só
encontrará o seu final, para efeito de análise, na morte terrena. Dentro desse
período de margem de longo prazo, participaremos se assim o GADUnos
iluminar, dos mais diversos ritos de passagem, ou seja, de um grau para o outro.
Nesse momento peço a permissão para me dirigir na primeira pessoa, como forma
de demonstrar o sentimento vivenciado. Relembrando a minha preparação como
neófito: Meu padrinho foi me buscar em casa com o seu carro, eu estava de terno,
15. sapatos, meias e gravata preta, além da camisa branca como ele me havia
solicitado, percorremos alguns quilômetros, quando de repente ele parou ao lado
de uma frondosa árvore. Perguntei-lhe. Houve algum problema? Respondeu-me.
Não, a partir de agora irá comigo com os olhos vendados e deitado no banco
traseiro, sem questionar realizei o que foi me pedido. Durante todo o trajeto, ouvi
dele a seguinte explicação: a sua iniciação está começando aqui nesse momento,
um Maçom deverá sempre confiar em seu Irmão, e deverá ser sempre um bom
guia não só dos seus Irmãos, mas, também, de todos os homens na face da terra.
Hoje, com os olhos vendados, você passará simbolicamente por todas as provas
que os nossos antepassados passaram, irá sentir o ranger dos dentes, a violência
do trovão, a força de um mar revolto, o calor do fogo e o tilintar do ferro. Será
convidado a tomar uma taça de um doce vinho que poderá se transformar em
amargo veneno se perjuro estiver cometendo. Tudo isto fará parte das viagens
simbólicas que você realizará num local apropriado. Irá subir escadas, atravessará
por estreitos túneis, saltará de um monte, mas não se preocupe você estará sempre
amparado por aqueles que te escolheram como Ir.'.. O Ir.'. Terrível te guiará
durante todo esse período, portanto, confie nele, assim como confia em mim,
afinal, dessa data em diante, esse deverá ser o procedimento que deverá nortear
toda a tua existência.
Eu nada podia ver, porém, sentia cada momento como se uma imensa luz
estivesse a me iluminar, sentia o seu calor, e com os olhos do espírito comecei
enxergar, da minha infância até hoje, como um filme repassei cada momento, esta
imensa luz colocava tudo em uma balança, confesso, o lado dos vícios ficou
muito mais pesado do que os da virtude, compreendi então porque G.'.A.'.D.'.U.'.
ali me havia colocado e me dado essa oportunidade.
De repente o carro foi diminuindo a velocidade e parou, eu ouvi o barulho de
abertura de um portão, parecia de ferro, algo pesado, observando o meu semblante
de apreensão e interrogativo, o meu Padrinho falou: estamos chegando... te
entregarei a comissão encarregada da sua iniciação que depois de recolhido os
seus metais (relógio, pulseira, aliança, anel, dinheiro) te entregarão de volta a mim
para que eu então, te entregue ao Ir.'. Terrível, e a partir desse momento, nem
mesmo eu você identificará entre os que estarão a sua volta, porém, volto a frisar,
você estará protegido pelos IIr.'. aqui presentes e por todos os Irmãos em todos os
Continentes Conhecidos e Desconhecidos.
Antes de me entregar ao Ir.'. Terrível definitivamente, o meu Padrinho fez as
últimas considerações: esperamos que você venha compreender o significado de
tudo por que irá passar, se você perder um só momento, se desviar a tua atenção
mental, se estes momentos não penetrarem no teu espírito como ferro em brasa
16. penetra na carne, cuja cicatriz se perpetua por toda a eternidade, jamais será um
iniciado, e tão somente um Maçom. Até porque, hoje, você matará o homem
velho e nascerá como um homem novo, cujo objetivo maior será sempre o de
LEVANTAR TT À VIRTUDE E CAVAR PROFUNDAS E ESCURAS
MASMORRAS AO VÍCIO.
Denota-se já até esse momento de prepação um rito de separação:
1. Os olhos vendados querem exprimir o estado de cegueira em que nos
encontramos ainda como candidatos à Nossa Ordem. Este estado significa e
simboliza as trevas, onde ainda como Profanos, nos encontramos porque
ainda não recebemos a luz, ou melhor, materialmente significa a privação
da vista, mas, espiritualmente, alude à cegueira que estamos enquanto
iniciados e a necessidade que teremos de um guia que nos oriente em
direção à Luz. ―(...) Luz esta que nos guiará na estrada da vida maçônica,
nos caminhos da virtude...‖ (CASTELLANI, 1985:174), como também, a
venda dos olhos simboliza a morte de um órgão vital e estratégico que
deverá renascer em um novo estágio de consciência compatível com um
recinto mais sacralizado, ou seja, é a condução ao conhecimento por uma
iluminação interna, afinal, acredita-se que dentro da noite das nossas
consciências, há uma centelha que nos basta atiçar para transformá-la em
Luz esplêndida, onde a via intuitiva parece primordial para partirmos nesta
marcha ascensional em direção à Luz. Assim, a venda que ao mesmo tempo
nos priva de nossa visão física, nos reduz, alegoricamente, ao estado de
natureza, no nosso primórdio primitivo;
2. Fomos separados dos nossos metais, talvez simbolizando o despojamento
de nossas riquezas do mundo profano, ou como o nos foi explicado naquele
dia, que procedendo assim era como praticássemos o abandono voluntário
de toda e qualquer paixão, de tudo quanto há de fictício e vão, no mundo
profano; recordo também que nos explicaram que ali estávamos para
conquistar a Liberdade e que o homem, que aspira ser livre, deve aprender
a se desprender das coisas fúteis e a reduzir as suas necessidades ao mínimo
necessário; e acrescentaram que o despojamento de nossos metais
representava, alegoricamente, o esquecimento das riquezas e dos
preconceitos da sociedade profana. ―Agora despojados de vossos metais, é
como se estivésseis em estado de necessidade integral‖ (VASSAL,
2005:23);
3. Continuaram a nos despir. Nos tiraram o lado esquerdo de nossa camisa,
deixando descoberto o peito e o braço esquerdo, depois pediram que
17. descalçássemos o pé esquerdo, e, finalmente nos arregaçaram a perna
direita de nossa calça, deixando a descoberto nosso joelho direito - ―nem
nu, nem vestido‖, alegoricamente simbolizando o desnudamento das vestes
profanas, pedindo humildemente o ingresso no sagrado. Vejamos e
relembremos, estávamos com o coração a descoberto o que evidenciava que
não fazíamos qualquer restrição egoísta e oferecíamos nosso próprio
coração à nossa Ordem. O joelho direito descoberto destinava-se a nos
colocar em contato com o solo sagrado, quando ajoelhamos diante dos
altares. O pé esquerdo descalço é uma tradição do Oriente e da África, onde
as pessoas se descalçam, antes de pisarem num solo considerado sagrado.
―Na realidade, assim posto, quando o candidato se ajoelha, colocando o
joelho direito em terra, a sua perna esquerda, posta em esquadria, o pé
descalço funciona como o pólo oposto.‖ (VASSAL, 2005:27) Outrossim,
como em outras culturas, o joelho direito descoberto é a alegoria do
sentimento de humildade, no ato de genuflexão e no esforço de pesquisa da
Verdade. Assim, todos os nossos atos de adoração, além de se revestirem
numa maior sinceridade, de se prestarem a imantação, por sua postura, tem
como significado expressarem um profundo respeito pelo solo sagrado, que
se palmilha.
A Câmara de Reflexões, o Testamento, enfim, a Prova da Terra foram, mais uma
vez, o exercício para a morte do homem profano para um renascimento mais
consciente em outra esfera do sagrado. Simbolicamente esta descida aos infernos
ou pelo menos às profundezas da terra, como nos antigos mistérios greco-
orientais, das remotas iniciações, do fundo dos milênios, pode ser considerado um
rito de separação para uma longa viagem.
Assim preparados, fomos entregues ao Ir.'.Exp. Ele nos bateu, levemente, no
ombro e disse: - ―Sou o vosso guia; tende confiança em mim e nada receeis‖. E
nos deu várias voltas pelo edifício, até que perceberam que já havíamos perdido o
sentido de orientação. Então, fomos introduzidos, cada um individualmente, na
Câmara de Reflexões. O Ir.'. Exp, dando à sua voz uma inflexão um pouco
fúnebre, disse: - ―Profano, deixo-vos entregue às vossas reflexões. Não estareis
sozinho. Deus, que tudo vê, será testemunha da vossa sinceridade‖. E tirou a
nossa venda. Lembro-me que me causou uma má impressão aquele lugar, um
quarto fechado, uma espécie de caverna pintada de preto, sem janelas e ilustrada
por símbolos de morte. Tendo como base o conhecimento de outras culturas que
se utilizam em seus processos iniciáticos de objetos alegóricos, após alguns
momentos sozinho naquele local, passei a compreendê-los e identificar os
objetivos da sua existência. Por essa descrição consegui compreender a
18. mensagem iniciática ―SOMOS PÓ E AO PÓ REVERTEREMOS‖, ela explica a
idéia da caverna e o sentido essencial da iniciação, ou melhor, aquela Câmara,
impenetrável à luz do dia, cercada de emblemas fúnebres, vem representar
alegoricamente o seio da Terra, ao qual baixamos.
Na realidade, ali somos mantidos, simbolicamente como sepultados, afinal
qualquer iniciação é uma morte, seguida de um renascimento, ou, tudo ali não
passa de um convite para nos induzir a meditar sobre os transcendentes problemas
da vida e da morte. Assim sendo, na Câmara existia: uma mesinha, um tamborete,
uma vela que pouco iluminava, naquela escuridão total de túmulo, um crânio
(símbolo da morte e do renascimento para a vida espiritual, ou seja, normalmente
também se utiliza desse objeto no intuito de nos advertir que devemos nos
despojar de nossa personalidade, afim de prepará-la para o renascimento que
normalmente se ambiciona), um galo (representando o despertador da esperança e
o anunciador da ressurreição, ou em outras palavras, é ele que anuncia todos os
dias com o seu canto o aparecer do dia, a luz), acima dele uma frase num papel
―Vigilância e Perseverança‖ (somente trabalho contínuo e a paciente perseverança
nos levará a alcançar a Iniciação), uma ampulheta, uma foice, um caixão, (vem
nos lembrar que a obra do tempo domina e sobrepuja as formas transitórias),
gravadas em branco algumas frases agressivas, acredito que destinadas a nos
provocarem impacto e bem a minha frente uma sigla que após passar todo esse
processo, admito que fiquei curioso e fui buscar a sua explicação: V.I.T.R.I.O.L. ,
―Visitas o interior da terra, retificando, encontrarás a pedra oculta‖, já que a
alegoria fundamental da iniciação é a morte, preliminar de uma nova vida, que
originará o renascimento iniciático, V.I.T.R.I.O.L., pode ser assim analisado: que
devemos descer às profundezas do nosso eu interior e, retificar o nosso ponto de
vista, no silêncio e na meditação, afinal, até porque somente dentro de cada um de
nós, encontraremos a sabedoria.
Após um determinado tempo, o Ir.'. Terrível, encapuzado, voltou ao nosso
encontro, ingressou em nosso túmulo e disse: - Profano, a Associação de que
desejas fazer parte, pede para respondas às perguntas que te apresento. As tuas
respostas não nos ofenderão, mas delas dependerá a nossa aceitação ou a nossa
rejeição? E nos entregou o impresso de nosso Testamento, mas não era qualquer
documento, era um testamento filosófico, do qual acredito seremos executores
testamentários, haja vista que aquele testamento não era para a morte, mas um
testamento para a nova vida a que nos propomos.
Ainda faltavam outras três provas (do ar, água, fogo, ressaltamos que a da terra
ocorreu na Câmara das Reflexões), realizadas já no interior do templo e
19. novamente vendados, que podem ser interpretadas como ritos de aprofundamento
de passagem, de purificação crescente. Podem ser analisadas como ritos de
margem neste vestibular espiritual para uma esfera mais sagrada. Neste processo
de alquimia mental e espiritual estaria se matando, homeopaticamente, o profano
para o renascer, simbolicamente doloroso e ao mesmo tempo glorioso, do Apr.'..
E aqui nos socorremos de Mircea Eliade (1993:12) quando diz que:
"(...) a maior parte das provas iniciáticas implicam de maneira mais ou menos
transparente, uma morte ritual se seguiria uma ressurreição ou novo nascimento.
O momento central de toda iniciação vem representado pela cerimônia que
simboliza a morte do neófito e sua volta ao mundo dos vivos. Mas o que volta à
vida é um homem novo, assumindo um modo de ser distinto. A morte iniciática
significa ao mesmo tempo o fim da infância, da ignorância e da condição
profana. "
O batismo de sangue significa o começo de um ritual de agregação, algo que na
Igreja Católica se chama de Comunhão dos Santos, isto é, qualquer iniciante
depois de purificado pelas provas começa a participar, a ser agregado
simbolicamente à comunhão de todos os Maçons.
O juramento teria algo do rito de margem, pois o iniciante, já agora menos
poluído pelo mundo profano e mais ciente do sagrado, passa a ter então os pré-
requisitos mínimos para um juramento mais consciente.
O nascimento pode ser analisado como o nascer biológico do novo ser, um rito de
agregação ao mundo da Luz e da comunidade dos IIr.'., que, em seguida, é
batizado pelo ritual de iniciação propriamente dito. Nasce-se e imediatamente se é
iniciado, sem perda de tempo, em suma, um rito sumário de agregação, a
culminância do processo iniciático. A passagem dos segredos de reconhecimento
pode ser entendida como um reforço do ritual de agregação, um modo e um
processo de comunicação rápido e instantâneo para melhor agregar a comunidade
dos eleitos.
E por último, mas não menos importante e como tal não poderíamos deixar de
lembrar, o banquete, que não fazendo parte direta da cerimônia do templo, insere-
se num contexto de um ritual de re-agregação. Aqui, já se está de volta ao mundo
profano, mas como alguém que circulou pela esfera do sagrado e volta ao mundo
profano aureolado pela sacralidade. É como uma espiral; deu-se um giro de 360º,
mas num outro nível, outro em outro patamar; está-se no mundo profano mas
20. como um ser consagrado.
IV - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, tendo como ponto de partida os conhecimentos advindos da nossa
formação de Cientista Social e esperando ter conseguido contribuir humildemente
com os IIr.'. com as nossas reflexões, compreendemos que em todas as escolas
Herméticas há um processo de Iniciação, caracterizado exotericamente através de
uma Cerimônia de Iniciação. Este procedimento, longe de ser entendido como um
importante processo iniciático, é um ato muito significativo, cujo valor está oculto
sob a verdadeira aparência de um véu exterior. Por isso, avaliamos que para
descortinarmos o aspecto esotérico, é preciso que nos afastemos dos conceitos
profanos, muitas vezes contaminados pela dicotomia maniqueísta do bem e do
mal, herança de dogmas religiosos e de falsas construções ideológicas, que
somente desse modo, poderemos vir a entender o simbolismo desse "desbastar a
pedra bruta", como uma forma de amoldar o espírito, desvencilhando-se dos
defeitos e paixões. Nesse prisma, é de se lembrar que a busca do justo e perfeito é
a caminhada na direção da construção moral e essa construção inicia-se pelo
lapidar de uma pedra... que somos cada um de nós.
Referências Bibliográficas:
1. ADOUM, Jorge. “Grau de aprendiz e os seus mistérios”, São Paulo:Editora
Pensamento, 1987.
2. CASSIRER, Ernst. “Linguagem e Mito”, São Paulo: Perspectiva, 1986.
3. CASTELLANI, José. “Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz Maçom (em
todos os ritos)”, São Paulo: A Gazeta Maçônica, 1985.
4. DURKHEIM, Émile. “As Regas do Método Sociológico”, Rio de Janeiro: Zahar
Editores, 1992.
5. ELIADE, Mircea. “Tratado de historia de las religiones”, Madrid: Ed.
Cristiandad, 1993.
6. GENNEP, Arnold Van. “Ritos de Passagem”, Petrópolis-Rio de Janeiro: Vozes,
1978.
7. LINHARDT, Godfrey. “Antropologia Social”, Rio de Janeiro: Zahar, 1974.
8. MACIVER, R. M. “Society: An Introductory Analysis”, New York: Rinehart,
1950.
9. ORTEGA & GASSET, José. “El hombre y la gente (Obras Inéditas), Revista de
Ocidente, Madrid, 1959.
21. 10. TITIEV, Mischa. “Introdução à Antropologia Social”, Lisboa: Fundação
Gulbenkian, 1972.
11. ULLMANN, Reinholdo Aloysio. Antropologia: O homem e cultura”, Petrópolis-
Rio de Janeiro: Vozes, 1991.
12. VASSAL, Pierre-Gérard. “Curso Completo de Maçonaria: História geral da
iniciação”, São Paulo: Madras, 2005.
13. WILLEMS. Emílio. “Antropologia Social”, São Paulo: Difusão Européia do Livro,
1962.
22. Ir Paulo Moura, de Teresina
Fonte: http://abdiasneves.blogspot.com/2010/05/os-inimigos-da-luz.html
Dizem que o poeta alemão J. W. von Goethe, no leito de morte, reuniu o que lhe
restavam de forças para pronunciar suas últimas palavras, que ficariam para a
posteridade: ―Luz, quero luz!‖ Perdoem-me a imprecisão histórica quando escrevo
―dizem‖ mas de imprecisões a História está repleta, malgrado o esforço de homens
sérios e comprometidos com a honestidade dos fatos.
Também em Maçonaria as imprecisões históricas avultam e não é tarefa fácil
23. separar o joio do trigo. Entretanto, cabe ao Maçom a compreensão e o
entendimento da Ordem a qual pertence, tornando-se um eterno buscador da
Verdade. A Verdade é, filosoficamente, contestável, mas nem por isso desprovida
de existência real. Buscar a Verdade é um impulso instintivo do Homem e mesmo
que não a busque conscientemente, será guiado por forças da sua mente
inconsciente – que Jung chamou de ―tendências instintivas‖ – que se manifestará
nos sonhos como fantasias reveladas através de imagens simbólicas. É imperioso
sair do mundo das sombras - tão bem simbolizado por Platão no ―Mito da caverna‖
– e ir ao encontro da Luz.
Assim nos encontrávamos na Cam.˙. de Ref.˙. . Imersos na escuridão, batíamos
profanamente à porta do Templo consagrado ao G.˙.A.˙.D.˙.U.˙., na esperança de
sermos admitidos nos AAug.˙. MMist.˙. . Buscávamos a Luz.
O primeiro ato da Criação Divina, o ―Fiat Lux‖, mostra-nos que a Luz precede a
existência do mundo das formas; é a origem comum a todas as coisas. Não
podemos deixar de fazer a relação entre o texto do Gênesis: 1, 1-3 com a
revolucionária Teoria Geral da Relatividade, enunciada pelo gênio Albert Einstein,
em 1905: E=M.C² (energia é igual a massa vezes velocidade da luz ao quadrado).
Grosso modo, seria o mesmo que dizer que matéria é energia coagulada. Afinal,
tanto a Religião quanto a Ciência chegaram à conclusão de que tudo é Luz.
Simbolicamente, a Luz representa o conhecimento; a revelação dos mistérios das
Leis Divinas; a sabedoria imanente; a libertação das amarras da ignorância pela
compreensão de quem somos, de onde viemos e para onde vamos.
Na cerimônia de Iniciação, pede-se a Luz para o neófito e a Luz lhe é dada. A
partir de então, o neófito passa à condição de Iniciado e cabe-lhe envidar todos os
esforços para se melhorar. A jornada começa com o desbaste das arestas morais,
num esforço para vencer suas paixões inferiores, lapidando-se paciente e
diuturnamente com o concurso da vontade firme e da inteligência, representados
pelo cinzel e pelo maço. Nesse esforço, cumpre-lhe trabalhar sem descanso para
livrar-se das suas imperfeições. É uma tarefa individual, porém, não prescinde da
24. colaboração dos IIr.˙. que o ajudam com lições, conselhos e orientações lastreados
em suas experiências e vivências maçônicas. Essa ajuda faz parte do processo de
aprendizagem, concretizando um dos nossos mais sublimes preceitos: a
Fraternidade.
Tudo que devemos aprender, e fazer, encontra-se no Ritual de Aprendiz, dizem-
nos os Mestres mais experientes. É verdade. Está tudo no Ritual e basta uma
reflexão profunda com o sincero interesse em adquirir instrução. Tomemos um
exemplo:
O Ven.˙. M.˙. pergunta ao Ir.˙. 1° Vig.˙. , na abertura ritualística:
―— Para que nos reunimos aqui, Ir.˙. 1° Vig.˙.?
— Para combater o despotismo, a ignorância, os preconceitos e os erros. Para
glorificar a Verdade e a Justiça; para promover o bem-estar da Pátria e da
Humanidade, levantando templos à Virtude e cavando masmorras ao vício‖.
Vamos refletir sobre cada frase.
Combater o despotismo – Pela definição do Dicionário Houaiss, despotismo é ―o
poder isolado, arbitrário e absoluto de um déspota.‖ O déspota, ainda na definição
do Houaiss significa ―que ou quem age tiranicamente, embora não detenha o poder
absoluto‖. O despotismo deve ser combatido onde quer que este se encontre:
dentro ou fora do Templo.
A ignorância – é a causa de vários males que afligem a Humanidade. Ignorância é
viver imerso em sombras, desconhecendo as Leis Morais que governam a todos,
favorecendo a harmonia geral. O estudo sério e metódico é uma das formas mais
eficazes de combatê-la. Erra demasiadamente o Maçom que não é dado ao estudo,
à pesquisa e à inquirição da Verdade. A Maçonaria não revela seus segredos
àqueles que cultivam, com zelo, a preguiça mental e abdicam do sagrado direito de
pensar por si próprios.
Os preconceitos e os erros – Imaginemos os preconceitos e os erros como filhos
diletos da Ignorância, donde retiram o seu alimento e o sustento para crescerem
fortes. Desde que se combata a Ignorância, exterminando-a, condenam-se os
25. preconceitos e os erros a morrerem de inanição.
Glorificar a Verdade e a Justiça – Ao compreender a Verdade e a Justiça como
atributos Divinos, torna-se dever do Maçom glorificá-las, nunca esquecendo de
aplicá-las no convívio com os seus semelhantes. Quem combate a ignorância com
as luzes da Sabedoria conhece a Verdade; quem conhece a Verdade é Justo. Tal é a
perfeição do ensinamento.
Promover o bem-estar da Pátria e da Humanidade – Todo conhecimento
adquirido só tem sentido, se compartilhado. Age maçonicamente quem é
consciente de seu papel como cidadão brasileiro e como cidadão do mundo,
fazendo todo esforço para melhorar a existência, contribuindo para a Obra da Luz.
Levantando templos à Virtude – É trabalho de construção. Nós, Maçons, somos
construtores sociais e a nossa obra maior consiste na edificação das virtudes em
nós mesmos.
Cavando masmorras ao vício – Ao mesmo tempo que erigimos nosso Templo
Interior, para a glória do G.˙.A.˙.D.˙.U.˙., suplantamos os vícios de que somos
portadores, dominando-os e torturando-os até a extinção.
Eis o porque de nos reunirmos em Loja aberta.
Quem agir com despotismo querendo impor a sua vontade, cerceando a liberdade e
as iniciativas benfazejas dos IIrm.˙....
Quem desejar manter-se e manter os IIrm.˙. na ignorância, descuidando ou
desmerecendo as iniciativas que promovam o estudo e a prática da Sagrada
Maçonaria...
Quem, por misoneísmo, rechaçar as ações inovadoras e as ideias progressistas
apenas para manter uma tradição obsoleta ou o status quo...
26. Quem esquecer que a Verdade e a Justiça são atributos do G.˙.A.˙.D.˙.U.˙. e delas
fizer pouco caso, disseminando a mentira e promovendo injustiças...
Quem não se comprometer com o bem-estar de seus IIrm.˙., da sua família, da sua
cidade, do seu país e do mundo...
Quem persistir nos vícios e desregramentos morais e tornar-se um estorvo no
caminho dos IIrm.˙. que buscam melhorar-se, envolvendo-o em intrigas, calúnias e
difamações, atacando-os em suas ausências e maquinando para vê-los cair...
Quem assim proceder, a despeito de ser Iniciado, não é Maçom. É um simulacro de
homem; é um espectro danado que nos espreita.
É mais um inimigo da Luz.
27. AS LAMPARINAS
Três cunhadas curiosas com os maridos que foram empossados Luzes da
Loja não perderam tempo e uníssonas lascaram:
- Olha, de agora em diante nós seremos as ―Lamparinas‖ da Loja viu?...
Isso até que daria um bom artigo para o JB News. Aguardem.
CUIDADO COM ESSE BENZENO!
O Ir Roberto Assad, da Loja Marinho Monte de Rio Branco
enviando a interessante informação:
Um carro estacionado na sombra durante um dia com as janelas fechadas
pode conter de 400-800 mg. de Benzeno. Se está no sol a uma
temperatura superior a 16º C., o nível de Benzeno subirá a 2000-4000
mg, 40 vezes mais o nível aceitável...
A pessoa que entra no carro mantendo as janelas fechadas
inevitavelmente aspirará em rápida sucessão, excessivas quantidades
desta toxina.
O Benzeno é uma toxina que afeta o rim e o figado. E o que é pior, é
extremamente difícil para o organismo expulsar esta substancia tóxica.
JB NEWS ITINERANTE
A edição de amanhã do JB News passa a ser editada de Aracaju.
Estaremos acompanhando o desenrolar da XL Assembléia da CMSB
(Confederação Maçônica Simbólica do Brasil) que se realizará de 2 a
7 de julho na capital sergipana.
28. REVISTA REAL MAÇÔNICA
Chegando a Revista Real Maçônica do mês de julho de 2001, nr. 53.
Para visualizá-la CLIQUE AQUI!
TRÊS PONTOS
A geada castigou a Fazenda do Ir Berthier em Lagoa Vermelha no
Rio Grande do Sul. Nem chimarrão e churrasco quentucho amainaram o
frio tché. Bertché até que gelou!
Veja três Pontos atingidos pelo friacho, bem antes do Meio-Dia.
29.
30.
31. (Alguns pais poderão se emocionar. Mas especialistas garantem que não se
trata de montagem. A foto é real mesmo)
32. ARLS Atalaia de Sete Lagoas (GOMG) que trabalha no Rito Brasileiro.
Foto do Ir Robson Medeiros (ARLS União Sertaneja de Sete Lagoas)
Repasse: Ir Menaldo Assis