1) A carta discute a reflexão das Irmãs sobre o texto bíblico das Bodas de Caná, onde Jesus realizou seu primeiro milagre ao transformar água em vinho.
2) A irmã propõe refletir sobre como este evento formou a comunidade de Jesus, que incluía Maria, os irmãos de Jesus e seus discípulos, viajando juntos para Cafarnaum.
3) A carta também descreve Maria como um modelo de fé para as irmãs, com seus pés que caminham rapidamente para servir a De
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
Maria caminha com Jesus após as Bodas de Caná
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Roma, 14 de maio de 2021.
«Três dias depois, houve um casamento em Caná da Galileia e estava lá a mãe de
Jesus. Jesus e seus discípulos também foram convidados para o casamento.
Entretanto, acabou o vinho e a mãe de Jesus disse-lhe: “Eles não têm vinho”. E
Jesus respondeu: “Mulher, que existe entre nós? Minha hora ainda não chegou”.
A mãe de Jesus disse aos que estavam servindo: “Façam tudo o que Ele
lhes disser”. Havia aí seis potes de pedra de uns cem litros cada um, que
serviam para os ritos de purificação dos judeus. Jesus disse aos que
serviam: “Encham de água esses potes”. Eles encheram os
potes até a boca. Depois Jesus disse: “Agora tirem e levem ao
mestre-sala”. Então levaram ao mestre-sala. O mestre-sala
provou a água transformada em vinho, sem saber de onde
vinha. Os que serviam sabiam, pois foram eles que tiraram a
água. Então o mestre-sala chamou o noivo e disse: “Todos
servem primeiro o vinho bom e, quando os convidados estão
bêbados, servem o pior. Você, porém, guardou até agora o vinho
bom”.» (Jo 2, 1-10)
Queridas Irmãs,
Uma carinhosa saudação e o meu ‘muito obrigada’ a cada uma porque – juntas – chegamos
ao mês de maio, um mês muito querido para nós, um mês totalmente MARIANO. Com o encontro
de hoje, concluímos a nossa reflexão sobre o texto das Bodas de Caná, reflexão que podemos
continuar no nosso cotidiano, intensificando assim a preparação ao XXIV Capítulo Geral.
Nos últimos meses, procuramos aprofundar o nosso relacionamento com Maria
contemplando o seu coração, o seu olhar, as suas palavras, as suas mãos, ou seja, contemplando
uma mulher que soube conjugar os verbos olhar, conservar, agir.
Hoje, proponho os últimos dois versículos do relato joanino (1, 11-12): «Foi assim, em Caná
da Galileia, que Jesus começou seus sinais. Ele manifestou a sua glória, e seus discípulos
acreditaram nele. Depois disso, Jesus desceu para Cafarnaum com sua mãe, seus irmãos e seus
discípulos».
Seria interessante refletir sobre o aspecto da fé, sobre a expressão “acreditaram nele”,
porém, o que mais me chama a atenção nestas poucas linhas é que Jesus, depois de ter dado início
aos seus “sinais”, ele deixa Caná da Galileia e vai para Cafarnaum. E não vai sozinho... Com ele vai
Maria, vão os irmãos e os discípulos. Podemos dizer que as Bodas de Caná formam e conformam a
comunidade de Jesus. É uma comunidade em movimento, que participa da vida das pessoas – o
casamento, a festa... – e que vive a dimensão da fé como comunidade dos que creem; uma
comunidade “em saída”, discípula-missionária, que coloca o ‘avental’ e se torna um hospital de
campanha para «curar as feridas e aquecer o coração dos fiéis»; que está por perto e se faz
próxima... Uma comunidade samaritana!
Este ‘descer para Cafarnaum’ suscita uma reflexão não somente sobre o movimento da
comunidade ou sobre a comunidade em caminho, mas sobre os pés daqueles que constroem tanto a
comunidade quanto o caminho. «Caminante, no hay camino, se hace camino al andar» (Antonio
Machado). «Caminheiro, não existe caminho, o caminho se faz caminhando».
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Junto com os irmãos e os discípulos de Jesus, está Maria. É bonito pensar nos pés de Maria
como mãe que caminha com o Filho Jesus e se torna peregrina na fé. Maria, a mãe que participa das
Bodas de Caná de forma muito ativa e proativa, é a mesma que – depois do Anúncio do Anjo
Gabriel – soube partir para a região montanhosa porque tinha pressa de chegar a uma cidade da
Judeia (cfr. Lc 1, 39). «Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz,
que traz a boa notícia, que anuncia a salvação, que diz a Sião: “Seu Deus reina”» (Is 52,7).
Os pés de Maria caminham rapidamente pelas montanhas... Ela precisa encontrar a prima
Isabel para que se cumpra a vontade de Deus e o Seu projeto de amor. Os pés de Maria são os pés
de quem acredita, de quem pôs a sua confiança em Deus e se tornou a sua serva. Isabel acolhe
Maria em sua casa e, sob a ação do Espírito, reconhece nela uma mulher de fé: «Bem-aventurada
aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o Senhor lhe prometeu» (Lc 1, 45).
Papa Francisco, em uma mensagem às Pontifícias Obras Missionárias, assim escreveu:
«Maria, quando foi ter com Isabel, não o fez como um gesto próprio: foi como a serva do Senhor
Jesus que ela carregava em seu ventre. De si mesma, nada disse; apenas levou o Filho e louvou a
Deus. Não era ela a protagonista. Ela foi como a serva d’Aquele que é também o único protagonista
da missão. Ela não perdeu tempo, foi apressadamente para fazer algo e ajudar a sua parenta. Ela nos
ensina esta prontidão, a pressa da fidelidade e da adoração» (21/05/2020).
Observando as diferentes representações de Maria Auxiliadora, percebemos que «não é
uma Nossa Senhora estática, em êxtase, contemplativa e orante, mas uma “agente”, e isso se
encaixa perfeitamente na espiritualidade de Dom Bosco e em sua percepção da Virgem como mãe
que guia, protege, que luta pelos filhos, ao lado dos quais está sempre presente».
A Virgem de Dom Bosco, geralmente, é representada com os pés descalços e sempre em
atitude de quem caminha, com um pé à frente do outro. Esta é a Mãe de Jesus presente nas Bodas de
Caná, esta é a Auxiliadora que nos acompanha no nosso cotidiano e nos encoraja a não parar diante
das dificuldades. Esta é a Mãe sempre presente, que quer que sejamos “auxiliadoras” entre os
jovens e as crianças.
Queridas Irmãs, a nossa terna mãe – Maria Auxiliadora – assim como o Menino, têm os pés
descalços porque «segundo a tradição salesiana que nos foi transmitida, os pés descalços de Maria e
de Jesus indicam um sinal de humildade e de pobreza». Portanto, somos convidadas a viver a
grande novena em honra à Virgem de Dom Bosco com esta atitude: humildade e pobreza,
reconhecendo as grandes coisas que Deus fez na nossa história e pedindo a ajuda poderosa de Maria
para vencer os males do mundo, especialmente a pandemia, as guerras e a violência que continuam
assolando inteiras populações.
A Ela confiamos todas as missionárias e os missionários, as crianças e as/os jovens, as
famílias que passam por dificuldades, as esperanças do mundo e os horizontes da missão. Vamos
invocá-la constantemente, todos os dias, assim como aconselhava Dom Bosco: Auxilium
Christianorum, ora pro nobis.
Boa Novena de Maria Auxiliadora, a Nossa Senhora dos tempos difíceis!
Com carinho de irmã, um forte abraço e em comunhão de orações.
Irmã Alaide Deretti
Conselheira para as Missões