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The mouth is an open system, rather like a
river, with a continual flow of liquid washing
out particles that do not attach and hold fast to
surfaces.
Nobbs et al. 2011. J. Dent Res 90: 1271-8
BIOFILME DENTAL
Mecanismos de formação, arquitetura e potencial
patogênico
BIOFILMES: Comunidades de microrganismos altamente
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constituintes tornam-se fenotipicamente diferentes dos
seus pares não aderidos. (Stoodley et al, 2002)
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> 95% das bactérias existentes na natureza estão em biofilmes
1
2
Biofilme na superfície dental
=
Placa dental
3
 Microcolônias com aspecto de pilares ou cogumelos
Arquitetura do biofilme dental
 Sistema de canais - favorece o fluxo de nutrientes, produtos de
excreção, enzimas, metabólitos e oxigênio
4
Jakubovics e Kolenbrander, 2010
 Matriz funcional formada por polímeros extracelulares
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colonização, proteção das defesas do hospedeiro e dessecação
5
Vantagens para os microrganismos que vivem em
biofilmes orais
 Persistência em ecossistemas com fluxo
Ampla variedade de habitats com diversidade nutricional,
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 Heterogeidade espacial e ambiental
6
 Maior tolerância (fenotípico) e resistência (genotípico) bacteriana
 a mecanismos de defesa do
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 a formas reativas de oxigênio
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7
-Matriz – reduz penetração do AM
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-eDNA – quelante de cátions e
aumenta a tolerância a AM com carga
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④ Aquisição de novos genes, expressão de novas características
Expressão de um conjunto de genes que resulta em fenótipos
distintos de seus pares planctônicos
Marsh et al. 2011 8
Proximidade, disposição espacial possibilitam:
Relações metabólicas entre bactérias orais do biofilme dental
⑤ Metabolismo mais eficiente
-Maior disponibilidade de nutrientes
-Compartilhamento ou complementação enzimática
Wright et al. Mol Oral Microbiol 28:83-101, 2013 9
(Lamont e Hajishengallis 2015)
TRENDS in Molecular Medicine
10
 Sinalização célula-célula:
Microrganismos comunicam-se entre si, através de sinais químicos que
desencadeiam mecanismos de produção de novas proteínas e enzimas
Rede complexa de moléculas sinalizadoras produzidas por
bactérias orais: moléculas pequenas, difusíveis e efetoras
Peptídeos estimuladores de competência
(CSP)
-Pequenos peptídeos (17 a 21 aa)
-Produzidos por bactérias Gram +
Produção influenciada pelo pH
Competência
Formação de biofilme
Liberação de DNA (eDNA)
Produção de bacteriocinas
Resistência ao stress
S. mutans; S. gordonii
Al-2 (Quorun Sensing)
Mediada por moléculas auto-indutoras (AI)
-Produzidos por Gram + e Gram –
-Sinalização intra específica
-Sinalização interespecífica
Mutualismo
Formação de biofilme
Porphyromonas gingivalis
Prevotella intermedia
Fusobacterium nucleatum
Jabukovics e Kolenbrander 2010; Guo et al. 2014; Marsh e Zaura 2017 11
A sinalização célula-célula capacita os micro-organismos a sentir e
adaptar-se a várias situações de stress ambiental e,
consequentemente, regular a expressão de genes que influenciam
a capacidade de patógenos de causarem doenças
12
- A formação de biofilmes requer a expressão coordenada de genes
de células individuais regulados por quorum sensing
-Células bacterianas individuais produzem um ou mais compostos de
baixo peso molecular que são transportados para fora da célula; se
várias células produzem o mesmo composto (AI), sua concentração
torna-se significante;
- Quando a concentração atinge certo nível, uma castata de
sinalização celular é iniciada, levando à indução de vários genes;
- Algumas moléculas auto-indutoras funcionam como comunicação
entre diferentes espécies e são importantes na formação de
biofilmes;
- A comunicação entre células é essencial para a formação de
biofilme, e a interferência nesse processo pode ser importante no
controle dos biofilmes.
Quorum sensing
Abraham WR. Antibiotics 5 (3) 2016
Composição química e receptores
2. Proteínas ricas em prolina (PRPs); estaterina
3. Amilase, lisozima, IgA-S, lactoferrina
1. Glicoproteínas (mucinas e aglutininas; ex gp340)
4. Glicosiltransferases (Gtfs), glucanos
Película adquirida do esmalte
Camada acelular de proteínas que se ligam avida e rapidamente à
hidroxiapatita quando exposta à cavidade oral (0,1-1,0 m)
Base para o subsequente desenvolvimento da placa dental
13
Funções biológicas
3. Atividade antimicrobiana
(lisozima, lactoferrina, lactoperoxidase, IgA-S)
2. Proteção contra a desmineralização
(permeabilidade seletiva)
4. Oferece receptores para os microrganismos colonizarem
a superfície dental
1. Lubrificação da superfície do esmalte
(mucinas, proteínas ricas em prolina)
(glicoproteínas, PRPs, estaterinas, Gtfs, etc)
14
Placa dental:
Biofilme complexo que se desenvolve na
superfície dos dentes e é um precursor direto
de cárie e doenças periodontais
15
Etapas e formação do biofilme dental
A. Fase de colonização inicial
Adesão de bactérias à superfície
16
B. Fase de acumulação ou estruturação
Crescimento bacteriano em microcolônias sésseis
D. Fase de dispersão
C. Maturação do biofilme
Etapas e formação do biofilme dental
Película Adquirida
A. Fase de colonização inicial
1. Células planctônicas ligam-se à
superfície dental por ligações de
baixa afinidade e baixa eficiência
(forças de Van der Waals e hidrofóbicas)
17
2. Células adsorvidas ligam-se à
superfície através de interações de
maior afinidade e eficiência,
usando adesinas específicas e
seus respectivos receptores
Reversível
 Irreversível
Streptococcus spp(> 60%)
S. gordonii
S. sanguinis
S. oralis
S. mitis
S. cristatus
S. mutans
Actinomyces spp
Veillonella spp
Jenkinson & Lamont . Trends in Microbiology, 2005.
18
A. Fase inicial de colonização
Gemella spp
Granulicatella spp
Kingella spp
Mecanismos de adesão inicial
Locais preferenciais de colonização
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Lectinas Oligossacarídeos
Proteína Proteína
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S. sanguinis Superfícies lisas (V ou L/P)
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S. mutans Superfícies lisas IP
19
B. Fase de acumulação ou estruturação
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2. Aderência interbacteriana (co-adesão)
agregacão de novas bactérias
recrutamento de células planctônicas adicionais
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20
Mecanismos de co-adesão
a. Através de PEC
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21
(Co-adesão intra-específica)
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b. Através de componentes de saliva e do fluido gengival
S. sanguinis + S. sanguinis
S. gordonii + S. gordonii
S. oralis + S. oralis
Actinomyces spp + Actinomyces spp
c. Através de constituintes de superfície de bactérias de
diferentes espécies associados a fímbrias ou a fibrilas
Ex: S. gordonii + P. gingivalis
Fusobacterium nucleatum + S. sanguinis
22
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23
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FimA Mfa
GAPDH SspA/B
Nobbs et al. 2011. J. Dent Res 90: 1271-8
Fusobacterium nucleatum como ponte entre
colonizadores iniciais e tardios
24
C. Maturação do biofilme
Sucessão ecológica  Formação da placa dental madura
25
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Corynebacterium
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D. Fase de dispersão
Liberação de células bacterianas
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31
Incorporação de D- Aminoácidos na parede celular
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Arquitetura e formação do biofilme dental

  • 1. The mouth is an open system, rather like a river, with a continual flow of liquid washing out particles that do not attach and hold fast to surfaces. Nobbs et al. 2011. J. Dent Res 90: 1271-8 BIOFILME DENTAL Mecanismos de formação, arquitetura e potencial patogênico BIOFILMES: Comunidades de microrganismos altamente organizadas embebidos em matriz orgânica acelular,cujos constituintes tornam-se fenotipicamente diferentes dos seus pares não aderidos. (Stoodley et al, 2002) Maria Regina Simionato 2018 > 95% das bactérias existentes na natureza estão em biofilmes 1
  • 2. 2
  • 3. Biofilme na superfície dental = Placa dental 3
  • 4.  Microcolônias com aspecto de pilares ou cogumelos Arquitetura do biofilme dental  Sistema de canais - favorece o fluxo de nutrientes, produtos de excreção, enzimas, metabólitos e oxigênio 4
  • 5. Jakubovics e Kolenbrander, 2010  Matriz funcional formada por polímeros extracelulares (bacterianos e do hospedeiro) colonização, proteção das defesas do hospedeiro e dessecação 5
  • 6. Vantagens para os microrganismos que vivem em biofilmes orais  Persistência em ecossistemas com fluxo Ampla variedade de habitats com diversidade nutricional, de concentração de oxigênio e de pH  Heterogeidade espacial e ambiental 6
  • 7.  Maior tolerância (fenotípico) e resistência (genotípico) bacteriana  a mecanismos de defesa do hospedeiro  a formas reativas de oxigênio  a proteases  a antimicrobianos 7 -Matriz – reduz penetração do AM -Taxa de crescimento baixa -Células persistentes -eDNA – quelante de cátions e aumenta a tolerância a AM com carga + (aminoglicosídeos por ex) -Transferência de genes
  • 8. ④ Aquisição de novos genes, expressão de novas características Expressão de um conjunto de genes que resulta em fenótipos distintos de seus pares planctônicos Marsh et al. 2011 8 Proximidade, disposição espacial possibilitam:
  • 9. Relações metabólicas entre bactérias orais do biofilme dental ⑤ Metabolismo mais eficiente -Maior disponibilidade de nutrientes -Compartilhamento ou complementação enzimática Wright et al. Mol Oral Microbiol 28:83-101, 2013 9
  • 10. (Lamont e Hajishengallis 2015) TRENDS in Molecular Medicine 10  Sinalização célula-célula: Microrganismos comunicam-se entre si, através de sinais químicos que desencadeiam mecanismos de produção de novas proteínas e enzimas
  • 11. Rede complexa de moléculas sinalizadoras produzidas por bactérias orais: moléculas pequenas, difusíveis e efetoras Peptídeos estimuladores de competência (CSP) -Pequenos peptídeos (17 a 21 aa) -Produzidos por bactérias Gram + Produção influenciada pelo pH Competência Formação de biofilme Liberação de DNA (eDNA) Produção de bacteriocinas Resistência ao stress S. mutans; S. gordonii Al-2 (Quorun Sensing) Mediada por moléculas auto-indutoras (AI) -Produzidos por Gram + e Gram – -Sinalização intra específica -Sinalização interespecífica Mutualismo Formação de biofilme Porphyromonas gingivalis Prevotella intermedia Fusobacterium nucleatum Jabukovics e Kolenbrander 2010; Guo et al. 2014; Marsh e Zaura 2017 11 A sinalização célula-célula capacita os micro-organismos a sentir e adaptar-se a várias situações de stress ambiental e, consequentemente, regular a expressão de genes que influenciam a capacidade de patógenos de causarem doenças
  • 12. 12 - A formação de biofilmes requer a expressão coordenada de genes de células individuais regulados por quorum sensing -Células bacterianas individuais produzem um ou mais compostos de baixo peso molecular que são transportados para fora da célula; se várias células produzem o mesmo composto (AI), sua concentração torna-se significante; - Quando a concentração atinge certo nível, uma castata de sinalização celular é iniciada, levando à indução de vários genes; - Algumas moléculas auto-indutoras funcionam como comunicação entre diferentes espécies e são importantes na formação de biofilmes; - A comunicação entre células é essencial para a formação de biofilme, e a interferência nesse processo pode ser importante no controle dos biofilmes. Quorum sensing Abraham WR. Antibiotics 5 (3) 2016
  • 13. Composição química e receptores 2. Proteínas ricas em prolina (PRPs); estaterina 3. Amilase, lisozima, IgA-S, lactoferrina 1. Glicoproteínas (mucinas e aglutininas; ex gp340) 4. Glicosiltransferases (Gtfs), glucanos Película adquirida do esmalte Camada acelular de proteínas que se ligam avida e rapidamente à hidroxiapatita quando exposta à cavidade oral (0,1-1,0 m) Base para o subsequente desenvolvimento da placa dental 13
  • 14. Funções biológicas 3. Atividade antimicrobiana (lisozima, lactoferrina, lactoperoxidase, IgA-S) 2. Proteção contra a desmineralização (permeabilidade seletiva) 4. Oferece receptores para os microrganismos colonizarem a superfície dental 1. Lubrificação da superfície do esmalte (mucinas, proteínas ricas em prolina) (glicoproteínas, PRPs, estaterinas, Gtfs, etc) 14
  • 15. Placa dental: Biofilme complexo que se desenvolve na superfície dos dentes e é um precursor direto de cárie e doenças periodontais 15
  • 16. Etapas e formação do biofilme dental A. Fase de colonização inicial Adesão de bactérias à superfície 16 B. Fase de acumulação ou estruturação Crescimento bacteriano em microcolônias sésseis D. Fase de dispersão C. Maturação do biofilme
  • 17. Etapas e formação do biofilme dental Película Adquirida A. Fase de colonização inicial 1. Células planctônicas ligam-se à superfície dental por ligações de baixa afinidade e baixa eficiência (forças de Van der Waals e hidrofóbicas) 17 2. Células adsorvidas ligam-se à superfície através de interações de maior afinidade e eficiência, usando adesinas específicas e seus respectivos receptores Reversível  Irreversível
  • 18. Streptococcus spp(> 60%) S. gordonii S. sanguinis S. oralis S. mitis S. cristatus S. mutans Actinomyces spp Veillonella spp Jenkinson & Lamont . Trends in Microbiology, 2005. 18 A. Fase inicial de colonização Gemella spp Granulicatella spp Kingella spp
  • 19. Mecanismos de adesão inicial Locais preferenciais de colonização Adesinas Receptores Lectinas Oligossacarídeos Proteína Proteína Interações iônicas ou hidrofóbicas Espécies Locais de colonização S. sanguinis Superfícies lisas (V ou L/P) Actinomyces spp Margem gengival S. mutans Superfícies lisas IP 19
  • 20. B. Fase de acumulação ou estruturação 1. Divisão celular + 2. Aderência interbacteriana (co-adesão) agregacão de novas bactérias recrutamento de células planctônicas adicionais Crescimento rápido Aumento da diversidade 20
  • 21. Mecanismos de co-adesão a. Através de PEC S. mutans + S. mutans Actinomyces + Actinomyces (Co-adesão intra-específica) 21
  • 22. (Co-adesão intra-específica) (Co-adesão inter-específica e inter-genérica) Espigas de milho, rosetas, cepilhos b. Através de componentes de saliva e do fluido gengival S. sanguinis + S. sanguinis S. gordonii + S. gordonii S. oralis + S. oralis Actinomyces spp + Actinomyces spp c. Através de constituintes de superfície de bactérias de diferentes espécies associados a fímbrias ou a fibrilas Ex: S. gordonii + P. gingivalis Fusobacterium nucleatum + S. sanguinis 22 Aumento da diversidade
  • 23. Lamont e Hajishengallis 2015 23 P. gingivalis S. gordonii FimA Mfa GAPDH SspA/B
  • 24. Nobbs et al. 2011. J. Dent Res 90: 1271-8 Fusobacterium nucleatum como ponte entre colonizadores iniciais e tardios 24
  • 25. C. Maturação do biofilme Sucessão ecológica  Formação da placa dental madura 25 Mark Welch et al. 2016 PNAS Corynebacterium matruchotii na estrutura da placa dental madura (espigas de milho e ouriços )
  • 26. 26 Welch et al. 2016 PNAS Estruturas de espiga de milho formadas por Corynebacterium matruchotii (magenta) e cocos (verde) na placa
  • 27. 27 Welch et al. 2016 PNAS
  • 28. 28 Welch et al. 2016 PNAS Filamentos e bacilos de vários gêneros formando estrutura na forma de ouriço
  • 29. Zijnge etal. PLOS One 5:9321e, 2010. 29
  • 30. Jakubovics e Kolenbrander, 2010 30 Espigas de milho
  • 31. Lazar V. Anaerobe 17: 280-5, 2011 D. Fase de dispersão Liberação de células bacterianas Bactérias associadas ao biofilme retornam à existência planctônica 31
  • 32. Incorporação de D- Aminoácidos na parede celular (D-tirosina; D-leucina; D-triptofano; D-metionina) Liberação de fibras amilóides bacterianas ancoradas pela matriz extracelular S. mutans: Proteína P1 é proteína formadora de amilóides Kolodkin-Gal et al. Science, 2010 32 Dispersão do biofilme de S. mutans
  • 33. Biofilme sobre epitélio gengival Thurnheer et al 2014 33
  • 34. Curtis et al 2011 Biofilme sobre epitélio gengival 34