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CASO CLÍNICO 02 Criança, 1 ano e 11 meses, PE/2010
J.S, 1 ano e 11 meses de idade, masculino, apresentou os seguintes sintomas cerca de 1h após jantar em família: Formigamento, corpinho mole, suor frio e mal-estar. Cerca de 1h mais tarde, a criança deu entrada na unidade de saúde, apresentando sialorréia, cianose e em parada cardiorrespiratória. Medidas pertinentes de ressucitação foram aplicados sem sucesso.
3 No jantar, a criança ingeriu vísceras de peixe do gênero Sphoeroides (Baiacu) Vísceras  de Baiacu pintado Baiacus-pinima ou pintados (Sphoeroidestestudineus)
4 Discutindo o caso
Os Baiacus, também conhecidos como peixe-bola, devido a sua capacidade de inflar quando ameaçado por predadores, são comuns na região costeira brasileira, e constitui fonte de alimentação de muitas famílias.  Embora seja um prato apreciado em muitas regiões o Baiacu tem em seu organismo uma substância em seu organismo chamada de Tetrodotoxina (TTx), utilizada para defesa. Isso requer que o preparo desse alimento seja feito com muito cautela. 5
MECANISMO DE AÇÃO A TTx atua através do bloqueio dos canais de sódio voltagem-dependentes, impedindo dessa forma a transmissão sináptica tanto central quanto periférica. 6
O quadro tende a manifestar-se cerca de 5 a 45 minutos após a ingestão da TTx, os sintomas iniciais são marcados por desconforto abdominal, mal-estar, náuseas e vômitos que constituem os sintomas gastrointestinais. Os sintomas neurológicos evoluem rapidamente, podendo haver manifestações de parestesias (sugestivo desse tipo de intoxicação), sialorréia (salivação excessiva), evoluindo para paralisia muscular, depressão respiratória e falência circulatória. A cianose, caracteriza-se pela coloração azulada da pele, decorrente de uma oxigenação precária,  anoxemia. 7
O diagnóstico se baseia na análise da sintomatologia decorrente das manifestações neurológicas, e existência de histórico da ingestão do peixe.  Não há tratamento específico. A lavagem gástrica é importante em um primeiro momento, e a manutenção respiratória, comumente necessária é feita com o uso de ventilação mecânica, embora muitas vezes não seja suficiente. 8
9 Referências Bibliográficas NETO, Pedro L. S. et al. Relato de Caso: Envenenamento Fatal por Baiacu in: http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v43n1/a20v43n1.pdf Acesso em: 03/04/2011. JUNIOR, Vidal H. et al. Envenenamentos por Baiacus (peixe-bola): Revisão sobre o tema in: http://www.apm.org.br/fechado/rdt_materia.aspx?idMateria=357   Acesso em: 03/04/2011.

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Intoxicação Grave por TTx

  • 1. CASO CLÍNICO 02 Criança, 1 ano e 11 meses, PE/2010
  • 2. J.S, 1 ano e 11 meses de idade, masculino, apresentou os seguintes sintomas cerca de 1h após jantar em família: Formigamento, corpinho mole, suor frio e mal-estar. Cerca de 1h mais tarde, a criança deu entrada na unidade de saúde, apresentando sialorréia, cianose e em parada cardiorrespiratória. Medidas pertinentes de ressucitação foram aplicados sem sucesso.
  • 3. 3 No jantar, a criança ingeriu vísceras de peixe do gênero Sphoeroides (Baiacu) Vísceras de Baiacu pintado Baiacus-pinima ou pintados (Sphoeroidestestudineus)
  • 5. Os Baiacus, também conhecidos como peixe-bola, devido a sua capacidade de inflar quando ameaçado por predadores, são comuns na região costeira brasileira, e constitui fonte de alimentação de muitas famílias. Embora seja um prato apreciado em muitas regiões o Baiacu tem em seu organismo uma substância em seu organismo chamada de Tetrodotoxina (TTx), utilizada para defesa. Isso requer que o preparo desse alimento seja feito com muito cautela. 5
  • 6. MECANISMO DE AÇÃO A TTx atua através do bloqueio dos canais de sódio voltagem-dependentes, impedindo dessa forma a transmissão sináptica tanto central quanto periférica. 6
  • 7. O quadro tende a manifestar-se cerca de 5 a 45 minutos após a ingestão da TTx, os sintomas iniciais são marcados por desconforto abdominal, mal-estar, náuseas e vômitos que constituem os sintomas gastrointestinais. Os sintomas neurológicos evoluem rapidamente, podendo haver manifestações de parestesias (sugestivo desse tipo de intoxicação), sialorréia (salivação excessiva), evoluindo para paralisia muscular, depressão respiratória e falência circulatória. A cianose, caracteriza-se pela coloração azulada da pele, decorrente de uma oxigenação precária, anoxemia. 7
  • 8. O diagnóstico se baseia na análise da sintomatologia decorrente das manifestações neurológicas, e existência de histórico da ingestão do peixe. Não há tratamento específico. A lavagem gástrica é importante em um primeiro momento, e a manutenção respiratória, comumente necessária é feita com o uso de ventilação mecânica, embora muitas vezes não seja suficiente. 8
  • 9. 9 Referências Bibliográficas NETO, Pedro L. S. et al. Relato de Caso: Envenenamento Fatal por Baiacu in: http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v43n1/a20v43n1.pdf Acesso em: 03/04/2011. JUNIOR, Vidal H. et al. Envenenamentos por Baiacus (peixe-bola): Revisão sobre o tema in: http://www.apm.org.br/fechado/rdt_materia.aspx?idMateria=357 Acesso em: 03/04/2011.