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Vol. 9 No. 2, 2005 DMRT em Fisioterapeutas da Rede SUS-BH 219ISSN 1413-3555
Rev. bras. fisioter. Vol. 9, No. 2 (2005), 219-225
©Revista Brasileira de Fisioterapia
PREVALÊNCIA DE DESORDENS MUSCULOESQUELÉTICAS
RELACIONADAS AO TRABALHO EM FISIOTERAPEUTAS DA
REDE HOSPITALAR SUS-BH
Souza d’Ávila, L.,1
Fraga Sousa, G. A.1
e Sampaio, R. F.2
1
Curso de Fisioterapia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil
2
Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil
Correspondência para: Rosana Ferreira Sampaio, Rua Juvenal dos Santos, no
222, ap. 602, Bairro Luxemburgo,
Belo Horizonte, MG, CEP 30360-530, e-mail: rosana@dedalus.lcc.ufmg.br
Recebido: 26/5/2004 – Aceito: 8/4/2005
RESUMO
Objetivo: Estimar a prevalência de desordens musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho (DMRT) em fisioterapeutas da Rede
Hospitalar SUS-BH e os possíveis fatores de risco associados. Métodos: Estudo transversal realizado com os fisioterapeutas da
Rede Hospitalar SUS-BH. Para a coleta de dados foi utilizado um questionário auto-aplicável com 31 questões divididas em 4 partes:
dados pessoais, características profissionais, percepção de DMRT e estratégias de prevenção. Resultados: do total de respondentes
(n = 213), 71% relataram já ter sentido dor musculoesquelética constante ou intermitente, com tempo de persistência de 3 a 7 dias
em 63% dos casos. A coluna lombar foi apontada como área afetada pela dor em 59% das queixas, seguida pela região cervical
(55%). Tratar grande número de pacientes em um mesmo dia e levantar ou transferir pacientes dependentes foram os fatores de
risco associados à ocorrência de DMRT mais citados, estando relacionados à queixa de dor lombar (p < 0,05). Além disso, os resultados
mostraram uma associação da queixa de DMRT com a não realização de atividade física regular (p < 0,05) e trabalhar em contato
direto com os pacientes por mais de 8 horas diárias (p < 0,05). As variáveis sexo, idade, tempo de exercício da profissão, existência
de outro emprego e realização de medidas preventivas não mostraram associação com a queixa de DMRT. Conclusão: A prática
em fisioterapia pode desencadear grande sobrecarga física e emocional ao profissional, podendo gerar prejuízos a sua saúde. Espera-
se que este estudo contribua para a construção do perfil ocupacional dos fisioterapeutas da rede hospitalar, favorecendo a
implementação de estratégias preventivas e melhores condições de trabalho.
Palavras-chave: fisioterapia, desordens musculoesqueléticas, saúde do trabalhador.
ABSTRACT
Prevalence of work-related musculoskeletal disorders among
physiotherapists in the public hospital system of Belo Horizonte
Objective: To estimate the prevalence of work-related musculoskeletal disorders (WRMD) among physiotherapists and possible
associated risk factors. Method: This was a cross-sectional study among physiotherapists in the public health system of Belo Horizonte
(SUS-BH). For data collection, a self-administered questionnaire was utilized, containing 31 questions divided into four sections:
personal information, professional characteristics, perception of WRMD and preventive strategies. Results: Among the 213
respondents, 71% reported experiencing constant or intermittent musculoskeletal pain that lasted for 3 to 7 days in 63% of the
cases. The lumbar column was the area affected by pain in 59% of the complaints, and the cervical region in 55%. Dealing with
large numbers of patients on one day and lifting or transferring dependent patients were the most cited risk factors associated with
WRMD occurrence. These factors demonstrated an association with complaints of low back pain (p < 0.05). Moreover, there were
associations between WRMD complaints and lack of regular physical activity (p < 0.05) and working in direct contact with patients
for over eight hours a day (p < 0.05). The variables of sex, age, experience in the profession, existence of other employment and
utilization of preventative measures did not show any statistically significant relation with WRMD complaints. Conclusion: Physical
therapy practice may trigger a large physical and emotional overload for the professional, which may result in harm to their health.
It is hoped this study will add towards delineating the occupational profile of physiotherapists in the public hospital system, thereby
enabling implementation of preventive strategies and better working conditions.
Key words: physical therapy, musculoskeletal disorders, worker health.
080 Souza D'Ávila.p65 03/10/05, 11:26219
220 Souza d´Ávila, L., Fraga Sousa, G. A. e Sampaio, R. F. Rev. bras. fisioter.
INTRODUÇÃO
A Fisioterapia é uma profissão em crescimento no Brasil.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais, há 344 cursos de fisioterapia no País e 8.201
profissionais ingressaram no mercado de trabalho no ano
de 2001.1
Em Belo Horizonte, a abertura de novos cursos
superiores de fisioterapia aumentará drasticamente o número
de profissionais, chegando a, aproximadamente, 740 fisiotera-
peutas formados anualmente a partir de 2006.
O fisioterapeuta é um profissional que tem como
principal instrumento de trabalho o seu próprio corpo, o qual,
muitas vezes, é utilizado em situações de sobrecarga, seja
pela realização inadequada de um movimento ou durante
o trabalho com um paciente totalmente dependente. Esse
profissional, portanto, está exposto a vários fatores de risco
para o desenvolvimento de desordens musculoesqueléticas
relacionadas ao trabalho (DMRT).2,3
Países como os Estados Unidos e a Austrália demonstram,
por meio de vários estudos, crescente preocupação com a saúde
ocupacional do fisioterapeuta. Molumphy et al.4
foram os
pioneiros nas pesquisas dessa área. O estudo deles mostrou
forte associação entre a ocorrência de dor lombar, o atendimento
de pacientes dependentes e a realização de movimentos de
torção, inclinação e sustentação da coluna sob esforço máximo.4
Cromie et al.3,5,6
analisaram diversos fatores envolvidos na
ocorrência de DMRT entre fisioterapeutas, além de proporem
orientações e alternativas para uma prática mais saudável da
profissão.
No Brasil, apesar do número crescente de fisioterapeutas
ingressando no mercado de trabalho, a produção científica
quanto à saúde ocupacional desse profissional ainda é
limitada. Messias7
analisou a capacidade e o ambiente de
trabalho de 57 fisioterapeutas da cidade de São Paulo,
constatando a necessidade de modificações no posto de
trabalho e maior conscientização dos profissionais quanto
aos problemas de saúde decorrentes de sua profissão. A partir
de um estudo qualitativo com 128 fisioterapeutas de Recife,
Wanderley et al.8
determinaram a prevalência de dor na coluna
vertebral destes profissionais, descrevendo os sintomas
relacionados e a influência de possíveis fatores de risco.
Não há na literatura consenso quanto à definição de
DMRT.5
A maioria dos autores utiliza a queixa de dor como
indicativo de DMRT, diferindo na definição do tempo de
persistência da dor e em sua localização.2,3,4,9
Neste estudo
adotou-se como parâmetro da presença de DMRT a queixa
de dor de origem musculoesquelética percebida pelo
profissional como conseqüência de suas atividades de
trabalho, que não tenha localização predeterminada e com
duração mínima de três dias.9
O objetivo deste estudo foi
estimar a prevalência de DMRT em fisioterapeutas da rede
hospitalar do Sistema Único de Saúde de Belo Horizonte
(SUS-BH) e os possíveis fatores de risco associados.
MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de um estudo transversal sobre as DMRT em
fisioterapeutas da Rede Hospitalar SUS-BH. A amostra usada
consistiu de todos os fisioterapeutas que trabalham na rede
e que assinaram o termo de consentimento. Segundo a Secreta-
ria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, a Rede Hospitalar
SUS-BH consta de 53 hospitais, sendo que 32 deles contam
com serviço de fisioterapia, totalizando aproximadamente 270
profissionais, não havendo precisão em relação a esse número.
Esperava-se uma taxa de não-participação, como indicado
na literatura, entre 10% e 20% do total da amostra.10
Para a coleta de dados foi utilizado um questionário
auto-aplicado elaborado a partir da síntese das diversas
variáveis encontradas na literatura, O questionário consiste
de 31 questões divididas em 4 partes, englobando: dados
pessoais do participante (nome, idade, sexo, estatura, peso,
prática de atividade física e lazer), características profissionais
(hospital em que trabalha, faixa etária dos pacientes atendidos,
setor e área de atuação, tempo de profissão, horas diárias
de contato direto com o paciente, nível de satisfação com
o trabalho e existência de outro emprego), percepção das
dores relacionadas ao trabalho (avaliação da presença de
dor, determinação das áreas mais atingidas, fatores de risco
associados e estratégias utilizadas a fim de solucionar o
problema) e prevenção de DMRT.
Antes de iniciar a coleta de dados foi realizado um estudo-
piloto entre fisioterapeutas do Laboratório de Prevenção e
Reabilitação de Lesões Esportivas (LAPREV – UFMG) para
avaliar o conteúdo e a clareza do questionário.
Os questionários foram entregues a um profissional
do setor de fisioterapia de cada hospital, que se responsa-
bilizou pela sua distribuição e recolhimento, sendo estabe-
lecido o prazo de uma semana para o preenchimento. Cada
participante recebeu uma cópia do questionário e duas cópias
do termo de consentimento, com descrição dos objetivos e
dos principais pontos do estudo.
Os dados foram informatizados e analisados no pacote
estatístico Statistical Package for Social Sciences (SPSS)
versão 11.0. Foi realizada uma análise descritiva inicial
(medidas de tendência central e dispersão, freqüência e
porcentagem) das variáveis citadas e posteriormente uma
080 Souza D'Ávila.p65 03/10/05, 11:26220
Vol. 9 No. 2, 2005 DMRT em Fisioterapeutas da Rede SUS-BH 221
análise bivariada (x2
para variáveis categóricas e teste t de
Student para variáveis contínuas). O nível de significância
estabelecido foi de α = 0,05.
RESULTADOS
Da amostra prevista inicialmente, 213 profissionais
(79%) responderam ao questionário, estando a taxa de não
participação dentro da faixa esperada. Muitos fisioterapeutas
não foram localizados em decorrência da mudança de turno
de trabalho (plantão) na semana de coleta dos dados, férias
ou licença saúde/maternidade. A maioria dos entrevistados
era do sexo feminino (n = 181), sendo a média de idade de
32 anos (DP = 7,38), com valores mínimo e máximo de 22
e 57 anos. Cabe ressaltar que mais de 80% dos participantes
estavam na faixa etária entre 22 e 39 anos.
A média do Índice de Peso Corporal (IPC) foi 22 kg/
m2
(DP = 2,95) e 66% dos participantes estavam na categoria
considerada de menor risco para a saúde (20 a 25 kg/m2
).
A maioria dos sujeitos afirmou praticar algum tipo de atividade
de lazer (86%) e mais da metade relatou não praticar atividade
física regular (57%).
O tempo de trabalho na profissão variou de um mês
a 33 anos, sendo que grande parte dos fisioterapeutas (62%)
tinha de 2 a 10 anos de exercício profissional. O setor de
trabalho mais citado foi o Centro de Terapia Intensiva (54%)
e a área de atuação que concentrou o maior número de
profissionais foi fisioterapia respiratória (72%). Os
profissionais informaram atender, com maior freqüência,
pacientes adultos (36%), idosos (15%) e crianças (14%), sendo
que 35% não definiram a faixa etária de seus pacientes.
Quanto ao número de horas trabalhadas, 41% (n = 88)
dos respondentes relataram trabalhar mais de 8 horas diárias
em contato direto com o paciente, enquanto 30% (n = 63)
trabalhavam entre 4 e 6 horas, 26% (n = 56) entre 6 e 8
horas, 2% (n = 4) menos de 4 horas e 1% (n = 2) não
respondeu.
A maioria dos participantes (67%) afirmou ter férias
regulares e 82% julgaram não serem bem remunerados pelo
seu trabalho. Sessenta e dois por cento dos entrevistados
consideraram seu preparo físico adequado às atividades
profissionais e 98% sentiam prazer ao realizar seu trabalho
na maior parte do tempo.
Mais da metade dos fisioterapeutas (72%) respondeu
ter outro emprego ou ocupação, dentre os quais podem ser
citados: atendimento domiciliar, outro hospital, clínicas, sala
de aula ou preceptoria acadêmica e consultórios particulares.
Setenta e um por cento dos respondentes (n = 152)
relataram ter experimentado alguma dor de origem musculoes-
quelética constante ou intermitente por, pelo menos, 3 dias
após o início de suas atividades profissionais. Desse total, 34%
(n = 51) apresentaram queixas em duas regiões do corpo,
26% (n = 40) em quatro ou mais, 22% (n = 33) em três e 18%
(n = 27) em apenas uma. O tempo de persistência do sintoma
variou de 3 a 7 dias para 63% dos sujeitos, 7 a 15 dias para
16%, 15 a 30 dias para 4% e mais de 30 dias para 16%,
podendo ser caracterizado como de evolução aguda na maioria
dos casos. A coluna lombar foi apontada como a região afetada
na maioria dos casos (59%), seguida pela coluna cervical
(55%), ombro (36%) e coluna dorsal (30%). Outras regiões
também foram citadas, tais como punho (27%), mão (19%),
cotovelo (14%), pernas/pés (14%) e joelhos (13%).
Fatores
Freqüência
(Total = 152)
Porcentagem
(%)
Trabalhar em posições encurvadas 95 62,5
Tratar um grande número de pacientes em um dia 85 55,92
Levantar ou transferir pacientes dependentes 80 52,63
Realizar terapia manual (manipulações,
mobilizações e/ou massagens)
78 51,31
Trabalhar na mesma posição por muito tempo 67 44,07
Ajudar os pacientes durante as atividades 63 41,44
Repetir a mesma tarefa 61 40,13
Poucas pausas durante o dia 52 24,4
Trabalhar perto de seus limites físicos 30 19,73
Outros 12 7,89
Estresse/tensão emocional 10 6,57
Tabela 1. Fatores de risco ocupacionais para a ocorrência de desordens musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho relatados por fisioterapeutas
da Rede Hospitalar SUS-BH, 2003.
080 Souza D'Ávila.p65 03/10/05, 11:26221
222 Souza d´Ávila, L., Fraga Sousa, G. A. e Sampaio, R. F. Rev. bras. fisioter.
Entre os fatores de risco ocupacionais associados à
ocorrência de dor, “trabalhar em posições encurvadas”, “tratar
um grande número de pacientes em um dia” e “levantar/
transferir pacientes” foram os mais citados pelos profissionais
com queixa de dor (Tabela 1). Alguns fisioterapeutas (28%)
relacionaram sua dor a outras atividades ou posturas, como
atividades de vida diária (AVD), postura inadequada ao dormir
e ao usar o computador.
Com a finalidade de amenizar ou solucionar a dor, 56%
dos fisioterapeutas com queixa de dor musculoesquelética
mudaram a forma de realizar as técnicas, a mesma proporção
realizou autotratamento, 45% procuraram ajuda de outros
profissionais, 12% ficaram algum dia sem trabalhar, 9%
diminuíram o número de atendimentos e apenas um sujeito
mudou sua área de atuação. Cabe ressaltar que essas medidas
poderiam ser usadas de forma isolada ou complementar.
Medicamentos para dor foram usados por 47% dos indivíduos
sintomáticos. Quinze profissionais (10%), entretanto, nunca
buscaram nenhum tipo de tratamento para sua dor.
Foi investigada no protocolo utilizado a história de
afastamento do trabalho decorrente de sintomas musculoes-
queléticos. Somente 13% dos fisioterapeutas sintomáticos
foram afastados em decorrência da dor. O tempo de
afastamento variou de 2 a 90 dias, com freqüência maior
para afastamentos de uma semana.
De todos os respondentes, 62% (n = 132) relataram
realizar alguma medida para prevenir dores de origem
musculoesquelética. A maior parte dessas medidas incluía
alongamentos (55%), atividade física (28%) e cuidados com
a postura e o posicionamento durante o trabalho (15%).
Sessenta e um por cento dos participantes afirmaram
ter aprendido, durante a graduação, a melhor forma de realizar
as técnicas fisioterapêuticas com o objetivo de prevenir dores
de origem musculoesquelética e 97% sugeriram que deveria
haver disciplinas relacionadas ao tema durante a formação
acadêmica.
Foi encontrada associação estatisticamente significativa
entre a queixa de dor musculoesquelética relacionada ao trabalho
e a não realização de atividade física regular (p = 0,04). Além
disso, os resultados mostraram associação entre a queixa
de dor e as horas de contato com os pacientes (p < 0,05),
sendo observado que 48% (n = 72) dos fisioterapeutas com
queixa trabalhavam diretamente com o paciente por mais
de 8 horas diárias (Figura 1).
Quando analisada a relação entre a região afetada e
os fatores de risco associados, foi significativa a ocorrência
de dor lombar relacionada a trabalhar em posições encurvadas,
tratar um grande número de pacientes em um mesmo dia,
levantar ou transferir pacientes dependentes, realizar poucas
pausas diárias, trabalhar por muito tempo em uma mesma
posição e estresse emocional (p < 0,05). Por sua vez, repetir
a mesma tarefa, realizar terapia manual, realizar poucas pausas
diárias e estresse emocional são fatores relacionados à queixa
de dor cervical (p < 0,05).
0
10
20
30
40
50
60
até 2 2-4 4-6 6-8 mais de 8
Horas de contato direto
Presençadedor(%)
Figura 1. Ocorrência de desordens musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho segundo o número de horas de contato direto com o paciente.
080 Souza D'Ávila.p65 03/10/05, 11:26222
Vol. 9 No. 2, 2005 DMRT em Fisioterapeutas da Rede SUS-BH 223
Neste estudo, os sintomas de cotovelo, punho e mão
estavam associados à realização de terapia manual e à repetição
de uma mesma tarefa (p < 0,05). Trabalhar em posições
encurvadas mostrou associação com a dor na coluna dorsal
(p = 0,02).
Os sujeitos com queixa na região cervical e na mão
adotaram como medida para solucionar ou amenizar o
problema a modificação na forma de realização das técnicas
fisioterapêuticas, enquanto os que apresentaram dor lombar
e no cotovelo relataram diminuir o número de pacientes
atendidos e realizar autotratamento (p < 0,05).
As variáveis sexo, idade, tempo de exercício da
profissão, faixa etária dos pacientes, realização de medidas
preventivas e existência de outro emprego não mostraram
associação estatisticamente significativa com a queixa de
dor musculoesquelética relacionada ao trabalho.
DISCUSSÃO
Os resultados do presente estudo mostram alta preva-
lência (71%) de DMRT entre fisioterapeutas, concordando
com a literatura internacional sobre o tema.2,3, 4,7,8,9,11,12
West
& Gardner9
encontraram freqüência de 55% de DMRT entre
fisioterapeutas australianos, utilizando um parâmetro de
avaliação similar ao deste estudo. Alguns trabalhos anteriores,
entretanto, não estabeleceram tempo mínimo de duração da
dor musculoesquelética para definição de DMRT, limitando
apenas seu período de ocorrência, o que impossibilita
comparações.2,3
Ao contrário do estudo de Bork et al.,2
neste trabalho
não foi encontrada diferença na prevalência de DMRT entre
homens e mulheres, o que pode ser decorrente do baixo
número de homens na amostra estudada. Uma associação
entre idade e dor não pôde ser estabelecida a partir dos
resultados apresentados, o que pode ser justificado pelo fato
de o protocolo usado não identificar a época de ocorrência
do sintoma. Cromie et al.3
e Bork et al.2
encontraram relação
inversa entre dor lombar e idade e justificaram esses resultados
pela aquisição de estratégias para evitar a dor pelos
fisioterapeutas mais experientes, os quais, muitas vezes,
passam a assumir cargos administrativos em substituição à
clínica.
Embora Caragianis,11
Cromie et al.3
e West & Gardner9
não tenham encontrado uma relação entre a presença de dor
e as horas de trabalho, este estudo evidenciou que fisiotera-
peutas que trabalham mais de 8 horas diárias em contato direto
com o paciente apresentam maior probabilidade de desenvol-
ver DMRT. Tal fato pode ser explicado pela maior exposição
aos fatores de risco, associada a poucos períodos de descanso,
levando à fadiga do sistema musculoesquelético.13
Como na literatura, este estudo evidenciou maior
acometimento da coluna lombar em relação a outras regiões
do corpo.2,3,8,9
“Trabalhar em uma mesma posição durante
muito tempo”, “trabalhar em posições encurvadas” e “levantar
ou transferir pacientes” são fatores de risco comumente
relacionados à dor lombar entre fisioterapeutas.3,9
Neste
estudo, além dos fatores descritos, foi observada associação
entre fatores de sobrecarga física e emocional (poucas pausas
diárias, tratar um grande número de pacientes por dia, ajudar
os pacientes durante suas atividades e estresse emocional)
e dor lombar. Davis & Heaney14
demonstraram que o estresse
e o nível de satisfação com o trabalho são os fatores
psicossociais mais associados ao desenvolvimento de DMRT
na região lombar.
Segundo Bork et al.2
e Molumphy et al.,4
o ambiente
hospitalar é determinante de dor lombar relacionada ao traba-
lho em razão da dependência dos pacientes encontrados nesse
local e das cargas de trabalho impostas por essa condição.
Com os resultados desta pesquisa não se pode afirmar que
a alta freqüência de dor lombar encontrada esteja relacionada
ao grau de dependência dos pacientes, considerando a
diversidade dos serviços oferecidos, assim como o porte de
cada hospital.
Muitos estudos estimaram a incidência de dor relacio-
nada ao trabalho apenas na região lombar, impossibilitando
uma análise dos fatores e das conseqüências ligados às dores
em outras áreas corporais.4,12
A prevalência de dor lombar
relacionada ao trabalho é muito estudada também em outras
profissões da saúde.15,16
Cromie et al.3
observaram que repetir a mesma tarefa,
realizar terapia manual e poucas pausas durante o dia são
fatores associados à dor cervical, o que confirma os resultados
encontrados. Esse fato pode ser explicado pela sobrecarga
muscular que esses fatores determinam, principalmente no
trapézio superior.17
Além disso, foi observada relação entre
sintoma cervical e presença de estresse emocional,
concordando com os achados de Santos Filho & Barreto15
em sua recente pesquisa com dentistas de Belo Horizonte.
Caragianis11
encontrou alta incidência de dor relacionada
ao trabalho na extremidade superior entre terapeutas
especializados na reabilitação de membros superiores, os quais
utilizam técnicas de terapia manual (mobilizações,
manipulações e massagens) repetidamente e em tempo
prolongado. Os sintomas em cotovelo, punho ou mão estão
associados à realização de terapia manual em estudos que
não observaram fisioterapeutas.2,3,9
Os resultados encontrados
neste trabalho concordam com essas evidências e também
associam as DMRT de seguimentos superiores à repetição
de uma mesma tarefa.
Assim como neste estudo, mudar a forma de realização
das técnicas é a estratégia mais apontada na literatura como
tentativa de amenizar ou solucionar as DMRT entre
fisioterapeutas.2,3,9,11
Reyes et al.18
verificaram, em trabalha-
dores de uma indústria, que DMRT levam ao desenvolvimento
de mecanismos compensatórios na realização de tarefas
ocupacionais, sendo que tais mecanismos podem trazer
080 Souza D'Ávila.p65 03/10/05, 11:26223
224 Souza d´Ávila, L., Fraga Sousa, G. A. e Sampaio, R. F. Rev. bras. fisioter.
conseqüências desfavoráveis a outras regiões do corpo. Neste
estudo, a ocorrência de queixas em mais de uma região
corporal em 81% dos afetados por DMRT pode indicar que
as mudanças nas técnicas fisioterapêuticas ocorreram de forma
inadequada, levando à sobrecarga compensatória de outras
áreas corporais. Outra possível explicação para o relato de
dor em mais de uma área corporal seria a variabilidade de
tarefas profissionais realizadas pelos entrevistados.
Apesar da alta prevalência de DMRT, os resultados
mostraram que poucos fisioterapeutas relataram ter faltado
ao trabalho em decorrência de sua dor. Afastamento do
trabalho em decorrência DMRT também foi pouco observado
no estudo de Bork et al. Provavelmente, os fisioterapeutas
optaram pela continuidade do trabalho em consideração aos
pacientes.2
Outra possível justificativa seria que a baixa
freqüência de afastamentos das atividades ocupacionais estaria
relacionada ao número de fisioterapeutas que realizam
autotratamento ou à instabilidade no emprego, que os obriga
a continuar trabalhando mesmo com dor.
A prática de atividade física mostrou estar relacionada
à diminuição dos casos de DMRT. Alguns autores sugerem
que exercícios físicos ajustam o nível de condicionamento
e força muscular às demandas das atividades ocupacionais
dos fisioterapeutas.6,19
Não foi observado, porém, que realizar prevenção altera
a freqüência de dores musculoesqueléticas relacionadas ao
trabalho. De forma geral, as medidas preventivas apontadas
pelos sujeitos desta pesquisa possivelmente não eram as mais
indicadas para obtenção de resultados efetivos. Embora
Cromie et al.5
relatem que alguns fisioterapeutas consideram
que suas competências terapêuticas os previnem de DMRT,
outros autores demonstraram que essas competências não
os tornam imunes à ocorrência desse tipo de desordens.2,3,4,12
Uma prevenção mais eficiente deveria se basear na aplicação
dos conhecimentos ergonômicos, biomecânicos e clínicos
que os fisioterapeutas utilizam para a saúde de outros
trabalhadores em prol de sua própria segurança laboral.
Os entrevistados acreditam ser importante estudar
durante a graduação as melhores formas de realização das
técnicas fisioterapêuticas com o objetivo de prevenir DMRT.
A literatura vem apresentando diretrizes e recomendações
para uma prática mais segura da profissão.6,11,20
Apesar de a maioria dos fisioterapeutas relatar ter
aprendido estratégias preventivas, não foi estabelecida relação
entre este fato e a diminuição da freqüência de DMRT,
sugerindo uma não aplicação do conhecimento adquirido.
Este estudo mostra alta freqüência de dores musculoes-
queléticas relacionadas ao trabalho em fisioterapeutas,
demonstrando que a fisioterapia apresenta um componente
de grande sobrecarga física e emocional. Tais sobrecargas
podem gerar prejuízos à saúde dos profissionais, podendo
ainda comprometer a qualidade dos atendimentos.
Pesquisas precisam ser realizadas com o objetivo de
fomentar novas discussões ligadas aos fatores de risco de
DMRT e outras desordens ligadas ao trabalho em fisiotera-
peutas, visando à análise da eficácia das estratégias
preventivas existentes e propondo medidas alternativas.
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Vol. 9 No. 2, 2005 DMRT em Fisioterapeutas da Rede SUS-BH 225
15. Santos Filho SB, Barreto SM. Atividade ocupacional e
prevalência de dor osteomuscular em cirurgiões-dentistas de Belo
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18. Reyes LCV, Coury HJCG, Oishi J, Rebellato JR. Movements
performed by healthy and workers suffering from work-related
musculoskeletal disorders in simulated handling tasks. Revista
Brasileira de Fisioterapia 1999; 4(1): 33-38.
19. López JAB, Costoso AIT, Coy JA, Rodríguez JR. ¿Cuidas tu
postura al dar un masaje? Fisioterapia 2002; 24(4): 190-195.
20. López JAB, Costoso AIT, Antón VA, Rodríguez JR. Posturas
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PREVALÊNCIA DE DESORDENS MUSCULOESQUELÉTICAS RELACIONADAS AO TRABALHO EM FISIOTERAPEUTAS DA REDE HOSPITALAR SUS-BH

  • 1. Vol. 9 No. 2, 2005 DMRT em Fisioterapeutas da Rede SUS-BH 219ISSN 1413-3555 Rev. bras. fisioter. Vol. 9, No. 2 (2005), 219-225 ©Revista Brasileira de Fisioterapia PREVALÊNCIA DE DESORDENS MUSCULOESQUELÉTICAS RELACIONADAS AO TRABALHO EM FISIOTERAPEUTAS DA REDE HOSPITALAR SUS-BH Souza d’Ávila, L.,1 Fraga Sousa, G. A.1 e Sampaio, R. F.2 1 Curso de Fisioterapia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil 2 Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil Correspondência para: Rosana Ferreira Sampaio, Rua Juvenal dos Santos, no 222, ap. 602, Bairro Luxemburgo, Belo Horizonte, MG, CEP 30360-530, e-mail: rosana@dedalus.lcc.ufmg.br Recebido: 26/5/2004 – Aceito: 8/4/2005 RESUMO Objetivo: Estimar a prevalência de desordens musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho (DMRT) em fisioterapeutas da Rede Hospitalar SUS-BH e os possíveis fatores de risco associados. Métodos: Estudo transversal realizado com os fisioterapeutas da Rede Hospitalar SUS-BH. Para a coleta de dados foi utilizado um questionário auto-aplicável com 31 questões divididas em 4 partes: dados pessoais, características profissionais, percepção de DMRT e estratégias de prevenção. Resultados: do total de respondentes (n = 213), 71% relataram já ter sentido dor musculoesquelética constante ou intermitente, com tempo de persistência de 3 a 7 dias em 63% dos casos. A coluna lombar foi apontada como área afetada pela dor em 59% das queixas, seguida pela região cervical (55%). Tratar grande número de pacientes em um mesmo dia e levantar ou transferir pacientes dependentes foram os fatores de risco associados à ocorrência de DMRT mais citados, estando relacionados à queixa de dor lombar (p < 0,05). Além disso, os resultados mostraram uma associação da queixa de DMRT com a não realização de atividade física regular (p < 0,05) e trabalhar em contato direto com os pacientes por mais de 8 horas diárias (p < 0,05). As variáveis sexo, idade, tempo de exercício da profissão, existência de outro emprego e realização de medidas preventivas não mostraram associação com a queixa de DMRT. Conclusão: A prática em fisioterapia pode desencadear grande sobrecarga física e emocional ao profissional, podendo gerar prejuízos a sua saúde. Espera- se que este estudo contribua para a construção do perfil ocupacional dos fisioterapeutas da rede hospitalar, favorecendo a implementação de estratégias preventivas e melhores condições de trabalho. Palavras-chave: fisioterapia, desordens musculoesqueléticas, saúde do trabalhador. ABSTRACT Prevalence of work-related musculoskeletal disorders among physiotherapists in the public hospital system of Belo Horizonte Objective: To estimate the prevalence of work-related musculoskeletal disorders (WRMD) among physiotherapists and possible associated risk factors. Method: This was a cross-sectional study among physiotherapists in the public health system of Belo Horizonte (SUS-BH). For data collection, a self-administered questionnaire was utilized, containing 31 questions divided into four sections: personal information, professional characteristics, perception of WRMD and preventive strategies. Results: Among the 213 respondents, 71% reported experiencing constant or intermittent musculoskeletal pain that lasted for 3 to 7 days in 63% of the cases. The lumbar column was the area affected by pain in 59% of the complaints, and the cervical region in 55%. Dealing with large numbers of patients on one day and lifting or transferring dependent patients were the most cited risk factors associated with WRMD occurrence. These factors demonstrated an association with complaints of low back pain (p < 0.05). Moreover, there were associations between WRMD complaints and lack of regular physical activity (p < 0.05) and working in direct contact with patients for over eight hours a day (p < 0.05). The variables of sex, age, experience in the profession, existence of other employment and utilization of preventative measures did not show any statistically significant relation with WRMD complaints. Conclusion: Physical therapy practice may trigger a large physical and emotional overload for the professional, which may result in harm to their health. It is hoped this study will add towards delineating the occupational profile of physiotherapists in the public hospital system, thereby enabling implementation of preventive strategies and better working conditions. Key words: physical therapy, musculoskeletal disorders, worker health. 080 Souza D'Ávila.p65 03/10/05, 11:26219
  • 2. 220 Souza d´Ávila, L., Fraga Sousa, G. A. e Sampaio, R. F. Rev. bras. fisioter. INTRODUÇÃO A Fisioterapia é uma profissão em crescimento no Brasil. Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, há 344 cursos de fisioterapia no País e 8.201 profissionais ingressaram no mercado de trabalho no ano de 2001.1 Em Belo Horizonte, a abertura de novos cursos superiores de fisioterapia aumentará drasticamente o número de profissionais, chegando a, aproximadamente, 740 fisiotera- peutas formados anualmente a partir de 2006. O fisioterapeuta é um profissional que tem como principal instrumento de trabalho o seu próprio corpo, o qual, muitas vezes, é utilizado em situações de sobrecarga, seja pela realização inadequada de um movimento ou durante o trabalho com um paciente totalmente dependente. Esse profissional, portanto, está exposto a vários fatores de risco para o desenvolvimento de desordens musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho (DMRT).2,3 Países como os Estados Unidos e a Austrália demonstram, por meio de vários estudos, crescente preocupação com a saúde ocupacional do fisioterapeuta. Molumphy et al.4 foram os pioneiros nas pesquisas dessa área. O estudo deles mostrou forte associação entre a ocorrência de dor lombar, o atendimento de pacientes dependentes e a realização de movimentos de torção, inclinação e sustentação da coluna sob esforço máximo.4 Cromie et al.3,5,6 analisaram diversos fatores envolvidos na ocorrência de DMRT entre fisioterapeutas, além de proporem orientações e alternativas para uma prática mais saudável da profissão. No Brasil, apesar do número crescente de fisioterapeutas ingressando no mercado de trabalho, a produção científica quanto à saúde ocupacional desse profissional ainda é limitada. Messias7 analisou a capacidade e o ambiente de trabalho de 57 fisioterapeutas da cidade de São Paulo, constatando a necessidade de modificações no posto de trabalho e maior conscientização dos profissionais quanto aos problemas de saúde decorrentes de sua profissão. A partir de um estudo qualitativo com 128 fisioterapeutas de Recife, Wanderley et al.8 determinaram a prevalência de dor na coluna vertebral destes profissionais, descrevendo os sintomas relacionados e a influência de possíveis fatores de risco. Não há na literatura consenso quanto à definição de DMRT.5 A maioria dos autores utiliza a queixa de dor como indicativo de DMRT, diferindo na definição do tempo de persistência da dor e em sua localização.2,3,4,9 Neste estudo adotou-se como parâmetro da presença de DMRT a queixa de dor de origem musculoesquelética percebida pelo profissional como conseqüência de suas atividades de trabalho, que não tenha localização predeterminada e com duração mínima de três dias.9 O objetivo deste estudo foi estimar a prevalência de DMRT em fisioterapeutas da rede hospitalar do Sistema Único de Saúde de Belo Horizonte (SUS-BH) e os possíveis fatores de risco associados. MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de um estudo transversal sobre as DMRT em fisioterapeutas da Rede Hospitalar SUS-BH. A amostra usada consistiu de todos os fisioterapeutas que trabalham na rede e que assinaram o termo de consentimento. Segundo a Secreta- ria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, a Rede Hospitalar SUS-BH consta de 53 hospitais, sendo que 32 deles contam com serviço de fisioterapia, totalizando aproximadamente 270 profissionais, não havendo precisão em relação a esse número. Esperava-se uma taxa de não-participação, como indicado na literatura, entre 10% e 20% do total da amostra.10 Para a coleta de dados foi utilizado um questionário auto-aplicado elaborado a partir da síntese das diversas variáveis encontradas na literatura, O questionário consiste de 31 questões divididas em 4 partes, englobando: dados pessoais do participante (nome, idade, sexo, estatura, peso, prática de atividade física e lazer), características profissionais (hospital em que trabalha, faixa etária dos pacientes atendidos, setor e área de atuação, tempo de profissão, horas diárias de contato direto com o paciente, nível de satisfação com o trabalho e existência de outro emprego), percepção das dores relacionadas ao trabalho (avaliação da presença de dor, determinação das áreas mais atingidas, fatores de risco associados e estratégias utilizadas a fim de solucionar o problema) e prevenção de DMRT. Antes de iniciar a coleta de dados foi realizado um estudo- piloto entre fisioterapeutas do Laboratório de Prevenção e Reabilitação de Lesões Esportivas (LAPREV – UFMG) para avaliar o conteúdo e a clareza do questionário. Os questionários foram entregues a um profissional do setor de fisioterapia de cada hospital, que se responsa- bilizou pela sua distribuição e recolhimento, sendo estabe- lecido o prazo de uma semana para o preenchimento. Cada participante recebeu uma cópia do questionário e duas cópias do termo de consentimento, com descrição dos objetivos e dos principais pontos do estudo. Os dados foram informatizados e analisados no pacote estatístico Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 11.0. Foi realizada uma análise descritiva inicial (medidas de tendência central e dispersão, freqüência e porcentagem) das variáveis citadas e posteriormente uma 080 Souza D'Ávila.p65 03/10/05, 11:26220
  • 3. Vol. 9 No. 2, 2005 DMRT em Fisioterapeutas da Rede SUS-BH 221 análise bivariada (x2 para variáveis categóricas e teste t de Student para variáveis contínuas). O nível de significância estabelecido foi de α = 0,05. RESULTADOS Da amostra prevista inicialmente, 213 profissionais (79%) responderam ao questionário, estando a taxa de não participação dentro da faixa esperada. Muitos fisioterapeutas não foram localizados em decorrência da mudança de turno de trabalho (plantão) na semana de coleta dos dados, férias ou licença saúde/maternidade. A maioria dos entrevistados era do sexo feminino (n = 181), sendo a média de idade de 32 anos (DP = 7,38), com valores mínimo e máximo de 22 e 57 anos. Cabe ressaltar que mais de 80% dos participantes estavam na faixa etária entre 22 e 39 anos. A média do Índice de Peso Corporal (IPC) foi 22 kg/ m2 (DP = 2,95) e 66% dos participantes estavam na categoria considerada de menor risco para a saúde (20 a 25 kg/m2 ). A maioria dos sujeitos afirmou praticar algum tipo de atividade de lazer (86%) e mais da metade relatou não praticar atividade física regular (57%). O tempo de trabalho na profissão variou de um mês a 33 anos, sendo que grande parte dos fisioterapeutas (62%) tinha de 2 a 10 anos de exercício profissional. O setor de trabalho mais citado foi o Centro de Terapia Intensiva (54%) e a área de atuação que concentrou o maior número de profissionais foi fisioterapia respiratória (72%). Os profissionais informaram atender, com maior freqüência, pacientes adultos (36%), idosos (15%) e crianças (14%), sendo que 35% não definiram a faixa etária de seus pacientes. Quanto ao número de horas trabalhadas, 41% (n = 88) dos respondentes relataram trabalhar mais de 8 horas diárias em contato direto com o paciente, enquanto 30% (n = 63) trabalhavam entre 4 e 6 horas, 26% (n = 56) entre 6 e 8 horas, 2% (n = 4) menos de 4 horas e 1% (n = 2) não respondeu. A maioria dos participantes (67%) afirmou ter férias regulares e 82% julgaram não serem bem remunerados pelo seu trabalho. Sessenta e dois por cento dos entrevistados consideraram seu preparo físico adequado às atividades profissionais e 98% sentiam prazer ao realizar seu trabalho na maior parte do tempo. Mais da metade dos fisioterapeutas (72%) respondeu ter outro emprego ou ocupação, dentre os quais podem ser citados: atendimento domiciliar, outro hospital, clínicas, sala de aula ou preceptoria acadêmica e consultórios particulares. Setenta e um por cento dos respondentes (n = 152) relataram ter experimentado alguma dor de origem musculoes- quelética constante ou intermitente por, pelo menos, 3 dias após o início de suas atividades profissionais. Desse total, 34% (n = 51) apresentaram queixas em duas regiões do corpo, 26% (n = 40) em quatro ou mais, 22% (n = 33) em três e 18% (n = 27) em apenas uma. O tempo de persistência do sintoma variou de 3 a 7 dias para 63% dos sujeitos, 7 a 15 dias para 16%, 15 a 30 dias para 4% e mais de 30 dias para 16%, podendo ser caracterizado como de evolução aguda na maioria dos casos. A coluna lombar foi apontada como a região afetada na maioria dos casos (59%), seguida pela coluna cervical (55%), ombro (36%) e coluna dorsal (30%). Outras regiões também foram citadas, tais como punho (27%), mão (19%), cotovelo (14%), pernas/pés (14%) e joelhos (13%). Fatores Freqüência (Total = 152) Porcentagem (%) Trabalhar em posições encurvadas 95 62,5 Tratar um grande número de pacientes em um dia 85 55,92 Levantar ou transferir pacientes dependentes 80 52,63 Realizar terapia manual (manipulações, mobilizações e/ou massagens) 78 51,31 Trabalhar na mesma posição por muito tempo 67 44,07 Ajudar os pacientes durante as atividades 63 41,44 Repetir a mesma tarefa 61 40,13 Poucas pausas durante o dia 52 24,4 Trabalhar perto de seus limites físicos 30 19,73 Outros 12 7,89 Estresse/tensão emocional 10 6,57 Tabela 1. Fatores de risco ocupacionais para a ocorrência de desordens musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho relatados por fisioterapeutas da Rede Hospitalar SUS-BH, 2003. 080 Souza D'Ávila.p65 03/10/05, 11:26221
  • 4. 222 Souza d´Ávila, L., Fraga Sousa, G. A. e Sampaio, R. F. Rev. bras. fisioter. Entre os fatores de risco ocupacionais associados à ocorrência de dor, “trabalhar em posições encurvadas”, “tratar um grande número de pacientes em um dia” e “levantar/ transferir pacientes” foram os mais citados pelos profissionais com queixa de dor (Tabela 1). Alguns fisioterapeutas (28%) relacionaram sua dor a outras atividades ou posturas, como atividades de vida diária (AVD), postura inadequada ao dormir e ao usar o computador. Com a finalidade de amenizar ou solucionar a dor, 56% dos fisioterapeutas com queixa de dor musculoesquelética mudaram a forma de realizar as técnicas, a mesma proporção realizou autotratamento, 45% procuraram ajuda de outros profissionais, 12% ficaram algum dia sem trabalhar, 9% diminuíram o número de atendimentos e apenas um sujeito mudou sua área de atuação. Cabe ressaltar que essas medidas poderiam ser usadas de forma isolada ou complementar. Medicamentos para dor foram usados por 47% dos indivíduos sintomáticos. Quinze profissionais (10%), entretanto, nunca buscaram nenhum tipo de tratamento para sua dor. Foi investigada no protocolo utilizado a história de afastamento do trabalho decorrente de sintomas musculoes- queléticos. Somente 13% dos fisioterapeutas sintomáticos foram afastados em decorrência da dor. O tempo de afastamento variou de 2 a 90 dias, com freqüência maior para afastamentos de uma semana. De todos os respondentes, 62% (n = 132) relataram realizar alguma medida para prevenir dores de origem musculoesquelética. A maior parte dessas medidas incluía alongamentos (55%), atividade física (28%) e cuidados com a postura e o posicionamento durante o trabalho (15%). Sessenta e um por cento dos participantes afirmaram ter aprendido, durante a graduação, a melhor forma de realizar as técnicas fisioterapêuticas com o objetivo de prevenir dores de origem musculoesquelética e 97% sugeriram que deveria haver disciplinas relacionadas ao tema durante a formação acadêmica. Foi encontrada associação estatisticamente significativa entre a queixa de dor musculoesquelética relacionada ao trabalho e a não realização de atividade física regular (p = 0,04). Além disso, os resultados mostraram associação entre a queixa de dor e as horas de contato com os pacientes (p < 0,05), sendo observado que 48% (n = 72) dos fisioterapeutas com queixa trabalhavam diretamente com o paciente por mais de 8 horas diárias (Figura 1). Quando analisada a relação entre a região afetada e os fatores de risco associados, foi significativa a ocorrência de dor lombar relacionada a trabalhar em posições encurvadas, tratar um grande número de pacientes em um mesmo dia, levantar ou transferir pacientes dependentes, realizar poucas pausas diárias, trabalhar por muito tempo em uma mesma posição e estresse emocional (p < 0,05). Por sua vez, repetir a mesma tarefa, realizar terapia manual, realizar poucas pausas diárias e estresse emocional são fatores relacionados à queixa de dor cervical (p < 0,05). 0 10 20 30 40 50 60 até 2 2-4 4-6 6-8 mais de 8 Horas de contato direto Presençadedor(%) Figura 1. Ocorrência de desordens musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho segundo o número de horas de contato direto com o paciente. 080 Souza D'Ávila.p65 03/10/05, 11:26222
  • 5. Vol. 9 No. 2, 2005 DMRT em Fisioterapeutas da Rede SUS-BH 223 Neste estudo, os sintomas de cotovelo, punho e mão estavam associados à realização de terapia manual e à repetição de uma mesma tarefa (p < 0,05). Trabalhar em posições encurvadas mostrou associação com a dor na coluna dorsal (p = 0,02). Os sujeitos com queixa na região cervical e na mão adotaram como medida para solucionar ou amenizar o problema a modificação na forma de realização das técnicas fisioterapêuticas, enquanto os que apresentaram dor lombar e no cotovelo relataram diminuir o número de pacientes atendidos e realizar autotratamento (p < 0,05). As variáveis sexo, idade, tempo de exercício da profissão, faixa etária dos pacientes, realização de medidas preventivas e existência de outro emprego não mostraram associação estatisticamente significativa com a queixa de dor musculoesquelética relacionada ao trabalho. DISCUSSÃO Os resultados do presente estudo mostram alta preva- lência (71%) de DMRT entre fisioterapeutas, concordando com a literatura internacional sobre o tema.2,3, 4,7,8,9,11,12 West & Gardner9 encontraram freqüência de 55% de DMRT entre fisioterapeutas australianos, utilizando um parâmetro de avaliação similar ao deste estudo. Alguns trabalhos anteriores, entretanto, não estabeleceram tempo mínimo de duração da dor musculoesquelética para definição de DMRT, limitando apenas seu período de ocorrência, o que impossibilita comparações.2,3 Ao contrário do estudo de Bork et al.,2 neste trabalho não foi encontrada diferença na prevalência de DMRT entre homens e mulheres, o que pode ser decorrente do baixo número de homens na amostra estudada. Uma associação entre idade e dor não pôde ser estabelecida a partir dos resultados apresentados, o que pode ser justificado pelo fato de o protocolo usado não identificar a época de ocorrência do sintoma. Cromie et al.3 e Bork et al.2 encontraram relação inversa entre dor lombar e idade e justificaram esses resultados pela aquisição de estratégias para evitar a dor pelos fisioterapeutas mais experientes, os quais, muitas vezes, passam a assumir cargos administrativos em substituição à clínica. Embora Caragianis,11 Cromie et al.3 e West & Gardner9 não tenham encontrado uma relação entre a presença de dor e as horas de trabalho, este estudo evidenciou que fisiotera- peutas que trabalham mais de 8 horas diárias em contato direto com o paciente apresentam maior probabilidade de desenvol- ver DMRT. Tal fato pode ser explicado pela maior exposição aos fatores de risco, associada a poucos períodos de descanso, levando à fadiga do sistema musculoesquelético.13 Como na literatura, este estudo evidenciou maior acometimento da coluna lombar em relação a outras regiões do corpo.2,3,8,9 “Trabalhar em uma mesma posição durante muito tempo”, “trabalhar em posições encurvadas” e “levantar ou transferir pacientes” são fatores de risco comumente relacionados à dor lombar entre fisioterapeutas.3,9 Neste estudo, além dos fatores descritos, foi observada associação entre fatores de sobrecarga física e emocional (poucas pausas diárias, tratar um grande número de pacientes por dia, ajudar os pacientes durante suas atividades e estresse emocional) e dor lombar. Davis & Heaney14 demonstraram que o estresse e o nível de satisfação com o trabalho são os fatores psicossociais mais associados ao desenvolvimento de DMRT na região lombar. Segundo Bork et al.2 e Molumphy et al.,4 o ambiente hospitalar é determinante de dor lombar relacionada ao traba- lho em razão da dependência dos pacientes encontrados nesse local e das cargas de trabalho impostas por essa condição. Com os resultados desta pesquisa não se pode afirmar que a alta freqüência de dor lombar encontrada esteja relacionada ao grau de dependência dos pacientes, considerando a diversidade dos serviços oferecidos, assim como o porte de cada hospital. Muitos estudos estimaram a incidência de dor relacio- nada ao trabalho apenas na região lombar, impossibilitando uma análise dos fatores e das conseqüências ligados às dores em outras áreas corporais.4,12 A prevalência de dor lombar relacionada ao trabalho é muito estudada também em outras profissões da saúde.15,16 Cromie et al.3 observaram que repetir a mesma tarefa, realizar terapia manual e poucas pausas durante o dia são fatores associados à dor cervical, o que confirma os resultados encontrados. Esse fato pode ser explicado pela sobrecarga muscular que esses fatores determinam, principalmente no trapézio superior.17 Além disso, foi observada relação entre sintoma cervical e presença de estresse emocional, concordando com os achados de Santos Filho & Barreto15 em sua recente pesquisa com dentistas de Belo Horizonte. Caragianis11 encontrou alta incidência de dor relacionada ao trabalho na extremidade superior entre terapeutas especializados na reabilitação de membros superiores, os quais utilizam técnicas de terapia manual (mobilizações, manipulações e massagens) repetidamente e em tempo prolongado. Os sintomas em cotovelo, punho ou mão estão associados à realização de terapia manual em estudos que não observaram fisioterapeutas.2,3,9 Os resultados encontrados neste trabalho concordam com essas evidências e também associam as DMRT de seguimentos superiores à repetição de uma mesma tarefa. Assim como neste estudo, mudar a forma de realização das técnicas é a estratégia mais apontada na literatura como tentativa de amenizar ou solucionar as DMRT entre fisioterapeutas.2,3,9,11 Reyes et al.18 verificaram, em trabalha- dores de uma indústria, que DMRT levam ao desenvolvimento de mecanismos compensatórios na realização de tarefas ocupacionais, sendo que tais mecanismos podem trazer 080 Souza D'Ávila.p65 03/10/05, 11:26223
  • 6. 224 Souza d´Ávila, L., Fraga Sousa, G. A. e Sampaio, R. F. Rev. bras. fisioter. conseqüências desfavoráveis a outras regiões do corpo. Neste estudo, a ocorrência de queixas em mais de uma região corporal em 81% dos afetados por DMRT pode indicar que as mudanças nas técnicas fisioterapêuticas ocorreram de forma inadequada, levando à sobrecarga compensatória de outras áreas corporais. Outra possível explicação para o relato de dor em mais de uma área corporal seria a variabilidade de tarefas profissionais realizadas pelos entrevistados. Apesar da alta prevalência de DMRT, os resultados mostraram que poucos fisioterapeutas relataram ter faltado ao trabalho em decorrência de sua dor. Afastamento do trabalho em decorrência DMRT também foi pouco observado no estudo de Bork et al. Provavelmente, os fisioterapeutas optaram pela continuidade do trabalho em consideração aos pacientes.2 Outra possível justificativa seria que a baixa freqüência de afastamentos das atividades ocupacionais estaria relacionada ao número de fisioterapeutas que realizam autotratamento ou à instabilidade no emprego, que os obriga a continuar trabalhando mesmo com dor. A prática de atividade física mostrou estar relacionada à diminuição dos casos de DMRT. Alguns autores sugerem que exercícios físicos ajustam o nível de condicionamento e força muscular às demandas das atividades ocupacionais dos fisioterapeutas.6,19 Não foi observado, porém, que realizar prevenção altera a freqüência de dores musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho. De forma geral, as medidas preventivas apontadas pelos sujeitos desta pesquisa possivelmente não eram as mais indicadas para obtenção de resultados efetivos. Embora Cromie et al.5 relatem que alguns fisioterapeutas consideram que suas competências terapêuticas os previnem de DMRT, outros autores demonstraram que essas competências não os tornam imunes à ocorrência desse tipo de desordens.2,3,4,12 Uma prevenção mais eficiente deveria se basear na aplicação dos conhecimentos ergonômicos, biomecânicos e clínicos que os fisioterapeutas utilizam para a saúde de outros trabalhadores em prol de sua própria segurança laboral. Os entrevistados acreditam ser importante estudar durante a graduação as melhores formas de realização das técnicas fisioterapêuticas com o objetivo de prevenir DMRT. A literatura vem apresentando diretrizes e recomendações para uma prática mais segura da profissão.6,11,20 Apesar de a maioria dos fisioterapeutas relatar ter aprendido estratégias preventivas, não foi estabelecida relação entre este fato e a diminuição da freqüência de DMRT, sugerindo uma não aplicação do conhecimento adquirido. Este estudo mostra alta freqüência de dores musculoes- queléticas relacionadas ao trabalho em fisioterapeutas, demonstrando que a fisioterapia apresenta um componente de grande sobrecarga física e emocional. Tais sobrecargas podem gerar prejuízos à saúde dos profissionais, podendo ainda comprometer a qualidade dos atendimentos. Pesquisas precisam ser realizadas com o objetivo de fomentar novas discussões ligadas aos fatores de risco de DMRT e outras desordens ligadas ao trabalho em fisiotera- peutas, visando à análise da eficácia das estratégias preventivas existentes e propondo medidas alternativas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (2004). http: www.inep.gov.br 2. Bork BE, Cook TM, Rosecrance JC, Engelhardt KA, Thomason MJ, Wauford RK, Worley RK. Work-related musculoskeletal disorders among physical therapists. Physical Therapy 1996; 76(8): 827-835. 3. Cromie JE, Robertson VJ, Best MO. 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