SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 2
Baixar para ler offline
DAR TUDO PARA DOAR-SE PLENAMENTE
BORTOLINE, José - Roteiros Homiléticos Anos A, B, C Festas e Solenidades - Paulus, 2007
TEMAS E COMENTÁRIOS AOS TEXTOS DO LECIONÁRIO DOMINICAL:
ANO: B – TEMPO LITÚRGICO: 32° DOM. COMUM - COR: VERDE
I. INTRODUÇÃO GERAL
1. A Ceia do Senhor é o memorial da doação plena de
Jesus Cristo ao Pai e a nós. A Palavra partilhada e o pão
repartido entre muitos apontam para uma realidade
desafiadora: chegarmos à partilha de tudo o que somos
e o que temos, de modo que todos tenham o suficiente e
necessário para viver como filhos de Deus. Assim esta-
remos concretizando o Reino que Jesus anunciou e con-
fiou aos que o seguem.
II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS
1ª leitura (1Rs 17,10-16): O profeta ensina a parti-
lhar
2. 1Rs 17 é o início daquilo que se costumou chamar
“ciclo de Elias”. Esse profeta, cujo nome é seu próprio
programa de vida (Elias significa “Meu Deus é Javé”),
aparece no Reino do Norte em tempo de seca. A falta da
chuva é vista como ausência do próprio Deus. A terra
ressequida serve de modelo para mostrar o que está
acontecendo em Israel: casando-se com Jezabel, o rei
Acab permitiu que sua esposa introduzisse no Reino do
Norte o culto a Baal, deus cananeu ao qual se atribuía o
dom da chuva e da fertilidade da terra. Conseqüente-
mente, Baal era também aquele que providenciava o
alimento (pão e azeite, no caso da viúva). Na perspecti-
va de Elias, contudo, a seca é sinônimo de abandono do
Deus vivo e verdadeiro, aquele mesmo Deus que liber-
tou seu povo da escravidão egípcia.
3. Como vive o profeta nessas situações? Num primei-
ro momento, é sustentado pelos corvos que, por ordem
de Deus, lhe providenciam alimento pela manhã e pela
tarde (17,6). Numa segunda etapa, Javé lhe ordena mi-
grar para Sarepta, na região de Sidônia, de onde veio
Jezabel. Baal é o deus dessa região. Aí o profeta inicia
seu aprendizado, e a realidade que lhe serve de escola é
a mais desastrosa possível: “Ao chegar à porta da cida-
de, viu uma viúva apanhando lenha… Ela respondeu:
Juro que não tenho pão, mas somente um punhado de
farinha e um pouco de óleo na jarra. Estou ajuntando
uns gravetos, e vou preparar um pãozinho para mim e
meu filho; vamos comer e depois esperar a morte” (vv.
10a.12b).
4. Elias reconhece que Baal não é Deus, pois essa
pobre viúva e seu filho são como “terra seca”. Estão à
espera da morte. Eles lembram de perto a situação de
muita gente, ontem e hoje. E faz pensar também nos
ídolos que geram a morte do povo em todos os tempos.
5. Qual a solução para que o povo não morra de fome?
Elias descobre que, a partir dos pobres, sem nome e sem
futuro, é possível reconstruir a vida com alegria e espe-
rança. E o texto aponta, como solução, a confiança no
Deus da vida que fala por meio dos profetas e a partilha
do pouco que se tem: “Não se preocupe! Vá e faça co-
mo você disse, mas antes prepare um pãozinho e traga-o
para mim! Depois pode preparar alguma coisa para você
e seu filho” (v. 13).
6. Temos a impressão de que a viúva estrangeira não
tinha mais nada a partilhar com o profeta, pois lhe sobra-
va apenas um punhado de farinha e um pouco de óleo.
Mas ela soube, confiando no Deus da vida que fala por
meio dos profetas, repartir o pouco que possuía. E seu
gesto não ficou sem resposta: “Ela e seu filho, além de
Elias, tiveram o que comer durante muito tempo. A fari-
nha da vasilha não acabou, nem diminuiu o óleo na jarra,
como o Senhor havia falado por meio de Elias!” (vv. 15b-
16).
Evangelho (Mc 12,38-44): Dar tudo para doar-se ple-
namente
7. Jesus está em Jerusalém e, mais exatamente, no Tem-
plo, centro religioso, político, econômico e ideológico da
época. Aí ele se defronta com os que pretendem perpetu-
ar os tempos de dominação e exploração do povo (cf., por
contraste, 1,15). No texto de hoje ele se defronta com os
doutores da Lei (vv. 38-40), anunciando sua condenação.
Eles representam o centro ideológico de Israel pois, sendo
peritos na Bíblia, são também especialistas no Direito,
sabendo burlar as leis em seu benefício, explorando con-
seqüentemente os que não têm amparo legal.
8. Vamos dividir a perícope deste domingo em dois
momentos, vv. 38-40 e vv. 41-44. À primeira vista, pare-
cem dois textos desligados um do outro. Contudo, exami-
nando bem, podemos perceber algumas ligações, pois a
viúva que aparece nos vv. 41-44 pertence justamente ao
grupo social mais explorado pelos doutores da Lei (cf. v.
40). Entre ela e os primeiros há um contraste gritante:
eles são ostensivos, “teólogos”, arrogantes, ricos e explo-
radores; ela se apresenta na veste esfarrapada de viúva,
vive a teologia do pobre, passa despercebida aos olhos
dos grandes, é explorada. Aos primeiros está reservada a
pior condenação, ao passo que o gesto da viúva é a única
coisa boa que Jesus vê em Jerusalém.
a. O saber que leva à exploração e ostentação (vv. 38-40)
9. Jesus está cercado pela massa do povo e ensina (v.
38a). Desde o início do Evangelho de Marcos, o povo
descobriu que o ensinamento de Jesus contrasta com o
dos doutores da Lei (cf. 1,22). Agora é o momento do
confronto final. Jesus pede que a massa do povo se afaste
deles. E as principais razões são estas: 1. “Eles gostam de
andar com roupas vistosas”. O fato se refere, provavel-
mente, ao modo como os doutores da Lei se vestiam no
dia de sábado. Eles eram diferentes do povo e, por isso,
autênticos. Queriam se impor pelo aparato externo (o que
dizer dos “distintivos”, hábitos e condecorações de ho-
je?). 2. “Gostam de ser cumprimentados nas praças públi-
cas”, ou seja, queriam ser os primeiros a receber o reco-
nhecimento do povo, pois se consideravam os mais im-
portantes. 3. “Gostam das primeiras cadeiras nas sinago-
gas”. Ocupavam as poltronas diante do cofre que guar-
dava os livros sagrados. Essas se situavam num lugar
elevado, à vista de todos, de modo que o povo os identi-
ficava imediatamente como mestres. 4. “Gostam dos
melhores lugares nos banquetes”. Ocupavam os lugares
perto do festejado, onde havia confortáveis almofadas.
Pura ostentação.
10. A essas alturas podemos intuir o contraste com o
episódio da viúva. Ela se vestia como pobre, não era
reconhecida nas praças senão por sua pobreza e aban-
dono, não tinha cadeira cativa nas sinagogas, nem era
convidada aos banquetes, e o que tinha para sobreviver
era muito pouco ou quase nada (cf. 1ª leitura).
11. O mais grave de tudo isso é que, em nome da reli-
gião, os doutores da Lei exploravam as viúvas e os po-
bres. De fato, era tarefa deles servir de apoio legal às
viúvas. Porém, faziam isso “piedosamente”, exigindo
pela prestação de serviço um pagamento tal que as viú-
vas, muitas vezes, tinham que lhes ceder a propriedade.
É o próprio Jesus quem afirma: “Exploram as viúvas e
roubam suas casas, e para disfarçar fazem longas ora-
ções” (v. 40a). “Por isso eles vão receber a pior conde-
nação” (v. 40b).
b. Dar tudo para doar-se plenamente (vv. 41-44)
12. Jesus está no Templo e observa como a multidão
deposita moedas no cofre. Marcos observa que muitos
ricos davam muito (v. 41b). As ofertas serviam, prova-
velmente, para o culto. Os especialistas dizem que um
sacerdote de plantão acolhia essas ofertas e proclamava
a quantia que cada um depositava. Nesse momento, o
ego dos ricos atingia picos elevados de exaltação. Além
disso, crendo que a abundância de bens fosse sinal da
bênção divina, sentiam-se privilegiados e amigos de
Deus.
13. O julgamento de Jesus é diferente. Ele vê uma po-
bre viúva que dá duas pequenas moedas, “tudo o que
possuía para viver” (v. 44b), chama os discípulos e dá a
sentença: os pobres são os verdadeiros adoradores de
Deus, pois “esta pobre viúva deu mais do que todos os
outros que ofereceram esmolas. Todos deram do que
tinham de sobra, enquanto ela na sua pobreza, ofereceu
tudo, tudo o que possuía para viver” (vv. 43-44).
14. O texto mostra três contrastes: ricos que dão muito
x viúva que dá quase nada; ricos que dão o que lhes
sobra x viúva que dá tudo; ricos que dão esmola x viúva
que dá tudo o que possuía para viver. Com isso aprende-
mos que os pobres, e somente eles, são os verdadeiros
adoradores de Deus. Por quê? Deixemos que falem os
Antigos Pais da Igreja (Basílio, João Crisóstomo, Ambró-
sio): “Se tu, rico, fazes a oferta, não dás do que é teu, mas
do que roubaste anteriormente”.
2ª leitura (Hb 9,24-28): Jesus doou-se inteiramente
15. Os versículos que compõem a segunda leitura deste
domingo pertencem à segunda parte de Hebreus (5,11-
10,39) e, dentro dessa parte, a uma seção que tem como
tema o sacerdócio novo de Cristo (8,1-10,39). O autor
desse texto quer devolver esperança e força às comunida-
des tomadas pelo desânimo.
16. Os versículos de hoje fundem-se com o tema geral
deste domingo. Assim como a viúva de Sarepta partilhou
seus bens com Elias (1ª leitura), e a viúva do evangelho
ofereceu tudo, Jesus doou-se plenamente, uma vez por
todas, destruindo o pecado pelo sacrifício de si mesmo (v.
26b).
17. O autor de Hebreus estabelece um forte contraste
entre o sacerdócio antigo e o novo sacerdócio de Cristo.
No passado, uma vez por ano, no dia da expiação, o sumo
sacerdote entrava no Santo dos santos (o lugar mais sa-
grado do Templo) com o sangue das vítimas oferecidas
como expiação pelos pecados do povo. Depois disso,
voltava para diante do povo, tendo que repetir anualmente
o mesmo rito.
18. Jesus, o verdadeiro sacerdote, não entrou no Santo
dos santos. Com sua morte e ressurreição, ele entrou no
santuário do céu, na presença de Deus, em nosso favor (v.
26). Ele fez isso uma vez somente, e não com o sangue de
vítimas, mas pelo derramamento do próprio sangue na
cruz (vv. 25-28a). Seu sangue realizou aquilo que o san-
gue das vítimas não conseguia no passado, ou seja, o
pecado do povo está perdoado e o caminho para Deus
ficou aberto para sempre. O sumo sacerdote entrava e saía
do Templo, ao passo que Jesus entrou no santuário do céu
e aí permanece, junto de Deus (v. 24). No passado, o su-
mo sacerdote saía do Templo e se manifestava ao povo,
devendo, no ano seguinte, repetir o mesmo ritual para
apagar o pecado. Jesus também voltará e se manifestará,
não mais para apagar o pecado, mas para trazer a plenitu-
de da salvação aos que crêem nele (v. 28).
III. PISTAS PARA REFLEXÃO
19. As três leituras deste domingo giram em torno do mesmo tema: Dar tudo para
doar-se plenamente. Nossas comunidades descobriram que a partilha dos bens e da
vida é a melhor forma de expressar nossa adesão ao projeto de Deus. Há partilha
em nossas comunidades? O que significa doar-se plenamente nos ministérios que já
existem ou que ainda estão para nascer? O que propor, concretamente, para as clas-
ses média e alta? Deus está querendo as esmolas delas? conseqüências disso para a
caminhada da comunidade?

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Slides Epistola aos Efesios
Slides   Epistola aos EfesiosSlides   Epistola aos Efesios
Slides Epistola aos EfesiosAbdias Barreto
 
Introdução à Carta aos Hebreus
Introdução à Carta aos Hebreus Introdução à Carta aos Hebreus
Introdução à Carta aos Hebreus ipbmorrinhos
 
3° domingo tempo comum - Ano C
3° domingo tempo comum - Ano C3° domingo tempo comum - Ano C
3° domingo tempo comum - Ano CJosé Lima
 
Apocalipse por Urias Smith
Apocalipse por Urias SmithApocalipse por Urias Smith
Apocalipse por Urias SmithApocalipse Facil
 
Livro verdades-fundamentais
Livro verdades-fundamentaisLivro verdades-fundamentais
Livro verdades-fundamentaisjesustransforma
 
Aula 12 - Romanos
Aula 12 - RomanosAula 12 - Romanos
Aula 12 - Romanosibrdoamor
 
37 1 e 2 tessalonicenses
37  1 e 2 tessalonicenses37  1 e 2 tessalonicenses
37 1 e 2 tessalonicensesPIB Penha
 
Comentário: 5° Domingo do Tempo Comum - Ano A
Comentário: 5° Domingo do Tempo Comum - Ano AComentário: 5° Domingo do Tempo Comum - Ano A
Comentário: 5° Domingo do Tempo Comum - Ano AJosé Lima
 
Aula prática Estudo de caso 2 - Apocalipse 12 - A batalha dos séculos
Aula prática   Estudo de caso 2 - Apocalipse 12 - A batalha dos séculosAula prática   Estudo de caso 2 - Apocalipse 12 - A batalha dos séculos
Aula prática Estudo de caso 2 - Apocalipse 12 - A batalha dos séculosIpabr Limesp
 
Comentário Bíblico Adventista
Comentário Bíblico AdventistaComentário Bíblico Adventista
Comentário Bíblico AdventistaApocalipse Facil
 
Imersão em efésios
Imersão em efésiosImersão em efésios
Imersão em efésiosJorge Neves
 
Carta do Pr. Osvair aos Adventistas Leigos
Carta do Pr. Osvair aos Adventistas LeigosCarta do Pr. Osvair aos Adventistas Leigos
Carta do Pr. Osvair aos Adventistas LeigosASD Remanescentes
 
44 1, 2 e 3 joão
44  1, 2 e 3 joão44  1, 2 e 3 joão
44 1, 2 e 3 joãoPIB Penha
 
Comentário: 4° Domingo de Pascoa - Ano C
Comentário: 4° Domingo de Pascoa - Ano CComentário: 4° Domingo de Pascoa - Ano C
Comentário: 4° Domingo de Pascoa - Ano CJosé Lima
 
Lição 3 A igreja do amor esquecido
Lição 3 A igreja do amor esquecidoLição 3 A igreja do amor esquecido
Lição 3 A igreja do amor esquecidoJose Ventura
 

Mais procurados (20)

Slides Epistola aos Efesios
Slides   Epistola aos EfesiosSlides   Epistola aos Efesios
Slides Epistola aos Efesios
 
Introdução à Carta aos Hebreus
Introdução à Carta aos Hebreus Introdução à Carta aos Hebreus
Introdução à Carta aos Hebreus
 
O que o novo testamento diz acerca do dízimo
O que o novo testamento diz acerca do dízimoO que o novo testamento diz acerca do dízimo
O que o novo testamento diz acerca do dízimo
 
Explicando mateus 28
Explicando mateus 28Explicando mateus 28
Explicando mateus 28
 
3° domingo tempo comum - Ano C
3° domingo tempo comum - Ano C3° domingo tempo comum - Ano C
3° domingo tempo comum - Ano C
 
Apocalipse por Urias Smith
Apocalipse por Urias SmithApocalipse por Urias Smith
Apocalipse por Urias Smith
 
Livro verdades-fundamentais
Livro verdades-fundamentaisLivro verdades-fundamentais
Livro verdades-fundamentais
 
Aula 12 - Romanos
Aula 12 - RomanosAula 12 - Romanos
Aula 12 - Romanos
 
37 1 e 2 tessalonicenses
37  1 e 2 tessalonicenses37  1 e 2 tessalonicenses
37 1 e 2 tessalonicenses
 
Hebreus
HebreusHebreus
Hebreus
 
As versões da bíblia
As versões  da bíbliaAs versões  da bíblia
As versões da bíblia
 
Comentário: 5° Domingo do Tempo Comum - Ano A
Comentário: 5° Domingo do Tempo Comum - Ano AComentário: 5° Domingo do Tempo Comum - Ano A
Comentário: 5° Domingo do Tempo Comum - Ano A
 
Aula prática Estudo de caso 2 - Apocalipse 12 - A batalha dos séculos
Aula prática   Estudo de caso 2 - Apocalipse 12 - A batalha dos séculosAula prática   Estudo de caso 2 - Apocalipse 12 - A batalha dos séculos
Aula prática Estudo de caso 2 - Apocalipse 12 - A batalha dos séculos
 
Carta aos efesios
Carta aos efesiosCarta aos efesios
Carta aos efesios
 
Comentário Bíblico Adventista
Comentário Bíblico AdventistaComentário Bíblico Adventista
Comentário Bíblico Adventista
 
Imersão em efésios
Imersão em efésiosImersão em efésios
Imersão em efésios
 
Carta do Pr. Osvair aos Adventistas Leigos
Carta do Pr. Osvair aos Adventistas LeigosCarta do Pr. Osvair aos Adventistas Leigos
Carta do Pr. Osvair aos Adventistas Leigos
 
44 1, 2 e 3 joão
44  1, 2 e 3 joão44  1, 2 e 3 joão
44 1, 2 e 3 joão
 
Comentário: 4° Domingo de Pascoa - Ano C
Comentário: 4° Domingo de Pascoa - Ano CComentário: 4° Domingo de Pascoa - Ano C
Comentário: 4° Domingo de Pascoa - Ano C
 
Lição 3 A igreja do amor esquecido
Lição 3 A igreja do amor esquecidoLição 3 A igreja do amor esquecido
Lição 3 A igreja do amor esquecido
 

Semelhante a Dar tudo para doar-se plenamente

Comentário: 13° Domingo Tempo Comum - Ano A
Comentário: 13° Domingo Tempo Comum - Ano AComentário: 13° Domingo Tempo Comum - Ano A
Comentário: 13° Domingo Tempo Comum - Ano AJosé Lima
 
TERCEIRA AULA PENTATEUCO LEVÍTICOAntonio1.pptx
TERCEIRA AULA PENTATEUCO LEVÍTICOAntonio1.pptxTERCEIRA AULA PENTATEUCO LEVÍTICOAntonio1.pptx
TERCEIRA AULA PENTATEUCO LEVÍTICOAntonio1.pptxantonio211075
 
Comentário: 10° Domingo Tempo Comum - Ano C
Comentário: 10° Domingo Tempo Comum - Ano CComentário: 10° Domingo Tempo Comum - Ano C
Comentário: 10° Domingo Tempo Comum - Ano CJosé Lima
 
Comentário: 22° Domingo Tempo Comum - Ano C
Comentário: 22° Domingo Tempo Comum - Ano C Comentário: 22° Domingo Tempo Comum - Ano C
Comentário: 22° Domingo Tempo Comum - Ano C José Lima
 
Comentário: Ano Novo - 1° de janeiro
Comentário: Ano Novo - 1° de janeiroComentário: Ano Novo - 1° de janeiro
Comentário: Ano Novo - 1° de janeiroJosé Lima
 
Aula 5 - Levítico
Aula 5 - LevíticoAula 5 - Levítico
Aula 5 - Levíticoibrdoamor
 
Lição 6 - Atos simbólicos + textos_GGR
Lição 6 - Atos simbólicos + textos_GGRLição 6 - Atos simbólicos + textos_GGR
Lição 6 - Atos simbólicos + textos_GGRGerson G. Ramos
 
Lázaro e o rico
Lázaro e o ricoLázaro e o rico
Lázaro e o ricosearaviva
 
10 sobrevivendo os séculos
10   sobrevivendo os séculos10   sobrevivendo os séculos
10 sobrevivendo os séculosDiego Fortunatto
 
Comentário: 1º Domingo após NATAL - Ano C
Comentário: 1º Domingo após NATAL - Ano CComentário: 1º Domingo após NATAL - Ano C
Comentário: 1º Domingo após NATAL - Ano CJosé Lima
 
Comentário: 1°-de-janeiro - Ano A, B e C
Comentário: 1°-de-janeiro - Ano A, B e CComentário: 1°-de-janeiro - Ano A, B e C
Comentário: 1°-de-janeiro - Ano A, B e CJosé Lima
 
PENTATEUCO AULA 3 IBADEP BÁSICO
PENTATEUCO AULA 3 IBADEP BÁSICOPENTATEUCO AULA 3 IBADEP BÁSICO
PENTATEUCO AULA 3 IBADEP BÁSICORubens Sohn
 
Comentário: 3° Domingo do Tempo Comum - Ano C
Comentário: 3° Domingo do Tempo Comum - Ano CComentário: 3° Domingo do Tempo Comum - Ano C
Comentário: 3° Domingo do Tempo Comum - Ano CJosé Lima
 
Confrontando a rainha dos céus c. peter wagner (1)
Confrontando a rainha dos céus   c. peter wagner (1)Confrontando a rainha dos céus   c. peter wagner (1)
Confrontando a rainha dos céus c. peter wagner (1)Raquel Carvalho
 
Quatro Substantivos Femininos TeolóGico
Quatro Substantivos Femininos TeolóGicoQuatro Substantivos Femininos TeolóGico
Quatro Substantivos Femininos TeolóGicolucena
 
C. peter wagner confrontando a rainha dos céus.rev
C. peter wagner   confrontando a rainha dos céus.revC. peter wagner   confrontando a rainha dos céus.rev
C. peter wagner confrontando a rainha dos céus.revRose Lucia
 
Confrontando a rainha dos céus
Confrontando a rainha dos céusConfrontando a rainha dos céus
Confrontando a rainha dos céusLuiza Dayana
 

Semelhante a Dar tudo para doar-se plenamente (20)

Comentário: 13° Domingo Tempo Comum - Ano A
Comentário: 13° Domingo Tempo Comum - Ano AComentário: 13° Domingo Tempo Comum - Ano A
Comentário: 13° Domingo Tempo Comum - Ano A
 
TERCEIRA AULA PENTATEUCO LEVÍTICOAntonio1.pptx
TERCEIRA AULA PENTATEUCO LEVÍTICOAntonio1.pptxTERCEIRA AULA PENTATEUCO LEVÍTICOAntonio1.pptx
TERCEIRA AULA PENTATEUCO LEVÍTICOAntonio1.pptx
 
Comentário: 10° Domingo Tempo Comum - Ano C
Comentário: 10° Domingo Tempo Comum - Ano CComentário: 10° Domingo Tempo Comum - Ano C
Comentário: 10° Domingo Tempo Comum - Ano C
 
Comentário: 22° Domingo Tempo Comum - Ano C
Comentário: 22° Domingo Tempo Comum - Ano C Comentário: 22° Domingo Tempo Comum - Ano C
Comentário: 22° Domingo Tempo Comum - Ano C
 
Comentário: Ano Novo - 1° de janeiro
Comentário: Ano Novo - 1° de janeiroComentário: Ano Novo - 1° de janeiro
Comentário: Ano Novo - 1° de janeiro
 
Aula 5 - Levítico
Aula 5 - LevíticoAula 5 - Levítico
Aula 5 - Levítico
 
éFeso a igreja descuidada
éFeso a igreja descuidadaéFeso a igreja descuidada
éFeso a igreja descuidada
 
Lição 6 - Atos simbólicos + textos_GGR
Lição 6 - Atos simbólicos + textos_GGRLição 6 - Atos simbólicos + textos_GGR
Lição 6 - Atos simbólicos + textos_GGR
 
Lázaro e o rico
Lázaro e o ricoLázaro e o rico
Lázaro e o rico
 
O rico e o mendigo
O rico e o mendigoO rico e o mendigo
O rico e o mendigo
 
O rico e o mendigo
O rico e o mendigoO rico e o mendigo
O rico e o mendigo
 
10 sobrevivendo os séculos
10   sobrevivendo os séculos10   sobrevivendo os séculos
10 sobrevivendo os séculos
 
Comentário: 1º Domingo após NATAL - Ano C
Comentário: 1º Domingo após NATAL - Ano CComentário: 1º Domingo após NATAL - Ano C
Comentário: 1º Domingo após NATAL - Ano C
 
Comentário: 1°-de-janeiro - Ano A, B e C
Comentário: 1°-de-janeiro - Ano A, B e CComentário: 1°-de-janeiro - Ano A, B e C
Comentário: 1°-de-janeiro - Ano A, B e C
 
PENTATEUCO AULA 3 IBADEP BÁSICO
PENTATEUCO AULA 3 IBADEP BÁSICOPENTATEUCO AULA 3 IBADEP BÁSICO
PENTATEUCO AULA 3 IBADEP BÁSICO
 
Comentário: 3° Domingo do Tempo Comum - Ano C
Comentário: 3° Domingo do Tempo Comum - Ano CComentário: 3° Domingo do Tempo Comum - Ano C
Comentário: 3° Domingo do Tempo Comum - Ano C
 
Confrontando a rainha dos céus c. peter wagner (1)
Confrontando a rainha dos céus   c. peter wagner (1)Confrontando a rainha dos céus   c. peter wagner (1)
Confrontando a rainha dos céus c. peter wagner (1)
 
Quatro Substantivos Femininos TeolóGico
Quatro Substantivos Femininos TeolóGicoQuatro Substantivos Femininos TeolóGico
Quatro Substantivos Femininos TeolóGico
 
C. peter wagner confrontando a rainha dos céus.rev
C. peter wagner   confrontando a rainha dos céus.revC. peter wagner   confrontando a rainha dos céus.rev
C. peter wagner confrontando a rainha dos céus.rev
 
Confrontando a rainha dos céus
Confrontando a rainha dos céusConfrontando a rainha dos céus
Confrontando a rainha dos céus
 

Último

As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)natzarimdonorte
 
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdfTabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdfAgnaldo Fernandes
 
O Sacramento do perdão, da reconciliação.
O Sacramento do perdão, da reconciliação.O Sacramento do perdão, da reconciliação.
O Sacramento do perdão, da reconciliação.LucySouza16
 
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptxLição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptxCelso Napoleon
 
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdfO Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdfmhribas
 
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptxLição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptxCelso Napoleon
 
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos PobresOração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos PobresNilson Almeida
 
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudoSérie Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudoRicardo Azevedo
 
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingoPaulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingoPIB Penha
 
2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...
2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...
2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...MiltonCesarAquino1
 
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...PIB Penha
 
As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................natzarimdonorte
 
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRAEUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRAMarco Aurélio Rodrigues Dias
 
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da AutorrealizaçãoDar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealizaçãocorpusclinic
 

Último (17)

VICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS NA VISÃO ESPÍRITA
VICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS  NA VISÃO ESPÍRITAVICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS  NA VISÃO ESPÍRITA
VICIOS MORAIS E COMPORTAMENTAIS NA VISÃO ESPÍRITA
 
As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)As violações das leis do Criador (material em pdf)
As violações das leis do Criador (material em pdf)
 
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdfTabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
Tabela bíblica Periódica - Livros da Bíblia.pdf
 
O Sacramento do perdão, da reconciliação.
O Sacramento do perdão, da reconciliação.O Sacramento do perdão, da reconciliação.
O Sacramento do perdão, da reconciliação.
 
Aprendendo a se amar e a perdoar a si mesmo
Aprendendo a se amar e a perdoar a si mesmoAprendendo a se amar e a perdoar a si mesmo
Aprendendo a se amar e a perdoar a si mesmo
 
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptxLição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
Lição 4 - Como se Conduzir na Caminhada.pptx
 
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdfO Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
 
Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)
Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)
Centros de Força do Perispírito (plexos, chacras)
 
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptxLição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
Lição 5 - Os Inimigos do Cristão - EBD.pptx
 
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos PobresOração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
Oração A Bem-Aventurada Irmã Dulce Dos Pobres
 
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudoSérie Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 132 - Em tudo
 
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingoPaulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
Paulo é vítima de fake news e o primeiro culto num domingo
 
2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...
2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...
2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...
 
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA  AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
METODOLOGIA ELANA* – ENSINO LEVA AUTONOMIA NO APRENDIZADO. UMA PROPOSTA COMP...
 
As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................As festas esquecidas.pdf................
As festas esquecidas.pdf................
 
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRAEUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
 
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da AutorrealizaçãoDar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
Dar valor ao Nada! No Caminho da Autorrealização
 

Dar tudo para doar-se plenamente

  • 1. DAR TUDO PARA DOAR-SE PLENAMENTE BORTOLINE, José - Roteiros Homiléticos Anos A, B, C Festas e Solenidades - Paulus, 2007 TEMAS E COMENTÁRIOS AOS TEXTOS DO LECIONÁRIO DOMINICAL: ANO: B – TEMPO LITÚRGICO: 32° DOM. COMUM - COR: VERDE I. INTRODUÇÃO GERAL 1. A Ceia do Senhor é o memorial da doação plena de Jesus Cristo ao Pai e a nós. A Palavra partilhada e o pão repartido entre muitos apontam para uma realidade desafiadora: chegarmos à partilha de tudo o que somos e o que temos, de modo que todos tenham o suficiente e necessário para viver como filhos de Deus. Assim esta- remos concretizando o Reino que Jesus anunciou e con- fiou aos que o seguem. II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS 1ª leitura (1Rs 17,10-16): O profeta ensina a parti- lhar 2. 1Rs 17 é o início daquilo que se costumou chamar “ciclo de Elias”. Esse profeta, cujo nome é seu próprio programa de vida (Elias significa “Meu Deus é Javé”), aparece no Reino do Norte em tempo de seca. A falta da chuva é vista como ausência do próprio Deus. A terra ressequida serve de modelo para mostrar o que está acontecendo em Israel: casando-se com Jezabel, o rei Acab permitiu que sua esposa introduzisse no Reino do Norte o culto a Baal, deus cananeu ao qual se atribuía o dom da chuva e da fertilidade da terra. Conseqüente- mente, Baal era também aquele que providenciava o alimento (pão e azeite, no caso da viúva). Na perspecti- va de Elias, contudo, a seca é sinônimo de abandono do Deus vivo e verdadeiro, aquele mesmo Deus que liber- tou seu povo da escravidão egípcia. 3. Como vive o profeta nessas situações? Num primei- ro momento, é sustentado pelos corvos que, por ordem de Deus, lhe providenciam alimento pela manhã e pela tarde (17,6). Numa segunda etapa, Javé lhe ordena mi- grar para Sarepta, na região de Sidônia, de onde veio Jezabel. Baal é o deus dessa região. Aí o profeta inicia seu aprendizado, e a realidade que lhe serve de escola é a mais desastrosa possível: “Ao chegar à porta da cida- de, viu uma viúva apanhando lenha… Ela respondeu: Juro que não tenho pão, mas somente um punhado de farinha e um pouco de óleo na jarra. Estou ajuntando uns gravetos, e vou preparar um pãozinho para mim e meu filho; vamos comer e depois esperar a morte” (vv. 10a.12b). 4. Elias reconhece que Baal não é Deus, pois essa pobre viúva e seu filho são como “terra seca”. Estão à espera da morte. Eles lembram de perto a situação de muita gente, ontem e hoje. E faz pensar também nos ídolos que geram a morte do povo em todos os tempos. 5. Qual a solução para que o povo não morra de fome? Elias descobre que, a partir dos pobres, sem nome e sem futuro, é possível reconstruir a vida com alegria e espe- rança. E o texto aponta, como solução, a confiança no Deus da vida que fala por meio dos profetas e a partilha do pouco que se tem: “Não se preocupe! Vá e faça co- mo você disse, mas antes prepare um pãozinho e traga-o para mim! Depois pode preparar alguma coisa para você e seu filho” (v. 13). 6. Temos a impressão de que a viúva estrangeira não tinha mais nada a partilhar com o profeta, pois lhe sobra- va apenas um punhado de farinha e um pouco de óleo. Mas ela soube, confiando no Deus da vida que fala por meio dos profetas, repartir o pouco que possuía. E seu gesto não ficou sem resposta: “Ela e seu filho, além de Elias, tiveram o que comer durante muito tempo. A fari- nha da vasilha não acabou, nem diminuiu o óleo na jarra, como o Senhor havia falado por meio de Elias!” (vv. 15b- 16). Evangelho (Mc 12,38-44): Dar tudo para doar-se ple- namente 7. Jesus está em Jerusalém e, mais exatamente, no Tem- plo, centro religioso, político, econômico e ideológico da época. Aí ele se defronta com os que pretendem perpetu- ar os tempos de dominação e exploração do povo (cf., por contraste, 1,15). No texto de hoje ele se defronta com os doutores da Lei (vv. 38-40), anunciando sua condenação. Eles representam o centro ideológico de Israel pois, sendo peritos na Bíblia, são também especialistas no Direito, sabendo burlar as leis em seu benefício, explorando con- seqüentemente os que não têm amparo legal. 8. Vamos dividir a perícope deste domingo em dois momentos, vv. 38-40 e vv. 41-44. À primeira vista, pare- cem dois textos desligados um do outro. Contudo, exami- nando bem, podemos perceber algumas ligações, pois a viúva que aparece nos vv. 41-44 pertence justamente ao grupo social mais explorado pelos doutores da Lei (cf. v. 40). Entre ela e os primeiros há um contraste gritante: eles são ostensivos, “teólogos”, arrogantes, ricos e explo- radores; ela se apresenta na veste esfarrapada de viúva, vive a teologia do pobre, passa despercebida aos olhos dos grandes, é explorada. Aos primeiros está reservada a pior condenação, ao passo que o gesto da viúva é a única coisa boa que Jesus vê em Jerusalém. a. O saber que leva à exploração e ostentação (vv. 38-40) 9. Jesus está cercado pela massa do povo e ensina (v. 38a). Desde o início do Evangelho de Marcos, o povo descobriu que o ensinamento de Jesus contrasta com o dos doutores da Lei (cf. 1,22). Agora é o momento do confronto final. Jesus pede que a massa do povo se afaste deles. E as principais razões são estas: 1. “Eles gostam de andar com roupas vistosas”. O fato se refere, provavel- mente, ao modo como os doutores da Lei se vestiam no dia de sábado. Eles eram diferentes do povo e, por isso, autênticos. Queriam se impor pelo aparato externo (o que dizer dos “distintivos”, hábitos e condecorações de ho- je?). 2. “Gostam de ser cumprimentados nas praças públi- cas”, ou seja, queriam ser os primeiros a receber o reco- nhecimento do povo, pois se consideravam os mais im- portantes. 3. “Gostam das primeiras cadeiras nas sinago-
  • 2. gas”. Ocupavam as poltronas diante do cofre que guar- dava os livros sagrados. Essas se situavam num lugar elevado, à vista de todos, de modo que o povo os identi- ficava imediatamente como mestres. 4. “Gostam dos melhores lugares nos banquetes”. Ocupavam os lugares perto do festejado, onde havia confortáveis almofadas. Pura ostentação. 10. A essas alturas podemos intuir o contraste com o episódio da viúva. Ela se vestia como pobre, não era reconhecida nas praças senão por sua pobreza e aban- dono, não tinha cadeira cativa nas sinagogas, nem era convidada aos banquetes, e o que tinha para sobreviver era muito pouco ou quase nada (cf. 1ª leitura). 11. O mais grave de tudo isso é que, em nome da reli- gião, os doutores da Lei exploravam as viúvas e os po- bres. De fato, era tarefa deles servir de apoio legal às viúvas. Porém, faziam isso “piedosamente”, exigindo pela prestação de serviço um pagamento tal que as viú- vas, muitas vezes, tinham que lhes ceder a propriedade. É o próprio Jesus quem afirma: “Exploram as viúvas e roubam suas casas, e para disfarçar fazem longas ora- ções” (v. 40a). “Por isso eles vão receber a pior conde- nação” (v. 40b). b. Dar tudo para doar-se plenamente (vv. 41-44) 12. Jesus está no Templo e observa como a multidão deposita moedas no cofre. Marcos observa que muitos ricos davam muito (v. 41b). As ofertas serviam, prova- velmente, para o culto. Os especialistas dizem que um sacerdote de plantão acolhia essas ofertas e proclamava a quantia que cada um depositava. Nesse momento, o ego dos ricos atingia picos elevados de exaltação. Além disso, crendo que a abundância de bens fosse sinal da bênção divina, sentiam-se privilegiados e amigos de Deus. 13. O julgamento de Jesus é diferente. Ele vê uma po- bre viúva que dá duas pequenas moedas, “tudo o que possuía para viver” (v. 44b), chama os discípulos e dá a sentença: os pobres são os verdadeiros adoradores de Deus, pois “esta pobre viúva deu mais do que todos os outros que ofereceram esmolas. Todos deram do que tinham de sobra, enquanto ela na sua pobreza, ofereceu tudo, tudo o que possuía para viver” (vv. 43-44). 14. O texto mostra três contrastes: ricos que dão muito x viúva que dá quase nada; ricos que dão o que lhes sobra x viúva que dá tudo; ricos que dão esmola x viúva que dá tudo o que possuía para viver. Com isso aprende- mos que os pobres, e somente eles, são os verdadeiros adoradores de Deus. Por quê? Deixemos que falem os Antigos Pais da Igreja (Basílio, João Crisóstomo, Ambró- sio): “Se tu, rico, fazes a oferta, não dás do que é teu, mas do que roubaste anteriormente”. 2ª leitura (Hb 9,24-28): Jesus doou-se inteiramente 15. Os versículos que compõem a segunda leitura deste domingo pertencem à segunda parte de Hebreus (5,11- 10,39) e, dentro dessa parte, a uma seção que tem como tema o sacerdócio novo de Cristo (8,1-10,39). O autor desse texto quer devolver esperança e força às comunida- des tomadas pelo desânimo. 16. Os versículos de hoje fundem-se com o tema geral deste domingo. Assim como a viúva de Sarepta partilhou seus bens com Elias (1ª leitura), e a viúva do evangelho ofereceu tudo, Jesus doou-se plenamente, uma vez por todas, destruindo o pecado pelo sacrifício de si mesmo (v. 26b). 17. O autor de Hebreus estabelece um forte contraste entre o sacerdócio antigo e o novo sacerdócio de Cristo. No passado, uma vez por ano, no dia da expiação, o sumo sacerdote entrava no Santo dos santos (o lugar mais sa- grado do Templo) com o sangue das vítimas oferecidas como expiação pelos pecados do povo. Depois disso, voltava para diante do povo, tendo que repetir anualmente o mesmo rito. 18. Jesus, o verdadeiro sacerdote, não entrou no Santo dos santos. Com sua morte e ressurreição, ele entrou no santuário do céu, na presença de Deus, em nosso favor (v. 26). Ele fez isso uma vez somente, e não com o sangue de vítimas, mas pelo derramamento do próprio sangue na cruz (vv. 25-28a). Seu sangue realizou aquilo que o san- gue das vítimas não conseguia no passado, ou seja, o pecado do povo está perdoado e o caminho para Deus ficou aberto para sempre. O sumo sacerdote entrava e saía do Templo, ao passo que Jesus entrou no santuário do céu e aí permanece, junto de Deus (v. 24). No passado, o su- mo sacerdote saía do Templo e se manifestava ao povo, devendo, no ano seguinte, repetir o mesmo ritual para apagar o pecado. Jesus também voltará e se manifestará, não mais para apagar o pecado, mas para trazer a plenitu- de da salvação aos que crêem nele (v. 28). III. PISTAS PARA REFLEXÃO 19. As três leituras deste domingo giram em torno do mesmo tema: Dar tudo para doar-se plenamente. Nossas comunidades descobriram que a partilha dos bens e da vida é a melhor forma de expressar nossa adesão ao projeto de Deus. Há partilha em nossas comunidades? O que significa doar-se plenamente nos ministérios que já existem ou que ainda estão para nascer? O que propor, concretamente, para as clas- ses média e alta? Deus está querendo as esmolas delas? conseqüências disso para a caminhada da comunidade?