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Luna contemplava as constelações que via, a melhor visão delas era no carvalho, seu
pequenino tamanho ajudava a escalar a grande árvore com naturalidade e leveza. Ela olhava as
estrelas e as imaginava como se fossem pequenos cintilays que os protegiam do mal. Seus olhos
brilhavam enquanto uma estrela cadente aparecia.
- Olhem! – Luna apontou para a grande calda brilhante.
- Nós estamos vendo. – respondeu Juno.
As estrelas já davam adeus e uma grande cortina amarelada subia. Estava amanhecendo!
- Vamos lá meninos! É hora do show. – gritou Anderly.
As pequenas criaturinhas pularam do grande carvalho, elas voavam alto, mesmo não tendo
asas. Seus cabelos azuis brilhavam enquanto despejavam magia por todos os cantos do horizonte,
colorindo cada pedaço que podiam. Como mãos tão pequenas tinham tanto poder? Eles estavam
acordando o sol, estavam amanhecendo. Estavam firmes e fortes, em seus postos de sempre...
Exceto Luna.
Luna preferia brincar com flores, acariciar os coelhos que habitavam naquela floresta, ou até
ficar apenas olhando do que amanhecer junto com os outros cintilays. Seu maior passatempo era
ficar escutando o ensaio do Star High, a escola de música próxima ao grande Big Ben, a casa dos
cintilays.
- Vamos lá Luna, precisamos de alguém no posto esquerdo. – gritou Kalaya.
- Não, obrigado.
Kalaya se aproximou de Luna.
- Então saia pelo menos daí! – cochichou.
- Por quê? E por que estamos cochichando? – brincou Luna.
- Os sombrios ficam perto daí, se eles pegarem uma cintilay como você... Eu não sei o que fariam.
- Uma cintilay como eu? – perguntou a criaturinha de cabelos azuis.
- Sabe, você é a mais desprotegida, e se te pegarem é morte na certa.
- Olha aqui Kalayla. – Luna se apontou para Kalayla e se aproximou. – Eu sou como qualquer um
cintilay, não sou desprotegida.
- Cuidado! Um sombrio. – gritou Juno.
- AH! – gritou Luna, que logo abraçou Kalayla, ela estava com muito medo. – Ai meu Deus!
Kalayla tirou Luna de seus braços.
- Não foi nada, foi apenas o Juno tentando te assustar, e pelo visto ele conseguiu, não foi Luna?
- Bem... Eu não diria susto, apenas uma reação involuntária... Vocês falam tanto dos sombrios,
mesmo nunca tendo visto um! – respondeu Luna.
Diferente dos cintilays, os sombrios viviam escondidos na parte mais escura da floresta, eles
odeiam luz. Reza a lenda que, se um sombrio encontra um cintilay, ele automaticamente precisa
pedir a magia do pequeno ser de luz, se o cintilay não der, ele o mata, e fica mais forte para
destruir tudo o que existe. Dizem, que eles estão escondidos, tramando um plano para dominar o
mundo, a última aparição dos pequenos seres das trevas, foi há mais ou menos mil anos atrás. Sua
existência era questionável, mas os cintilays preferiam acreditar em lendas onde monstros
devorariam toda a sua magia, de certa forma isso os mantinha seguros, as vezes é preciso acreditar
em algumas mentiras para esconder algumas verdades... O maior medo dos cintilays não eram os
sombrios, e sim os humanos!
Embora Luna achasse essas lendas bobas, ela não queria tirar a prova se elas eram reais ou
não, afinal eram apenas lendas, mas em que acreditar quando se fala de magia? Eles eram feitos
de magia, e não podiam ter certeza se existiam outros seres como eles, ou até mais poderosos.
Luna tirou os fios azuis da frente de seus olhos cor-de-mel. Ela já conseguia escutar o som da
guitarra, da bateria. Eles já começavam a ensaiar, e ela não podia perder.
***
Anderly percebeu que Luna se afastava mais e mais, as dúvidas do que Luna poderia estar
aprontando dançavam por sua pequenina mente. Ela queria descobrir o que Luna tanto andava
fazendo. Faziam alguns dias que Luna estava estranha, ela chegava atrasada no grande relógio,
cantarolava, ela definitivamente estava estranha.
Anderly seguiu os passos da amiga, por um momento Luna andou, mas depois ela precisou
voar, foi então que Anderly entendeu o que estava acontecendo. Luna estava assistindo aos
ensaios da escola musical que ficava próxima ao Big Ben. Os olhos de Luna brilhavam enquanto
ela tentava acompanhar a música. Ela se aproximou da amiga.
Ao perceber que Anderly a observava, Luna corou.
- Anderly? – perguntou a menina, um pouco vermelha. – O que você está fazendo aqui?
- O que você está fazendo aqui? – o olhar irônico de Anderly dizia que ela já sabia a resposta.
- Bem... Eu... Eu amo ver os ensaios deles. – a cintilay sorriu enquanto falava do que mais gostava.
– Eles são incríveis, e isso que eles fazem com a boca... É incrível.
- O que eles fazem com a boca? – perguntou a amiga.
- Eles pronunciam as palavras de uma forma engraçada, sabe? Eles chamam isso de cantar.
- C-A-N-T-A-R?
- Isso! – Luna riu.
- E faz quanto tempo que você vem aqui?
- Desde o dia em que jogávamos queimada cintilante, quando a bola veio parar aqui eu descobri,
e depois passei a frequentar... É realmente mágico o que eles fazem.
Os artistas dançavam e cantavam num grande palco ao ar livre, uma banda equipada de
instrumentos fazia tudo parecer mais fácil. Era realmente compreensível o que Luna sentia, ela
queria cantar, queria descobrir essa magia que eles cantavam... Ela queria ser uma humana.
- Se eu pudesse por pelo menos um dia cantar com eles... Eu realizaria meu sonho! – Luna se
entristeceu ao lembrar que isso era praticamente impossível.
- Luna... – Anderly se aproximou. – Você sabe que seu aniversário está chegando não é?
- Sim! O que tem isso?
- Você não lembra que pode fazer um pedido? Um pedido válido por um dia inteiro.
- Um pedido! É isso.
- Pense bem no que você vai querer, isso pode mudar sua vida.
Diferente dos humanos, os cintilays só faziam aniversário uma vez na vida, e com ele vinham
grandes responsabilidades... e um único desejo, isso poderia ser uma maldição ou bênção.
Mesmo não entendendo o que Luna via naquilo, ela queria dar seu apoio, se esse era o desejo
da amiga, que seja! Ela abandonaria o protocolo de nunca cruzar com um humano se fosse preciso.
Ela ia ajudar a amiga a realizar o seu desejo.
***
- Sem chance Anderly! – disse Merya. A protetora dos cintilays. – Você sabe como Londres é
perigosa? Já saímos da floresta temendo os sombrios, nos colocando em risco de um humano nos
encontrar dentro desse relógio, e você ainda vem com história de que a Luna é sonhadora e não
custava nada dar uma chance à ela! É isso mesmo?
- Senhora, escute-me... É o maior sonho dela. A Luna respira a música que esses humanos têm, e
é só por um dia, só um! Tenha misericórdia e interceda por ela para o rei, por favor. – clamou
Anderly.
- Não, não e não! A garota não vai para o mundo dos humanos.
- Ela vai sim! – uma voz potente, masculina ecoava da parte mais escura do cômodo que alojava
a nobreza. Era ele! Ele estava lá, e ia dar o aval positivo para Luna. Era o rei Beynerck.
- Vossa majestade. – ambas entoaram a mesma frase enquanto se curvavam para reverenciar o
rei.
- Majestade, isso está errado! O protocolo é claro, “nenhum cintilay pode cruzar a fronteira entre
o mundo humano e mágico”.
- Que seja! Quem sabe essa é a única aventura dessa pequena criaturinha... Não sabemos quando
tempo conseguiremos ficar aqui, e mais cedo ou mais tarde seremos encontrados, então, que seja
de uma forma pacífica.
- Isso quer dizer que... – Anderly esperou a resposta.
- Que Luna poderá ser humana por um dia, mas só por um dia. – respondeu o rei.
A conversa foi interrompida por um barulho que se era escutado da porta.
- Isso é incrível! – Luna entrou voando no cômodo nobre. Ela abraçou o rei e esqueceu de vez os
protocolos. – Muito obrigado majestade.
- Eu que agradeceria se você me soltasse. – eles riram. – Escute bem Luna, você tem uma chance
de mostrar que é capaz, não desperdice essa chance, O.K.?
- Pode deixar cara... Quer dizer, vossa majestade. – sua pele amarelada corou.
- Cara? – perguntou Merya, num tom de reprovação.
- É como os humanos chamam... Ah! Deixa pra lá. – a pequena cintilay se acalmou. - Vou dormir
agora, amanhã eu serei outra pessoa não é mesmo?
- Sim! Seu desejo já foi concedido, mas tem só um problema. – o rei falou pausadamente. – Você
terá que dormir na floresta, para não levantar suspeitas nem sustos.
- Na flo-floresta? Onde vivem os som-sombrios? – gaguejou.
- Receio que sim.
- A Anderly pode ir comigo? – ninguém resistia ao seu olhar de cachorrinho.
- Eu? – a amiga se assustou ao saber que tinha sido incluída nos planos. – Eu não!
- Você sim! – Luna a puxou para um canto do cômodo. – Não quero ficar sozinha lá.
- Mas por que eu?
- Se não fosse por você isso não seria possível! – Anderly abriu um grande sorriso ao ouvir as
palavras da amiga. – Então aguente as consequências.
- AAAHHH – grunhiu. – Tudo bem, eu vou com você.
- Isso!
A alegria de Luna era tão grande que seu cabelo brilhou, e seus fios violetas que a diferenciava
dos outros estavam bem vivos e acesos.
Mesmo tendo medo das consequências que teria por conta de um pedido tão exagerado,
correndo risco de não acordar no outro dia, Luna estava pronta para descobrir a música e viver
como uma humana.
***
As estrelas coloriam a noite que seria difícil, Luna brincava com os fios que caíam em seus olhos,
ela não conseguia dormir de tanta emoção, suas pernas doíam só de imaginar que ela estaria no
palco, junto dos outros, cantando... Como sempre sonhou, isso sim era mágico.
- Anderly? – cochichou Luna. – Está dormindo?
- Estava. – respondeu Anderly no tom grosseiro. – O que foi?
- Nada... É só que... – Luna abraçou a amiga. – Obrigada.
- Tá, isso foi inesperado. – disse Anderly, retribuindo o abraço. – Eu sei que você faria a mesma
coisa por mim. Agora, vá dormir, já está amanhecendo e logo você será uma... Como se chama
mesmo?
- Mulher.
- Isso! Uma mulher.
Elas riram baixinho, para não acordar os seres que as observavam escondidos.
O sol já brilhava forte, os olhos de Luna doíam, sua pele estava quente por conta da claridade,
ela já não cabia na pedra em que dormira na noite passada. Luna abriu os olhos, sua visão estava
embaçada, ela se levantou com dificuldade e foi até o lago próximo, mesmo com a visão ruim ela
ainda conseguia distinguir o verde da grama para o azul da água. Percebeu então que algo estava
diferente, seu reflexo não era o mesmo, ela era humana.
Luna deu alguns pulos de alegria até que caiu no chão, ela não estava acostumada com saltos,
nem com calças jeans, e muito menos com camisas humanas, ela não entendia como tudo aquilo
estava com ela.
- Pelo menos eu não estou nua. – brincou com ela mesma.
Luna queria encontrar Anderly, queria mostrar que deu tudo certo, exceto pelo seu cabelo que
continuava azul com faixas violetas. Ela procurou a amiga em todo o espaço, até que viu um
pequeno raio de brilho em cima da pedra em que dormiram, lá estava Anderly, tão desprotegida,
tão pequena. Luna não iria acordá-la, não para isso, ela sairia de lá o mais rápido possível, pois já
escutava a música.
***
Luna saiu correndo, ainda meio desorientada, seguindo a música, um pop rock invadia seus
ouvidos levando-a direto a Star High. O som ficava cada vez mais alto, ela sabia que estava no
lugar certo.
A escola era enorme, mesmo estando na calçada oposta da escola ela já via a dimensão do
complexo, ela correu direto para a calçada da escola que ficava no outro lado da rua, sem perceber
a quantidade de carros que passavam pela rua, seu susto foi enorme ao ouvir a buzina de um carro,
o que era aquilo? Ela não entendia bem, mas sabia que deveria ficar longe. Luna conhecia os
humanos, mas não tão bem para saber tudo o que acontecia no mundo deles.
O seu coração parecia que ia pular pela boca quando percebeu que alguém a segurava.
- Calma garota. – disse um rapaz de cabelos ruivos tentando acalmá-la. Ele usava óculos, não era
tão atlético, suas roupas eram mais formais que as dela, ele carregava um notebook com a mão
direita e com a esquerda segurava o ombro da garota que ele mal conhecia. – Tudo bem?
- Eu estou muito atrasada? Sinto que perdi a hora, eu quero cantar!
O rapaz de cabelos avermelhados riu.
- Calma, calma, a aula começou agora. Mas, eu nunca te vi por aqui... Já está matriculada para
participar?
O que é estar matriculada? Pensou Luna, se era algo que precisava para estar lá dentro ela ia
concordar, mesmo não sabendo o que era.
- Claro, eu já estou M-A-T-R-I-C-U-L-A-D-A.
- Tudo bem. – acreditou na resposta estranha da garota de cabelos coloridos. – Então, eu sou o
Allan, e você deve ser a... Kiera, certo?
- Sim... não... bem, eu me chamo Luna.
- Luna? Não temos nenhuma Luna matriculada.
- É que Luna é meu primeiro nome, o segundo é Kiera. – mentiu a garota com um sorriso no rosto.
- Ah, por que não disse antes? Vamos entrar.
Luna não acreditava que estava lá dentro, seu sonho estava sendo realizado, ela ia cantar.
As paredes eram azuis, com grandes desenhos de notas musicais, instrumentos presos nas
paredes e por todo o lado, grandes discos dourados e prateados enfeitavam uma parede cheia de
troféus, no chão tinha uma grande clave de sol dourada, Luna sabia que lá era seu lugar, mas já
ficava triste ao saber que só estaria lá por um dia.
- Então, como devo chamá-la? – perguntou Allan.
- Pode me chamar de Luna, eu gosto mais.
- Luna? Tá, tudo bem. – Allan abriu as portas que davam para o jardim. – Aqui é o anfiteatro.
Todos estão ensaiando, pois amanhã é o grande show.
- Show? – perguntou a garota, maravilhada.
- Sim! Teremos um show amanhã. O Gran Star.
Luna correu para a frente do palco, seus olhos brilhavam ao ouvir as vozes daquelas pessoas. Até
que uma garota de cabelos loiros gritou e tudo o que era som parou.
- Quem é essa garota? – perguntou a menina de cabelos loiros, ela usava um vestido vermelho
com sapatos combinando, seus olhos eram bem azulados e seu cabelo estava bem preso em um
coque.
- Tori, essa é a Kiera, quer dizer, Luna.
- Oi, muito prazer. – Luna estendeu a mão para Tori, que já estava descendo do palco.
- Essa é Victoria Shain, ela é filha da diretora e sempre estrela os espetáculos, não se meta com
ela. – recomendou Allan.
- Eu não tenho nenhum prazer em te conhecer.
Luna se assustou com a resposta de Tori.
- Agora anda, sobe no palco e canta.
- Como? – perguntou Luna.
- Sobe no palco, canta alguma coisa. – bradou Tori. – Quero ver se você é boa, do contrário você
não participará do show.
Luna estava desconfiada, mas aquilo era o que ela mais queria, será que ela estava
arrependida? Às vezes o que nós queremos nem sempre sai como o planejado.
Luna segurou o microfone, em primeiro momento um som tenebroso saiu do captador de voz,
todos riram dela, exceto Allan. Mas, Luna começou a cantar lentamente, todos pararam para ouvir
aquela voz, que mesmo um pouco fraca, era bela. Os olhos de Tori se arregalaram, ela não podia
acreditar que tinha alguém que cantava melhor que ela. Logo os músicos começaram a
acompanhá-la, começando assim uma linda música. A voz de Luna começou a ficar mais firme,
mais forte, ela estava começando a sentir a música, e sabia que aquilo ia ser único. Ela cantou
com o coração, ela rodopiava no palco, cantava com alegria, ela estava sendo ela mesma. Todos
a aplaudiram, e acreditaram, aquela era a voz que procuravam.
- É, até que você não canta mal. – disse Tori. – Mas não pense que será tudo muito fácil, você
ficará no coro.
- Coro? Tori ela mandou muito bem! – disse uma garota de cabelos pretos e olhos puxados.
- Cala a boca Lya. Ela ficará no coro.
- Não tem problema, está tudo bem. – disse Luna.
Ela não sabia bem o que era coro, mas associou às garotas que cantavam apenas o refrão.
- Tudo bem, você será a back vocal dois, não faça nada além do que mandarmos. – alertou Tori.
– Vamos lá, o Gran Star é amanhã! Hora de ensaiar.
Eles ensaiaram até anoitecer, mesmo Luna não conhecendo a maioria das músicas ela
conseguiu acompanhar Tori e as garotas. Ela estava feliz apenas por estar ali no meio. A lua já
estava no céu iluminando os últimos minutos do ensaio.
- Foi incrível pessoal, está na hora de descansar, amanhã será um dia cheio.
Os olhos de Luna estavam tristes, ela sabia que não estaria mais ali no outro dia, mesmo querendo
muito o rei foi muito claro, apenas por um dia.
- O que houve Luna? – perguntou Allan. – Não está feliz?
- Estou, só que...Nada, deixa pra lá.
Diferente da amanhã, Luna saiu da escola bem lentamente, estava na hora de voltar para a
floresta, esperar amanhecer para poder voltar a ser o que era antes. O que a deixava feliz era saber
que ela pôde estar lá, ela pôde cantar, pôde ser humana, ao menos por um dia, as lembranças não
seriam esquecidas, estariam lá, eternizadas.
O sol já brilhava, sua pele não queimava e nem seus olhos doíam, a roupa já tinha mudado e
ela já era uma cintilay.
- Olha só quem está aqui. – uma voz tenebrosa falou.
Luna se arrepiou ao ouvir aquela voz assustadora.
- Quem está aí? – perguntou a cintilay.
- Calma menininha. Somos só uns amigos.
Um vulto negro se misturara com risadas até que eles ficaram de frente com Luna.
As duas criaturas tinham a pele azul, meio verde, pareciam mortos, os cabelos eram brancos, as
roupas rasgadas e os dentes eram afiados.
- Que-quem são vocês? – perguntou Luna, assustada.
- Somos sombrios.
Era o que Luna temia escutar, eles eram reais, ela sabia que não escaparia, ela morreria.
- O que vocês querem?
- Só vamos te levar até nosso chefe.
- Chefe? – as palavras que Luna dizia começavam a sumir, seus olhos foram se fechando, ela
desmaiou.
- Anda Billy, o Shadonw tá esperando.
***
Os dois sombrios levaram a cintilay para o lado mais escuro da floresta, um espaço devastado,
cheio de ossos e sem nenhuma planta, um trono feito de ossos assentava o “chefe” como os
sombrios disseram.
- O que trouxeram idiotas? – perguntou o Shadonw que usava uma capa cinza, ele tinha olhos
amarelados, suas roupas eram rasgadas.
- Uma cintilay mestre.
- Cintilay? Com magia? – Shadonw se entusiasmou.
- Sim! Olhe, ela tem cabelos violetas, é a escolhida! – disse um dos sombrios.
- Magia! – ele se levantou do trono. – Chegou a hora de sairmos daqui, está na hora de sermos os
vencedores!
- Mas, chefe, tem um problema... Ela precisa dar a magia dela de bom grado.
- Acordem-na.
Eles jogaram a criaturinha no chão, despertando-a.
- O que aconteceu? – gemeu Luna. – Minha cabeça está doendo muito. – ao perceber onde estava
ela gritou. – O que vocês querem de mim?
- Escute bem garota. – falou o chefe dos sombrios. – Queremos sua magia, mas você precisa nos
dar. A questão é, o que você quer para dar sua magia?
- Primeiro: Por que você quer minha magia se você pode me conceder um desejo? – perguntou.
- Digamos que a magia que eu tenho não serve para o que eu pretendo fazer.
Luna pensou bem, o que ela mais queria na vida era cantar, e para isso ela precisaria ser humana,
mas isso seria impossível, ela precisaria e um encanto para ser humana.
- Tudo bem, eu aceito.
- Maravilha! – comemorou Shadonw. – O que você vai querer?
- Quero ser humana.
O pedido assustou todos os sombrios que estavam no recinto, mas fazia sentido, do que adiantava
ser um cintilay sem magia?
- Tudo bem!
Shadonw levantou as mangas, segurou nos ombros de Luna, um clarão tomou conta de toda a
escuridão que escondia os segredos dos sombrios. Ao perceber que não tinha mais nenhum
sombrio lá ela se levantou, destruindo a pequena caverna que eles habitavam, ela era humana
mais uma vez.
Luna não sabia o que sentir, em alguns momentos ela estava feliz por ser humana, mas outros
se entristecia ao saber que nunca mais voaria, ou brincaria com Anderly.
Ao chegar na escola, ela percebeu que todos a esperavam para começar o ensaio, todos com
um grande sorriso no rosto. Luna estranhou a recepção, mas sorriu para todos.
- O que aconteceu? – perguntou.
- Tori está doente, e você vai substituí-la no Gran Star! – respondeu Lya.
Luna não podia acreditar no que ouvia, ela estava muito feliz, não por Tori estar doente, mas sim
por ela poder cantar.
- Então vamos ensaiar! – disse Luna.
A música estava na veia de todos os que participavam daquilo, eles cantavam com o coração
aquilo era magia, tudo o que ela queria estava se realizando, mas aquele era um bom motivo para
justificar o que fizera, com que intuito os sombrios queriam sua magia? Ela não sabia, mas algo
a dizia que ela ia descobrir logo.
No meio de uma das músicas ensaiadas, Luna percebeu que as plantas estavam ficando negras,
ela imaginou que era coisa da sua cabeça, mas quando a água da fonte começou a escurecer não
dava pra negar, os sombrios estavam por trás daquilo.
- O que está acontecendo com a água? – perguntou Lucca, o baixista da banda.
Luna percebeu então que tudo era culpa dela, e só ela poderia reverter o que estava acontecendo.
- Preciso sair por um momento. – disse Luna soltando o microfone no chão.
- Mas, Luna...
- Já volto Allan.
A garota foi até o grande relógio, o local onde os cintilays viviam era distante da parte em que
os humanos estavam, mas felizmente Luna lembrava de tudo.
***
- Você não a viu mesmo Anderly? – perguntou o rei.
- Não majestade, já era pra ela ter voltado.
- Majestade! – Merya os interrompeu. – Vocês precisam ver isso.
Os três cintilays se juntaram a multidão de criaturinhas que contemplavam a forma humana de
Luna, eles não entendiam como o feitiço poderia ter durado mais de um dia.
- Luna? É você? – perguntou Anderly.
- Sim! Eu preciso falar com vocês.
- Por que não se transformou em cintilay? – se meteu Merya.
- Eu me transformei... É que eu encontrei os sombrios. – todos ficaram assustados ao ouvir o que
ela falara. – Eles são reais. – Luna procurava palavras para dizer o que ela tinha feito. - Eu troquei
minha magia pela forma humana. – a garota abaixou a cabeça. – Sei que sou motivo de vergonha,
mas queria dizer que nunca estive tão feliz, mas sei que estou errada por ter feito isso. Mas só tem
um jeito de pará-los.
- E qual seria? – perguntou alguém na multidão.
- Recuperar minha magia. Sei que será difícil, mas é a única forma. O mundo está morrendo.
- O que estão esperando? Voem, vão até as plantas e água, deem sua vida de volta, que eu me
encarrego dos sombrios. – disse o rei.
Todos voaram o mais longe que puderam.
- Luna. – falou o rei. – Eu te entendo, mas foi um ato errado.
- Perdoe-me majestade. Eu nunca mais voltarei aqui.
Luna saiu o mais rápido que pôde, sua vergonha era enorme, ela não queria ter feito aquilo, não
queria destruir o mundo por conta de seus sonhos.
- Olha o que temos aqui, nosso melhor trabalho! – disse Shadonw ao encontrar Luna.
- Você está destruindo o mundo! Como pode fazer isso?
- Eu sou mal garotinha! Nunca te disseram isso? Nunca disseram para não ir até a floresta sozinha?
- Por favor, pare de fazer isso! Isso vai acabar te destruindo também.
- Nós vivemos por mais de mil anos escondidos, para agora te devolver a magia? Não, não! Acho
que é melhor te prender, ou até te matar para tirá-la do nosso caminho, nós tínhamos um trato, até
que você resolveu abrir a boca não foi?
- Você pode fazer muitas coisas, pode ser poderoso, pode até destruir o mundo, mas você não é
nem um pouco inteligente.
- Hã?
- Você acha que eu estaria sozinha agora? – Luna colocou um sorriso no rosto. - Agora Anderly,
Juno e Kalayla.
Uma grande quantidade de magia saiu dos cintilays, eles brilhavam de uma forma inexplicável,
Shadonw foi preso pela magia deles, suas mãos estavam presas por uma corrente mágica.
- Bondade? Eu não suporto bondade! – gritou Shadonw.
Seu corpo começou a brilhar até que ele explodiu, seu corpo sumiu no meio do brilho, que
devolveu a cor das árvores, devolveu a vida da água, devolveu a alegria do mundo. Devolveu a
magia de Luna.
- Eu desejo voltar a ser cintilay. – pediu Luna.
Seu corpo foi convertido ao que era antes, um brilho intenso tomou conta do corpo em que Luna
habitava, transformando-a em cintilay mais uma vez.
- Foi um grande trabalho meninos. – disse o rei, que vinha junto de Merya. – Parabéns.
Enquanto os cintilays se juntavam, Luna lembrava de tudo o que viveu em apenas dois dias,
ela percebeu que aquilo foi importante, mas o lugar dela era ali, com seus irmãos, seu lugar era
com os cintilays, e era lá que ela ia viver.
***
A noite se aproximava, as luzes do anfiteatro já estavam ligadas, os holofotes apontavam para
o grande palco em que os instrumentos estavam sendo colocados. Luna sabia que seu lugar era
com os seus, mas ela não conseguia se separar da música, era algo que a prendia, que a levava
para outras dimensões, para outro mundo.
Um clarão fez seus olhos fecharem, algo estava acontecendo com seu corpo, e mesmo sem
entender o que estava acontecendo ela se sentia bem. Ao abrir os olhos ela percebeu que não era
uma cintilay, e sim uma humana. Mas como aquilo era possível? Como ela poderia ser humana?
- Gostou? – perguntou o rei.
- Majestade? O senhor fez isso? - ela perguntou, maravilhada.
- Eu já tive um sonho como o seu Luna, e nunca tive a oportunidade de tentar ser humano, e se
você pode, tente, faça isso, você tem minha permissão para ir àquele palco e arrasar! Estaremos
lá para te ouvir e te aplaudir, mesmo ninguém nos escutando.
Os olhos de Luna brilharam, ela não acreditava naquilo... Ela era importante, ela tinha um sonho,
e ia realizá-lo.
- Será que ainda dá tempo? – perguntou Luna.
- Se você correr...
- Obrigada majestade.
- Corra garota. – o rei riu.
***
A escola estava lotada, Luna usava um vestido prateado, ele brilhava tanto que todos pararam
para contemplar a garota que passava. Allan estava na porta, ao vê-lo ela sorriu.
- Allan! – Luna acenou.
- Luna? Onde você estava? Uau! Você está linda.
- Eu tive uns probleminhas... E, obrigada.
- Eu queria te apresentar uma pessoa. – disse Allan, trazendo uma garota até Luna, seus cabelos
eram pretos com mechas cor-de-rosa.
- Quem é ela? – perguntou Luna.
- Essa é Kiera.
- Kie... Kiera? – Luna corou.
- Sim! Ela chegou ontem, minutos depois que você.
- Allan, por que você não me desmascarou?
- Você é muito linda para ser desmascarada. – os óculos de Allan ficaram embaçados, ele corou.
– Quer dizer...
Luna se aproximou dele, ela encostou os seus lábios nos dele, ambos descobriram a verdadeira
magia. Seus corações batiam rápido. Mesmo sem entender o que era aquilo, ou por que tinha feito
aquilo, Luna se sentiu bem em ter feito.
- Eu, você... Nós? – perguntou Allan.
- Nós precisamos entrar, o show já vai começar... Isso se a Kiera não quiser cantar.
- Relaxa garota, eu toco teclado. – disse Kiera.
- Então vamos logo.
O show teve tudo o que precisava ter: música, alegria, rock e muito mais. Todos cantaram
com o coração, foi então que Luna entendeu, ela não precisava ser de um ou de dois mundos
diferentes, ela não precisava ser Kiera ou ter a voz mais bela, ela só precisava ser Luna, uma
garota sonhadora que viveu seu sonho.
Fim?

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O sonho de Luna de cantar com os humanos

  • 1.
  • 2.
  • 3. Luna contemplava as constelações que via, a melhor visão delas era no carvalho, seu pequenino tamanho ajudava a escalar a grande árvore com naturalidade e leveza. Ela olhava as estrelas e as imaginava como se fossem pequenos cintilays que os protegiam do mal. Seus olhos brilhavam enquanto uma estrela cadente aparecia. - Olhem! – Luna apontou para a grande calda brilhante. - Nós estamos vendo. – respondeu Juno. As estrelas já davam adeus e uma grande cortina amarelada subia. Estava amanhecendo! - Vamos lá meninos! É hora do show. – gritou Anderly. As pequenas criaturinhas pularam do grande carvalho, elas voavam alto, mesmo não tendo asas. Seus cabelos azuis brilhavam enquanto despejavam magia por todos os cantos do horizonte, colorindo cada pedaço que podiam. Como mãos tão pequenas tinham tanto poder? Eles estavam acordando o sol, estavam amanhecendo. Estavam firmes e fortes, em seus postos de sempre... Exceto Luna. Luna preferia brincar com flores, acariciar os coelhos que habitavam naquela floresta, ou até ficar apenas olhando do que amanhecer junto com os outros cintilays. Seu maior passatempo era ficar escutando o ensaio do Star High, a escola de música próxima ao grande Big Ben, a casa dos cintilays. - Vamos lá Luna, precisamos de alguém no posto esquerdo. – gritou Kalaya. - Não, obrigado. Kalaya se aproximou de Luna. - Então saia pelo menos daí! – cochichou. - Por quê? E por que estamos cochichando? – brincou Luna. - Os sombrios ficam perto daí, se eles pegarem uma cintilay como você... Eu não sei o que fariam. - Uma cintilay como eu? – perguntou a criaturinha de cabelos azuis. - Sabe, você é a mais desprotegida, e se te pegarem é morte na certa. - Olha aqui Kalayla. – Luna se apontou para Kalayla e se aproximou. – Eu sou como qualquer um cintilay, não sou desprotegida. - Cuidado! Um sombrio. – gritou Juno.
  • 4. - AH! – gritou Luna, que logo abraçou Kalayla, ela estava com muito medo. – Ai meu Deus! Kalayla tirou Luna de seus braços. - Não foi nada, foi apenas o Juno tentando te assustar, e pelo visto ele conseguiu, não foi Luna? - Bem... Eu não diria susto, apenas uma reação involuntária... Vocês falam tanto dos sombrios, mesmo nunca tendo visto um! – respondeu Luna. Diferente dos cintilays, os sombrios viviam escondidos na parte mais escura da floresta, eles odeiam luz. Reza a lenda que, se um sombrio encontra um cintilay, ele automaticamente precisa pedir a magia do pequeno ser de luz, se o cintilay não der, ele o mata, e fica mais forte para destruir tudo o que existe. Dizem, que eles estão escondidos, tramando um plano para dominar o mundo, a última aparição dos pequenos seres das trevas, foi há mais ou menos mil anos atrás. Sua existência era questionável, mas os cintilays preferiam acreditar em lendas onde monstros devorariam toda a sua magia, de certa forma isso os mantinha seguros, as vezes é preciso acreditar em algumas mentiras para esconder algumas verdades... O maior medo dos cintilays não eram os sombrios, e sim os humanos! Embora Luna achasse essas lendas bobas, ela não queria tirar a prova se elas eram reais ou não, afinal eram apenas lendas, mas em que acreditar quando se fala de magia? Eles eram feitos de magia, e não podiam ter certeza se existiam outros seres como eles, ou até mais poderosos. Luna tirou os fios azuis da frente de seus olhos cor-de-mel. Ela já conseguia escutar o som da guitarra, da bateria. Eles já começavam a ensaiar, e ela não podia perder. *** Anderly percebeu que Luna se afastava mais e mais, as dúvidas do que Luna poderia estar aprontando dançavam por sua pequenina mente. Ela queria descobrir o que Luna tanto andava fazendo. Faziam alguns dias que Luna estava estranha, ela chegava atrasada no grande relógio, cantarolava, ela definitivamente estava estranha. Anderly seguiu os passos da amiga, por um momento Luna andou, mas depois ela precisou voar, foi então que Anderly entendeu o que estava acontecendo. Luna estava assistindo aos ensaios da escola musical que ficava próxima ao Big Ben. Os olhos de Luna brilhavam enquanto ela tentava acompanhar a música. Ela se aproximou da amiga. Ao perceber que Anderly a observava, Luna corou. - Anderly? – perguntou a menina, um pouco vermelha. – O que você está fazendo aqui? - O que você está fazendo aqui? – o olhar irônico de Anderly dizia que ela já sabia a resposta. - Bem... Eu... Eu amo ver os ensaios deles. – a cintilay sorriu enquanto falava do que mais gostava. – Eles são incríveis, e isso que eles fazem com a boca... É incrível. - O que eles fazem com a boca? – perguntou a amiga. - Eles pronunciam as palavras de uma forma engraçada, sabe? Eles chamam isso de cantar. - C-A-N-T-A-R? - Isso! – Luna riu. - E faz quanto tempo que você vem aqui?
  • 5. - Desde o dia em que jogávamos queimada cintilante, quando a bola veio parar aqui eu descobri, e depois passei a frequentar... É realmente mágico o que eles fazem. Os artistas dançavam e cantavam num grande palco ao ar livre, uma banda equipada de instrumentos fazia tudo parecer mais fácil. Era realmente compreensível o que Luna sentia, ela queria cantar, queria descobrir essa magia que eles cantavam... Ela queria ser uma humana. - Se eu pudesse por pelo menos um dia cantar com eles... Eu realizaria meu sonho! – Luna se entristeceu ao lembrar que isso era praticamente impossível. - Luna... – Anderly se aproximou. – Você sabe que seu aniversário está chegando não é? - Sim! O que tem isso? - Você não lembra que pode fazer um pedido? Um pedido válido por um dia inteiro. - Um pedido! É isso. - Pense bem no que você vai querer, isso pode mudar sua vida. Diferente dos humanos, os cintilays só faziam aniversário uma vez na vida, e com ele vinham grandes responsabilidades... e um único desejo, isso poderia ser uma maldição ou bênção. Mesmo não entendendo o que Luna via naquilo, ela queria dar seu apoio, se esse era o desejo da amiga, que seja! Ela abandonaria o protocolo de nunca cruzar com um humano se fosse preciso. Ela ia ajudar a amiga a realizar o seu desejo. *** - Sem chance Anderly! – disse Merya. A protetora dos cintilays. – Você sabe como Londres é perigosa? Já saímos da floresta temendo os sombrios, nos colocando em risco de um humano nos encontrar dentro desse relógio, e você ainda vem com história de que a Luna é sonhadora e não custava nada dar uma chance à ela! É isso mesmo? - Senhora, escute-me... É o maior sonho dela. A Luna respira a música que esses humanos têm, e é só por um dia, só um! Tenha misericórdia e interceda por ela para o rei, por favor. – clamou Anderly. - Não, não e não! A garota não vai para o mundo dos humanos. - Ela vai sim! – uma voz potente, masculina ecoava da parte mais escura do cômodo que alojava a nobreza. Era ele! Ele estava lá, e ia dar o aval positivo para Luna. Era o rei Beynerck. - Vossa majestade. – ambas entoaram a mesma frase enquanto se curvavam para reverenciar o rei. - Majestade, isso está errado! O protocolo é claro, “nenhum cintilay pode cruzar a fronteira entre o mundo humano e mágico”. - Que seja! Quem sabe essa é a única aventura dessa pequena criaturinha... Não sabemos quando tempo conseguiremos ficar aqui, e mais cedo ou mais tarde seremos encontrados, então, que seja de uma forma pacífica. - Isso quer dizer que... – Anderly esperou a resposta. - Que Luna poderá ser humana por um dia, mas só por um dia. – respondeu o rei. A conversa foi interrompida por um barulho que se era escutado da porta.
  • 6. - Isso é incrível! – Luna entrou voando no cômodo nobre. Ela abraçou o rei e esqueceu de vez os protocolos. – Muito obrigado majestade. - Eu que agradeceria se você me soltasse. – eles riram. – Escute bem Luna, você tem uma chance de mostrar que é capaz, não desperdice essa chance, O.K.? - Pode deixar cara... Quer dizer, vossa majestade. – sua pele amarelada corou. - Cara? – perguntou Merya, num tom de reprovação. - É como os humanos chamam... Ah! Deixa pra lá. – a pequena cintilay se acalmou. - Vou dormir agora, amanhã eu serei outra pessoa não é mesmo? - Sim! Seu desejo já foi concedido, mas tem só um problema. – o rei falou pausadamente. – Você terá que dormir na floresta, para não levantar suspeitas nem sustos. - Na flo-floresta? Onde vivem os som-sombrios? – gaguejou. - Receio que sim. - A Anderly pode ir comigo? – ninguém resistia ao seu olhar de cachorrinho. - Eu? – a amiga se assustou ao saber que tinha sido incluída nos planos. – Eu não! - Você sim! – Luna a puxou para um canto do cômodo. – Não quero ficar sozinha lá. - Mas por que eu? - Se não fosse por você isso não seria possível! – Anderly abriu um grande sorriso ao ouvir as palavras da amiga. – Então aguente as consequências. - AAAHHH – grunhiu. – Tudo bem, eu vou com você. - Isso! A alegria de Luna era tão grande que seu cabelo brilhou, e seus fios violetas que a diferenciava dos outros estavam bem vivos e acesos. Mesmo tendo medo das consequências que teria por conta de um pedido tão exagerado, correndo risco de não acordar no outro dia, Luna estava pronta para descobrir a música e viver como uma humana. *** As estrelas coloriam a noite que seria difícil, Luna brincava com os fios que caíam em seus olhos, ela não conseguia dormir de tanta emoção, suas pernas doíam só de imaginar que ela estaria no palco, junto dos outros, cantando... Como sempre sonhou, isso sim era mágico. - Anderly? – cochichou Luna. – Está dormindo? - Estava. – respondeu Anderly no tom grosseiro. – O que foi? - Nada... É só que... – Luna abraçou a amiga. – Obrigada.
  • 7. - Tá, isso foi inesperado. – disse Anderly, retribuindo o abraço. – Eu sei que você faria a mesma coisa por mim. Agora, vá dormir, já está amanhecendo e logo você será uma... Como se chama mesmo? - Mulher. - Isso! Uma mulher. Elas riram baixinho, para não acordar os seres que as observavam escondidos. O sol já brilhava forte, os olhos de Luna doíam, sua pele estava quente por conta da claridade, ela já não cabia na pedra em que dormira na noite passada. Luna abriu os olhos, sua visão estava embaçada, ela se levantou com dificuldade e foi até o lago próximo, mesmo com a visão ruim ela ainda conseguia distinguir o verde da grama para o azul da água. Percebeu então que algo estava diferente, seu reflexo não era o mesmo, ela era humana. Luna deu alguns pulos de alegria até que caiu no chão, ela não estava acostumada com saltos, nem com calças jeans, e muito menos com camisas humanas, ela não entendia como tudo aquilo estava com ela. - Pelo menos eu não estou nua. – brincou com ela mesma. Luna queria encontrar Anderly, queria mostrar que deu tudo certo, exceto pelo seu cabelo que continuava azul com faixas violetas. Ela procurou a amiga em todo o espaço, até que viu um pequeno raio de brilho em cima da pedra em que dormiram, lá estava Anderly, tão desprotegida, tão pequena. Luna não iria acordá-la, não para isso, ela sairia de lá o mais rápido possível, pois já escutava a música. *** Luna saiu correndo, ainda meio desorientada, seguindo a música, um pop rock invadia seus ouvidos levando-a direto a Star High. O som ficava cada vez mais alto, ela sabia que estava no lugar certo. A escola era enorme, mesmo estando na calçada oposta da escola ela já via a dimensão do complexo, ela correu direto para a calçada da escola que ficava no outro lado da rua, sem perceber a quantidade de carros que passavam pela rua, seu susto foi enorme ao ouvir a buzina de um carro, o que era aquilo? Ela não entendia bem, mas sabia que deveria ficar longe. Luna conhecia os humanos, mas não tão bem para saber tudo o que acontecia no mundo deles. O seu coração parecia que ia pular pela boca quando percebeu que alguém a segurava. - Calma garota. – disse um rapaz de cabelos ruivos tentando acalmá-la. Ele usava óculos, não era tão atlético, suas roupas eram mais formais que as dela, ele carregava um notebook com a mão direita e com a esquerda segurava o ombro da garota que ele mal conhecia. – Tudo bem? - Eu estou muito atrasada? Sinto que perdi a hora, eu quero cantar! O rapaz de cabelos avermelhados riu. - Calma, calma, a aula começou agora. Mas, eu nunca te vi por aqui... Já está matriculada para participar? O que é estar matriculada? Pensou Luna, se era algo que precisava para estar lá dentro ela ia concordar, mesmo não sabendo o que era.
  • 8. - Claro, eu já estou M-A-T-R-I-C-U-L-A-D-A. - Tudo bem. – acreditou na resposta estranha da garota de cabelos coloridos. – Então, eu sou o Allan, e você deve ser a... Kiera, certo? - Sim... não... bem, eu me chamo Luna. - Luna? Não temos nenhuma Luna matriculada. - É que Luna é meu primeiro nome, o segundo é Kiera. – mentiu a garota com um sorriso no rosto. - Ah, por que não disse antes? Vamos entrar. Luna não acreditava que estava lá dentro, seu sonho estava sendo realizado, ela ia cantar. As paredes eram azuis, com grandes desenhos de notas musicais, instrumentos presos nas paredes e por todo o lado, grandes discos dourados e prateados enfeitavam uma parede cheia de troféus, no chão tinha uma grande clave de sol dourada, Luna sabia que lá era seu lugar, mas já ficava triste ao saber que só estaria lá por um dia. - Então, como devo chamá-la? – perguntou Allan. - Pode me chamar de Luna, eu gosto mais. - Luna? Tá, tudo bem. – Allan abriu as portas que davam para o jardim. – Aqui é o anfiteatro. Todos estão ensaiando, pois amanhã é o grande show. - Show? – perguntou a garota, maravilhada. - Sim! Teremos um show amanhã. O Gran Star. Luna correu para a frente do palco, seus olhos brilhavam ao ouvir as vozes daquelas pessoas. Até que uma garota de cabelos loiros gritou e tudo o que era som parou. - Quem é essa garota? – perguntou a menina de cabelos loiros, ela usava um vestido vermelho com sapatos combinando, seus olhos eram bem azulados e seu cabelo estava bem preso em um coque. - Tori, essa é a Kiera, quer dizer, Luna. - Oi, muito prazer. – Luna estendeu a mão para Tori, que já estava descendo do palco. - Essa é Victoria Shain, ela é filha da diretora e sempre estrela os espetáculos, não se meta com ela. – recomendou Allan. - Eu não tenho nenhum prazer em te conhecer. Luna se assustou com a resposta de Tori. - Agora anda, sobe no palco e canta. - Como? – perguntou Luna. - Sobe no palco, canta alguma coisa. – bradou Tori. – Quero ver se você é boa, do contrário você não participará do show.
  • 9. Luna estava desconfiada, mas aquilo era o que ela mais queria, será que ela estava arrependida? Às vezes o que nós queremos nem sempre sai como o planejado. Luna segurou o microfone, em primeiro momento um som tenebroso saiu do captador de voz, todos riram dela, exceto Allan. Mas, Luna começou a cantar lentamente, todos pararam para ouvir aquela voz, que mesmo um pouco fraca, era bela. Os olhos de Tori se arregalaram, ela não podia acreditar que tinha alguém que cantava melhor que ela. Logo os músicos começaram a acompanhá-la, começando assim uma linda música. A voz de Luna começou a ficar mais firme, mais forte, ela estava começando a sentir a música, e sabia que aquilo ia ser único. Ela cantou com o coração, ela rodopiava no palco, cantava com alegria, ela estava sendo ela mesma. Todos a aplaudiram, e acreditaram, aquela era a voz que procuravam. - É, até que você não canta mal. – disse Tori. – Mas não pense que será tudo muito fácil, você ficará no coro. - Coro? Tori ela mandou muito bem! – disse uma garota de cabelos pretos e olhos puxados. - Cala a boca Lya. Ela ficará no coro. - Não tem problema, está tudo bem. – disse Luna. Ela não sabia bem o que era coro, mas associou às garotas que cantavam apenas o refrão. - Tudo bem, você será a back vocal dois, não faça nada além do que mandarmos. – alertou Tori. – Vamos lá, o Gran Star é amanhã! Hora de ensaiar. Eles ensaiaram até anoitecer, mesmo Luna não conhecendo a maioria das músicas ela conseguiu acompanhar Tori e as garotas. Ela estava feliz apenas por estar ali no meio. A lua já estava no céu iluminando os últimos minutos do ensaio. - Foi incrível pessoal, está na hora de descansar, amanhã será um dia cheio. Os olhos de Luna estavam tristes, ela sabia que não estaria mais ali no outro dia, mesmo querendo muito o rei foi muito claro, apenas por um dia. - O que houve Luna? – perguntou Allan. – Não está feliz? - Estou, só que...Nada, deixa pra lá. Diferente da amanhã, Luna saiu da escola bem lentamente, estava na hora de voltar para a floresta, esperar amanhecer para poder voltar a ser o que era antes. O que a deixava feliz era saber que ela pôde estar lá, ela pôde cantar, pôde ser humana, ao menos por um dia, as lembranças não seriam esquecidas, estariam lá, eternizadas. O sol já brilhava, sua pele não queimava e nem seus olhos doíam, a roupa já tinha mudado e ela já era uma cintilay. - Olha só quem está aqui. – uma voz tenebrosa falou. Luna se arrepiou ao ouvir aquela voz assustadora. - Quem está aí? – perguntou a cintilay. - Calma menininha. Somos só uns amigos. Um vulto negro se misturara com risadas até que eles ficaram de frente com Luna.
  • 10. As duas criaturas tinham a pele azul, meio verde, pareciam mortos, os cabelos eram brancos, as roupas rasgadas e os dentes eram afiados. - Que-quem são vocês? – perguntou Luna, assustada. - Somos sombrios. Era o que Luna temia escutar, eles eram reais, ela sabia que não escaparia, ela morreria. - O que vocês querem? - Só vamos te levar até nosso chefe. - Chefe? – as palavras que Luna dizia começavam a sumir, seus olhos foram se fechando, ela desmaiou. - Anda Billy, o Shadonw tá esperando. *** Os dois sombrios levaram a cintilay para o lado mais escuro da floresta, um espaço devastado, cheio de ossos e sem nenhuma planta, um trono feito de ossos assentava o “chefe” como os sombrios disseram. - O que trouxeram idiotas? – perguntou o Shadonw que usava uma capa cinza, ele tinha olhos amarelados, suas roupas eram rasgadas. - Uma cintilay mestre. - Cintilay? Com magia? – Shadonw se entusiasmou. - Sim! Olhe, ela tem cabelos violetas, é a escolhida! – disse um dos sombrios. - Magia! – ele se levantou do trono. – Chegou a hora de sairmos daqui, está na hora de sermos os vencedores! - Mas, chefe, tem um problema... Ela precisa dar a magia dela de bom grado. - Acordem-na. Eles jogaram a criaturinha no chão, despertando-a. - O que aconteceu? – gemeu Luna. – Minha cabeça está doendo muito. – ao perceber onde estava ela gritou. – O que vocês querem de mim? - Escute bem garota. – falou o chefe dos sombrios. – Queremos sua magia, mas você precisa nos dar. A questão é, o que você quer para dar sua magia? - Primeiro: Por que você quer minha magia se você pode me conceder um desejo? – perguntou. - Digamos que a magia que eu tenho não serve para o que eu pretendo fazer. Luna pensou bem, o que ela mais queria na vida era cantar, e para isso ela precisaria ser humana, mas isso seria impossível, ela precisaria e um encanto para ser humana. - Tudo bem, eu aceito. - Maravilha! – comemorou Shadonw. – O que você vai querer? - Quero ser humana.
  • 11. O pedido assustou todos os sombrios que estavam no recinto, mas fazia sentido, do que adiantava ser um cintilay sem magia? - Tudo bem! Shadonw levantou as mangas, segurou nos ombros de Luna, um clarão tomou conta de toda a escuridão que escondia os segredos dos sombrios. Ao perceber que não tinha mais nenhum sombrio lá ela se levantou, destruindo a pequena caverna que eles habitavam, ela era humana mais uma vez. Luna não sabia o que sentir, em alguns momentos ela estava feliz por ser humana, mas outros se entristecia ao saber que nunca mais voaria, ou brincaria com Anderly. Ao chegar na escola, ela percebeu que todos a esperavam para começar o ensaio, todos com um grande sorriso no rosto. Luna estranhou a recepção, mas sorriu para todos. - O que aconteceu? – perguntou. - Tori está doente, e você vai substituí-la no Gran Star! – respondeu Lya. Luna não podia acreditar no que ouvia, ela estava muito feliz, não por Tori estar doente, mas sim por ela poder cantar. - Então vamos ensaiar! – disse Luna. A música estava na veia de todos os que participavam daquilo, eles cantavam com o coração aquilo era magia, tudo o que ela queria estava se realizando, mas aquele era um bom motivo para justificar o que fizera, com que intuito os sombrios queriam sua magia? Ela não sabia, mas algo a dizia que ela ia descobrir logo. No meio de uma das músicas ensaiadas, Luna percebeu que as plantas estavam ficando negras, ela imaginou que era coisa da sua cabeça, mas quando a água da fonte começou a escurecer não dava pra negar, os sombrios estavam por trás daquilo. - O que está acontecendo com a água? – perguntou Lucca, o baixista da banda. Luna percebeu então que tudo era culpa dela, e só ela poderia reverter o que estava acontecendo. - Preciso sair por um momento. – disse Luna soltando o microfone no chão. - Mas, Luna... - Já volto Allan. A garota foi até o grande relógio, o local onde os cintilays viviam era distante da parte em que os humanos estavam, mas felizmente Luna lembrava de tudo. *** - Você não a viu mesmo Anderly? – perguntou o rei. - Não majestade, já era pra ela ter voltado. - Majestade! – Merya os interrompeu. – Vocês precisam ver isso. Os três cintilays se juntaram a multidão de criaturinhas que contemplavam a forma humana de Luna, eles não entendiam como o feitiço poderia ter durado mais de um dia.
  • 12. - Luna? É você? – perguntou Anderly. - Sim! Eu preciso falar com vocês. - Por que não se transformou em cintilay? – se meteu Merya. - Eu me transformei... É que eu encontrei os sombrios. – todos ficaram assustados ao ouvir o que ela falara. – Eles são reais. – Luna procurava palavras para dizer o que ela tinha feito. - Eu troquei minha magia pela forma humana. – a garota abaixou a cabeça. – Sei que sou motivo de vergonha, mas queria dizer que nunca estive tão feliz, mas sei que estou errada por ter feito isso. Mas só tem um jeito de pará-los. - E qual seria? – perguntou alguém na multidão. - Recuperar minha magia. Sei que será difícil, mas é a única forma. O mundo está morrendo. - O que estão esperando? Voem, vão até as plantas e água, deem sua vida de volta, que eu me encarrego dos sombrios. – disse o rei. Todos voaram o mais longe que puderam. - Luna. – falou o rei. – Eu te entendo, mas foi um ato errado. - Perdoe-me majestade. Eu nunca mais voltarei aqui. Luna saiu o mais rápido que pôde, sua vergonha era enorme, ela não queria ter feito aquilo, não queria destruir o mundo por conta de seus sonhos. - Olha o que temos aqui, nosso melhor trabalho! – disse Shadonw ao encontrar Luna. - Você está destruindo o mundo! Como pode fazer isso? - Eu sou mal garotinha! Nunca te disseram isso? Nunca disseram para não ir até a floresta sozinha? - Por favor, pare de fazer isso! Isso vai acabar te destruindo também. - Nós vivemos por mais de mil anos escondidos, para agora te devolver a magia? Não, não! Acho que é melhor te prender, ou até te matar para tirá-la do nosso caminho, nós tínhamos um trato, até que você resolveu abrir a boca não foi? - Você pode fazer muitas coisas, pode ser poderoso, pode até destruir o mundo, mas você não é nem um pouco inteligente. - Hã? - Você acha que eu estaria sozinha agora? – Luna colocou um sorriso no rosto. - Agora Anderly, Juno e Kalayla. Uma grande quantidade de magia saiu dos cintilays, eles brilhavam de uma forma inexplicável, Shadonw foi preso pela magia deles, suas mãos estavam presas por uma corrente mágica. - Bondade? Eu não suporto bondade! – gritou Shadonw. Seu corpo começou a brilhar até que ele explodiu, seu corpo sumiu no meio do brilho, que devolveu a cor das árvores, devolveu a vida da água, devolveu a alegria do mundo. Devolveu a magia de Luna.
  • 13. - Eu desejo voltar a ser cintilay. – pediu Luna. Seu corpo foi convertido ao que era antes, um brilho intenso tomou conta do corpo em que Luna habitava, transformando-a em cintilay mais uma vez. - Foi um grande trabalho meninos. – disse o rei, que vinha junto de Merya. – Parabéns. Enquanto os cintilays se juntavam, Luna lembrava de tudo o que viveu em apenas dois dias, ela percebeu que aquilo foi importante, mas o lugar dela era ali, com seus irmãos, seu lugar era com os cintilays, e era lá que ela ia viver. *** A noite se aproximava, as luzes do anfiteatro já estavam ligadas, os holofotes apontavam para o grande palco em que os instrumentos estavam sendo colocados. Luna sabia que seu lugar era com os seus, mas ela não conseguia se separar da música, era algo que a prendia, que a levava para outras dimensões, para outro mundo. Um clarão fez seus olhos fecharem, algo estava acontecendo com seu corpo, e mesmo sem entender o que estava acontecendo ela se sentia bem. Ao abrir os olhos ela percebeu que não era uma cintilay, e sim uma humana. Mas como aquilo era possível? Como ela poderia ser humana? - Gostou? – perguntou o rei. - Majestade? O senhor fez isso? - ela perguntou, maravilhada. - Eu já tive um sonho como o seu Luna, e nunca tive a oportunidade de tentar ser humano, e se você pode, tente, faça isso, você tem minha permissão para ir àquele palco e arrasar! Estaremos lá para te ouvir e te aplaudir, mesmo ninguém nos escutando. Os olhos de Luna brilharam, ela não acreditava naquilo... Ela era importante, ela tinha um sonho, e ia realizá-lo. - Será que ainda dá tempo? – perguntou Luna. - Se você correr... - Obrigada majestade. - Corra garota. – o rei riu. *** A escola estava lotada, Luna usava um vestido prateado, ele brilhava tanto que todos pararam para contemplar a garota que passava. Allan estava na porta, ao vê-lo ela sorriu. - Allan! – Luna acenou. - Luna? Onde você estava? Uau! Você está linda. - Eu tive uns probleminhas... E, obrigada. - Eu queria te apresentar uma pessoa. – disse Allan, trazendo uma garota até Luna, seus cabelos eram pretos com mechas cor-de-rosa. - Quem é ela? – perguntou Luna. - Essa é Kiera.
  • 14. - Kie... Kiera? – Luna corou. - Sim! Ela chegou ontem, minutos depois que você. - Allan, por que você não me desmascarou? - Você é muito linda para ser desmascarada. – os óculos de Allan ficaram embaçados, ele corou. – Quer dizer... Luna se aproximou dele, ela encostou os seus lábios nos dele, ambos descobriram a verdadeira magia. Seus corações batiam rápido. Mesmo sem entender o que era aquilo, ou por que tinha feito aquilo, Luna se sentiu bem em ter feito. - Eu, você... Nós? – perguntou Allan. - Nós precisamos entrar, o show já vai começar... Isso se a Kiera não quiser cantar. - Relaxa garota, eu toco teclado. – disse Kiera. - Então vamos logo. O show teve tudo o que precisava ter: música, alegria, rock e muito mais. Todos cantaram com o coração, foi então que Luna entendeu, ela não precisava ser de um ou de dois mundos diferentes, ela não precisava ser Kiera ou ter a voz mais bela, ela só precisava ser Luna, uma garota sonhadora que viveu seu sonho. Fim?