Charles Sanders Peirce foi um filósofo, cientista, linguista e matemático americano do século XIX. Ele é considerado o fundador da semiótica moderna e fez contribuições importantes à lógica, filosofia da ciência e desenvolvimento do pragmatismo. Peirce também definiu as categorias da primeiridade, secundidade e terceiridade para descrever os modos como fenômenos se apresentam à mente humana no processo de significação.
3. VIDA E PRINCIPAIS OBRAS
Charles Sanders Peirce (Cambridge, 10 de setembro de 1839 —
Milford 19 de abril de 1914), foi um filósofo, pedagogista, cientista,
linguista e matemático americano. Seus trabalhos apresentam
importantes contribuições à lógica, matemática, filosofia e,
principalmente à semiótica. É também um dos fundadores
do pragmatismo, junto com William James e John Dewey.
Inovador em matemática, estatística, filosofia, metodologia de
pesquisa e em várias ciências, Peirce se considerava, antes de tudo,
um lógico. Ele fez grandes contribuições à lógica que, para ele,
abarcava muito daquilo que agora é chamado
de epistemologia e filosofia da ciência. Ele enxergava a lógica como
o ramo formal da semiótica que prenunciava o debate entre os
positivistas lógicos e os defensores da filosofia da linguagem que
dominou a filosofia ocidental do século XX. Além disso, ele definiu o
conceito de raciocínio abdutivo, bem como a indução matemática
rigorosamente formulada e o raciocínio dedutivo. Já em 1886, ele viu
que operações lógicas poderiam ser realizadas por circuitos elétricos
de comutação; a mesma ideia foi usada décadas depois para
produzir computadores digitais.
4. Além disso, ele definiu o conceito de raciocínio abdutivo,
bem como a indução matemática rigorosamente formulada
e o raciocínio dedutivo. Já em 1886, ele viu que operações
lógicas poderiam ser realizadas por circuitos elétricos de
comutação; a mesma ideia foi usada décadas depois para
produzir computadores digitais.
Em 1934, o filósofo Paul Weiss classificou Peirce como "o
mais original e versátil dos filósofos americanos e o maior
lógico da América". O Webster's Biographical
Dictionary registava em 1943 que Peirce era "agora
considerado como o mais original pensador e maior lógico
de sua época". Keith Devlin se referiu a Peirce como um
dos maiores filósofos de todos os tempos.
7. A origem da palavra “signo” é explicada por Décio
Pignatari.
Portanto, o signo não é objeto, é algo distinto, ele está
ali, presente, para designar ou significar outra coisa.
Para que algo possa ser um signo, esse algo deve
representar alguma outra coisa, chamada seu objeto. E
ele pode ser perceptível, imaginável ou mesmo
inimaginável num certo sentido.
8. SIGNO
Numa primeira abordagem, ele referia-se aos três constituintes do
signo simplesmente como signo, coisa significada e cognição produzida
na mente (CP 1.372, c.1885).
Na terminologia que ele adotou mais tarde, o signo ou representamen
é o primeiro que se relaciona a um segundo, denominado objeto, capaz
de determina um terceiro, chamado interpretante.
Ex: O signo é algo que “representa alguma coisa, o seu objeto” (CP
2.228, c. 1897) e assim produz um efeito na mente de um intérprete ou
usuário, efeito que Percie chama de interpretante do signo (CP 8.343,
1908, por exemplo).
Mais detalhadamente: Um signo ou representamen é algo que, num certo
aspecto ou capacidade, esta para alguém em lugar de algo. Dirige-se a
alguém, isto é cria na mente dessa pessoa um signo equivalente ou talvez
um signo mais desenvolvido. Chamo este signo que ele cria o interpretante
do primeiro signo. O signo está no lugar de algo, seu objeto. Está no lugar
desse objeto não em todos os seus aspectos, mas apenas com referência
a uma espécie a uma espécie de ideia.
9. Charles Sanders Peirce, foi o primeiro a
tentar uma sistematização científica do
estudo dos signos, com o trabalho Logic as
Semiotics: The Theory of Signs (“Lógica
enquanto Semiótica: A Teoria dos Signos”)
composto pelos artigos escritos entre 1893 e
1910. Sua obra vem inseminando o
pensamento e os métodos de numerosos
estudiosos como Morris, Ogden, Richards e
Roman Jakobson.
10. Segundo Peirce (2005, p.46), o signo que
constitui a linguagem “é aquilo que, sob certo
aspecto ou modo, representa algo para
alguém”, e pode ser entendido como alguma
coisa que está em lugar de outra, isto é,
“estar numa tal relação com outro que, para
certos propósitos, é considerado por alguma
mente como se fosse esse outro” (PEIRCE,
2005, p. 61).
11. SEMIÓTICA
A semiótica é a ciência do signo cujo objeto de
investigação são todas as linguagens possíveis, ou
seja, tem por objetivo o exame dos modos de
constituição de todo e qualquer signo como
fenômeno de produção de significação e de sentido.
12. De acordo com Sousa: as linguagens são
compostas por um conjunto de signos percebidos
que adquirem sentido ou significação ao ser
associado a outras coisas imaginárias, como
conceitos, ideias e sonhos, ou materiais, como
frutas, animais, mesas, pedras, etc. Essas
associações são as determinantes do processo de
significação. Um signo percebido é significante
quando pode ser associado a outra coisa diferente
de si próprio, passando então, a indicar ou
representar esse outro. (2004, p.01-03).
13.
14. Exemplos práticos de nosso dia-a-dia:
O rubor e a palidez podem ser signos de doenças ou
de emoção; os sons da língua que ouço são signos
de conceitos que aprendi associar a ela; o cheiro de
fumaça é sinal de fogo; o cheiro de pão fresco,são
indícios de uma padaria próxima; a cor cinza nas
nuvens é sinal de chuva; assim como um certo gesto
da mão, uma carta ou um telefonema podem ser
sinais de amizade; também posso acreditar que ver
gato preto é sinal de azar; o farol vermelho em um
cruzamento é sinal de proibição de atravessar o
carro; e assim por diante. Vê-se que tudo pode ser
signo, a partir do momento em que dele deduzo uma
significação que depende de minha cultura, assim
como do contexto de surgimento do signo.
(JOLY,1996, p.32-33).
15. Outro exemplo da relação entre linguagem, signo e
significação de nosso cotidiano, apresentado por Sousa
(2004, p.03), é o choro, uma das primeiras formas de
expressão humana:
A mãe de um recém-nascido ao ouvi-lo chorar fica em
estado de alerta, porque sente e sabe que o choro é
forma de expressão da insatisfação do filho [sensação,
sentimento e ideia suscitada pelo signo percebido].
Contudo, durante os primeiros momentos da relação, a
mãe não consegue reconhecer as diferentes
peculiaridades do choro e, cada vez que o filho chora,
toma uma série de providências aleatórias visando
atendê-lo e acalmá-lo. Com o passar do tempo,
entretanto, as diferenças entre um tipo de choro e
outro vão sendo reconhecidas e a cada forma
diferenciada dessa expressão é associado um estado
físico ou emocional: fome, sono, birra, etc.,
dependendo de sua entonação ou continuidade.
17. Parece, portanto, que as verdadeiras categorias são: primeira,
sentimento, a consciência que pode ser compreendida como um
instante do tempo, consciência passiva da qualidade, sem
reconhecimento ou análise; segunda, consciência de uma
interrupção no campo da consciência, sentido de resistência, de
um fato externo ou outra coisa; terceira, consciência sintética,
reunindo tempo, sentido, aprendizado, pensamento. [...] três
concepções lógicas da qualidade, relação e mediação. A
concepção da qualidade, que é absolutamente simples em si
mesma e, no entanto, quando encarada em suas relações
percebe-se que possui uma ampla variedade de elementos,
surgiria toda vez que o sentimento ou a consciência singular se
tornasse preponderante. A concepção de relação procede da
consciência dupla ou sentido de ação e reação. A concepção de
mediação origina-se da consciência plural ou sentido de
18. Percie desenvolveu uma fenomenologia de
apenas três categorias universais que Chamou
de Firstness, Secondness e Thirdness,
traduzidas por primeiridade, secundidade e
terceiridade
19. Essas três categorias referem-se às três fases
operativas do processo de percepção de todo e
qualquer signo:
1-Primeiridade - Input Visual - 2-Secundidade - Insight
Representacional
I. o sentir: percepção
primária, o signo é
percebido pelos elementos
que mais suscitam a
emoção, sensação e
sentimento, como as cores,
as formas e as texturas.
II. o reagir: percepção
secundária, o signo é
decomposto em
relações/associações e
percebido como
mensagem.
3-Terceiridade - Output
Comunicacional
III. o pensar: percepção final,
onde a leitura é simbólica,
num contexto amplo de
significações.
20. Primeiridade
Primeiridade: é a categoria dos fenômenos em
si, considerados independentes de qualquer
outra coisa. Sem ser determinado por outra
coisa, esses fenômenos não passam de
meras possibilidades ainda não existentes (
porque a existência é determinada por um
lugar determinado no tempo e no espaço). :
Os fenômenos da primeiridade, portanto, não
são ocorrências, mas apenas possibilidades.
Esses fenômenos aparecem na percepção
imediata das coisas, antes de que elas sejam
associadas a qualquer outro fenômeno.
21. Def. de Pierce: “primeiridade é o modo de ser daquilo que é
tal como é, positivamente e sem referência a outro a outra
coisa qualquer” (CP 8.328, 1904).
É a categoria do sentimento sem reflexão, da liberdade sem
qualquer restrição, do imediato, da qualidade ainda não
distinguida, da independência, do fresco, da espontaneidade e
originaliade ( CP 1.302, c. 1328, c. 1894; 1.531, 1903; 6.32,
1891).
Ex: “Uma sensação vaga de vermelho, ainda não objetivada,
nem subjetivada, do sabor de sal, apenas o sabor nele mesmo,
uma dor ou tristeza vagas, o puro sentimento em si de alegria
ou de uma de uma nota musical prolongada” (CP 1.303,
c.1894).
22. SECUNDIDADE
Começa quando um primeiro se relaciona a um segundo
fenômeno. Ela é a categoria dual dos fenômenos, ou seja,
destes em relação a outra coisa, é aquilo que existe e,
para existir, chama por algo como tempo e espaço,
categoria dos fatos no seu aqui e agora, da ação e
reação, do esforço, e resistência, da realidade e da
experiência real.
Secundidade “nos aprecem em fatos tais como o outro,
relação, compulsão, efeito, dependência, independência,
negação, ocorrência, realidade, resultado” (CP 1.358, c.
1890). Se, nessa lista de fenômenos de secundidade,
parece estranho que tanto a dependência sejam
fenômenos da mesma categoria, a explicação é que
independência – em contraste à liberdade sem qualquer
restrição”, que é um fenômeno de primeiridade – é um
conceito que se define pela negação da dependência e
envolve, portanto, duas vezes secundidade.
23. TERCEIRIDADE
É a categoria do geral, da continuidade e da mediação de
um terceiro entre um primeiro e um segundo (CP 1.337-
349, c. 1875; 5.66, 1903). O geral é um fenômeno de
terceiridade porque generalidade implica continuidade. Ela
é também a categoria das regras, da necessidade, do
habito e da síntese.
A continuidade da semiose se constitui em tríadas que
envolvem (1) o signo mesmo, (2) o objeto e (3) o
interpretante.
Nesse processo, o signo é o mediador entre o objeto que
ele representa e o interpretante, que ele evoca. A definição
pierciana do signo como mediador é logica, abstrata e
difere de concepções de mediação correntes, que definem
mediação como uma ação entre pessoas, e o signo (ou a
mensagem”), que se coloca como o fenômeno mediador
entre um emissor da mensagem e o receptor dela.
24. Portanto, a primeiridade (o sentir), mero
sentimento e emoções, é tudo que se apresenta à
consciência num determinado instante, composta
pela variedade de qualidades de sentimentos de
interioridade vivenciado neste determinado
momento. É espontâneo e imediato, original e
livre.
A secundidade (o reagir) é a percepção, as ações
e reações. É a reflexão envolvida nesse processo,
quando surgem as referências que permitirão
inferências que levarão a um terceiro.
Por fim, a terceiridade (o pensar) são os discursos
e pensamentos. É o que se segue ao sentimento e
ao conflito, à resistência. É a “camada da
inteligibilidade”, é a conceituação, a interpretação,
a aprendizagem, a análise e o pensamento.
25.
26. Toda a obra de Peirce está alicerçada
nessas categorias, isto é, sua doutrina dos
signos ou semiótica está inteiramente
baseada nas três categorias, e não há como
compreender as sutilezas de suas inúmeras
definições e classificações de signos sem
um conhecimento cuidadoso delas
(SANTAELLA, 2001, p. 36).
27. A semiótica, cada vez mais, vem sendo utilizada no campo
comunicacional como método de pesquisa nas mais diversas
áreas, seja nos estudos das linguagens musical e gestual, da
linguagem fotográfica, cinematográfica e pictórica, bem como
pela linguagem poética, publicitária e jornalística.
Assim, fica cada vez mais evidente a necessidade de se
compreender a relação do homem e a infinidade de signos
existentes em nossa sociedade atual. A linguagem humana
tem se multiplicado em várias formas e novas estruturas e
novos meios de disseminação desta linguagem têm sido
criado. Já não apenas signos, mas hipersignos híbridos1
(SANTAELLA, 2000), ou seja, precisamos “ler os signos
com a mesma naturalidade com que respiramos, com a
mesma prontidão que reagimos ao perigo e com a mesma
profundidade que meditamos”. (SANTAELLA, 2000 p. 11).
28. Para Décio Pignatari, entre as principais finalidades da
Semiótica ou Teoria Geral dos Signos, está a indagação sobre
a natureza dos signos e suas relações.
para que serve a Semiótica? Serve para
estabelecer as ligações entre um código e outro
código, entre uma linguagem e outra linguagem.
Serve para ler o mundo não-verbal: “ler” um
quadro, “ler” uma dança, “ler” um filme – e para
ensinar a ler o mundo verbal em ligação com o
mundo icônico ou não-verbal. A arte é o oriente
dos signos; quem não compreende o mundo
icônico e indicial não compreende o Oriente, não
compreende mais claramente por que a arte pode,
eventualmente, ser um discurso do poder, mas
nunca um discurso para o poder. (...) A Semiótica
acaba de uma vez por todas com a idéia de que as
coisas só adquirem significado quando traduzidas
sob a forma de palavras. (2004, p. 2
29. “Todo pensamento é um signo assim como o
próprio homem. ”
Mas o que é um signo?
“Em qualquer momento, o
homem é um pensamento,
e como o pensamento é
uma espécie de símbolo, a
resposta geral à questão:
Que é o homem?
– é que ele é um símbolo
A semiótica, portanto, estuda
os signos e como eles se
relacionam.
Signo ou Representamen é
aquilo que, sob certo aspecto ou
modo, representa algo para
alguém. Dirige-se a alguém, isto
é, cria, na mente dessa pessoa,
um signo equivalente, ou talvez
um signo mais desenvolvido. Ao
signo assim criado denomino
interpretante do primeiro signo.
O signo representa alguma
coisa, seu objeto. Representa
esse objeto não em todos os
seus aspectos, mas com
referência a um tipo de idéia que
eu, por vezes, denominei
fundamento do representâmen.
(1977, p. 46)
30. Referências:
PIGNATARI, Décio. Semiótica & literatura. 6 ed.
São Paulo: Ateliê Editorial: 2004.
SANTAELLA, Lucia. Introdução à semiótica:
passo a passo para compreender os signos e a
significação / Winfried Nöth. São Paulo: Paulus,
2017.
SOUSA, Richard Perassi Luis de. Linguagens,
comunicação e arte. Campo Grande: UFMS,
2004 (Reprografia).
https://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Sanders_P
eirce. Acesso: em 08 maio. 2021.