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CHARLES SANDERS PEIRCE (1839 –1914)
VIDA E PRINCIPAIS OBRAS
 Charles Sanders Peirce (Cambridge, 10 de setembro de 1839 —
Milford 19 de abril de 1914), foi um filósofo, pedagogista, cientista,
linguista e matemático americano. Seus trabalhos apresentam
importantes contribuições à lógica, matemática, filosofia e,
principalmente à semiótica. É também um dos fundadores
do pragmatismo, junto com William James e John Dewey.
 Inovador em matemática, estatística, filosofia, metodologia de
pesquisa e em várias ciências, Peirce se considerava, antes de tudo,
um lógico. Ele fez grandes contribuições à lógica que, para ele,
abarcava muito daquilo que agora é chamado
de epistemologia e filosofia da ciência. Ele enxergava a lógica como
o ramo formal da semiótica que prenunciava o debate entre os
positivistas lógicos e os defensores da filosofia da linguagem que
dominou a filosofia ocidental do século XX. Além disso, ele definiu o
conceito de raciocínio abdutivo, bem como a indução matemática
rigorosamente formulada e o raciocínio dedutivo. Já em 1886, ele viu
que operações lógicas poderiam ser realizadas por circuitos elétricos
de comutação; a mesma ideia foi usada décadas depois para
produzir computadores digitais.
 Além disso, ele definiu o conceito de raciocínio abdutivo,
bem como a indução matemática rigorosamente formulada
e o raciocínio dedutivo. Já em 1886, ele viu que operações
lógicas poderiam ser realizadas por circuitos elétricos de
comutação; a mesma ideia foi usada décadas depois para
produzir computadores digitais.
 Em 1934, o filósofo Paul Weiss classificou Peirce como "o
mais original e versátil dos filósofos americanos e o maior
lógico da América"​​. O Webster's Biographical
Dictionary registava em 1943 que Peirce era "agora
considerado como o mais original pensador e maior lógico
de sua época". Keith Devlin se referiu a Peirce como um
dos maiores filósofos de todos os tempos.
UMA INTRODUÇÃO À SEMIOTICA
PEIRCEANA
 LINGUAGEM SIGNO SEMIÓTICA
LINGUAGEM
A origem da palavra “signo” é explicada por Décio
Pignatari.
Portanto, o signo não é objeto, é algo distinto, ele está
ali, presente, para designar ou significar outra coisa.
Para que algo possa ser um signo, esse algo deve
representar alguma outra coisa, chamada seu objeto. E
ele pode ser perceptível, imaginável ou mesmo
inimaginável num certo sentido.
SIGNO
 Numa primeira abordagem, ele referia-se aos três constituintes do
signo simplesmente como signo, coisa significada e cognição produzida
na mente (CP 1.372, c.1885).
 Na terminologia que ele adotou mais tarde, o signo ou representamen
é o primeiro que se relaciona a um segundo, denominado objeto, capaz
de determina um terceiro, chamado interpretante.
 Ex: O signo é algo que “representa alguma coisa, o seu objeto” (CP
2.228, c. 1897) e assim produz um efeito na mente de um intérprete ou
usuário, efeito que Percie chama de interpretante do signo (CP 8.343,
1908, por exemplo).
Mais detalhadamente: Um signo ou representamen é algo que, num certo
aspecto ou capacidade, esta para alguém em lugar de algo. Dirige-se a
alguém, isto é cria na mente dessa pessoa um signo equivalente ou talvez
um signo mais desenvolvido. Chamo este signo que ele cria o interpretante
do primeiro signo. O signo está no lugar de algo, seu objeto. Está no lugar
desse objeto não em todos os seus aspectos, mas apenas com referência
a uma espécie a uma espécie de ideia.
 Charles Sanders Peirce, foi o primeiro a
tentar uma sistematização científica do
estudo dos signos, com o trabalho Logic as
Semiotics: The Theory of Signs (“Lógica
enquanto Semiótica: A Teoria dos Signos”)
composto pelos artigos escritos entre 1893 e
1910. Sua obra vem inseminando o
pensamento e os métodos de numerosos
estudiosos como Morris, Ogden, Richards e
Roman Jakobson.
 Segundo Peirce (2005, p.46), o signo que
constitui a linguagem “é aquilo que, sob certo
aspecto ou modo, representa algo para
alguém”, e pode ser entendido como alguma
coisa que está em lugar de outra, isto é,
“estar numa tal relação com outro que, para
certos propósitos, é considerado por alguma
mente como se fosse esse outro” (PEIRCE,
2005, p. 61).
SEMIÓTICA
A semiótica é a ciência do signo cujo objeto de
investigação são todas as linguagens possíveis, ou
seja, tem por objetivo o exame dos modos de
constituição de todo e qualquer signo como
fenômeno de produção de significação e de sentido.
 De acordo com Sousa: as linguagens são
compostas por um conjunto de signos percebidos
que adquirem sentido ou significação ao ser
associado a outras coisas imaginárias, como
conceitos, ideias e sonhos, ou materiais, como
frutas, animais, mesas, pedras, etc. Essas
associações são as determinantes do processo de
significação. Um signo percebido é significante
quando pode ser associado a outra coisa diferente
de si próprio, passando então, a indicar ou
representar esse outro. (2004, p.01-03).
Exemplos práticos de nosso dia-a-dia:
 O rubor e a palidez podem ser signos de doenças ou
de emoção; os sons da língua que ouço são signos
de conceitos que aprendi associar a ela; o cheiro de
fumaça é sinal de fogo; o cheiro de pão fresco,são
indícios de uma padaria próxima; a cor cinza nas
nuvens é sinal de chuva; assim como um certo gesto
da mão, uma carta ou um telefonema podem ser
sinais de amizade; também posso acreditar que ver
gato preto é sinal de azar; o farol vermelho em um
cruzamento é sinal de proibição de atravessar o
carro; e assim por diante. Vê-se que tudo pode ser
signo, a partir do momento em que dele deduzo uma
significação que depende de minha cultura, assim
como do contexto de surgimento do signo.
(JOLY,1996, p.32-33).
Outro exemplo da relação entre linguagem, signo e
significação de nosso cotidiano, apresentado por Sousa
(2004, p.03), é o choro, uma das primeiras formas de
expressão humana:
 A mãe de um recém-nascido ao ouvi-lo chorar fica em
estado de alerta, porque sente e sabe que o choro é
forma de expressão da insatisfação do filho [sensação,
sentimento e ideia suscitada pelo signo percebido].
Contudo, durante os primeiros momentos da relação, a
mãe não consegue reconhecer as diferentes
peculiaridades do choro e, cada vez que o filho chora,
toma uma série de providências aleatórias visando
atendê-lo e acalmá-lo. Com o passar do tempo,
entretanto, as diferenças entre um tipo de choro e
outro vão sendo reconhecidas e a cada forma
diferenciada dessa expressão é associado um estado
físico ou emocional: fome, sono, birra, etc.,
dependendo de sua entonação ou continuidade.
O MODO COMO
OS
FENÔMENOS
SE
APRESENTAM À
MENTE
Parece, portanto, que as verdadeiras categorias são: primeira,
sentimento, a consciência que pode ser compreendida como um
instante do tempo, consciência passiva da qualidade, sem
reconhecimento ou análise; segunda, consciência de uma
interrupção no campo da consciência, sentido de resistência, de
um fato externo ou outra coisa; terceira, consciência sintética,
reunindo tempo, sentido, aprendizado, pensamento. [...] três
concepções lógicas da qualidade, relação e mediação. A
concepção da qualidade, que é absolutamente simples em si
mesma e, no entanto, quando encarada em suas relações
percebe-se que possui uma ampla variedade de elementos,
surgiria toda vez que o sentimento ou a consciência singular se
tornasse preponderante. A concepção de relação procede da
consciência dupla ou sentido de ação e reação. A concepção de
mediação origina-se da consciência plural ou sentido de
Percie desenvolveu uma fenomenologia de
apenas três categorias universais que Chamou
de Firstness, Secondness e Thirdness,
traduzidas por primeiridade, secundidade e
terceiridade
Essas três categorias referem-se às três fases
operativas do processo de percepção de todo e
qualquer signo:
1-Primeiridade - Input Visual - 2-Secundidade - Insight
Representacional
I. o sentir: percepção
primária, o signo é
percebido pelos elementos
que mais suscitam a
emoção, sensação e
sentimento, como as cores,
as formas e as texturas.
II. o reagir: percepção
secundária, o signo é
decomposto em
relações/associações e
percebido como
mensagem.
3-Terceiridade - Output
Comunicacional
III. o pensar: percepção final,
onde a leitura é simbólica,
num contexto amplo de
significações.
Primeiridade
 Primeiridade: é a categoria dos fenômenos em
si, considerados independentes de qualquer
outra coisa. Sem ser determinado por outra
coisa, esses fenômenos não passam de
meras possibilidades ainda não existentes (
porque a existência é determinada por um
lugar determinado no tempo e no espaço). :
Os fenômenos da primeiridade, portanto, não
são ocorrências, mas apenas possibilidades.
Esses fenômenos aparecem na percepção
imediata das coisas, antes de que elas sejam
associadas a qualquer outro fenômeno.
Def. de Pierce: “primeiridade é o modo de ser daquilo que é
tal como é, positivamente e sem referência a outro a outra
coisa qualquer” (CP 8.328, 1904).
É a categoria do sentimento sem reflexão, da liberdade sem
qualquer restrição, do imediato, da qualidade ainda não
distinguida, da independência, do fresco, da espontaneidade e
originaliade ( CP 1.302, c. 1328, c. 1894; 1.531, 1903; 6.32,
1891).
Ex: “Uma sensação vaga de vermelho, ainda não objetivada,
nem subjetivada, do sabor de sal, apenas o sabor nele mesmo,
uma dor ou tristeza vagas, o puro sentimento em si de alegria
ou de uma de uma nota musical prolongada” (CP 1.303,
c.1894).
SECUNDIDADE
 Começa quando um primeiro se relaciona a um segundo
fenômeno. Ela é a categoria dual dos fenômenos, ou seja,
destes em relação a outra coisa, é aquilo que existe e,
para existir, chama por algo como tempo e espaço,
categoria dos fatos no seu aqui e agora, da ação e
reação, do esforço, e resistência, da realidade e da
experiência real.
 Secundidade “nos aprecem em fatos tais como o outro,
relação, compulsão, efeito, dependência, independência,
negação, ocorrência, realidade, resultado” (CP 1.358, c.
1890). Se, nessa lista de fenômenos de secundidade,
parece estranho que tanto a dependência sejam
fenômenos da mesma categoria, a explicação é que
independência – em contraste à liberdade sem qualquer
restrição”, que é um fenômeno de primeiridade – é um
conceito que se define pela negação da dependência e
envolve, portanto, duas vezes secundidade.
TERCEIRIDADE
 É a categoria do geral, da continuidade e da mediação de
um terceiro entre um primeiro e um segundo (CP 1.337-
349, c. 1875; 5.66, 1903). O geral é um fenômeno de
terceiridade porque generalidade implica continuidade. Ela
é também a categoria das regras, da necessidade, do
habito e da síntese.
 A continuidade da semiose se constitui em tríadas que
envolvem (1) o signo mesmo, (2) o objeto e (3) o
interpretante.
 Nesse processo, o signo é o mediador entre o objeto que
ele representa e o interpretante, que ele evoca. A definição
pierciana do signo como mediador é logica, abstrata e
difere de concepções de mediação correntes, que definem
mediação como uma ação entre pessoas, e o signo (ou a
mensagem”), que se coloca como o fenômeno mediador
entre um emissor da mensagem e o receptor dela.
 Portanto, a primeiridade (o sentir), mero
sentimento e emoções, é tudo que se apresenta à
consciência num determinado instante, composta
pela variedade de qualidades de sentimentos de
interioridade vivenciado neste determinado
momento. É espontâneo e imediato, original e
livre.
 A secundidade (o reagir) é a percepção, as ações
e reações. É a reflexão envolvida nesse processo,
quando surgem as referências que permitirão
inferências que levarão a um terceiro.
 Por fim, a terceiridade (o pensar) são os discursos
e pensamentos. É o que se segue ao sentimento e
ao conflito, à resistência. É a “camada da
inteligibilidade”, é a conceituação, a interpretação,
a aprendizagem, a análise e o pensamento.
 Toda a obra de Peirce está alicerçada
nessas categorias, isto é, sua doutrina dos
signos ou semiótica está inteiramente
baseada nas três categorias, e não há como
compreender as sutilezas de suas inúmeras
definições e classificações de signos sem
um conhecimento cuidadoso delas
(SANTAELLA, 2001, p. 36).
A semiótica, cada vez mais, vem sendo utilizada no campo
comunicacional como método de pesquisa nas mais diversas
áreas, seja nos estudos das linguagens musical e gestual, da
linguagem fotográfica, cinematográfica e pictórica, bem como
pela linguagem poética, publicitária e jornalística.
 Assim, fica cada vez mais evidente a necessidade de se
compreender a relação do homem e a infinidade de signos
existentes em nossa sociedade atual. A linguagem humana
tem se multiplicado em várias formas e novas estruturas e
novos meios de disseminação desta linguagem têm sido
criado. Já não apenas signos, mas hipersignos híbridos1
(SANTAELLA, 2000), ou seja, precisamos “ler os signos
com a mesma naturalidade com que respiramos, com a
mesma prontidão que reagimos ao perigo e com a mesma
profundidade que meditamos”. (SANTAELLA, 2000 p. 11).
Para Décio Pignatari, entre as principais finalidades da
Semiótica ou Teoria Geral dos Signos, está a indagação sobre
a natureza dos signos e suas relações.
 para que serve a Semiótica? Serve para
estabelecer as ligações entre um código e outro
código, entre uma linguagem e outra linguagem.
Serve para ler o mundo não-verbal: “ler” um
quadro, “ler” uma dança, “ler” um filme – e para
ensinar a ler o mundo verbal em ligação com o
mundo icônico ou não-verbal. A arte é o oriente
dos signos; quem não compreende o mundo
icônico e indicial não compreende o Oriente, não
compreende mais claramente por que a arte pode,
eventualmente, ser um discurso do poder, mas
nunca um discurso para o poder. (...) A Semiótica
acaba de uma vez por todas com a idéia de que as
coisas só adquirem significado quando traduzidas
sob a forma de palavras. (2004, p. 2
“Todo pensamento é um signo assim como o
próprio homem. ”
Mas o que é um signo?
 “Em qualquer momento, o
homem é um pensamento,
e como o pensamento é
uma espécie de símbolo, a
resposta geral à questão:
Que é o homem?
 – é que ele é um símbolo
A semiótica, portanto, estuda
os signos e como eles se
relacionam.
 Signo ou Representamen é
aquilo que, sob certo aspecto ou
modo, representa algo para
alguém. Dirige-se a alguém, isto
é, cria, na mente dessa pessoa,
um signo equivalente, ou talvez
um signo mais desenvolvido. Ao
signo assim criado denomino
interpretante do primeiro signo.
O signo representa alguma
coisa, seu objeto. Representa
esse objeto não em todos os
seus aspectos, mas com
referência a um tipo de idéia que
eu, por vezes, denominei
fundamento do representâmen.
(1977, p. 46)
Referências:
 PIGNATARI, Décio. Semiótica & literatura. 6 ed.
São Paulo: Ateliê Editorial: 2004.
 SANTAELLA, Lucia. Introdução à semiótica:
passo a passo para compreender os signos e a
significação / Winfried Nöth. São Paulo: Paulus,
2017.
 SOUSA, Richard Perassi Luis de. Linguagens,
comunicação e arte. Campo Grande: UFMS,
2004 (Reprografia).
 https://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Sanders_P
eirce. Acesso: em 08 maio. 2021.

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Charles Peirce, o fundador da semiótica

  • 1.
  • 2. CHARLES SANDERS PEIRCE (1839 –1914)
  • 3. VIDA E PRINCIPAIS OBRAS  Charles Sanders Peirce (Cambridge, 10 de setembro de 1839 — Milford 19 de abril de 1914), foi um filósofo, pedagogista, cientista, linguista e matemático americano. Seus trabalhos apresentam importantes contribuições à lógica, matemática, filosofia e, principalmente à semiótica. É também um dos fundadores do pragmatismo, junto com William James e John Dewey.  Inovador em matemática, estatística, filosofia, metodologia de pesquisa e em várias ciências, Peirce se considerava, antes de tudo, um lógico. Ele fez grandes contribuições à lógica que, para ele, abarcava muito daquilo que agora é chamado de epistemologia e filosofia da ciência. Ele enxergava a lógica como o ramo formal da semiótica que prenunciava o debate entre os positivistas lógicos e os defensores da filosofia da linguagem que dominou a filosofia ocidental do século XX. Além disso, ele definiu o conceito de raciocínio abdutivo, bem como a indução matemática rigorosamente formulada e o raciocínio dedutivo. Já em 1886, ele viu que operações lógicas poderiam ser realizadas por circuitos elétricos de comutação; a mesma ideia foi usada décadas depois para produzir computadores digitais.
  • 4.  Além disso, ele definiu o conceito de raciocínio abdutivo, bem como a indução matemática rigorosamente formulada e o raciocínio dedutivo. Já em 1886, ele viu que operações lógicas poderiam ser realizadas por circuitos elétricos de comutação; a mesma ideia foi usada décadas depois para produzir computadores digitais.  Em 1934, o filósofo Paul Weiss classificou Peirce como "o mais original e versátil dos filósofos americanos e o maior lógico da América"​​. O Webster's Biographical Dictionary registava em 1943 que Peirce era "agora considerado como o mais original pensador e maior lógico de sua época". Keith Devlin se referiu a Peirce como um dos maiores filósofos de todos os tempos.
  • 5. UMA INTRODUÇÃO À SEMIOTICA PEIRCEANA  LINGUAGEM SIGNO SEMIÓTICA
  • 7. A origem da palavra “signo” é explicada por Décio Pignatari. Portanto, o signo não é objeto, é algo distinto, ele está ali, presente, para designar ou significar outra coisa. Para que algo possa ser um signo, esse algo deve representar alguma outra coisa, chamada seu objeto. E ele pode ser perceptível, imaginável ou mesmo inimaginável num certo sentido.
  • 8. SIGNO  Numa primeira abordagem, ele referia-se aos três constituintes do signo simplesmente como signo, coisa significada e cognição produzida na mente (CP 1.372, c.1885).  Na terminologia que ele adotou mais tarde, o signo ou representamen é o primeiro que se relaciona a um segundo, denominado objeto, capaz de determina um terceiro, chamado interpretante.  Ex: O signo é algo que “representa alguma coisa, o seu objeto” (CP 2.228, c. 1897) e assim produz um efeito na mente de um intérprete ou usuário, efeito que Percie chama de interpretante do signo (CP 8.343, 1908, por exemplo). Mais detalhadamente: Um signo ou representamen é algo que, num certo aspecto ou capacidade, esta para alguém em lugar de algo. Dirige-se a alguém, isto é cria na mente dessa pessoa um signo equivalente ou talvez um signo mais desenvolvido. Chamo este signo que ele cria o interpretante do primeiro signo. O signo está no lugar de algo, seu objeto. Está no lugar desse objeto não em todos os seus aspectos, mas apenas com referência a uma espécie a uma espécie de ideia.
  • 9.  Charles Sanders Peirce, foi o primeiro a tentar uma sistematização científica do estudo dos signos, com o trabalho Logic as Semiotics: The Theory of Signs (“Lógica enquanto Semiótica: A Teoria dos Signos”) composto pelos artigos escritos entre 1893 e 1910. Sua obra vem inseminando o pensamento e os métodos de numerosos estudiosos como Morris, Ogden, Richards e Roman Jakobson.
  • 10.  Segundo Peirce (2005, p.46), o signo que constitui a linguagem “é aquilo que, sob certo aspecto ou modo, representa algo para alguém”, e pode ser entendido como alguma coisa que está em lugar de outra, isto é, “estar numa tal relação com outro que, para certos propósitos, é considerado por alguma mente como se fosse esse outro” (PEIRCE, 2005, p. 61).
  • 11. SEMIÓTICA A semiótica é a ciência do signo cujo objeto de investigação são todas as linguagens possíveis, ou seja, tem por objetivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer signo como fenômeno de produção de significação e de sentido.
  • 12.  De acordo com Sousa: as linguagens são compostas por um conjunto de signos percebidos que adquirem sentido ou significação ao ser associado a outras coisas imaginárias, como conceitos, ideias e sonhos, ou materiais, como frutas, animais, mesas, pedras, etc. Essas associações são as determinantes do processo de significação. Um signo percebido é significante quando pode ser associado a outra coisa diferente de si próprio, passando então, a indicar ou representar esse outro. (2004, p.01-03).
  • 13.
  • 14. Exemplos práticos de nosso dia-a-dia:  O rubor e a palidez podem ser signos de doenças ou de emoção; os sons da língua que ouço são signos de conceitos que aprendi associar a ela; o cheiro de fumaça é sinal de fogo; o cheiro de pão fresco,são indícios de uma padaria próxima; a cor cinza nas nuvens é sinal de chuva; assim como um certo gesto da mão, uma carta ou um telefonema podem ser sinais de amizade; também posso acreditar que ver gato preto é sinal de azar; o farol vermelho em um cruzamento é sinal de proibição de atravessar o carro; e assim por diante. Vê-se que tudo pode ser signo, a partir do momento em que dele deduzo uma significação que depende de minha cultura, assim como do contexto de surgimento do signo. (JOLY,1996, p.32-33).
  • 15. Outro exemplo da relação entre linguagem, signo e significação de nosso cotidiano, apresentado por Sousa (2004, p.03), é o choro, uma das primeiras formas de expressão humana:  A mãe de um recém-nascido ao ouvi-lo chorar fica em estado de alerta, porque sente e sabe que o choro é forma de expressão da insatisfação do filho [sensação, sentimento e ideia suscitada pelo signo percebido]. Contudo, durante os primeiros momentos da relação, a mãe não consegue reconhecer as diferentes peculiaridades do choro e, cada vez que o filho chora, toma uma série de providências aleatórias visando atendê-lo e acalmá-lo. Com o passar do tempo, entretanto, as diferenças entre um tipo de choro e outro vão sendo reconhecidas e a cada forma diferenciada dessa expressão é associado um estado físico ou emocional: fome, sono, birra, etc., dependendo de sua entonação ou continuidade.
  • 17. Parece, portanto, que as verdadeiras categorias são: primeira, sentimento, a consciência que pode ser compreendida como um instante do tempo, consciência passiva da qualidade, sem reconhecimento ou análise; segunda, consciência de uma interrupção no campo da consciência, sentido de resistência, de um fato externo ou outra coisa; terceira, consciência sintética, reunindo tempo, sentido, aprendizado, pensamento. [...] três concepções lógicas da qualidade, relação e mediação. A concepção da qualidade, que é absolutamente simples em si mesma e, no entanto, quando encarada em suas relações percebe-se que possui uma ampla variedade de elementos, surgiria toda vez que o sentimento ou a consciência singular se tornasse preponderante. A concepção de relação procede da consciência dupla ou sentido de ação e reação. A concepção de mediação origina-se da consciência plural ou sentido de
  • 18. Percie desenvolveu uma fenomenologia de apenas três categorias universais que Chamou de Firstness, Secondness e Thirdness, traduzidas por primeiridade, secundidade e terceiridade
  • 19. Essas três categorias referem-se às três fases operativas do processo de percepção de todo e qualquer signo: 1-Primeiridade - Input Visual - 2-Secundidade - Insight Representacional I. o sentir: percepção primária, o signo é percebido pelos elementos que mais suscitam a emoção, sensação e sentimento, como as cores, as formas e as texturas. II. o reagir: percepção secundária, o signo é decomposto em relações/associações e percebido como mensagem. 3-Terceiridade - Output Comunicacional III. o pensar: percepção final, onde a leitura é simbólica, num contexto amplo de significações.
  • 20. Primeiridade  Primeiridade: é a categoria dos fenômenos em si, considerados independentes de qualquer outra coisa. Sem ser determinado por outra coisa, esses fenômenos não passam de meras possibilidades ainda não existentes ( porque a existência é determinada por um lugar determinado no tempo e no espaço). : Os fenômenos da primeiridade, portanto, não são ocorrências, mas apenas possibilidades. Esses fenômenos aparecem na percepção imediata das coisas, antes de que elas sejam associadas a qualquer outro fenômeno.
  • 21. Def. de Pierce: “primeiridade é o modo de ser daquilo que é tal como é, positivamente e sem referência a outro a outra coisa qualquer” (CP 8.328, 1904). É a categoria do sentimento sem reflexão, da liberdade sem qualquer restrição, do imediato, da qualidade ainda não distinguida, da independência, do fresco, da espontaneidade e originaliade ( CP 1.302, c. 1328, c. 1894; 1.531, 1903; 6.32, 1891). Ex: “Uma sensação vaga de vermelho, ainda não objetivada, nem subjetivada, do sabor de sal, apenas o sabor nele mesmo, uma dor ou tristeza vagas, o puro sentimento em si de alegria ou de uma de uma nota musical prolongada” (CP 1.303, c.1894).
  • 22. SECUNDIDADE  Começa quando um primeiro se relaciona a um segundo fenômeno. Ela é a categoria dual dos fenômenos, ou seja, destes em relação a outra coisa, é aquilo que existe e, para existir, chama por algo como tempo e espaço, categoria dos fatos no seu aqui e agora, da ação e reação, do esforço, e resistência, da realidade e da experiência real.  Secundidade “nos aprecem em fatos tais como o outro, relação, compulsão, efeito, dependência, independência, negação, ocorrência, realidade, resultado” (CP 1.358, c. 1890). Se, nessa lista de fenômenos de secundidade, parece estranho que tanto a dependência sejam fenômenos da mesma categoria, a explicação é que independência – em contraste à liberdade sem qualquer restrição”, que é um fenômeno de primeiridade – é um conceito que se define pela negação da dependência e envolve, portanto, duas vezes secundidade.
  • 23. TERCEIRIDADE  É a categoria do geral, da continuidade e da mediação de um terceiro entre um primeiro e um segundo (CP 1.337- 349, c. 1875; 5.66, 1903). O geral é um fenômeno de terceiridade porque generalidade implica continuidade. Ela é também a categoria das regras, da necessidade, do habito e da síntese.  A continuidade da semiose se constitui em tríadas que envolvem (1) o signo mesmo, (2) o objeto e (3) o interpretante.  Nesse processo, o signo é o mediador entre o objeto que ele representa e o interpretante, que ele evoca. A definição pierciana do signo como mediador é logica, abstrata e difere de concepções de mediação correntes, que definem mediação como uma ação entre pessoas, e o signo (ou a mensagem”), que se coloca como o fenômeno mediador entre um emissor da mensagem e o receptor dela.
  • 24.  Portanto, a primeiridade (o sentir), mero sentimento e emoções, é tudo que se apresenta à consciência num determinado instante, composta pela variedade de qualidades de sentimentos de interioridade vivenciado neste determinado momento. É espontâneo e imediato, original e livre.  A secundidade (o reagir) é a percepção, as ações e reações. É a reflexão envolvida nesse processo, quando surgem as referências que permitirão inferências que levarão a um terceiro.  Por fim, a terceiridade (o pensar) são os discursos e pensamentos. É o que se segue ao sentimento e ao conflito, à resistência. É a “camada da inteligibilidade”, é a conceituação, a interpretação, a aprendizagem, a análise e o pensamento.
  • 25.
  • 26.  Toda a obra de Peirce está alicerçada nessas categorias, isto é, sua doutrina dos signos ou semiótica está inteiramente baseada nas três categorias, e não há como compreender as sutilezas de suas inúmeras definições e classificações de signos sem um conhecimento cuidadoso delas (SANTAELLA, 2001, p. 36).
  • 27. A semiótica, cada vez mais, vem sendo utilizada no campo comunicacional como método de pesquisa nas mais diversas áreas, seja nos estudos das linguagens musical e gestual, da linguagem fotográfica, cinematográfica e pictórica, bem como pela linguagem poética, publicitária e jornalística.  Assim, fica cada vez mais evidente a necessidade de se compreender a relação do homem e a infinidade de signos existentes em nossa sociedade atual. A linguagem humana tem se multiplicado em várias formas e novas estruturas e novos meios de disseminação desta linguagem têm sido criado. Já não apenas signos, mas hipersignos híbridos1 (SANTAELLA, 2000), ou seja, precisamos “ler os signos com a mesma naturalidade com que respiramos, com a mesma prontidão que reagimos ao perigo e com a mesma profundidade que meditamos”. (SANTAELLA, 2000 p. 11).
  • 28. Para Décio Pignatari, entre as principais finalidades da Semiótica ou Teoria Geral dos Signos, está a indagação sobre a natureza dos signos e suas relações.  para que serve a Semiótica? Serve para estabelecer as ligações entre um código e outro código, entre uma linguagem e outra linguagem. Serve para ler o mundo não-verbal: “ler” um quadro, “ler” uma dança, “ler” um filme – e para ensinar a ler o mundo verbal em ligação com o mundo icônico ou não-verbal. A arte é o oriente dos signos; quem não compreende o mundo icônico e indicial não compreende o Oriente, não compreende mais claramente por que a arte pode, eventualmente, ser um discurso do poder, mas nunca um discurso para o poder. (...) A Semiótica acaba de uma vez por todas com a idéia de que as coisas só adquirem significado quando traduzidas sob a forma de palavras. (2004, p. 2
  • 29. “Todo pensamento é um signo assim como o próprio homem. ” Mas o que é um signo?  “Em qualquer momento, o homem é um pensamento, e como o pensamento é uma espécie de símbolo, a resposta geral à questão: Que é o homem?  – é que ele é um símbolo A semiótica, portanto, estuda os signos e como eles se relacionam.  Signo ou Representamen é aquilo que, sob certo aspecto ou modo, representa algo para alguém. Dirige-se a alguém, isto é, cria, na mente dessa pessoa, um signo equivalente, ou talvez um signo mais desenvolvido. Ao signo assim criado denomino interpretante do primeiro signo. O signo representa alguma coisa, seu objeto. Representa esse objeto não em todos os seus aspectos, mas com referência a um tipo de idéia que eu, por vezes, denominei fundamento do representâmen. (1977, p. 46)
  • 30. Referências:  PIGNATARI, Décio. Semiótica & literatura. 6 ed. São Paulo: Ateliê Editorial: 2004.  SANTAELLA, Lucia. Introdução à semiótica: passo a passo para compreender os signos e a significação / Winfried Nöth. São Paulo: Paulus, 2017.  SOUSA, Richard Perassi Luis de. Linguagens, comunicação e arte. Campo Grande: UFMS, 2004 (Reprografia).  https://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Sanders_P eirce. Acesso: em 08 maio. 2021.