2. O objetivo deste estudo é refletir sobre o nosso modo de ver e de ouvir no
sentido de edificar o homem novo apregoado pelo Evangelho.
Em uma de suas parábolas, a Parábola do Semeador, encontrada nos três
evangelhos sinóticos (Mateus 13: 1-9, Marcos 4: 3-9 e Lucas 8: 4-8 e no
apócrifo de Tomé), Jesus se reporta aos olhos e aos ouvidos nos seguintes
termos: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. Comparou também nossos
ouvidos ao solo. Ele contou sobre um fazendeiro que espalhava sementes
(simbolizando a Palavra) em quatro diferentes tipos de terreno
(simbolizando nossos ouvidos). Alguns de nós possuem ouvidos que são
como uma estrada de ferro mas não são receptivos à semente. Outros
possuem ouvidos como um solo rochoso, ouvem a Palavra mas não
permitem que ela crie raízes.
3. Existem ainda outros que possuem ouvidos semelhantes a uma vereda
silvestre, presença de uma forte vegetação e espinhos, e de uma intensa
competição em torno da semente. E existem ainda aqueles que possuem
ouvidos para ouvir: bem lavrados, com bom discernimento, e prontos a
ouvir o chamado de Deus. Importante: observe que a semente é a mesma
nos quatro casos. O lavrador também é o mesmo. O que é diferente não é a
mensagem nem o mensageiro, é o ouvinte. E se neste exemplo a proporção
for significativa, três quartos do mundo não estão ouvindo a voz de Deus.
Seja a causa disso corações duros, vidas frívolas ou mentes inquietas,
setenta e cinco por cento da humanidade está perdendo a mensagem.
4. Você pode imaginar o que seria estar diante da paisagem mais linda do
mundo e não ser capaz de captar sua beleza? Olhar para um lugar tão rico
em detalhes e não notar que aquele não é um cenário comum? E o que seria
estar diante da mais perfeita melodia e ouvir apenas barulho, como se
fossem latas batendo? Esses exemplos podem nos dar uma pequena ideia do
que Jesus quis dizer aos discípulos sobre ter olhos para ver e ouvidos para
ouvir. Não é porque não tenhamos ouvidos; é porque não os utilizamos. As
Escrituras sempre destacaram que existe um prêmio para aqueles que ouvem
a voz de Deus. Na verdade, o grande mandamento de Deus dado através de
Moisés, começou com as palavras “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o
único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda
a tua alma e com todas as tuas forças.
5. E trarás gravadas no teu coração todas estas palavras que hoje te ordeno.”
(Deuteronômio 6,4-6). Neemias e seus homens foram elogiados porque
estavam “atentos ao livro da lei” (Neemias 8,3). “Bem-aventurado o homem
que me dá ouvidos” é a promessa registrada em Provérbios 8,34. Jesus nos
incentiva a urgentemente aprendermos ouvir como as ovelhas: “As ovelhas
ouvem a sua voz, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a voz do pastor.
Mas, de modo nenhum, seguirão o estranho; antes, fugirão dele, porque não
conhecem a voz dos estranhos” (João 10,3-5). Em Tiago 1.22-24
encontramos: “E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes,
enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não
cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto
natural;
6. Porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era.
Todo aquele que ouve a palavra do Evangelho e não a compreende, perde o
que foi semeado em seu coração. Nossos ouvidos, de maneira diferente de
nossos olhos, não possuem pálpebras. Eles foram feitos para permanecerem
abertos, mas observe o quão facilmente eles se fecham. Vejamos um
pequeno exemplo: Eu estava há algum tempo pesquisando para fazer uma
compra. Encontrei o que queria em determinada loja, e disse ao vendedor
que antes de comprar visitaria outras lojas para comparar preços. Ele
perguntou-me se eu gostaria de levar seu cartão. Respondi: “Não; é fácil
lembrar seu nome, Paulo”. Ele respondeu: “Meu nome é Carlos”. Eu tinha
escutado o homem falar, mas não tinha ouvido.
7. Pilatos também não ouviu. Ele possuía o clássico caso de ouvidos que não
ouvem. Não apenas sua esposa o preveniu – “Não entres na questão desse
justo, porque num sonho muito sofri por causa dele” (Mateus 27.19) – , mas
a própria Palavra da Vida estava diante de Pilatos, em seu tribunal, e
proclamou: “Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz” (João 18.37).
Porém Pilatos ouvia seletivamente. Ele permitiu que a voz da multidão
dominasse as vozes da consciência e do carpinteiro. “Mas eles instavam
com grandes gritos, pedindo que fosse crucificado. E os seus gritos e os dos
principais sacerdotes redobravam” (Lucas 23.23). Ao final, Pilatos inclinou
os seus ouvidos à voz da multidão, e não para o Cristo, ignorando assim a
mensagem do Messias. “A fé é pelo ouvir” (Romanos 10.17), e como Pilatos
não ouvia, nunca encontrou a fé.
8. Saber escutar e ver é de suma importância para compreender, perceber e
evoluir intelectual, moral e espiritualmente, principalmente estar em
condições de assimilar os ensinamentos, mediante o auto progresso. Ouvir e
ver conduzem para o interior, estimulando cérebro e coração; falar é
direcionado para o exterior; ouvir e ver relacionam-se com aprender,
entender, compreender, refletir, assimilar, dentre outros; o falar comunica,
externa, ensina, divulga etc.; e os sentidos dos seres humanos são meios de
evolução material e espiritual. “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”, Jesus
assim se expressava quando de seus ensinos, indicando às pessoas que era
necessário entender suas palavras, mas que esse entendimento demandaria
do ouvinte uma atenção especial, pois não eram apenas palavras retóricas,
mas ensinamentos para a vida.
9. Enquanto ouvimos nos situamos em um processo de passividade. Para ouvir
não precisa fazer nada, para poder ouvir não é preciso nenhuma ação, não é
preciso acender luz nenhuma, porque, em tese, luz é algo que faz referência
aos olhos. Nós estamos falando em ouvir e a grande maioria das pessoas não
está interessada em ouvir, está preocupada em ver. Tem muita gente que
nem consegue manifestar uma fé tranquila e segura porque não sabe ouvir e
está envolvida na ansiedade de querer ver. O próprio Tomé, por exemplo,
quando ficou sabendo que Jesus aparecera aos demais discípulos ficou de
algum modo meio decepcionado, meio entristecido e incrédulo. Muitos
escutam as palavras de Jesus, entretanto, poucos sãos os que colocam as
lições nos ouvidos.
10. A maioria dessas pessoas não pretende ouvir o mestre e, sim, falar dele,
desconsiderando a máxima de que quem ouve aprende e quem fala doutrina,
e que somente após ouvir com atenção pode o homem falar de modo
edificante na estrada evolutiva. Além do mais, uma coisa é necessária
aprender, não adianta querer ensinar sem ouvir. Além do que, aquele que
espera ver para crer pode não crer quando ver, pois a fé abrange questões
muito mais amplas a se instaurarem na intimidade do ser. Disso resulta uma
grande verdade: não há como querer ver sem uma capacitação nítida de
saber ouvir. Assim, quando nós estamos impedidos de encarar a luz ou a
paisagem de um modo mais substancioso e correto quase sempre são
apelados os órgãos da audição, isso no plano até mesmo simbólico.
11. É o alerta que nos informa ser preciso não apenas escutar as orientações
propriamente ditas, mas aprender a identificar as oportunidades de
crescimento que nos alcançam a existência, em geral manifestadas sob a
forma de provas. Quando o homem se coloca na posição de ver e ouvir sem
preconceito, ele começa a perceber as coisas de um modo global.
Transcende a fragmentação dos conceitos e começa a ver as coisas como
elas são na realidade, pois o conhecimento da verdade o libertará do erro.
Conscientiza-se de que todos somos irmãos em Cristo. Durante muitos anos
o Cristianismo exigiu amarmos a Deus sem que tivéssemos pleno
conhecimento do que isso significava. Por não termos padrão de
entendimento, isso nos distanciou do Pai, dificultando nossa relação com
Ele.
12. Exigiu-se humildade extrema, numa renuncia total de si mesmo, sem o
prévio entendimento de quem somos, para onde vamos, porque aqui
estamos. O que nos fez achar nunca conseguirmos seguir o Cristianismo
(Não o Cristo). Hoje aprimorando-se o entendimento através da fé
raciocinada percebemos. Temos primeiramente de conhecer e amar a nós
mesmos, para depois conhecer e amar o próximo e através de tudo isso
chegarmos ao Pai. Á medida que vamos aguçando o nosso olhar e a nossa
audição, sob a direção do Evangelho, vamos também nos libertando de
nossos erros. Tornamo-nos uma pessoa nova, um ser preocupado
exclusivamente em colocar em prática os ensinamentos trazidos por Jesus.
13. Há dois mil anos, Jesus esteve aqui na Terra e deixou-nos ensinamentos.
Pediu aos seus discípulos que espalhassem pelos quatro cantos os seus
ensinamentos de esperança e amor, para que todos tivéssemos acesso às suas
palavras. A essa altura, iniciaram eles uma jornada de evangelização,
espalhando os profundos ensinamentos do Mestre de Nazaré. Seus
discípulos, corajosamente, enfrentaram todas as adversidades do início do
Cristianismo, a fim de partilhar com os outros a maior oferta que já existiu
no nosso planeta: as diretrizes da harmonia humana, que mudariam o rumo
desse planeta para a Lei de Amor. Felizmente, conseguiram, através dos
ensinamentos de geração a geração, manter viva esta coletânea de sabedoria
que continua atual e viva até os nossos dias, por percebermos intuitivamente
que esta é a Verdade, ...
14. ... tendo-nos sido demonstrada pelo seu autor de forma fiel, não existindo
nenhuma diferença entre os seus ensinamentos e a sua maneira de viver. Os
ensinamentos que nos foram deixados através de palavras escritas por
alguém (no caso de Jesus, pelos seus discípulos) são indicações de um
caminho a percorrer de forma pessoal. No entanto, só palavras não bastam, é
necessário compreender e assimilar esses ensinamentos, de tal forma que
eles passem a ser as nossas próprias ações.
CONCLUINDO:
Há um relato no Evangelho de Marcos que mostra a diferença entre ouvir e
escutar. Está no capítulo 10, versículos 46 a 52, e nos conta a história do
cego de Jericó. O evangelista nos conta que quando Jesus estava passando
pela cidade Jericó, ...
15. ... havia um cego sentado a beira do caminho e seu nome era Bartimeu, e
que ao ouvir o tropel das pessoas, perguntou quem vinha vindo e ao ser
informado começou a gritar por Jesus. No primeiro momento tentaram
contê-lo, mas ele continuou, até que Jesus mandou chamá-lo, e perguntou o
que ele queria, Bartimeu respondeu que queria voltar a enxergar. O texto nos
mostra com clareza alguns aspectos importantes, o primeiro ele ouviu e
gritou chamando, depois quando atendido, jogou fora sua capa e foi ao
encontro de Jesus. Outro fato que chama a atenção ele vivia a beira do
caminho, não era reconhecido, não tinha nenhuma importância. Se fizermos
uma analogia com os tempos de agora, veremos que muitos escutam, mas
não ouvem. Podemos clarear um pouco, um rádio ligado tocando ou falando
o dia inteiro é um ruído que escutamos, mas não prestamos atenção.
16. Ouvir é diferente, é necessário parar e prestar atenção ao que está sendo
falado, e tomar uma decisão, concordando ou não. Bartimeu ouviu, não
escutou, chamou e foi ao encontro. Quantas vezes fazemos ouvidos moucos,
não queremos ouvir, é mais conveniente escutar, pois não envolve de nossa
parte decisão. Podemos dizer que não estávamos prestando atenção e não
ouvimos, é uma desculpa muito aceita. Depois de ouvir, Bartimeu tomou a
decisão, começou a gritar pelo nome de Jesus, até que fosse ouvido pelo
Mestre. É preciso que também nós assim o façamos, ouvir, chamar e esperar
que nos chame. Ao nos chamar devemos então jogar a capa como o cego
fez, em outras palavras, romper com a vida secular e muitas vezes mundanas
que temos.
17. É tirar de cima de nós todo mal, toda mágoa, toda ira, é deixarmos ali nossos
pecados, e buscar a nova vida que está nos sendo oferecida. Agora
despojado da capa que por certo está toda suja com nossas atitudes, é ir ao
encontro de Jesus para sermos curados de nossas enfermidades espirituais, e
de nossas doenças físicas que nos atrapalham e maltratam nossa caminhada.
E ao nos achegarmos e sermos questionados do que precisamos, é usar de
verdade, é contar nossas necessidades, e saber agora esperar pela
restauração que somente Ele pode nos dar. Porque foi assim que fez
Bartimeu, esperou paciente a cura, e tornou a enxergar. E depois também
como Bartimeu, é segui-lo por toda nossa vida, agora gozando de alegria e
certezas que seremos sempre ouvidos e seremos ouvintes atentos aos seus
ensinamentos.
18. E se no primeiro momento como aconteceu com o cego, a multidão tentou
impedi-lo de falar com o Mestre, podemos também nós termos esse
impedimento, mas não devemos e nem podemos desistir, Bartimeu não
desistiu, e terminou tendo a vitória, ela também está a nossa disposição. Se
procedermos como o cego, com certeza teremos a cura que é a resposta à fé
demonstrada, como foi Bartimeu por sua ansiedade persistente, por seu
reconhecimento de Jesus como Messias e teve então sua vista restaurada.
Jesus termina afirmando ao cego que a fé o tinha salvo, ou seja, que a fé o
tinha curado de sua doença física. Muitas vezes nós também precisamos de
cura para uma doença física, mas nossa falta de fé, de entrega, não permite
que a obtenhamos.
19. Não continue com sua incredulidade diante de Jesus, pare de escutar, venha
ouvir a mais linda palavra, venha ouvir o mais precioso chamado para uma
nova vida. O mensageiro maior não se cansa de chamar e a nossa casa
íntima deve estar numa barulheira danada, porque nem estamos ouvindo o
bater à porta. Esse tipo de chamado não ouvimos, mas que está batendo,
está! Só que esse bater é sutil. É evidente que esse bater não pode ter aquela
estridência de uma campainha, ou de uma sirene de indústria, ou de um sinal
como aquele que existia nos colégios antigamente. Lembra? Aquele sinal
sonoro estrondoso utilizado nos colégios enormes, que gerava correria dos
alunos nos corredores. Não. De forma alguma. A batida é suave, é calma,
porque não pode violentar. Do plano de cima para o nosso vem tudo
suavemente.
20. “Pois o coração deste povo se tornou insensível; de má vontade ouviram
com os seus ouvidos, e fecharam os seus olhos. Se assim não fosse,
poderiam ver com os olhos, ouvir com os ouvidos, entender com o coração e
converter-se, e eu os curaria’.” – Mateus 13:15
Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça”. Há quanto tempo você checou a
sua capacidade de ouvir? Quando Deus lança a semente em seu caminho,
qual tem sido o resultado? Ouça o bom Deus e vida nova sempre há de ter. E
o caminho é o conhecimento de sua Palavra.
21. Muita Paz!
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A serviço da Doutrina Espírita; com estudos comentados, cujo objetivo é
levar as pessoas a uma reflexão sobre a vida, buscando pela compreensão
das leis divinas o equilíbrio necessário para uma vida feliz.
Leia Kardec! Estude Kardec! Pratique Kardec! Divulgue Kardec!
O amanhã é sempre um dia a ser conquistado! Pense nisso!
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