2. Com base no conto “O Carneiro revoltado”, do livro Alvorada Cristã, pelo
Espírito Neio Lúcio. (Momentos de Paz Maria da Luz).
Essa estória é sobre alguém que não compreende os desígnios de Deus e
busca melhorar sua situação por meio de postura orientada pela insatisfação
e pela revolta, sem resignação e sem reconhecimento.
Certo carneiro, muito inteligente, mas indisciplinado, reparou os benefícios
que a lã espalhava por toda parte, e, desde então, julgou-se melhor que todos
os seres da Criação, passando a revoltar-se contra a tosquia. Se era tão
precioso, pensava, por que aceitar a humilhação daquela tesoura enorme?
Experimentava intenso frio, de tempos a tempos e, despreocupado das ricas
rações que recebia no redil, detinha-se apenas no exame dos prejuízos que
supunha sofrer.
3. Muito amargurado, dirigiu-se ao Criador exclamando: - Meu pai, não estou
satisfeito com a minha pelagem, a tosquia é um tormento. Modifica-me
Senhor!
O Todo Poderoso indagou, com bondade: - Que desejas que eu faça?
Vaidosamente, o carneiro respondeu: - Quero que minha lã seja toda de
ouro. Sua rogativa foi satisfeita. Contudo, assim que o orgulhoso ovino se
mostrou cheio de pelos preciosos, várias pessoas ambiciosas atacaram-no
sem piedade. Arrancaram-lhe, violentamente, todos os fios, deixando-o em
chagas. O infeliz, a lastimar-se, correu para o Altíssimo e implorou: - Meu
Pai, muda-me novamente! Não posso exibir lã dourada, encontraria sempre
salteadores sem compaixão.
4. O Sábio dos Sábios perguntou: - Que queres que eu faça?
O animal, tocado pela mania de grandeza, suplicou: - Quero que minha lã
seja lavrada em porcelana primorosa. Assim foi feito. Entretanto, logo que
tornou ao vale, apareceu no céu enorme ventania que quebrou todos os fios,
dilacerando-lhe a carne. Regressou, aflito, ao Todo Misericordioso e
queixou-se: - Pai, renova-me! A porcelana não resiste ao vento, estou
exausto.
Disse-lhe o Senhor: - O que desejas que eu faça?
A fim de não provocar os ladrões nem ferir-me com porcelana quebrada,
quero que minha lã seja feita de mel.
5. O Criador satisfez o pedido. Todavia, logo que o pobre se achou no redil,
bando de moscas asquerosas cobriram-no em cheio, e, por mais que corresse
campo a fora, não evitou que elas lhe sugassem os fios adocicados. O
mísero voltou ao Altíssimo e implorou: - Pai, modifica-me, as moscas
deixaram-me em sangue!
O Senhor indagou, com inexaurível paciência: - Que queres que eu faça?
Dessa vez o carneiro pensou mais tempo e considerou: - Suponho que seja
mais feliz se tivesse minha lã semelhante às folhas de alface. O Todo
Poderoso atendeu-lhe mais uma vez a vontade, e o carneiro voltou à
planície, na caprichosa alegria de parecer diferente.
6. No entanto, quando alguns cavalos lhe puseram os olhos, não conseguiu
melhor sorte. Os equinos prenderam-no com os dentes e, depois de lhe
comerem a lã, abocanharam-lhe o corpo. O carneiro correu na direção do
Juiz Supremo, gotejando sangue das chagas profundas, e, em lagrimas,
gemeu, humilde: - Meu Pai, não suporto mais!
Como soluçasse longamente, o Todo Compassivo, vendo que ele se
arrependera com sinceridade, observou: - Reanima-te meu filho! Que pedes
agora? O infeliz então replicou em pranto: - Pai, quero voltar a ser um
carneiro comum, como sempre fui. Não pretendo a superioridade sobre
meus irmãos. Hoje sei que os meus tosquiadores de outro tempo são meus
verdadeiros amigos.
7. Nunca me deixaram em feridas e sempre me deram de comer e beber
carinhosamente. Quero ser simples e útil, qual me fizestes, Senhor!
O Pai sorriu, bondoso, abençoou-o com ternura e falou: - Volta e segue o teu
caminho em paz. Compreendeste, enfim, que meus desígnios são justos.
Cada criatura está colocada, por minha lei, no lugar que lhe compete e, se
pretendes receber, aprende a dar. Então o carneiro, envergonhado, mas
satisfeito, voltou para o vale, misturou-se com os outros, e daí por diante
ficou muito feliz.
REFLEXÃO:
É sempre bom, é natural sentirmos satisfação ou prazer quando
conseguimos fazer algo de útil, quando podemos reconhecer a importância
ou a real aplicação daquilo que fizemos.
8. Esta satisfação é consequência direta da utilidade que praticamos. O
carneiro da estória sentiu isso quando verificou que sua lã era doada para
quem precisava. Achava-se muito importante e sentia o prazer natural por
ser útil.
Apesar de natural, entretanto, a satisfação pela utilidade não pode, nem
deve, desanuviar a visão da realidade, fazendo com que pensemos que
somos os únicos responsáveis pelas boas coisas de que participamos,
merecendo, portanto, a oportunidade de mudar o mundo à nossa volta, de
acordo com os nossos próprios desejos, caprichos ou desígnios.
9. O sentimento de satisfação é inerente ao ato de servir e não deve se
transformar em ilusão do orgulho, em vaidade pessoal, em soberba, como se
merecêssemos muito além daquilo que nos é concedido. Muitos lutam na
vida por dinheiro, poder ou influência, e alguns, até, por pequenos
momentos inúteis, que deveriam se transformar em alegria, mas que, ao
ocorrerem, nada deixam de importante. Acontece assim com todo aquele
que busca alegria e prazer, por exemplo, na vitória de sua escola de samba
ou de seu time de futebol ou mesmo em festas e comemorações pelos mais
diversos motivos. Espera-se sempre que uma alegria profunda arrebate o
coração, transbordando em prazer e satisfação íntima.
10. Mas o que se vê é apenas um roldão de paixões, de sensações e emoções
que se vão sem nada deixar de útil para o espírito. Fato idêntico ocorre com
os que buscam a ilusão do poder. Lutam por ele e, quando conseguem,
verificam que nada acrescenta em suas vidas, nada melhora em suas formas
de ser. Pelo contrário, agrava as responsabilidades assumidas com a visita
da ilusão que, muitas vezes, faz com que se sintam orgulhosos, importantes,
fora de sua real posição de seres em evolução. Aceitar sua posição, sem
almejar além, é aprender a viver conforme aquela pessoa dizia: - “Ah,
companheiro, eu não vou como quero, mas vou muito melhor do que
mereço”.
11. Isso significa que devemos ter humildade diante do mundo e consciência de
nossa pequenez, de nossa impossibilidade de mudar as coisas apenas com
palavras, desejos ou ilusões. Que devemos adquirir a percepção da
necessidade de servirmos constantemente para podermos fazer diferença,
transformando não só nossa própria vida, mas, sobretudo, ajudando a
melhorar a vida dos nossos semelhantes. Que devemos procurar os valores
imperecíveis do espírito. Nossa estrutura deve ser constituída de coisas
eternas, que são amealhadas pelo trabalho e que permanecem como
resultado de virtudes que nos fazem compreender, com exatidão, qual é a
nossa missão, qual a nossa razão de ser.
12. O Espírito Neio Lúcio observa, ao final da estória, que não devemos nos
deixar iludir pelos valores perecíveis, que devemos agradecer ao Pai a
oportunidade concedida de sermos úteis na sociedade em que vivemos, e
que não podemos nos deixar levar pela ilusão que, em geral, traz sofrimento
diante do orgulho ferido ou das frustrações da própria vida. Aqui, neste
mundo, diversas são as ilusões que nos visitam e que, frequentemente,
complicam a visão de nossa própria natureza e de nossa missão evolutiva. A
humildade é uma virtude determinada na lei e deve ser desenvolvida em
nossos espíritos, atuando como alavanca das nossas ações e como portadora
da nossa compreensão para com a justiça e os desígnios de Deus.
13. Moral da estória:
É uma bela estória para que nós possamos pensar, porque muitas vezes nós
desejamos ser diferentes, e que as coisas fossem de uma outra maneira na
nossa vida. Porém, tudo o que acontece conosco, no nosso dia a dia, é para o
nosso bem. Existe um motivo para estarmos na forma que somos e estarmos
onde estamos. Deus nos deu um corpo perfeito para nossa evolução, por isto
devemos cuidar do nosso corpo comendo comida saudável, praticando
exercícios, tendo uma boa higiene, e cuidando também tudo o que lemos e
assistimos na televisão, porque devemos também cuidar da mente com o
mesmo carinho dedicado ao corpo. Que todos nós aprendamos a dar valor
ao corpo que Deus nos deu.
14. Muita Paz!
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