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Grupo de Acção Palestina/CasaViva
Gaza não é a mais bela cidade. O seu litoral não é mais azul do que o das
outras cidades árabes. As suas laranjas não são as mais bonitas da bacia do
mediterrâneo.
Gaza não é a mais rica cidade. Não é a mais elegante ou a maior, mas
iguala a história de toda uma pátria, porque é a mais feia, pobre, miserável
e violenta aos olhos dos inimigos.
Porque, entre nós, é a mais capaz de perturbar a disposição e o conforto do
inimigo. Porque é o seu pesadelo. Porque é minada por laranjas, crianças
sem infância, velhos sem idade e mulheres sem desejos.
Por causa disto tudo é a mais bela, a mais pura e a mais rica entre nós e a
mais digna de amor.
Cometemos uma injustiça quando nós perguntamos: O que a tornou um
mito? Se tivéssemos dignidade, quebraríamos todos os nossos espelhos e
gritaríamos ou praguejaríamos se recusássemos de nos revoltar contra nós
próprios.
Cometemos uma injustiça contra Gaza quando a glorificamos, porque
tendo­nos encantado levar­nos­ia ao limite da espera e Gaza não vem até
nós. Gaza não nos liberta. Gaza não tem cavalos, aviões, varinhas mágicas
ou escritórios nas cidades capitais.
Gaza liberta­se a si mesma dos nossos apanágios, nossa linguagem e, ao
mesmo tempo, dos nossos invasores. Quando a encontramos – num sonho
– talvez não nos reconheça, porque Gaza nasceu do fogo, enquanto nós
nascemos da espera e do grito por casas abandonadas.
­ 11 a 19 de Abril: 15º CNP em Damas.
­ 24 de Julho: cessar­fogo israelo­palestiniano no sul do Líbano.
­ 7 de Agosto: anúncio do plano Fahd.
­ 6 de Outubro: assassinato de Anouar el­Sadate.
­ 25 de Novembro: cimeira árabe em Fés. Desentendimentos sobre o
plano Fahd.
­ 1 de Dezembro: início da administração civil israelita na Cisjordânia e
em Gaza.
­ 14 de Dezembro: Israel anexa os Golãs sírios.
­ 18 de Março: dissolução da municipalidade de el­Bireh.
­ 25 de Março: os presidentes das câmaras de Naplouse e Ramallah são
destituídos.
­ 30 de Abril: destituição do presidente da câmara de Anabta.
­ 4 e 5 de Junho: bombardeamentos da aviação israelita contra Beirute e
o sul do Líbano.
­ 6 de Junho: início da invasão terrestre do Líbano pelas forças israelitas.
­ 6 de Julho: destituição do presidente da câmara de Jenine.
­ 9 de Julho: destituição do presidente da câmara de Gaza.
­ 25 de Julho: Yasser Arafat assina em Beirute um documento em que
aprova «todas as resoluções das Nações Unidas» sobre a Palestina.
­ 26 de Julho: dissolução da municipalidade de Qalqilya.
­ 21 de Agosto a 3 de Setembro: evacuação dos combatentes
palestinianos de Beirute oeste.
­ 1 de Setembro: plano Reagan sobre o Médio Oriente.
­ 9 de Setembro: plano de paz árabe adoptado na cimeira de Fés.
­ 14 de Setembro: o presidente libanês, Béchir Gemayel, é assassinado
num atentado.
­ 15 e 16 de Setembro: Yasser Arafat é recebido em Roma, no Vaticano,
por João Paulo II.
­ 16 a 18 de Setembro: massacres nos campos de refugiados
palestinianos Sabra e Chatila, em Beirute.
­ 20 de Setembro: o rei Hussein propõe uma confederação jordano­
palestiniana.
Silêncio por Gaza
Mahmoud Darwish
35
1982
1981
Silêncio por Gaza.................................................Mahamoud Darwish........2
O lar da Nakba ou ver as fotografias de AHlam Shibli...Ana da Palma........3
Nakba, o começo............................................................Pedro Pereira........6
Nablús, bastion de la resistencia popular palestina....Carlos de Urabá......10
Não é a televisão..........................................................................Toni......16
A arquitectura é uma arma.............................................Jorge Delmar......17
Resistir à Nakba...........................................................Joseph Massad......20
Cronologia de uma resistência......................................................GAP......302
Índice
GAP
A exposição intitulada Phantom Home (Lar Fantasma), uma retrospectiva de nove
séries fotográficas da artista palestiniana, Ahlam Shibli, percorreu três países, entre
2013 e 2014. Passou pelo Museu d’Art Contemporani de Barcelona; o Jeu de
Paume, em Paris; e Serralves, no Porto. A retrospectiva Lar Fantasma apresenta as
séries: auto­retrato de 2000, Palestina; Goter de 2002­2003, Al­Naqab; Batedores
de 2005, Palestina/Israel; LGBT do Oriente de 2004­2006, vários países; Arab al­
Sbaih de 2007, Jordânia; O vale de 2007­2008, Arab al­Shibli; Dom Dziecka. A
casa morre de fome quando estás fora de 2008, Polónia; Trauma de 2008­2009,
França; e a mais recente intitulada Morte de 2011­2012, Palestina.
A exposição no Jeu de Paume provocou o descontentamento de associações
judaicas levando o CRIF (Conselho representativo das organizações judaicas em
França) a acusar a exposição de fazer a «apologia do terrorismo»(1). A última série
é composta por 68 provas cromógenas de vários tamanhos e poderá ter sido a série
que mais incomodou pelo conteúdo, dado que este questiona directamente os
limites entre a arte e o documento, apresentando­se como representações de
representações cujo tema se centra na memória do que está ausente.
Enquanto espectadora, o título dado à exposição re­situou­me no discurso acerca
concordar com as resoluções do 13º CNP.
­ 16 de Março: Kamal Joumblat é assassinado no Líbano. Jimmy Carter
declara que se deve dar uma pátria aos refugiados palestinianos.
­ Maio: Yasser Arafat exprime o desejo de iniciar um diálogo com os EUA.
­ 3 e 4 de Maio: uma delegação oficial da OLP encontra­se com uma
delegação do partido comunista israelita (Rakah) em Praga.
­ 27 de Junho: o governo americano declara que «nenhum território,
inclusive a margem ocidental do rio Jordão, deve ser excluída
automaticamente das questões a negociar»
­ 29 de Junho: os chefes de estado da Europa dos 9 reconhecem em
Londres «a necessidade de uma pátria para o povo palestiniano».
­ 8 de Agosto: Jimmy Carter declara que o reconhecimento da resolução
242 pelos palestinianos «permitiria novas possibilidades para um diálogo
americano­palestiniano e uma participação palestiniana na conferência
de Genebra»
­ 25 e 26 de Agosto: o CCOLP reunido em Damas mantém a sua recusa
de reconhecer a resolução 242.
­ 25 de Dezembro: Menahem Begin (eleito presidente de Israel em Maio)
expõe o seu plano de autonomia administrativa para a Cisjordânia e
Gaza.
­ 17 de Setembro: acordos de Campo David.
­ 15 a 23 de Janeiro: 14º CNP em Damas.
­ 26 de Março: assinatura do tratado de paz Egipto­israelita.
­ 27 a 31 de Março: conferência árabe em Bagdade. O Egipto é suspenso
da Liga Árabe.
­ 25 de Maio: abertura das negociações Egipto­israelitas sobre a
autonomia palestiniana.
­ 4 de Maio: os presidentes das câmaras de Hebron e de Halhoul são
expulsos.
­ 2 de Junho: atentados contra os presidentes das câmaras de Nablus e
Ramallah.
­ 13 de Junho: uma declaração da CEE sobre o Médio Oriente na cimeira
de Veneza. Os 9 pedem que a OLP seja associada às negociações.
­ 30 de Julho: o Knesset proclama «Jerusalém inteira e reunificada como
capital de Israel»
O lar da Nakba
ou ver as
fotografias
de
Ahlam Shibli
Capa do catálogo da exposição. ©2013
Museu d’Art Contemporani de Barcelona;
Jeu de Paume, Paris; Fundação de
Serralves, Porto; hatje Cantz Verlag,
Ostfildern com pormenor da série Death
nº48 – Centro Histórico, Bairro de al­
Kasaba, Nablus, 5 de Fevereiro de 2012
© Ahlam Shibli.[Cortesia da Fotógrafa]
Ana da Palma
(1) Artigo do jornal Le Monde de 11/06/2013 consultado em: http://www.lemonde.fr/culture/article/
2013/06/11/protestations­contre­une­exposition­de­la­palestinienne­ahlam­shibli­au­jeu­de­
paume_3427976_3246.html 3
1978
1979
1980
da fotografia no campo da teoria, questionando a obra de arte e o registo
documental, misturando as suas respectivas sintaxes. Morte, o título da última
série, ecoa no título da exposição Lar Fantasma, tanto pelas palavras como pelo
que é representado. Concentrando­me nas palavras «fantasma» e «morte» é fácil e
óbvio regressar aos primórdios da fotografia como retrato exacto do real, contudo,
apesar de todos os espectros indexados ao carácter deíctico da fotografia, aqui o
retrato em pose inserido no quotidiano é vida, sobretudo na última série: Morte.
Não é o retrato de uma pequena vida qualquer. É o rasto fantasma destas vidas
mortas ou encarceradas a bater no rosto da minha humanidade. Sendo uma
humanidade partilhada, as noções de arte e identidade que muitas vezes, no
campo da arte palestiniana, se têm confinado a aspectos regionalistas, são
ultrapassadas pela mise en abîme, a narrativa visual encaixada, em cada
fotografia. É­me dado a ver o que é visto no espaço do quotidiano palestiniano. A
linguagem deíctica é ligeiramente deslocada, tornando­se refugiada da sua própria
sintaxe.
Uma casa, um lar, é um espaço íntimo, mas nestas fotografias a noção de lar é
alargada ao espaço social. O espaço colectivo palestiniano encaixa nos seis
princípios adiantados por Michel Foucault (2) e, na actualidade, tendo em conta as
circunstâncias criadas no terreno, parece­me acertado dizer que o espaço colectivo
palestiniano tornou­se a heterotopia por excelência (3). As fotografias de Ahlam
Shibli levam­me a percorrer ruas, lojas e lares povoados pelas pessoas que os
habitam. Entre interiores de casas e ruas do campo de refugiados de Nablus, o
espaço íntimo é o espaço colectivo onde o corpo palestiniano ausente resiste ao
ser exposto à memória e ao ser continuadamente actualizado.
Reposicionar­me diante da última série de fotografias de Ahlam Shibli? Como me
hei­de posicionar sem interromper o pensamento múltiplo ­ aquele que me leva a
objectar o tratamento visual e político veiculado pelos media dominantes; aquele
que me leva a relembrar a realidade contemplada no terreno, na Cisjordânia, em
2011; aquele que me leva a interligar a História do Médio Oriente, a História do
Ocidente, as culturas, as vidas das pessoas – ou a simples percepção diante da
recepção destas imagens? Impossível. O olhar é múltiplo e já vem contaminado,
carregado de vidas, representações e pequenas percepções. Não quero ver as
imagens de Morte apenas como a expressão artística e política de uma identidade.
Não quero? Mas não posso descontextualizá­las, porque a realidade palestiniana é
esse corpo colectivo em contínua Nakba e porque o metatexto que acompanha
cada uma das imagens me impede de não ver neste trabalho o olho de uma
artista, mulher, palestiniana. Três aspectos que a cultura e o pensamento ocidental
regime sírio e as forças progressistas palestinianas.
­ 12 de Abril: eleições municipais na Cisjordânia. Êxito dos simpatizantes
da OLP e dos nacionalistas de esquerda.
­ 6 de Setembro: a Palestina é admitida como 21º membro da Liga árabe.
­ 12 e 13 de Dezembro: o CCOLP decide a favor de um «Estado
palestiniano independente» em Damas.
­ Janeiro: encontros palestino­israelitas oficiosos em Paris.
­ 23 de Fevereiro: o chanceler austríaco, Bruno Kreisky, declara que os
responsáveis palestinianos «consideram como um facto a existência do
estado de Israel».
­ 12 a 20 de Março: 13º CNP no Cairo. A OLP pede para participar de
forma autónoma nos esforços de paz no Médio Oriente e reclama um
«Estado nacional independente» para os Palestinianos. Yasser Arafat é
reeleito presidente do CEOLP, de que a FPLP já não faz parte por não
(2) Michel Foucault (2009). Le corps utopique. Les Heterotopies. Europe: Nouvelles Éditions Lign
(3) Consultar a primeira e próxima publicação da Casa Viva: a tradução colectiva do texto Le
corps utopique. Les Heterotopies de Michel Foucault.
33
1977
4
defendem como sendo «minorias» e que ora descentram todo um trabalho artístico,
ora o confinam ao particular como uma excrescência rara. Entro e saio, entro e
saio destes pensamentos, porque afinal de contas o pensamento é rizomático.
O meu olhar é confrontado com um mapa do espaço íntimo do corpo colectivo
palestiniano. Partindo de uma contextualização panorâmica sobre os campos de
refugiados em Nablus, percorro espaços onde se repetem os gestos do quotidiano;
quer seja em casa, na sala, onde há sempre uma vida a arrumar, um espanador a
repartir o pó; quer seja na rua, onde os passos traçam caminhos, distâncias ou
percursos; na loja, no café, onde o cheiro a cardamomo ou a salva emana de uma
chávena; quer à entrada do cemitério, ou no cemitério. E, é nesses espaços que o
eidolon surge acompanhando o caminho dos vivos, as suas rotinas ou os seus
desvios. Na série Morte vejo a arte comprometida do registo do corpo colectivo da
Nakba em curso.
A vida é assim, feita por golpes de pequenas solidões (4), escreveu Roland
Barthes, entre parêntesis, no seu texto sobre fotografia, La Chambre
Claire. E, estas palavras, na distância do tempo de um texto com mais de
trinta anos, mas à luz das imagens desta exposição, soam como um manto
de solidão sobre o povo palestiniano, porque foi e é uma história
­ 22 de Outubro: adopção da resolução 338 pelo Conselho de Segurança
da ONU para a aplicação da resolução 242 e a abertura de negociações.
­ 6 de Novembro: os ministros dos negócios estrangeiros dos 9 países
europeus declaram que um dos elementos a ter em conta para a paz no
Médio Oriente é considerar os «direitos legítimos dos Palestinianos»
­ 26 a 28 de Novembro: cimeira árabe em Argel. Os chefes de estado
reconhecem a OLP como única representante do povo palestiniano. A
Jordânia exprime oficialmente as suas reservas.
­ 22 a 24 de Fevereiro: na segunda cimeira islâmica em Lahore, 37
nações islâmicas de África e Ásia reafirmam que a OLP é a única
representante do povo palestiniano.
­ 1 a 9 de Junho: 12º CNP no Cairo. O objectivo estratégico da OLP é um
estado palestiniano sobre a totalidade da Palestina.
­ 26 a 29 de Outubro: cimeira árabe de Rabat. O rei Hussein aprova a
resolução final que «afirma o direito o povo palestiniano em estabelecer
um poder nacional independente sob a direcção da OLP na sua
qualidade de única e legítima representante do povo palestiniano em
todo o território liberto»
­ 5 de Novembro: Yitzhak Rabin rejeita as decisões da cimeira de Rabat.
­ 13 de Novembro: discurso de Yasser Arafat diante da Assembleia geral
das Nações unidas.
­ 22 de Novembro: a Assembleia Geral das Nações Unidas vota a
resolução 3236 que reconhece o direito dos palestinianos à
autodeterminação, soberania e independência nacional. A OLP é
admitida na qualidade de observadora na Assembleia Geral.
­ Outubro: a OLP é autorizada a ter um escritório de informações
em Paris.
­ 26 de Janeiro: os Estados Unidos vetam um projecto de resolução do
Conselho de Segurança que previa que o povo palestiniano pudesse
«estabelecer um estado independente na Palestina» e que « a soberania,
a integridade territorial e a independência política de todos os estados
da região» devessem ser garantidos.
­ 27 de Março: visita de Kamal Joumblat a Damas. Ruptura entre o
«Durante a Segunda Intifada, Nablus foi um centro da resistência palestiniana às forças de
ocupação israelita. Na cidade situam­se quatro campos de refugiados sob administração da
Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente
(UNWRA): Balata, Askar Antigo, Askar novo e Ala’in. A UNWRA designou este último
Campo nº1. A população local chama­lhe contudo Ala’in, numa referência a uma fonte de
água que abastecia os refugiados quando o campo foi criado. Ala’in é conhecido pelo apoio
à marxista­leninista Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), fundada por
George Habash em 1967. Durante a Segunda Intifada, as forças de ocupação israelita
mataram mais de 500
residentes em Nablus e
nos seus campos de
refugiados e feriram
mais de 3000. Cerca de
sessenta casas foram
destruídas.» ©
Phantom Home
(2013:212) [Cortesia
da Fotógrafa]
© Ahlam Shibli,
Death nº1– Campo
de refugiados de
Ala’in na parte
ocidental de Nablus,
26 de Outubro de
2011.
5
1974
1975
1976
sempre adiada que nunca transita para lá do tempo histórico. Passado
mais de um século, para alguns desde 1881, ou revogados 66 anos, se
partirmos de um marco histórico amplamente documentado e registado
nos anais das nações, o povo palestiniano continua numa solidão
premente. Está murado numa imensa solidão mundial espelhando­se nos
olhos mudos pasmados diante da nudez das imagens que nos chegam e a
mudez inculcada pela força da palavra retórica em que os argumentos se
nutrem de paradoxos, ou de lógicas retorcidas. Então a nudez desta
linguagem deíctica é como uma pedra aos olhos da humanidade e a
imagem muda do ausente é povoada pelos gestos e os sons do quotidiano.
­ 28 de Fevereiro a 5 de Março: 8º CNP no Cairo.
­ 7 a 13 de Julho: 9º CNP no Cairo. Khaled al­Fhoum novo presidente do
CNP. Entrada da FPLP e FLA no CEOLP.
­ 13 a 17 de Julho ofensiva final do exército jordano contra as posições
palestinianas em Jerash e Ajloun.
­ Setembro/Novembro: conferência jordano­palestiniana acerca da
presença dos Fedayines na Jordânia.
­ 15 de Março: o rei Hussein apresenta em Amã o seu projecto de um
Reino árabe unido com duas províncias federadas, a Jordânia
(Transjordânia) e a Palestina (Cisjordânia e Jerusalém Leste); o projecto
é rejeitado pela OLP e pelos Estados árabes.
­ 28 de Março e 2 de Maio: eleições municipais na Cisjordânia.
­ 11 de Abril: 10º CNP no Cairo.
­ 8 de Julho: Ghassan Kanafani, escritor e membro do Comité Central da
FLLP, é assassinado numa explosão.
­ 5 e 6 de Setembro: ataque de Setembro negro contra a equipa olímpica
israelita nos Jogos de Munique; 11 israelitas, 5 palestinianos e um polícia
alemão são mortos.
­ 8 de Setembro: raides israelitas contras as bases e campos de refugiados
palestinianos no Líbano; mais de 200 mortos, maioritariamente civis.
­ 16 e 17 de Setembro: operação israelita no Líbano; mais de 100 mortos.
­ Outubro: crise do Fatah no Líbano.
­ 27 a 29 de Novembro: conferência dos partidos e movimentos
progressistas árabes em Beirute. Criação da Frente árabe de participação
na revolução palestiniana. Secretário: Kamal Joumblat.
­ 6 a 12 de Janeiro: 11º CNP no Cairo. Criação do Conselho central da
OLP para assegurar a ligação entre o CNP e o CEOLP. O CNP cria a Frente
Nacional Unificada nos territórios ocupados.
­ 3 de Fevereiro: o Rei Hussein aceita a ideia que a autodeterminação
palestiniana possa levar a um estado palestiniano independente.
­ 9 e 10 de Abril: 3 dirigentes palestinianos – Abou Youssef, Kamal Nasser
e Kamal Adouane, são assassinados por soldados israelitas em Beirute.
­ Maio: enfrentamentos entre o exército libanês e os fedayines.
­ 15 de Agosto: criação da Frente Nacional palestiniana nos territórios
ocupados.
­ 6 a 24 de Outubro: guerra arabo­israelita. Embargo sobre o petróleo.
Nakba, palavra árabe cujo significado, catástrofe, designa o êxodo
palestino de 1948, fruto do ataque das forças sionistas. Segundo dados da ONU,
cerca de 800.000 palestinos foram expulsos dos seus lares e das suas terras, entre
1947 e 1948. A ofensiva criminosa sionista, com o objetivo de ocupar e colonizar,
massacrando e eliminando árabes, procedendo a uma limpeza étnica, tal como de
um outro holocausto se tratasse, provocou largos milhares de refugiados.
A ONU, percebendo a situação catastrófica dos refugiados e da necessidade de os
fazer regressar à sua terra, aprovou a 11 de Dezembro de 1948, em Assembleia
Geral, a Resolução 194, a qual seria a primeira de muitas resoluções tendentes a
um acordo para o retorno dos refugiados ou para a compensação pelas perdas e
danos sofridos. Considerando também os descendentes dos refugiados de 1948, a
ONU considera que o número oficialmente de refugiados registados será superior
a 5 milhões, vivendo cerca de 1,5 milhões em 58 campos de refugiados
reconhecidos. Estão espalhados pela Jordânia, Síria, Faixa de Gaza e Cisjordânia,
incluindo Jerusalém Este. Vivem sem infraestruturas capazes, em condições sócio
económicas degradantes e com excesso de densidade populacional.
Nakba surge como contraposição ao holocausto, no sentido de limpeza étnica.
Mais de 80% dos habitantes árabes da região que viria a ser o estado de
Israel, abandonou suas cidades e aldeias. O avanço sionista em Haifa,
(4) Roland Barthes (2002:791). Oeuvres Complètes, V. Seuil: Paris. Tradução minha do original «La vie
est ainsi faite à coups de petites solitudes».
O COMEÇO
NAKBA
Pedro Pereira
6
1971
1972
1973
­ o Fatah aplica a teoria das «bases armadas» na Jordânia.
­ 21 de Março: batalha de Karameh no vale do Jordão.
­ Março­Novembro: Georges Habache é detido em Damas. Evade­se com
a ajuda de Wadih Haddad.
­ 15 de Abril Yasser Arafat sai da clandestinidade e é nomeado porta­voz
oficial do Fatah.
­ 10 a 17 de Julho: 4º Conselho Nacional Palestiniano (CNP) no Cairo.
Adopção de uma nova Carta Palestiniana. Rejeição da resolução 242.
­ Outono: primeiras bases palestinianas no Sul do Líbano.
­ 1º de Janeiro: declaração dos 7 princípios do Fatah para um «Estado
palestiniano independente e democrático».
­ 1 a 4 de Fevereiro: 5º CNP no Cairo. Os movimentos de guerrilha
tomam controlo da OLP. Yasser Arafat é eleito presidente da CEOLP.
­ Fevereiro: criação da Frente Democrática e Popular para a Libertação
da Palestina (FDPLP)por Nayef Hawatmeh.
­ 3 de Abril: criação do Comando da luta armada palestiniana (CLAP)
comum a todos os movimentos de guerrilha.
­ 1a 6 de Setembro: 6º CNP no Cairo.
­ 6 de Novembro: apoio público oficial da União Soviética aos Fedayines.
­ 10 de Dezembro: a Assembleia Geral das Nações Unidas reconhece a
existência do «povo palestiniano»
­ 10 Março crise no seio da FPLP e criação da Frente Popular
Revolucionária para a Libertação da Palestina.
­ 27 e 28 de Agosto: reunião extraordinária do CNP em Amã.
­ Desvio de 3 aviões pela FPLP.
­ Setembro: conflitos entre os fedayines e o exército jordano.
­ 28 de Setembro: morte de Gamal Abdel Nasser.
­ 13 de Outubro: assinatura do acordo jordano­palestiniano em Amã.
­ 30 Maio a 4 de Junho: 7º CNP no Cairo. Criação do Comité Central da
OLP.
somado ao medo de um massacre, após o ocorrido entre 9 e 11 de Abril de 1948
em Deir Yaassin, pequena vila nas proximidades de Jerusalém onde ocorreu a
matança de mais de 120 civis palestinos desarmados, acrescido do colapso da
liderança palestiniana, originou essa fuga em pânico. Nakba reflete a ocupação e o
extermínio. Representa a força de um estado colonial que rouba e mata, em nome
de uma ideologia nacionalista e fascista, sem qualquer reconhecimento legal
internacional. Não respeita o direito internacional, não só as deliberações da ONU
como olvida a Convenção de Genebra. Israel é um estado fora da lei.
O primeiro governo israelita aprovou uma série de medidas impeditivas do
regresso dos refugiados a suas casas e às suas terras. Durante a Conferência de
Lausanne de 1949, Israel propôs o retorno de 100.000 refugiados à região, não
necessáriamente a suas casas e às suas terras, estando incluídos nestes 100.000 os
25.000 que regressaram sigilosamente e os 10.000 que se juntaram às famílias que
haviam sido separadas. Estas propostas obrigavam à aceitação de um tratado de
paz que passava pelo direito à manutenção do território ocupado e à obrigação
dos estados árabes recolherem os refugiados palestinos. Por razões morais e
políticas, tal proposta não foi aceite.
Os acontecimentos de 1948 são lembrados pelos palestinos, todos os anos,
no dia 15 de Maio, o dia seguinte à comemoração da independência de Israel, no
feriado que ficou conhecido como DIA de NAKBA. Como a memória é quase
sempre revolucionária, em fevereiro de 2010, o knesset, parlamento de Israel,
presidido por um membro do partido fascista likud no poder, aprovou a proibição
de qualquer manifestação no dia 15 de Maio. Afinal têm medo que a própria
verdade histórica se espalhe e possa ser motivo de curiosidade da sua população.
Para o Povo Palestino foi o começo do genocídio ­ NAKBA.
PELA PALESTINA LIVRE E INDEPENDENTE ­ A LUTA CONTINUA
As fronteiras de 1967, internacionalmente reconhecidas, deixam apenas
22% do território da Palestina histórica, divididos entre a Faixa de Gaza e a
Cisjordânia, sob controlo palestino. Desde a guerra de 1967 que Israel ocupa todo
o território. Mais de 40% da Cisjordânia está sob ocupação dos colonatos,
integrando as estradas exclusivas para colonos os muros de separação, os controlos
e bases militares israelitas. Os colonatos israelitas ocupam zonas estratégicas e são
verdadeiros postos avançados da ocupação. O muro da separação é a face mais
visível da anexação na Cisjordânia, variando entre uma estrutura de betão com
cerca de 8 metros de altura e zonas de arame farpado. Tem torres de vigia
espaçadas de 30 a 100 metros ao longo de toda a sua extensão, e uma largura
média de 60 metros. A sua construção tem sido feita à custa da destruição de
730
CRONOLOGIA DE UMA
RESISTÊNCIA
1968
1969
1970
PARTE 2 ­ de 1968 a 1982
casas e da expulsão de populações palestinas. Mais de 1.600 Kms de estradas
exclusivas para colonos, ligam os colonatos entre si e fazem parte do muro da
separação. Quando completo, o muro da separação terá mais de 700kms, mais do
dobro da fronteira reconhecida. Vinte e oito comunidades palestinas (125 mil
habitantes) ficam cercados pelo muro, pelo menos por três lados.
Gaza situa­se na
costa mediterrânica
e tem cerca de 2
milhões de habitantes. A sua área, 364 km2, corresponde a uma área semelhante
ao concelho de Tomar, é uma das mais densamente povoadas do mundo. Como
afirmou a Shad Wadi, no encontro do Ceuta, se alguém atirar uma pedra pelo ar
normalmente acerta na cabeça de alguém. Desde Junho de 2007 que Israel sujeita
Gaza a um ilegal e cruel bloqueio, impedindo a circulação de pessoas e limitando
a um mínimo a entrada de qualquer produto, incluindo bens de primeira
necessidade como água, alimentos e medicamentos. Esta enorme concentração de
palestinos, cercados por tanques por terra e sem outra saída a não ser o mar, com
zona de limitação para a pesca vigiada por fragatas israelitas, não tem perspetivas
de melhoria de vida a não ser a luta como arma justa e libertadora. Sempre que
existe a possibilidade de entendimento entre as forças palestinas, Hamas e OLP, o
exército sionista ataca, bombardeando e matando em avanços terrestres. Foi
assim em 2014, onde o genocídio atingiu mais de dois mil mortos. O povo de
Gaza vive, há muitos anos, como se estivesse numa prisão a céu aberto. É urgente
que levantemos a bandeira deste povo, em nome duma Palestina livre e
independente.
SOMOS CLAROS! NÃO CONFUNDIMOS RELIGIÃO COM SIONISMO
Muita imprensa e muitos comentadores acolitados por alguns partidos, perfilam
demagógicamente pela teoria do conflito religioso. Procuram incutir esse
todos os Palestinianos, de «agrupamento» de todos os judeus do mundo nas suas
colónias, deixa­o insatisfeito e faz com que o seu projecto seja sempre um projecto
em curso. Se Israel se serviu desta situação para se apresentar enquanto vítima, a
vítima das suas próprias vítimas que se recusam em lhe dar a legitimidade de fazer
delas vítimas, Israel compreende, não só no seu inconsciente, mas também muito
conscientemente que o seu projecto será sempre reversível. A crueldade que
revelou e que continua de revelar para com o povo Palestiniano é directamente
proporcional à sua convicção de que esse povo tem a capacidade de desconstruir as
realizações de Israel e de inverter o seu projecto colonial. O problema para Israel
não é de crer ou de saber que não há um único lugar nas suas implantações
coloniais que não tenha tido uma população árabe, o seu problema vem do facto
que percebe que não há, hoje em dia, um único lugar do seu «Estado judeu»
imaginário, onde não haja uma população árabe «sempre presente» que reivindica
o que é seu. Se a Nakba permanece inacabada, é precisamente porque os
Palestinianos recusam­se em se deixar transformar em mankubin.
Que possamos assistir às comemorações desde
ano (2008), não faz com que seja mais um ano
de Nakba, mas mais um ano de resistência à
Nakba. Aqueles que aconselham os
Palestinianos em aceitar a Nakba, sabem que
aceitar a Nakba seria permitir­lhe que se
prolongue sem rédeas. Os Palestinianos têm
mais que fazer. A única forma de acabar com a
Nakba, afirmam os Palestinianos, é de
continuar a resistir­lhe.
Joseph Massad é mestre de conferências em
história política e intelectual na universidade
de Columbia, New York.
Al­Ahram/Weekly ­ Publicação n° 897 de 15 a
21 de Maio 2008
tradução: GAP
fotografias: Ana da Palma
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fotografiadeAndaPalma
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sentimento junto do senso comum, para que ninguém procure uma informação
rigorosa e histórica. Devemos começar por afirmar, tal qual o afirmam os judeus
ortodoxos que, em nome dos seus princípios religiosos, entendem que não existia
qualquer razão para a formação do estado de Israel, pois árabes e judeus sempre
viveram em paz na Palestina, cuidando amigávelmente dos filhos de cada um sem
qualquer impedimento étnico.
O Sionismo é uma ideologia política, com cerca de 100 anos, apoiando­se
em príncipios colonialistas e fascizantes. Procurou suscitar apoios apelando a
sentimentos religiosos, patrióticos e racistas, para criar grupos terroristas e
criminosos para iniciar a invasão da Palestina, empurrando para fora das suas
terras os palestinos e matando quem se lhes opunha. Nestes grupos estavam
mercenários bem pagos. Com falsos pretextos de ocupação da terra prometida,
impulsionaram muitas pessoas de origem judaica de todo o mundo a virem para a
Palestina. Não pode haver confusão: não existe qualquer conflito religioso. Não
existe sequer conflito, pois estamos na presença de um processo de ocupação
permanente e diária, de perseguição étnica, e de um genocídio que se arrasta ao
longo dos tempos. O sionismo afirmava­se como um movimento colonialista,
predisposto a tomar e colonizar a Palestina. Posteriormente, com o aparecimento
dos movimentos de libertação e a independência de muitos países colonizados, e a
consequente nova ordem internacional condenatória do colonialismo, os sionistas
retiram da sua cartilha o termo e passam a falar de colonatos como se de outra
coisa se tratasse. O partido Likud, extrema direita no poder, tem procurado
recrudescer o sentimento sionista. Os grupos fascistas perseguem não só palestinos
como apoiantes judeus da causa palestiniana. Nas prisões israelitas estão mais de
5.000 palestinos, havendo registos de tortura e relatos da prisão frequente de
crianças. Neste genocídio de 2014, meticulosamente preparado pelas forças
sionistas, o objetivo de limpeza étnica ficou bem expresso no ataque deliberado
contra as escolas da ONU onde se encontravam crianças. Israel e seus apoiantes,
não podem sair impunes de tais crimes.
Tal como pressupõe a nossa Constituição, era dever do governo português
fazê­la cumprir quando diz: "Portugal rege­se nas relações internacionais pelos
princípios (...) do respeito pelos direitos do homem, dos direitos dos povos, da
igualdade entre os estados, da solução pacífica dos conflitos internacionais (...),
reconhecendo ainda o direito à insurreição contra todas as formas de opressão" art.
7º da CRP. Mesmo a pretensa alegação de terrorismo, cai por terra quando está
pressuposto o direito à defesa e revolta contra o ocupante agressor. Todos fingem
não ver o que se passa, preferindo a cumplicidade criminosa. Apoiemos a
campanha BDS ­ Boicote, Desinvestimento e Sanções pelo fim do apartheid
israelita, pelo fim de linha para os agressores, pelo apoio à vitória do POVO
PALESTINO. Um dia vamos todos vencer!
como lhes diz Israel, não haveria mais expulsões. Tenho que sublinhar que a
insistência sionista a favor de uma auto­deslocação não visa apenas os
Palestinianos. Desde a sua criação até hoje em dia, o sionismo e Israel têm sempre
recomendado e continuam a recomendar ao mundo judeu de se auto­deslocar
para Israel. Como os Palestinianos, grande parte dos judeus do exterior de Israel
continuam a resistir ao apelo de Israel de auto­deslocação. Se Israel já não está em
medida de obrigar os judeus no exterior das suas fronteiras a virem para Israel (o
que fez frequentemente no passado), pode e tem a vontade de deslocar os
Palestinianos, independentemente da extensão da sua resistência.
A RESISTÊNCIA, É AGORA: hoje em dia, a resistência palestiniana está
activa em diversas frentes. Uma das campanhas chave que os Palestinianos em
Israel lançaram recentemente é de obrigar Israel a revogar as suas numerosas leis
racistas. Para esse efeito, um certo número de propostas e documentos já foram
publicados por organizações Palestinianas em Israel. Agora, há que
internacionalizar esta campanha. As Nações Unidas e outros fóruns mundiais
devem estar envolvidos nesta iniciativa para forçar Israel a revogar as suas leis
racistas. Isto não tem nada a ver com a tentativa demagógica de assimilar o
sionismo e o racismo como aconteceu nas Nações Unidas em 1975, aquando de
uma resolução elaborada com chavões esvaziados de conteúdo, pelo contrário,
trata­se de demonstrar que Israel é racista pelas suas instituições e que governa
com leis racistas que devem ser revogadas. Os Palestinianos e os seus aliados
também empreenderam uma campanha internacional de desinvestimento e de
boicote a Israel até que cesse de violar o direito internacional pela ocupação
contínua da Cisjordânia e da Faixa de Gaza e o cessar dos seus permanentes
crimes de guerra contra os Palestinianos. Trata­se de outra campanha crucial e que
já teve um certo número de vitórias impressionantes. Isto não significa que o
sofrimento vá parar. Tem sido durante estes últimos anos que o sofrimento dos
habitantes da Faixa de Gaza foi maior, quando Israel os sancionou por terem
recusado o reino de um Israël Palöstinenserrat e dos seus colaboracionistas
Palestinianos impostos na Cisjordânia e que tentaram impor na Faixa de Gaza ao
procurarem em vão a queda do governo Palestiniano democraticamente eleito. Os
crimes de guerra de Israel contra os habitantes da Faixa de Gaza continuam numa
cadência acelerada, mas os habitantes de Gaza não têm outra escolha que de
permanecer vigilantes e de resistir. Mas ao resistirem à Nakba, os Palestinianos
tocam no coração do projecto sionista que pretende que a Nakba deve ser vista
como um acontecimento do passado. Ao resistirem a Israel, os Palestinianos
obrigam o mundo a assistir à Nakba, enquanto acção sempre a decorrer, hoje :
uma acção que, contrariamente às ideias sionistas, é na verdade reversível. Isto é
precisamente o que irrita Israel e o movimento sionista. A incapacidade de Israel
em levar a cabo a sua missão de colonização da Palestina, de expulsão de
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Una de las más nefastas consecuencias que provocó la Nakba y la Naksa fue la
destrucción de la sociedad rural palestina (un genocidio que continúa hasta
nuestros días) Irremediablemente se cortó el vínculo con la madre tierra y sus
fuerzas telúricas. A partir de entonces miles y miles de campesinos se convirtieron
en refugiados o mendigos de la ayuda humanitaria. El modo de vida tradicional se
alteró por completo y poco a poco tuvieron que integrarse a la fuerza en el medio
urbano. Quizás el caso más patético sea el de las tribus nómadas beduinas
obligadas a sedentarizarse perdiendo para siempre su identidad. Hoy tan sólo el
15% de la población Palestina se desenvuelve en el ámbito rural. ¿Qué se puede
esperar de un pueblo despojado de los medios de producción y la soberanía
alimentaria? Nada más que resignarse a depender por completo de la economía
israelí. El Shekel como moneda de cambio es una clara imposición colonial que
dinamiza las relaciones sociales.
Los estudios antropológicos sostienen que la cultura popular se forja en el mundo
campesino. ¿Esa herencia que se transmite de generación en generación puede
echar raíces en el cemento y el asfalto?
No hay más que recorrer los campos para darse cuenta de la abrumadora tristeza
que se palpa en el ambiente. Ya no hay labradores que canten arando la tierra, ni
pastores que toquen el ney arreando los rebaños. Tampoco trinan los pájaros y ni
las abejas liban el néctar de las flores, los árboles frutales sedientos se marchitan.
La palestina idílica tan sólo permanece viva en los recuerdos de lo que fue y ya
nunca volverá.
La tradición oral ha sido reemplazada por los medios de comunicación de masas.
Sobre todo la televisión asume el papel de transmisor de las señas de identidad.
Así se constata al contemplar los enjambres de antenas parabólicas que se
multiplican sobre los techos de las casas y edificios. Al menos la realidad virtual
rompe el bloqueo y los transporta a otras dimensiones más placenteras. Esta noche
se juega el clásico de fútbol el Barça­ Real Madrid y la gente seguramente caerá
presa del delirium tremens.
Se cumplen 66 años de exilio, 66 amargos años de ausencia y para colmo en
estado de sitio permanente: campos de minas, alambradas, vallas electrificadas,
muros y barreras, checkpoints, asentamientos, cárceles, cuarteles, patrullas
militares…
do direito dos Palestinianos a resistir (resistência
garantida e considerada legal pelo direito internacional)
não visa apenas em negar­lhes o uso das armas de fogo,
mas também da arte, dos livros, da música, das
manifestações e até de recorrer às Nações Unidas, de
ensinar a história Palestiniana, de contar a Nakba, de a
lembrar e comemorar. Esta Nakba que os planeadores
sionistas elaboraram no final do século 19 e que envolvia
a tomada de toda a Palestina, a expulsão de toda a sua
população árabe aborígene e de fazer dela Arabrein
(esvaziada de Árabes), esta Nakba continua firmemente.
Mas apesar da aquisição de terras ter começado nos anos
1880 e do roubo em massa do país se ter produzido em
1948, Israel não teve a possibilidade de tomar todo o
território. A confiscação de terras que continua em
Jerusalém­Leste e na Cisjordânia faz parte da Nakba. Os
projectos sionistas de fazer um Israel Arabrein avançam
sem perder tempo. Se Israel não tem a capacidade, ao
abrigo do direito internacional, de expulsar todos os
árabes, concebeu uma alternativa inteligente, ou seja,
encarcerar todos os que não pode expulsar no interior do
muro de apartheid que chamará Estado Palestiniano,
enquanto projecta expulsar todos os residentes
Palestinianos fora desse muro de apartheid, ou seja, os
cidadãos Palestinianos de Israel, para o interior desse
mesmo muro. O resultado será com efeito um Israel
Arabrein, no exterior do muro. A destruição de mais de
500 aldeias Palestinianas não aconteceu apenas em 1948,
mas desenvolveu­se num processo que durou anos após a
conquista sionista. A expulsão dos Palestinianos das suas
terras começou nos anos 1880 e uma expulsão muito
mais importante do interior para o exterior da Palestina
começou seriamente em Novembro de 1947. É vital
lembrar que as forças sionistas expulsaram 400 000
Palestinianos das suas terras antes de 14 de Maio de
1948. Centenas e centenas de milhares foram forçados a
partir nos meses e nos anos seguintes, durante os anos
1950 e novamente em 1967. As expulsões nunca
acabaram. É a presença de Palestinianos que leva Israel a
expulsá­los. Se os Palestinianos aceitassem de se auto­
deslocar e portanto de deixar a Palestina,
Bastión de la
resistencia popular
palestina
Nablús
Carlos de Urabá
10 27
Los ecos de la Naksa
Esta primavera aunque los almendros en flor nos devuelvan por un instante la
esperanza de repente en el momento menos pensado los gendarmes gritan ¡alto! y
apuntándonos con sus fusiles nos obligan a identificarnos. Nosotros como turistas
podemos pasar sin problemas pero los palestinos deben demostrar su inocencia
pues siempre son sospechosos de haber cometido algún delito.
Nablús o la “pequeña Damasco” es una ciudad de unos 150.000 habitantes
–repartidos entre musulmanes 91%, cristianos 6% y samaritano 3%­ ubicada en un
fértil valle regado por manantiales y al abrigo de los montes Al Tour, Ebal y
Gerizim. Esta ciudad es un importante emporio económico del norte de Cisjordania
dedicada por entero al rubro de la agricultura (cereales, las vides, el aceite de
oliva) y las fábricas de jabón.
Igualmente los judíos
ortodoxos también
consideran a Nablús
una ciudad santa – a la
que llaman Shjém­ (la
antigua capital del
antiguo reino de Israel) pues así lo aseveran restos arqueológicos como la tumba
del patriarca José y el pozo de Jacob. Esta región geográfica la denominan con el
nombre de Samaria.
Por este motivo mitológico en sus alrededores se multiplican los asentamientos
judíos ortodoxos y ultraortodoxos de: Yitzhar, Braja, Itamar, Elon Moreh, Brecha,
Qadomen, Zaatara o Envan (cuartel militar). Los colonos aseguran que, tal y como
está escrito en las sagradas escrituras, sólo a ellos les pertenece la tierra bíblica de
leche y miel. La mayoría de estos extranjeros, que afirman ser descendientes del
rey David y el rey Salomón, son de origen americano o europeo. A estos
desalmados no les tiembla la mano a la hora de quemar los campos de cultivo,
cortar los árboles frutales o los olivos, matar el ganado o envenenar la tierra de los
campesinos palestinos ­a los que consideran poco menos que animales.
En Cisjordania viven aproximadamente 550.000 colonos israelíes
excepcional e não se limita apenas aos Israelitas. Não haverá, mais recentemente,
uma resistência no Iraque que se opõe à conclusão da missão de invasão dos
Estados Unidos que o Presidente Bush dizia «estar concluída» há cinco anos
atrás? E a resistência iraquiana às destruições que os americanos vieram infligir
ao Iraque que obriga o processo de destruição americano a se prolongar e a
missão americana a estar sempre inacabada.
O RACISMO SIONISTA: mais o que é que faz com que os Palestinianos
continuem a sua resistência numa Nakba que os Israelitas continuam de lhes
impor? Em suma, digamos que são as consequências e as vitórias. Outrora, Moshe
Dayan, com eloquência, descrevia a Nakba assim: «Aldeias judias foram
construídas no lugar de aldeias árabes. Nem sequer conheceis o nome dessas
aldeias árabes, e não tendes culpa porque os livros de geografia já não existem.
Não só já não existem, mas nem sequer existem as aldeias árabes. Nahlal ergueu­
se no lugar de Mahlul, o kibutz Gvat no lugar de Jibta, o kibutz Sarid no lugar de
Huneifis, et Kfar­Yehoshua no lugar de Tel­Shaman. Não há um único lugar neste
país que anteriormente não tenha dito uma população árabe». O sucesso da
resistência Palestiniana à Nakba obrigou a um processo semelhante que visa a
renomear as vitórias sionistas e israelitas de uma forma permitida em grande
parte do mundo e até nos Estados Unidos mesmo que de uma forma mais
limitada. Fazendo eco às palavras de Dayan: a resistência Palestiniana e a
vitimização substituíram as conquistas e as vitórias sionistas. Muitos entre vós
nem conheceis o nome das vitórias sionistas, e não tendes culpa, porque os livros
de história e a propaganda sionistas, que as legitimaram, não são considerados
legítimos. Não só esses livros e essa propaganda perderam qualquer legitimidade,
mas as vitórias sionistas e israelitas não são reconhecidas como tal. A Nakba
ocupou o lugar da «guerra de independência de Israel», o apartheid substituiu a
«soberania judia», a expulsão dos Palestinianos substituiu o «Plano Dalet » e, até o
«regresso dos judeus às suas terras ancestrais», o racismo institucionalizado e
jurídico de Israel substituiu a «democracia israelita», os cidadãos Palestinianos de
Israel substituíram os «árabes israelitas», o povo Palestiniano substituiu as
«comunidades não judia na Palestina» tal como foram qualificadas na Declaração
Balfour e o « matful » palestiniano (cuscuz) substituiu o « cuscuz israelita » que
persiste em querer substituir o « matful » palestiniano. Não há nem uma única
vitória sionista neste país à qual os Palestinianos não tenham resistido e
contestado. Os Palestinianos resistiram e ainda continuam de resistir à Nakba
com determinação e recusam­se em deixar as suas terras com greves,
manifestações e desobediência civil; pela arte, a música e a dança; com a poesia,
o teatro e os romances; pela escrita da sua própria História e a reivindicação da
sua própria geografia, pelo recurso à justiça local e internacional e das Nações
unidas. Os Palestinianos ainda resistem com pedras e fuziles. A negação
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fotografiadeCarlosUrabá
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repartidos en 120 asentamientos y puestos avanzados (unidos por una moderna
red de carreteras) cuya protección corre a cargo del Tzahal. Una de las principales
preocupaciones de los judíos ortodoxos es el incremento de la tasa de natalidad
con el fin de contrarrestar el alto crecimiento demográfico de los palestinos. 6 de
cada 10 judíos ortodoxos no trabajan pues se autoproclaman los legatarios de la
auténtica vida judía y por eso se dedican de tiempo completo a los estudios de la
Torá y el Talmud. El estado Israelí para recompensar su incondicional entrega a la
causa sionista les otorga una paga de 550 euros mensuales. Además, los colonos
ortodoxos y ultraortodoxos tienen una gran influencia en la vida política del país
gracias a la presión que ejercen a través del partido Shas y el Habait Hayehudí. El
brillante resultado obtenido en las últimas elecciones les ha valido el derecho a
formar parte del gabinete de Netanyahu (detentan las carteras del Ministerio del
Interior y la Vivienda)
Lo cierto es que la mayoría de estos colonos lo único que les interesa es
aprovechar las increíbles ofertas inmobiliarias, las subvenciones, ventajas fiscales y
los servicios públicos de primera categoría (colegios hospitales, universidades,
centros deportivos) que ofrece el gobierno israelí a los ciudadanos que habitan las
zonas de “alto riesgo”. Aparte de que muchos de ellos reciben ayudas del
Ministerio de Agricultura para la explotación de los campos de cultivo en los que
emplean mano de obra barata palestina (en Nablús el paro es del 55%). Así que
las ganancias de los empresarios son extraordinarias.
En el corazón de la ciudad de Nablús late el suq khan al­ Tujjar o Al­Balad Al­
Qadima ­el zoco donde desde muy tempranas horas de la mañana comienza el
ajetreo. Este mercado popular, al que calificaron los viajeros y cronistas románticos
como uno de los más pintorescos de Oriente Medio, aún conserva el esplendor de
otros tiempos. Su espectacular arquitectura otomana y restos arqueológicos
romanos así lo atestiguan. Lamentablemente el estado de conservación del
patrimonio artístico palestino es calamitoso y amenaza con desaparecer bajo los
escombros.
sionistas dizem que os refugiados não sofrem «por causa» da Nakba, mas por
recusarem­se em «admitir» a Nakba e em aceitarem­se enquanto mankubin.
É a mesma coisa para os Palestinianos da Cisjordânia, da Faixa de Gaza e
de Jerusalém­Leste, os seus problemas não são a consequência da Nakba, mas,
como o defende Israel, da recusa árabe em aceitá­la. Os seus problemas nasceram
da guerra internacional de 1967 resultado da recusa árabe em aceitar a Nakba
como facto estabelecido. Se os Palestinianos e os seus aliados aceitassem de
confirmar a Nakba como um acontecimento passado e terminado, então as
desgraças, de que dizem ainda serem vítimas, desapareceriam imediatamente.
Afirmar que a Nakba é um acto contínuo de destruição, um acto não acabado, é
recusar de admitir que a «obra» está acabada. A resistência Palestiniana é
precisamente a parte inacabada da Nakba e da sua violência actual. Israel e os seus
apoiantes internacionais pretendem que se os Palestinianos tivessem aceite a
derrota e reconhecido a Nakba, se tivessem aceite a sua expulsão e cidadania de
terceira ordem em Israel e a conquista de 1967, não teriam mais desgraças. Os
israelitas dizem­nos, se vós, Palestinianos, conheceis o infortúnio/a desgraça, é
porque nunca pararam de lutar contra a Nakba. Os Palestinianos resistem à Nakba
desde os anos 1880, quando os colonos judeus europeus os expulsaram de terras
compradas a proprietários ausentes e que os
impediram de trabalhar nas terras que os
Palestinianos cultivavam há séculos. Nos anos 1930, a
resistência Palestiniana tomou a forma de uma revolta
importante que durou três anos, contra o apoio
britânico aos sionistas que realizavam a Nakba. Os
Palestinianos também resistiram depois das acções dos
anos 1947/1948 em que a maior parte das terras
foram roubadas e confiscadas pelas leis racistas do
Estado judeu. Segundo Israel e o jornal «The New
York Times», a sua resistência contínua contra a
Nakba na Cisjordânia e na Faixa de Gaza é na verdade
um convite a novas Nakbas. Se os Palestinianos
autorizassem Israel em sitiá­los na maior prisão a céu
aberto do mundo, chamada Gaza, sem lhe resistir,
Israel não os teria de bombardear, de matar as suas
crianças e de destruir as suas casas, apenas se
limitaria em esfomeá­los e a mantê­los no interior do
muro do apartheid. Se os Palestinianos aceitassem
simplesmente o seu estatuto de mankubin, já não
haveria Nakba enquanto processo inacabado. Esta
lógica de conquista não é absolutamente
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fotografiadeAnadaPalma
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Lo más difícil quizás sea orientarse entre sus laberínticas callejuelas, es casi
imposible abrirse paso en el gentío se arremolina entorno a los puestos y
tenderetes donde se ofrecen un sinfín de productos típicos de la región: frutas,
hortalizas, verduras, carnes, especias, dátiles almendras, uvas pasas, aceitunas,
panes y en especial el dulce Kanafeh relleno de queso muy apreciado en la
gastronomía árabe. Nablús desde la más remota antigüedad adquirió fama por la
fabricación de jabón de comprobados efectos terapéuticos. Muchas de estas
fábricas de jabón fueron destruidas en 2002 por los bombardeos de los cazas F16
de la aviación israelí que las consideraban “nidos de terroristas”. Definitivamente
los estrategas judíos se han fijado el objetivo de demoler el patrimonio cultural
palestino.
Tras la derrota en la Nakba­ 1948 miles de palestinos procedentes de Lydda,
Ramle, Jaffa y de 60 pueblos y aldeas de la zona, se vieron obligados a refugiarse
en Nablús. Buena parte de estos desterrados pertenecían y pertenecen a la etnia
beduina. En un principio una gran parte buscaron asilo entre las cuevas que hay en
las montañas y otros levantaron sus tiendas o jaimas de manera provisional. Nadie
quería construir un asentamiento fijo pues todos deseaban volver a sus pueblos.
Pero la tragedia se fue alargando en el tiempo y resignados no tuvieron más
remedio que comenzar a edificar sus viviendas con cemento y ladrillo. Así
surgieron los campos de refugiados de Balata, Al Farah, Ayr, Askar y nuevo Askar.
El campo de Balata, fundado por la ONU en el año 1950 ­es el más antiguo de
Cisjordania­ y con sus 28.000 refugiados, el más grande de Palestina. Construido
sin planificación alguna, ­en apenas un área de 1 kilómetro cuadrado­ sus
desvencijadas viviendas fruto de la improvisación ya alcanzan varios pisos de
altura. Muchas de las callejuelas del campo de Balata no miden más de metro y
medio de ancho. Es tal el hacinamiento que en un piso de 60 metros cuadrados
tienen que acomodarse 13 o 14 personas. Por falta de espacio los baños de las
casas son públicos y para rematar los servicios de agua potable y electricidad son
deficitarios. Sólo hay dos médicos en el puesto de salud para atender a los
pacientes y las escuelas precisan de nuevas aulas pues se han quedado obsoletas.
Recordemos que el crecimiento poblacional­como ocurre en otras zonas Palestina­
es muy acelerado y los menores de 21 años sobrepasan el 60% en las estadísticas.
Cualquier acuerdo de paz que se firme entre la ANP y el gobierno Israelí debe
tener en cuenta el regreso de los refugiados o de lo contrario estaría condenado al
fracaso.
En el campo de Balata por extraño que parezca no se ha perdido el optimismo ni la
sonrisa; los niños juegan en las calles, las mujeres tienden la ropa en las ventanas y
las abuelas se entretienen bordando pañuelos sentadas a la puerta de las casas. En
las paredes se leen frases alegóricas a la libertad y la lucha armada, “Morir por
Palestina es un deber” “Rompamos las cadenas de la esclavitud” Las fotos de los
mártires que empuñan desafiantes sus metralletas se exhiben con
permanecer em Israel, devem aceitar a normalidade da Nakba e não se opor ao
seu novo estatuto de mankubin, e que não podem ter e nunca terão os mesmos
direitos que os judeus. Ao recusarem as consequências da Nakba, os cidadãos
Palestinianos de Israel querem inverter os seus efeitos, exigindo a revogação das
leis racistas e que Israel se torne um Estado israelita e não um Estado judeu. Israel
e, agora, o Presidente Bush afirmam que as consequências da Nakba devem ser
aceites por todos os Palestinianos. Dizem aos Palestinianos que a Nakba
transformou a Palestina num «Estado judeu», que isto é irreversível e que nenhum
activismo pelos direitos civis, nem nenhum combate nacional podem contrariar
resta realidade maior. No entanto, os cidadãos Palestinianos de Israel não parecem
convencidos e continuam de resistir a esta irreversibilidade. Contudo, segundo
Israel, esta difícil situação não foi provocada pela «Nakba», mas pela insistência
em «resistir» à Nakba. Diz­se também que o problema dos refugiados Palestinianos
a apodrecerem nos campos há 60 anos é de facto semelhante ao de qualquer outra
população de refugiados levados pelas guerras e de que está repleto o mundo dos
séculos 20 e 21. O problema não tem nada a ver com as acções sionistas de 1947­
1948 que os expulsou da sua pátria, mas, tal como defende Israel, é devido à
recusa dos Palestinianos e dos países árabes em aceitar a Nakba como algo
irreversível e a implantar estes pobres refugiados no seu país de acolhimento. Os
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orgullo. La bandera palestina ondea altiva en cada esquina, y los posters del domo
de la Roca con Yasser Arafat de fondo haciendo la v de la victoria ocupan los sitios
más privilegiados.
En el año 2002, en el punto álgido de la intifada de Al­Aqsa, el ejército israelí – en
desarrollo de la operación “Escudo Defensivo”, invadió Nablús y el campo de
Balata con tanques, bulldozers y helicópteros en busca de los “peligrosos
terroristas palestinos” (hombres bomba). Como los tanques no podían ingresar por
sus estrechas callejuelas apostaron francotiradores en las alturas para cazar a los
sospechosos. Mucha gente murió o fue arrestada y una gran cantidad de viviendas
resultaron derribadas. Balata tiene la fama de ser una de las principales canteras
de suicidas. Muchos jóvenes han optado por sumarse a las operaciones de martirio
en respuesta a la criminal ocupación militar sionista y el oprobioso castigo
colectivo.
El 27 de diciembre del 2003 el ejército israelí asalta Nablus y el campo de Balata
en persecución de los guerrilleros de la resistencia palestina. Después de tomar
por completo la ciudad e imponer el toque de queda dinamitaron viviendas,
mataron a varios guerrilleros e hicieron prisioneros a decenas de activistas de la
OLP y del FPLP.
En el 2007 durante la denominada operación Hot Winter el Tzahal destruyó una
vez más buena parte del campo de Balata como represalia a los sangrientos
ataques perpetrados en territorio israelí por los comandos suicidas palestinos.
A pesar que tras los acuerdos de Oslo la soberanía sobre Nablús se transfirió a la
ANP, las agresiones del ejército sionista no se detienen pues su propósito es la
eliminación total del enemigo.
La vida debe continuar su curso por más graves que sean las circunstancias y es así
que en cualquier momento con motivo de una boda, un cumpleaños o cualquier
celebración patriótica resuena el darbuka, el yarghul, el laúd, o el bendir. La
música levanta la moral y es una parte fundamental del espíritu de resistencia
revolucionaria. Es emocionante ver a todos los jóvenes con los brazos sobre los
hombros bailando el dabkah, entrelazados siguiendo la coreografía en círculo o
tomados de la mano marcando el ritmo de la música con los pies. Esta danza
ancestral que simboliza la unidad, la solidaridad y cooperación encierra también
un sentido de pertenencia a la familia, el clan o a un país. Video:
http://youtu.be/v0rJjgFFsv4
El compromiso con la causa del pueblo palestino es algo sagrado. Por eso hasta los
niños se niegan a claudicar y con una piedra en la mano o un cóctel mólotov se
enfrentan cara a cara contra la demoníaca maquinaria de guerra sionista. Resulta
paradójico que los artistas hayan convertido el “muro de la vergüenza” en un
gigantesco lienzo donde expresan su compromiso de lucha y rebeldía. “¡Resistir,
resistir hasta la muerte…!” Las ansias de libertad son incontenibles.
autoridade que, na sua estrutura e na sua lógica, não era diferente de todos os
regimes colonialistas fantoches da Ásia e de África, que servem os seus senhores,
sem excluir os judenröte (os conselhos judeus) que os nazis estabeleceram nos
guetos polacos ocupados para gerir a vida dos judeus, cobrar os impostos, dirigir os
correios, entre outras coisas; nem os bantustões que o apartheid da África do Sul
criou como pátrias de substituição (para os Negros). A tentativa da Autoridade
palestiniana em obter o poder de nomear os dois povos, Palestiniano e judeu,
fracassou, assim como as tentativas prévias de Israel. Os Palestinianos permanecem
exigentes relativamente ao seu nome e sua inclusão numa nação Palestiniana,
enquanto os judeus não israelitas insistem na ausência de nacionalidade dupla com
Israel, sem que importe por outro lado a forma como apoiam Israel. A política do
denominar é a política do poder e da resistência. O poder dos nomes cria uma
ficção que vai ao encontro das realidades materiais. Se Israel conseguiu impor
realidades físicas e geográficas, a sua tentativa para apagar uma memória histórica
fracassou. Os palestinianos são um obstáculo à falsificação da sua história e deles
próprios.
A NAKBA, É AGORA: desde que a Nakba veio cometer as suas acções
tumultuosas em 1948, há um combate permanente para defini­la como um
acontecimento passado e terminado, em vez de uma acção ainda a decorrer hoje
em dia. Não se trata de um combate epistemológico, mas de um combate político
ardente. Identificar a Nakba como um acontecimento passado e terminado é
clamar o seu sucesso e acentuar a irreversibilidade dos seus feitos. Ao afirmar que
já não há que lutar para qualificá­la, nem que há resistência vitoriosa para se­lhe­
opor, é atribui­lhe uma legitimidade histórica e política, enquanto realidade, mas
também considerar todos os seus efeitos ulteriores como ganhos naturais. Assim,
hoje em dia, o combate dos cidadãos Palestinianos de Israel, segundo a história
sionista, não é o combate anticolonial habitual, nem um combate pelos direitos
nacionais, ou étnicos, ou civis, mas um combate «anormal» para inverter a Nakba.
Israel tem mais de 20 leis promulgadas, institucionalizando os privilégios religiosos
e raciais judeus, em direitos e deveres, relativamente aos não judeus, que se
apresentam como uma consagração normal da Nakba, que os Palestinianos
continuam de recusar. Com efeito, alguns dirigentes israelitas, tal como
recentemente a Tzipi Livni, sugeriram que os cidadãos Palestinianos de Israel
deviam partir para países que garantissem os seus direitos nacionais em vez de
ficar em Israel onde nunca terão direito à igualdade devido ao facto de
pretenderem que a «sua» Nakba ainda continua hoje em dia. É frequentemente
lembrado aos Palestinianos que povos «muito mais importantes» que eles optaram
por deixar voluntariamente um país que lhes recusava os seus direitos para irem
para outro que os garantissem, ou seja, os mesmo judeus europeus que vieram
infligir a Nakba aos Palestinianos. Se os Palestinianos de Israel querem
14 23
Como expresara la poetisa Fadwa Tuqan, originaria de Nablus, no bastan las
oraciones para conjurar la fatalidad.
“si mil cadenas me atan
Tantas fantásticas alas me
harán volar (detrás de las
paredes)
¿Protegeré a mi gente con
palabras?
¿Salvaré con palabras a
mi pueblo?”
El trajín no decae en el mercado de Nablús, la gente viene y va cargando sus bolsas
y paquetes con la compra. La rutina diaria sigue su curso y todo el mundo
comprende cuál es su papel en este teatro de la vida. Los diarios publican las
últimas noticias y los gestos de desaprobación de los viandantes son ostensibles. El
pueblo es el último en enterarse de las decisiones que toman los políticos. Todo
está envuelto en el tupido velo del secretismo. ¿Algún día se proclamará la
independencia de palestina? Una pregunta utópica que merece una respuesta
realista: ¡inch’allah!
Y una vez más la sombra de la fatalidad los atenaza tras el fracaso de las
conversaciones de paz auspiciadas por el Secretario de Estado norteamericano
John Kerry. La reconciliación entre Hamas y la OLP abre un nuevo período
histórico de imprevisibles consecuencias. De momento el primer ministro
Netanyahu ha dicho que “Abbas ha elegido el terrorismo por encima de la paz” A
Israel en todo caso le da lo mismo porque ellos son los que mandan e imponen las
condiciones. Además, los países occidentales respaldan su demencial política de
hechos consumados. Hace unos días el Knesset aprobó la construcción de 3.300
nuevas viviendas en Cisjordania y Jerusalén Este, (el año 2013 se duplicó la
construcción de viviendas en los asentamientos) para escarmentar a la ANP por su
actitud beligerante.
Un acuerdo de paz para Oriente Medio parece más un asunto divino que humano.
Por eso el Papa Francisco ha tomado la iniciativa convocando unas jornadas de
oración en el Vaticano con la presencia del presidente israelí Shimon Peres y al
líder palestino Abu Mazen a ver si se produce un milagro.
memória sionista oficial. Com efeito, a memória tem sempre um elemento chave
na resistência Palestiniana. Quando os Palestinianos insistem na denominação do
seu país, das suas cidades e das suas aldeias no seu nome de origem, não é só
para se opor aos nomes comuns que o sionismo deu à sua terra, mas também para
expor uma memória geográfica que Israel conseguiu quase apagar fisicamente. A
crueldade do sionismo foi de tal modo que Israel continuou, mesmo após 50 anos
da sua criação, a negar a existência dos Palestinianos enquanto povo, ou enquanto
nome; que o próprio nome «Palestinianos» não devia ser pronunciado. Para os
sionistas, o nome «Palestinianos» age como uma encantação mágica que os
poderia riscar do plano existencial. Não estão errados em ter essa impressão,
porque o nome Palestiniano é por si a mais forte forma de resistência contra a
memória oficial deles. O nome «Palestina» também gerou a continuidade na
cultura e na vida Palestinianas, na identidade e nacionalidade Palestinianas, o que
Israel esperava apagar totalmente e cuja existência perene permanece uma
ameaça para a sua operação mnemónica visando a invenção de uma memória
fictícia de não­Palestina e de não­Palestinianos.
A contra­memória Palestiniana coloca­se directamente em confrontação com o
sucesso da Nakba em apagar a Palestina enquanto designação geográfica e
constitui uma afronta aos persistentes esforços da Nakba em apagar os
Palestinianos enquanto grupo nacional dotado de uma história pré­Nakba. A
sobrevivência dos Palestinianos depois do início da Nakba, apesar dos esforços
assíduos para apagá­los do mapa, faz com que a Nakba não seja uma vitória para
os sionistas. É neste contexto que a insistência de Israel em apelidar os cidadãos
Palestinianos em Israel de «Árabes Israelitas» se motiva pela vontade de reduzir ao
silêncio a sua essência Palestiniana, isto é, tudo o que faz deles Palestinianos. A
insistência sionista em querer estabilizar os refugiados Palestinianos num país de
acolhimento e que lhes seja atribuída a nacionalidade revela a mesma vontade de
apagar o seu nome. Há dez anos, o reconhecimento definitivo por Israel de que
existia um povo Palestiniano aconteceu à custa da redução de um terço desse
mesmo povo Palestiniano. Ao assinar Oslo, Israel comprometeu­se com uma
direcção Palestiniana colaboracionista e o preço que a Autoridade palestiniana
tinha de pagar para que Israel aceite de chamar os Palestinianos da Cisjordânia e
de Gaza pelo seu nome, era a des­palestinização do resto do povo Palestiniano.
Em contrapartida, a direcção palestiniana, ao abrigo dos Acordos de Genebra,
aceitava de deixar multiplicar por um coeficiente de três a população judia, pela
qual Israel seria reconhecido como estado de todos os judeus do mundo e não
apenas dos judeus vivendo no interior do seu estado e ainda menos dos cidadãos
Palestinianos sobre os quais reinava. Mas este acordo fracassou. Apesar de ter
feito todo o possível para ser legítima, a autoridade palestiniana só foi
considerada por aquilo que era: uma criação da ocupação israelita, uma
15
fotografiadeCarlosUrabá
22
Não é a televisão
a refeição
Não é a lareira
a torradera também não
Não é a chaminé
o bidé
o sofá também não é
Não é a comida
a bebida
Não é por bens terrenos
muito menos boa vida
Não é a instrução
o pão
o whiskey decerto também não
Não é o salário
o horário
Não é por instantes
antes pelo contrário
Não é um hospital
um jornal
Nem separar bem e mal
Não é querer ficar
[que me interessam os acordos
de paz?]
Não é não querer partir
[que me interessam os prémios
Nobel?]
Não é o direito de estar
[que me interessam as
fronteiras reconhecidas?]
É o de não ter que sair
Estar onde estou sendo o que quiser
Ser quem sou onde quiser
Estar em casa a ser
Ser casa onde se quer estar.
deploram mas que a maior parte aceita no final de contas como um facto da
história? Sugiro­vos que há muita coisa em jogo ao fazer da Nakba um
acontecimento do passado, um facto no terreno que só podemos aceitar, admitir e
finalmente transcender e que efectivamente para seguir em diante, há que deixar a
Nakba para trás. Algumas pessoas até sugerem que se Israel reconhecesse a Nakba
e se pedisse desculpas, os Palestinianos perdoariam e esqueceriam e que os efeitos
da Nakba seriam apenas comemorações históricas como as deste ano. Na minha
opinião, a Nakba não é nada disto e querer fazer deste ano de 2008 o 60º
aniversário da vida e da morte da Nakba é um erro grave. Em realidade, a Nakba
tem mais de 60 anos e ainda está connosco, avança ao ritmo da vida e percorre a
história acumulando cada vez mais desgraças sobre o povo Palestiniano. Para mim
a Nakba é uma época histórica com 127 anos e que perdura. 1881 é o ano do inicio
da colonização judia da Palestina e como toda a gente sabe esta colonização nunca
acabou. Muita gente no mundo gostaria de apresentar os Palestinianos como
vivendo num período pós­Nakba, no que me toca, insisto que vivemos totalmente
em tempo de Nakba. O que fazemos este ano, não é comemorar, mas assistir à
Nakba que está a decorrer e que continua a destruir a Palestina e os Palestinianos.
Consequentemente, proponho que este ano não seja o 60º aniversário da Nakba,
mas mais um ano a suportar a sua violência; que a história da Nakba nunca foi
uma história do passado, mas que é decididamente uma história do presente.
O SIGNIFICADO DA NAKBA: apesar da palavra Nakba ser traduzida em
inglês por catástrofe, desastre, ou calamidade, estas traduções não integram
totalmente as ramificações activas dos significados árabes. A Nakba é um acto que
foi cometido pelo sionismo e seus apoiantes contra a Palestina e os Palestinianos
fazendo deles mankubins. O inglês não permite uma tradução desta palavra,
mankubin, excepto se extrapolamos um pouco e chamamos os Palestinianos, um
povo­que­se­fez­catastrofar, ou um povo­que­se­fez­desastrar. Contrariamente à
catástrofe grega, que significa reviravolta, ou ao desastre latino, que é um
acontecimento calamitoso que se produz quando as estrelas não se encontram
alinhadas, a Nakba é um acto de destruição deliberada para infligir desgraça a um
povo, programada para arruinar um pais e seus habitantes. A palavra Nakba foi
criada pelo eminente intelectual árabe, Constantine Zureik, no seu livrinho datado
de Agosto de 1948, sobre o significado da Nakba, que estava a decorrer quando o
estava a escrever, assim como ainda está a decorrer enquanto escrevo estas
palavras.
Desde o início, o povo Palestiniano resiste à lógica racista e colonialista da Nakba e
combate os colonos desde os anos 1880 e 1890 e depois durante os anos 1910,
1920, 1930, 1940, 1950, 1960, e ainda hoje. Se a resistência Palestiniana não
conseguiu impedir a expulsão em massa de metade da população Palestiniana,
nem o roubo puro e simples de todo o país, conseguiu desprezar a
16
é a televisão
Não
Toni
21
NAKBA
A Nakba deve ser considerada como um acontecimento pontual que ocorreu e
terminou em 1948, ou será outra coisa? Quais são as apostas políticas em
reificar a Nakba num acontecimento passado, a comemorá­la cada ano, a
inclinar­se diante do seu tremendo simbolismo? Quais são as incidências que
fazem da Nakba um episódio histórico concluído, que algumas pessoas
20
Resistir à Nakba
Sábado 22 de Maio de 2010
Joseph Massad ­ Al­Ahram/Weekly
As dimensões da arquitectura. "Representa­se habitualmente a
arquitectura como a síntese de três dimensões: a construção, a
utilidade ou a funcionalidade e a beleza", escreve Michel Freitag sobre
a ideia generalizada do que é a arquitectura. No entanto, se
consideramos apenas estas dimensões, esvaziamos a arquitectura do
seu carácter social. As pessoas agrupam­se, as sociedades germinam e a
arquitectura é uma das formas de se construirem os palcos onde se
geram as inter­acções humanas. "Estes três aspectos pertencem decerto
à definição da arquitectura, mas nem por isso representam, contudo,
antropologicamente, a sua natureza essencial", continua Freitag.
A arquitectura não é inocente. "O problema da arquitectura diz
respeito à maneira como a sociedade produz o mundo como mundo
humano e se reconhece nele como no seu mundo próprio, um mundo
que é posto em harmonia com as suas finalidades próprias" refere
Freitag. Qualquer que sejam os mundos que a sociedade produz, a
arquitectura é um dos instrumentos que serve para a criação desses
mundos, indo ao encontro das suas finalidades ­ a arquitectura dos
regimes autoritários, da repressão, da proibição; a arquitectura da
sociedade de consumo, do lucro, do espectáculo; a arquitectura da
igualdade e do bem­estar social; a arquitectura do colonialismo; a
arquitectura da resistência.
A arquitectura é uma arma. Conscientes do poder bélico da
arquitectura, que pode disparar contra a humanidade, a União
Internacional dos Arquitectos (UIA) definiu na sua resolução 13, em
2005 e reafirmada em 2009, o seguinte:
"O Conselho da UIA condena o desenvolvimento de projectos e a
construção de edifícios em territórios que tenham sido ilegalmente
apropriados ou que tenham sido sujeitos a limpezas étnicas e projectos
que tenham como base políticas de discriminação cultural e étnica, da
mesma forma que condena todas as acções que violem a quarta
Convenção de Genebra."
17
A arquitectura
é uma arma
Jorge Delmar
Episódios da arquitectura do colonialismo. Em Março
de 2014, tendo em conta a resolução 13 da UIA e as leis
internacionais, o Royal Institute of British Architects (RIBA)
propôs à UIA que a Israeli Association of United Architects
(IAUA) fosse suspensa da organização enquanto a IAUA não
condenasse o desenvolvimento de projectos em terrenos
ilegalmente ocupados na Cisjordânia e em Gaza. Era intenção
do RIBA que esta moção fosse discutida no Congresso Mundial
da UIA, que se iria realizar em Agosto de 2014 em Durban, na
África do Sul.
Com o lançamento desta moção, várias organizações de
arquitectos e muitos arquitectos em todo o mundo tomaram
uma posição, quer criticando e condenando, quer apoiando e
subscrevendo. Em Maio, a secção de Nova Iorque do American
Institute of Architects (AIA) levantou objecções à proposta do
RIBA, afirmando que o objectivo da UIA é promover a união
de todos os arquitectos do mundo, sem qualquer forma de
discriminação. O presidente da associação de arquitectos
israelitas comunicou que, se esta moção fosse discutida no
congresso mundial, a sua associação abandonaria a
organização. Do outro lado, a organização Architects and
Planners for Justice in Palestine apoiou a moção, rearfimando
que muitos arquitectos e urbanistas israelitas têm tido uma
colaboração directa na construção das centenas de colonatos
ilegais, desde há cinco décadas, em violação da quarta
convenção de Genebra que proibe que os Estados movam as
populações civis para os territórios ocupados. Por sua vez, o
arquitecto israelita Eyal Weizman referiu que, no contexto da
ocupação israelita, o silêncio da IAUA não é neutral e
configura uma forma indirecta de pactuar com as políticas
colonialistas dos sucessivos governos israelitas.
Para que é que serve a resolução 13 da UIA? Em
Junho, face a grandes pressões e havendo a confirmação da
UIA de que a moção não estaria incluída na agenda do
congresso, pois a UIA alegou que não tinha competências
políticas para tomar decisões sobre o assunto, o RIBA deixou
cair a moção.
A mensagem da arquitectura. No dia 7 de Agosto, na
mensagem de encerramento do Congresso Mundial da
UIA, o arcebisto Desmond Tutu disse: "Acredito que pode
ser apropriado que a UIA envie uma mensagem clara de
suporte à justiça na Palestina e em Israel, ao supender a
associação dos arquitetos israelitas". Desmond Tutu também
apelou aos arquitectos israelitas que não se associem à
construção de infra­estruturas que perpetuem a injustiça,
como o muro de separação, os "chekpoints" e a contrução
de colonatos em territórios ocupados na Palestina.
A arquitectura verga­se. No dia 7 de Dezembro de
2014, o conselho do RIBA, com novos elementos na
direcção, revogou e arquivou a moção anteriormente
aprovada pela própria organização. O novo presidente do
RIBA afirmou que a opção do confronto, pedindo a
suspensão da associação dos arquitectos israelitas da União
Internacional dos Arquitectos, foi um erro.
A arquitectura colonialista ainda tem munições para
continuar a bombardear os territórios ocupados.
Referências:
­ Freitag, M. Arquitectura e sociedade. Lisboa:Publicações Dom Quixote,
2004.
­ www.archdaily.com
­ www.dezeen.com
­ www.apjp.org
Bombardeamento
JorgeDelmareAnadaPalma
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Folhas Soltas do GAP nº4

  • 1. Grupo de Acção Palestina/CasaViva
  • 2. Gaza não é a mais bela cidade. O seu litoral não é mais azul do que o das outras cidades árabes. As suas laranjas não são as mais bonitas da bacia do mediterrâneo. Gaza não é a mais rica cidade. Não é a mais elegante ou a maior, mas iguala a história de toda uma pátria, porque é a mais feia, pobre, miserável e violenta aos olhos dos inimigos. Porque, entre nós, é a mais capaz de perturbar a disposição e o conforto do inimigo. Porque é o seu pesadelo. Porque é minada por laranjas, crianças sem infância, velhos sem idade e mulheres sem desejos. Por causa disto tudo é a mais bela, a mais pura e a mais rica entre nós e a mais digna de amor. Cometemos uma injustiça quando nós perguntamos: O que a tornou um mito? Se tivéssemos dignidade, quebraríamos todos os nossos espelhos e gritaríamos ou praguejaríamos se recusássemos de nos revoltar contra nós próprios. Cometemos uma injustiça contra Gaza quando a glorificamos, porque tendo­nos encantado levar­nos­ia ao limite da espera e Gaza não vem até nós. Gaza não nos liberta. Gaza não tem cavalos, aviões, varinhas mágicas ou escritórios nas cidades capitais. Gaza liberta­se a si mesma dos nossos apanágios, nossa linguagem e, ao mesmo tempo, dos nossos invasores. Quando a encontramos – num sonho – talvez não nos reconheça, porque Gaza nasceu do fogo, enquanto nós nascemos da espera e do grito por casas abandonadas. ­ 11 a 19 de Abril: 15º CNP em Damas. ­ 24 de Julho: cessar­fogo israelo­palestiniano no sul do Líbano. ­ 7 de Agosto: anúncio do plano Fahd. ­ 6 de Outubro: assassinato de Anouar el­Sadate. ­ 25 de Novembro: cimeira árabe em Fés. Desentendimentos sobre o plano Fahd. ­ 1 de Dezembro: início da administração civil israelita na Cisjordânia e em Gaza. ­ 14 de Dezembro: Israel anexa os Golãs sírios. ­ 18 de Março: dissolução da municipalidade de el­Bireh. ­ 25 de Março: os presidentes das câmaras de Naplouse e Ramallah são destituídos. ­ 30 de Abril: destituição do presidente da câmara de Anabta. ­ 4 e 5 de Junho: bombardeamentos da aviação israelita contra Beirute e o sul do Líbano. ­ 6 de Junho: início da invasão terrestre do Líbano pelas forças israelitas. ­ 6 de Julho: destituição do presidente da câmara de Jenine. ­ 9 de Julho: destituição do presidente da câmara de Gaza. ­ 25 de Julho: Yasser Arafat assina em Beirute um documento em que aprova «todas as resoluções das Nações Unidas» sobre a Palestina. ­ 26 de Julho: dissolução da municipalidade de Qalqilya. ­ 21 de Agosto a 3 de Setembro: evacuação dos combatentes palestinianos de Beirute oeste. ­ 1 de Setembro: plano Reagan sobre o Médio Oriente. ­ 9 de Setembro: plano de paz árabe adoptado na cimeira de Fés. ­ 14 de Setembro: o presidente libanês, Béchir Gemayel, é assassinado num atentado. ­ 15 e 16 de Setembro: Yasser Arafat é recebido em Roma, no Vaticano, por João Paulo II. ­ 16 a 18 de Setembro: massacres nos campos de refugiados palestinianos Sabra e Chatila, em Beirute. ­ 20 de Setembro: o rei Hussein propõe uma confederação jordano­ palestiniana. Silêncio por Gaza Mahmoud Darwish 35 1982 1981 Silêncio por Gaza.................................................Mahamoud Darwish........2 O lar da Nakba ou ver as fotografias de AHlam Shibli...Ana da Palma........3 Nakba, o começo............................................................Pedro Pereira........6 Nablús, bastion de la resistencia popular palestina....Carlos de Urabá......10 Não é a televisão..........................................................................Toni......16 A arquitectura é uma arma.............................................Jorge Delmar......17 Resistir à Nakba...........................................................Joseph Massad......20 Cronologia de uma resistência......................................................GAP......302 Índice GAP
  • 3. A exposição intitulada Phantom Home (Lar Fantasma), uma retrospectiva de nove séries fotográficas da artista palestiniana, Ahlam Shibli, percorreu três países, entre 2013 e 2014. Passou pelo Museu d’Art Contemporani de Barcelona; o Jeu de Paume, em Paris; e Serralves, no Porto. A retrospectiva Lar Fantasma apresenta as séries: auto­retrato de 2000, Palestina; Goter de 2002­2003, Al­Naqab; Batedores de 2005, Palestina/Israel; LGBT do Oriente de 2004­2006, vários países; Arab al­ Sbaih de 2007, Jordânia; O vale de 2007­2008, Arab al­Shibli; Dom Dziecka. A casa morre de fome quando estás fora de 2008, Polónia; Trauma de 2008­2009, França; e a mais recente intitulada Morte de 2011­2012, Palestina. A exposição no Jeu de Paume provocou o descontentamento de associações judaicas levando o CRIF (Conselho representativo das organizações judaicas em França) a acusar a exposição de fazer a «apologia do terrorismo»(1). A última série é composta por 68 provas cromógenas de vários tamanhos e poderá ter sido a série que mais incomodou pelo conteúdo, dado que este questiona directamente os limites entre a arte e o documento, apresentando­se como representações de representações cujo tema se centra na memória do que está ausente. Enquanto espectadora, o título dado à exposição re­situou­me no discurso acerca concordar com as resoluções do 13º CNP. ­ 16 de Março: Kamal Joumblat é assassinado no Líbano. Jimmy Carter declara que se deve dar uma pátria aos refugiados palestinianos. ­ Maio: Yasser Arafat exprime o desejo de iniciar um diálogo com os EUA. ­ 3 e 4 de Maio: uma delegação oficial da OLP encontra­se com uma delegação do partido comunista israelita (Rakah) em Praga. ­ 27 de Junho: o governo americano declara que «nenhum território, inclusive a margem ocidental do rio Jordão, deve ser excluída automaticamente das questões a negociar» ­ 29 de Junho: os chefes de estado da Europa dos 9 reconhecem em Londres «a necessidade de uma pátria para o povo palestiniano». ­ 8 de Agosto: Jimmy Carter declara que o reconhecimento da resolução 242 pelos palestinianos «permitiria novas possibilidades para um diálogo americano­palestiniano e uma participação palestiniana na conferência de Genebra» ­ 25 e 26 de Agosto: o CCOLP reunido em Damas mantém a sua recusa de reconhecer a resolução 242. ­ 25 de Dezembro: Menahem Begin (eleito presidente de Israel em Maio) expõe o seu plano de autonomia administrativa para a Cisjordânia e Gaza. ­ 17 de Setembro: acordos de Campo David. ­ 15 a 23 de Janeiro: 14º CNP em Damas. ­ 26 de Março: assinatura do tratado de paz Egipto­israelita. ­ 27 a 31 de Março: conferência árabe em Bagdade. O Egipto é suspenso da Liga Árabe. ­ 25 de Maio: abertura das negociações Egipto­israelitas sobre a autonomia palestiniana. ­ 4 de Maio: os presidentes das câmaras de Hebron e de Halhoul são expulsos. ­ 2 de Junho: atentados contra os presidentes das câmaras de Nablus e Ramallah. ­ 13 de Junho: uma declaração da CEE sobre o Médio Oriente na cimeira de Veneza. Os 9 pedem que a OLP seja associada às negociações. ­ 30 de Julho: o Knesset proclama «Jerusalém inteira e reunificada como capital de Israel» O lar da Nakba ou ver as fotografias de Ahlam Shibli Capa do catálogo da exposição. ©2013 Museu d’Art Contemporani de Barcelona; Jeu de Paume, Paris; Fundação de Serralves, Porto; hatje Cantz Verlag, Ostfildern com pormenor da série Death nº48 – Centro Histórico, Bairro de al­ Kasaba, Nablus, 5 de Fevereiro de 2012 © Ahlam Shibli.[Cortesia da Fotógrafa] Ana da Palma (1) Artigo do jornal Le Monde de 11/06/2013 consultado em: http://www.lemonde.fr/culture/article/ 2013/06/11/protestations­contre­une­exposition­de­la­palestinienne­ahlam­shibli­au­jeu­de­ paume_3427976_3246.html 3 1978 1979 1980
  • 4. da fotografia no campo da teoria, questionando a obra de arte e o registo documental, misturando as suas respectivas sintaxes. Morte, o título da última série, ecoa no título da exposição Lar Fantasma, tanto pelas palavras como pelo que é representado. Concentrando­me nas palavras «fantasma» e «morte» é fácil e óbvio regressar aos primórdios da fotografia como retrato exacto do real, contudo, apesar de todos os espectros indexados ao carácter deíctico da fotografia, aqui o retrato em pose inserido no quotidiano é vida, sobretudo na última série: Morte. Não é o retrato de uma pequena vida qualquer. É o rasto fantasma destas vidas mortas ou encarceradas a bater no rosto da minha humanidade. Sendo uma humanidade partilhada, as noções de arte e identidade que muitas vezes, no campo da arte palestiniana, se têm confinado a aspectos regionalistas, são ultrapassadas pela mise en abîme, a narrativa visual encaixada, em cada fotografia. É­me dado a ver o que é visto no espaço do quotidiano palestiniano. A linguagem deíctica é ligeiramente deslocada, tornando­se refugiada da sua própria sintaxe. Uma casa, um lar, é um espaço íntimo, mas nestas fotografias a noção de lar é alargada ao espaço social. O espaço colectivo palestiniano encaixa nos seis princípios adiantados por Michel Foucault (2) e, na actualidade, tendo em conta as circunstâncias criadas no terreno, parece­me acertado dizer que o espaço colectivo palestiniano tornou­se a heterotopia por excelência (3). As fotografias de Ahlam Shibli levam­me a percorrer ruas, lojas e lares povoados pelas pessoas que os habitam. Entre interiores de casas e ruas do campo de refugiados de Nablus, o espaço íntimo é o espaço colectivo onde o corpo palestiniano ausente resiste ao ser exposto à memória e ao ser continuadamente actualizado. Reposicionar­me diante da última série de fotografias de Ahlam Shibli? Como me hei­de posicionar sem interromper o pensamento múltiplo ­ aquele que me leva a objectar o tratamento visual e político veiculado pelos media dominantes; aquele que me leva a relembrar a realidade contemplada no terreno, na Cisjordânia, em 2011; aquele que me leva a interligar a História do Médio Oriente, a História do Ocidente, as culturas, as vidas das pessoas – ou a simples percepção diante da recepção destas imagens? Impossível. O olhar é múltiplo e já vem contaminado, carregado de vidas, representações e pequenas percepções. Não quero ver as imagens de Morte apenas como a expressão artística e política de uma identidade. Não quero? Mas não posso descontextualizá­las, porque a realidade palestiniana é esse corpo colectivo em contínua Nakba e porque o metatexto que acompanha cada uma das imagens me impede de não ver neste trabalho o olho de uma artista, mulher, palestiniana. Três aspectos que a cultura e o pensamento ocidental regime sírio e as forças progressistas palestinianas. ­ 12 de Abril: eleições municipais na Cisjordânia. Êxito dos simpatizantes da OLP e dos nacionalistas de esquerda. ­ 6 de Setembro: a Palestina é admitida como 21º membro da Liga árabe. ­ 12 e 13 de Dezembro: o CCOLP decide a favor de um «Estado palestiniano independente» em Damas. ­ Janeiro: encontros palestino­israelitas oficiosos em Paris. ­ 23 de Fevereiro: o chanceler austríaco, Bruno Kreisky, declara que os responsáveis palestinianos «consideram como um facto a existência do estado de Israel». ­ 12 a 20 de Março: 13º CNP no Cairo. A OLP pede para participar de forma autónoma nos esforços de paz no Médio Oriente e reclama um «Estado nacional independente» para os Palestinianos. Yasser Arafat é reeleito presidente do CEOLP, de que a FPLP já não faz parte por não (2) Michel Foucault (2009). Le corps utopique. Les Heterotopies. Europe: Nouvelles Éditions Lign (3) Consultar a primeira e próxima publicação da Casa Viva: a tradução colectiva do texto Le corps utopique. Les Heterotopies de Michel Foucault. 33 1977 4
  • 5. defendem como sendo «minorias» e que ora descentram todo um trabalho artístico, ora o confinam ao particular como uma excrescência rara. Entro e saio, entro e saio destes pensamentos, porque afinal de contas o pensamento é rizomático. O meu olhar é confrontado com um mapa do espaço íntimo do corpo colectivo palestiniano. Partindo de uma contextualização panorâmica sobre os campos de refugiados em Nablus, percorro espaços onde se repetem os gestos do quotidiano; quer seja em casa, na sala, onde há sempre uma vida a arrumar, um espanador a repartir o pó; quer seja na rua, onde os passos traçam caminhos, distâncias ou percursos; na loja, no café, onde o cheiro a cardamomo ou a salva emana de uma chávena; quer à entrada do cemitério, ou no cemitério. E, é nesses espaços que o eidolon surge acompanhando o caminho dos vivos, as suas rotinas ou os seus desvios. Na série Morte vejo a arte comprometida do registo do corpo colectivo da Nakba em curso. A vida é assim, feita por golpes de pequenas solidões (4), escreveu Roland Barthes, entre parêntesis, no seu texto sobre fotografia, La Chambre Claire. E, estas palavras, na distância do tempo de um texto com mais de trinta anos, mas à luz das imagens desta exposição, soam como um manto de solidão sobre o povo palestiniano, porque foi e é uma história ­ 22 de Outubro: adopção da resolução 338 pelo Conselho de Segurança da ONU para a aplicação da resolução 242 e a abertura de negociações. ­ 6 de Novembro: os ministros dos negócios estrangeiros dos 9 países europeus declaram que um dos elementos a ter em conta para a paz no Médio Oriente é considerar os «direitos legítimos dos Palestinianos» ­ 26 a 28 de Novembro: cimeira árabe em Argel. Os chefes de estado reconhecem a OLP como única representante do povo palestiniano. A Jordânia exprime oficialmente as suas reservas. ­ 22 a 24 de Fevereiro: na segunda cimeira islâmica em Lahore, 37 nações islâmicas de África e Ásia reafirmam que a OLP é a única representante do povo palestiniano. ­ 1 a 9 de Junho: 12º CNP no Cairo. O objectivo estratégico da OLP é um estado palestiniano sobre a totalidade da Palestina. ­ 26 a 29 de Outubro: cimeira árabe de Rabat. O rei Hussein aprova a resolução final que «afirma o direito o povo palestiniano em estabelecer um poder nacional independente sob a direcção da OLP na sua qualidade de única e legítima representante do povo palestiniano em todo o território liberto» ­ 5 de Novembro: Yitzhak Rabin rejeita as decisões da cimeira de Rabat. ­ 13 de Novembro: discurso de Yasser Arafat diante da Assembleia geral das Nações unidas. ­ 22 de Novembro: a Assembleia Geral das Nações Unidas vota a resolução 3236 que reconhece o direito dos palestinianos à autodeterminação, soberania e independência nacional. A OLP é admitida na qualidade de observadora na Assembleia Geral. ­ Outubro: a OLP é autorizada a ter um escritório de informações em Paris. ­ 26 de Janeiro: os Estados Unidos vetam um projecto de resolução do Conselho de Segurança que previa que o povo palestiniano pudesse «estabelecer um estado independente na Palestina» e que « a soberania, a integridade territorial e a independência política de todos os estados da região» devessem ser garantidos. ­ 27 de Março: visita de Kamal Joumblat a Damas. Ruptura entre o «Durante a Segunda Intifada, Nablus foi um centro da resistência palestiniana às forças de ocupação israelita. Na cidade situam­se quatro campos de refugiados sob administração da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNWRA): Balata, Askar Antigo, Askar novo e Ala’in. A UNWRA designou este último Campo nº1. A população local chama­lhe contudo Ala’in, numa referência a uma fonte de água que abastecia os refugiados quando o campo foi criado. Ala’in é conhecido pelo apoio à marxista­leninista Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), fundada por George Habash em 1967. Durante a Segunda Intifada, as forças de ocupação israelita mataram mais de 500 residentes em Nablus e nos seus campos de refugiados e feriram mais de 3000. Cerca de sessenta casas foram destruídas.» © Phantom Home (2013:212) [Cortesia da Fotógrafa] © Ahlam Shibli, Death nº1– Campo de refugiados de Ala’in na parte ocidental de Nablus, 26 de Outubro de 2011. 5 1974 1975 1976
  • 6. sempre adiada que nunca transita para lá do tempo histórico. Passado mais de um século, para alguns desde 1881, ou revogados 66 anos, se partirmos de um marco histórico amplamente documentado e registado nos anais das nações, o povo palestiniano continua numa solidão premente. Está murado numa imensa solidão mundial espelhando­se nos olhos mudos pasmados diante da nudez das imagens que nos chegam e a mudez inculcada pela força da palavra retórica em que os argumentos se nutrem de paradoxos, ou de lógicas retorcidas. Então a nudez desta linguagem deíctica é como uma pedra aos olhos da humanidade e a imagem muda do ausente é povoada pelos gestos e os sons do quotidiano. ­ 28 de Fevereiro a 5 de Março: 8º CNP no Cairo. ­ 7 a 13 de Julho: 9º CNP no Cairo. Khaled al­Fhoum novo presidente do CNP. Entrada da FPLP e FLA no CEOLP. ­ 13 a 17 de Julho ofensiva final do exército jordano contra as posições palestinianas em Jerash e Ajloun. ­ Setembro/Novembro: conferência jordano­palestiniana acerca da presença dos Fedayines na Jordânia. ­ 15 de Março: o rei Hussein apresenta em Amã o seu projecto de um Reino árabe unido com duas províncias federadas, a Jordânia (Transjordânia) e a Palestina (Cisjordânia e Jerusalém Leste); o projecto é rejeitado pela OLP e pelos Estados árabes. ­ 28 de Março e 2 de Maio: eleições municipais na Cisjordânia. ­ 11 de Abril: 10º CNP no Cairo. ­ 8 de Julho: Ghassan Kanafani, escritor e membro do Comité Central da FLLP, é assassinado numa explosão. ­ 5 e 6 de Setembro: ataque de Setembro negro contra a equipa olímpica israelita nos Jogos de Munique; 11 israelitas, 5 palestinianos e um polícia alemão são mortos. ­ 8 de Setembro: raides israelitas contras as bases e campos de refugiados palestinianos no Líbano; mais de 200 mortos, maioritariamente civis. ­ 16 e 17 de Setembro: operação israelita no Líbano; mais de 100 mortos. ­ Outubro: crise do Fatah no Líbano. ­ 27 a 29 de Novembro: conferência dos partidos e movimentos progressistas árabes em Beirute. Criação da Frente árabe de participação na revolução palestiniana. Secretário: Kamal Joumblat. ­ 6 a 12 de Janeiro: 11º CNP no Cairo. Criação do Conselho central da OLP para assegurar a ligação entre o CNP e o CEOLP. O CNP cria a Frente Nacional Unificada nos territórios ocupados. ­ 3 de Fevereiro: o Rei Hussein aceita a ideia que a autodeterminação palestiniana possa levar a um estado palestiniano independente. ­ 9 e 10 de Abril: 3 dirigentes palestinianos – Abou Youssef, Kamal Nasser e Kamal Adouane, são assassinados por soldados israelitas em Beirute. ­ Maio: enfrentamentos entre o exército libanês e os fedayines. ­ 15 de Agosto: criação da Frente Nacional palestiniana nos territórios ocupados. ­ 6 a 24 de Outubro: guerra arabo­israelita. Embargo sobre o petróleo. Nakba, palavra árabe cujo significado, catástrofe, designa o êxodo palestino de 1948, fruto do ataque das forças sionistas. Segundo dados da ONU, cerca de 800.000 palestinos foram expulsos dos seus lares e das suas terras, entre 1947 e 1948. A ofensiva criminosa sionista, com o objetivo de ocupar e colonizar, massacrando e eliminando árabes, procedendo a uma limpeza étnica, tal como de um outro holocausto se tratasse, provocou largos milhares de refugiados. A ONU, percebendo a situação catastrófica dos refugiados e da necessidade de os fazer regressar à sua terra, aprovou a 11 de Dezembro de 1948, em Assembleia Geral, a Resolução 194, a qual seria a primeira de muitas resoluções tendentes a um acordo para o retorno dos refugiados ou para a compensação pelas perdas e danos sofridos. Considerando também os descendentes dos refugiados de 1948, a ONU considera que o número oficialmente de refugiados registados será superior a 5 milhões, vivendo cerca de 1,5 milhões em 58 campos de refugiados reconhecidos. Estão espalhados pela Jordânia, Síria, Faixa de Gaza e Cisjordânia, incluindo Jerusalém Este. Vivem sem infraestruturas capazes, em condições sócio económicas degradantes e com excesso de densidade populacional. Nakba surge como contraposição ao holocausto, no sentido de limpeza étnica. Mais de 80% dos habitantes árabes da região que viria a ser o estado de Israel, abandonou suas cidades e aldeias. O avanço sionista em Haifa, (4) Roland Barthes (2002:791). Oeuvres Complètes, V. Seuil: Paris. Tradução minha do original «La vie est ainsi faite à coups de petites solitudes». O COMEÇO NAKBA Pedro Pereira 6 1971 1972 1973
  • 7. ­ o Fatah aplica a teoria das «bases armadas» na Jordânia. ­ 21 de Março: batalha de Karameh no vale do Jordão. ­ Março­Novembro: Georges Habache é detido em Damas. Evade­se com a ajuda de Wadih Haddad. ­ 15 de Abril Yasser Arafat sai da clandestinidade e é nomeado porta­voz oficial do Fatah. ­ 10 a 17 de Julho: 4º Conselho Nacional Palestiniano (CNP) no Cairo. Adopção de uma nova Carta Palestiniana. Rejeição da resolução 242. ­ Outono: primeiras bases palestinianas no Sul do Líbano. ­ 1º de Janeiro: declaração dos 7 princípios do Fatah para um «Estado palestiniano independente e democrático». ­ 1 a 4 de Fevereiro: 5º CNP no Cairo. Os movimentos de guerrilha tomam controlo da OLP. Yasser Arafat é eleito presidente da CEOLP. ­ Fevereiro: criação da Frente Democrática e Popular para a Libertação da Palestina (FDPLP)por Nayef Hawatmeh. ­ 3 de Abril: criação do Comando da luta armada palestiniana (CLAP) comum a todos os movimentos de guerrilha. ­ 1a 6 de Setembro: 6º CNP no Cairo. ­ 6 de Novembro: apoio público oficial da União Soviética aos Fedayines. ­ 10 de Dezembro: a Assembleia Geral das Nações Unidas reconhece a existência do «povo palestiniano» ­ 10 Março crise no seio da FPLP e criação da Frente Popular Revolucionária para a Libertação da Palestina. ­ 27 e 28 de Agosto: reunião extraordinária do CNP em Amã. ­ Desvio de 3 aviões pela FPLP. ­ Setembro: conflitos entre os fedayines e o exército jordano. ­ 28 de Setembro: morte de Gamal Abdel Nasser. ­ 13 de Outubro: assinatura do acordo jordano­palestiniano em Amã. ­ 30 Maio a 4 de Junho: 7º CNP no Cairo. Criação do Comité Central da OLP. somado ao medo de um massacre, após o ocorrido entre 9 e 11 de Abril de 1948 em Deir Yaassin, pequena vila nas proximidades de Jerusalém onde ocorreu a matança de mais de 120 civis palestinos desarmados, acrescido do colapso da liderança palestiniana, originou essa fuga em pânico. Nakba reflete a ocupação e o extermínio. Representa a força de um estado colonial que rouba e mata, em nome de uma ideologia nacionalista e fascista, sem qualquer reconhecimento legal internacional. Não respeita o direito internacional, não só as deliberações da ONU como olvida a Convenção de Genebra. Israel é um estado fora da lei. O primeiro governo israelita aprovou uma série de medidas impeditivas do regresso dos refugiados a suas casas e às suas terras. Durante a Conferência de Lausanne de 1949, Israel propôs o retorno de 100.000 refugiados à região, não necessáriamente a suas casas e às suas terras, estando incluídos nestes 100.000 os 25.000 que regressaram sigilosamente e os 10.000 que se juntaram às famílias que haviam sido separadas. Estas propostas obrigavam à aceitação de um tratado de paz que passava pelo direito à manutenção do território ocupado e à obrigação dos estados árabes recolherem os refugiados palestinos. Por razões morais e políticas, tal proposta não foi aceite. Os acontecimentos de 1948 são lembrados pelos palestinos, todos os anos, no dia 15 de Maio, o dia seguinte à comemoração da independência de Israel, no feriado que ficou conhecido como DIA de NAKBA. Como a memória é quase sempre revolucionária, em fevereiro de 2010, o knesset, parlamento de Israel, presidido por um membro do partido fascista likud no poder, aprovou a proibição de qualquer manifestação no dia 15 de Maio. Afinal têm medo que a própria verdade histórica se espalhe e possa ser motivo de curiosidade da sua população. Para o Povo Palestino foi o começo do genocídio ­ NAKBA. PELA PALESTINA LIVRE E INDEPENDENTE ­ A LUTA CONTINUA As fronteiras de 1967, internacionalmente reconhecidas, deixam apenas 22% do território da Palestina histórica, divididos entre a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, sob controlo palestino. Desde a guerra de 1967 que Israel ocupa todo o território. Mais de 40% da Cisjordânia está sob ocupação dos colonatos, integrando as estradas exclusivas para colonos os muros de separação, os controlos e bases militares israelitas. Os colonatos israelitas ocupam zonas estratégicas e são verdadeiros postos avançados da ocupação. O muro da separação é a face mais visível da anexação na Cisjordânia, variando entre uma estrutura de betão com cerca de 8 metros de altura e zonas de arame farpado. Tem torres de vigia espaçadas de 30 a 100 metros ao longo de toda a sua extensão, e uma largura média de 60 metros. A sua construção tem sido feita à custa da destruição de 730 CRONOLOGIA DE UMA RESISTÊNCIA 1968 1969 1970 PARTE 2 ­ de 1968 a 1982
  • 8. casas e da expulsão de populações palestinas. Mais de 1.600 Kms de estradas exclusivas para colonos, ligam os colonatos entre si e fazem parte do muro da separação. Quando completo, o muro da separação terá mais de 700kms, mais do dobro da fronteira reconhecida. Vinte e oito comunidades palestinas (125 mil habitantes) ficam cercados pelo muro, pelo menos por três lados. Gaza situa­se na costa mediterrânica e tem cerca de 2 milhões de habitantes. A sua área, 364 km2, corresponde a uma área semelhante ao concelho de Tomar, é uma das mais densamente povoadas do mundo. Como afirmou a Shad Wadi, no encontro do Ceuta, se alguém atirar uma pedra pelo ar normalmente acerta na cabeça de alguém. Desde Junho de 2007 que Israel sujeita Gaza a um ilegal e cruel bloqueio, impedindo a circulação de pessoas e limitando a um mínimo a entrada de qualquer produto, incluindo bens de primeira necessidade como água, alimentos e medicamentos. Esta enorme concentração de palestinos, cercados por tanques por terra e sem outra saída a não ser o mar, com zona de limitação para a pesca vigiada por fragatas israelitas, não tem perspetivas de melhoria de vida a não ser a luta como arma justa e libertadora. Sempre que existe a possibilidade de entendimento entre as forças palestinas, Hamas e OLP, o exército sionista ataca, bombardeando e matando em avanços terrestres. Foi assim em 2014, onde o genocídio atingiu mais de dois mil mortos. O povo de Gaza vive, há muitos anos, como se estivesse numa prisão a céu aberto. É urgente que levantemos a bandeira deste povo, em nome duma Palestina livre e independente. SOMOS CLAROS! NÃO CONFUNDIMOS RELIGIÃO COM SIONISMO Muita imprensa e muitos comentadores acolitados por alguns partidos, perfilam demagógicamente pela teoria do conflito religioso. Procuram incutir esse todos os Palestinianos, de «agrupamento» de todos os judeus do mundo nas suas colónias, deixa­o insatisfeito e faz com que o seu projecto seja sempre um projecto em curso. Se Israel se serviu desta situação para se apresentar enquanto vítima, a vítima das suas próprias vítimas que se recusam em lhe dar a legitimidade de fazer delas vítimas, Israel compreende, não só no seu inconsciente, mas também muito conscientemente que o seu projecto será sempre reversível. A crueldade que revelou e que continua de revelar para com o povo Palestiniano é directamente proporcional à sua convicção de que esse povo tem a capacidade de desconstruir as realizações de Israel e de inverter o seu projecto colonial. O problema para Israel não é de crer ou de saber que não há um único lugar nas suas implantações coloniais que não tenha tido uma população árabe, o seu problema vem do facto que percebe que não há, hoje em dia, um único lugar do seu «Estado judeu» imaginário, onde não haja uma população árabe «sempre presente» que reivindica o que é seu. Se a Nakba permanece inacabada, é precisamente porque os Palestinianos recusam­se em se deixar transformar em mankubin. Que possamos assistir às comemorações desde ano (2008), não faz com que seja mais um ano de Nakba, mas mais um ano de resistência à Nakba. Aqueles que aconselham os Palestinianos em aceitar a Nakba, sabem que aceitar a Nakba seria permitir­lhe que se prolongue sem rédeas. Os Palestinianos têm mais que fazer. A única forma de acabar com a Nakba, afirmam os Palestinianos, é de continuar a resistir­lhe. Joseph Massad é mestre de conferências em história política e intelectual na universidade de Columbia, New York. Al­Ahram/Weekly ­ Publicação n° 897 de 15 a 21 de Maio 2008 tradução: GAP fotografias: Ana da Palma 8 fotografiadeAndaPalma 29
  • 9. sentimento junto do senso comum, para que ninguém procure uma informação rigorosa e histórica. Devemos começar por afirmar, tal qual o afirmam os judeus ortodoxos que, em nome dos seus princípios religiosos, entendem que não existia qualquer razão para a formação do estado de Israel, pois árabes e judeus sempre viveram em paz na Palestina, cuidando amigávelmente dos filhos de cada um sem qualquer impedimento étnico. O Sionismo é uma ideologia política, com cerca de 100 anos, apoiando­se em príncipios colonialistas e fascizantes. Procurou suscitar apoios apelando a sentimentos religiosos, patrióticos e racistas, para criar grupos terroristas e criminosos para iniciar a invasão da Palestina, empurrando para fora das suas terras os palestinos e matando quem se lhes opunha. Nestes grupos estavam mercenários bem pagos. Com falsos pretextos de ocupação da terra prometida, impulsionaram muitas pessoas de origem judaica de todo o mundo a virem para a Palestina. Não pode haver confusão: não existe qualquer conflito religioso. Não existe sequer conflito, pois estamos na presença de um processo de ocupação permanente e diária, de perseguição étnica, e de um genocídio que se arrasta ao longo dos tempos. O sionismo afirmava­se como um movimento colonialista, predisposto a tomar e colonizar a Palestina. Posteriormente, com o aparecimento dos movimentos de libertação e a independência de muitos países colonizados, e a consequente nova ordem internacional condenatória do colonialismo, os sionistas retiram da sua cartilha o termo e passam a falar de colonatos como se de outra coisa se tratasse. O partido Likud, extrema direita no poder, tem procurado recrudescer o sentimento sionista. Os grupos fascistas perseguem não só palestinos como apoiantes judeus da causa palestiniana. Nas prisões israelitas estão mais de 5.000 palestinos, havendo registos de tortura e relatos da prisão frequente de crianças. Neste genocídio de 2014, meticulosamente preparado pelas forças sionistas, o objetivo de limpeza étnica ficou bem expresso no ataque deliberado contra as escolas da ONU onde se encontravam crianças. Israel e seus apoiantes, não podem sair impunes de tais crimes. Tal como pressupõe a nossa Constituição, era dever do governo português fazê­la cumprir quando diz: "Portugal rege­se nas relações internacionais pelos princípios (...) do respeito pelos direitos do homem, dos direitos dos povos, da igualdade entre os estados, da solução pacífica dos conflitos internacionais (...), reconhecendo ainda o direito à insurreição contra todas as formas de opressão" art. 7º da CRP. Mesmo a pretensa alegação de terrorismo, cai por terra quando está pressuposto o direito à defesa e revolta contra o ocupante agressor. Todos fingem não ver o que se passa, preferindo a cumplicidade criminosa. Apoiemos a campanha BDS ­ Boicote, Desinvestimento e Sanções pelo fim do apartheid israelita, pelo fim de linha para os agressores, pelo apoio à vitória do POVO PALESTINO. Um dia vamos todos vencer! como lhes diz Israel, não haveria mais expulsões. Tenho que sublinhar que a insistência sionista a favor de uma auto­deslocação não visa apenas os Palestinianos. Desde a sua criação até hoje em dia, o sionismo e Israel têm sempre recomendado e continuam a recomendar ao mundo judeu de se auto­deslocar para Israel. Como os Palestinianos, grande parte dos judeus do exterior de Israel continuam a resistir ao apelo de Israel de auto­deslocação. Se Israel já não está em medida de obrigar os judeus no exterior das suas fronteiras a virem para Israel (o que fez frequentemente no passado), pode e tem a vontade de deslocar os Palestinianos, independentemente da extensão da sua resistência. A RESISTÊNCIA, É AGORA: hoje em dia, a resistência palestiniana está activa em diversas frentes. Uma das campanhas chave que os Palestinianos em Israel lançaram recentemente é de obrigar Israel a revogar as suas numerosas leis racistas. Para esse efeito, um certo número de propostas e documentos já foram publicados por organizações Palestinianas em Israel. Agora, há que internacionalizar esta campanha. As Nações Unidas e outros fóruns mundiais devem estar envolvidos nesta iniciativa para forçar Israel a revogar as suas leis racistas. Isto não tem nada a ver com a tentativa demagógica de assimilar o sionismo e o racismo como aconteceu nas Nações Unidas em 1975, aquando de uma resolução elaborada com chavões esvaziados de conteúdo, pelo contrário, trata­se de demonstrar que Israel é racista pelas suas instituições e que governa com leis racistas que devem ser revogadas. Os Palestinianos e os seus aliados também empreenderam uma campanha internacional de desinvestimento e de boicote a Israel até que cesse de violar o direito internacional pela ocupação contínua da Cisjordânia e da Faixa de Gaza e o cessar dos seus permanentes crimes de guerra contra os Palestinianos. Trata­se de outra campanha crucial e que já teve um certo número de vitórias impressionantes. Isto não significa que o sofrimento vá parar. Tem sido durante estes últimos anos que o sofrimento dos habitantes da Faixa de Gaza foi maior, quando Israel os sancionou por terem recusado o reino de um Israël Palöstinenserrat e dos seus colaboracionistas Palestinianos impostos na Cisjordânia e que tentaram impor na Faixa de Gaza ao procurarem em vão a queda do governo Palestiniano democraticamente eleito. Os crimes de guerra de Israel contra os habitantes da Faixa de Gaza continuam numa cadência acelerada, mas os habitantes de Gaza não têm outra escolha que de permanecer vigilantes e de resistir. Mas ao resistirem à Nakba, os Palestinianos tocam no coração do projecto sionista que pretende que a Nakba deve ser vista como um acontecimento do passado. Ao resistirem a Israel, os Palestinianos obrigam o mundo a assistir à Nakba, enquanto acção sempre a decorrer, hoje : uma acção que, contrariamente às ideias sionistas, é na verdade reversível. Isto é precisamente o que irrita Israel e o movimento sionista. A incapacidade de Israel em levar a cabo a sua missão de colonização da Palestina, de expulsão de 928
  • 10. Una de las más nefastas consecuencias que provocó la Nakba y la Naksa fue la destrucción de la sociedad rural palestina (un genocidio que continúa hasta nuestros días) Irremediablemente se cortó el vínculo con la madre tierra y sus fuerzas telúricas. A partir de entonces miles y miles de campesinos se convirtieron en refugiados o mendigos de la ayuda humanitaria. El modo de vida tradicional se alteró por completo y poco a poco tuvieron que integrarse a la fuerza en el medio urbano. Quizás el caso más patético sea el de las tribus nómadas beduinas obligadas a sedentarizarse perdiendo para siempre su identidad. Hoy tan sólo el 15% de la población Palestina se desenvuelve en el ámbito rural. ¿Qué se puede esperar de un pueblo despojado de los medios de producción y la soberanía alimentaria? Nada más que resignarse a depender por completo de la economía israelí. El Shekel como moneda de cambio es una clara imposición colonial que dinamiza las relaciones sociales. Los estudios antropológicos sostienen que la cultura popular se forja en el mundo campesino. ¿Esa herencia que se transmite de generación en generación puede echar raíces en el cemento y el asfalto? No hay más que recorrer los campos para darse cuenta de la abrumadora tristeza que se palpa en el ambiente. Ya no hay labradores que canten arando la tierra, ni pastores que toquen el ney arreando los rebaños. Tampoco trinan los pájaros y ni las abejas liban el néctar de las flores, los árboles frutales sedientos se marchitan. La palestina idílica tan sólo permanece viva en los recuerdos de lo que fue y ya nunca volverá. La tradición oral ha sido reemplazada por los medios de comunicación de masas. Sobre todo la televisión asume el papel de transmisor de las señas de identidad. Así se constata al contemplar los enjambres de antenas parabólicas que se multiplican sobre los techos de las casas y edificios. Al menos la realidad virtual rompe el bloqueo y los transporta a otras dimensiones más placenteras. Esta noche se juega el clásico de fútbol el Barça­ Real Madrid y la gente seguramente caerá presa del delirium tremens. Se cumplen 66 años de exilio, 66 amargos años de ausencia y para colmo en estado de sitio permanente: campos de minas, alambradas, vallas electrificadas, muros y barreras, checkpoints, asentamientos, cárceles, cuarteles, patrullas militares… do direito dos Palestinianos a resistir (resistência garantida e considerada legal pelo direito internacional) não visa apenas em negar­lhes o uso das armas de fogo, mas também da arte, dos livros, da música, das manifestações e até de recorrer às Nações Unidas, de ensinar a história Palestiniana, de contar a Nakba, de a lembrar e comemorar. Esta Nakba que os planeadores sionistas elaboraram no final do século 19 e que envolvia a tomada de toda a Palestina, a expulsão de toda a sua população árabe aborígene e de fazer dela Arabrein (esvaziada de Árabes), esta Nakba continua firmemente. Mas apesar da aquisição de terras ter começado nos anos 1880 e do roubo em massa do país se ter produzido em 1948, Israel não teve a possibilidade de tomar todo o território. A confiscação de terras que continua em Jerusalém­Leste e na Cisjordânia faz parte da Nakba. Os projectos sionistas de fazer um Israel Arabrein avançam sem perder tempo. Se Israel não tem a capacidade, ao abrigo do direito internacional, de expulsar todos os árabes, concebeu uma alternativa inteligente, ou seja, encarcerar todos os que não pode expulsar no interior do muro de apartheid que chamará Estado Palestiniano, enquanto projecta expulsar todos os residentes Palestinianos fora desse muro de apartheid, ou seja, os cidadãos Palestinianos de Israel, para o interior desse mesmo muro. O resultado será com efeito um Israel Arabrein, no exterior do muro. A destruição de mais de 500 aldeias Palestinianas não aconteceu apenas em 1948, mas desenvolveu­se num processo que durou anos após a conquista sionista. A expulsão dos Palestinianos das suas terras começou nos anos 1880 e uma expulsão muito mais importante do interior para o exterior da Palestina começou seriamente em Novembro de 1947. É vital lembrar que as forças sionistas expulsaram 400 000 Palestinianos das suas terras antes de 14 de Maio de 1948. Centenas e centenas de milhares foram forçados a partir nos meses e nos anos seguintes, durante os anos 1950 e novamente em 1967. As expulsões nunca acabaram. É a presença de Palestinianos que leva Israel a expulsá­los. Se os Palestinianos aceitassem de se auto­ deslocar e portanto de deixar a Palestina, Bastión de la resistencia popular palestina Nablús Carlos de Urabá 10 27 Los ecos de la Naksa
  • 11. Esta primavera aunque los almendros en flor nos devuelvan por un instante la esperanza de repente en el momento menos pensado los gendarmes gritan ¡alto! y apuntándonos con sus fusiles nos obligan a identificarnos. Nosotros como turistas podemos pasar sin problemas pero los palestinos deben demostrar su inocencia pues siempre son sospechosos de haber cometido algún delito. Nablús o la “pequeña Damasco” es una ciudad de unos 150.000 habitantes –repartidos entre musulmanes 91%, cristianos 6% y samaritano 3%­ ubicada en un fértil valle regado por manantiales y al abrigo de los montes Al Tour, Ebal y Gerizim. Esta ciudad es un importante emporio económico del norte de Cisjordania dedicada por entero al rubro de la agricultura (cereales, las vides, el aceite de oliva) y las fábricas de jabón. Igualmente los judíos ortodoxos también consideran a Nablús una ciudad santa – a la que llaman Shjém­ (la antigua capital del antiguo reino de Israel) pues así lo aseveran restos arqueológicos como la tumba del patriarca José y el pozo de Jacob. Esta región geográfica la denominan con el nombre de Samaria. Por este motivo mitológico en sus alrededores se multiplican los asentamientos judíos ortodoxos y ultraortodoxos de: Yitzhar, Braja, Itamar, Elon Moreh, Brecha, Qadomen, Zaatara o Envan (cuartel militar). Los colonos aseguran que, tal y como está escrito en las sagradas escrituras, sólo a ellos les pertenece la tierra bíblica de leche y miel. La mayoría de estos extranjeros, que afirman ser descendientes del rey David y el rey Salomón, son de origen americano o europeo. A estos desalmados no les tiembla la mano a la hora de quemar los campos de cultivo, cortar los árboles frutales o los olivos, matar el ganado o envenenar la tierra de los campesinos palestinos ­a los que consideran poco menos que animales. En Cisjordania viven aproximadamente 550.000 colonos israelíes excepcional e não se limita apenas aos Israelitas. Não haverá, mais recentemente, uma resistência no Iraque que se opõe à conclusão da missão de invasão dos Estados Unidos que o Presidente Bush dizia «estar concluída» há cinco anos atrás? E a resistência iraquiana às destruições que os americanos vieram infligir ao Iraque que obriga o processo de destruição americano a se prolongar e a missão americana a estar sempre inacabada. O RACISMO SIONISTA: mais o que é que faz com que os Palestinianos continuem a sua resistência numa Nakba que os Israelitas continuam de lhes impor? Em suma, digamos que são as consequências e as vitórias. Outrora, Moshe Dayan, com eloquência, descrevia a Nakba assim: «Aldeias judias foram construídas no lugar de aldeias árabes. Nem sequer conheceis o nome dessas aldeias árabes, e não tendes culpa porque os livros de geografia já não existem. Não só já não existem, mas nem sequer existem as aldeias árabes. Nahlal ergueu­ se no lugar de Mahlul, o kibutz Gvat no lugar de Jibta, o kibutz Sarid no lugar de Huneifis, et Kfar­Yehoshua no lugar de Tel­Shaman. Não há um único lugar neste país que anteriormente não tenha dito uma população árabe». O sucesso da resistência Palestiniana à Nakba obrigou a um processo semelhante que visa a renomear as vitórias sionistas e israelitas de uma forma permitida em grande parte do mundo e até nos Estados Unidos mesmo que de uma forma mais limitada. Fazendo eco às palavras de Dayan: a resistência Palestiniana e a vitimização substituíram as conquistas e as vitórias sionistas. Muitos entre vós nem conheceis o nome das vitórias sionistas, e não tendes culpa, porque os livros de história e a propaganda sionistas, que as legitimaram, não são considerados legítimos. Não só esses livros e essa propaganda perderam qualquer legitimidade, mas as vitórias sionistas e israelitas não são reconhecidas como tal. A Nakba ocupou o lugar da «guerra de independência de Israel», o apartheid substituiu a «soberania judia», a expulsão dos Palestinianos substituiu o «Plano Dalet » e, até o «regresso dos judeus às suas terras ancestrais», o racismo institucionalizado e jurídico de Israel substituiu a «democracia israelita», os cidadãos Palestinianos de Israel substituíram os «árabes israelitas», o povo Palestiniano substituiu as «comunidades não judia na Palestina» tal como foram qualificadas na Declaração Balfour e o « matful » palestiniano (cuscuz) substituiu o « cuscuz israelita » que persiste em querer substituir o « matful » palestiniano. Não há nem uma única vitória sionista neste país à qual os Palestinianos não tenham resistido e contestado. Os Palestinianos resistiram e ainda continuam de resistir à Nakba com determinação e recusam­se em deixar as suas terras com greves, manifestações e desobediência civil; pela arte, a música e a dança; com a poesia, o teatro e os romances; pela escrita da sua própria História e a reivindicação da sua própria geografia, pelo recurso à justiça local e internacional e das Nações unidas. Os Palestinianos ainda resistem com pedras e fuziles. A negação 11 fotografiadeCarlosUrabá 26
  • 12. repartidos en 120 asentamientos y puestos avanzados (unidos por una moderna red de carreteras) cuya protección corre a cargo del Tzahal. Una de las principales preocupaciones de los judíos ortodoxos es el incremento de la tasa de natalidad con el fin de contrarrestar el alto crecimiento demográfico de los palestinos. 6 de cada 10 judíos ortodoxos no trabajan pues se autoproclaman los legatarios de la auténtica vida judía y por eso se dedican de tiempo completo a los estudios de la Torá y el Talmud. El estado Israelí para recompensar su incondicional entrega a la causa sionista les otorga una paga de 550 euros mensuales. Además, los colonos ortodoxos y ultraortodoxos tienen una gran influencia en la vida política del país gracias a la presión que ejercen a través del partido Shas y el Habait Hayehudí. El brillante resultado obtenido en las últimas elecciones les ha valido el derecho a formar parte del gabinete de Netanyahu (detentan las carteras del Ministerio del Interior y la Vivienda) Lo cierto es que la mayoría de estos colonos lo único que les interesa es aprovechar las increíbles ofertas inmobiliarias, las subvenciones, ventajas fiscales y los servicios públicos de primera categoría (colegios hospitales, universidades, centros deportivos) que ofrece el gobierno israelí a los ciudadanos que habitan las zonas de “alto riesgo”. Aparte de que muchos de ellos reciben ayudas del Ministerio de Agricultura para la explotación de los campos de cultivo en los que emplean mano de obra barata palestina (en Nablús el paro es del 55%). Así que las ganancias de los empresarios son extraordinarias. En el corazón de la ciudad de Nablús late el suq khan al­ Tujjar o Al­Balad Al­ Qadima ­el zoco donde desde muy tempranas horas de la mañana comienza el ajetreo. Este mercado popular, al que calificaron los viajeros y cronistas románticos como uno de los más pintorescos de Oriente Medio, aún conserva el esplendor de otros tiempos. Su espectacular arquitectura otomana y restos arqueológicos romanos así lo atestiguan. Lamentablemente el estado de conservación del patrimonio artístico palestino es calamitoso y amenaza con desaparecer bajo los escombros. sionistas dizem que os refugiados não sofrem «por causa» da Nakba, mas por recusarem­se em «admitir» a Nakba e em aceitarem­se enquanto mankubin. É a mesma coisa para os Palestinianos da Cisjordânia, da Faixa de Gaza e de Jerusalém­Leste, os seus problemas não são a consequência da Nakba, mas, como o defende Israel, da recusa árabe em aceitá­la. Os seus problemas nasceram da guerra internacional de 1967 resultado da recusa árabe em aceitar a Nakba como facto estabelecido. Se os Palestinianos e os seus aliados aceitassem de confirmar a Nakba como um acontecimento passado e terminado, então as desgraças, de que dizem ainda serem vítimas, desapareceriam imediatamente. Afirmar que a Nakba é um acto contínuo de destruição, um acto não acabado, é recusar de admitir que a «obra» está acabada. A resistência Palestiniana é precisamente a parte inacabada da Nakba e da sua violência actual. Israel e os seus apoiantes internacionais pretendem que se os Palestinianos tivessem aceite a derrota e reconhecido a Nakba, se tivessem aceite a sua expulsão e cidadania de terceira ordem em Israel e a conquista de 1967, não teriam mais desgraças. Os israelitas dizem­nos, se vós, Palestinianos, conheceis o infortúnio/a desgraça, é porque nunca pararam de lutar contra a Nakba. Os Palestinianos resistem à Nakba desde os anos 1880, quando os colonos judeus europeus os expulsaram de terras compradas a proprietários ausentes e que os impediram de trabalhar nas terras que os Palestinianos cultivavam há séculos. Nos anos 1930, a resistência Palestiniana tomou a forma de uma revolta importante que durou três anos, contra o apoio britânico aos sionistas que realizavam a Nakba. Os Palestinianos também resistiram depois das acções dos anos 1947/1948 em que a maior parte das terras foram roubadas e confiscadas pelas leis racistas do Estado judeu. Segundo Israel e o jornal «The New York Times», a sua resistência contínua contra a Nakba na Cisjordânia e na Faixa de Gaza é na verdade um convite a novas Nakbas. Se os Palestinianos autorizassem Israel em sitiá­los na maior prisão a céu aberto do mundo, chamada Gaza, sem lhe resistir, Israel não os teria de bombardear, de matar as suas crianças e de destruir as suas casas, apenas se limitaria em esfomeá­los e a mantê­los no interior do muro do apartheid. Se os Palestinianos aceitassem simplesmente o seu estatuto de mankubin, já não haveria Nakba enquanto processo inacabado. Esta lógica de conquista não é absolutamente 12 fotografiadeAnadaPalma 25
  • 13. Lo más difícil quizás sea orientarse entre sus laberínticas callejuelas, es casi imposible abrirse paso en el gentío se arremolina entorno a los puestos y tenderetes donde se ofrecen un sinfín de productos típicos de la región: frutas, hortalizas, verduras, carnes, especias, dátiles almendras, uvas pasas, aceitunas, panes y en especial el dulce Kanafeh relleno de queso muy apreciado en la gastronomía árabe. Nablús desde la más remota antigüedad adquirió fama por la fabricación de jabón de comprobados efectos terapéuticos. Muchas de estas fábricas de jabón fueron destruidas en 2002 por los bombardeos de los cazas F16 de la aviación israelí que las consideraban “nidos de terroristas”. Definitivamente los estrategas judíos se han fijado el objetivo de demoler el patrimonio cultural palestino. Tras la derrota en la Nakba­ 1948 miles de palestinos procedentes de Lydda, Ramle, Jaffa y de 60 pueblos y aldeas de la zona, se vieron obligados a refugiarse en Nablús. Buena parte de estos desterrados pertenecían y pertenecen a la etnia beduina. En un principio una gran parte buscaron asilo entre las cuevas que hay en las montañas y otros levantaron sus tiendas o jaimas de manera provisional. Nadie quería construir un asentamiento fijo pues todos deseaban volver a sus pueblos. Pero la tragedia se fue alargando en el tiempo y resignados no tuvieron más remedio que comenzar a edificar sus viviendas con cemento y ladrillo. Así surgieron los campos de refugiados de Balata, Al Farah, Ayr, Askar y nuevo Askar. El campo de Balata, fundado por la ONU en el año 1950 ­es el más antiguo de Cisjordania­ y con sus 28.000 refugiados, el más grande de Palestina. Construido sin planificación alguna, ­en apenas un área de 1 kilómetro cuadrado­ sus desvencijadas viviendas fruto de la improvisación ya alcanzan varios pisos de altura. Muchas de las callejuelas del campo de Balata no miden más de metro y medio de ancho. Es tal el hacinamiento que en un piso de 60 metros cuadrados tienen que acomodarse 13 o 14 personas. Por falta de espacio los baños de las casas son públicos y para rematar los servicios de agua potable y electricidad son deficitarios. Sólo hay dos médicos en el puesto de salud para atender a los pacientes y las escuelas precisan de nuevas aulas pues se han quedado obsoletas. Recordemos que el crecimiento poblacional­como ocurre en otras zonas Palestina­ es muy acelerado y los menores de 21 años sobrepasan el 60% en las estadísticas. Cualquier acuerdo de paz que se firme entre la ANP y el gobierno Israelí debe tener en cuenta el regreso de los refugiados o de lo contrario estaría condenado al fracaso. En el campo de Balata por extraño que parezca no se ha perdido el optimismo ni la sonrisa; los niños juegan en las calles, las mujeres tienden la ropa en las ventanas y las abuelas se entretienen bordando pañuelos sentadas a la puerta de las casas. En las paredes se leen frases alegóricas a la libertad y la lucha armada, “Morir por Palestina es un deber” “Rompamos las cadenas de la esclavitud” Las fotos de los mártires que empuñan desafiantes sus metralletas se exhiben con permanecer em Israel, devem aceitar a normalidade da Nakba e não se opor ao seu novo estatuto de mankubin, e que não podem ter e nunca terão os mesmos direitos que os judeus. Ao recusarem as consequências da Nakba, os cidadãos Palestinianos de Israel querem inverter os seus efeitos, exigindo a revogação das leis racistas e que Israel se torne um Estado israelita e não um Estado judeu. Israel e, agora, o Presidente Bush afirmam que as consequências da Nakba devem ser aceites por todos os Palestinianos. Dizem aos Palestinianos que a Nakba transformou a Palestina num «Estado judeu», que isto é irreversível e que nenhum activismo pelos direitos civis, nem nenhum combate nacional podem contrariar resta realidade maior. No entanto, os cidadãos Palestinianos de Israel não parecem convencidos e continuam de resistir a esta irreversibilidade. Contudo, segundo Israel, esta difícil situação não foi provocada pela «Nakba», mas pela insistência em «resistir» à Nakba. Diz­se também que o problema dos refugiados Palestinianos a apodrecerem nos campos há 60 anos é de facto semelhante ao de qualquer outra população de refugiados levados pelas guerras e de que está repleto o mundo dos séculos 20 e 21. O problema não tem nada a ver com as acções sionistas de 1947­ 1948 que os expulsou da sua pátria, mas, tal como defende Israel, é devido à recusa dos Palestinianos e dos países árabes em aceitar a Nakba como algo irreversível e a implantar estes pobres refugiados no seu país de acolhimento. Os 1324
  • 14. orgullo. La bandera palestina ondea altiva en cada esquina, y los posters del domo de la Roca con Yasser Arafat de fondo haciendo la v de la victoria ocupan los sitios más privilegiados. En el año 2002, en el punto álgido de la intifada de Al­Aqsa, el ejército israelí – en desarrollo de la operación “Escudo Defensivo”, invadió Nablús y el campo de Balata con tanques, bulldozers y helicópteros en busca de los “peligrosos terroristas palestinos” (hombres bomba). Como los tanques no podían ingresar por sus estrechas callejuelas apostaron francotiradores en las alturas para cazar a los sospechosos. Mucha gente murió o fue arrestada y una gran cantidad de viviendas resultaron derribadas. Balata tiene la fama de ser una de las principales canteras de suicidas. Muchos jóvenes han optado por sumarse a las operaciones de martirio en respuesta a la criminal ocupación militar sionista y el oprobioso castigo colectivo. El 27 de diciembre del 2003 el ejército israelí asalta Nablus y el campo de Balata en persecución de los guerrilleros de la resistencia palestina. Después de tomar por completo la ciudad e imponer el toque de queda dinamitaron viviendas, mataron a varios guerrilleros e hicieron prisioneros a decenas de activistas de la OLP y del FPLP. En el 2007 durante la denominada operación Hot Winter el Tzahal destruyó una vez más buena parte del campo de Balata como represalia a los sangrientos ataques perpetrados en territorio israelí por los comandos suicidas palestinos. A pesar que tras los acuerdos de Oslo la soberanía sobre Nablús se transfirió a la ANP, las agresiones del ejército sionista no se detienen pues su propósito es la eliminación total del enemigo. La vida debe continuar su curso por más graves que sean las circunstancias y es así que en cualquier momento con motivo de una boda, un cumpleaños o cualquier celebración patriótica resuena el darbuka, el yarghul, el laúd, o el bendir. La música levanta la moral y es una parte fundamental del espíritu de resistencia revolucionaria. Es emocionante ver a todos los jóvenes con los brazos sobre los hombros bailando el dabkah, entrelazados siguiendo la coreografía en círculo o tomados de la mano marcando el ritmo de la música con los pies. Esta danza ancestral que simboliza la unidad, la solidaridad y cooperación encierra también un sentido de pertenencia a la familia, el clan o a un país. Video: http://youtu.be/v0rJjgFFsv4 El compromiso con la causa del pueblo palestino es algo sagrado. Por eso hasta los niños se niegan a claudicar y con una piedra en la mano o un cóctel mólotov se enfrentan cara a cara contra la demoníaca maquinaria de guerra sionista. Resulta paradójico que los artistas hayan convertido el “muro de la vergüenza” en un gigantesco lienzo donde expresan su compromiso de lucha y rebeldía. “¡Resistir, resistir hasta la muerte…!” Las ansias de libertad son incontenibles. autoridade que, na sua estrutura e na sua lógica, não era diferente de todos os regimes colonialistas fantoches da Ásia e de África, que servem os seus senhores, sem excluir os judenröte (os conselhos judeus) que os nazis estabeleceram nos guetos polacos ocupados para gerir a vida dos judeus, cobrar os impostos, dirigir os correios, entre outras coisas; nem os bantustões que o apartheid da África do Sul criou como pátrias de substituição (para os Negros). A tentativa da Autoridade palestiniana em obter o poder de nomear os dois povos, Palestiniano e judeu, fracassou, assim como as tentativas prévias de Israel. Os Palestinianos permanecem exigentes relativamente ao seu nome e sua inclusão numa nação Palestiniana, enquanto os judeus não israelitas insistem na ausência de nacionalidade dupla com Israel, sem que importe por outro lado a forma como apoiam Israel. A política do denominar é a política do poder e da resistência. O poder dos nomes cria uma ficção que vai ao encontro das realidades materiais. Se Israel conseguiu impor realidades físicas e geográficas, a sua tentativa para apagar uma memória histórica fracassou. Os palestinianos são um obstáculo à falsificação da sua história e deles próprios. A NAKBA, É AGORA: desde que a Nakba veio cometer as suas acções tumultuosas em 1948, há um combate permanente para defini­la como um acontecimento passado e terminado, em vez de uma acção ainda a decorrer hoje em dia. Não se trata de um combate epistemológico, mas de um combate político ardente. Identificar a Nakba como um acontecimento passado e terminado é clamar o seu sucesso e acentuar a irreversibilidade dos seus feitos. Ao afirmar que já não há que lutar para qualificá­la, nem que há resistência vitoriosa para se­lhe­ opor, é atribui­lhe uma legitimidade histórica e política, enquanto realidade, mas também considerar todos os seus efeitos ulteriores como ganhos naturais. Assim, hoje em dia, o combate dos cidadãos Palestinianos de Israel, segundo a história sionista, não é o combate anticolonial habitual, nem um combate pelos direitos nacionais, ou étnicos, ou civis, mas um combate «anormal» para inverter a Nakba. Israel tem mais de 20 leis promulgadas, institucionalizando os privilégios religiosos e raciais judeus, em direitos e deveres, relativamente aos não judeus, que se apresentam como uma consagração normal da Nakba, que os Palestinianos continuam de recusar. Com efeito, alguns dirigentes israelitas, tal como recentemente a Tzipi Livni, sugeriram que os cidadãos Palestinianos de Israel deviam partir para países que garantissem os seus direitos nacionais em vez de ficar em Israel onde nunca terão direito à igualdade devido ao facto de pretenderem que a «sua» Nakba ainda continua hoje em dia. É frequentemente lembrado aos Palestinianos que povos «muito mais importantes» que eles optaram por deixar voluntariamente um país que lhes recusava os seus direitos para irem para outro que os garantissem, ou seja, os mesmo judeus europeus que vieram infligir a Nakba aos Palestinianos. Se os Palestinianos de Israel querem 14 23
  • 15. Como expresara la poetisa Fadwa Tuqan, originaria de Nablus, no bastan las oraciones para conjurar la fatalidad. “si mil cadenas me atan Tantas fantásticas alas me harán volar (detrás de las paredes) ¿Protegeré a mi gente con palabras? ¿Salvaré con palabras a mi pueblo?” El trajín no decae en el mercado de Nablús, la gente viene y va cargando sus bolsas y paquetes con la compra. La rutina diaria sigue su curso y todo el mundo comprende cuál es su papel en este teatro de la vida. Los diarios publican las últimas noticias y los gestos de desaprobación de los viandantes son ostensibles. El pueblo es el último en enterarse de las decisiones que toman los políticos. Todo está envuelto en el tupido velo del secretismo. ¿Algún día se proclamará la independencia de palestina? Una pregunta utópica que merece una respuesta realista: ¡inch’allah! Y una vez más la sombra de la fatalidad los atenaza tras el fracaso de las conversaciones de paz auspiciadas por el Secretario de Estado norteamericano John Kerry. La reconciliación entre Hamas y la OLP abre un nuevo período histórico de imprevisibles consecuencias. De momento el primer ministro Netanyahu ha dicho que “Abbas ha elegido el terrorismo por encima de la paz” A Israel en todo caso le da lo mismo porque ellos son los que mandan e imponen las condiciones. Además, los países occidentales respaldan su demencial política de hechos consumados. Hace unos días el Knesset aprobó la construcción de 3.300 nuevas viviendas en Cisjordania y Jerusalén Este, (el año 2013 se duplicó la construcción de viviendas en los asentamientos) para escarmentar a la ANP por su actitud beligerante. Un acuerdo de paz para Oriente Medio parece más un asunto divino que humano. Por eso el Papa Francisco ha tomado la iniciativa convocando unas jornadas de oración en el Vaticano con la presencia del presidente israelí Shimon Peres y al líder palestino Abu Mazen a ver si se produce un milagro. memória sionista oficial. Com efeito, a memória tem sempre um elemento chave na resistência Palestiniana. Quando os Palestinianos insistem na denominação do seu país, das suas cidades e das suas aldeias no seu nome de origem, não é só para se opor aos nomes comuns que o sionismo deu à sua terra, mas também para expor uma memória geográfica que Israel conseguiu quase apagar fisicamente. A crueldade do sionismo foi de tal modo que Israel continuou, mesmo após 50 anos da sua criação, a negar a existência dos Palestinianos enquanto povo, ou enquanto nome; que o próprio nome «Palestinianos» não devia ser pronunciado. Para os sionistas, o nome «Palestinianos» age como uma encantação mágica que os poderia riscar do plano existencial. Não estão errados em ter essa impressão, porque o nome Palestiniano é por si a mais forte forma de resistência contra a memória oficial deles. O nome «Palestina» também gerou a continuidade na cultura e na vida Palestinianas, na identidade e nacionalidade Palestinianas, o que Israel esperava apagar totalmente e cuja existência perene permanece uma ameaça para a sua operação mnemónica visando a invenção de uma memória fictícia de não­Palestina e de não­Palestinianos. A contra­memória Palestiniana coloca­se directamente em confrontação com o sucesso da Nakba em apagar a Palestina enquanto designação geográfica e constitui uma afronta aos persistentes esforços da Nakba em apagar os Palestinianos enquanto grupo nacional dotado de uma história pré­Nakba. A sobrevivência dos Palestinianos depois do início da Nakba, apesar dos esforços assíduos para apagá­los do mapa, faz com que a Nakba não seja uma vitória para os sionistas. É neste contexto que a insistência de Israel em apelidar os cidadãos Palestinianos em Israel de «Árabes Israelitas» se motiva pela vontade de reduzir ao silêncio a sua essência Palestiniana, isto é, tudo o que faz deles Palestinianos. A insistência sionista em querer estabilizar os refugiados Palestinianos num país de acolhimento e que lhes seja atribuída a nacionalidade revela a mesma vontade de apagar o seu nome. Há dez anos, o reconhecimento definitivo por Israel de que existia um povo Palestiniano aconteceu à custa da redução de um terço desse mesmo povo Palestiniano. Ao assinar Oslo, Israel comprometeu­se com uma direcção Palestiniana colaboracionista e o preço que a Autoridade palestiniana tinha de pagar para que Israel aceite de chamar os Palestinianos da Cisjordânia e de Gaza pelo seu nome, era a des­palestinização do resto do povo Palestiniano. Em contrapartida, a direcção palestiniana, ao abrigo dos Acordos de Genebra, aceitava de deixar multiplicar por um coeficiente de três a população judia, pela qual Israel seria reconhecido como estado de todos os judeus do mundo e não apenas dos judeus vivendo no interior do seu estado e ainda menos dos cidadãos Palestinianos sobre os quais reinava. Mas este acordo fracassou. Apesar de ter feito todo o possível para ser legítima, a autoridade palestiniana só foi considerada por aquilo que era: uma criação da ocupação israelita, uma 15 fotografiadeCarlosUrabá 22
  • 16. Não é a televisão a refeição Não é a lareira a torradera também não Não é a chaminé o bidé o sofá também não é Não é a comida a bebida Não é por bens terrenos muito menos boa vida Não é a instrução o pão o whiskey decerto também não Não é o salário o horário Não é por instantes antes pelo contrário Não é um hospital um jornal Nem separar bem e mal Não é querer ficar [que me interessam os acordos de paz?] Não é não querer partir [que me interessam os prémios Nobel?] Não é o direito de estar [que me interessam as fronteiras reconhecidas?] É o de não ter que sair Estar onde estou sendo o que quiser Ser quem sou onde quiser Estar em casa a ser Ser casa onde se quer estar. deploram mas que a maior parte aceita no final de contas como um facto da história? Sugiro­vos que há muita coisa em jogo ao fazer da Nakba um acontecimento do passado, um facto no terreno que só podemos aceitar, admitir e finalmente transcender e que efectivamente para seguir em diante, há que deixar a Nakba para trás. Algumas pessoas até sugerem que se Israel reconhecesse a Nakba e se pedisse desculpas, os Palestinianos perdoariam e esqueceriam e que os efeitos da Nakba seriam apenas comemorações históricas como as deste ano. Na minha opinião, a Nakba não é nada disto e querer fazer deste ano de 2008 o 60º aniversário da vida e da morte da Nakba é um erro grave. Em realidade, a Nakba tem mais de 60 anos e ainda está connosco, avança ao ritmo da vida e percorre a história acumulando cada vez mais desgraças sobre o povo Palestiniano. Para mim a Nakba é uma época histórica com 127 anos e que perdura. 1881 é o ano do inicio da colonização judia da Palestina e como toda a gente sabe esta colonização nunca acabou. Muita gente no mundo gostaria de apresentar os Palestinianos como vivendo num período pós­Nakba, no que me toca, insisto que vivemos totalmente em tempo de Nakba. O que fazemos este ano, não é comemorar, mas assistir à Nakba que está a decorrer e que continua a destruir a Palestina e os Palestinianos. Consequentemente, proponho que este ano não seja o 60º aniversário da Nakba, mas mais um ano a suportar a sua violência; que a história da Nakba nunca foi uma história do passado, mas que é decididamente uma história do presente. O SIGNIFICADO DA NAKBA: apesar da palavra Nakba ser traduzida em inglês por catástrofe, desastre, ou calamidade, estas traduções não integram totalmente as ramificações activas dos significados árabes. A Nakba é um acto que foi cometido pelo sionismo e seus apoiantes contra a Palestina e os Palestinianos fazendo deles mankubins. O inglês não permite uma tradução desta palavra, mankubin, excepto se extrapolamos um pouco e chamamos os Palestinianos, um povo­que­se­fez­catastrofar, ou um povo­que­se­fez­desastrar. Contrariamente à catástrofe grega, que significa reviravolta, ou ao desastre latino, que é um acontecimento calamitoso que se produz quando as estrelas não se encontram alinhadas, a Nakba é um acto de destruição deliberada para infligir desgraça a um povo, programada para arruinar um pais e seus habitantes. A palavra Nakba foi criada pelo eminente intelectual árabe, Constantine Zureik, no seu livrinho datado de Agosto de 1948, sobre o significado da Nakba, que estava a decorrer quando o estava a escrever, assim como ainda está a decorrer enquanto escrevo estas palavras. Desde o início, o povo Palestiniano resiste à lógica racista e colonialista da Nakba e combate os colonos desde os anos 1880 e 1890 e depois durante os anos 1910, 1920, 1930, 1940, 1950, 1960, e ainda hoje. Se a resistência Palestiniana não conseguiu impedir a expulsão em massa de metade da população Palestiniana, nem o roubo puro e simples de todo o país, conseguiu desprezar a 16 é a televisão Não Toni 21
  • 17. NAKBA A Nakba deve ser considerada como um acontecimento pontual que ocorreu e terminou em 1948, ou será outra coisa? Quais são as apostas políticas em reificar a Nakba num acontecimento passado, a comemorá­la cada ano, a inclinar­se diante do seu tremendo simbolismo? Quais são as incidências que fazem da Nakba um episódio histórico concluído, que algumas pessoas 20 Resistir à Nakba Sábado 22 de Maio de 2010 Joseph Massad ­ Al­Ahram/Weekly As dimensões da arquitectura. "Representa­se habitualmente a arquitectura como a síntese de três dimensões: a construção, a utilidade ou a funcionalidade e a beleza", escreve Michel Freitag sobre a ideia generalizada do que é a arquitectura. No entanto, se consideramos apenas estas dimensões, esvaziamos a arquitectura do seu carácter social. As pessoas agrupam­se, as sociedades germinam e a arquitectura é uma das formas de se construirem os palcos onde se geram as inter­acções humanas. "Estes três aspectos pertencem decerto à definição da arquitectura, mas nem por isso representam, contudo, antropologicamente, a sua natureza essencial", continua Freitag. A arquitectura não é inocente. "O problema da arquitectura diz respeito à maneira como a sociedade produz o mundo como mundo humano e se reconhece nele como no seu mundo próprio, um mundo que é posto em harmonia com as suas finalidades próprias" refere Freitag. Qualquer que sejam os mundos que a sociedade produz, a arquitectura é um dos instrumentos que serve para a criação desses mundos, indo ao encontro das suas finalidades ­ a arquitectura dos regimes autoritários, da repressão, da proibição; a arquitectura da sociedade de consumo, do lucro, do espectáculo; a arquitectura da igualdade e do bem­estar social; a arquitectura do colonialismo; a arquitectura da resistência. A arquitectura é uma arma. Conscientes do poder bélico da arquitectura, que pode disparar contra a humanidade, a União Internacional dos Arquitectos (UIA) definiu na sua resolução 13, em 2005 e reafirmada em 2009, o seguinte: "O Conselho da UIA condena o desenvolvimento de projectos e a construção de edifícios em territórios que tenham sido ilegalmente apropriados ou que tenham sido sujeitos a limpezas étnicas e projectos que tenham como base políticas de discriminação cultural e étnica, da mesma forma que condena todas as acções que violem a quarta Convenção de Genebra." 17 A arquitectura é uma arma Jorge Delmar
  • 18. Episódios da arquitectura do colonialismo. Em Março de 2014, tendo em conta a resolução 13 da UIA e as leis internacionais, o Royal Institute of British Architects (RIBA) propôs à UIA que a Israeli Association of United Architects (IAUA) fosse suspensa da organização enquanto a IAUA não condenasse o desenvolvimento de projectos em terrenos ilegalmente ocupados na Cisjordânia e em Gaza. Era intenção do RIBA que esta moção fosse discutida no Congresso Mundial da UIA, que se iria realizar em Agosto de 2014 em Durban, na África do Sul. Com o lançamento desta moção, várias organizações de arquitectos e muitos arquitectos em todo o mundo tomaram uma posição, quer criticando e condenando, quer apoiando e subscrevendo. Em Maio, a secção de Nova Iorque do American Institute of Architects (AIA) levantou objecções à proposta do RIBA, afirmando que o objectivo da UIA é promover a união de todos os arquitectos do mundo, sem qualquer forma de discriminação. O presidente da associação de arquitectos israelitas comunicou que, se esta moção fosse discutida no congresso mundial, a sua associação abandonaria a organização. Do outro lado, a organização Architects and Planners for Justice in Palestine apoiou a moção, rearfimando que muitos arquitectos e urbanistas israelitas têm tido uma colaboração directa na construção das centenas de colonatos ilegais, desde há cinco décadas, em violação da quarta convenção de Genebra que proibe que os Estados movam as populações civis para os territórios ocupados. Por sua vez, o arquitecto israelita Eyal Weizman referiu que, no contexto da ocupação israelita, o silêncio da IAUA não é neutral e configura uma forma indirecta de pactuar com as políticas colonialistas dos sucessivos governos israelitas. Para que é que serve a resolução 13 da UIA? Em Junho, face a grandes pressões e havendo a confirmação da UIA de que a moção não estaria incluída na agenda do congresso, pois a UIA alegou que não tinha competências políticas para tomar decisões sobre o assunto, o RIBA deixou cair a moção. A mensagem da arquitectura. No dia 7 de Agosto, na mensagem de encerramento do Congresso Mundial da UIA, o arcebisto Desmond Tutu disse: "Acredito que pode ser apropriado que a UIA envie uma mensagem clara de suporte à justiça na Palestina e em Israel, ao supender a associação dos arquitetos israelitas". Desmond Tutu também apelou aos arquitectos israelitas que não se associem à construção de infra­estruturas que perpetuem a injustiça, como o muro de separação, os "chekpoints" e a contrução de colonatos em territórios ocupados na Palestina. A arquitectura verga­se. No dia 7 de Dezembro de 2014, o conselho do RIBA, com novos elementos na direcção, revogou e arquivou a moção anteriormente aprovada pela própria organização. O novo presidente do RIBA afirmou que a opção do confronto, pedindo a suspensão da associação dos arquitectos israelitas da União Internacional dos Arquitectos, foi um erro. A arquitectura colonialista ainda tem munições para continuar a bombardear os territórios ocupados. Referências: ­ Freitag, M. Arquitectura e sociedade. Lisboa:Publicações Dom Quixote, 2004. ­ www.archdaily.com ­ www.dezeen.com ­ www.apjp.org Bombardeamento JorgeDelmareAnadaPalma 18