1. Ana da Palma
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2.5 Portugal.
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REFLEXÕES SOBRE O FUTURO DA PALESTINA (1)
Quando vemos e assistimos impotentes ao desmoronamento dos nossos estados
chamados democráticos; quando percebemos que o caminho da democracia representativa,
com a qual pactuámos por conforto, nos engana e manipula; quando vemos os nossos direitos
pouco a pouco limitados, restringidos e eliminados pela declarada urgência de uma crise;
quando a sociedade civil se mobiliza em pequenos grupos de defesa dos seus direitos, quer
sejam no campo da educação, dos transportes, da saúde, do trabalho, tentando alcançar uma
concertação mundial, expressa nas assembleias populares e nos movimentos das acampadas,
fazendo o exercício de democracia direta procurando estratégias e ajustando os seus discursos
e formas de pensar o Mundo, parece difícil encontrar forças para uma luta de longo prazo e de
desgaste, com um pé no tempo da História e outro na atualidade, tal como é a luta do povo
palestino. Contudo, de norte a sul e de leste a oeste, as lutas acabam por ter algo em comum,
porque envolvem a dignidade do ser humano, porque envolvem os seus direitos fundamentais
e, simplesmente, porque sabemos que as vidas de todos os seres humanos neste mundo e nesta
Terra estão interligadas. Refletir sobre a questão palestina enquadra-se, hoje, num contexto
urgente de supremacia do ocidente, o mesmo ocidente que nos está a vigiar, a controlar, a
sugar, a empobrecer, a ludibriar e a encarcerar, retirando-nos as nossas liberdades a pretexto
do medo do Outro, de uma crise financeira que não nos pertence e do desejo de inculcar uma
consciência hipernacionalista, evocando que a «salvação nacional» da nossa identidade
ocidental passa pelo sacrifício e pela abdicação, supostamente temporária, de direitos
fundamentais inscritos em todos os textos fundadores da humanidade «ocidental», desde a
Declaração Universal dos Direitos Humanos até às específicas e respetivas constituições, no
seio dos quais se abrigou e instalou a ditadura do consumismo a mando dos terrorismos
multinacionais protegidos pelas democracias representativas.
Os exercícios de democracia direta espalhados pelo Mundo revelam a necessidade de
uma solidariedade efetiva entre Povos. Uma solidariedade fundamentada na nossa humanidade
partilhada, não nos modelos de organização social, económica e política tal como temos vindo
a ver a sua imposição nas ações concertadas dos supostos representantes do mundo ocidental
em várias partes do planeta. Atualmente, a solidariedade dos Povos do mundo, para com o
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Povo Palestino, será um aspeto decisivo no futuro da Palestina e passa por dois tipos de
mobilização complementares: um trabalho de divulgação, esclarecimento, informação e
reflexão absolutamente necessário e um trabalho mais ativo desde a participação nas
campanhas e ações de BDS (Boicote Desinvestimento e Sanções), na resposta concreta aos
apelos da sociedade civil palestina, tal como o apelo para a próxima missão “Bem-vindo à
Palestina” que irá decorrer de 15 a 21 de abril 2012 e na mobilização de indivíduos, coletivos,
associações, organismos e instituições para preparar e participar no próximo WSF free
Palestine ou Fórum Social Mundial «Free Palestine» em novembro 2012.