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COMO CONSTRUIR UMA TEORIA DO JORNALISMO
Introdu��o
Propondo um modelo te�rico integrador
As evid�ncias que conduzem ao modelo
Primeira equa��o
Segunda equa��o
Testando o modelo (primeira equa��o)
Conclus�o
Bibliografia
Os te�ricos do jornalismo t�m-se dividido em dois campos
quanto � edifica��o de uma teoria unificada do jornalismo. Para
autores como Traquina (2002) ou Viseu (2003), ainda n�o �
poss�vel formular uma teoria do jornalismo; para outros autores,
como Shomaker e Reese (1992) e Sousa (2002), j� existe
conhecimento suficiente sobre o jornalismo para se edificar uma
teoria do jornalismo. O autor apresenta, aqui, o seu contributo
para a constru��o de uma teoria unificada do campo jornal�stico.
O modelo proposto assenta em duas equa��es interligadas, a
primeira das quais visa as not�cias e a segunda os seus efeitos.
Na primeira f�rmula, a not�cia � vista como uma fun��o de seis
for�as (pessoal, social, ideol�gica, cultural, hist�rica e do meio
f�sico e tecnol�gica); na segunda, os efeitos das not�cias s�o
vistos como uma fun��o da not�cia, das pessoas e das suas
circunst�ncias.
Introdu��o
� semelhan�a das ci�ncias exactas e naturais, as ci�ncias
humanas e sociais devem procurar agregar os dados dispersos
fornecidos pela pesquisa em teorias integradoras suscept�veis
de explicar determinados fen�menos com base em leis gerais
predictivas, mesmo que probabil�sticas. As ci�ncias da
comunica��o devem, assim, ultrapassar a sua condi��o de
"disciplinas s�rias", como lhes chamou Debray2, para assumir a
sua cientificidade, como pretendia Moles (1972). Isto implica
avan�ar para a enuncia��o de teorias sempre que os
pesquisadores considerem que existem dados cient�ficos e
evid�ncia suficientes. No campo do jornalismo, essa op��o tem
sido seguida por pesquisadores como Shomaker e Reese
(1992), Sousa (2000; 2002) e mesmo Schudson (1988),
contando, por�m, com a oposi��o de autores como Traquina
(2002) ou Viseu (2003).
Uma teoria do jornalismo deve partir da observa��o de que
h� not�cias jornal�sticas e de que estas t�m efeitos. Em
resultado desta evid�ncia, uma teoria do jornalismo deve
centrar-se no produto jornal�stico -a not�cia jornal�stica,
explicando como surge, como se difunde e quais os efeitos
que gera. Em suma, a teoria do jornalismo deve
substancializar-se como uma teoria da not�cia e responder
a duas quest�es:
Por que � que as not�cias s�o como s�o e por que � que temos
as not�cias que temos (circula��o)?
Quais os efeitos que as not�cias geram?
Uma teoria da not�cia, � semelhan�a de outras teorias
cient�ficas, deve ser enunciada de maneira breve e clara, deve
ser universal, deve ser traduz�vel matematicamente e deve
ainda ser predictiva. Deve atentar no que une e � constante e
n�o no que � acidental. Isto significa que o enunciado da teoria
deve ser contido, expl�cito e aplic�vel a toda e qualquer not�cia
que se tenha feito ou venha a fazer. Uma teoria da not�cia, como
qualquer teoria cient�fica, ser� v�lida unicamente enquanto n�o
ocorrerem fen�menos que a contradigam, pois o conhecimento
cient�fico, que � constru�do, como qualquer outro tipo de
conhecimento, � marcado pela possibilidade de refuta��o e,
portanto, pela revisibilidade.
Propondo um modelo te�rico integrador
Os resultados das pesquisas realizadas no campo dos estudos
jornal�sticos (ver, por exemplo, Sousa, 2002; Shoemaker e
Reese, 1996; Schudson, 1988) permitem percepcionar que (1) a
not�cia jornal�stica � o produto da interac��o hist�rica e presente
(sincr�tica) de for�as pessoais, sociais (organizacionais e extra-
organizacionais), ideol�gicas, culturais, hist�ricas e do meio
f�sico e dos dispositivos tecnol�gicos que interv�m na sua
produ��o e atrav�s dos quais s�o difundidas; e (2) que as
not�cias t�m
efeitos cognitivos, afectivos e comportamentais sobre as
pessoas e, atrav�s delas, sobre as sociedades, as culturas e as
civiliza��es.
Matematicamente, a teoria pode traduzir-se por duas fun��es
interligadas num sistema:
N = f (Fp.Fso.Fseo.Fi.Fc.Fh.Fmf.Fdt)
En = f (Nf.Nc.P.Cm.Cf.Cs.Ci.Cc.Ch)
A primeira equa��o do sistema mostra que a not�cia (N) � fun��o
de v�rias for�as, a saber:
For�a pessoal (Fp)
As not�cias resultam parcialmente das pessoas e das suas
inten��es, da capacidade pessoal dos seus autores e dos
actores que nela e sobre ela interv�m.
For�a social
As not�cias s�o fruto das din�micas e dos constrangimentos do
sistema social (for�a social extra-organizacional - Fseo) e do
meio organizacional em que foram constru�das e fabricadas
(for�a s�cio-organizacional - Fso).
For�a ideol�gica (Fi)
As not�cias s�o originadas por conjuntos de ideias que moldam
processos sociais, proporcionam referentes comuns e d�o
coes�o aos grupos, normalmente em fun��o de interesses,
mesmo quando esses interesses n�o s�o conscientes e
assumidos.
For�a cultural (Fc)
As not�cias s�o um produto do sistema cultural em que s�o
produzidas, que condiciona quer as perspectivas que se t�m do
mundo quer a significa��o que se atribui a esse mesmo mundo
(mundivid�ncia).
For�a do meio f�sico (Fmf)
As not�cias dependem do meio f�sico em que s�o fabricadas.
For�a dos dispositivos tecnol�gicos (Fdt)
As not�cias dependem dos dispositivos tecnol�gicos usados no
seu processo de fabrico e difus�o.
For�a hist�rica (Fh)
As not�cias s�o um produto da hist�ria, durante a qual agiram as
restantes for�as que enformam as not�cias que existem no
presente. A hist�ria proporciona os formatos, as maneiras de
narrar e descrever, os meios de produ��o e difus�o, etc.; o
presente fornece o referente que sustenta o conte�do e as
circunst�ncias actuais de produ��o. Ao ser simultaneamente
hist�rica e presente, a not�cia � sincr�tica.
As not�cias s�o a resultante de um processo sincr�tico, ou seja,
hist�rico e presente, no qual interagiram e interagem v�rias
for�as: pessoal, social (organizacional e extra-organizacional),
ideol�gica, cultural, hist�rica e do meio f�sico e tecnol�gico.
A segunda equa��o do sistema evidencia que os efeitos de uma
not�cia (Enoki variam em fun��o das seguintes vari�veis:
Not�cia
Os efeitos de uma not�cia dependem da pr�pria not�cia.
Atendendo a que cada not�cia tem um formato e um conte�do,
influenciando ambos o processo de percep��o, recep��o e
integra��o, ent�o a vari�vel not�cia deve segmentar-se em duas
vari�veis, o formato da not�cia (Nf) e o conte�do da not�cia (Nc).
Pessoa (P)
Os efeitos de uma not�cia dependem da pessoa que a consome,
da capacidade perceptiva dos seus sentidos, da sua estrutura
mental, da sua personalidade, da sua experi�ncia, da sua
mundiviv�ncia, da sua mundivid�ncia, etc.
Circunst�ncias (C)
Os efeitos da not�cia dependem das circunst�ncias (C) da
pessoa que a recebe. As circunst�ncias que rodeiam a pessoa
respeitam ao meio em que a not�cia � difundida (Cm),
�s condi��es f�sicas da recep��o (Cf), � sociedade (Cs),
� ideologia (Ci), � cultura (Cc) e � pr�pria hist�ria (Ch).
As evid�ncias que conduzem ao modelo
Os resultados das pesquisas que t�m vindo a ser produzidas
sobre o campo jornal�stico, nas quais se recorrea m�todos como
a an�lise do discurso, a observa��o participante, as entrevistas,
os inqu�ritos e os grupos de foco permitem alicer�ar o modelo
te�rico aqui sumariamente apresentado4.
Primeira equa��o
No que respeita � primeira equa��o, podemos considerar, por
exemplo, o papel individual do jornalista
como gatekeeper (White, 1950), a utiliza��o de rotinas
cognitivas (Stocking e Gross, 1989) ou a auto-imagem que o
jornalista tem de si e do seu papel social (Johnstone, Slawski e
Bowman, 1972) como exemplos de for�as pessoais. As rotinas
produtivas, destacadas por Tuchman (1972; 1978) situam-se a
meio caminho entre a for�a pessoal e a for�a social, pois
correspondem a formas mecanicistas pessoais de proceder,
embora esses mecanicismos representem, igualmente, uma
maneira de os jornalistas se defenderem de cr�ticas e de as
organiza��es noticiosas fazerem estrategicamente face ao
imprevisto e conseguirem garantir que o produto informativo se
faz (Tuchman, 1972; 1978). Do mesmo modo, o factor
tempo pode considerar-se a meio caminho entre as for�as
pessoais e sociais, j� que afecta os produtores de informa��o e
as fontes mas ganha express�o no seio da organizacional, onde
se manifesta como um constrangimento � produ��o de
informa��o.
A for�a social pode situar-se em diferentes n�veis: uma for�a
s�cio-organizacional (que se refere aos constrangimentos
decorrentes das organiza��es noticiosas) e uma for�a social
extra-organizacional (referente a todos os constrangimentos que
influenciam o jornalismo a partir do exterior). Ao n�vel
organizacional, as not�cias s�o influenciadas por factores como
a rede que estendem para pescar acontecimentos dignos de se
tornarem not�cia (Tuchman, 1978), o desejo de lucro (Gaunt,
1990), os mecanismos de socializa��o que impelem os
jornalistas a seguir as normas organizacionais (Breed, 1955), a
competi��o entre editores e editorias (Sigal, 1973), os recursos
humanos e materiais (Sousa, 1997), a hierarquia e a
organiza��o internas (Sousa, 1997), a dimens�o e a burocracia
interna (Shoemaker e Reese, 1996), os constrangimentos
temporais (Schlesinger, 1977), a interac��o com as fontes de
informa��o, etc. Ao n�vel extra-organizacional, as not�cias s�o
influenciadas por factores como a audi�ncia e o mercado
(Gaunt, 1990; Kerwin, 1993), as rela��es (problem�ticas)
estabelecidas entre jornalistas e fontes de informa��o, com
preval�ncia dos canais de rotina5 (Sigal, 1973, etc.), etc.
A not�cia tamb�m sofre constrangimentos ideol�gicos (for�a
ideol�gica). Considerando-se a ideologia como um mecanismo
simb�lico que, integrando um sistema de ideias, cimenta a
coes�o e integra��o de um grupo social em fun��o de
interesses, conscientes ou n�o conscientes (a cultura tamb�m
cimenta coes�es, mas n�o em fun��o de interesses), a for�a
ideol�gica sobre as not�cias exerce-se a v�rios n�veis,
come�ando pelas ideologias profissionais da objectividade e do
profissionalismo (Sousa, 2000; 2002). As not�cias tamb�m
tendem a possuir um conte�do ideol�gico que decorre,
sobretudo, das pr�ticas profissionais. Neste caso, as not�cias
podem ser um produto para a amplifica��o dos poderes
dominantes, para a defini��o do leg�timo e do ileg�timo, do
normal e do anormal e para a sustenta��o do statu quo (Hall,
1973; 1978; Shoemaker e Reese, 1996, etc.), mas sem excluir
que h� espa�os polif�nicos no jornalismo.
As not�cias tamb�m variam em fun��o do sistema cultural em
que s�o produzidas. Por exemplo, as not�cias transportam
consigo os ``enquadramentos'' (frames) em que foram
produzidas (Traquina, 1988; Schudson, 1988), s�o constru�das
no seio de uma gram�tica da cultura que as leva a representar
a realidade repetindo formatos culturalmente aprendidos
(Nimmo e Combs, 1983; Schudson, 1988), mobilizam um
invent�rio do discurso (Hall, 1984), ou seja, s�o escritas em
"jornal�s" (Phillips, 1976), tendem a integrar os mitos, as
par�bolas, as lendas e as hist�rias mais proeminentes numa
determinada cultura (Shoemaker e Reese, 1996), etc. Em suma,
as not�cias possuem c�digos simb�licos, culturais, que permitem
o seu reconhecimento pela audi�ncia (Bird e Dardenne, 1988).
N�o h� muitos estudos sobre a influ�ncia do meio f�sico e dos
dispositivos tecnol�gicos sobre o trabalho jornal�stico. De
qualquer modo, e no que respeita ao meio f�sico, � quase
intuitivo dizer-se que um jornalista pode produzir mais e melhor
num local apropriado ao seu trabalho do que num escrit�rio
inadequado e desconfort�vel; ou que o trabalho em situa��es
limite, como as guerras, influencia a cobertura. A ac��o dos
dispositivos tecnol�gicos tamb�m � evidente no jornalismo.
Basta relembrar as mudan�as operadas com a introdu��o de
computadores nas redac��es, com a inser��o de m�quinas
fotogr�ficas e videogr�ficas em telem�veis celulares, com o
videofone, com a Internet, etc.
Finalmente, para se fundamentar a primeira equa��o do modelo
matematizado proposto h� que atentar na for�a hist�rica. Alguns
exemplos: as not�cias repetem formatos ancestrais de narra��o,
como aqueles que eram usados nas antigas Gr�cia e Roma
(Casas�s e Ladev�ze, 1991). O conceito de actualidade ganhou
novas dimens�es a partir da introdu��o do tel�grafo (�lvarez,
1992). Ao longo dos anos tem-se tamb�m assistido ao
alargamento do conjunto de temas notici�veis, devido, entre
outras raz�es, � evolu��o dos frames culturais (�lvarez, 1992).
Noutro exemplo, foi a evolu��o hist�rica da tecnologia (for�a
tecnol�gica ao longo da hist�ria) que providenciou ao jornalismo
novas tecnologias para a produ��o e difus�o de not�cias (Mart�n
Aguado e Armentia Vizuete, 1995).
Segunda equa��o
V�rios autores chamam a aten��o para a necessidade de se
interligarem as not�cias aos seus efeitos numa teoria do
jornalismo. Por exemplo, Shoemaker e Reese (1991; 1996)
argumentam que � necess�rio conhecer os conte�dos das
not�cias para se perceberem os respectivos efeitos; e que s� se
percebem os efeitos quando se conhecem os conte�dos. Por
outras palavras, pode dizer-se que a not�cia apenas se esgota
na sua fase de consumo, que �, precisamente, a fase em que
produz efeitos. Al�m disso, Shoemaker e Reese (1991; 1996)
real�am que os efeitos das not�cias sobre a sociedade, as
institui��es e os poderes podem, por sua vez, repercutir-se
retroactivamente sobre os meios jornal�sticos e, portanto, sobre
as not�cias e os seus conte�dos.
Sousa (2002; 2003) explica, por seu turno, que as not�cias
influenciam a sociedade e as pessoas, a cultura e as
civiliza��es, mas tamb�m a sociedade, as pessoas, a cultura e
as civiliza��es influenciam as not�cias. As not�cias fazem parte
da realidade, contribuem para a constru��o de imagens da
realidade, agendam tem�ticas de debate p�blico, etc. A
realidade, nomeadamente a agenda p�blica, funciona como
referente das not�cias.
Os efeitos de uma not�cia dependem dessa mesma not�cia e
da pessoa que a consome (ver, por exemplo: Sousa, 2002;
Sousa, 2003). As pessoas nem sempre apreendem as mesmas
not�cias e quando o fazem n�o o fazem da mesma maneira. Por
isso, antes de se pensar em efeitos sociais, ideol�gicos, culturais
e civilizacionais das not�cias � preciso atentar nos seus efeitos
sobre as pessoas. Os efeitos sociais, culturais e civilizacionais
das not�cias correspondem a uma esp�cie de alargamento do
leque de abrang�ncia dos efeitos pessoais, ou seja, assentam e
partem dos efeitos pessoais.
As not�cias apresentam um formato e um conte�do. O formato
corresponde � forma com que o conte�do se apresenta. O
formato das not�cias condiciona a aten��o e, portanto, a
percep��o e a apreens�o de uma not�cia.
O conte�do contribui para o desencadeamento de
efeitos afectivos, cognitivos ou comportamentais (Ball-Rokeach
e DeFleur, 1976) em cada pessoa. Mas os meios de
comunica��o influenciam muitas pessoas em simult�neo, da�
que os efeitos das not�cias, embora radiquem primariamente em
cada pessoa, devam ser considerados prioritariamente a n�vel
social, ideol�gico, cultural e civilizacional.
Os efeitos das not�cias variam em fun��o das pessoas porque
as pessoas s�o diferentes entre si e vivem rodeadas de
diferentes circunst�ncias. Isto n�o significa que n�o haja
circunst�ncias comuns a v�rias pessoas ou que algumas
pessoas n�o apresentem suficientes semelhan�as entre si para
os efeitos dos meios serem semelhantes, sobretudo quando se
pensa em efeitos a grande escala. Significa apenas que antes
de se atentar nos efeitos a grande escala � preciso observar os
efeitos sobre cada pessoa, porque, em �ltima inst�ncia, cada
caso � um caso.
As circunst�ncias que afectam a recep��o de uma not�cia, e,
portanto, os seus efeitos, s�o diversos. Em primeiro lugar, pode-
se atentar nas circunst�ncias medi�ticas. Os efeitos de uma
not�cia variam em fun��o do meio. � diferente consumir uma
not�cia na r�dio, onde a mensagem oral, para ser compreens�vel,
tem necessariamente que ser breve, uma not�cia na televis�o,
onde se pode aliar a imagem em movimento ao texto-off, uma
not�cia na imprensa, que pode ser mais aprofundada e incluir
imagens fixas, e uma not�cia na Internet, onde o consumidor pr�-
activo pode tra�ar o seu pr�prio caminho na busca de
informa��o.
Seguidamente, deve atentar-se em todo o conjunto de macro-
circunst�ncias que rodeiam uma pessoa. Num
determinado momento hist�rico, os valores, as normas, as
cren�as, as rela��es sociais estabelecidas, as ideias
referenciais, o sentido que a realidade assume para as pessoas
afectam o efeito das not�cias. Por isso, os efeitos das not�cias
dependem de todo o vasto conjunto de circunst�ncias
sociais, ideol�gicas e culturais que rodeiam o consumidor das
mesmas (ver, por exemplo: Sousa, 2002; 2003).
Testando o modelo (primeira equa��o)
As not�cias, podendo indiciar a realidade que referem, tamb�m
indiciam as suas circunst�ncias de produ��o, reveladas nas
numerosas pesquisas que constituem o corpo da teoria do
jornalismo. Esse mecanismo torna poss�vel identificar nas
not�cias os resultados das for�as que sobre elas se fazem sentir,
impulsionando, direccionando e constrangendo a sua produ��o.
Nos exemplos a seguir inseridos � poss�vel identificar algumas
dessas for�as. No primeiro caso temos uma not�cia de 1864
(extra�da do primeiro n�mero do Di�rio de Not�cias) e no
segundo caso uma not�cia da viragem do s�culo XX para o
s�culo XXI (alterada para protec��o dos visados).
Not�cia 1 Suas Magestades e Altezas passam sem novidade em
suas importantes sa�des.
Not�cia 2 O Presidente da Rep�blica vai ser submetido a uma
pequena cirurgia cardiovascular no pr�ximo m�s, anunciou a
Presid�ncia da Rep�blica.
A Presid�ncia da Rep�blica esclarece que o Presidente se
encontra bem de sa�de e que a cirurgia, embora delicada, �
comum.
A opera��o obrigar� o Presidente a uma semana de
internamento e ao cancelamento dos seus compromissos
oficiais.
A cirurgia ser� feita no Hospital X, em LUANDA, pela equipa do
professor Y, que nos �ltimos cinco anos operou mais de 250
doentes, com uma taxa de sucesso de quase cem por cento.6
O que ambas as not�cias nos revelam sobre si mesmas e sobre
as circunst�ncias e o contexto em que foram produzidas? Para
responder a esta quest�o, procede-se � an�lise, com base no
modelo de Sousa (2002), das for�as que as not�cias indiciam,
partindo de um cen�rio macrosc�pico.
For�as cultural e hist�rica
- A primeira not�cia � uma not�cia de um n�o-acontecimento.
Justifica-se porque foi publicada num contexto de pobreza
informativa7 que obrigava a imprensa noticiosa nascente8 a
aproveitar tudo o que se parecesse com uma novidade
interessante para encher o espa�o editorial. A segunda not�cia �
uma not�cia de um verdadeiro acontecimento (a doen�a do
Presidente da Rep�blica obriga a uma interven��o cir�rgica)
metamorfoseado num acontecimento de rotina (a assessora de
comunica��o da Presid�ncia encarrega-se de promover o
acontecimento � categoria de not�cia9 e os �rg�os de
comunica��o social aproveitam-na n�o s� devido ao seu
interesse noticioso mas tamb�m porque, rotineiramente,
publicam as informa��es oriundas dos principais �rg�os do
Estado).
- As not�cias referem-se ao estado de sa�de dos m�ximos
representantes do pa�s. Os factos a que elas se referem apenas
se tornaram not�cias porque determinados enquadramentos
(ou frames) culturais10 os permitem ver como factos not�veis e
dignos de se tornarem not�cias. Explica Schudson (1988: 20)
que numa determinada sociedade s� existe um n�mero limitado
de not�cias, porque s� determinados factos � que se inserem
dentro dos limites do que � conceb�vel como not�cia. Por isso,
"As novidades s�o comprimidas em velhos ficheiros" (Schudson,
1988: 24). O estado de sa�de dos governantes de Portugal � um
desses velhos ficheiros sempre recuper�veis, porque
corresponde � forma da sociedade portuguesa ver o mundo e
tamb�m porque, no contexto social e pol�tico portugu�s, �
relevante que os cidad�os conhe�am o estado de sa�de de
quem os governa.
Os enquadramentos, complementados com constrangimentos
de outra ordem, como a pol�tica editorial das empresas
jornal�sticas, est�o na base dos crit�rios de noticiabilidade, ou
seja, dos crit�rios suscept�veis de transformar acontecimentos
em not�cias. Neste caso, a refer�ncia a figuras de elite funciona
como um crit�rio de noticiabilidade em ambas as not�cias. Trata-
se de um crit�rio de noticiabilidade perene, um crit�rio que j�
promovia factos a not�cias nos tempos das Actae Diurnae11 e
que provavelmente continuar� a regular a transforma��o de
acontecimentos em not�cias enquanto a sociedade mantiver
uma estrutura s�cio-pol�tica que imp�e a exist�ncia de l�deres e
liderados.
A refer�ncia a personalidades de elite n�o � o �nico crit�rio de
noticiabilidade que impulsionou a publica��o das not�cias.
Baseando-nos na lista de crit�rios de noticiabilidade pela
primeira vez proposta por Galtung e Ruge (1965), � poss�vel
identificar outros crit�rios que permitiram aos jornalistas e
respons�veis editoriais enquadrar os factos relatados na
categoria de not�cias, como sejam o momento (ambas as
not�cias eram actuais quando foram difundidas), a proximidade
(ambas as not�cias dizem respeito a temas que interessam
sobretudo aos portugueses), a personaliza��o (ambas as
not�cias dizem respeito a pessoas), a negatividade (apenas na
segunda not�cia) e ainda a inexist�ncia de d�vidas sobre os
factos que relatam.
- Ambas as not�cias s� puderam ser publicamente difundidas
porque Portugal goza e gozava de liberdade de imprensa,
princ�pio caro �s democracias liberais e que baseia o Modelo
Ocidental de jornalismo (McQuail, 1991; Hachten, 1996), sendo
tamb�m um valor agregador dos jornalistas. As not�cias seriam
impens�veis em pa�ses comunistas como a Coreia do Norte, o
Vietname ou a China, j� que o secretismo isola do escrut�nio
p�blico os dirigentes m�ximos desses pa�ses, em alguns casos
quase sacralizados (como acontece na Coreia do Norte).
- Em ambas as not�cias o relato � dominantemente factual,
evidenciando que o culto dos factos n�o � novo no jornalismo
(Traquina, 1993: 23) e em ambas o n�cleo duro da informa��o
surge no par�grafo inicial (lead). Ali�s, a primeira not�cia
resume-se ao lead, embora a segunda esteja redigida com base
na t�cnica da pir�mide invertida. Esta forma de organiza��o do
discurso n�o � nova. O jornalismo reinventou-a a partir de
meados do s�culo XIX12 -segundo Philips (1976), os jornalistas
escrevem em "jornal�s- e as ag�ncias noticiosas e os jornais
aproveitaram-na e generalizaram-na, mas, na realidade, contar-
se uma novidade come�ando pelo facto mais importante e
prosseguindo hier�rquica e sistematicamente at� ao menos
importante n�o � uma maneira nova de narrar. Pelo contr�rio, j�
se encontram exemplos nos textos cl�ssicos gregos e romanos
(Casas�s e Ladev�ze, 1991). As not�cias s�o, assim, hist�rias
narradas � luz da cultura da sociedade em que s�o produzidas
(Schudson, 1988) e da cultura profissional (Traquina, 2001;
2002).
- Tamb�m a organiza��o interna do discurso n�o � nova. As
not�cias respondem a "quem?", "o qu�?", "como?", "quando?" e
"onde?", embora na primeira not�cia as respostas a "quando?" e
"onde?" sejam impl�citas (onde?, em Portugal; quando?, neste
momento). A segunda not�cia responde ainda a "porqu�?". N�o
foi o jornalismo que deu ao mundo esta forma de relatar
novidades. Foram os antigos gregos, sen�o mesmo
antepassados mais remotos. Na verdade, a ret�rica cl�ssica
manda que no relato de novidades se indiquem o sujeito, o
objecto, a causa, a maneira, o lugar e o tempo. O que � esta
regra sen�o a regra de ouro da not�cia, que manda o jornalista
n�o se esquecer de responder �s seis quest�es fundamentais:
"quem?", "o qu�?", "quando?", "onde?", "como?" e "porqu�?"? O
formato noticioso, como muito bem salienta Schudson (1982),
imp�e a forma das declara��es: "o poder dos media n�o est� s�
(nem principalmente) no seu poder de declarar as coisas como
sendo verdadeiras, mas no seu poder de fornecer as formas sob
as quais as declara��es aparecem".
For�a ideol�gica
- Ambas as not�cias encerram uma inten��o de verdade.
Procuram n�o mentir nem ficcionar sobre a realidade. Esta
inten��o discursiva n�o ficcional � um dos reflexos da ideologia
da objectividade, cultivada pelos jornalistas para se
relegitimarem continuamente no seio do sistema demo-liberal
(Sousa, 1997) e revela-se em procedimentos rituais de
objectividade (Tuchman, 1972) vis�veis nas not�cias, em
particular na segunda not�cia: a facticidade; as cita��es entre
aspas; o endossamento da responsabilidade pelas afirma��es
�s fontes que as enunciaram, etc.
- Ao darem aten��o aos l�deres pol�ticos do pa�s e ao
concederem-lhes rotineiramente espa�o, as not�cias n�o s�
indiciam a organiza��o s�cio-pol�tica da sociedade portuguesa
como tamb�m contribuem para relegitimar essa estrutura
(Sousa, 1997; 2000; 2002). Esta � uma ac��o ideol�gica,
mesmo que n�o intencional.
For�a social
- Ambas as not�cias centram-se em acontecimentos actuais,
superficiais, aparentemente delimitados no espa�o e no tempo
(no primeiro caso centra-se at� num "n�o-acontecimento") e n�o
em problem�ticas dissimuladas na avassaladora paisagem dos
factos e muito menos em problem�ticas antigas. A centraliza��o
nos acontecimentos, nos factos, e n�o nas problem�ticas serve
como uma luva ao jornalismo. Como escreve Traquina (1988:
37), "os acontecimentos s�o concretos, delimitados no tempo e
mais facilmente observ�veis". E Tuchman (1978) explica que
essa centraliza��o nos acontecimentos permite transform�-los
rapidamente em not�cias, pois torna-se f�cil a resposta �s
quest�es que fazem o lead noticioso. Por seu turno, a
centraliza��o na actualidade permite �s organiza��es noticiosas
gerirem melhor os seus recursos e d� resposta aos interesses
da audi�ncia (ou seja, do mercado), que quer, principalmente,
saber "o que h� de novo?". Da� que o jornalista seja um escravo
do tempo, regule a sua ac��o pelas deadlines e pelo ponteiro do
rel�gio, tendo aquilo que poder�amos traduzir por uma
"cronomentalidade", aproveitando a no��o de Schlesinger
(1977).
- Ambas as not�cias s�o factuais. N�o h� coment�rios, apesar
da breve adjectiva��o interpretativa patente na primeira not�cia.
� uma op��o que reflecte a pol�tica editorial das organiza��es
noticiosas no seio das quais ambas as not�cias foram
produzidas, um dos constrangimentos organizacionais mais
relevados nos estudos jornal�sticos (ver, por exemplo: Sousa,
2000; 2002).
- Ambas as not�cias denunciam rotinas segundo as quais os
chefes de Estado portugueses s�o dignos de serem not�cia.
Ambas as not�cias denotam ainda procedimentos rotineiros (a
t�cnica da pir�mide invertida e os procedimentos rotineiros de
objectiviza��o do discurso, particularmente not�rios na segunda
not�cia, s�o um bom exemplo). As rotinas s�o, conforme
explicou Tuchman (1978), uma forma de dar �s organiza��es
noticiosas e aos jornalistas vantagens t�cticas e estrat�gicas
quer no que respeita � necessidade de preencherem com
informa��o um espa�o e um tempo vazios quer no que respeita
� necessidade de se defenderem de cr�ticas. Assim, � num
contexto organizacional que as rotinas mais ganham express�o,
como dissemos. A t�cnica da pir�mide invertida e os
procedimentos de objectiviza��o do discurso s�o exemplos de
rotinas enunciativas que possibilitam aos jornalistas e �s
organiza��es noticiosas vencerem o tempo e transformarem
rapidamente acontecimentos em not�cias public�veis e
dificilmente sujeitas a cr�ticas.
- Devido �s particulares necessidades do fabrico de informa��o
jornal�stica, o jornalismo � perme�vel � ac��o de fontes de
informa��o regulares, autorizadas, poderosas e cred�veis, que
beneficiam de um acesso rotineiro aos meios jornal�sticos. S�o
muitos os estudos jornal�sticos que demonstram essa situa��o
(ver, por exemplo: Sousa, 2000; 2002; Shoemaker e Reese,
1996). A segunda not�cia, baseada, muito provavelmente,
(quase?) toda ela nas informa��es fornecidas pela Presid�ncia
da Rep�blica, � um sintoma da situa��o atr�s descrita.
- A rede de captura de acontecimentos (a news net,
segundoTuchman, 1978) das organiza��es noticiosas funcionou
para a recolha de ambas as not�cias. Hipoteticamente a primeira
not�cia � o resultado da iniciativa dos jornalistas (prov�m de um
canal de iniciativa, na formula��o de Sigal, 1973); a segunda
not�cia revela o acesso socialmente estratificado e rotineiro aos
�rg�os jornal�sticos (� oriunda de um canal de rotina, de acordo
com Sigal, 1973). Mas ambas as not�cias revelam que as
organiza��es noticiosas mobilizaram recursos para estarem
atentas �quilo que se passava nas inst�ncias supremas do
poder pol�tico portugu�s.
- Os problemas no acesso �s fontes (Sousa, 2003: 78) fazem
com que as organiza��es noticiosas se direccionem para as
fontes institucionais em detrimento das individuais, pois s�
entidades burocratizadas t�m capacidade para manter o fluxo
rotineiro de informa��o ver�dica, cred�vel e autorizada de que as
organiza��es noticiosas necessitam. No caso em an�lise,
ambas as not�cias prov�m da chefia do Estado.
- N�o se notam directamente, mas adivinham-se em ambas as
not�cias condicionantes sociais relacionadas com o mercado e a
audi�ncia. O mercado da imprensa de meados do s�culo XIX
ansiava por publica��es que oferecessem essencialmente
not�cias, devido � omnipresen�a das publica��es que traziam
essencialmente artigos pol�ticos. O Di�rio de Not�cias foi a
resposta de um empresariado arguto e empreendedor a essa
necessidade, o que por sua vez se reflectiu na pol�tica editorial
e, portanto, nas not�cias publicadas. Na segunda not�cia revela-
se a manuten��o do interesse da audi�ncia por factos - as
not�cias factuais continuam a constituir a base da informa��o.
For�a pessoal
- N�o h� an�lise ou coment�rio em qualquer uma das not�cias.
Na segunda not�cia h� um esfor�o para explicar a cirurgia e o
que se passa com o Presidente da Rep�blica, mas n�o temos
dados para dizer se a informa��o foi procurada pelo jornalista ou
� oriunda dos servi�os da Presid�ncia da Rep�blica, o que �
mais prov�vel. Em ambas as not�cias o papel do jornalista13 �
essencialmente o de mero organizador e transmissor da
informa��o. Esta op��o, embora possa ser o resultado dos
condicionalismos derivados da pol�tica editorial da organiza��o
noticiosa, tamb�m pode indiciar a auto-imagem que o jornalista
tem do seu papel, que � um exemplo de um condicionalismo
pessoal sobre as not�cias.
- Os redactores recorreram, em ambas as not�cias, �s rotinas
cognitivas que os ajudam a compreender o mundo e a organizar
coerentemente os dados ca�ticos que esse mesmo mundo lhes
envia constantemente (Stocking e Gross, 1989). A aten��o dada
aos chefes de Estado n�o � apenas cultural. � tamb�m o
resultado da actividade cognitiva dos jornalistas, actividade esta
que lhes permite compreender o mundo: um mundo onde h�
l�deres e liderados, onde h� estados chefiados por algu�m. A
forma das not�cias tamb�m n�o � apenas cultural, nem fruto das
pol�ticas editoriais das empresas. Quem redigiu a primeira
not�cia aqui inserida pensava, certamente, que redigir not�cias
era proceder como o fez. Ou seja, mobilizou a sua mente, como
sempre o fez, de maneira a dar sentido ao mundo das not�cias
(rotina cognitiva). Por seu lado, a recorr�ncia � t�cnica da
pir�mide invertida, na segunda not�cia, � uma manifesta��o de
um saber de narra��o (Ericson, Baranek e Chan, 1987) que
para cada jornalista e para a "tribo" jornal�stica (Traquina, 2002)
funciona como uma manifesta��o de compet�ncia profissional.
Cada jornalista, sempre que redige uma not�cia com base nessa
t�cnica, d� sentido pessoal a um acto profissional e revalida, aos
seus pr�prios olhos, o seu lugar no mundo.
- Sempre que enuncia alguma coisa, cada pessoa mobiliza
palavras que fazem parte do seu invent�rio discursivo. Do seu e
n�o do de outra pessoa qualquer. Cada pessoa escreve e fala
de maneira diferente, por muitas que sejam as semelhan�as
entre as formas de falar e dizer, porque cada pessoa domina a
l�ngua de forma diferente. Ambas as not�cias ressentem-se
necessariamente desse processo (Sousa, 2000) - dito por outras
palavras, e de maneira simples, quem as redigiu usou as
palavras que conhecia para as elaborar.
For�a dos dispositivos tecnol�gicos
- Os processos rudimentares de composi��o e impress�o de
textos n�o permitiam not�cias muito grandes nem jornais com
muitas p�ginas durante quase todo o s�culo XIX. A primeira
not�cia ressente-se dessa circunst�ncia. A segunda beneficia
dos processos actuais de composi��o e impress�o.
+++++
+++++
Estamos convencidos de que � tarefa dos estudiosos do
jornalismo construir uma explica��o unificada para as not�cias,
se � que os estudiosos do jornalismo querem ambiciosamente
chegar a algum lado. Estamos tamb�m convencidos que de os
estudos jornal�sticos foram de tal forma f�rteis que j� nos deram
mat�ria-prima suficiente para edificarmos essa explica��o
unificada de forma simples, breve e clara, como acontece em
qualquer teoria cient�fica, independentemente da complexidade
da fundamenta��o da mesma. Estamos ainda convencidos de
que qualquer not�cia � fruto de condicionantes pessoais, sociais,
ideol�gicas, culturais e hist�ricas, do meio f�sico em que �
produzida e dos dispositivos tecnol�gicos que afectam a sua
produ��o. � poss�vel, assim, explicar qualquer not�cia em fun��o
da interac��o dessas for�as e prever que qualquer not�cia que
venha a ser enunciada e fabricada dentro do sistema jornal�stico
resultar� igualmente da interac��o dessas for�as. Por isso,
pensamos, e consideramos provado, que essas for�as t�m de
estruturar uma teoria unificada do jornalismo. Quando uma
not�cia vier a contradizer a teoria, ser�, ent�o, altura de rever a
teoria e, eventualmente, de a substituir.
Bibliografia
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Notas de rodap�
Debray2Entrevista a R�gis Debray, conduzida por Adelino
Gomes e publicada no suplemento Mil Folhas do jornal P�blico,
a 23 de Novembro de 2002....isticas3Ou seja, h� not�cias
produzidas pelo sistema jornal�stico a partir de referentes
reais.... apresentado4Nos livros de Sousa (2000; 2002; 2003),
Shoemaker e Reese (1991; 1996) e Shoemaker (1991)
encontram-se abundantes refer�ncias aos resultados das
pesquisas sobre jornalismo, sistematizados de acordo com a
tese apresentada.... rotina5S�o muitas as pesquisas sobre as
rela��es entre jornalistas e fontes. Consultar, por exemplo,
Sousa (2000; 2002) ou Santos (1997).... cento.6Not�cia de fundo
ver�dico, com alguns nomes e circunst�ncias alterados para
protec��o dos visados.... informativa7Pouca era a informa��o
circulante em Portugal.... nascente8A imprensa noticiosa tem
ra�zes na primeira gera��o da imprensa popular que desponta
nos Estados Unidos nos anos vinte e trinta do s�culo XIX e na
imprensa de neg�cios que floresce a partir do s�culo XVIII. Essa
primeira vaga de jornalismo predominantemente noticioso
(penny press) vai-se impor ao jornalismo predominantemente
opinativo (party press) at� ao final do s�culo XIX, motivada, entre
outros factores, pelo aumento da informa��o circulante devido �
generaliza��o do tel�grafo e � melhoria dos transportes e das
vias de comunica��o. Em Portugal, a funda��o do Di�rio de
Not�cias, no fim de 1864, assinala precisamente essa viragem
noticiosa do jornalismo....icia9Molotch e Lester (1974)
apresentaram o conceito de promotores de not�cias para definir
os indiv�duos que procuram elevar determinados
acontecimentos � categoria de not�cias. Na segunda not�cia, a
assessora de comunica��o da Presid�ncia funciona como
promotora. Molotch e Lester (1974) baseiam-se nas figuras dos
promotores para definir v�rios tipos de acontecimentos. Por�m,
no caso presente a defini��o de acontecimentos dos autores n�o
� aplic�vel, pois a primeira not�cia n�o teve um promotor a n�o
ser o pr�prio �rg�o de comunica��o social e a segunda, embora
tenha um promotor, � um acontecimento de rotina constru�do
sobre um acidente, correspondendo, de certa forma, �
rotiniza��o do inesperado de que falava Tuchman (1978)....
culturais10Goffman (1975) foi o primeiro a teorizar sobre a
no��o de "enquadramento" ou frame. Um "enquadramento"
corresponde �s formas de organizar a vida para dar sentido ao
mundo social e para lhe dar respostas adequadas....
Diurnae11Antepassados remotos dos jornais, as Actae Diurnae,
institu�das por J�lio C�sar, serviram inicialmente para dar conta
dos debates no Senado de Roma e transformaram-se depois
numa esp�cie de jornal administrativo difundido por todo o
Imp�rio Romano, com not�cias das vit�rias das legi�es, dos
abastecimentos de cereais, da Corte Imperial, etc....
XIX12Sobretudo a partir da Guerra Civil Americana (�lvarez,
1992).... jornalista13Em 1864 ainda n�o existiam jornalistas
propriamente ditos, em especial em Portugal, embora a
profissionaliza��o estivesse a avan�ar a passos largos nos
Estados Unidos devido � ac��o dos rep�rteres que cobriram a
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CONSTRUIR UMA TEORIA DO JORNALISMO

  • 1. COMO CONSTRUIR UMA TEORIA DO JORNALISMO Introdu��o Propondo um modelo te�rico integrador As evid�ncias que conduzem ao modelo Primeira equa��o Segunda equa��o Testando o modelo (primeira equa��o) Conclus�o Bibliografia
  • 2. Os te�ricos do jornalismo t�m-se dividido em dois campos quanto � edifica��o de uma teoria unificada do jornalismo. Para autores como Traquina (2002) ou Viseu (2003), ainda n�o � poss�vel formular uma teoria do jornalismo; para outros autores, como Shomaker e Reese (1992) e Sousa (2002), j� existe conhecimento suficiente sobre o jornalismo para se edificar uma teoria do jornalismo. O autor apresenta, aqui, o seu contributo para a constru��o de uma teoria unificada do campo jornal�stico. O modelo proposto assenta em duas equa��es interligadas, a primeira das quais visa as not�cias e a segunda os seus efeitos. Na primeira f�rmula, a not�cia � vista como uma fun��o de seis for�as (pessoal, social, ideol�gica, cultural, hist�rica e do meio f�sico e tecnol�gica); na segunda, os efeitos das not�cias s�o vistos como uma fun��o da not�cia, das pessoas e das suas circunst�ncias.
  • 3. Introdu��o � semelhan�a das ci�ncias exactas e naturais, as ci�ncias humanas e sociais devem procurar agregar os dados dispersos fornecidos pela pesquisa em teorias integradoras suscept�veis de explicar determinados fen�menos com base em leis gerais predictivas, mesmo que probabil�sticas. As ci�ncias da comunica��o devem, assim, ultrapassar a sua condi��o de "disciplinas s�rias", como lhes chamou Debray2, para assumir a sua cientificidade, como pretendia Moles (1972). Isto implica avan�ar para a enuncia��o de teorias sempre que os pesquisadores considerem que existem dados cient�ficos e evid�ncia suficientes. No campo do jornalismo, essa op��o tem sido seguida por pesquisadores como Shomaker e Reese (1992), Sousa (2000; 2002) e mesmo Schudson (1988), contando, por�m, com a oposi��o de autores como Traquina (2002) ou Viseu (2003). Uma teoria do jornalismo deve partir da observa��o de que h� not�cias jornal�sticas e de que estas t�m efeitos. Em resultado desta evid�ncia, uma teoria do jornalismo deve centrar-se no produto jornal�stico -a not�cia jornal�stica, explicando como surge, como se difunde e quais os efeitos que gera. Em suma, a teoria do jornalismo deve substancializar-se como uma teoria da not�cia e responder a duas quest�es: Por que � que as not�cias s�o como s�o e por que � que temos as not�cias que temos (circula��o)? Quais os efeitos que as not�cias geram? Uma teoria da not�cia, � semelhan�a de outras teorias cient�ficas, deve ser enunciada de maneira breve e clara, deve ser universal, deve ser traduz�vel matematicamente e deve ainda ser predictiva. Deve atentar no que une e � constante e n�o no que � acidental. Isto significa que o enunciado da teoria deve ser contido, expl�cito e aplic�vel a toda e qualquer not�cia que se tenha feito ou venha a fazer. Uma teoria da not�cia, como qualquer teoria cient�fica, ser� v�lida unicamente enquanto n�o
  • 4. ocorrerem fen�menos que a contradigam, pois o conhecimento cient�fico, que � constru�do, como qualquer outro tipo de conhecimento, � marcado pela possibilidade de refuta��o e, portanto, pela revisibilidade.
  • 5. Propondo um modelo te�rico integrador Os resultados das pesquisas realizadas no campo dos estudos jornal�sticos (ver, por exemplo, Sousa, 2002; Shoemaker e Reese, 1996; Schudson, 1988) permitem percepcionar que (1) a not�cia jornal�stica � o produto da interac��o hist�rica e presente (sincr�tica) de for�as pessoais, sociais (organizacionais e extra- organizacionais), ideol�gicas, culturais, hist�ricas e do meio f�sico e dos dispositivos tecnol�gicos que interv�m na sua produ��o e atrav�s dos quais s�o difundidas; e (2) que as not�cias t�m efeitos cognitivos, afectivos e comportamentais sobre as pessoas e, atrav�s delas, sobre as sociedades, as culturas e as civiliza��es. Matematicamente, a teoria pode traduzir-se por duas fun��es interligadas num sistema: N = f (Fp.Fso.Fseo.Fi.Fc.Fh.Fmf.Fdt) En = f (Nf.Nc.P.Cm.Cf.Cs.Ci.Cc.Ch) A primeira equa��o do sistema mostra que a not�cia (N) � fun��o de v�rias for�as, a saber: For�a pessoal (Fp) As not�cias resultam parcialmente das pessoas e das suas inten��es, da capacidade pessoal dos seus autores e dos actores que nela e sobre ela interv�m. For�a social As not�cias s�o fruto das din�micas e dos constrangimentos do sistema social (for�a social extra-organizacional - Fseo) e do meio organizacional em que foram constru�das e fabricadas (for�a s�cio-organizacional - Fso). For�a ideol�gica (Fi)
  • 6. As not�cias s�o originadas por conjuntos de ideias que moldam processos sociais, proporcionam referentes comuns e d�o coes�o aos grupos, normalmente em fun��o de interesses, mesmo quando esses interesses n�o s�o conscientes e assumidos. For�a cultural (Fc) As not�cias s�o um produto do sistema cultural em que s�o produzidas, que condiciona quer as perspectivas que se t�m do mundo quer a significa��o que se atribui a esse mesmo mundo (mundivid�ncia). For�a do meio f�sico (Fmf) As not�cias dependem do meio f�sico em que s�o fabricadas. For�a dos dispositivos tecnol�gicos (Fdt) As not�cias dependem dos dispositivos tecnol�gicos usados no seu processo de fabrico e difus�o. For�a hist�rica (Fh) As not�cias s�o um produto da hist�ria, durante a qual agiram as restantes for�as que enformam as not�cias que existem no presente. A hist�ria proporciona os formatos, as maneiras de narrar e descrever, os meios de produ��o e difus�o, etc.; o presente fornece o referente que sustenta o conte�do e as circunst�ncias actuais de produ��o. Ao ser simultaneamente hist�rica e presente, a not�cia � sincr�tica. As not�cias s�o a resultante de um processo sincr�tico, ou seja, hist�rico e presente, no qual interagiram e interagem v�rias for�as: pessoal, social (organizacional e extra-organizacional), ideol�gica, cultural, hist�rica e do meio f�sico e tecnol�gico. A segunda equa��o do sistema evidencia que os efeitos de uma not�cia (Enoki variam em fun��o das seguintes vari�veis:
  • 7. Not�cia Os efeitos de uma not�cia dependem da pr�pria not�cia. Atendendo a que cada not�cia tem um formato e um conte�do, influenciando ambos o processo de percep��o, recep��o e integra��o, ent�o a vari�vel not�cia deve segmentar-se em duas vari�veis, o formato da not�cia (Nf) e o conte�do da not�cia (Nc). Pessoa (P) Os efeitos de uma not�cia dependem da pessoa que a consome, da capacidade perceptiva dos seus sentidos, da sua estrutura mental, da sua personalidade, da sua experi�ncia, da sua mundiviv�ncia, da sua mundivid�ncia, etc. Circunst�ncias (C) Os efeitos da not�cia dependem das circunst�ncias (C) da pessoa que a recebe. As circunst�ncias que rodeiam a pessoa respeitam ao meio em que a not�cia � difundida (Cm), �s condi��es f�sicas da recep��o (Cf), � sociedade (Cs), � ideologia (Ci), � cultura (Cc) e � pr�pria hist�ria (Ch). As evid�ncias que conduzem ao modelo Os resultados das pesquisas que t�m vindo a ser produzidas sobre o campo jornal�stico, nas quais se recorrea m�todos como a an�lise do discurso, a observa��o participante, as entrevistas, os inqu�ritos e os grupos de foco permitem alicer�ar o modelo te�rico aqui sumariamente apresentado4. Primeira equa��o No que respeita � primeira equa��o, podemos considerar, por exemplo, o papel individual do jornalista como gatekeeper (White, 1950), a utiliza��o de rotinas cognitivas (Stocking e Gross, 1989) ou a auto-imagem que o jornalista tem de si e do seu papel social (Johnstone, Slawski e Bowman, 1972) como exemplos de for�as pessoais. As rotinas produtivas, destacadas por Tuchman (1972; 1978) situam-se a
  • 8. meio caminho entre a for�a pessoal e a for�a social, pois correspondem a formas mecanicistas pessoais de proceder, embora esses mecanicismos representem, igualmente, uma maneira de os jornalistas se defenderem de cr�ticas e de as organiza��es noticiosas fazerem estrategicamente face ao imprevisto e conseguirem garantir que o produto informativo se faz (Tuchman, 1972; 1978). Do mesmo modo, o factor tempo pode considerar-se a meio caminho entre as for�as pessoais e sociais, j� que afecta os produtores de informa��o e as fontes mas ganha express�o no seio da organizacional, onde se manifesta como um constrangimento � produ��o de informa��o. A for�a social pode situar-se em diferentes n�veis: uma for�a s�cio-organizacional (que se refere aos constrangimentos decorrentes das organiza��es noticiosas) e uma for�a social extra-organizacional (referente a todos os constrangimentos que influenciam o jornalismo a partir do exterior). Ao n�vel organizacional, as not�cias s�o influenciadas por factores como a rede que estendem para pescar acontecimentos dignos de se tornarem not�cia (Tuchman, 1978), o desejo de lucro (Gaunt, 1990), os mecanismos de socializa��o que impelem os jornalistas a seguir as normas organizacionais (Breed, 1955), a competi��o entre editores e editorias (Sigal, 1973), os recursos humanos e materiais (Sousa, 1997), a hierarquia e a organiza��o internas (Sousa, 1997), a dimens�o e a burocracia interna (Shoemaker e Reese, 1996), os constrangimentos temporais (Schlesinger, 1977), a interac��o com as fontes de informa��o, etc. Ao n�vel extra-organizacional, as not�cias s�o influenciadas por factores como a audi�ncia e o mercado (Gaunt, 1990; Kerwin, 1993), as rela��es (problem�ticas) estabelecidas entre jornalistas e fontes de informa��o, com preval�ncia dos canais de rotina5 (Sigal, 1973, etc.), etc. A not�cia tamb�m sofre constrangimentos ideol�gicos (for�a ideol�gica). Considerando-se a ideologia como um mecanismo simb�lico que, integrando um sistema de ideias, cimenta a coes�o e integra��o de um grupo social em fun��o de interesses, conscientes ou n�o conscientes (a cultura tamb�m cimenta coes�es, mas n�o em fun��o de interesses), a for�a ideol�gica sobre as not�cias exerce-se a v�rios n�veis,
  • 9. come�ando pelas ideologias profissionais da objectividade e do profissionalismo (Sousa, 2000; 2002). As not�cias tamb�m tendem a possuir um conte�do ideol�gico que decorre, sobretudo, das pr�ticas profissionais. Neste caso, as not�cias podem ser um produto para a amplifica��o dos poderes dominantes, para a defini��o do leg�timo e do ileg�timo, do normal e do anormal e para a sustenta��o do statu quo (Hall, 1973; 1978; Shoemaker e Reese, 1996, etc.), mas sem excluir que h� espa�os polif�nicos no jornalismo. As not�cias tamb�m variam em fun��o do sistema cultural em que s�o produzidas. Por exemplo, as not�cias transportam consigo os ``enquadramentos'' (frames) em que foram produzidas (Traquina, 1988; Schudson, 1988), s�o constru�das no seio de uma gram�tica da cultura que as leva a representar a realidade repetindo formatos culturalmente aprendidos (Nimmo e Combs, 1983; Schudson, 1988), mobilizam um invent�rio do discurso (Hall, 1984), ou seja, s�o escritas em "jornal�s" (Phillips, 1976), tendem a integrar os mitos, as par�bolas, as lendas e as hist�rias mais proeminentes numa determinada cultura (Shoemaker e Reese, 1996), etc. Em suma, as not�cias possuem c�digos simb�licos, culturais, que permitem o seu reconhecimento pela audi�ncia (Bird e Dardenne, 1988). N�o h� muitos estudos sobre a influ�ncia do meio f�sico e dos dispositivos tecnol�gicos sobre o trabalho jornal�stico. De qualquer modo, e no que respeita ao meio f�sico, � quase intuitivo dizer-se que um jornalista pode produzir mais e melhor num local apropriado ao seu trabalho do que num escrit�rio inadequado e desconfort�vel; ou que o trabalho em situa��es limite, como as guerras, influencia a cobertura. A ac��o dos dispositivos tecnol�gicos tamb�m � evidente no jornalismo. Basta relembrar as mudan�as operadas com a introdu��o de computadores nas redac��es, com a inser��o de m�quinas fotogr�ficas e videogr�ficas em telem�veis celulares, com o videofone, com a Internet, etc. Finalmente, para se fundamentar a primeira equa��o do modelo matematizado proposto h� que atentar na for�a hist�rica. Alguns exemplos: as not�cias repetem formatos ancestrais de narra��o, como aqueles que eram usados nas antigas Gr�cia e Roma (Casas�s e Ladev�ze, 1991). O conceito de actualidade ganhou
  • 10. novas dimens�es a partir da introdu��o do tel�grafo (�lvarez, 1992). Ao longo dos anos tem-se tamb�m assistido ao alargamento do conjunto de temas notici�veis, devido, entre outras raz�es, � evolu��o dos frames culturais (�lvarez, 1992). Noutro exemplo, foi a evolu��o hist�rica da tecnologia (for�a tecnol�gica ao longo da hist�ria) que providenciou ao jornalismo novas tecnologias para a produ��o e difus�o de not�cias (Mart�n Aguado e Armentia Vizuete, 1995). Segunda equa��o V�rios autores chamam a aten��o para a necessidade de se interligarem as not�cias aos seus efeitos numa teoria do jornalismo. Por exemplo, Shoemaker e Reese (1991; 1996) argumentam que � necess�rio conhecer os conte�dos das not�cias para se perceberem os respectivos efeitos; e que s� se percebem os efeitos quando se conhecem os conte�dos. Por outras palavras, pode dizer-se que a not�cia apenas se esgota na sua fase de consumo, que �, precisamente, a fase em que produz efeitos. Al�m disso, Shoemaker e Reese (1991; 1996) real�am que os efeitos das not�cias sobre a sociedade, as institui��es e os poderes podem, por sua vez, repercutir-se retroactivamente sobre os meios jornal�sticos e, portanto, sobre as not�cias e os seus conte�dos. Sousa (2002; 2003) explica, por seu turno, que as not�cias influenciam a sociedade e as pessoas, a cultura e as civiliza��es, mas tamb�m a sociedade, as pessoas, a cultura e as civiliza��es influenciam as not�cias. As not�cias fazem parte da realidade, contribuem para a constru��o de imagens da realidade, agendam tem�ticas de debate p�blico, etc. A realidade, nomeadamente a agenda p�blica, funciona como referente das not�cias. Os efeitos de uma not�cia dependem dessa mesma not�cia e da pessoa que a consome (ver, por exemplo: Sousa, 2002; Sousa, 2003). As pessoas nem sempre apreendem as mesmas not�cias e quando o fazem n�o o fazem da mesma maneira. Por isso, antes de se pensar em efeitos sociais, ideol�gicos, culturais e civilizacionais das not�cias � preciso atentar nos seus efeitos sobre as pessoas. Os efeitos sociais, culturais e civilizacionais das not�cias correspondem a uma esp�cie de alargamento do
  • 11. leque de abrang�ncia dos efeitos pessoais, ou seja, assentam e partem dos efeitos pessoais. As not�cias apresentam um formato e um conte�do. O formato corresponde � forma com que o conte�do se apresenta. O formato das not�cias condiciona a aten��o e, portanto, a percep��o e a apreens�o de uma not�cia. O conte�do contribui para o desencadeamento de efeitos afectivos, cognitivos ou comportamentais (Ball-Rokeach e DeFleur, 1976) em cada pessoa. Mas os meios de comunica��o influenciam muitas pessoas em simult�neo, da� que os efeitos das not�cias, embora radiquem primariamente em cada pessoa, devam ser considerados prioritariamente a n�vel social, ideol�gico, cultural e civilizacional. Os efeitos das not�cias variam em fun��o das pessoas porque as pessoas s�o diferentes entre si e vivem rodeadas de diferentes circunst�ncias. Isto n�o significa que n�o haja circunst�ncias comuns a v�rias pessoas ou que algumas pessoas n�o apresentem suficientes semelhan�as entre si para os efeitos dos meios serem semelhantes, sobretudo quando se pensa em efeitos a grande escala. Significa apenas que antes de se atentar nos efeitos a grande escala � preciso observar os efeitos sobre cada pessoa, porque, em �ltima inst�ncia, cada caso � um caso. As circunst�ncias que afectam a recep��o de uma not�cia, e, portanto, os seus efeitos, s�o diversos. Em primeiro lugar, pode- se atentar nas circunst�ncias medi�ticas. Os efeitos de uma not�cia variam em fun��o do meio. � diferente consumir uma not�cia na r�dio, onde a mensagem oral, para ser compreens�vel, tem necessariamente que ser breve, uma not�cia na televis�o, onde se pode aliar a imagem em movimento ao texto-off, uma not�cia na imprensa, que pode ser mais aprofundada e incluir imagens fixas, e uma not�cia na Internet, onde o consumidor pr�- activo pode tra�ar o seu pr�prio caminho na busca de informa��o.
  • 12. Seguidamente, deve atentar-se em todo o conjunto de macro- circunst�ncias que rodeiam uma pessoa. Num determinado momento hist�rico, os valores, as normas, as cren�as, as rela��es sociais estabelecidas, as ideias referenciais, o sentido que a realidade assume para as pessoas afectam o efeito das not�cias. Por isso, os efeitos das not�cias dependem de todo o vasto conjunto de circunst�ncias sociais, ideol�gicas e culturais que rodeiam o consumidor das mesmas (ver, por exemplo: Sousa, 2002; 2003). Testando o modelo (primeira equa��o) As not�cias, podendo indiciar a realidade que referem, tamb�m indiciam as suas circunst�ncias de produ��o, reveladas nas numerosas pesquisas que constituem o corpo da teoria do jornalismo. Esse mecanismo torna poss�vel identificar nas not�cias os resultados das for�as que sobre elas se fazem sentir, impulsionando, direccionando e constrangendo a sua produ��o. Nos exemplos a seguir inseridos � poss�vel identificar algumas dessas for�as. No primeiro caso temos uma not�cia de 1864 (extra�da do primeiro n�mero do Di�rio de Not�cias) e no segundo caso uma not�cia da viragem do s�culo XX para o s�culo XXI (alterada para protec��o dos visados). Not�cia 1 Suas Magestades e Altezas passam sem novidade em suas importantes sa�des. Not�cia 2 O Presidente da Rep�blica vai ser submetido a uma pequena cirurgia cardiovascular no pr�ximo m�s, anunciou a Presid�ncia da Rep�blica. A Presid�ncia da Rep�blica esclarece que o Presidente se encontra bem de sa�de e que a cirurgia, embora delicada, � comum. A opera��o obrigar� o Presidente a uma semana de internamento e ao cancelamento dos seus compromissos oficiais.
  • 13. A cirurgia ser� feita no Hospital X, em LUANDA, pela equipa do professor Y, que nos �ltimos cinco anos operou mais de 250 doentes, com uma taxa de sucesso de quase cem por cento.6 O que ambas as not�cias nos revelam sobre si mesmas e sobre as circunst�ncias e o contexto em que foram produzidas? Para responder a esta quest�o, procede-se � an�lise, com base no modelo de Sousa (2002), das for�as que as not�cias indiciam, partindo de um cen�rio macrosc�pico. For�as cultural e hist�rica - A primeira not�cia � uma not�cia de um n�o-acontecimento. Justifica-se porque foi publicada num contexto de pobreza informativa7 que obrigava a imprensa noticiosa nascente8 a aproveitar tudo o que se parecesse com uma novidade interessante para encher o espa�o editorial. A segunda not�cia � uma not�cia de um verdadeiro acontecimento (a doen�a do Presidente da Rep�blica obriga a uma interven��o cir�rgica) metamorfoseado num acontecimento de rotina (a assessora de comunica��o da Presid�ncia encarrega-se de promover o acontecimento � categoria de not�cia9 e os �rg�os de comunica��o social aproveitam-na n�o s� devido ao seu interesse noticioso mas tamb�m porque, rotineiramente, publicam as informa��es oriundas dos principais �rg�os do Estado). - As not�cias referem-se ao estado de sa�de dos m�ximos representantes do pa�s. Os factos a que elas se referem apenas se tornaram not�cias porque determinados enquadramentos (ou frames) culturais10 os permitem ver como factos not�veis e dignos de se tornarem not�cias. Explica Schudson (1988: 20) que numa determinada sociedade s� existe um n�mero limitado de not�cias, porque s� determinados factos � que se inserem dentro dos limites do que � conceb�vel como not�cia. Por isso, "As novidades s�o comprimidas em velhos ficheiros" (Schudson, 1988: 24). O estado de sa�de dos governantes de Portugal � um desses velhos ficheiros sempre recuper�veis, porque corresponde � forma da sociedade portuguesa ver o mundo e tamb�m porque, no contexto social e pol�tico portugu�s, �
  • 14. relevante que os cidad�os conhe�am o estado de sa�de de quem os governa. Os enquadramentos, complementados com constrangimentos de outra ordem, como a pol�tica editorial das empresas jornal�sticas, est�o na base dos crit�rios de noticiabilidade, ou seja, dos crit�rios suscept�veis de transformar acontecimentos em not�cias. Neste caso, a refer�ncia a figuras de elite funciona como um crit�rio de noticiabilidade em ambas as not�cias. Trata- se de um crit�rio de noticiabilidade perene, um crit�rio que j� promovia factos a not�cias nos tempos das Actae Diurnae11 e que provavelmente continuar� a regular a transforma��o de acontecimentos em not�cias enquanto a sociedade mantiver uma estrutura s�cio-pol�tica que imp�e a exist�ncia de l�deres e liderados. A refer�ncia a personalidades de elite n�o � o �nico crit�rio de noticiabilidade que impulsionou a publica��o das not�cias. Baseando-nos na lista de crit�rios de noticiabilidade pela primeira vez proposta por Galtung e Ruge (1965), � poss�vel identificar outros crit�rios que permitiram aos jornalistas e respons�veis editoriais enquadrar os factos relatados na categoria de not�cias, como sejam o momento (ambas as not�cias eram actuais quando foram difundidas), a proximidade (ambas as not�cias dizem respeito a temas que interessam sobretudo aos portugueses), a personaliza��o (ambas as not�cias dizem respeito a pessoas), a negatividade (apenas na segunda not�cia) e ainda a inexist�ncia de d�vidas sobre os factos que relatam. - Ambas as not�cias s� puderam ser publicamente difundidas porque Portugal goza e gozava de liberdade de imprensa, princ�pio caro �s democracias liberais e que baseia o Modelo Ocidental de jornalismo (McQuail, 1991; Hachten, 1996), sendo tamb�m um valor agregador dos jornalistas. As not�cias seriam impens�veis em pa�ses comunistas como a Coreia do Norte, o Vietname ou a China, j� que o secretismo isola do escrut�nio p�blico os dirigentes m�ximos desses pa�ses, em alguns casos quase sacralizados (como acontece na Coreia do Norte).
  • 15. - Em ambas as not�cias o relato � dominantemente factual, evidenciando que o culto dos factos n�o � novo no jornalismo (Traquina, 1993: 23) e em ambas o n�cleo duro da informa��o surge no par�grafo inicial (lead). Ali�s, a primeira not�cia resume-se ao lead, embora a segunda esteja redigida com base na t�cnica da pir�mide invertida. Esta forma de organiza��o do discurso n�o � nova. O jornalismo reinventou-a a partir de meados do s�culo XIX12 -segundo Philips (1976), os jornalistas escrevem em "jornal�s- e as ag�ncias noticiosas e os jornais aproveitaram-na e generalizaram-na, mas, na realidade, contar- se uma novidade come�ando pelo facto mais importante e prosseguindo hier�rquica e sistematicamente at� ao menos importante n�o � uma maneira nova de narrar. Pelo contr�rio, j� se encontram exemplos nos textos cl�ssicos gregos e romanos (Casas�s e Ladev�ze, 1991). As not�cias s�o, assim, hist�rias narradas � luz da cultura da sociedade em que s�o produzidas (Schudson, 1988) e da cultura profissional (Traquina, 2001; 2002). - Tamb�m a organiza��o interna do discurso n�o � nova. As not�cias respondem a "quem?", "o qu�?", "como?", "quando?" e "onde?", embora na primeira not�cia as respostas a "quando?" e "onde?" sejam impl�citas (onde?, em Portugal; quando?, neste momento). A segunda not�cia responde ainda a "porqu�?". N�o foi o jornalismo que deu ao mundo esta forma de relatar novidades. Foram os antigos gregos, sen�o mesmo antepassados mais remotos. Na verdade, a ret�rica cl�ssica manda que no relato de novidades se indiquem o sujeito, o objecto, a causa, a maneira, o lugar e o tempo. O que � esta regra sen�o a regra de ouro da not�cia, que manda o jornalista n�o se esquecer de responder �s seis quest�es fundamentais: "quem?", "o qu�?", "quando?", "onde?", "como?" e "porqu�?"? O formato noticioso, como muito bem salienta Schudson (1982), imp�e a forma das declara��es: "o poder dos media n�o est� s� (nem principalmente) no seu poder de declarar as coisas como sendo verdadeiras, mas no seu poder de fornecer as formas sob as quais as declara��es aparecem". For�a ideol�gica
  • 16. - Ambas as not�cias encerram uma inten��o de verdade. Procuram n�o mentir nem ficcionar sobre a realidade. Esta inten��o discursiva n�o ficcional � um dos reflexos da ideologia da objectividade, cultivada pelos jornalistas para se relegitimarem continuamente no seio do sistema demo-liberal (Sousa, 1997) e revela-se em procedimentos rituais de objectividade (Tuchman, 1972) vis�veis nas not�cias, em particular na segunda not�cia: a facticidade; as cita��es entre aspas; o endossamento da responsabilidade pelas afirma��es �s fontes que as enunciaram, etc. - Ao darem aten��o aos l�deres pol�ticos do pa�s e ao concederem-lhes rotineiramente espa�o, as not�cias n�o s� indiciam a organiza��o s�cio-pol�tica da sociedade portuguesa como tamb�m contribuem para relegitimar essa estrutura (Sousa, 1997; 2000; 2002). Esta � uma ac��o ideol�gica, mesmo que n�o intencional. For�a social - Ambas as not�cias centram-se em acontecimentos actuais, superficiais, aparentemente delimitados no espa�o e no tempo (no primeiro caso centra-se at� num "n�o-acontecimento") e n�o em problem�ticas dissimuladas na avassaladora paisagem dos factos e muito menos em problem�ticas antigas. A centraliza��o nos acontecimentos, nos factos, e n�o nas problem�ticas serve como uma luva ao jornalismo. Como escreve Traquina (1988: 37), "os acontecimentos s�o concretos, delimitados no tempo e mais facilmente observ�veis". E Tuchman (1978) explica que essa centraliza��o nos acontecimentos permite transform�-los rapidamente em not�cias, pois torna-se f�cil a resposta �s quest�es que fazem o lead noticioso. Por seu turno, a centraliza��o na actualidade permite �s organiza��es noticiosas gerirem melhor os seus recursos e d� resposta aos interesses da audi�ncia (ou seja, do mercado), que quer, principalmente, saber "o que h� de novo?". Da� que o jornalista seja um escravo do tempo, regule a sua ac��o pelas deadlines e pelo ponteiro do rel�gio, tendo aquilo que poder�amos traduzir por uma "cronomentalidade", aproveitando a no��o de Schlesinger (1977). - Ambas as not�cias s�o factuais. N�o h� coment�rios, apesar da breve adjectiva��o interpretativa patente na primeira not�cia.
  • 17. � uma op��o que reflecte a pol�tica editorial das organiza��es noticiosas no seio das quais ambas as not�cias foram produzidas, um dos constrangimentos organizacionais mais relevados nos estudos jornal�sticos (ver, por exemplo: Sousa, 2000; 2002). - Ambas as not�cias denunciam rotinas segundo as quais os chefes de Estado portugueses s�o dignos de serem not�cia. Ambas as not�cias denotam ainda procedimentos rotineiros (a t�cnica da pir�mide invertida e os procedimentos rotineiros de objectiviza��o do discurso, particularmente not�rios na segunda not�cia, s�o um bom exemplo). As rotinas s�o, conforme explicou Tuchman (1978), uma forma de dar �s organiza��es noticiosas e aos jornalistas vantagens t�cticas e estrat�gicas quer no que respeita � necessidade de preencherem com informa��o um espa�o e um tempo vazios quer no que respeita � necessidade de se defenderem de cr�ticas. Assim, � num contexto organizacional que as rotinas mais ganham express�o, como dissemos. A t�cnica da pir�mide invertida e os procedimentos de objectiviza��o do discurso s�o exemplos de rotinas enunciativas que possibilitam aos jornalistas e �s organiza��es noticiosas vencerem o tempo e transformarem rapidamente acontecimentos em not�cias public�veis e dificilmente sujeitas a cr�ticas. - Devido �s particulares necessidades do fabrico de informa��o jornal�stica, o jornalismo � perme�vel � ac��o de fontes de informa��o regulares, autorizadas, poderosas e cred�veis, que beneficiam de um acesso rotineiro aos meios jornal�sticos. S�o muitos os estudos jornal�sticos que demonstram essa situa��o (ver, por exemplo: Sousa, 2000; 2002; Shoemaker e Reese, 1996). A segunda not�cia, baseada, muito provavelmente, (quase?) toda ela nas informa��es fornecidas pela Presid�ncia da Rep�blica, � um sintoma da situa��o atr�s descrita. - A rede de captura de acontecimentos (a news net, segundoTuchman, 1978) das organiza��es noticiosas funcionou para a recolha de ambas as not�cias. Hipoteticamente a primeira not�cia � o resultado da iniciativa dos jornalistas (prov�m de um canal de iniciativa, na formula��o de Sigal, 1973); a segunda not�cia revela o acesso socialmente estratificado e rotineiro aos �rg�os jornal�sticos (� oriunda de um canal de rotina, de acordo com Sigal, 1973). Mas ambas as not�cias revelam que as
  • 18. organiza��es noticiosas mobilizaram recursos para estarem atentas �quilo que se passava nas inst�ncias supremas do poder pol�tico portugu�s. - Os problemas no acesso �s fontes (Sousa, 2003: 78) fazem com que as organiza��es noticiosas se direccionem para as fontes institucionais em detrimento das individuais, pois s� entidades burocratizadas t�m capacidade para manter o fluxo rotineiro de informa��o ver�dica, cred�vel e autorizada de que as organiza��es noticiosas necessitam. No caso em an�lise, ambas as not�cias prov�m da chefia do Estado. - N�o se notam directamente, mas adivinham-se em ambas as not�cias condicionantes sociais relacionadas com o mercado e a audi�ncia. O mercado da imprensa de meados do s�culo XIX ansiava por publica��es que oferecessem essencialmente not�cias, devido � omnipresen�a das publica��es que traziam essencialmente artigos pol�ticos. O Di�rio de Not�cias foi a resposta de um empresariado arguto e empreendedor a essa necessidade, o que por sua vez se reflectiu na pol�tica editorial e, portanto, nas not�cias publicadas. Na segunda not�cia revela- se a manuten��o do interesse da audi�ncia por factos - as not�cias factuais continuam a constituir a base da informa��o. For�a pessoal - N�o h� an�lise ou coment�rio em qualquer uma das not�cias. Na segunda not�cia h� um esfor�o para explicar a cirurgia e o que se passa com o Presidente da Rep�blica, mas n�o temos dados para dizer se a informa��o foi procurada pelo jornalista ou � oriunda dos servi�os da Presid�ncia da Rep�blica, o que � mais prov�vel. Em ambas as not�cias o papel do jornalista13 � essencialmente o de mero organizador e transmissor da informa��o. Esta op��o, embora possa ser o resultado dos condicionalismos derivados da pol�tica editorial da organiza��o noticiosa, tamb�m pode indiciar a auto-imagem que o jornalista tem do seu papel, que � um exemplo de um condicionalismo pessoal sobre as not�cias. - Os redactores recorreram, em ambas as not�cias, �s rotinas cognitivas que os ajudam a compreender o mundo e a organizar coerentemente os dados ca�ticos que esse mesmo mundo lhes envia constantemente (Stocking e Gross, 1989). A aten��o dada aos chefes de Estado n�o � apenas cultural. � tamb�m o
  • 19. resultado da actividade cognitiva dos jornalistas, actividade esta que lhes permite compreender o mundo: um mundo onde h� l�deres e liderados, onde h� estados chefiados por algu�m. A forma das not�cias tamb�m n�o � apenas cultural, nem fruto das pol�ticas editoriais das empresas. Quem redigiu a primeira not�cia aqui inserida pensava, certamente, que redigir not�cias era proceder como o fez. Ou seja, mobilizou a sua mente, como sempre o fez, de maneira a dar sentido ao mundo das not�cias (rotina cognitiva). Por seu lado, a recorr�ncia � t�cnica da pir�mide invertida, na segunda not�cia, � uma manifesta��o de um saber de narra��o (Ericson, Baranek e Chan, 1987) que para cada jornalista e para a "tribo" jornal�stica (Traquina, 2002) funciona como uma manifesta��o de compet�ncia profissional. Cada jornalista, sempre que redige uma not�cia com base nessa t�cnica, d� sentido pessoal a um acto profissional e revalida, aos seus pr�prios olhos, o seu lugar no mundo. - Sempre que enuncia alguma coisa, cada pessoa mobiliza palavras que fazem parte do seu invent�rio discursivo. Do seu e n�o do de outra pessoa qualquer. Cada pessoa escreve e fala de maneira diferente, por muitas que sejam as semelhan�as entre as formas de falar e dizer, porque cada pessoa domina a l�ngua de forma diferente. Ambas as not�cias ressentem-se necessariamente desse processo (Sousa, 2000) - dito por outras palavras, e de maneira simples, quem as redigiu usou as palavras que conhecia para as elaborar. For�a dos dispositivos tecnol�gicos - Os processos rudimentares de composi��o e impress�o de textos n�o permitiam not�cias muito grandes nem jornais com muitas p�ginas durante quase todo o s�culo XIX. A primeira not�cia ressente-se dessa circunst�ncia. A segunda beneficia dos processos actuais de composi��o e impress�o. +++++ +++++ Estamos convencidos de que � tarefa dos estudiosos do jornalismo construir uma explica��o unificada para as not�cias,
  • 20. se � que os estudiosos do jornalismo querem ambiciosamente chegar a algum lado. Estamos tamb�m convencidos que de os estudos jornal�sticos foram de tal forma f�rteis que j� nos deram mat�ria-prima suficiente para edificarmos essa explica��o unificada de forma simples, breve e clara, como acontece em qualquer teoria cient�fica, independentemente da complexidade da fundamenta��o da mesma. Estamos ainda convencidos de que qualquer not�cia � fruto de condicionantes pessoais, sociais, ideol�gicas, culturais e hist�ricas, do meio f�sico em que � produzida e dos dispositivos tecnol�gicos que afectam a sua produ��o. � poss�vel, assim, explicar qualquer not�cia em fun��o da interac��o dessas for�as e prever que qualquer not�cia que venha a ser enunciada e fabricada dentro do sistema jornal�stico resultar� igualmente da interac��o dessas for�as. Por isso, pensamos, e consideramos provado, que essas for�as t�m de estruturar uma teoria unificada do jornalismo. Quando uma not�cia vier a contradizer a teoria, ser�, ent�o, altura de rever a teoria e, eventualmente, de a substituir. Bibliografia �LVAREZ, J. T. (1992) - Historia y Modelos de la Comunicaci�n en el Siglo XX. El Nuevo Orden Informativo. 2� edici�n. Barcelona: Ariel. AUSTIN, J. L. (1990) - Quando Dizer � Fazer: Palavras e A��o. Porto Alegre: Artes M�dicas. BALL-ROKEACH, S. J. e DeFLEUR, M. J. (1976) - A dependency model of mass media effects. Communication Research, 3(1): 3-21. BALL-ROKEACH, S. J. e DeFLEUR, M. J. (1982) - Teor�as de la Comunicaci�n de Masas. Barcelona: Paid�s. BALL-ROKEACH, S. J. e DeFLEUR, M. J. (1993) - Teor�as de la Comunicaci�n de Masas. 2� edici�n revisada y ampliada. Barcelona: Paid�s.
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  • 24. TRAQUINA, N. (1988) -- As not�cias. Jornalismos -- Comunica��o e Linguagens, 8: 29-40. TRAQUINA, N. (1993) -- As Not�cias. In TRAQUINA, N. (Org.) - - Jornalismo: Quest�es, Teorias e "Est�rias". Lisboa: Vega. TRAQUINA, N. (2001) - O Estudo do Jornalismo no S�culo XX. S�o Leopoldo: Editora UNISINOS. TRAQUINA, N. (2002) - O Que � Jornalismo. Lisboa: Quimera. TRAQUINA, N. (Org.) (1993) - Jornalismo: Quest�es, Teorias e ``Est�rias''. Lisboa: Vega. TUCHMAN, G. (1972) -- Objectivity as strategic ritual: An examination of newsmen's notions of objectivity. American Journal of Sociology, 77(4): 660-679. TUCHMAN, G. (1976) -- Telling stories. Journal of Communication, 26 (4). TUCHMAN, G. (1978) -- Making News. A Study in the Construction of Reality. New York: The Free Press. VIZEU, Alfredo (2003) - O jornalismo e as "teorias intermedi�rias": Cultura profissional, rotinas de trabalho, constrangimentos organizacionais e as perspectivas da an�lise do discurso. Actas do XXVI Congresso Brasileiro de Ci�ncias da Comunica��o [CD-ROM], celebrado em Belo Horizonte. S�o Paulo: INTERCOM. WHITE, D. M. (1950) -- The gate-keeper: A case study in the selection of news. Journalism Quarterly, 27(3): 383-396. Notas de rodap� Debray2Entrevista a R�gis Debray, conduzida por Adelino Gomes e publicada no suplemento Mil Folhas do jornal P�blico, a 23 de Novembro de 2002....isticas3Ou seja, h� not�cias
  • 25. produzidas pelo sistema jornal�stico a partir de referentes reais.... apresentado4Nos livros de Sousa (2000; 2002; 2003), Shoemaker e Reese (1991; 1996) e Shoemaker (1991) encontram-se abundantes refer�ncias aos resultados das pesquisas sobre jornalismo, sistematizados de acordo com a tese apresentada.... rotina5S�o muitas as pesquisas sobre as rela��es entre jornalistas e fontes. Consultar, por exemplo, Sousa (2000; 2002) ou Santos (1997).... cento.6Not�cia de fundo ver�dico, com alguns nomes e circunst�ncias alterados para protec��o dos visados.... informativa7Pouca era a informa��o circulante em Portugal.... nascente8A imprensa noticiosa tem ra�zes na primeira gera��o da imprensa popular que desponta nos Estados Unidos nos anos vinte e trinta do s�culo XIX e na imprensa de neg�cios que floresce a partir do s�culo XVIII. Essa primeira vaga de jornalismo predominantemente noticioso (penny press) vai-se impor ao jornalismo predominantemente opinativo (party press) at� ao final do s�culo XIX, motivada, entre outros factores, pelo aumento da informa��o circulante devido � generaliza��o do tel�grafo e � melhoria dos transportes e das vias de comunica��o. Em Portugal, a funda��o do Di�rio de Not�cias, no fim de 1864, assinala precisamente essa viragem noticiosa do jornalismo....icia9Molotch e Lester (1974) apresentaram o conceito de promotores de not�cias para definir os indiv�duos que procuram elevar determinados acontecimentos � categoria de not�cias. Na segunda not�cia, a assessora de comunica��o da Presid�ncia funciona como promotora. Molotch e Lester (1974) baseiam-se nas figuras dos promotores para definir v�rios tipos de acontecimentos. Por�m, no caso presente a defini��o de acontecimentos dos autores n�o � aplic�vel, pois a primeira not�cia n�o teve um promotor a n�o ser o pr�prio �rg�o de comunica��o social e a segunda, embora tenha um promotor, � um acontecimento de rotina constru�do sobre um acidente, correspondendo, de certa forma, � rotiniza��o do inesperado de que falava Tuchman (1978).... culturais10Goffman (1975) foi o primeiro a teorizar sobre a no��o de "enquadramento" ou frame. Um "enquadramento" corresponde �s formas de organizar a vida para dar sentido ao mundo social e para lhe dar respostas adequadas.... Diurnae11Antepassados remotos dos jornais, as Actae Diurnae, institu�das por J�lio C�sar, serviram inicialmente para dar conta
  • 26. dos debates no Senado de Roma e transformaram-se depois numa esp�cie de jornal administrativo difundido por todo o Imp�rio Romano, com not�cias das vit�rias das legi�es, dos abastecimentos de cereais, da Corte Imperial, etc.... XIX12Sobretudo a partir da Guerra Civil Americana (�lvarez, 1992).... jornalista13Em 1864 ainda n�o existiam jornalistas propriamente ditos, em especial em Portugal, embora a profissionaliza��o estivesse a avan�ar a passos largos nos Estados Unidos devido � ac��o dos rep�rteres que cobriram a Guerra da Secess�o (ou Guerra Civil)