1) O conceito de carnavalização de Bakhtin se refere à influência do carnaval medieval na literatura, caracterizado pela profanação, familiarização, excentricidade e riso;
2) No carnaval medieval, a "praça pública" era o palco onde as pessoas viviam uma vida alternativa de liberdade e relatividade temporária em relação à ordem oficial;
3) Bakhtin argumenta que a carnavalização na literatura traz a cosmovisão carnavalesca de questionamento da ordem estabelecida e celebração da mudança.
2. CARNAVALIZAÇÃO
Principais obras que emitem o conceito:
Problemas da poética de Dostoiévki (1929);
A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: O contexto de
François Rabelais (1965)
5. CARNAVALIZAÇÃO
O conceito de carnavalização nos remete de imediato ao signo
carnaval. Porém, é necessário esclarecer que, dentro da arquitetônica
bakhtiniana, este signo possui um significado diferente. A
carnavalização sofreu grade influência do carnaval medieval.
6. CARNAVALIZAÇÃO
Sobre o carnaval propriamente dito não é um fenômeno literário. O
carnaval “É uma forma sincrética de espetáculo de caráter ritual, muito
complexa, variada, que, sob base carnavalesca geral, apresenta
diversos matizes e variações dependendo da diferença de épocas,
povos e festejos particulares. O carnaval criou toda uma linguagem de
formas concreto-sensoriais e simbólicas, entre grandes e complexas
ações de massas e gestos carnavalescos. Essa linguagem exprime de
maneira diversificada e, pode-se dizer, bem articulada (como toda
linguagem) uma cosmovisão carnavalesca una (porém complexa), que
lhe penetra todas as formas. (BAKHTIN, 2005, p.122)
7. CARNAVALIZAÇÃO
“[O carnaval] era uma forma concreta (embora provisório) da própria
vida [...] durante o carnaval é a própria vida que se representa e
interpreta (sem cenário, sem palco, sem atores, sem espectadores, ou
seja, sem atributos específicos de todo espetáculo teatral) uma outra
forma livre da sua realização, isto é, o seu próprio renascimento e
renovação sobre melhores princípios” (BAKHTIN, 1987, p. 6-7)
“É a essa transposição do carnaval para a linguagem da literatura que
chamamos de carnavalização da literatura.” (p.122)
Em outros termos Bakhtin traz a noção da cosmovisão carnavalesca
presente na literatura.
8. CARNAVALIZAÇÃO
“O carnaval triunfa sobre a mudança, sobre o processo propriamente
dito da mudança e não precisamente sobre aquilo que muda. O
carnaval por assim dizer não é substancional mas funcional. Nada
absolutiza, apenas proclama a alegre relatividade de tudo. [...] O
carnaval desconhece tanto a negação absoluta quanto a afirmação
absoluta.” (BAKHTIN, 2005, p. 125)
9. CARNAVALIZAÇÃO
Na Idade Média, quase toda festa religiosa tinha, em essência, seu
aspecto carnavalesco público-popular. [...] Pode-se dizer (com algumas
ressalvas, evidentemente), que o homem medieval levava mais ou
menos duas vidas: uma oficial, monoliticamente séria e sombria,
subordinada à rigorosa ordem hierárquica, impregnada de medo,
dogmatismo, devoção e piedade, e outra publica carnavalesca, livre,
cheia de riso ambivalente, profanações de tudo o que é sagrado,
descidas e indecências do contato familiar com tudo e com todos. E
essas duas vidas eram legítimas, porém separadas por rigorosos limites
temporais. (BAKHTIN, 2005, p.129)
10. CARNAVALIZAÇÃO
As manifestações da cultura popular na Idade Média e no
Renascimento foram divididas por Bakhtin em três categorias:
1. As formas dos ritos e espetáculos (festejos carnavalescos, obras
cômicas representadas nas praças públicas, etc.);
2. Obras cômicas verbais (orais e escritas, em latim ou língua vulgar);
3. Diversas formas e gêneros do vocabulário familiar e grosseiro
(insultos, juramentos, blasões populares, etc.).
12. CARNAVALIZAÇÃO
“Nesse sentido, o carnaval não era uma forma artística de espetáculo
teatral, mas uma forma concreta da própria vida, que não era
simplesmente representada no palco, antes, pelo contrário, vivida
enquanto durava o carnaval”. (p.06).