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CARNAVALIZAÇÃO EM
BAKTHIN
Ministrantes: Ana Grabriella Ferreira da Silva
Geilma Hipólito Lúcio
CARNAVALIZAÇÃO
Principais obras que emitem o conceito:
Problemas da poética de Dostoiévki (1929);
A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: O contexto de
François Rabelais (1965)
CANAVALIZAÇÃO
Algumas características:
Profanação;
Familiarização;
Excentricidade;
Destronamento;
Riso;
Imagem grotesca;
Ambivalência;
Paródia.
CARNAVALIZAÇÃO
O palco do carnaval medieval era “A praça pública”:
CARNAVALIZAÇÃO
O conceito de carnavalização nos remete de imediato ao signo
carnaval. Porém, é necessário esclarecer que, dentro da arquitetônica
bakhtiniana, este signo possui um significado diferente. A
carnavalização sofreu grade influência do carnaval medieval.
CARNAVALIZAÇÃO
Sobre o carnaval propriamente dito não é um fenômeno literário. O
carnaval “É uma forma sincrética de espetáculo de caráter ritual, muito
complexa, variada, que, sob base carnavalesca geral, apresenta
diversos matizes e variações dependendo da diferença de épocas,
povos e festejos particulares. O carnaval criou toda uma linguagem de
formas concreto-sensoriais e simbólicas, entre grandes e complexas
ações de massas e gestos carnavalescos. Essa linguagem exprime de
maneira diversificada e, pode-se dizer, bem articulada (como toda
linguagem) uma cosmovisão carnavalesca una (porém complexa), que
lhe penetra todas as formas. (BAKHTIN, 2005, p.122)
CARNAVALIZAÇÃO
“[O carnaval] era uma forma concreta (embora provisório) da própria
vida [...] durante o carnaval é a própria vida que se representa e
interpreta (sem cenário, sem palco, sem atores, sem espectadores, ou
seja, sem atributos específicos de todo espetáculo teatral) uma outra
forma livre da sua realização, isto é, o seu próprio renascimento e
renovação sobre melhores princípios” (BAKHTIN, 1987, p. 6-7)
“É a essa transposição do carnaval para a linguagem da literatura que
chamamos de carnavalização da literatura.” (p.122)
Em outros termos Bakhtin traz a noção da cosmovisão carnavalesca
presente na literatura.
CARNAVALIZAÇÃO
“O carnaval triunfa sobre a mudança, sobre o processo propriamente
dito da mudança e não precisamente sobre aquilo que muda. O
carnaval por assim dizer não é substancional mas funcional. Nada
absolutiza, apenas proclama a alegre relatividade de tudo. [...] O
carnaval desconhece tanto a negação absoluta quanto a afirmação
absoluta.” (BAKHTIN, 2005, p. 125)
CARNAVALIZAÇÃO
Na Idade Média, quase toda festa religiosa tinha, em essência, seu
aspecto carnavalesco público-popular. [...] Pode-se dizer (com algumas
ressalvas, evidentemente), que o homem medieval levava mais ou
menos duas vidas: uma oficial, monoliticamente séria e sombria,
subordinada à rigorosa ordem hierárquica, impregnada de medo,
dogmatismo, devoção e piedade, e outra publica carnavalesca, livre,
cheia de riso ambivalente, profanações de tudo o que é sagrado,
descidas e indecências do contato familiar com tudo e com todos. E
essas duas vidas eram legítimas, porém separadas por rigorosos limites
temporais. (BAKHTIN, 2005, p.129)
CARNAVALIZAÇÃO
As manifestações da cultura popular na Idade Média e no
Renascimento foram divididas por Bakhtin em três categorias:
1. As formas dos ritos e espetáculos (festejos carnavalescos, obras
cômicas representadas nas praças públicas, etc.);
2. Obras cômicas verbais (orais e escritas, em latim ou língua vulgar);
3. Diversas formas e gêneros do vocabulário familiar e grosseiro
(insultos, juramentos, blasões populares, etc.).
CARNAVALIZAÇÃO
CARNAVALIZAÇÃO
“Nesse sentido, o carnaval não era uma forma artística de espetáculo
teatral, mas uma forma concreta da própria vida, que não era
simplesmente representada no palco, antes, pelo contrário, vivida
enquanto durava o carnaval”. (p.06).

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Carnavalização em bakthin

  • 1. CARNAVALIZAÇÃO EM BAKTHIN Ministrantes: Ana Grabriella Ferreira da Silva Geilma Hipólito Lúcio
  • 2. CARNAVALIZAÇÃO Principais obras que emitem o conceito: Problemas da poética de Dostoiévki (1929); A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: O contexto de François Rabelais (1965)
  • 4. CARNAVALIZAÇÃO O palco do carnaval medieval era “A praça pública”:
  • 5. CARNAVALIZAÇÃO O conceito de carnavalização nos remete de imediato ao signo carnaval. Porém, é necessário esclarecer que, dentro da arquitetônica bakhtiniana, este signo possui um significado diferente. A carnavalização sofreu grade influência do carnaval medieval.
  • 6. CARNAVALIZAÇÃO Sobre o carnaval propriamente dito não é um fenômeno literário. O carnaval “É uma forma sincrética de espetáculo de caráter ritual, muito complexa, variada, que, sob base carnavalesca geral, apresenta diversos matizes e variações dependendo da diferença de épocas, povos e festejos particulares. O carnaval criou toda uma linguagem de formas concreto-sensoriais e simbólicas, entre grandes e complexas ações de massas e gestos carnavalescos. Essa linguagem exprime de maneira diversificada e, pode-se dizer, bem articulada (como toda linguagem) uma cosmovisão carnavalesca una (porém complexa), que lhe penetra todas as formas. (BAKHTIN, 2005, p.122)
  • 7. CARNAVALIZAÇÃO “[O carnaval] era uma forma concreta (embora provisório) da própria vida [...] durante o carnaval é a própria vida que se representa e interpreta (sem cenário, sem palco, sem atores, sem espectadores, ou seja, sem atributos específicos de todo espetáculo teatral) uma outra forma livre da sua realização, isto é, o seu próprio renascimento e renovação sobre melhores princípios” (BAKHTIN, 1987, p. 6-7) “É a essa transposição do carnaval para a linguagem da literatura que chamamos de carnavalização da literatura.” (p.122) Em outros termos Bakhtin traz a noção da cosmovisão carnavalesca presente na literatura.
  • 8. CARNAVALIZAÇÃO “O carnaval triunfa sobre a mudança, sobre o processo propriamente dito da mudança e não precisamente sobre aquilo que muda. O carnaval por assim dizer não é substancional mas funcional. Nada absolutiza, apenas proclama a alegre relatividade de tudo. [...] O carnaval desconhece tanto a negação absoluta quanto a afirmação absoluta.” (BAKHTIN, 2005, p. 125)
  • 9. CARNAVALIZAÇÃO Na Idade Média, quase toda festa religiosa tinha, em essência, seu aspecto carnavalesco público-popular. [...] Pode-se dizer (com algumas ressalvas, evidentemente), que o homem medieval levava mais ou menos duas vidas: uma oficial, monoliticamente séria e sombria, subordinada à rigorosa ordem hierárquica, impregnada de medo, dogmatismo, devoção e piedade, e outra publica carnavalesca, livre, cheia de riso ambivalente, profanações de tudo o que é sagrado, descidas e indecências do contato familiar com tudo e com todos. E essas duas vidas eram legítimas, porém separadas por rigorosos limites temporais. (BAKHTIN, 2005, p.129)
  • 10. CARNAVALIZAÇÃO As manifestações da cultura popular na Idade Média e no Renascimento foram divididas por Bakhtin em três categorias: 1. As formas dos ritos e espetáculos (festejos carnavalescos, obras cômicas representadas nas praças públicas, etc.); 2. Obras cômicas verbais (orais e escritas, em latim ou língua vulgar); 3. Diversas formas e gêneros do vocabulário familiar e grosseiro (insultos, juramentos, blasões populares, etc.).
  • 12. CARNAVALIZAÇÃO “Nesse sentido, o carnaval não era uma forma artística de espetáculo teatral, mas uma forma concreta da própria vida, que não era simplesmente representada no palco, antes, pelo contrário, vivida enquanto durava o carnaval”. (p.06).