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16 • CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
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                                                                                                                                                                                                             anapaula.df@dabr.com.br
                                                                                                                                                                                                3214-1195 • 3214-1172 / fax: 3214-1155




Em nome da inclusão
Tecnologia assistiva é a denominação dada à área da ciência que se dedica ao desenvolvimento de soluções e equipamentos que facilitam
a vida de deficientes físicos. Edital lançado recentemente pela Finep prevê o repasse de R$ 10 milhões para projetos de pesquisa no setor
                                       Monique Renne/CB/D.A Press
» IGOR SILVEIRA

        azer com que uma pessoa


F       tetraplégica consiga subir
        escadas sem a ajuda de
        ninguém ou permitir que
alguém que perdeu os movimen-
tos das mãos digite um texto no
computador. Existe um ramo da
ciência que se dedica a proporcio-
nar mais acessibilidade — e, con-
sequentemente, direito à cidada-
nia — aos deficientes físicos. Co-
nhecido como tecnologia assisti-
va, o setor, para se desenvolver no
Brasil, ainda depende de iniciati-
vas de apoio do governo, como o
edital publicado no fim do mês
passado pela Financiadora de Es-
tudos e Projetos (Finep), órgão li-
gado ao Ministério da Ciência e
Tecnologia (MCT). As propostas
contempladas dividirão R$ 10 mi-
lhões, o que representa a esperan-
ça de que surjam novas soluções
que ajudem na inclusão social de
pessoas com algum tipo de defi-
ciência física.
    Quando o Estado patrocinou
projetos na área pela primeira vez,
em 2005, ferramentas importan-
tes foram incorporadas à rotina de
cadeirantes, cegos e surdos, como
a bengala com um sensor que faz
uma varredura no caminho segui-
do pelo deficiente visual e emite
um alarme sonoro no caso de obs-
táculos. Desenvolvido pela Uni-
versidade do Vale do Itajaí (Univa-
le), em Santa Catarina, o dispositi-
vo traz o grande diferencial de avi-
sar o usuário quando há a presen-
ça de objetos no alto, evitando
que a pessoa bata a cabeça em
orelhões e placas de trânsito, por
exemplo. Alunos do Centro Uni-
versitário da Fundação Educacio-       Fábio ficou tetraplégico depois de bater a cabeça no fundo de uma piscina e perdeu o movimento das mãos. Com a ajuda de próteses, ele consegue atualizar o blog da campanha Bora, Fabito!
nal Inaciana, em São Paulo, tam-
bém desenvolveram uma bengala                                                   Ibot/Reprodução
eletrônica que consegue identifi-
car não só obstáculos, mas as co-
res dos objetos.
    O chefe do Departamento de         Não estamos
Tecnologias Sociais da Finep,
Maurício França, explica que as        interessados em
tecnologias assistivas são de abso-    apoiar, por
luto interesse da sociedade e que
muitas empresas de pequeno e           exemplo,
médio portes trabalham na cria-        controles
ção de projetos do tipo. Por isso, a
intervenção do governo é funda-
                                       automáticos para
mental, já que as pesquisas tecno-     abrir ou fechar
lógicas custam muito caro. As          uma cortina.
ideias dos cientistas variam de
simples protocolos fisioterápicos      Estamos falando
a softwares que auxiliam a acessi-     de projetos
bilidade. As invenções envolvem
tecnologia de ponta e aparelhos        prioritários, que
que permitem uma vida com me-          vão melhorar a
nos obstáculos a esse público.
    “Na primeira vez que lançamos
                                       vida de milhões de
o edital, há cinco anos, recebemos     pessoas”
cerca de 200 propostas e muitas                                                                                                                                                             Desenvolvida nos Estados Unidos,
ideias interessantes. Esse tipo de     Maurício França,                                                                                                                                     a iBot permite que o cadeirante
ajuda financeira é fundamental         chefe do Departamento de                                                                                                                             fique na posição vertical, e suba e
para que o país tenha avanços sig-     Tecnologias Sociais da Finep                                                                                                                         desça escadas
nificativos no campo da ciência.
Não estamos interessados em
apoiar, por exemplo, controles au-
tomáticos para abrir ou fechar
uma cortina. Estamos falando de                             Para ajudar         um adaptador para comer. De-         quisas de projetos maiores. A ca-     meio de sistema de travas, freios     de ensino, geralmente precário, e
projetos prioritários, que vão me-                                              pois, recebeu uma munhequeira        deira de rodas vertical ficou fa-     e rodas adaptadas, permitir que o     aprimora as performances dos
lhorar a vida de milhões de pes-           O endereço do blog mantido por       desenvolvida para que pudesse        mosa depois de uma reportagem         usuário suba e desça escadas e        professores que dão aulas em
soas”, garante França. Ele ressalta,                         Fábio Grando é     manusear o teclado do computa-       na tevê com o músico Herbert          ande em terrenos irregulares com      turmas com surdos.
ainda, que os estudos podem le-             fabiogrando.blogspot.com. Lá,       dor com tranquilidade.               Vianna, que se tornou paraplégi-      facilidade. Também destinada              Domingos Sábio, professor
var ao desenvolvimento de equi-                  estão informações sobre a          “Essas ferramentas foram tão     co em um acidente de ultraleve        aos cadeirantes, para que o defi-     da Faculdade de Psicologia da
pamentos mais baratos e acessí-                   campanha Bora, Fabito!, o     importantes que, atualmente,         em 2001. O dispositivo permite        ciente físico consiga usufruir da     UnB, onde o software é utilizado
veis a uma grande parcela da po-               acidente sofrido pelo jovem,     consigo usar os talheres sem qual-   que o cadeirante se locomova em       praia, há no mercado uma cadei-       em um projeto de extensão, des-
pulação que acaba excluída por               além de uma explicação mais        quer recurso. Ou seja, aquelas ta-   pé, mas o uso só é permitido de-      ra de rodas adaptada especial-        taca que o Bilingue consegue
causa do baixo poder aquisitivo.           detalhada sobre o Project Walk.      las adaptadas me ajudaram a reto-    pois que os pacientes passam por      mente para transitar na areia. As     trabalhar com frases de estrutu-
                                             Para conseguir ficar no centro     mar atividades que a perda da ha-    longas baterias de testes, pois o     rodas são maiores e o material do     ras mais completas e imagens
                                               de recuperação por 180 dias,     bilidade mecânica não me permi-      comportamento dos ossos muda          acento é diferente dos conven-        em movimento. Essas situações
Readaptação                                     tempo mínimo permitido, o       tia mais”, comemora o jornalista,    depois de uma lesão na medula.        cionais, absorvendo melhor a          são descritas em português e na
    O jornalista Fábio Grando, 25                       jornalista precisa de   apaixonado por futebol e torcedor    Assim, a cadeira de rodas vertical    água e o salitre.                     Libras. “Estamos procurando
anos, sofreu um acidente em                        US$ 55 mil. Doações, em      ardoroso do Grêmio. Grando ain-      proporciona à pessoa que não                                                uma maneira de ampliar o soft-
2006. Durante um churrasco com             qualquer valor, podem ser feitas     da utiliza os adaptadores para di-   possui os movimentos dos mem-                                               ware para que outras institui-
                                            por meio de depósito no Banco
                                                                                                                                                           Aula facilitada
amigos, ele bateu a cabeça no                                                   gitar e é com a destreza no uso      bros inferiores a assumir uma                                               ções de ensino possam utilizá-
fundo de uma piscina e fraturou            do Brasil, agência 3596-3, conta     dessas ferramentas que ele ali-      postura com o campo visual na             Não são apenas paraplégicos e     lo. O grande entrave desse proje-
duas vértebras. Resultado: Gran-              corrente 9411-0, em nome do       menta o blog de uma campanha         mesma altura das pessoas que          tetraplégicos os beneficiados pe-     to é que nem todas as escolas
do ficou tetraplégico e, quatro                             próprio Grando.     criada para angariar fundos com      andam. Os equipamentos desen-         la tecnologia assistiva. Um proje-    têm computador ou estão co-
anos depois, mesmo com o mo-                                                    objetivo de ir aos Estados Unidos    volvidos pelo hospital, no entan-     to desenvolvido na Universidade       nectadas à rede mundial de com-
vimento dos braços recuperados                                                  participar de um tratamento no       to, não são comercializados e são     de Brasília (UnB), com o apoio da     putadores, o que impossibilita,
e a volta da sensibilidade nas per-                                             centro de recuperação Project        utilizados apenas por pacientes       Finep, ajuda na inclusão social de    por enquanto, a expansão do
nas, ainda é bastante dependen-                                                 Walk. O lugar, em San Diego, Cali-   da instituição.                       surdos. O recurso é um software       programa”, pontua Sávio.
te, porque não consegue mover                                                   fórnia, também trabalha com mé-          Outra cadeira de rodas com        que funciona como uma aula pa-
as mãos. Simples tarefas como                                                   todos diferenciados e aparelhos      tecnologia de ponta é a iBot. A in-   ra surdos e ouvintes aprenderem
segurar um copo ou digitar um                                                   inovadores na tentativa de treinar   venção, comercializada apenas         e aprimorarem o uso da Língua         www.correiobraziliense.com.br
texto demandam grande esforço.                                                  os espasmos para que esses se tor-   nos Estados Unidos, pode fun-         Brasileira de Sinais (Libras). Com
No hospital de reabilitação Sarah                                               nem movimentos controláveis          cionar sobre duas ou quatro ro-       frases e situações mais comple-
Kubitschek, em Brasília, onde o                                                 pelos deficientes.                   das, o que permite ao cadeirante      xas, o programa de computador,
jornalista ficou internado logo                                                     A rede de hospitais Sarah Ku-    a se locomover em pé. A iBot tam-     batizado de Bilingue, consegue         Confira o edital da Finep para projetos de
após o trauma, ele passou a usar                                                bitschek também investe em pes-      bém oferece a vantagem de, por        melhorar a qualidade do material                  tecnologia assistiva




                                                                                CMYK

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Correio Braziliense 08/02/10

  • 1. CMYK Tecnologia 16 • CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010 Editora: Ana Paula Macedo // anapaula.df@dabr.com.br 3214-1195 • 3214-1172 / fax: 3214-1155 Em nome da inclusão Tecnologia assistiva é a denominação dada à área da ciência que se dedica ao desenvolvimento de soluções e equipamentos que facilitam a vida de deficientes físicos. Edital lançado recentemente pela Finep prevê o repasse de R$ 10 milhões para projetos de pesquisa no setor Monique Renne/CB/D.A Press » IGOR SILVEIRA azer com que uma pessoa F tetraplégica consiga subir escadas sem a ajuda de ninguém ou permitir que alguém que perdeu os movimen- tos das mãos digite um texto no computador. Existe um ramo da ciência que se dedica a proporcio- nar mais acessibilidade — e, con- sequentemente, direito à cidada- nia — aos deficientes físicos. Co- nhecido como tecnologia assisti- va, o setor, para se desenvolver no Brasil, ainda depende de iniciati- vas de apoio do governo, como o edital publicado no fim do mês passado pela Financiadora de Es- tudos e Projetos (Finep), órgão li- gado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). As propostas contempladas dividirão R$ 10 mi- lhões, o que representa a esperan- ça de que surjam novas soluções que ajudem na inclusão social de pessoas com algum tipo de defi- ciência física. Quando o Estado patrocinou projetos na área pela primeira vez, em 2005, ferramentas importan- tes foram incorporadas à rotina de cadeirantes, cegos e surdos, como a bengala com um sensor que faz uma varredura no caminho segui- do pelo deficiente visual e emite um alarme sonoro no caso de obs- táculos. Desenvolvido pela Uni- versidade do Vale do Itajaí (Univa- le), em Santa Catarina, o dispositi- vo traz o grande diferencial de avi- sar o usuário quando há a presen- ça de objetos no alto, evitando que a pessoa bata a cabeça em orelhões e placas de trânsito, por exemplo. Alunos do Centro Uni- versitário da Fundação Educacio- Fábio ficou tetraplégico depois de bater a cabeça no fundo de uma piscina e perdeu o movimento das mãos. Com a ajuda de próteses, ele consegue atualizar o blog da campanha Bora, Fabito! nal Inaciana, em São Paulo, tam- bém desenvolveram uma bengala Ibot/Reprodução eletrônica que consegue identifi- car não só obstáculos, mas as co- res dos objetos. O chefe do Departamento de Não estamos Tecnologias Sociais da Finep, Maurício França, explica que as interessados em tecnologias assistivas são de abso- apoiar, por luto interesse da sociedade e que muitas empresas de pequeno e exemplo, médio portes trabalham na cria- controles ção de projetos do tipo. Por isso, a intervenção do governo é funda- automáticos para mental, já que as pesquisas tecno- abrir ou fechar lógicas custam muito caro. As uma cortina. ideias dos cientistas variam de simples protocolos fisioterápicos Estamos falando a softwares que auxiliam a acessi- de projetos bilidade. As invenções envolvem tecnologia de ponta e aparelhos prioritários, que que permitem uma vida com me- vão melhorar a nos obstáculos a esse público. “Na primeira vez que lançamos vida de milhões de o edital, há cinco anos, recebemos pessoas” cerca de 200 propostas e muitas Desenvolvida nos Estados Unidos, ideias interessantes. Esse tipo de Maurício França, a iBot permite que o cadeirante ajuda financeira é fundamental chefe do Departamento de fique na posição vertical, e suba e para que o país tenha avanços sig- Tecnologias Sociais da Finep desça escadas nificativos no campo da ciência. Não estamos interessados em apoiar, por exemplo, controles au- tomáticos para abrir ou fechar uma cortina. Estamos falando de Para ajudar um adaptador para comer. De- quisas de projetos maiores. A ca- meio de sistema de travas, freios de ensino, geralmente precário, e projetos prioritários, que vão me- pois, recebeu uma munhequeira deira de rodas vertical ficou fa- e rodas adaptadas, permitir que o aprimora as performances dos lhorar a vida de milhões de pes- O endereço do blog mantido por desenvolvida para que pudesse mosa depois de uma reportagem usuário suba e desça escadas e professores que dão aulas em soas”, garante França. Ele ressalta, Fábio Grando é manusear o teclado do computa- na tevê com o músico Herbert ande em terrenos irregulares com turmas com surdos. ainda, que os estudos podem le- fabiogrando.blogspot.com. Lá, dor com tranquilidade. Vianna, que se tornou paraplégi- facilidade. Também destinada Domingos Sábio, professor var ao desenvolvimento de equi- estão informações sobre a “Essas ferramentas foram tão co em um acidente de ultraleve aos cadeirantes, para que o defi- da Faculdade de Psicologia da pamentos mais baratos e acessí- campanha Bora, Fabito!, o importantes que, atualmente, em 2001. O dispositivo permite ciente físico consiga usufruir da UnB, onde o software é utilizado veis a uma grande parcela da po- acidente sofrido pelo jovem, consigo usar os talheres sem qual- que o cadeirante se locomova em praia, há no mercado uma cadei- em um projeto de extensão, des- pulação que acaba excluída por além de uma explicação mais quer recurso. Ou seja, aquelas ta- pé, mas o uso só é permitido de- ra de rodas adaptada especial- taca que o Bilingue consegue causa do baixo poder aquisitivo. detalhada sobre o Project Walk. las adaptadas me ajudaram a reto- pois que os pacientes passam por mente para transitar na areia. As trabalhar com frases de estrutu- Para conseguir ficar no centro mar atividades que a perda da ha- longas baterias de testes, pois o rodas são maiores e o material do ras mais completas e imagens de recuperação por 180 dias, bilidade mecânica não me permi- comportamento dos ossos muda acento é diferente dos conven- em movimento. Essas situações Readaptação tempo mínimo permitido, o tia mais”, comemora o jornalista, depois de uma lesão na medula. cionais, absorvendo melhor a são descritas em português e na O jornalista Fábio Grando, 25 jornalista precisa de apaixonado por futebol e torcedor Assim, a cadeira de rodas vertical água e o salitre. Libras. “Estamos procurando anos, sofreu um acidente em US$ 55 mil. Doações, em ardoroso do Grêmio. Grando ain- proporciona à pessoa que não uma maneira de ampliar o soft- 2006. Durante um churrasco com qualquer valor, podem ser feitas da utiliza os adaptadores para di- possui os movimentos dos mem- ware para que outras institui- por meio de depósito no Banco Aula facilitada amigos, ele bateu a cabeça no gitar e é com a destreza no uso bros inferiores a assumir uma ções de ensino possam utilizá- fundo de uma piscina e fraturou do Brasil, agência 3596-3, conta dessas ferramentas que ele ali- postura com o campo visual na Não são apenas paraplégicos e lo. O grande entrave desse proje- duas vértebras. Resultado: Gran- corrente 9411-0, em nome do menta o blog de uma campanha mesma altura das pessoas que tetraplégicos os beneficiados pe- to é que nem todas as escolas do ficou tetraplégico e, quatro próprio Grando. criada para angariar fundos com andam. Os equipamentos desen- la tecnologia assistiva. Um proje- têm computador ou estão co- anos depois, mesmo com o mo- objetivo de ir aos Estados Unidos volvidos pelo hospital, no entan- to desenvolvido na Universidade nectadas à rede mundial de com- vimento dos braços recuperados participar de um tratamento no to, não são comercializados e são de Brasília (UnB), com o apoio da putadores, o que impossibilita, e a volta da sensibilidade nas per- centro de recuperação Project utilizados apenas por pacientes Finep, ajuda na inclusão social de por enquanto, a expansão do nas, ainda é bastante dependen- Walk. O lugar, em San Diego, Cali- da instituição. surdos. O recurso é um software programa”, pontua Sávio. te, porque não consegue mover fórnia, também trabalha com mé- Outra cadeira de rodas com que funciona como uma aula pa- as mãos. Simples tarefas como todos diferenciados e aparelhos tecnologia de ponta é a iBot. A in- ra surdos e ouvintes aprenderem segurar um copo ou digitar um inovadores na tentativa de treinar venção, comercializada apenas e aprimorarem o uso da Língua www.correiobraziliense.com.br texto demandam grande esforço. os espasmos para que esses se tor- nos Estados Unidos, pode fun- Brasileira de Sinais (Libras). Com No hospital de reabilitação Sarah nem movimentos controláveis cionar sobre duas ou quatro ro- frases e situações mais comple- Kubitschek, em Brasília, onde o pelos deficientes. das, o que permite ao cadeirante xas, o programa de computador, jornalista ficou internado logo A rede de hospitais Sarah Ku- a se locomover em pé. A iBot tam- batizado de Bilingue, consegue Confira o edital da Finep para projetos de após o trauma, ele passou a usar bitschek também investe em pes- bém oferece a vantagem de, por melhorar a qualidade do material tecnologia assistiva CMYK