PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
GEAR_2016.05.23
1. A contribuição das universidades para o
desenvolvimento da agricultura brasileira
Erly C. Teixeira
Felippe Clemente
Marcelo J. Braga
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURAL
GRADUAÇÃO EM AGRONEGÓCIO / AGROPLUS
24/05/2016
2. INTRODUÇÃO
O agronegócio brasileiro tem um PIB de R$ 1,26
trilhões. Teve um crescimento de 0,1% em 2015
(Brasil -4,0%) e gera 21,2% do PIB brasileiro.
A balança comercial do agronegócio apresentou um
superávit de US$ 75,2 bilhões em 2015 (Brasil 19,7)
O Brasil é o maior exportador de açúcar, café, carne
bovina, frango, soja em grão e suco de laranja; o
segundo maior exportador de óleo de soja e milho, e
o quarto maior exportador de carne suína.
3. 55% 21% 34% 15%17% 30% 8%
77% 45% 34%28% 21% 39% 17% 8%
IMPORTANCE OF AGRICULTURE IN BRAZIL
WORLD POSITION OF BRAZILIAN AGRICULTURE - SELECTED PRODUCTS - 2014
Source: USDA. Crop season 2014/15 and 2014 for livestock. GV Agro
1st 1st 1st1st 1st 2nd 2nd 4th
1st 1st 3th1st 2nd 2nd 3th
3%
4th
ExportsOutput
Orange Juice Sugar PoultryCoffee Beef Soy Corn Pork
4. INTRODUÇÃO (cont.)
A produtividade total dos fatores (PTF) cresceu
269% entre 1975 e 2011 resultando numa taxa de
crescimento médio anual para o período de 3.6%
(Gasques & Bastos, 2012).
O crescimento do agronegócio está fortemente
relacionado com as universidades, com os centros
de pesquisa, com o serviço de extensão, com a
política agrícola, e com o empreendedorismo do
agricultor brasileiro.
O objetivo desse trabalho é discutir a contribuição
das universidades para o desenvolvimento do
agronegócio brasileiro.
5. INTRODUÇÃO (cont.)
Schultz (1964) argumenta em seu livro
“Transforming traditional agriculture”, que a
chave para promover o crescimento econômico é
disponibilizar para os agricultores insumos
tecnológicamente modernos e lucrativos a preços
competitivos.
Ele enfatiza dois elementos para promover o
desenvolvimento agrícola: capital humano e
desenvolvimento tecnológico.
Essas idéias influenciaram muito o meio
acadêmico e os formuladores de política
brasileiros.
6. INTRODUÇÃO (cont.)
Linha do tempo para a ligação entre as
universidades e o desenvolvimento agrícola
1900
Fundação das mais
conhecidas universidades
públicas
1877 – E. Agrícola da Bahia
1901 – ESALQ-USP
1908 – ESAL-UFLA
1922 - ESAV-UFV
1950
Criação da CAPES e CNPq
(1951)
1960
Parceria com as
universidades americanas
(1958)
Criação dos programas de
mestrado nas ciências
agrárias (1961)
Desenvolvimento do capital
humano
Inovação
7. 7
1970
Início dos programas de
doutorado (1970)
Criação da Embrapa
(1973)
1990
Consolidação das
redes de pesquisa
2010
Linha do tempo para a ligação entre as
universidades e o desenvolvimento agrícola (cont.)
A fronteira agrícola expande para
a região de cerrado
Busca por parcerias público-privadas
8. A contribuição das universidades para o
desenvolvimento do agronegócio
Formação de capital humano
Formando profissionais de alta qualidade
Uma contribuição importante das universidades
para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro
tem sido o treinamento de profissionais com alta
qualidade técnica.
Esses profissionais são empregados pelos centros
de pesquisa e pelos serviços de extensão, pelas
empresas nas inúmeras cadeias do agronegócio, e
pelo sistema educacional das ciências agrárias.
9. Formando profissionais de alta qualidade
(cont.)
Como as universidades puderam realizar essa tarefa?
1.Fundação sólida
As mais conhecidas universidades agrícolas
brasileiras foram criadas no início do século XX, em
bases sólidas, refletindo a experiência dos Land-
Grant Colleges americanos e a tradição europeia de
bom ensino.
Essas universidades brasileiras sempre buscaram
manter um corpo docente de alta qualidade apoiado
na pesquisa, no ensino e na extensão rural.
10. 2. Criação da CAPES e do CNPq em 1951
O treinamento do corpo docente das universidades em
grau de M.S. and Ph.D. foi beneficiado pela criação da
CAPES e do CNPq em 1951.
Essas duas instituições ofereceram bolsas de estudo
para treinamento no país e no exterior para fortalecer os
cursos de graduação existentes e os programas de pós-
graduação que foram criados a partir de 1961.
Atualmente o país tem mais de 5,000 programas de
M.Sc. e D.Sc (Tabela 1).
Formando profissionais de alta qualidade (cont)
11. Formando profissionais de alta qualidade
(cont.)
Tabela 1. Programas de pós-graduação no Brasil, 2012
Area M.S. Ph.D. M.S.P Total
Agricultural Science 349 218 21 588
Biological Sciences 259 191 17 467
Health Sciences 455 332 86 873
Quantitative Sciences 275 174 15 464
Humanities 452 251 23 726
Applied Social Sciences 346 162 81 589
Engineering 306 163 64 533
Linguistics, Literature and Arts 177 99 4 280
Multidisciplinary 309 152 145 606
Total 2,928 1742 456 5,126
2
.
Source: CAPES
12. Formando profissionais de alta qualidade (cont.)
São 588 programas nas ciências agrárias;
Teses e Dissertações defendidas nesses
programas por período de avaliação:
2007-2009 – 7.824
2010-2012 – 9.916
Portanto, mais de 17.000 pesquisas foram
realizadas nas universidades nos úlitmos seis
anos.
13. 3. Acordos com universidades americanas
CAPES e CNPq foram fundamentais na negociação e
no financiamento de vários acordos entre
universidades brasileiras e americanas.
Via esses programas, professores e pesquisadores de
alta qualidade ajudaram na criação dos programas de
pós-graduação no Brasil em 1961 (Tabela 2).
Esses professores americanos tiveram grande
influência no sistema de ensino das universidades
brasileiras.
Nossas universidades adotaram o sistema americano
de controle efetivo do aprendizado via: disciplinas na
graduação e na pós, trabalhos de casa, provas,
exames de qualificação, e teses de mestrado e
doutorado.
Formando profissionais de alta qualidade (cont)
15. Formando profissionais de alta qualidade (cont)
Esses programas de pós-graduação foram
fundamentais para a realização de importantes
pesquisas que impulsionaram o desenvolvimento do
agronegócio brasileiro.
A pesquisa nas universidades continua buscando
respostas para problemas atuais tais como: mudança
climática, controle de novas pragas e doenças, e
proteção ambiental.
Modernas técnicas tais como: engenharia genética,
marcadores moleculares, identificação de genomas e
desenvolvimento de organismos geneticamente
modificados são exploradas nos laboratórios.
16. Pesquisa e desenvolvimento de produtos
FERTILIDADE DO SOLO
As pesquisas que determinaram as dosagens de
calcário, fosfato e outros nutrientes para o solo de
cerrado contribuíram para transformar milhões de
hectares de deserto ou savana, como o cerrado era
conhecido até fins da década de1960, em um oásis da
produção de alimentos nos anos de 1970 ( NOVAIS
et al, 2007).
A área cultivada de cerrado, 79.0 milhões de hectares é
ocupada com 54.0 milhões de hectares de pastagem,
21.6 milhões de hectares de culturas, e 3.4 milhões de
hectares de áreas reflorestadas (Embrapa).
17. Fonte: IBGE, MAPA , INCRA e ABRAF.
Pastagem e Campos Naturais 220 25,9
Unidades de Conservação 115 13,5
Áreas Indígenas 109 12,8
Áreas de Assentamentos Rurais 72 8,4
Lavouras Temporárias 59 6,9
Lavouras Permanentes 6 0,7
Florestas Cultivadas 5 0,6
Áreas Devolutas e outros usos 159 18,7
Áreas Inexploradas Disponíveis
para Agricultura (não considera
Floresta Amazônica)
106 12,5
Total 851 100
Distribuição Geográfica Brasileira
em milhões de ha e %
18.
19.
20.
21. Pesquisa e desenvolvimento de produtos (cont.)
Atividade %
Algodão 89,0
Café 48,0
Cana de Açúcar 10,0
Carne bovina 55,0
Feijão 30,0
Milho 26,0
Soja 63,5
Sorgo 81,0
Tabela 3. Contribuição do cerrado para a produção - 2007
Source: Faleiro and Sousa (2007).
22. Pesquisa e desenvolvimento de produtos (cont.)
MILHO HÍBRIDO
As instituições pioneiras no desenvolvimento do
milho híbrido no Brasil na década de 1930 foram o
IAC e a UFV (Coelho, 1992 ).
O Brasil foi o segundo país a criar o milho híbrido
e a adotá-lo em plantios comerciais.
Hoje as universidades estão dedicando maior
atenção ao desenvolvimento de linhagens de milho
híbrido geneticamente modificadas.
23. Pesquisa e desenvolvimento de produtos (cont.)
SOJA
A UFV iniciou o programa de melhoramento de
soja em 1963, via parceria com a Purdue
University (USA) com o objetivo de desenvolver
variedades adaptadas ao cerrado (SEDIYAMA et
al, 2012).
Duas variedades de soja foram lançadas em 1969.
Depois disso, mais de 2,000 hibridizações foram
feitas pesquisando por produtividade, adaptação à
colheita mecânica, amadurecimento uniforme, alto
conteúdo de óleo e proteína, e resistência à doenças
24. Pesquisa e desenvolvimento de produtos (cont.)
Na década de 1980, as universidades incluiram na
sua agenda de pesquisa o desenvolvimento de
variedades de soja apropriadas para o consumo
humano e para a produção de biodíesel.
Hoje, a produtividade média nacional de soja é
3,106 kg/ha. Essa produtividade atinge mais de
3600 kg/ha em alguns estados.
A pesquisa com soja nas universidades geraram
variedades que são cultivadas desde a Região Sul
do Brasil de clima temperado, -33 graus de latitude,
até a Região Norte onde passa a linha do equador
(SEDIYAMA et al, 2012).
25. Pesquisa e desenvolvimento de produtos (cont.)
CAFÉ
A taxa interna de retorno dos investimentos em
pesquisa e extensão rural na cultura do café em
Minas Gerais, de 1970 a 1990, foi de 108%
(FERREIRA,1993).
A produtividade do café cresceu de 10 sacos/ha
para mais de 20 sacos/ha em Minas Gerais
(COFFEE, 2007).
Minas Gerais tornou-se o maior produtor de café do
país (Produz mais de 50% da produção national).
26. Pesquisa e desenvolvimento de produtos (cont.)
CANA DE AÇÚCAR
A maior parte da pesquisa com cana de açúcar tem
sido conduzida pela Rede Interuniversitária para o
Desenvolvimento do Setor Sucro-energético
(Ridesa), que envolve 10 universidades federais.
A rede produziu 59 variedades de cana de açúcar
respondendo por 59% da área cultivada no Brasil
Desde 2007, Ridesa desenvolve pesquisas com cana
de açúcar geneticamente modificada (SEDIYAMA
et al, 2012).
27. Pesquisa e desenvolvimento de produto (cont.)
PECUÁRIA DE CORTE
Desde a década de 1940, os pesquisadores têm
procurado melhorar o gado de corte brasileiro.
Eles pretendiam produzir animais que aliassem o
potencial de produção, observado no gado europeu,
e a rusticidade e a adaptabilidade do gado zebu
importado da Índia.
O gado zebu era importante no processo de
melhoramento porque ele produz carne macia
coberta por camada de gordura que pode ser
facilmente removida.
28. PECUÁRIA DE CORTE (cont.)
A pecuária de corte no Brasil baseia-se em três
pilares: gado zebu, capim braquiária, e suplemento
múltiplo.
Todos os três elementos foram submetidos a
grande esforço de pesquisa nas universidades.
O gado zebu foi submetido a intenso processo de
melhoramento genético.
Hoje, animais tratados apenas com pastagem e
suplemento múltiplo são abatidos em escala
comercial pesando 480 kg com 20 meses de idade.
Pesquisa e desenvolvimento de produto (cont.)
29. PECUÁRIA DE CORTE (cont.)
A introdução do capim braquiária no país no final
da década de 1970 foi muito importante para
reduzir a sazonalidade na produção de carne
bovina.
O capim braquiária também permitiu a
incorporação das áreas de cerrado como pastagem.
Atualmente há 54.0 milhões de hectares de
pastagem de alta qualidade no cerrado brasileiro
(Embrapa).
Pesquisa e desenvolvimento de produto (cont.)
30. Pesquisa e desenvolvimento de produto (cont.)
FRANGO DE CORTE
Pesquisas em melhoramento genético do frango de
corte no Brasil iniciaram-se na década de 1950.
Esse esforço de pesquisa não obteve sucesso em
gerar uma linhagem brasileira. O material genético
das matrizes avós ainda é importado.
Contudo, a pesquisa impulsionou o aumento dos
mais importantes indicadores tecnológicos da
produção de frango de corte (Tabela 4).
31. Tabela 4. Evolução da produção de frango de corte no Brasil
.
Fonte: Relatório Anual da União Brasileira de Avicultura (UBA, 2009)
*Based on data from the Brazilian tables for poultry and swine 2011
Ano Peso vivo (kg) Taxa de conversão Idade de abate
1930 1.500 3.50 15 semanas
1940 1.550 3.00 14 semanas
1950 1.580 2.50 10 semanas
1960 1.600 2.25 8 semanas
1970 1.700 2.15 7 semanas
1980 1.800 2.05 8 semanas
1984 1.860 2.00 47 dias
1988 1.940 2.00 47 dias
1994 2.050 1.98 45 dias
1998 2.150 1.95 45 dias
2000 2.250 1.88 43 dias
2004 2.390 1.83 43 dias
2009 2.440 1.76 41 dias
2011* 2.730 1.74 41 dias
32. CONCLUSÃO
As contribuições mais importantes das
universidades para o desenvolvimento da
agricultura brasileira foram a formação de
profissionais de alta qualidade técnica e a pesquisa
realizada.
A contribuição das universidades na pesquisa
agrícola tem sido de grande relevância.
O desafio que se impõe é o de transformar essa
pesquisa em inovações que promovam o
crescimento do agronegócio com sustentabilidade.
33. Muito obrigado!
teixeira@ufv.br
Teixeira, E.C.; Protil, R.M.; Lima, A.L.R. (Editores) A Contribuição
da Ciência e da Tecnologia para o Desenvolvimento do
Agronegócio. Suprema, 2013, 655 p.
Teixeira, E. C.; Clemente, F. ; Braga, M. J. . A Contribuição das
Universidades para o Desenvolvimento da Agricultura no Brasil.
Revista de Economia e Agronegócio, v. 11, p. 137-157, 2013.
Universidade Federal de Viçosa
34. Research and Product Development (cont.)
Eucalyptus
Leading universities and research institutes
developed eucalyptus cloning technique at
commercial scale by late 1970s and early 1980s.
According to Abraf (2007), eucalyptus plantations
occupy more than 3 million hectares.
Some forestry companies can produce up to 50
m3/ha/year using improved genetic material and
available technologies.
35. Figure 2 – Eucalyptus yield in Brazil, Australia and in the U.S. (m3/ha/year)
Source: Abraf (2006).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Brazil Australia South EUA
m3/ha/year
36. Research and Product Development (cont.)
Eucalyptus (cont.)
University research was fundamental for obtaining
hardwood pulp from eucalyptus, which is
exported to the whole international market for the
production of printing and writing paper.