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Caderno de Rendimento
do Atleta de Handebol
Pablo Juan Greco
Orgarnizador
Caderno de Rendimento
do Atleta de Handebol
1º EDIÇÃO
Série: Cadernos de Handebol
Caderno de Rendimento do Atleta de Handebol
Copyright © 2000 by Pablo Juan Greco (org.)
Este livro, ou parte dele, não pode ser reproduzido por qualquer
meio sem autorização do Editor.
Projeto Gráfico e Capa
Sandra Tavares
Revisão
Libério Neves
Fotos
Ernesto Boaviagem
Fotos do Capítulo 9 - Publicações da
Editora Philippka Verlag Münster - RFA/
colaboração do Conferencista da
Federação Internacional de Handball,
Dietrich Spáte.
ISBN:
Sumário
1 INTRODUÇÃO.
Pablo Juan Greco .................................................................................................
2 O SISTEMADE FORMAÇÃO E TREINAMENTO ESPORTIVO.
Pablo Juan Greco..................................................................................................
3 FICHAS DEACOMPANHAMENTO E DEAVALIAÇÃO DO
ATLETA DE HANDEBOL.
Pablo Juan Greco................................................................................................
4 BIOMECÂNICA NO TREINAMENTO DE HANDEBOL.
Hans-Joachim Menzel...........................................................................................
5 AVALIAÇÃO FISIOTERÁPICADOATLETADE HANDEBOL.
Ricardo Luiz Carneiro
Daniel Câmara Azevedo
Flávio de Oliveira Pires........................................................................................
6 O TREINAMENTO DAFORÇAAPLICADOAO HANDEBOL.
Fernando Vítor Lima............................................................................................
7 AVALIAÇÃO DACAPACIDADE FÍSICA.
Pablo Juan Greco
Eloi Ferreira Filho................................................................................................
8 AVALIAÇÃO DACAPACIDADETÉCNICA.
Pablo Juan Greco
Eloi Ferreira Filho................................................................................................
9 AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO TÁTICO NO HANDEBOL.
Pablo Juan Greco
Eloi Ferreira Filho
Pablo Ramón Coelho de Souza.............................................................................
10 AVALIAÇÃO PSICOSSOCIALDOATLETADE HANDEBOL
Dietmar Samulski
Franco Noce.........................................................................................................
11 PROPOSTACIENTÍFICAPARAOBSERVAÇÃO E AVALIAÇÃO DE
JOGOS DE HANDEBOL.
Pablo Juan Greco
Eloi Ferreira Filho
Marcus Vínicius Gomes C. Vieira .......................................................................
AUTORES...........................................................................................................
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................
Sinto-me alegre com o lançamento deste primeiro número da série Cadernos de Handebol.
A concretização deste projeto é o resultado de discussões, reuniões e desejo da Federação
Mineira de Handebol, através da sua presidência e do seu departamento técnico, na pessoa do
Prof.Dr.PabloJuanGrecodeinvestiredesenvolveraçõesquepossamcontribuirparaaforma-
ção e o aprimoramento dos técnicos, professores, dirigentes e atletas.
Sabemos da enorme carência de material didático de boa qualidade publicado em português.
Esta série Cadernos de Handebol, preparado com carinho e competência dos colaboradores e
do seu coordenador, o “nosso” Prof. Pablo, tenho certeza, será um marco no trabalho de fo-
mentoedesenvolvimentotécnicoetáticodoHandebolBrasileironestemomentoquecaminha-
mos a passos firmes para nos transformarmos em uma grande força do esporte a nível nacional
emundial.
Nossos sinceros agradecimentos à Secretaria do Estado de Esportes de Minas Gerais que
percebeu a magnitude deste projeto e prestou seu apoio para a concretização do mesmo.
Igualmente nossos agradecimentos aos professores da E. E. Física da UFMG que colaboraram
para a elaboração deste primeiro número.
PauloSérgioOliveira
Presidente da F.M.H.
Apresentação
Afaltadeinformaçõeseatualizaçãodetécnicosedirigenteséumdosprincipaisentraves
para o desenvolvimento esportivo. Hoje, quando são sistemáticos os avanços de metodologias
e regras de treinamento, tático e físico, um treinador desatualizado está parado no tempo. E o
atleta, que desconhece as regras que regem o esporte que pratica, além de não evoluir, está
propenso a transgressões disciplinares, que em nada enaltecem o espetáculo.
A publicação da série Cadernos de Handebol, iniciativa da Federação Mineira de
Handebol, em conjunto com a Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas
Gerais e apoio da Secretaria de Estado de Esportes, merece ser aplaudida.
Publicação que será de muita valia não só para os handebolistas do país, mas também para
professores de Educação Física e até mesmo de alguns atletas que, infelizmente, ainda não
podem contar com os ensinamentos complementares, de um técnico especializado ou atualiza-
do.
Cadernos de Handebol vem preencher uma lacuna que, há anos, tem atravancado o
desenvolvimentodoesporte.EmMinasGerais,principalmentedevidoàdimensãodoEstado,a
falta de informação, atualização e conhecimentos de técnicos e dirigentes é uma realidade
inconteste. É preciso ressaltar, ainda, que a maioria das publicações sobre handebol são impor-
tadas, de difícil acesso para grande parte de nossos desportistas.
Cadernos de Handebol será um grande reforço para o desenvolvimento do esporte,
principalmentenointeriordoEstadoenasescolas,ondeamodalidadeémaisdifundidaeonde,
justamente,nossostécnicosencontrammaioresdificuldadesparaseatualizarem.Encontram-se
ilhados, fora do intercâmbio com os maiores centros do handebol brasileiro ou de competições
oficiaisdealtoníveltécnico.
Sem dúvida, uma publicação especializada sobre handebol, à disposição de nossos
técnicos, dirigentes e atletas, contribuirá, sobremaneira, para o fortalecimento do esporte no
Estado.EMinasGerais,comcerteza,devidoàtradiçãoquetemnamodalidade,comaconquista
de vários títulos nacionais e a revelação de muitos atletas para a seleção brasileira, não pode
ficar calada quando o assunto é handebol.
SérgioBrunoZechCoelho
Secretário de Esportes do Estado de Minas Gerais
Palavras do Secretário de Esportes do Estado de MG.
Homenagem
Os autores e a Federação Mineira de Handebol dedicam este livro aos pioneiros do
Handebol de Minas Gerais.
Prof.ErlanGustavson,
Prof. JoséAtaíde Lacerda,
Prof.LincolnRaso,
Prof. MarcoAntônio Barbosa (Barbosinha),
Profª Isabel Montandon Soares,
Prof.WilsonBonfim,
Prof.IvanyMouraBonfim.
INTRODUÇÃO
Pablo Juan Greco
No início do terceiro milênio, o esporte é considerado como um dos fenômenos sociais
mais importantes do planeta e está profundamente arraigado na vida cotidiana dos povos, nas
diferentesmanifestaçõesculturaisdohomem.Oimensopotencialpedagógicodoesportepermi-
te que este seja utilizado de diversas formas e para diferentes fins. Em alguns casos foram
seguidoscaminhosinapropriadoseantiéticos(usopolítico,suborno,doping,entreoutros),mas
sempre o próprio esporte conseguiu voltar a suas origens, aos princípios que configuram sua
base filosófica, a suas formas puras de expressão e tornar-se um movimento universal. Neste
novomilênio,umnovohomem,ohomemquepraticaatividadefísica,praticaesportes, aparece
no centro das reflexões, da proposta de valores, de conceitos, de comunicação, de interações
com o meio ambiente e de expectativas e valores sociais.Assim o esporte torna-se um meio de
interação, de comunicação, de poder conquistar o saber fazer, de compreender e conhecer
através das relações estabelecidas com o ambiente. Ele é um meio, um agente instrumental
operativo no processo educativo de formação da personalidade, de oportunizar escolha, de
ensinar a decidir, de expressão, criação; sendo agente na formação da cidadania e da melhoria
da qualidade de vida da população, somente ele consegue tamanha aglutinação e convivência
humana, o que o projeta para o século XXI como uma manifestação plural.
O esporte não tem somente o lado da medalha, do campeão. O esporte se manifesta de
diferentes formas, na escola, como agente na educação física, contribuindo na formação da
personalidade do aluno. O esporte escolar apresenta normas que primam pela ação normativa
sobreosvaloreseatitudes,desenvolvimentodehabilidadeseprincipalmentedecondutaéticae
INTRODUÇÃO
Pablo Juan Greco
humana.Noesportedelazer,outempolivre,expressa-secomoformadecatarseparaminimizar
o rigor dos regulamentos institucionalizados; conforme Bento (1911), abre espaço para a parti-
cipação, enfatiza as tarefas de saúde e qualidade de vida, tem um caráter ocasional sem fins
lucrativos ou utilitários, praticado de acordo com o interesse do cidadão, visando ao seu desen-
volvimento pessoal (Dumazedier, 1980). O esporte em geral permeia também como atividade
importante na busca da qualidade de vida da população; assim, no esporte de reabilitação e
reeducação e no esporte para portadores de necessidades especiais, configura-se como um
meio importante no planejamento de estratégias de saúde pública e de promoção de saúde; no
esporte para saúde, interage com o esporte de lazer, a prática de atividade física sem fins com-
petitivos, de uma forma consciente e organizada, inerente ou não ao lazer, coadjuvante na pro-
moção do conceito da qualidade de vida.
Noesportedealtorendimento,noesporteolímpicooutalveznoconceitomaispróximo,
porémmenosutilizado:nodesportodeexcelência,predominamosaspectosdocomportamento
orientados com a maximização do nível de rendimento; na busca consciente de resultados, nas
diferentesformasdeinstitucionalizaçãodoesporte.“Enfim,evidencia-senodesportoumaprá-
tica social onde (...) podemos encontrar e cultivar os valores da corporeidade, da condição
física e saúde, do rendimento, do empenhamento da persistência, da ação de dificuldade da
realização, da tensão, do dramatismo e da aventura, é um espaço de expressão, de estética, de
impressões e experimentações, de comunicação, de cooperação e de intenção” (Bento, J.O.
1995).
O pressuposto teórico que deve nortear o pensamento filosófico e político é de que o
esportecomoformadeaplicaçãodepolíticassociaisestáconfiguradopornumsistemacomple-
xo,ondeseuscomponentesconstitutivosinteragemdeformapermanente,dinâmica,configuran-
dooquedevemosoperacionalizar,umsistemadeformaçãoetreinamentoesportivo,um“siste-
ma esportivo nacional”. Neste espera-se um coerente conjunto de normas, de ações, de progra-
mas, que possibilite a natural e desejável transição entre as diferentes formas de expressão e
manifestaçãoesportivaanteriormentecitadas,umtrânsitoharmônico,eficienteeprincipalmente
humano.
Esse trânsito entre as diversas formas de manifestação do desporto não pode acontecer
de forma espontânea; ele exige estruturas e infra-estrutura, que possibilitem e acompanhem de
formaracionalodesenvolvimentodonívelderendimentodecrianças,jovenseadultosnoespa-
ço das práticas esportivas, bem como dos atletas olímpicos e para-olímpicos.
Com a Carta Internacional de Educação Física e Esportes (UNESCO/78), as práticas
esportivas passam a ser entendidas como direito de todos; assim, as diferentes formas de
manifestação do esporte acima relacionadas fazem parte do cotidiano do mundo moderno; no
Brasil a partir da Constituição de 1988, que destaca, em seuArtigo 217, a obrigação de aportes
dos recursos públicos para o esporte, inicia-se o processo de clara diferenciação das formas de
expressão ou manifestação do esporte.
Conforme Bento (1991), nesta nova dimensão a prática esportiva e as variadas mani-
festaçõesdaculturacorporaldemovimentoassumemnovasformasemodelos,valoresesentidos.
Todapráticaesportivaestáqualificadapelasdiversasintencionalidadesinerentesaopraticante,
que lhe permite estabelecer diferentes objetivos, sentidos e necessidades.
Sabe-se que, no esporte de alto nível de rendimento, para se alcançar o máximo de
performance individual ou coletiva é necessário se desenvolver um longa e adequada sistema-
tização, planejamento, organização, execução, regulação e controle da qualidade do processo
deensino-aprendizagem-treinamento.Altosrendimentosesportivosexigemesforço,dedicação,
conhecimentotécnico.
O presente volume tem como objetivo permitir ao professor, monitor ou ao próprio
atleta, o registro dos diferentes momentos da sua vida esportiva, de forma simples, porem com
conseqüênciasextremamente importantesparaoplanejamento,asistematização,organização,
execução, regulação e avaliação do seu processo de ensino-aprendizagem-treinamento. Este
caderno de avaliação do rendimento pode também ser útil para o praticante de atividades es-
portivasdeoutrasmodalidades,adaptando-oàsnecessidadesecaracterísticasespecificas,tam-
bémdeummodomaisamploegeral; portanto,notextoestaremosutilizandofreqüentementeo
termo atleta, ou usuário.
Ocorretopreenchimentodeste permitiráobterumperfildetalhadodaevoluçãodonível
derendimento,da performancedopraticante, nosdiferentesmomentosdavidaativa, nassuas
variadas formas de manifestação da prática, tais como: sessões de treinamento, festivais, com-
petições, jogos de seleção, enfim, da prática de atividades de handebol, etc.
Asplanilhasdeavaliaçãoapresentadasaquibemcomoasplanilhasdetestespararegis-
tro do nível de rendimento, a serem descritos a seguir, orientaram-se nos seguintes princípios:
» Servir de base para o desenvolvimento de um banco de dados compatível com as ne-
cessidades de consulta da evolução do nível de rendimento em diferentes fases.
» Possibilitarumainformaçãoimediatadequalidade,donívelderendimentoemparâmetros
específicos.
» Possibilitarolevantamentodedados,mesmosemcontarcomtecnologiasofistica
a,porémsemperderdevistaaqualidadedoprocedimentoeaimportânciadavalidadecientífica
dos mesmos.
» Aplicar, caso haja disponível, tecnologia mais avançada para o registro de dados.
» Ofereceraousuáriodiferentesalternativasderegistrodedados,considerandoomáximo
de aspectos possíveis, com o intuito de não perder de vista a complexida de parâmetros e
variáveisquefazemaorendimentoesportivo.
Para atender a estas exigências foram considerados os diferentes fatores que compõem
a multidisciplinaridade inerente ao rendimento esportivo no handebol, e portanto elaboramos
planilhas para o registro do rendimento nas áreas de:
» Identificaçãopessoal
» Históricoeexamemédico
» Históricoclínico
» Histórico das lesões
» Históricodasenfermidades
» Analisefisioterápica
» Análisepostural
» Análisedaflexibilidadedoatletadehandebol
» Característicasantropométricas
Nível de desenvolvimento das capacidades de rendimento do atleta de handebol na
áreas:
» Capacidadesfísicas
» Capacidades motoras
» Capacidades coordenativas
» Capacidades técnicas
» Capacidades táticas
» Avaliaçãodoníveldeconhecimentotático
» Avaliação da capacidade de tomada de decisão e execução tática
» Capacidades psicossociais
» Características da personalidade
» Atividades e esportes praticados na infância e adolescência
» Análisebiomecânica
» Treinamentodeforça
Tomando como base o conhecimento existente nas ciências do esporte e do treinamen-
to,procuramosabordarostemasemumalinguagemsimples,contendoexplicaçõessobreaspectos
teóricos mínimos, necessários para a compreensão da finalidade do trabalho, das formas de
levantamento de dados e sua posterior avaliação. Apresenta uma série de testes que são
freqüentemente utilizados na prática para controle das diferentes capacidades inerentes ao ren-
dimento esportivo. Os testes e procedimentos de avaliação apresentados devem ser considera-
doscomoproposta,epodememqualquermomentosersubstituídospelotreinador,conformeà
situação, às necessidades, aos objetivos e ao nível de recursos disponíveis.
Para que o trabalho aqui descrito seja realmente de apoio, solicitamos aos usuários a
constante preocupação pelo correto preenchimento e a permanente renovação dos dados soli-
citados em cada planilha, em cada teste, etc., de forma a se obter uma anamnese, um histórico
completo das atividades desenvolvidas na prática do esporte.
Além disso, deve-se estar sempre atento aos seguintes procedimentos:
» Não se esquecer da foto, que deve ser renovada a cada 3 anos, até a idade adulta.
» Não se esquecer de atualizar endereços e números de documentos a cada ano, ou
quando necessário. Entre outros parâmetros. (Veja gráfico 1).
Neste caderno podem ser colocados os relatos e informes das diferentes consultas
médicas, por ex.: gripe, resfriados, etc., as interrupções da atividade física por causa de lesões,
USUÁRIOS DO CADERNO
Pessoas Instituições
NÍVEIS DE EXPRESSÃO DO ESPORTE
- escolar,
- lazer,
- clubes,
- saúde,
- reabilita ção,
- alto nível de rendimento,
- esporte profissional,
- etc.
- atletas e esportistas
- em geral,
- monitores,
- professores,
- treinadores,
- nutricionistas,
- fisioterap êutas,
- psicólogos,
- médicos,
- etc.
- escolas,
- escolinhas esportivas,
- clubes,
- associa ções,
- ligas esportivas,
- federações,
- etc.
Gráfico 1: Usuários do Caderno.
etc., bem como aquelas enfermidades ou distúrbios de caráter particular. Podem, também, ser
colocados os relatos de lesões que levem a pessoa a requerer tratamento fisio-terapêutico ou
médico-cirúrgico com pausa de mais de 15 dias; desta forma pode-se garantir o controle da
recuperação de forma ordenada e consciente.
A assinatura do médico, no caso de enfermidades registradas pelo mesmo, serve de
apoio ao registro dos dados.
O livroAvaliação do Rendimento doAtleta de Handebol visa a facilitar ao professor,
treinador, etc., o planejamento, organização, execução, regulação e controle do processo de
ensino-aprendizagem-treinamentodosníveisde performanceerendimentodosseusalunos,ou
dos seus atletas, não os forçando à participação em atividades que não sejam prudentes de ser
realizadas, pois “nenhuma medalha vale mais que a saúde de uma criança, ou de um atleta”
( Hahn, 1981: 12).
Entendemos que o processo de ensino-aprendizagem-treinamento com crianças e ado-
lescentes deve ser “uma orientação e controle do desenvolvimento das suas capacidades; de
acordo com uma quantidade, variada e criativa, de experiências de movimentos em todas as
áreas sem a especificidade do esporte, para o qual elas devem ser preparadas. Através de
formas jogadas e jogos deverão ser incorporadas experiências motoras, que permitem uma
integração e cooperação de técnicas para todos os esportes” (Oerter, 1982). O objetivo princi-
pal é a expansão de todas as capacidades motoras em uma base ampla que sirva de reserva,
para facilitar, futuramente, o aprendizado de técnicas específicas. O objetivo, portanto, “não
deve ser o rápido rendimento, o qual, geralmente, tem uma curta duração, pois logo aparece
uma saturação do esporte” (Martin, 1981).
“Treinamento com crianças é treinamento de formação, preparação para alto nível, e
nãotreinamentodealtonível.Otreinamentodeformaçãoénecessárioquandoumaculturajulga
o esporte de alto nível, para adultos como um aspecto importante no seu contexto. Então, só
então, pode-se começar um longo caminho até o produto final, com a formação das crianças e
adolescentes” (Oerter, 1982).
Cada passagem de fase escolar, de categoria na escolinha ou no clube, cada troca de
clube, de escola, etc., deverá ser registrada nesse livro; desta forma, o levantamento de dados
permaneceinalterado,temacontinuidadenecessária,oqueindubitavelmentefacilitarátodas as
gestões que o mesmo oferece.
Aspectosrelevantesparaorendimentonaáreadascapacidadespsicológicas,comoseu
níveldemotivação,osinteresses,oqueousuáriodocadernogostadefazeralémdoseuesporte
decompetição,permitirãoobter-seumperfildeste,facilitandoassimasinteraçõesentremonitor,
professor, etc., operacionalizando-as de forma mais adequada.
Nesse volume pode ser incorporada uma série de dados especificamente ligados ao
rendimento técnico-tático do usuário; portanto, não se pode esquecer de registrar aspectos tais
como: posição na qual o atleta joga mais freqüentemente, no ataque e na defesa, mas também
aquela na qual ele mais gosta de jogar, sendo importante, portanto, que freqüentemente sejam
repensadas as possibilidades de aproximação entre os dois aspectos: gostaria de fazer e estou
fazendo. Os resultados dos testes para avaliação do nível de conhecimento tático podem ser
treinadosatravésdeatividadesjogadasemsituaçõesde2X2,3x3comousem“curinga”(veja
GrecoeBenda1999eGreco1999)deformatalaseoportunizar,viaaprendizagem“incidental”,
a aquisição ou aperfeiçoamento do nível de conhecimento tático, base da tomada de decisão
através da aplicação das formas de pensamento convergente ou divergente.
Da mesma forma, deve-se proceder ao registro de dados no clube e nas seleções pelas
quais o atleta já passou.
Caroatleta,deixeoseutreinadorpreencher,pergunteaeleosvaloresdoseurendimento
e coloque-os nos quadros respectivos, para você mesmo poder se auto-analisar. Prezado trei-
nador/professor, não esqueça que você está interagindo com pessoas em fase de formação; o
levantamento de dados e a correta interação e utilização dos mesmos no planejamento, condu-
ção e regulação do processo de ensino-aprendizagem-treinamento será um aporte e uma ajuda
avocêeaseusatletas.Seutrabalhopoderásermais eficiente,maisdinâmico, oqueseconstitui
em um beneficio para o exercício da profissão.
Desejamossucessonaaplicaçãoemanuseiodolivroeesperamosqueassugestõesaqui
contidas possam ser ponto de partida para o planejamento, a sistematização, organização, exe-
cução, regulação e avaliação da sua prática cotidiana.
O SISTEMA DE FORMAÇÃO
E TREINAMENTO ESPORTIVO
NO HANDEBOL
Pablo Juan Greco
Oaltonívelderendimentoesportivo,alcançadopelosatletasemsituaçõesdetreinamento
ecompetição,éprodutodeumasériemultifatorialecomplexadevariáveis condicionantesque
atuam e interagem, tanto em conjunto quanto isoladamente, de forma a limitar ou facilitar a
qualidade de expressão apresentada pelo esportista na situação de jogo.
O processo de ensino-aprendizagem-treinamento dirigido à obtenção e melhoria dos
diferentesníveisdeperformancedeumatletadeve,portanto,contemplarumadequadoplaneja-
mento, sistematização, estruturação, execução, regulação e controle científico das diferentes
capacidadesqueconstituemorendimentoesportivo,paragarantirassimumharmoniosoecon-
dizente nível de desempenho. Em alguns casos, finalizada a carreira esportiva de alta competi-
ção, deve-se planejar, sistematizar, estruturar, executar, regular e avaliar um processo de
destreinamento, que permita a redução gradativa, controlada, dos níveis de rendimento, até se
chegar a parâmetros fisiológicos normais ou somente um pouco acima destes.
A operacionalização do processo de ensino-aprendizagem-treinamento se inicia geral-
mentenainfância,temsuacontinuidadenaescola, instituiçãofundamentalnareferênciacultural
formadora de hábitos de vida salutar, promovendo a conscientização dos valores e importância
da prática regular de atividades físicas. Os outros locais onde se realiza a prática esportiva, tais
comooclubeeasescolinhas,sãoinstituiçõesparticipantesdesteprocessodeconscientizaçãoe
desenvolvimentodaculturacorporaldemovimentodoindivíduo,naconstruçãodasua biografia
esportiva.
Como se pode observar, torna-se impreterivelmente necessário que o processo de
2.1 O Sistema de Formação e Treinamento Esportivo
O SISTEMA DE FORMAÇÃO E TREINAMENTO
ESPORTIVO NO HANDEBOL
Pablo Juan Greco
desenvolvimento, da cultura de movimento, da biografia esportiva, do ser humano através de
um processo de ensino-aprendizagem-treinamento se fundamente, apóie e relacione com os
conceitos políticos e filosóficos que o Estado e a sociedade organizada devem constituir. Por-
tanto,oreferidoprocessodeveconcretizar-seconformeosprincípiosimplícitosnosmodelosde
formaçãoedetreinamentoesportivoidealizadosnomarcodaculturadoPaís.Ambasasalterna-
tivas, formação e treinamento, não são antagônicas; pelo contrário, devem ser vistas na pers-
pectivadasuainter-relação,dependênciamútua,correlação,seqüência,continuidadeeinteração
permanente,nuncacomoelementosdissociados.
Gráfico 1: concepção de um sistema de formação e treinamento esportivo
(baseado em Greco, 1998).
A função primária de um sistema de formação e treinamento esportivo, é determinada
pela sociedade através de conceitos políticos e filosóficos que a o ser humano ao longo da sua
história constrói. Para se alcançar os fins nele inerentes é necessário determinar quais e como
funcionam as diferentes estruturas que darão vida organizacional ao referido sistema. Nosso
conceitodestacaumaorganizaçãocompostapelasestruturasadministrativasouorganizacionais
doesporte,aestruturadeaplicação,aestruturatemporal,èfinalmenteaestruturasubstantivaou
de capacidades inerentes ao rendimento esportivo:
» Aestruturaadministrativa,naqualseencontramasdiferentesorganizaçõeseinstituições
que regem o esporte, tais como o Comitê Olímpico, confederações, federações, secretarias de
esporte, clubes, entre outras.
» Aestruturadeaplicação,tambémdenominadadeformasdeexpressãooumanifestação
do esporte. O rendimento esportivo pode ser contemplado conforme ao nível de expressão
CONCEPÇÃO
FILOSÓFICA POLÍTICA
ADMINISTRATIVA APLICAÇÃO TEMPORAL SUBSTANTIVA
INSTITUIÇÕES FORMAS DE
EXPRESSÃO
FASES
E NÍVEIS DO
RENDIMENTO
CAPACIDADES DO
RENDIMENTO
qualitativonoqualestaaçãoestáinserida;assimencontramosformasdeexpressãooumanifes-
tação do esporte, tais como o lazer e/ou tempo livre, a escola, a reabilitação, a prevenção da
saúde, e as dirigidas à maximização do rendimento, no qual podemos diferenciar três níveis: o
esporte de rendimento, o de alto nível de rendimento e o esporte profissional.
» A estrutura substantiva ou de conteúdos, na que se reúnem e manifestam as diferentes
capacidades que compõem o rendimento esportivo, a ação.As seis capacidades ou conjunto de
capacidades que interagem no momento da execução das ações motoras, das técnicas de mo-
vimentos, devem ser desenvolvidas de forma paralela e gradativa, sem atropelar as fases de
maturação biológica e sem sobrepor exigências que convirjam para uma especialização preco-
ce,poiscriançasdevemserprimeiramentecrianças,“nãosãoadultosreduzidos”(Hahn,1981).
Portanto,destacamosqueumadasmaisimportantestarefasdasdisciplinascientíficasquecons-
tituem as denominadas ciências do esporte e das ciências do treinamento é oferecer contribui-
ções par elucidar as questões inerentes às inter-relações existentes no conjunto de capacidades
que constituem o rendimento esportivo. Referimo-nos às capacidades físicas, biotipológicas,
técnicas,táticas,psíquicas,esocioambientais,fontebásicaesubstânciaparaaoperacionalização
de uma ação motora, de um gesto esportivo, ou expressando de outra forma da concretização,
da realização, da execução de uma técnica esportiva.
» A estrutura temporal abrange as diferentes fases de evolução dos níveis de rendimento
conformediversasvariáveis,taiscomoidadecronológica,idadebiológica,níveldematuridadee
experiênciaesportivageral,biografiadomovimento, objetivosalmejadosecontextosociocultural
específico, entre outros parâmetros. Esta estrutura está composta pelo sistemas de formação e
detreinamentoesportivo.
Ambos os sistemas serão descritos sucintamente a seguir, de forma a oferecer ao leitor
uma base referencial teórica que lhe permita compreender os alcances e limites da sua ação
pedagógica em cada um dos diferentes momentos da vida do atleta com o qual interage (mais
sobre o tema em Greco, P. J. e Benda, R. N. 1998).
A estrutura temporal constitui a base conceitual e técnica do processo de formação e
treinamentoesportivoaquiapresentado.Neladiferenciam-seclaramenteduasestruturasousis-
temas,doismomentosqueseinteragem,seapóiamesecondicionammutuamente.Porumlado,
temososistemadeformaçãoesportiva,queavisaoportunizaradelimitaçãoconceitualdecada
momentodavidaesportivadoindivíduo;poroutro,osistemadetreinamentoesportivo,quevisa
a organizar e delimitar os possíveis momentos da vida do indivíduo voltado para o esporte de
rendimento com interesse de máximas performances – onde o resultado favorável na compe-
tição é um objetivo.
O sistema de formação esportiva inicia-se com a denominada fase pré-escolar (0 a 6-7
anos), a universal (6-7 a 12 –13 anos), a de orientação (12-13 a 14-15 anos), a de direção (14-
15 a 16-17 anos).Apartir desta idade podemos diferenciar duas linhas com alternativas de
tomada de decisão por parte do indivíduo: conforme os objetivos e interesses, uma destas
volta-se para o esporte de rendimento, a outra para o esporte como um meio de manutenção da
saúde, de ocupação do tempo livre, etc.
No caso do esporte de rendimento, três momentos serão importantes na seqüência; nos
referimo-nos às fases de especialização (15-16 a 18-19 anos), de aproximação (18-19 a 21-22
anos) e a fase de alto nível de rendimento que deveria iniciar-se aos 21-22 anos.
Assim podemos concordar com Ramón Seco (...), quando no texto pergunta: iniciação sim,
porém, até quando? E responde que o momento adequado a iniciação específica ao handebol
deve acontecer aproximadamente aos 10-12 anos e ter seqüência evolutiva a partir desse mo-
mento.
Por outro lado, na linha do esporte sem objetivos de maximização do rendimento, en-
contra-seapráticaregulardeatividadesfísicaseesportivas;ondeseapresentamasmanifestações
do esporte de lazer, tempo livre, saúde, etc., encontramos a fase de esporte para a saúde, onde
evidentemente a obtenção e a melhoria do nível de rendimento têm outras conotações e carac-
terísticas expressas no sistema de treinamento de alto nível de rendimento.
Uma última fase que tem adquirido grande relevância nos últimos tempos, devido às
características de exigência do esporte de alto nível de rendimento, fecha o ciclo do sistema de
formação esportiva; nos referimo-nos à fase de readaptação, que se sugere após concluído o
ciclodealtasperformances evisaaumagradativareduçãodosparâmetrospsicofisiológicosde
forma a evitar seqüelas traumáticas para a saúde do indivíduo, reestruturar e corrigir possíveis
desequilíbrios,disbalancesosteo-articulares, muscularesoudeflexibilidade.
UniversalPré-
Escola
Orienta-
ção Direção
Recreação
Saúde
Readap-
tação
Especia-
lização
Aproxi-
mação
Alto
Nível
NÍVEL DE RENDIMENTO
IDADE
Gráfico 2: Fases e níveis de rendimento do sistema de formação esportiva:
Nestemomentoresultaimportantedestacar asdiferençasentreumsistemadeformação
eumsistemadetreinamentoesportivo.Osistemadeformaçãoabrangeumafase,ummomento
em que se pode optar pelo direcionamento da vida esportiva para o esporte de alto nível de
rendimento.Assim sendo, os objetivos e a formulação de metas devem ser diferentes. No siste-
ma de formação esportiva o interesse central do mesmo é fundamentalmente a orientação com
os processos, os meios a serem seguidos para contribuir na delimitação, conformação da per-
sonalidade do indivíduo, na busca de um referencial da cultura de movimento. No processo de
treinamento esportivo o objetivo a se alcançar é o resultado, a busca da performance. Um
sistema de formação e treinamento esportivo deve, portanto, oportunizar e promover o desen-
volvimentodapersonalidadedoserhumanoatravésdapráticaesportiva,estabelecerprincípios
normativos sobre os processos de ensino-aprendizagem-treinamento e priorizar a formação do
indivíduo como ser biopsicossocial; não se devem propor objetivos de rendimento a curto pra-
zo, pois estes, além de serem inapropriados desde o ponto de vista psicofisiológico, levam a
uma saturação e a um abandono precoce da prática esportiva.
O sistema de “Treinamento Esportivo” apresenta como objetivo seu direcionamento
para a obtenção de adequados resultados no esporte de alto nível, objetivando a otimização do
potencialdoatleta,visandoaapresentarmáximosrendimentos.Assim,aspectostaiscomoinfra-
estruturaorganizacionaldisponível,interesseepredisposiçãodoindivíduo,diagnósticoeprog-
nóstico da evolução do nível de rendimento na modalidade, evolução físico-técnica, técnico-
tática,tático-psicológicaviáveleticamentequeoatletapossaalcançar,pré-requisitosbiotipológicos
inerentes à modalidade escolhida, e devem permanentemente ser relacionados no momento da
escolha do esporte na sua forma de expressão do alto nível de rendimento. Um longo e difícil
processo de ensino-aprendizagem-treinamento deverá ser trilhado para se alcançarem os obje-
tivos almejados de se apresentarem altos níveis de rendimento em situações de competição.
Portanto,amotivaçãointrínsecaeascondiçõesambientaisdevemestarfortementecon-
solidadas. Conforme trabalhos anteriores (Greco, 1998), o sistema de treinamento esportivo
estáconstituídoportrêssubsistemas:
» detreinamento,
» de competição,
» de regeneração.
Gráfico 3: O sitema de treinamento esportivo.
Ocentrodestemodeloéoatleta:eleseconstituiemumeixo,noelementofundamental
do processo, sendo para ele que todos os esforços devem se direcionar e cada subsistema ser
planejado, organizado, executado, regulado e avaliado..
O SISTEMADE TREINAMENTO ESPORTIVO
TREINAMENTO COMPETIÇÃO
REGENERAÇÃO
SUBSISTEMATREINAMENTO
PLANEJAMENTO REALIZAÇÃO
AVALIAÇÃO
Princípios
Diagnóstico Prognóstico
Métodos Meios
Biomecânica Motora
Psicológica Médica
Gráfico 4: O subsistema de treinamento.
A estrutura de planejamento tem como objetivo se apoiar nos denominados princípios
do processo de treinamento esportivo, a saber, os princípios pedagógicos, administrativos,
gerenciais, biológicos e psicológicos que norteiam a aplicação de conhecimento produzido nas
ciênciasdotreinamento,realizarumdiagnósticoeumprognósticodasexigênciasdamodalidade
bemcomodonívelderendimentoindividualdoatleta,estabelecendoasmetasparciaiseformas
de trabalho que deverão ser equacionadas para se obterem os objetivos propostos.
SUBSISTEMATREINAMENTO
Planejamento
Gráfico 5: A estrutura de planejamento.
Princípios
Diagnóstico Prognóstico
O subsistema de treinamento se compõe de três grandes estruturas:
» deplanejamento,
» de realização,
» de avaliação.
Aestruturaderealizaçãopermite,atravésdaaplicaçãonaprática,notrabalhocotidiano
dos diferentes métodos de treinamento, se equacionarem os respectivos prazos de recuperação
que estes requerem; assim, é importante se conhecerem os diferentes meios com os quais os
métodos podem ser concretizados na prática, de forma a se ter uma visão global do subsistema
de realização do treinamento.
SUBSISTEMATREINAMENTO
Realização
Métodos Meios
Gráfico 6: A estrutura de realização, execução do treinamento.
A estrutura de avaliação apresenta aquelas formas concretas de medir objetivamente o nível de
rendimento alcançado, de forma a se proceder aos ajustes necessários no planejamento e na
execução do processo de ensino-aprendizagem-treinamento, de forma tal a se aproximar dos
objetivos desejados.
SUBSISTEMATREINAMENTO
Avaliação
Biomecânica Motora
Psicológica Médica
Nutricional
Gráfico 7: A estrutura de avaliação.
SUBSISTEMA COMPETIÇÃO
Teste
Treino
Seletivas
Classificatórias
Iniciais
Preparatórias
Principais
Gráfico 8: O subsistema de competição.
O subsistema de competição está caracterizado pelo sistemático planejamento, organi-
zação, execução, regulação e avaliação, em relação à participação em eventos, campeonatos e
diversas formas de competição; deve-se considerar a carga física e psicológica que a competi-
çãoapresentadeformaintrínsecaaoatleta. Noesportederendimentonãoésuficienteselimitar
aplanejaradequadamenteoprocessodetreinamento;énecessárioquesejatambémequacionado
um adequado processo de evolução e controle do estado de rendimento do atleta através da
competição.Acompetiçãotorna-seemumelementoimpreterivelmentenecessárioparaamelhoria
do status qualitativo do atleta, ao mesmo tempo que lhe serve de apoio como meio para a
obtençãoderesultados.Nãoexistemavançossignificativosnonívelderendimentodoatleta,se
este não for periodicamente confrontado a apresentar seu estado de produção, sua capacidade
momentâneanacompetição.
SUBSISTEMAREGENERAÇÃO
Métodos
Biomédicos
Psico-
pedagógicos
O terceiro e último subsistema é o de regeneração, compondo-se também de diferentes
estruturas. Quando nos referimos à regeneração o fazemos considerando o atleta como um ser
biopsicossocial que precisa, após de uma série de esforços, um momento que lhe permita o
reestabelecimento total das suas potencialidades.Adiferença entre recuperação e regeneração
está dada pelos alcances de cada uma destas.Arecuperação refere-se aos processos fisiológi-
cos necessários após cada sessão de treinamento, cada esforço, cada competição, para se
obter a adaptação biológica necessária e se estar novamente em condições de realizar altos
níveis de rendimento.Aregeneração implica considerar também a interação existente entre os
processos psicológicos e fisiológicos que se apresentam após ciclos de trabalho, sendo portan-
to um conceito muito mais amplo, de duração temporal diferente, a que se apresenta na recupe-
ração. O subsistema de regeneração é fundamental após um longo processo de treinamento e
competiçãoparaseoportunizarumnovociclodealtorendimentoesportivo,emque,certamen-
te, estarão mais uma vez presentes, incidindo sobre o atleta, elevadas cargas físicas e psíquicas
de forma continuada.
Aaçãodeoperacionalizarcientificamente,deformaplanejada,organizada,essesistema
de formação e treinamento esportivo denomina-se, na literatura das ciências do esporte,
“regulação”. Este procedimento, segundo GROSSER e col. (1988), está constituído pelos se-
guintespassos:
» Planejamento,
» Condução ou execução,
» Controle,
» Avaliação do citado processo de ensino-aprendizagem-treinamento.
Gráfico 10: Subsistema de Regeneração
Nasdiferentesfasesdoprocessodetreinamentoeconformeaomomentodaperiodização,
o nível aspirado para se alcançar em algumas capacidades (psíquicas, físicas, técnicas, táticas,
etc.) inerentes ao rendimento esportivo, terá ênfases que serão determinadas pelos objetivos
macros. Resulta, portanto, premente e necessário, para qualquer planejamento e posterior con-
dução do citado processo de ensino-aprendizagem-treinamento, que o mesmo se apóie em um
banco de dados que sirvam para este de marco referencial, que seja simultaneamente ponto de
consulta e de partida para o planejamento, a realização e avaliação do processo a ser iniciado.
Um exemplo da necessidade de se ter um banco de dados pode ser construído a partir da
necessidade de se terem registrados os níveis de rendimento de capacidades físicas como a
resistência - por citar uma destas – para assim poder sistematizar o processo de desenvolvi-
mento da mesma, que em média deve ser de 20 % ao ano, para não forçar indevidamente o
organismo.
Estecadernoderendimentodoatletadehandeboloportunizasubsídiosparaseconfigurar
um banco de dados desta natureza.
2.1 O Sistema de Formação e Treinamento
Esportivo no Handebol
O sistema de formação esportiva aplicado ao handebol e aos esportes coletivos está
constituído,nanossavisão,pelasnovefasescitadasanteriormente,asquedecorrem apartirdo
nascimento da criança e se estendem durante toda a evolução ontogenética. Assim diferencia-
mos no handebol, que a partir da faixa etária dos 16-18 anos, no momento da especialização
esportiva, na especialização em uma modalidade específica, pode-se iniciar um processo dife-
rente, pode-se encaminhar esses adolescentes que demostrarem o interesse, isto é, tenham a
motivaçãointrínsecanecessária,econcomitantementepossuamumbiótipoadequadooumani-
festamenteemevolução,paraumprocessodetreinamentoesportivo.Estaremosassimentrando
no sistema de treinamento esportivo. No quadro a seguir detalharemos as diferentes caracterís-
ticas e objetivos a serem alcançados nos momentos evolutivos. O quadro apresenta uma rese-
nha de orientação em relação ao desenvolvimento da capacidade de jogo do jovem esportista,
detalhando os conteúdos mais importantes em relação à apropriação do conhecimento do ata-
que e a defesa no handebol.
Idade
6-8 anos
Fase
Universal:
Capacidades
Físicas
Coordenação:
1 elemento +
1 colega
Capacidade
de Jogo
Jogos: dirigidos,
de perseguição,
de descoberta,
de orientação,
sensoriais,
perceptivos
estafetas, etc.
Ataque
Atividades que
desenvolvam o
conceito de
ataque, atividades
onde o lançamento
seja a forma de
definição do jogo.
Defesa
Atividades que
desenvolvam o
conceito de
defesa, de
retorno à defesa,
de marcação,
preferentemente
um contra vários.
8-10 anos
Fase
Universal:
Capacidades
Físicas
Coordenação:
2 elementos +
2 colegas.
Capacidade
de Jogo
Grandes jogos.
Jogos para
desenvolver
a inteligência
de jogo.
Jogo de
handebol na
forma de jogos
situacionais
1 x 1 + 1; 2 x 2 +1.
O handebol pode
ser jogado na
forma de 4 x 4
com ou sem
goleiros. Áreas
reduzidas, de
máximo 4 metros,
gols menores,
altura 1,50 x 2,50.
Ataque
Atividades que
desenvolvam o
conceito de ata
Ex:Soma de
passes.
Formas de
lançamento
devem estar
presentes, na id
de pontaria ou
vencer um gole
Jogar sem funç
e posições fixas
Promover a
aprendizagem
incidental, atrav
do jogo.
Atividades com
fintas, troca de
direção, sair da
marcação.
Combinar situa
de igualdade e
superioridade
numérica.
Idade
Tabela 1: Sugestão de organização dos conteúdos conforme às fases e faixas etárias no handebol:
1 2 -1 4 a n o s
F a s e d e
o r i e n taç ã o :
C a p a c i d a d e s
F ís i c a s
C o o rd e n a ç a o
e s p e c íf ic a e
in íc io d o
t re in a m e n t o
té c n ic o .
A u t o m a t iz aç ã o ,
v a ria ç ã o e
e s t a b iliz a ç ã o
d a té c n ic a .
C a p a c i d a d e
d e J o g o
D e s e n v o lv e r a s
c a p a c id a d e s
t á t ic a s in d iv id u a is ,
in d e p e n d e n t e d o
n í v e l d e
re n d im e n t o .
A ta q u e
I n ic ia ç ã o n o jo g o
p o s ic io n a l e m
a t a q u e " 3 -3 " .
D e s e n v o lv e r o
s e n t id o d a s
m u d a n ç a s d e
p o s i ç ã o n a la rg u ra
e p ro f u n d id a d e d a
q u a d ra .
D e s e n v o lv e r a
t á t ic a in d iv id u a l n o
jo g o u t iliz a n d o
re g ra s d e
c o m p o rt a m e n t o
e m s it u a ç õ e s " 1 x 1 "
e " 2 x 1 " .
D e fe s a
M a rc a ç ã o c o m
s is t e m a s
o f e n s iv o s :
1 -5 ; 3 -3 ; 3 -2 -1 .
R e c o m e n d a ç õ e s
p a ra s e le ç ã o d e
t a le n t o s : jo g o e m
d o is t e m p o s d e 5 '.
M a rc a ç ã o
in d iv id u a l
n a q u a d ra t o d a .
D e s e n v o lv e r a
t á t ic a in d iv id u a l
n o jo g o u t iliz a n d o
re g ra s d e
c o m p o rt a m e n t o
e m s it u aç õ e s
" 1 X 1 " e " 1 x 2 " .
I d a d e
10-12 anos
Fase
Universal:
Capacidades
Físicas
Coordenação:
3 elementos +
3 colegas,
atividades de
coordenação
específica.
Capacidade
de Jogo
Jogos para
desenvolver a
inteligência de
jogo.
Iniciação aos
conceitos táticos
grupais básicos.
Ataque
Atividades que
desenvolvam o
conceito de táticas
de grupo, iniciação
no treinamento
tático aplicando
preferentemente
a metodologia
situacional.
Ênfase nos jogos
3 x 3 com ou sem
"curingas".
Desenvolver
atividades jogadas
3 x 3 com tarefas
táticas de grupo
como "par x impar".
Cruzamento com
e sem bola, "cair"
de pivô, cortinas,
etc.
Defesa
Atividades que
desenvolvam o
conceito de defesa
em sistema mistos,
isto é, individual e
zona, como por
exemplo 2
individual e 4 em
zona.
Utilizar sistemas
defensivos
aplicando
marcações abertas
como 3-3 ou 1-5,
continuar com
marcação
individual metade
da quadra,
aplicando
variações desta,
com ou sem
press ão do lado
da bola, etc.
Idade
14-16 anos
Fase de
direção:
Capacidades
Físicas
Início do
treinamento
sistematizado.
Capacidade
de Jogo
Continuar o
desenvolvimento
da capacidade
geral de jogo.
Iniciação na
especializa ção,
porém, em todas
as posições.
(all rounder)
Desenvolver as
capacidades
técnicas e táticas
gerais em relação
às diferentes
posições no jogo.
Ataque
Tática individual
específica em
cada posição do
ataque.
Continuar o
desenvolvimento
do jogo posicional
e ampliar o
conteúdo do
conhecimento
tático de grupo.
(2/3 jogadores)
Formas básicas de
desdobramentos.
Contra-ataque
simples e em
ondas.
Defesa
Utilização do
sistema defensivo
3-2-1 ofensivo,
orientado com a
bola e 3-2-1 com
líbero.
Modificação da
defesa frente a
desdobramentos
do ataque: manter
o 3:2:1 e trabalhar
em forma
antecipativa sobre
os armadores
advers ários ou
mudar para 6-0
ofensivo.
Utilização de tática
defensiva de grupo:
coberturas, toma e
entrega, bloqueio.
Idade
16-18 anos
Fase de
especia-
lização:
Sequência do
Treinamento
sistematizado
das capacidades
físicas
Iniciação na
especialização,
porém, em todas
as posições.
(all rounder)
Treinamento nas
posições de ataque
, porém, sem
especialização.
Desenvolver as
capacidades
técnicas e táticas
gerais em relação
às diferentes
posições no jogo.
Desenvolver a
capacidade de
jogo contra
diferentes
sistemas
defensivos.
Sequência do
jogo após
desdobramentos
(3-3 a 2-4).
Diminuir o tempo
de duração do
ataque durante o
jogo posicional.
(variar o tipo de
combinações de
ataque)
Continuar o jogo
em forma
dinâmica após o
contra-ataque ao
jogo posicional,
sem frear o jogo.
Utilizar o 3-2-1.
Funcionamento
frente a mudanças
de formação de
ataque
(6-0 ou 5-1).
Sistema defensivo
6-0 nas diferentes
formas de
aplicação:
defensivo -
ofensivo -
antecipativo.
Aplicação de
diferentes
formações
defensivas em
forma adequada à
situação de jogo.
FICHAS DE ACOMPANHAMENTO
E DE AVALIAÇÃO DO ATLETA
DE HANDEBOL
Pablo Juan Greco
A seguir serão apresentadas diferentes fichas padrões para armazenamento de dados
visandoaumacompanhamentodaevoluçãodorendimentodoatletadehandebol.Sãomodelos
queoportunizamoregistrodefatos,rendimentos,características,emdiferentesáreasdeconhe-
cimento inerentes ao processo de ensino-aprendizagem-treinamento do atleta de handebol; as-
sim, seu conjunto permite elaborar e alimentar um banco de dados que reflita uma detalhada
biografia de movimento, ou da cultura de movimento, da experiência acumulada do atleta. Os
modelos aqui descritos somente pretendem ser um ponto de apoio para professores, técnicos,
atletas, etc. Poderão ser modificados conforme à necessidade do usuário; no entanto, solicita-
mos se tenha o cuidado de permanentemente se realizar o esforço que permita o completo
preenchimento dos campos o mais próximo possível do modelo sugerido, já que desta forma
estar-se-á promovendo uma padronização do registro em um banco de dados no estado de
MinasGerais.
As planilhas modelo a serem apresentadas estão divididas nas seguintes áreas:
3.1 Dados Pessoais doAtleta
3.1.1 Endereçoparticular
3.1.2 Endereçosimportantes
3.1.2.1 Estudo
3.1.2.2 Clube
3.1.2.3Trabalho
FICHAS DEACOMPANHAMENTO E DE AVALIAÇÃO
DOATLETADE HANDEBOL
Pablo Juan Greco
3.1.3 Conta bancária
3.1.4 Formação Escolar
3.2 Avaliação Médica
3.2.1 Ficha de anamnesse e diagnósticos médicos
3.2.2 Tiposangüíneo evacinação
3.2.3 Registrodelesões,enfermidades
3.2.4 Avaliação antropométrica do atleta de handebol
Aeste capítulo somam-se, a seguir, diferentes artigos elaborados por especialistas nas
áreasespecíficas.Assimencontraremosnocapítulo4,elaboradopeloDr.HansJoachinMenzel,
otema: biomecânicaaplicadaaotreinamentodehandebol.Nocapítulo5,temos ummodelode
avaliação fisioterápica elaborado pelo prof. Ms. Ricardo Carneiro e colaboradores, contendo
dicas de como avaliar postura e determinar o nível de flexibilidade.Aeste tipo de avaliação
soma-se o capítulo 6, que trata o tema “desenvolvimento da força do atleta de handebol”,
elaborado pelo prof. Ms. Fernando Vítor Lima. Segue no capítulo 7 uma seqüência de opções
para avaliação das capacidades físicas:
7 Avaliação da Capacidade Física
7.1 Capacidades motoras
7.1.1 Testes de capacidade aeróbia
7.1.2 Testes de força muscular
7.1.3 Testes de agilidade
7.2 Capacidades coordenativas
Ocapítulo8apresentaduasalternativasdiferentesparaseavaliarorendimentotécnico,
uma maisquantitativaeaoutramaisqualitativa.
8 Capacidade Técnica
8.1 Testes técnico motores
8.2 Procedimentos de avaliação da técnica em situações de jogo
Nocapítulo 9descrevem-seformasdeavaliaçãodoconhecimentotáticoedaformade
operacionalização de alternativas de soluções táticas de grupo.
9 Capacidade Tática
9.1 Procedimento de avaliação do conhecimento tático
9.2 Procedimento de avaliação da capacidade de execução tática
O capítulo 10, elaborado pelo prof. Dr. Dietmar Samulski e Ms. Franco Noce, apre-
senta formas simples de avaliação psicossocial do atleta de handebol. Para finalizar o texto, no
capítulo 11 descrevem-se diferentes modelos para observação e análise de jogos, e do rendi-
mentoindividualecoletivodoatletadehandebol;estesmodelosjáforamaplicadoseminúme-
rostorneiosetem,comograndevantagem,asuarápidaefácilaplicação,oferecendoumimpor-
tante retorno para o treinador, tanto no intervalo do jogo, bem como para o planejamento dos
treinos.
Com o conjunto de fichas, modelos e formas de avaliações pode-se construir um ver-
dadeiro caderno de rendimento do atleta de handebol. O usuário terá subsídios para proceder
e desenvolver seu trabalho, e registrar nele os diferentes momentos da sua vida ativa como
atleta.
Resulta importante neste momento explicar que o caderno de rendimento do atleta de
handebol apresenta dois tipos de procedimentos de avaliação: por um lado são apresentados
testes, já conhecidos, com todos os pré-requisitos inerentes a esta forma de avaliação, ou seja,
objetividade,confiabilidade,evalidade.Paraqueumtestetenhaumaproveitamentoadequado
devem ser preenchidos requisitos científicos que facilitem o aproveitamento de dados obtidos
deformauniversal.Alémdostestes,estamosemmuitoscasosapresentando“procedimentosde
avaliação”; neste caso, trata-se de formas de análise do nível de rendimento que não tem o
padrãodeumteste,istoé,nãoconseguemaindaapresentaros parâmetrosdevalidadecientifica
necessários.Apalavratestederivadolatim,“testimonium”,quepodesertraduzidacomoprova
ou comprovação.Apalavra teste se popularizou na língua americana, sendo entendida no uso
comumcomoprova.
Nome completo:
Apelidos:
Data de Nascimento: ___/___/___ Local:
CI: Data Emissão: ___/___/___ Órgão:
CPF: Certidão de
Nascimento:
Livro: Folha:
Cartório:
Filiação:
Pai:–
Mãe:–
Passaporte:
Órgão:
Numero:
Data Emissão: ___/___/___
Validade:
Renovação:
Tem vídeo: ( ) sim ( ) não Tem tv por assinatura: ( ) sim ( ) não
Tem computador: ( ) sim ( ) não Usa internet:: ( ) sim ( ) não
E- mails:
3.1 Dados Pessoais
Nestes espaços reservamos a possibilidade de registrar os dados inerentes à identificação do
atleta, do usuário; assim, torna-se necessário o levantamento o mais detalhado possível sobre
3.1.1 Endereço particular
3.1.2 Endereços importantes
3.1.2.1 Estudo
3.1.2.2 Clube
3.1.2.3Trabalho
dados pessoais do mesmo.
3.1.3 Conta Bancária
Pode parecer estranho colocar uma planilha deste tipo, mas devemos observar que
muitas vezes pode haver patrocinadores que tenham interesse de contribuir no processo de
treinamento, seja através do pagamento de diárias, vale de transporte, auxilio alimentação ou
outras formas de pagamento.Aorganização destes dados de forma correta pode ser de grande
utilidade.
3.1.4 Formação Escolar
Comoemtodoprocessopedagógico,éimportantequeotreinadorsejaumdosprincipais
agentes de fomento do interesse e evolução do aluno na escola. Ter registro da vida escolar do
atleta significa estar sempre atento às questões da formação da criança. É uma oportunidade
ímpar, para se apoiar a família, tendo-se o treinador como agente instrumental operativo da
formação da personalidade da criança, do adolescente, enfim do seu atleta.
3.2 Avaliação Médica
A ficha de avaliação médica apresentada a seguir é uma sugestão para se levantarem
dados referentes ao atleta na área. Esta planilha deve ser completada pelo médico, que é o
profissionalhabilitadolegalmenteparatalfinalidade.Osdadosreferentesàanamnesedoatleta
devem ser mantidos em sigilo, principalmente no que se refere a diferentes tipos de doenças. O
conhecimentodotécnicosobreasmesmaspermitiráumamelhorintervenção,casonecessária,e
uma adequada compreensão do indivíduo, facilitando assim a interação entre atleta e técnico,
professor.
3.2.1 Ficha de Anamnese e Diagnósticos Médicos
3.2.2 Tipo Sangüíneo e Vacinação
Dados como tipo sangüíneo são importante parâmetro de apoio para uma necessidade de pron-
to atendimento em emergências. Devem ser sempre transportados pelo técnico em pequenas
fichasouemumcaderno,principalmentequandoseestáforadolocaldetreinamento.Oregistro
das vacinas e do levantamento de cáries permite ao treinador estar sempre contribuindo com a
família no acompanhamento da saúde da criança e do atleta.
3.2.3 Registro de Lesões / Enfermidades
A planilha modelo para preenchimento dos dados sobre lesões ou enfermidades pode
ser levada de forma separada, ou as duas em uma mesma ficha. Importante que se registrem
aquitodasaspossíveisinterrupçõesdoprocessodeensino-aprendizagem-treinamentopormais
dequinze(15)diasseguidos.Omotivodestelevantamentoéobvio:realizandoesteacompanha-
mento será factível apoiar o retorno do atleta. Será também, desta forma, mais fácil observar se
existem épocas do ano em que o atleta apresenta algum tipo de problema físico que o leve a se
afastar dos treinamentos. Também será possível registrar e detectar se em algum momento do
treinamentoexistematividadesquelevemaosatletasalesõesouenfermidades.Porexemplo,é
correntenoiníciodatemporada,queapareçamresfriadosougripes“indesejadas”;àsvezes,isto
acontece por falta ou inadequado nível percentual de vitamina “C” (que tem como função au-
mentar as defesas do organismo, promover a absorção de ferro, o que, conseqüentemente,
aumentaaresistênciaorgânica).Otrabalhoextenuantelevaosatletasdealtonívelànecessidade
de uma boa orientação nutricional; assim, podem-se detectar casos daqueles que tenham uma
necessidade de complementação alimentar para aumentar as defesas do organismo e evitar as
pausas em momentos importantes da periodização. No caso da vitamina “C”, calcula-se que a
sua demanda nos atletas é de três vezes mais que em uma pessoa comum.
3.3.1 Participação em Equipe de Clube
3.3.2 Participação em Clínicas / Treinamentos
3.3 Dados Complementares
3.3.3 Jogos em Pré-seleções / Seleções
3.3.4 Clubes ou Associações em que Participou
3.3.5 Esportes Praticados
Eloi Ferreira Filho
O objetivo do levantamento de dados antropométricos de atletas de handebol visa a
determinardiferentespadrõesetipologiasquepossamsercaracterísticasespecíficasdoesporte
em questão.Assim poderão ser desenvolvidas tabelas de referência para elaboração de uma
somatotipologiaindividualdoatletadehandebol,istoconformeavariáveistaiscomofaixaetária,
altura, peso, tempo de prática, percentual de gordura, posição em que joga, etc, nesta modali-
dade esportiva.
3.4 AvaliaçãoAntropométrica
3.4.1 Planilha para preenchimento dos dados
3.4.2 Instruções para preenchimento dos dados
PESO: Utilizar uma balança, que deverá estar apoiada em solo plano (nivelado),
comcalibragematé150kg.Oindivíduoaser avaliadodeveráestar comomínimoderoupaou
objetos pessoais possível.
ALTURA: Usar uma fita métrica, ou medidor similar, procurando afixá-la na parede.
O indivíduo apóia-se de costas na parede, descalço; coloca-se sobre sua cabeça um cursor ou
similar (régua, por exemplo), formando um ângulo reto entre a fita/parede e a cabeça do
avaliado. Marca-se, e solicita-se ao indivíduo se retirar do local para se proceder à leitura em
cm dos dados obtidos.
COMPRIMENTOTRONCO-ENCEFÁLICO: O indivíduo deve estar sentado, no
solo ou similar, com a coluna ereta, encostado na fita/parede, com os joelhos estendidos.
Coloca-se na cabeça um cursor ou régua. Marca-se, e solicita-se ao indivíduo se retirar do local
para se proceder à leitura em cm dos dados.
BRAÇO: Com uma fita métrica deve-se medir a circunferência do braço, tomando-se
comoreferênciaaproximadamenteadistânciade4dedosjuntosapartirdostylion(porçãomais
volumosa do braço).Aconselha-se realizar a medição estando o músculo na posição normal e
uma outra estando este em contração isométrica máxima.
ANTEBRAÇO: Com uma fita métrica deve-se medir a circunferência do antebraço,
cerca de 3 dedos juntos da junção do cotovelo (porção mais volumosa do antebraço). Medir
toda a circunferência com o músculo na posição normal .
CINTURA:Comumafitamétrica,mediracircunferênciadacintura,abaixodascristas
ilíacas,nalinhamédiadoumbigo.
COXA:comumafitamétrica,mediracircunferênciadacoxa,cercade4dedosjuntos,
após a virilha.Aconselha-se realizar a medição estando o músculo na posição normal e uma
outraamusculaturaemcontraçãoisométricamáxima.
JOELHO: Com uma fita métrica, medir a circunferência do joelho, logo acima da
patela, englobando a linha da musculatura vasto-medial, tendão de origem da patela e tendões
dosmúsculosposteriores(semimembranosoesemitendinoso).
PERNA: com uma fita métrica medir a porção mais volumosa da “batata da perna”
(gastrocnêmio), apoiando a fita cerca de um palmo abaixo do joelho.
BIOMECÂNICA NO
TREINAMENTO DE HANDEBOL
Hans-Joachim Menzel
EntreasdiversastarefasdaBiomecânicadoEsporte,osaspectosdaanálisedacondição
física, especialmente da velocidade motora e da força muscular, bem como aspectos
antropométricos,sãoosmaisimportantesparaadiagnosedorendimentofísicoeoplanejamen-
to do treinamento no handebol.
Devidoàrapidezdasaçõesmotorasedascaracterísticasdojogo,asdiversasqualidades
daforçamuscularedavelocidademotorasomentepodemserregistradascomexatidãoatravés
deanálisesbiomecânicas.
O tempo de uma arrancada na distância de 5 a 10m, por exemplo, só pode ser medido
comadevidaprecisãoatravésdautilizaçãodecélulasfotoelétricas.Aquantificaçãodasqualida-
desdaforçamuscular(forçamáximaisométrica,forçaexplosiva,ciclodeestiramento-encurta-
mento),bemcomoaidentificaçãodedesequilíbriomuscular(porex.:desequilíbriolateral,relação
entreagonistaseantagonistas),tambémrequerumaanálisebiomecânicaquesebaseianamedição
dos parâmetros inerentes à curva de força-tempo.
Sendo assim, o objetivo da primeira parte deste capítulo é uma introdução à aplicação
demedidasbiomecânicasparaaavaliaçãodocomplexovelocidade-forçanohandebol.Devido
aos problemas em relação à aplicação dessas análises biomecânicas (que geralmente só podem
serrealizadasemumCentrodeExcelênciaEsportiva)napráticadotreinamento,métodosalter-
nativos da análise serão propostos. Tais métodos são testes motores que se poderiam praticar
com mais facilidade porque não precisam de uma tecnologia sofisticada. Porém, na interpreta-
ção dos resultados o treinador/técnico deve estar ciente das limitações de testes motores em
BIOMECÂNICANOTREINAMENTO
DE HANDEBOL
Hans-Joachim Menzel
relação aos testes biomecânicos.
Asegundapartedestecapítulotemcomoobjetivoumaanálisedoperfílantropométrico
de jogadores (jogadoras) de handebol. Nesse contexto, diversos métodos para a estimação da
alturacorporalfinaldeatletasjovensserãoexpostos.Asinformaçõessobreoperfílantropométrico
no handebol e a estimação/previsão da altura final de jovens pode servir como um critério –
entre outros – para a detecção e seleção de talentos.
4.1Análise do complexo velocidade-força
Embora o conceito tradicional da teoria de treinamento distinga entre as capacidades
motorasdevelocidadeeforça,estasdevemservistaseanalisadascomoumcomplexoúnico.A
relaçãoentreoaumentooudiminuiçãodavelocidadedemovimentoeaforçamuscularpodeser
explicadapelaseguinteequaçãosimplificada:
m .
v = F .
t
m - massa de um corpo a ser acelerado/freado
v - diferença da velocidade (aceleração ou freagem)
F - Força que age no corpo
t - tempo da aplicação da força
Essa equação representa o fato de que no aumento (ou na diminuição) da velocidade
( v) de um corpo (com a massa ‘m‘) é necessária a ação de uma força (F) durante um corres-
pondente intervalo de tempo.Acausa de uma alteração de velocidade de um corpo é a ação de
uma força durante um certo tempo. Sendo assim, a análise da velocidade motora significa a
análise de um efeito cuja causa é a força muscular. Dessa forma, uma análise da velocidade
motora deve ser complementada através de uma análise das qualidades da força muscular,
porque a velocidade motora só pode ser otimizada através do treinamento dos componentes da
forçamuscular.
4.2Análise da velocidade motora
O perfil da solicitação física no handebol é caraterizado pelo grande número (até 300)
de arrancadas e alterações de direção de movimento durante o jogo. Cada alteração da direção
demovimentotambémsignificaumafreagemseguidaporumaaceleração,eadistânciapercorrida
na fase da aceleração praticamente nunca ultrapassa 15m. Uma diagnose adequada da veloci-
dade deve ser realizada de acordo com estas especificidades, ou seja, a distância máxima deve
ser 15m e deve incluir uma mudança da direção de movimento.
Um teste adequado poderia ser composto por três corridas de 15m ( em linha reta, com
girode135o
paradireitaecomgirode135o
paraesquerdaapósametadedadistância(MENZEL,
1995). Este teste permite a avaliação tanto da capacidade da corrida em linha reta quanto à da
corridacomgiros(Fig.1).Dessaformaépossívelidentificaroperfílindividualdavelocidadee
agilidadedecadaatleta.Talperfilinformatambémsobreaexistênciadepreferênciaslaterais,ou
seja, se o atleta vira em um sentido mais rápido do que no outro.
FIGURA 1: Teste da velocidade e agilidade com células fotoelétricas.
Na realização de um teste como esse, que é caraterizado por acelerações máximas
duranteumcurtointervalodetempo,deveserempregadoummétododemediçãocomadevida
precisão, que é nesse caso a utilização de células fotoelétricas. Caso o teste seja praticado
mediante cronometragem manual, a confiabilidade dos resultados será reduzida, devido aos
erros de percepção e reação do avaliador.Acomparação entre medidas manuais e eletrônicas
(MENZEL, 1995) mostra que, em circunstâncias favoráveis, a correlação entre os dois méto-
dos pode ser até 0.79. Isso significa uma concordância da medição manual com a eletrônica de
ca. 65%. Porém, 35% da variação do resultado se dá em função de erros da medição, e essa
margem de erro, dependendo do avaliador, ainda pode ser maior.
Para talentos no handebol masculino na faixa etária de 13 a 14 anos, MÜLLER et al.
(1975) informam sobre um padrão de rendimento em um teste de arranque de 30m. De acordo
com esses autores, a exigência para tais jogadores é de 4,7 s para 30m (medição manual).
ATab. 1 informa sobre a conceituação em um teste de arrancada de 20m com medição
eletrônica (células fotoelétricas) de jogadores de handebol da faixa etária entre 15 e 16 anos
(SCHOLL, 1986, p. 180).
TABELA 1: Conceituação do rendimento em um teste de arrancada de 20m para jogadores da
faixa etária entre 15 e 16 anos (SCHOLL, 1986).
ParaatletasjovensbrasileirosexistemresultadosobtidosemavaliaçõesduranteosJogos
da Juventude de 1997 (SZMUCHROWSKI et al., 1998) sobre a velocidade de atletas, de
ambos os sexos, na faixa etária de 15 a 16 anos (Tab. 2).
TABELA 2: Tempos em arrancadas (medição eletrônica) de 10m e 30m em linha reta de atletas de 15 a
16 anos (SZMUCHROWSKI et al., 1998).
4.3 Análise das qualidades da força muscular
De um ponto de vista da prática do treinamento esportivo, a capacidade motora ‘força
muscular’geralmente é diferenciada nas três categorias; ‘força Máxima’, ‘força explosiva’e
‘resistência de força’(WEINECK 1989).Tal conceito trata estas categorias como independen-
tesenomesmoníveldehierarquia.Porém,resultadosdeanálisesbiomecânicasdaforçamuscu-
lar resultam em uma classificação diferente (SCHMIDTBLEICHER 1992; KOMI 1992).
A capacidade muscular de gerar força se realiza em quatro condições diferentes de
trabalhomuscular:
» Contração isométrica - uma contração contra uma resistência sem aproximação da
origem e da inserção do músculo (modo estático de trabalho).
» Contração concêntrica - uma contração com um encurtamento do músculo para
vencer uma força de resistência (modo concêntrico de trabalho).
» Contração excêntrica - uma contração em que o músculo age contra uma resistên
cia de forma transigente com alongamento na direção contrária da contração (modo
excêntrico de trabalho).
» Contração no ciclo de estiramento-encurtamento - uma contração com pré-inervação
(causando ”short-range-elastic-stifness”), reflexo de estiramento e aproveitamento do
armazenamento de energia no tendão. Por suas características específicas, este tipo de trabalho
muscular não é uma simples combinação de contração excêntrico-concêntrica (modo de traba-
lhonociclodeestiramento-encurtamento).
Amediçãobiomecânicadaforçaexercidapelamusculaturapermiteadeterminaçãodo
máximo da força em uma contração concêntrica, isométrica e excêntrica.
Em uma contração concêntrica, a musculatura trabalha na primeira fase no modo
isométricoatéatingiraforçaigualàdaresistênciaaservencida.Nasegundafase,caracterizada
pelomovimentodacargaexterna,omododetrabalhoéconcêntrico.Aforçamáxima,determinada
porumamediçãoconcêntrica,dependedaresistênciaeseaproximadaforçamáximaisométrica
com o aumento da resistência a ser vencida (Fig. 2). Trabalhando contra cargas próximas do
máximoindividual,acorrelaçãoentreaforçamáximaconcêntricaeaisométricaécercade0.90
(SCHMIDTBLEICHER, 1980). Portanto, a contração máxima isométrica pode ser considera-
da como um caso especial de uma contração concêntrica.
FIGURA 2
Dispositivo de medição de curvas
de força-tempo(a), curvas de força
-tempo de contrações concêntricas
e de uma contraçãoisométrica(b),
e correlações entre a força máxima
e o tempo de movimento para
diferentes cargas(c)
(SCHMIDTBLEICHER 1992).
A “força explosiva”, nas suas definições como “a capacidade de realizar uma força
maiorpossívelemumdevidointervalodetempo”ou“acapacidadederealizaraltasvelocidades
e acelerações”, pode ser quantificada pela “taxa máxima de produção de força” (inclinação
máxima da curva de força-tempo). Ataxa máxima de produção de força é igual para todas as
cargassuperioresa25%daforçamáximaisométrica(MÜLLER,1987).Movimentosbalísticos
contraumaresistênciainferiora25%daforçamáximaisométricasãoparticulamentedeterminados
pela “taxa inicial de produção de força”, ou seja, pela força realizada após 30m.
SegundoSCHMIDTBLEICHER(1987),oimpulsorealizadoemmovimentoscomuma
duração de até 200m é definido, em primeiro lugar, pela taxa (inicial) máxima de produção de
força, enquanto o impulso em movimentos com duração além de 200m depende mais do nível
daforçamáxima(isométrica).
Em contrações excêntricas, a força máxima é maior do que em contrações isométricas.
Taldiferença,denominada “déficitdeforça”,éumamedidaparaoníveldaativaçãovoluntária
das unidades motoras envolvidas na contração (indicador para a coordenação intra-muscular).
Para pessoas não especificamente treinadas, o déficit de força fica entre 25 - 40% para os
extensores de braço, e entre 10 - 25% para os extensores de perna. Na prática do treinamento,
o déficit de força é um indicador para a aplicação de métodos de treinamento que visam ao
aumento da massa muscular.AFig. 3 mostra a curva de força-tempo de uma determinação da
força máxima concêntrica, isométrica e excêntrica dos membros inferiores em uma extensão.
Aplicandoaforçamáximapossívelpeloavaliado,odispositivodemediçãogerouforçascontrá-
riasmantendoavelocidadedemovimentonafasedacontraçãoconcêntrica(0.20m/s)eexcên-
trica (0.30 m/s) constante.
FIGURA 3
Determinação da força máxima concêntrica,
isométrica e excêntrica dos membros inferiores
(SCHMIDTBLEICHER/HEMMLING, 1994).
Além das contrações isométricas, concêntricas e excêntricas, um grande número de
movimentos esportivos é realizado no ciclo de estiramento-encurtamento (stretch-shortening
cycle).Essetipodecontraçãorepresentaumaformaindependentedasoutrasformasdecontração
e não somente pode ser visto como apenas uma simples combinação de uma ação excêntrica e
concêntrica (KOMI/BOSCO, 1978; BOSCO, 1982; KOMI, 1984; GOLLHOFER, 1987).
O ciclo de estiramento-encurtamento significa uma interação de vários mecanismos e
pode ser explicado pelo seguinte exemplo de um contato (salto pliométrico ou contato durante
uma corrida) dos membros inferiores com o solo.Antes do primeiro contato, os extensores são
pré-inervados em conseqüência de um programa motor central (DIETZ et al. 1981). Essa pré-
inervaçãocausaumarigidezmusculardepequenasamplitudes(short-range-elasticstifness)res-
ponsávelpeladiminuiçãodoalongamentoinicialdoconjuntoteno-muscularduranteafaseinicial
docontato.Simultaneamente,estímulosneuraisdeorigemreflexaaumentamatensãomuscular,
com a conseqüência de que a maior parte da energia elástica se armazene nos tendões. Isso
resulta em uma forte propulsão, com uma redução da ativação neural dos músculos extensores
na fase concêntrica do movimento (Fig. 4).
FIGURA 4
Curva de força-tempo e o padrão do
EMG médio retificado do músculo
gastrocnêmio de um salto pliométrico
(segundoGOLLHOFER/
SCHMIDTBLEICHER, 1988).
Oaumentodoinputneural,emconseqüênciadoreflexodoextiramentonafaseinicialdo
contato com o solo, pode ser inibido por causa de excesso do impacto ou por causa de fadiga
neural ou metabólica. Isso causa uma destruição do padrão do EMG, com conseqüências des-
favoráveis para a performance. Sendo assim, a altura individualmente adequada para saltos
pliométricosnotreinamentodociclodeestiramento-encurtamentopodeseridentificadaatravés
deumtestequerelacionaaalturadequedacomaalturadosaltopliométrico.Talalturadequeda
que proporciona a melhor performance deve ser ulitizada para o treinamento (Fig. 5).
FIGURA 5
Relação entre a altura de queda e a
performance em salto pliométrico
para identificar a altura adequada
ao treinamento.
Nohandebol,otreinamentodociclodeestiramento-encurtamentopossuiaimportância
para os saltos e locomoções explosivas (arrancadas, fintas, mudanças de direção).
A avaliação do ciclo de estiramento-encurtamento deve ser feita através de métodos
biomecânicos, utilizando uma plataforma de força ou um tapete de contato que mede o tempo
devôo.Casosejaimpossívelautilizaçãodemétodosbiomecânicos,umcritérioparaaalturado
salto poderia ser a diferença entre a altura máxima de alcançe em pé e no vértice do salto (teste
”Jump-and-Reach”). Para garantir que o tempo do contato nos saltos pliométricos seja menor
do que 200 m, o contato do calcanhar com o solo deve ser evitado.
Segundo resultados de KOLLATH (1996, 103) não há diferenças em relação ao nível
de rendimento nos saltos entre handebol e basquetebol. Sendo assim, os padrões (Tab. 3) para
aconceituaçãotambémpodemseraplicadosaosjogadoresdealtoníveldehandebol(GÄRTNER
& ZAPF, 1998, p. 113). Nesse teste, a altura do salto foi medida através da determinação da
fase de vôo (tapete de contato).As mãos permanecem na cintura durante o salto, que é realiza-
do com um movimento de amortecimento (preparação).
TABELA 3 Conceituação para o salto vertical sem movimento dos braços (sexo masculino):
Para jovens atletas brasileiros que participaram nos Jogos da Juventude 1997, existem
resultados no mesmo teste, para as faixas etárias de 15 a 16 anos (Tab. 4, segundo
SZMUCHROWSKI et al., 1998).
TABELA 4 Conceituação para o salto vertical de atletas jovens na faixa etária de 15 a 16 anos
(baseada em avaliações nos Jogos da Juventude 1997):
Seotesteforrealizadocombasenadeterminaçãodadiferençaentreaalturadealcançe
em pé e no vértice do salto, as devidas alturas dos saltos devem ser mais altas (ca. 13 cm para
osexofeminino,ca.16cmparaosexomasculino).Alémdisso,aconfiabilidadedessaformado
teste é menor.
4.4 Análise antropométrica
OsobjetivosdaBiomecânicaAntropométricapodemserdistinguidosem:
» Análise de aptidão
» Prognoseantropométrica
Sendo assim, a análise de aptidão antropométrica implica a identificação de caracterís-
ticasantropométricasquefavorecemarealizaçãodeumnívelelevadoderendimentonohandebol.
Existem poucos estudos sobre o perfil antropométrico de jogadores de handebol, mas todos os
resultados destacam que os jogadores de handebol geralmente são de alta estatura e possuem
grande massa magra (massa total – massa da gordura). Devido à caracterização do jogo, pelos
fatorestécnicosetáticos,aestaturaaltaésomenteumdospré-requisitosparaodesenvolvimen-
to de um alto nível das qualidades motoras no decorrer do treinamento. Como em outros jogos
esportivos, também os jogadores de handebol formam um grupo heterogêneo em relação às
suas características motoras, determinadas pelas posições no jogo. Isso resulta em diferentes
perfis motores para as pontas extremas e pivôs, caracterizados pela exigência em relação à
agilidade e velocidade, e os armadores, para os quais uma alta estatura é de grande vantagem
nosarremessosdelongadistância.Comogeralmenteaagilidade/velocidadediminuicomoau-
mento da massa corporal e da estatura, existe uma tendência de que os armadores são mais
altosqueospivôsepontasextremas.EsseresultadofoiconfirmadoporTITTEL/WUTSCHERK
(1974, p. 35), que determinou para armadores de alto nível uma média de 189,6 cm de altura,
sendo 5,4 cm mais altos do que a média para os demais jogadores.
Em um estudo comparativo, KINDERMANN et al. (1982) encontraram que os joga-
dores de handebol são caracterizados pela maior massa magra em relação aos atletas de alto
níveldeoutrasmodalidades.ParajogadoresdaliganacionaldaAlemanhaforamdeterminadas
a altura, a massa, o percentual de gordura e a massa magra (Tab. 5).
TABELA 5 Características antropométricas [média ± desvio padrão] de jogadores de handebol
de alto nível (KINDERMANN et al. 1982):
OperfílantropométricodejogadoresjuvenisdehandebolfoianalisadoduranteosJogos
da Juventude 1997 (MENZEL, 1998).ATabela 6 contém tais resultados para atletas masculi-
nos e femininos das faixas etárias de 15 a 16 anos.
TABELA 6 Perfil antropométrico de atletas jovens brasileiros de handebol de 15 a 16 anos
(MENZEL, 1998):
Para a mesma faixa etária (15 a 16 anos), SCHOLL (1986) informa sobre o perfil
antropométrico de jogadores masculinos alemães (Tab. 7). Em relação ao perfil dos atletas
jovens brasileiros, os alemães nos grupos acima da média e extremamente acima da média
(correspondentes a 40% dos atletas ) são mais altos e pesados, enquanto os grupos da média e
abaixo da média não representam diferenças. Isso significa que o perfil dos atletas juvenis ale-
mães nos grupos de uma estatura mais alta e mais forte é mais favorável às exigências
antropométricas do handebol. Sendo assim, a detecção e seleção de talentos brasileiros deveria
dar mais importância a estas características.
O objetivo da prognose antropométrica é a do futuro desenvolvimento individual das
características antropométricas que possuem uma influência direta no rendimento esportivo.
Uma destas variáveis com um valor prognóstico importante é a altura do corpo, não somente
por causa da sua influência direta no rendimento no handebol, mas também por causa da alta
correlação entre a altura e os comprimentos dos membros.
Devidoàimportânciadefatoresgenéticosnaaltura,váriosautoresinvestigaramarelação
entre a futura altura de crianças e jovens em relação às alturas dos pais. Segundo pesquisas nos
EUA, jovens masculinos de 18 anos, cujos pais têm uma estatura considerada “grande”, na
média são 14,8 cm mais altos do que jovens com pais cuja estatura é considerada “baixa”
(GAISL, 1977).
As seguintes equações de regressão para a previsão da altura de filhos, baseada na
altura dos pais, foram publicadas por HAVLICEK (1972):
Altura final (masculino) = (Altura do pai + altura da mãe) x 0,54
Altura final (feminino) = (Altura do pai x 0,923 + altura da mãe) x 0,5
TABELA 7 Perfil antropométrico de jogadores juvenis (15 a 16 anos) alemães (SCHOLL, 1986):
Umaestimaçãomaisconfiáveldaalturafinalsebaseanoseguintefenômeno:emcondi-
çõesnormaisdevida,ascurvasindividuaisdodesenvolvimentodaalturaseguemdeumaforma
paralela da tendência do grupo referente até a fase da pré-puberdade.Apré-puberdade come-
ça mais cedo ou mais tarde para as crianças aceleradas ou retardadas respectivamente. Portan-
to, seria necessário determinar a altura atual antes do começo da pré-puberdade. Com a repe-
tiçãodadeterminaçãodaalturaemintervalosde8a15mesesépossívelaumentaraprecisãoda
previsão.WALKER (1974) publicou equações de regressão baseadas em uma única determi-
nação e em determinações repetidas (Tab. 8).
Equação de regressão para uma única medição (I):
Altura final = A1 + (B1 x altura atual na devida idade)
Equação de regressão para duas medições (II):
Altura final = A2 + (B2 x altura atual na devida idade) + (B3 x taxa de crescimento)
Taxa de crescimento = Diferença de altura [cm] durante um intervalo de 8 a 15 meses / Intervalo [meses]
Independente do método aplicado para a previsão da altura final, a precisão será au-
mentada através da repetição da determinação da altura em intervalos fixos.
A1 B1 A1 B1 A2 B2 B3 A2 B2 B3
6,5 73,09 0,88 50,09 0,97 75,40 0,84 0,35 44,23 1,03 -0,20
7,5 71,85 0,85 51,68 0,91 74,31 0,82 0,25 49,10 0,94 -0,20
8,5 70,89 0,82 54,57 0,85 72,24 0,81 -0,03 53,25 0,86 -0,25
9,5 71,86 0,78 68,63 0,71 70,85 0,80 -0,30 63,34 0,76 -0,25
10,5 71,87 0,75 90,89 0,52 68,04 0,80 -0,65 73,07 0,69 -1,05
11,5 75,38 0,70 87,94 0,52 65,47 0,81 -1,20 6,71 0,63 -0,75
12,5 98,97 0,52 77,08 0,57 63,90 0,81 -1,65 73,93 0,58 0,20
13,5 111,68 0,45 37,41 0,80 99,03 0,54 -0,95 31,16 0,81 0,95
14,5 100,38 0,47 12,40 0,94 101,71 0,44 0,50 14,56 0,92 0,50
15,5 68,02 0,64 6,57 0,97 53,40 0,70 0,75 6,32 0,97 0,25
(I) (II)
Idade cro-
nológica Sexo masculino Sexofeminino Sexo masculino Sexofeminino
TABELA 8 Constantes da equação de regressão para previsão da altura, baseada em uma
única medição (I) e em duas medições (II), segundo WALKER, 1974:
AVALIAÇÃO FISIOTERÁPICA DO
ATLETA DE HANDEBOL
Ricardo Luiz Carneiro
Daniel Câmara Azevedo
Flávio de Oliveira Pires
AVALIAÇÃO FISIOTERÁPICADOATLETA
DE HANDEBOL
Ricardo Luiz Carneiro
Daniel
Câmara Azevedo
Flávio
de Oliveira Pires
Otreinamentoesportivodealtonívelderendimentoexigediferentesgruposmusculares
específicos dos atletas a trabalhos extenuantes; por este motivo, freqüentemente aparecem
situações de desequilíbrio de força e flexibilidade no desportista, nas suas modalidades especí-
ficas.Após anos de prática, é comum que o atleta adquira padrões posturais característicos de
suamodalidadeesportiva.
Comoojetivodetraçarumperfilpostural edeCXCXCdosatletasdehandebol,foram
avaliados 11 jogadores da seleção brasileira júnior masculina, de idade entre 16 e 21 anos, nos
dias22e23dejulhode1999.AavaliaçãofisioterápicafoirealizadanoLAPREV(Laboratório
de Prevenção e Reabilitação de Lesões Esportivas ) do Centro INDESP de Excelência Espor-
tiva, da Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais. Desta forma,
iniciou-seumtrabalhoquevisaaorganizarumbancodedadosdosatletasbrasileirosdehandebol.
SegundoCARNEIRO,oconceitodeposturaé“oalinhamento,balanceamentoegraudeampli-
tudedemovimentofisiológicoeindividualentreosossos,músculos,nervos,fáscias,vasossan-
guíneos e órgãos sistêmicos, proporcionando níveis de função e contração muscular ideais,
diminuindoogastoenergéticoeconseqüentementeafadiga,proporcionandoummelhorrendi-
mento e como conseqüência uma melhor performace e menor probabilidade de risco de lesões
esportivas” (1997). Postura é uma composição do corpo em um dado momento (KENDALL,
1993).
O equilíbrio humano é constituído de uma sucessão ascendente de desequilíbrios con-
trolados pela musculatura tônica. Na postura padrão, cada segmento do nosso corpo deve
equilibrar-se, e o mesmo será também condicionado pelos segmentos corporais
adjacentes. Para definirmos os parâmetros da postura padrão é preciso fazer uma análise do
indivíduosobquatroperspectivas:vistaanterior,vistalateral,direitaeesquerda;evistaposterior.
Omodelodeavaliação postural estática,sugeridonoLAPREV,deveseraplicadocom
paciente em posição ortostática, com os calcanhares levemente afastados (3 a 5 cm) e os pés
ligeiramenterodadosexternamente(15graus).Emvistaposterioreanterior,ocorpodeveestar
equilibradonalinhamédia,semqualquerdesviolateral.
O ponto fixo do denominado “fio de prumo” deve estar posicionado em um ponto
médio entre dois pés.Aescolha dos pés se justifica pelo fato de ser o único segmento imóvel
quando o indivíduo está em ortostatismo.Todas as demais estruturas superiores podem variar
deposição,portanto,nãoservemcomopadrão.Alinhadereferênciadeveatravessarasestruturas
corporais do plano mediano passando pela sínfise púbica, crista sacral, processos espinhosos
de todas as vértebras da coluna, linha alba, esterno e crânio.
Em vistalateral,permiteoavaliadoridentificarpossíveisdesequilíbriosnosentidoântero-
posterior, conforme foi constatado com os atletas de handebol. O ponto fixo do fio, para este
exame,deveestarposicionadoligeiramenteanterioraomaléololateral,representandooalinha-
mentoidealnoplanocoronal.Estalinhadereferênciadeveestarligeiramenteposterioraoápice
dasuturacoronal,ligeiramenteposterioraoeixodaarticulaçãodojoelho,ligeiramenteposterior
ao eixo da articulação do quadril, através dos corpos da maioria das vértebras lombares, atra-
vés da articulação gleno-umeral, através do meato acústico externo, através do corpo da maio-
ria das vértebras cervicais e ligeiramente posterior ao ápice da sutura coronal.
Quanto aos padrões posturais, os atletas foram classificados seguindo os critérios pro-
postos por MAGEE (1997) e adaptados por PIRES (2000) para serem aplicados como mode-
los gerais em todos os esportes, definindo-se assim as figuras de referência como são apresen-
tadasabaixo:
Figura 1.
Asfigurasaseguirpermitemobservareanalisarospossíveisdesequilíbrioslateraisseg-
mentares. Primeiramente se observa a existência de hiperlordose cervical, que é acompanhada
de uma acentuada projeção da cabeça e do queixo para frente, conforme mostram os desenhos
dafigura2.
A figura 3 permite a observação do aumento da curvatura torácica fisiológica ou de
toda a coluna vertebral, onde a cintura escapular é projetada para a frente, com o deslocamento
das escápulas para a frente e para baixo.Apostura cifótica aparece com mais freqüência na
puberdade, ou entre os 18 e os 30 anos.
Figura 2.
Figura 3.
A figura 4 analisa a protusão dos ombros, que ocorre devido a uma musculatura dorsal
fraca,acinturaescapularalongadaefraca;eaindaquandoamusculaturadopeitoralestáencur-
tada.
A figura 5 verifica o posicionamento posterior do corpo além da linha gravidade
traçada em vista lateral, conforme a citação acima.
Na figura 6, observa-se na região do abdome a existência de protusão, e se existe uma protusão
compendênciaabdominal.
Figura 4.
Figura 5.
Figura 6.
A hiperlordose lombar é avaliada pela figura 7, e ocorre quando existe um aumento da
concavidade posterior da coluna lombar. Geralmente, nesse tipo de postura os músculos abdo-
minais são fracos, e os músculos posteriores da coluna lombar e os flexores de quadril são
encurtados.
Conforme mostra a figura 8, o joelho em vista lateral pode ser classificado em dois
padrõesposturaisanormais:
» Oprimeiropadrãoanormalseráodojoelhosemifletidoougeno-flexoquesecaracteriza
pela projeção dos joelhos para a frente, fazendo com que a linha imaginária passe por cima ou
por trás do joelho (SOUZA, 1987).
» O segundo padrão seria o do joelho hiperestendido ou geno-recurvatum, onde a linha
de gravidade passa à frente da articulação do joelho.
Figura 7.
Figura 8.
Emvistaposterior,voltamosaanalisaropescoço;seexisteaflexãocomrotaçãocervical
para um dos lados a partir da linha da gravidade, como mostra a figura 9.
Na figura 10, observamos a elevação e a assimetria dos ombros. Uma linha axial deve
serpassadaligeiramenteacimadosacrômios,paraseobservaremosdesnivelamentosdeombros.
Afigura 11 objetiva avaliar se as escápulas estão desalinhadas, ou seja, uma delas em
abdução (borda medial afastada da linha mediana) e a outra retraída (aproximada da linha me-
diana,devidoaencurtamentoderombóidesetrapéziomédio);eaindaaladas,ondeseapresen-
tamcomumaacentuadaprojeçãoeinclinaçãoparacimadoânguloinferiordaescápula,devido
à deficiência na ação dos rombóides e do serrátil anterior, mais encurtamento de peitorais.
Figura 9.
Figura 10.
Figura 11.
Na figura 12, a escoliose e seus tipos são avaliados; assim encontramos que ela pode
ser em ´C ‘ ou em ´S ‘, de dupla ou tripla curvatura.Aescoliose ainda pode ser classificada
como funcional, onde se retifica na inclinação do tronco para a frente, e ser classificada como
estrutural, onde a estrutura óssea é danificada e não pode ser corrigida, portanto irreversível.
Na figura 13, avaliamos o desnivelamento de quadril, onde traçamos uma linha axial
sobre as cristas ilíacas e verificamos as assimetrias.
Figura 12.
Figura 13.
Nojoelho,emvistaposterior,éavaliadaaexistênciadedoispadrõesposturaisanormais,
conforme mostra figura 14. O primeiro é o joelho valgo ou geno-valgo, onde se avalia a proje-
ção da parte interna do corpo (SOUZA, 1987), onde o ângulo formado pela tíbia sobre o fêmur
é menor que 170 graus. O outro padrão é o do joelho varo ou geno varo onde a projeção do
joelho é para parte externa do corpo (SOUZA, 1987) devido a um aumento acentuado, forma-
dopelasdiáfisesdofêmuredatíbia.Afigura15,avaliaseospéssãonormais,pronados(valgo)
e supinados (varo). O pé pronado se caracteriza pela projeção medial do tendão de aquiles e do
maléolo medial. O pé supinado se caracteriza pelo desvio do tendão de aquiles o lado externo e
projeção do calcâneo para dentro.
Figura 14.
Figura 15.
O outro aspecto extremamente importante no handebol é o nível de flexibilidade do
atleta.
Aflexibilidadeéconsideradapelamaioriadosautorescomoaliberdadedemovimento,
falardeflexibilidade,portanto,significafalardemobilidade,outecnicamente,deamplitudede
movimento-ADM – de uma articulação ou grupo de articulações. BLANKE (1994) define a
flexibilidade como a habilidade em mover as articulações do corpo utilizando a amplitude de
movimento para a qual foram projetadas. Cada articulação é destinada a ter uma quantidade de
movimento específica. Um indivíduo perde a flexibilidade quando é incapaz de produzir essa
amplitudeemarticulaçõesdesignadas.Ograudeflexibilidadeéespecíficoparacadaarticulação
evariadearticulaçãoparaarticulaçãoemummesmoindivíduo.
A seguir apresentaremos um roteiro de avaliação do nível de flexibilidade de atletas de
handebol, que pode também ser utilizado em outros esportes. O objetivo da apresentação da
seqüência de formas de avaliação é oportunizar a professores e técnicos na modalidade uma
visão global de uma das capacidades inerentes ao rendimento esportivo: a flexibilidade. Este
padrão de avaliações é seguido no LAPREV como modelo básico nas análises realizadas com
atletas das diferentes modalidades. Esta avaliação deve ser realizada, de preferência, por um
fisioterapeuta; não é uma prerrogativa de um profissional de educação física, e tanto esta avali-
ação como a avaliação postural devem ser executadas pelo responsável técnico habilitado da
área. Nossa intenção aqui é mostrar procedimentos estandardizados que possam ser referência
para esses profissionais. A avaliação postural oferece parâmetros de referência para que o
treinador,detectandoemumaprimeiraanálisedeficiênciasoudivergências,encaminheoatletaa
Teste para peitoral maior: O avaliado fica em
supino, com os ombros abduzidos a 90 graus, e
o terapeuta fica atrás da mesa e provoca uma
tensão em rotação externa passiva. Espera-se
que o indivíduo apresente uma amplitude livre
derestriçõesde,aproximadamente,de90graus.
Teste para rotadores internos de ombro : O
avaliado fica em prono, com uma almofada
posicionada sobre o cotovelo, para colocar o
ombro paralelo ao corpo, e o terapeuta deve
realizar uma rotação externa passiva de ombro
atéondeexistarestriçãodemovimento.Espera-
sequeosindivíduosnormaisrealizemummovi-
mento de 90 graus de rotação de movimento.
Teste para rotadores externos de ombro : O
teste para avaliar rotação externa é feito de for-
ma contrária ao teste para rotadores internos.
Nos dois testes é importante estabilizar a
escápula,evitandopossíveiscompensações.
Teste para o reto femoral : O avaliado deve
ficar em prono, com a cabeça apoiada em um
travesseiro, e o terapeuta ao lado da mesa de
avaliação. Passivamente, o terapeuta provoca
uma tensão realizando uma flexão de joelho no
ladoasertestado,atéquesintaumarestriçãono
movimento.Emindivíduosnormais,ondeaADM
seja suficiente, o calcâneo encosta nas nádegas;
e em indivíduos encurtados, à medida que o
terapeuta força a amplitude de movimento de
flexão de joelho, ocorre uma compensação au-
tomática do paciente em anteversão pélvica.
Teste de Thomas : Visa a diagnosticar encur-
tamentodomúsculoíleo-psoas,ondeopaciente
deita em supino, e o terapeuta, posicionado do
lado da mesa, realiza passivamente uma flexão
de quadril em um dos membros do avaliado, le-
vando o joelho em direção à axila. Esta mano-
bra testa a flexibilidade do músculo do membro
contralateral. O teste é considerado positivo
quando o quadril sofre algum grau de flexão e
perde o contato com a mesa.
Teste do ângulo poplíteo : Visa a diagnosticar
o encurtamento dos músculos ísquio-tibiais. O
avaliado fica em decúbito dorsal; o terapeuta ao
lado da mesa posiciona em 90 graus de flexão o
quadrildoavaliado queaindaestácomojoelho
fletido’, e vai realizando passivamente uma ex-
tensão do joelho até que sinta uma restrição à
liberdade de movimento. O teste é considerado
positivo até ocorrer uma restrição antes da ex-
tensão completa de joelho.
umprofissionalcompetenteparadiagnósticoetratamento.
Atravésdestaavaliaçãofisioterápicaépermitidoaequipetécnicaumregistroindividual
e coletivo do grupo avaliado sobre os principais encurtamentos musculares e alterações do
padrão postural dos atletas de handebol. Estes dados poderão ser utilizados e interpretados por
treinadoresepreparadoresfísicos,oportunizandoodesenvolvimentodeestratégiase mecanismos
de prevenção de lesões dos seus atletas, que são o maior patrimônio do esporte. Reafirmando
que, estas avaliações devem ser realizadas pelos profissionais da área, aqui oferecemos um
roteiroespecíficoparaohandebol,naformadesubsídiosparaagilizarepadronizarummodelo
Teste para rotadores externos de quadril :
O avaliado fica em prono; e o terapeuta, ao lado
da mesa, posiciona o joelho do avaliado em 90
grausdeflexãoeemcontatocomamesa.Passi-
vamenteoavaliadorrealizaumarotaçãointerna
de quadris. Esta manobra tensiona os rotadores
externosepermiteaoavaliadorperceberseexiste
alguma assimetria.Aamplitude esperada deste
movimento é em torno de 45 graus.
Outrapossibilidadedetestaraflexibilidadedes-
tesmúsculosécomoavaliadoassentado,como
joelho em 90 graus de flexão, e o terapeuta rea-
lizando uma rotação interna de quadril para tes-
tar os rotadores externos.
Teste para rotadores internos de quadril: O
avaliado se posiciona assentado com o joelho
fletido em 90 graus e o terapeuta ao seu lado,
ondeestevairealizarpassivamenteumarotação
externa de quadril colocando em tensão os
rotadores internos de quadril.Tanto para o teste
de rotação externa como para o de rotação in-
terna de quadril, o terapeuta deve ficar atento
para evitar compesnsações que causam falsas
impressões de que os músculos estão normais.
O TREINAMENTO DA FORÇA
APLICADO AO HANDEBOL
Fernando Vítor Lima
Otreinamentodaforçaédeimportânciafundamentalparatodasasmodalidadesespor-
tivas, bem como para os diversos objetivos do treinamento. Os benefícios do desenvolvimento
dessa qualidade física podem ser notados sem muita dificuldade, ao observarmos a constante
evolução dos diversos atletas de alto nível nos diferentes esportes. Esses atletas se apresentam
continuamentemaisfortes,maismusculosose,consequentemente,melhorandoorendimentoem
situações de competição. O termo exercício, segundo KOMI (1992), pode ser entendido como
toda e qualquer atividade envolvendo geração de força pelo(s) músculo(s) ativado(s), sendo
que o estado de ativação do músculo pode ser concêntrico (quando a força exercida vence a
resistência oferecida), excêntrico (quando ocorre o oposto) e isométrico (não há movimento).
Do ponto de vista do treinamento, é relativamente difícil uma conceituação única para esta
qualidade física; força pode ser entendido como uma ação ou tração que altera ou tende a
alterar o estado de repouso ou de movimento de um corpo (HALL, 1991), podendo, neste
nosso contexto, ser entendida como a aplicação de uma ação muscular.
Diversas são as possibilidades de classificação da qualidade de força, sendo que se
deve-seestarsempreatentoàs“diferentes” classificaçõesquesomentesediferenciamquantoà
terminologia, mantendo o conteúdo similar; neste momento deve-se buscar o entendimento do
OTREINAMENTO DAFORÇAAPLICADO
AO HANDEBOL
Fernando Vítor Lima
que significam estes termos, para melhor entender o processo de treinamento. Segundo
SCHMIDTBLEICHER (1994), a força pode ser classificada conforme à figura 1:
FIG.1 : A qualidade motora da força.. Schmidtbleicher, D. (1993).
A força muscular pode ser dinâmica, ou seja, uma vez aplicada uma força pelo(s)
músculo(s)ocorreummovimento,ouestática,situaçãoemquemesmocomaaplicaçãodaforça
muscular não há movimento. Força máxima representa a maior força que pode ser gerada em
uma contração muscular, sendo a força máxima estática sempre maior que a força máxima
dinâmica.
Aforçaexplosiva,oupotência,representaacapacidadederealizaçãodeumrendimen-
todeforçaemdeterminadosmovimentoscomamaiorvelocidadepossívelouanecessidadede,
sob certos limites de tempo, alcançar o máximo de desenvolvimento da força muscular – neste
caso o conceito aplicado é o de força de partida.
Odesenvolvimentodaforçamáximaacarretaráumainfluênciapositivanorendimento
da força explosiva, devido a uma melhor relação entre força/resistência a ser vencida.
Exemplificando,umindivíduopesando80kgterámaiorfacilidadeemmoverseucorporapida-
mente,sepraticarumtreinamentoemqueocorraumaumentoda sua forçamáxima,pois80kg
representaráumamenorresistênciaemvalorespercentuais.Portanto,osobjetivosderendimento
para o treinamento da força máxima seriam superar grande resistência externa e melhorar o
rendimento de potência; para o treinamento força explosiva seria superar rapidamente uma
resistênciaexterna. A resistência de força pode ser entendida como a capacidade
de resistência à fadiga do organismo em caso de performance de força de longa duração
(WEINECK, 1999), sendo que o objetivo de rendimento a ser alcançado seria sustentar
rendimentodeforçasubmáximoemaçõesmuscularesrepetidasduranteum maiorperíodode
tempo.
As adaptações musculares aos estímulos de treinamento que levam ao aumento do
rendimento da força são (segundo SCHMIDTBLEICHER, 1994):
Neurais:melhoriatantodacoordenaçãointramuscular,ouseja,aumentodaativaçãoda
musculaturaagonistaquantointermuscular,queseriaumaativaçãomáximadosmúsculosagonistas
ao mesmo tempo que uma ativação adequada dos antagonistas, sinergistas e fixadores.
Morfológicas : aumento da área de secção transversal da musculatura (hipertrofia).
Bioquímicas:aumentodaatividadeenzimática:atp-cpeglicolíticaeaumentodacapaci-
dade de tamponamento.
Os métodos de treinamento, que visam a melhorar o rendimento da força muscular, se
direcionam, basicamente, a aprimorar a ativação da musculatura, bem como a hipertrofiá-la.
Deve -se ressaltar que estas adaptações acontecerão em função do volume, da intensidade,
freqüência, e do estado inicial de treinamento do atleta, sendo que as adaptações neurais
predominamnosestágiosiniciaisdetreinamento;comumafreqüênciasemanalde3-4sessões,
após um período máximo de 6 a 8 semanas, a hipertrofia muscular assume a predominância no
processo de ganho de força muscular (SCHMIDTBLEICHER, 1994).
CARGA 90 - 100% MÁX
REPETIÇÕES 1 - 5
SÉRIES 3
PAUSA 5 MINUTOS (mínima)
VELOCIDADE EXPLOSIVA
FREQÜÊNCIA 3 X/SEMANA ; 6 - 8 SEMANAS
obs. recuperação completa
FORÇA MÁXIMA
HIPERTROFIA
REPETIÇÕES 8 - 20
SÉRIES 4 -6
PAUSA 2 - 3 MINUTOS
VELOCIDADE LENTA- RELATIVAMENTE RÁPIDA
FREQÜÊNCIA X/SEMANA ; 10 - 12 SEMANAS
CARGA 50 - 60% MÁX
REPETIÇÕES 20 - 40
SÉRIES 6 -8
PAUSA 30 - 60 SEGUNDOS
VELOCIDADE LENTA
RESISTÊNCIA DE FORÇA
Segundo SCHMIDTBLEICHER (1994), o dimensionamento do treinamento da força
deverá se organizar a partir das seguintes normativas :
Asconsideraçõesemrelaçãoàespecificidadedorendimentonohandebolserãopredo-
minantesparasedeterminaremaseleçãoeordenaçãodosexercícios(musculose/oumovimen-
tos) e a forma de execução destes em um programa de desenvolvimento da força. Um conheci-
mento básico dos exercícios e equipamentos de musculação, bem como das diversas possibili-
dades de adaptação destes, será o suficiente para um bom dimensionamento do programa.
LEG-PRESS AGACHAMENTO
AGACHAMENTO COM
PASSADAÀ FRENTE
AGACHAMENTO COM
PASSADALATERAL
PANTURRILHAS
SUPINO VOADOR
PULLEYPARATRÁS REMADA
BÍCEPSALTERNADO TRÍCEPS FRANCÊS
TRÍCEPS TESTA
Posição Inicial
TRÍCEPS TESTA
Posição Final
ABDOMINAL RETO
» ABDOMINAL OBLÍQUO
» VOADOR INVERTIDO
» FLEXOR DE JOELHOS
AVALIAÇÃO DA
CAPACIDADE FÍSICA
Pablo Juan Greco
Eloi Ferreira Filho
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Caderno de rendimento do atleta de handebol greco

  • 1.
  • 2. Caderno de Rendimento do Atleta de Handebol
  • 3. Pablo Juan Greco Orgarnizador Caderno de Rendimento do Atleta de Handebol 1º EDIÇÃO
  • 4. Série: Cadernos de Handebol Caderno de Rendimento do Atleta de Handebol Copyright © 2000 by Pablo Juan Greco (org.) Este livro, ou parte dele, não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização do Editor. Projeto Gráfico e Capa Sandra Tavares Revisão Libério Neves Fotos Ernesto Boaviagem Fotos do Capítulo 9 - Publicações da Editora Philippka Verlag Münster - RFA/ colaboração do Conferencista da Federação Internacional de Handball, Dietrich Spáte. ISBN:
  • 5. Sumário 1 INTRODUÇÃO. Pablo Juan Greco ................................................................................................. 2 O SISTEMADE FORMAÇÃO E TREINAMENTO ESPORTIVO. Pablo Juan Greco.................................................................................................. 3 FICHAS DEACOMPANHAMENTO E DEAVALIAÇÃO DO ATLETA DE HANDEBOL. Pablo Juan Greco................................................................................................ 4 BIOMECÂNICA NO TREINAMENTO DE HANDEBOL. Hans-Joachim Menzel........................................................................................... 5 AVALIAÇÃO FISIOTERÁPICADOATLETADE HANDEBOL. Ricardo Luiz Carneiro Daniel Câmara Azevedo Flávio de Oliveira Pires........................................................................................ 6 O TREINAMENTO DAFORÇAAPLICADOAO HANDEBOL. Fernando Vítor Lima............................................................................................ 7 AVALIAÇÃO DACAPACIDADE FÍSICA. Pablo Juan Greco Eloi Ferreira Filho................................................................................................ 8 AVALIAÇÃO DACAPACIDADETÉCNICA. Pablo Juan Greco Eloi Ferreira Filho................................................................................................ 9 AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO TÁTICO NO HANDEBOL. Pablo Juan Greco Eloi Ferreira Filho Pablo Ramón Coelho de Souza............................................................................. 10 AVALIAÇÃO PSICOSSOCIALDOATLETADE HANDEBOL Dietmar Samulski Franco Noce......................................................................................................... 11 PROPOSTACIENTÍFICAPARAOBSERVAÇÃO E AVALIAÇÃO DE JOGOS DE HANDEBOL. Pablo Juan Greco Eloi Ferreira Filho Marcus Vínicius Gomes C. Vieira ....................................................................... AUTORES........................................................................................................... BIBLIOGRAFIA.................................................................................................
  • 6. Sinto-me alegre com o lançamento deste primeiro número da série Cadernos de Handebol. A concretização deste projeto é o resultado de discussões, reuniões e desejo da Federação Mineira de Handebol, através da sua presidência e do seu departamento técnico, na pessoa do Prof.Dr.PabloJuanGrecodeinvestiredesenvolveraçõesquepossamcontribuirparaaforma- ção e o aprimoramento dos técnicos, professores, dirigentes e atletas. Sabemos da enorme carência de material didático de boa qualidade publicado em português. Esta série Cadernos de Handebol, preparado com carinho e competência dos colaboradores e do seu coordenador, o “nosso” Prof. Pablo, tenho certeza, será um marco no trabalho de fo- mentoedesenvolvimentotécnicoetáticodoHandebolBrasileironestemomentoquecaminha- mos a passos firmes para nos transformarmos em uma grande força do esporte a nível nacional emundial. Nossos sinceros agradecimentos à Secretaria do Estado de Esportes de Minas Gerais que percebeu a magnitude deste projeto e prestou seu apoio para a concretização do mesmo. Igualmente nossos agradecimentos aos professores da E. E. Física da UFMG que colaboraram para a elaboração deste primeiro número. PauloSérgioOliveira Presidente da F.M.H. Apresentação
  • 7. Afaltadeinformaçõeseatualizaçãodetécnicosedirigenteséumdosprincipaisentraves para o desenvolvimento esportivo. Hoje, quando são sistemáticos os avanços de metodologias e regras de treinamento, tático e físico, um treinador desatualizado está parado no tempo. E o atleta, que desconhece as regras que regem o esporte que pratica, além de não evoluir, está propenso a transgressões disciplinares, que em nada enaltecem o espetáculo. A publicação da série Cadernos de Handebol, iniciativa da Federação Mineira de Handebol, em conjunto com a Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais e apoio da Secretaria de Estado de Esportes, merece ser aplaudida. Publicação que será de muita valia não só para os handebolistas do país, mas também para professores de Educação Física e até mesmo de alguns atletas que, infelizmente, ainda não podem contar com os ensinamentos complementares, de um técnico especializado ou atualiza- do. Cadernos de Handebol vem preencher uma lacuna que, há anos, tem atravancado o desenvolvimentodoesporte.EmMinasGerais,principalmentedevidoàdimensãodoEstado,a falta de informação, atualização e conhecimentos de técnicos e dirigentes é uma realidade inconteste. É preciso ressaltar, ainda, que a maioria das publicações sobre handebol são impor- tadas, de difícil acesso para grande parte de nossos desportistas. Cadernos de Handebol será um grande reforço para o desenvolvimento do esporte, principalmentenointeriordoEstadoenasescolas,ondeamodalidadeémaisdifundidaeonde, justamente,nossostécnicosencontrammaioresdificuldadesparaseatualizarem.Encontram-se ilhados, fora do intercâmbio com os maiores centros do handebol brasileiro ou de competições oficiaisdealtoníveltécnico. Sem dúvida, uma publicação especializada sobre handebol, à disposição de nossos técnicos, dirigentes e atletas, contribuirá, sobremaneira, para o fortalecimento do esporte no Estado.EMinasGerais,comcerteza,devidoàtradiçãoquetemnamodalidade,comaconquista de vários títulos nacionais e a revelação de muitos atletas para a seleção brasileira, não pode ficar calada quando o assunto é handebol. SérgioBrunoZechCoelho Secretário de Esportes do Estado de Minas Gerais Palavras do Secretário de Esportes do Estado de MG.
  • 8. Homenagem Os autores e a Federação Mineira de Handebol dedicam este livro aos pioneiros do Handebol de Minas Gerais. Prof.ErlanGustavson, Prof. JoséAtaíde Lacerda, Prof.LincolnRaso, Prof. MarcoAntônio Barbosa (Barbosinha), Profª Isabel Montandon Soares, Prof.WilsonBonfim, Prof.IvanyMouraBonfim.
  • 10. No início do terceiro milênio, o esporte é considerado como um dos fenômenos sociais mais importantes do planeta e está profundamente arraigado na vida cotidiana dos povos, nas diferentesmanifestaçõesculturaisdohomem.Oimensopotencialpedagógicodoesportepermi- te que este seja utilizado de diversas formas e para diferentes fins. Em alguns casos foram seguidoscaminhosinapropriadoseantiéticos(usopolítico,suborno,doping,entreoutros),mas sempre o próprio esporte conseguiu voltar a suas origens, aos princípios que configuram sua base filosófica, a suas formas puras de expressão e tornar-se um movimento universal. Neste novomilênio,umnovohomem,ohomemquepraticaatividadefísica,praticaesportes, aparece no centro das reflexões, da proposta de valores, de conceitos, de comunicação, de interações com o meio ambiente e de expectativas e valores sociais.Assim o esporte torna-se um meio de interação, de comunicação, de poder conquistar o saber fazer, de compreender e conhecer através das relações estabelecidas com o ambiente. Ele é um meio, um agente instrumental operativo no processo educativo de formação da personalidade, de oportunizar escolha, de ensinar a decidir, de expressão, criação; sendo agente na formação da cidadania e da melhoria da qualidade de vida da população, somente ele consegue tamanha aglutinação e convivência humana, o que o projeta para o século XXI como uma manifestação plural. O esporte não tem somente o lado da medalha, do campeão. O esporte se manifesta de diferentes formas, na escola, como agente na educação física, contribuindo na formação da personalidade do aluno. O esporte escolar apresenta normas que primam pela ação normativa sobreosvaloreseatitudes,desenvolvimentodehabilidadeseprincipalmentedecondutaéticae INTRODUÇÃO Pablo Juan Greco
  • 11. humana.Noesportedelazer,outempolivre,expressa-secomoformadecatarseparaminimizar o rigor dos regulamentos institucionalizados; conforme Bento (1911), abre espaço para a parti- cipação, enfatiza as tarefas de saúde e qualidade de vida, tem um caráter ocasional sem fins lucrativos ou utilitários, praticado de acordo com o interesse do cidadão, visando ao seu desen- volvimento pessoal (Dumazedier, 1980). O esporte em geral permeia também como atividade importante na busca da qualidade de vida da população; assim, no esporte de reabilitação e reeducação e no esporte para portadores de necessidades especiais, configura-se como um meio importante no planejamento de estratégias de saúde pública e de promoção de saúde; no esporte para saúde, interage com o esporte de lazer, a prática de atividade física sem fins com- petitivos, de uma forma consciente e organizada, inerente ou não ao lazer, coadjuvante na pro- moção do conceito da qualidade de vida. Noesportedealtorendimento,noesporteolímpicooutalveznoconceitomaispróximo, porémmenosutilizado:nodesportodeexcelência,predominamosaspectosdocomportamento orientados com a maximização do nível de rendimento; na busca consciente de resultados, nas diferentesformasdeinstitucionalizaçãodoesporte.“Enfim,evidencia-senodesportoumaprá- tica social onde (...) podemos encontrar e cultivar os valores da corporeidade, da condição física e saúde, do rendimento, do empenhamento da persistência, da ação de dificuldade da realização, da tensão, do dramatismo e da aventura, é um espaço de expressão, de estética, de impressões e experimentações, de comunicação, de cooperação e de intenção” (Bento, J.O. 1995). O pressuposto teórico que deve nortear o pensamento filosófico e político é de que o esportecomoformadeaplicaçãodepolíticassociaisestáconfiguradopornumsistemacomple- xo,ondeseuscomponentesconstitutivosinteragemdeformapermanente,dinâmica,configuran- dooquedevemosoperacionalizar,umsistemadeformaçãoetreinamentoesportivo,um“siste- ma esportivo nacional”. Neste espera-se um coerente conjunto de normas, de ações, de progra- mas, que possibilite a natural e desejável transição entre as diferentes formas de expressão e manifestaçãoesportivaanteriormentecitadas,umtrânsitoharmônico,eficienteeprincipalmente humano. Esse trânsito entre as diversas formas de manifestação do desporto não pode acontecer de forma espontânea; ele exige estruturas e infra-estrutura, que possibilitem e acompanhem de formaracionalodesenvolvimentodonívelderendimentodecrianças,jovenseadultosnoespa- ço das práticas esportivas, bem como dos atletas olímpicos e para-olímpicos. Com a Carta Internacional de Educação Física e Esportes (UNESCO/78), as práticas esportivas passam a ser entendidas como direito de todos; assim, as diferentes formas de manifestação do esporte acima relacionadas fazem parte do cotidiano do mundo moderno; no Brasil a partir da Constituição de 1988, que destaca, em seuArtigo 217, a obrigação de aportes dos recursos públicos para o esporte, inicia-se o processo de clara diferenciação das formas de expressão ou manifestação do esporte. Conforme Bento (1991), nesta nova dimensão a prática esportiva e as variadas mani- festaçõesdaculturacorporaldemovimentoassumemnovasformasemodelos,valoresesentidos. Todapráticaesportivaestáqualificadapelasdiversasintencionalidadesinerentesaopraticante, que lhe permite estabelecer diferentes objetivos, sentidos e necessidades. Sabe-se que, no esporte de alto nível de rendimento, para se alcançar o máximo de
  • 12. performance individual ou coletiva é necessário se desenvolver um longa e adequada sistema- tização, planejamento, organização, execução, regulação e controle da qualidade do processo deensino-aprendizagem-treinamento.Altosrendimentosesportivosexigemesforço,dedicação, conhecimentotécnico. O presente volume tem como objetivo permitir ao professor, monitor ou ao próprio atleta, o registro dos diferentes momentos da sua vida esportiva, de forma simples, porem com conseqüênciasextremamente importantesparaoplanejamento,asistematização,organização, execução, regulação e avaliação do seu processo de ensino-aprendizagem-treinamento. Este caderno de avaliação do rendimento pode também ser útil para o praticante de atividades es- portivasdeoutrasmodalidades,adaptando-oàsnecessidadesecaracterísticasespecificas,tam- bémdeummodomaisamploegeral; portanto,notextoestaremosutilizandofreqüentementeo termo atleta, ou usuário. Ocorretopreenchimentodeste permitiráobterumperfildetalhadodaevoluçãodonível derendimento,da performancedopraticante, nosdiferentesmomentosdavidaativa, nassuas variadas formas de manifestação da prática, tais como: sessões de treinamento, festivais, com- petições, jogos de seleção, enfim, da prática de atividades de handebol, etc. Asplanilhasdeavaliaçãoapresentadasaquibemcomoasplanilhasdetestespararegis- tro do nível de rendimento, a serem descritos a seguir, orientaram-se nos seguintes princípios: » Servir de base para o desenvolvimento de um banco de dados compatível com as ne- cessidades de consulta da evolução do nível de rendimento em diferentes fases. » Possibilitarumainformaçãoimediatadequalidade,donívelderendimentoemparâmetros específicos. » Possibilitarolevantamentodedados,mesmosemcontarcomtecnologiasofistica a,porémsemperderdevistaaqualidadedoprocedimentoeaimportânciadavalidadecientífica dos mesmos. » Aplicar, caso haja disponível, tecnologia mais avançada para o registro de dados. » Ofereceraousuáriodiferentesalternativasderegistrodedados,considerandoomáximo de aspectos possíveis, com o intuito de não perder de vista a complexida de parâmetros e variáveisquefazemaorendimentoesportivo. Para atender a estas exigências foram considerados os diferentes fatores que compõem a multidisciplinaridade inerente ao rendimento esportivo no handebol, e portanto elaboramos planilhas para o registro do rendimento nas áreas de: » Identificaçãopessoal » Históricoeexamemédico » Históricoclínico » Histórico das lesões
  • 13. » Históricodasenfermidades » Analisefisioterápica » Análisepostural » Análisedaflexibilidadedoatletadehandebol » Característicasantropométricas Nível de desenvolvimento das capacidades de rendimento do atleta de handebol na áreas: » Capacidadesfísicas » Capacidades motoras » Capacidades coordenativas » Capacidades técnicas » Capacidades táticas » Avaliaçãodoníveldeconhecimentotático » Avaliação da capacidade de tomada de decisão e execução tática » Capacidades psicossociais » Características da personalidade » Atividades e esportes praticados na infância e adolescência » Análisebiomecânica » Treinamentodeforça Tomando como base o conhecimento existente nas ciências do esporte e do treinamen- to,procuramosabordarostemasemumalinguagemsimples,contendoexplicaçõessobreaspectos teóricos mínimos, necessários para a compreensão da finalidade do trabalho, das formas de levantamento de dados e sua posterior avaliação. Apresenta uma série de testes que são freqüentemente utilizados na prática para controle das diferentes capacidades inerentes ao ren- dimento esportivo. Os testes e procedimentos de avaliação apresentados devem ser considera- doscomoproposta,epodememqualquermomentosersubstituídospelotreinador,conformeà situação, às necessidades, aos objetivos e ao nível de recursos disponíveis. Para que o trabalho aqui descrito seja realmente de apoio, solicitamos aos usuários a constante preocupação pelo correto preenchimento e a permanente renovação dos dados soli- citados em cada planilha, em cada teste, etc., de forma a se obter uma anamnese, um histórico completo das atividades desenvolvidas na prática do esporte. Além disso, deve-se estar sempre atento aos seguintes procedimentos: » Não se esquecer da foto, que deve ser renovada a cada 3 anos, até a idade adulta. » Não se esquecer de atualizar endereços e números de documentos a cada ano, ou quando necessário. Entre outros parâmetros. (Veja gráfico 1). Neste caderno podem ser colocados os relatos e informes das diferentes consultas médicas, por ex.: gripe, resfriados, etc., as interrupções da atividade física por causa de lesões,
  • 14. USUÁRIOS DO CADERNO Pessoas Instituições NÍVEIS DE EXPRESSÃO DO ESPORTE - escolar, - lazer, - clubes, - saúde, - reabilita ção, - alto nível de rendimento, - esporte profissional, - etc. - atletas e esportistas - em geral, - monitores, - professores, - treinadores, - nutricionistas, - fisioterap êutas, - psicólogos, - médicos, - etc. - escolas, - escolinhas esportivas, - clubes, - associa ções, - ligas esportivas, - federações, - etc. Gráfico 1: Usuários do Caderno.
  • 15. etc., bem como aquelas enfermidades ou distúrbios de caráter particular. Podem, também, ser colocados os relatos de lesões que levem a pessoa a requerer tratamento fisio-terapêutico ou médico-cirúrgico com pausa de mais de 15 dias; desta forma pode-se garantir o controle da recuperação de forma ordenada e consciente. A assinatura do médico, no caso de enfermidades registradas pelo mesmo, serve de apoio ao registro dos dados. O livroAvaliação do Rendimento doAtleta de Handebol visa a facilitar ao professor, treinador, etc., o planejamento, organização, execução, regulação e controle do processo de ensino-aprendizagem-treinamentodosníveisde performanceerendimentodosseusalunos,ou dos seus atletas, não os forçando à participação em atividades que não sejam prudentes de ser realizadas, pois “nenhuma medalha vale mais que a saúde de uma criança, ou de um atleta” ( Hahn, 1981: 12). Entendemos que o processo de ensino-aprendizagem-treinamento com crianças e ado- lescentes deve ser “uma orientação e controle do desenvolvimento das suas capacidades; de acordo com uma quantidade, variada e criativa, de experiências de movimentos em todas as áreas sem a especificidade do esporte, para o qual elas devem ser preparadas. Através de formas jogadas e jogos deverão ser incorporadas experiências motoras, que permitem uma integração e cooperação de técnicas para todos os esportes” (Oerter, 1982). O objetivo princi- pal é a expansão de todas as capacidades motoras em uma base ampla que sirva de reserva, para facilitar, futuramente, o aprendizado de técnicas específicas. O objetivo, portanto, “não deve ser o rápido rendimento, o qual, geralmente, tem uma curta duração, pois logo aparece uma saturação do esporte” (Martin, 1981). “Treinamento com crianças é treinamento de formação, preparação para alto nível, e nãotreinamentodealtonível.Otreinamentodeformaçãoénecessárioquandoumaculturajulga o esporte de alto nível, para adultos como um aspecto importante no seu contexto. Então, só então, pode-se começar um longo caminho até o produto final, com a formação das crianças e adolescentes” (Oerter, 1982). Cada passagem de fase escolar, de categoria na escolinha ou no clube, cada troca de clube, de escola, etc., deverá ser registrada nesse livro; desta forma, o levantamento de dados permaneceinalterado,temacontinuidadenecessária,oqueindubitavelmentefacilitarátodas as gestões que o mesmo oferece. Aspectosrelevantesparaorendimentonaáreadascapacidadespsicológicas,comoseu níveldemotivação,osinteresses,oqueousuáriodocadernogostadefazeralémdoseuesporte decompetição,permitirãoobter-seumperfildeste,facilitandoassimasinteraçõesentremonitor, professor, etc., operacionalizando-as de forma mais adequada. Nesse volume pode ser incorporada uma série de dados especificamente ligados ao rendimento técnico-tático do usuário; portanto, não se pode esquecer de registrar aspectos tais como: posição na qual o atleta joga mais freqüentemente, no ataque e na defesa, mas também aquela na qual ele mais gosta de jogar, sendo importante, portanto, que freqüentemente sejam repensadas as possibilidades de aproximação entre os dois aspectos: gostaria de fazer e estou fazendo. Os resultados dos testes para avaliação do nível de conhecimento tático podem ser treinadosatravésdeatividadesjogadasemsituaçõesde2X2,3x3comousem“curinga”(veja GrecoeBenda1999eGreco1999)deformatalaseoportunizar,viaaprendizagem“incidental”,
  • 16. a aquisição ou aperfeiçoamento do nível de conhecimento tático, base da tomada de decisão através da aplicação das formas de pensamento convergente ou divergente. Da mesma forma, deve-se proceder ao registro de dados no clube e nas seleções pelas quais o atleta já passou. Caroatleta,deixeoseutreinadorpreencher,pergunteaeleosvaloresdoseurendimento e coloque-os nos quadros respectivos, para você mesmo poder se auto-analisar. Prezado trei- nador/professor, não esqueça que você está interagindo com pessoas em fase de formação; o levantamento de dados e a correta interação e utilização dos mesmos no planejamento, condu- ção e regulação do processo de ensino-aprendizagem-treinamento será um aporte e uma ajuda avocêeaseusatletas.Seutrabalhopoderásermais eficiente,maisdinâmico, oqueseconstitui em um beneficio para o exercício da profissão. Desejamossucessonaaplicaçãoemanuseiodolivroeesperamosqueassugestõesaqui contidas possam ser ponto de partida para o planejamento, a sistematização, organização, exe- cução, regulação e avaliação da sua prática cotidiana.
  • 17. O SISTEMA DE FORMAÇÃO E TREINAMENTO ESPORTIVO NO HANDEBOL Pablo Juan Greco
  • 18. Oaltonívelderendimentoesportivo,alcançadopelosatletasemsituaçõesdetreinamento ecompetição,éprodutodeumasériemultifatorialecomplexadevariáveis condicionantesque atuam e interagem, tanto em conjunto quanto isoladamente, de forma a limitar ou facilitar a qualidade de expressão apresentada pelo esportista na situação de jogo. O processo de ensino-aprendizagem-treinamento dirigido à obtenção e melhoria dos diferentesníveisdeperformancedeumatletadeve,portanto,contemplarumadequadoplaneja- mento, sistematização, estruturação, execução, regulação e controle científico das diferentes capacidadesqueconstituemorendimentoesportivo,paragarantirassimumharmoniosoecon- dizente nível de desempenho. Em alguns casos, finalizada a carreira esportiva de alta competi- ção, deve-se planejar, sistematizar, estruturar, executar, regular e avaliar um processo de destreinamento, que permita a redução gradativa, controlada, dos níveis de rendimento, até se chegar a parâmetros fisiológicos normais ou somente um pouco acima destes. A operacionalização do processo de ensino-aprendizagem-treinamento se inicia geral- mentenainfância,temsuacontinuidadenaescola, instituiçãofundamentalnareferênciacultural formadora de hábitos de vida salutar, promovendo a conscientização dos valores e importância da prática regular de atividades físicas. Os outros locais onde se realiza a prática esportiva, tais comooclubeeasescolinhas,sãoinstituiçõesparticipantesdesteprocessodeconscientizaçãoe desenvolvimentodaculturacorporaldemovimentodoindivíduo,naconstruçãodasua biografia esportiva. Como se pode observar, torna-se impreterivelmente necessário que o processo de 2.1 O Sistema de Formação e Treinamento Esportivo O SISTEMA DE FORMAÇÃO E TREINAMENTO ESPORTIVO NO HANDEBOL Pablo Juan Greco
  • 19. desenvolvimento, da cultura de movimento, da biografia esportiva, do ser humano através de um processo de ensino-aprendizagem-treinamento se fundamente, apóie e relacione com os conceitos políticos e filosóficos que o Estado e a sociedade organizada devem constituir. Por- tanto,oreferidoprocessodeveconcretizar-seconformeosprincípiosimplícitosnosmodelosde formaçãoedetreinamentoesportivoidealizadosnomarcodaculturadoPaís.Ambasasalterna- tivas, formação e treinamento, não são antagônicas; pelo contrário, devem ser vistas na pers- pectivadasuainter-relação,dependênciamútua,correlação,seqüência,continuidadeeinteração permanente,nuncacomoelementosdissociados. Gráfico 1: concepção de um sistema de formação e treinamento esportivo (baseado em Greco, 1998). A função primária de um sistema de formação e treinamento esportivo, é determinada pela sociedade através de conceitos políticos e filosóficos que a o ser humano ao longo da sua história constrói. Para se alcançar os fins nele inerentes é necessário determinar quais e como funcionam as diferentes estruturas que darão vida organizacional ao referido sistema. Nosso conceitodestacaumaorganizaçãocompostapelasestruturasadministrativasouorganizacionais doesporte,aestruturadeaplicação,aestruturatemporal,èfinalmenteaestruturasubstantivaou de capacidades inerentes ao rendimento esportivo: » Aestruturaadministrativa,naqualseencontramasdiferentesorganizaçõeseinstituições que regem o esporte, tais como o Comitê Olímpico, confederações, federações, secretarias de esporte, clubes, entre outras. » Aestruturadeaplicação,tambémdenominadadeformasdeexpressãooumanifestação do esporte. O rendimento esportivo pode ser contemplado conforme ao nível de expressão CONCEPÇÃO FILOSÓFICA POLÍTICA ADMINISTRATIVA APLICAÇÃO TEMPORAL SUBSTANTIVA INSTITUIÇÕES FORMAS DE EXPRESSÃO FASES E NÍVEIS DO RENDIMENTO CAPACIDADES DO RENDIMENTO
  • 20. qualitativonoqualestaaçãoestáinserida;assimencontramosformasdeexpressãooumanifes- tação do esporte, tais como o lazer e/ou tempo livre, a escola, a reabilitação, a prevenção da saúde, e as dirigidas à maximização do rendimento, no qual podemos diferenciar três níveis: o esporte de rendimento, o de alto nível de rendimento e o esporte profissional. » A estrutura substantiva ou de conteúdos, na que se reúnem e manifestam as diferentes capacidades que compõem o rendimento esportivo, a ação.As seis capacidades ou conjunto de capacidades que interagem no momento da execução das ações motoras, das técnicas de mo- vimentos, devem ser desenvolvidas de forma paralela e gradativa, sem atropelar as fases de maturação biológica e sem sobrepor exigências que convirjam para uma especialização preco- ce,poiscriançasdevemserprimeiramentecrianças,“nãosãoadultosreduzidos”(Hahn,1981). Portanto,destacamosqueumadasmaisimportantestarefasdasdisciplinascientíficasquecons- tituem as denominadas ciências do esporte e das ciências do treinamento é oferecer contribui- ções par elucidar as questões inerentes às inter-relações existentes no conjunto de capacidades que constituem o rendimento esportivo. Referimo-nos às capacidades físicas, biotipológicas, técnicas,táticas,psíquicas,esocioambientais,fontebásicaesubstânciaparaaoperacionalização de uma ação motora, de um gesto esportivo, ou expressando de outra forma da concretização, da realização, da execução de uma técnica esportiva. » A estrutura temporal abrange as diferentes fases de evolução dos níveis de rendimento conformediversasvariáveis,taiscomoidadecronológica,idadebiológica,níveldematuridadee experiênciaesportivageral,biografiadomovimento, objetivosalmejadosecontextosociocultural específico, entre outros parâmetros. Esta estrutura está composta pelo sistemas de formação e detreinamentoesportivo. Ambos os sistemas serão descritos sucintamente a seguir, de forma a oferecer ao leitor uma base referencial teórica que lhe permita compreender os alcances e limites da sua ação pedagógica em cada um dos diferentes momentos da vida do atleta com o qual interage (mais sobre o tema em Greco, P. J. e Benda, R. N. 1998). A estrutura temporal constitui a base conceitual e técnica do processo de formação e treinamentoesportivoaquiapresentado.Neladiferenciam-seclaramenteduasestruturasousis- temas,doismomentosqueseinteragem,seapóiamesecondicionammutuamente.Porumlado, temososistemadeformaçãoesportiva,queavisaoportunizaradelimitaçãoconceitualdecada momentodavidaesportivadoindivíduo;poroutro,osistemadetreinamentoesportivo,quevisa a organizar e delimitar os possíveis momentos da vida do indivíduo voltado para o esporte de rendimento com interesse de máximas performances – onde o resultado favorável na compe- tição é um objetivo. O sistema de formação esportiva inicia-se com a denominada fase pré-escolar (0 a 6-7 anos), a universal (6-7 a 12 –13 anos), a de orientação (12-13 a 14-15 anos), a de direção (14- 15 a 16-17 anos).Apartir desta idade podemos diferenciar duas linhas com alternativas de tomada de decisão por parte do indivíduo: conforme os objetivos e interesses, uma destas volta-se para o esporte de rendimento, a outra para o esporte como um meio de manutenção da saúde, de ocupação do tempo livre, etc.
  • 21. No caso do esporte de rendimento, três momentos serão importantes na seqüência; nos referimo-nos às fases de especialização (15-16 a 18-19 anos), de aproximação (18-19 a 21-22 anos) e a fase de alto nível de rendimento que deveria iniciar-se aos 21-22 anos. Assim podemos concordar com Ramón Seco (...), quando no texto pergunta: iniciação sim, porém, até quando? E responde que o momento adequado a iniciação específica ao handebol deve acontecer aproximadamente aos 10-12 anos e ter seqüência evolutiva a partir desse mo- mento. Por outro lado, na linha do esporte sem objetivos de maximização do rendimento, en- contra-seapráticaregulardeatividadesfísicaseesportivas;ondeseapresentamasmanifestações do esporte de lazer, tempo livre, saúde, etc., encontramos a fase de esporte para a saúde, onde evidentemente a obtenção e a melhoria do nível de rendimento têm outras conotações e carac- terísticas expressas no sistema de treinamento de alto nível de rendimento. Uma última fase que tem adquirido grande relevância nos últimos tempos, devido às características de exigência do esporte de alto nível de rendimento, fecha o ciclo do sistema de formação esportiva; nos referimo-nos à fase de readaptação, que se sugere após concluído o ciclodealtasperformances evisaaumagradativareduçãodosparâmetrospsicofisiológicosde forma a evitar seqüelas traumáticas para a saúde do indivíduo, reestruturar e corrigir possíveis desequilíbrios,disbalancesosteo-articulares, muscularesoudeflexibilidade. UniversalPré- Escola Orienta- ção Direção Recreação Saúde Readap- tação Especia- lização Aproxi- mação Alto Nível NÍVEL DE RENDIMENTO IDADE Gráfico 2: Fases e níveis de rendimento do sistema de formação esportiva: Nestemomentoresultaimportantedestacar asdiferençasentreumsistemadeformação eumsistemadetreinamentoesportivo.Osistemadeformaçãoabrangeumafase,ummomento em que se pode optar pelo direcionamento da vida esportiva para o esporte de alto nível de rendimento.Assim sendo, os objetivos e a formulação de metas devem ser diferentes. No siste- ma de formação esportiva o interesse central do mesmo é fundamentalmente a orientação com
  • 22. os processos, os meios a serem seguidos para contribuir na delimitação, conformação da per- sonalidade do indivíduo, na busca de um referencial da cultura de movimento. No processo de treinamento esportivo o objetivo a se alcançar é o resultado, a busca da performance. Um sistema de formação e treinamento esportivo deve, portanto, oportunizar e promover o desen- volvimentodapersonalidadedoserhumanoatravésdapráticaesportiva,estabelecerprincípios normativos sobre os processos de ensino-aprendizagem-treinamento e priorizar a formação do indivíduo como ser biopsicossocial; não se devem propor objetivos de rendimento a curto pra- zo, pois estes, além de serem inapropriados desde o ponto de vista psicofisiológico, levam a uma saturação e a um abandono precoce da prática esportiva. O sistema de “Treinamento Esportivo” apresenta como objetivo seu direcionamento para a obtenção de adequados resultados no esporte de alto nível, objetivando a otimização do potencialdoatleta,visandoaapresentarmáximosrendimentos.Assim,aspectostaiscomoinfra- estruturaorganizacionaldisponível,interesseepredisposiçãodoindivíduo,diagnósticoeprog- nóstico da evolução do nível de rendimento na modalidade, evolução físico-técnica, técnico- tática,tático-psicológicaviáveleticamentequeoatletapossaalcançar,pré-requisitosbiotipológicos inerentes à modalidade escolhida, e devem permanentemente ser relacionados no momento da escolha do esporte na sua forma de expressão do alto nível de rendimento. Um longo e difícil processo de ensino-aprendizagem-treinamento deverá ser trilhado para se alcançarem os obje- tivos almejados de se apresentarem altos níveis de rendimento em situações de competição. Portanto,amotivaçãointrínsecaeascondiçõesambientaisdevemestarfortementecon- solidadas. Conforme trabalhos anteriores (Greco, 1998), o sistema de treinamento esportivo estáconstituídoportrêssubsistemas: » detreinamento, » de competição, » de regeneração. Gráfico 3: O sitema de treinamento esportivo. Ocentrodestemodeloéoatleta:eleseconstituiemumeixo,noelementofundamental do processo, sendo para ele que todos os esforços devem se direcionar e cada subsistema ser planejado, organizado, executado, regulado e avaliado.. O SISTEMADE TREINAMENTO ESPORTIVO TREINAMENTO COMPETIÇÃO REGENERAÇÃO
  • 23. SUBSISTEMATREINAMENTO PLANEJAMENTO REALIZAÇÃO AVALIAÇÃO Princípios Diagnóstico Prognóstico Métodos Meios Biomecânica Motora Psicológica Médica Gráfico 4: O subsistema de treinamento. A estrutura de planejamento tem como objetivo se apoiar nos denominados princípios do processo de treinamento esportivo, a saber, os princípios pedagógicos, administrativos, gerenciais, biológicos e psicológicos que norteiam a aplicação de conhecimento produzido nas ciênciasdotreinamento,realizarumdiagnósticoeumprognósticodasexigênciasdamodalidade bemcomodonívelderendimentoindividualdoatleta,estabelecendoasmetasparciaiseformas de trabalho que deverão ser equacionadas para se obterem os objetivos propostos. SUBSISTEMATREINAMENTO Planejamento Gráfico 5: A estrutura de planejamento. Princípios Diagnóstico Prognóstico O subsistema de treinamento se compõe de três grandes estruturas: » deplanejamento, » de realização, » de avaliação.
  • 24. Aestruturaderealizaçãopermite,atravésdaaplicaçãonaprática,notrabalhocotidiano dos diferentes métodos de treinamento, se equacionarem os respectivos prazos de recuperação que estes requerem; assim, é importante se conhecerem os diferentes meios com os quais os métodos podem ser concretizados na prática, de forma a se ter uma visão global do subsistema de realização do treinamento. SUBSISTEMATREINAMENTO Realização Métodos Meios Gráfico 6: A estrutura de realização, execução do treinamento. A estrutura de avaliação apresenta aquelas formas concretas de medir objetivamente o nível de rendimento alcançado, de forma a se proceder aos ajustes necessários no planejamento e na execução do processo de ensino-aprendizagem-treinamento, de forma tal a se aproximar dos objetivos desejados. SUBSISTEMATREINAMENTO Avaliação Biomecânica Motora Psicológica Médica Nutricional Gráfico 7: A estrutura de avaliação.
  • 25. SUBSISTEMA COMPETIÇÃO Teste Treino Seletivas Classificatórias Iniciais Preparatórias Principais Gráfico 8: O subsistema de competição. O subsistema de competição está caracterizado pelo sistemático planejamento, organi- zação, execução, regulação e avaliação, em relação à participação em eventos, campeonatos e diversas formas de competição; deve-se considerar a carga física e psicológica que a competi- çãoapresentadeformaintrínsecaaoatleta. Noesportederendimentonãoésuficienteselimitar aplanejaradequadamenteoprocessodetreinamento;énecessárioquesejatambémequacionado um adequado processo de evolução e controle do estado de rendimento do atleta através da competição.Acompetiçãotorna-seemumelementoimpreterivelmentenecessárioparaamelhoria do status qualitativo do atleta, ao mesmo tempo que lhe serve de apoio como meio para a obtençãoderesultados.Nãoexistemavançossignificativosnonívelderendimentodoatleta,se este não for periodicamente confrontado a apresentar seu estado de produção, sua capacidade momentâneanacompetição.
  • 26. SUBSISTEMAREGENERAÇÃO Métodos Biomédicos Psico- pedagógicos O terceiro e último subsistema é o de regeneração, compondo-se também de diferentes estruturas. Quando nos referimos à regeneração o fazemos considerando o atleta como um ser biopsicossocial que precisa, após de uma série de esforços, um momento que lhe permita o reestabelecimento total das suas potencialidades.Adiferença entre recuperação e regeneração está dada pelos alcances de cada uma destas.Arecuperação refere-se aos processos fisiológi- cos necessários após cada sessão de treinamento, cada esforço, cada competição, para se obter a adaptação biológica necessária e se estar novamente em condições de realizar altos níveis de rendimento.Aregeneração implica considerar também a interação existente entre os processos psicológicos e fisiológicos que se apresentam após ciclos de trabalho, sendo portan- to um conceito muito mais amplo, de duração temporal diferente, a que se apresenta na recupe- ração. O subsistema de regeneração é fundamental após um longo processo de treinamento e competiçãoparaseoportunizarumnovociclodealtorendimentoesportivo,emque,certamen- te, estarão mais uma vez presentes, incidindo sobre o atleta, elevadas cargas físicas e psíquicas de forma continuada. Aaçãodeoperacionalizarcientificamente,deformaplanejada,organizada,essesistema de formação e treinamento esportivo denomina-se, na literatura das ciências do esporte, “regulação”. Este procedimento, segundo GROSSER e col. (1988), está constituído pelos se- guintespassos: » Planejamento, » Condução ou execução, » Controle, » Avaliação do citado processo de ensino-aprendizagem-treinamento. Gráfico 10: Subsistema de Regeneração
  • 27. Nasdiferentesfasesdoprocessodetreinamentoeconformeaomomentodaperiodização, o nível aspirado para se alcançar em algumas capacidades (psíquicas, físicas, técnicas, táticas, etc.) inerentes ao rendimento esportivo, terá ênfases que serão determinadas pelos objetivos macros. Resulta, portanto, premente e necessário, para qualquer planejamento e posterior con- dução do citado processo de ensino-aprendizagem-treinamento, que o mesmo se apóie em um banco de dados que sirvam para este de marco referencial, que seja simultaneamente ponto de consulta e de partida para o planejamento, a realização e avaliação do processo a ser iniciado. Um exemplo da necessidade de se ter um banco de dados pode ser construído a partir da necessidade de se terem registrados os níveis de rendimento de capacidades físicas como a resistência - por citar uma destas – para assim poder sistematizar o processo de desenvolvi- mento da mesma, que em média deve ser de 20 % ao ano, para não forçar indevidamente o organismo. Estecadernoderendimentodoatletadehandeboloportunizasubsídiosparaseconfigurar um banco de dados desta natureza. 2.1 O Sistema de Formação e Treinamento Esportivo no Handebol O sistema de formação esportiva aplicado ao handebol e aos esportes coletivos está constituído,nanossavisão,pelasnovefasescitadasanteriormente,asquedecorrem apartirdo nascimento da criança e se estendem durante toda a evolução ontogenética. Assim diferencia- mos no handebol, que a partir da faixa etária dos 16-18 anos, no momento da especialização esportiva, na especialização em uma modalidade específica, pode-se iniciar um processo dife- rente, pode-se encaminhar esses adolescentes que demostrarem o interesse, isto é, tenham a motivaçãointrínsecanecessária,econcomitantementepossuamumbiótipoadequadooumani- festamenteemevolução,paraumprocessodetreinamentoesportivo.Estaremosassimentrando no sistema de treinamento esportivo. No quadro a seguir detalharemos as diferentes caracterís- ticas e objetivos a serem alcançados nos momentos evolutivos. O quadro apresenta uma rese- nha de orientação em relação ao desenvolvimento da capacidade de jogo do jovem esportista, detalhando os conteúdos mais importantes em relação à apropriação do conhecimento do ata- que e a defesa no handebol.
  • 28. Idade 6-8 anos Fase Universal: Capacidades Físicas Coordenação: 1 elemento + 1 colega Capacidade de Jogo Jogos: dirigidos, de perseguição, de descoberta, de orientação, sensoriais, perceptivos estafetas, etc. Ataque Atividades que desenvolvam o conceito de ataque, atividades onde o lançamento seja a forma de definição do jogo. Defesa Atividades que desenvolvam o conceito de defesa, de retorno à defesa, de marcação, preferentemente um contra vários. 8-10 anos Fase Universal: Capacidades Físicas Coordenação: 2 elementos + 2 colegas. Capacidade de Jogo Grandes jogos. Jogos para desenvolver a inteligência de jogo. Jogo de handebol na forma de jogos situacionais 1 x 1 + 1; 2 x 2 +1. O handebol pode ser jogado na forma de 4 x 4 com ou sem goleiros. Áreas reduzidas, de máximo 4 metros, gols menores, altura 1,50 x 2,50. Ataque Atividades que desenvolvam o conceito de ata Ex:Soma de passes. Formas de lançamento devem estar presentes, na id de pontaria ou vencer um gole Jogar sem funç e posições fixas Promover a aprendizagem incidental, atrav do jogo. Atividades com fintas, troca de direção, sair da marcação. Combinar situa de igualdade e superioridade numérica. Idade Tabela 1: Sugestão de organização dos conteúdos conforme às fases e faixas etárias no handebol:
  • 29. 1 2 -1 4 a n o s F a s e d e o r i e n taç ã o : C a p a c i d a d e s F ís i c a s C o o rd e n a ç a o e s p e c íf ic a e in íc io d o t re in a m e n t o té c n ic o . A u t o m a t iz aç ã o , v a ria ç ã o e e s t a b iliz a ç ã o d a té c n ic a . C a p a c i d a d e d e J o g o D e s e n v o lv e r a s c a p a c id a d e s t á t ic a s in d iv id u a is , in d e p e n d e n t e d o n í v e l d e re n d im e n t o . A ta q u e I n ic ia ç ã o n o jo g o p o s ic io n a l e m a t a q u e " 3 -3 " . D e s e n v o lv e r o s e n t id o d a s m u d a n ç a s d e p o s i ç ã o n a la rg u ra e p ro f u n d id a d e d a q u a d ra . D e s e n v o lv e r a t á t ic a in d iv id u a l n o jo g o u t iliz a n d o re g ra s d e c o m p o rt a m e n t o e m s it u a ç õ e s " 1 x 1 " e " 2 x 1 " . D e fe s a M a rc a ç ã o c o m s is t e m a s o f e n s iv o s : 1 -5 ; 3 -3 ; 3 -2 -1 . R e c o m e n d a ç õ e s p a ra s e le ç ã o d e t a le n t o s : jo g o e m d o is t e m p o s d e 5 '. M a rc a ç ã o in d iv id u a l n a q u a d ra t o d a . D e s e n v o lv e r a t á t ic a in d iv id u a l n o jo g o u t iliz a n d o re g ra s d e c o m p o rt a m e n t o e m s it u aç õ e s " 1 X 1 " e " 1 x 2 " . I d a d e 10-12 anos Fase Universal: Capacidades Físicas Coordenação: 3 elementos + 3 colegas, atividades de coordenação específica. Capacidade de Jogo Jogos para desenvolver a inteligência de jogo. Iniciação aos conceitos táticos grupais básicos. Ataque Atividades que desenvolvam o conceito de táticas de grupo, iniciação no treinamento tático aplicando preferentemente a metodologia situacional. Ênfase nos jogos 3 x 3 com ou sem "curingas". Desenvolver atividades jogadas 3 x 3 com tarefas táticas de grupo como "par x impar". Cruzamento com e sem bola, "cair" de pivô, cortinas, etc. Defesa Atividades que desenvolvam o conceito de defesa em sistema mistos, isto é, individual e zona, como por exemplo 2 individual e 4 em zona. Utilizar sistemas defensivos aplicando marcações abertas como 3-3 ou 1-5, continuar com marcação individual metade da quadra, aplicando variações desta, com ou sem press ão do lado da bola, etc. Idade
  • 30. 14-16 anos Fase de direção: Capacidades Físicas Início do treinamento sistematizado. Capacidade de Jogo Continuar o desenvolvimento da capacidade geral de jogo. Iniciação na especializa ção, porém, em todas as posições. (all rounder) Desenvolver as capacidades técnicas e táticas gerais em relação às diferentes posições no jogo. Ataque Tática individual específica em cada posição do ataque. Continuar o desenvolvimento do jogo posicional e ampliar o conteúdo do conhecimento tático de grupo. (2/3 jogadores) Formas básicas de desdobramentos. Contra-ataque simples e em ondas. Defesa Utilização do sistema defensivo 3-2-1 ofensivo, orientado com a bola e 3-2-1 com líbero. Modificação da defesa frente a desdobramentos do ataque: manter o 3:2:1 e trabalhar em forma antecipativa sobre os armadores advers ários ou mudar para 6-0 ofensivo. Utilização de tática defensiva de grupo: coberturas, toma e entrega, bloqueio. Idade 16-18 anos Fase de especia- lização: Sequência do Treinamento sistematizado das capacidades físicas Iniciação na especialização, porém, em todas as posições. (all rounder) Treinamento nas posições de ataque , porém, sem especialização. Desenvolver as capacidades técnicas e táticas gerais em relação às diferentes posições no jogo. Desenvolver a capacidade de jogo contra diferentes sistemas defensivos. Sequência do jogo após desdobramentos (3-3 a 2-4). Diminuir o tempo de duração do ataque durante o jogo posicional. (variar o tipo de combinações de ataque) Continuar o jogo em forma dinâmica após o contra-ataque ao jogo posicional, sem frear o jogo. Utilizar o 3-2-1. Funcionamento frente a mudanças de formação de ataque (6-0 ou 5-1). Sistema defensivo 6-0 nas diferentes formas de aplicação: defensivo - ofensivo - antecipativo. Aplicação de diferentes formações defensivas em forma adequada à situação de jogo.
  • 31. FICHAS DE ACOMPANHAMENTO E DE AVALIAÇÃO DO ATLETA DE HANDEBOL Pablo Juan Greco
  • 32. A seguir serão apresentadas diferentes fichas padrões para armazenamento de dados visandoaumacompanhamentodaevoluçãodorendimentodoatletadehandebol.Sãomodelos queoportunizamoregistrodefatos,rendimentos,características,emdiferentesáreasdeconhe- cimento inerentes ao processo de ensino-aprendizagem-treinamento do atleta de handebol; as- sim, seu conjunto permite elaborar e alimentar um banco de dados que reflita uma detalhada biografia de movimento, ou da cultura de movimento, da experiência acumulada do atleta. Os modelos aqui descritos somente pretendem ser um ponto de apoio para professores, técnicos, atletas, etc. Poderão ser modificados conforme à necessidade do usuário; no entanto, solicita- mos se tenha o cuidado de permanentemente se realizar o esforço que permita o completo preenchimento dos campos o mais próximo possível do modelo sugerido, já que desta forma estar-se-á promovendo uma padronização do registro em um banco de dados no estado de MinasGerais. As planilhas modelo a serem apresentadas estão divididas nas seguintes áreas: 3.1 Dados Pessoais doAtleta 3.1.1 Endereçoparticular 3.1.2 Endereçosimportantes 3.1.2.1 Estudo 3.1.2.2 Clube 3.1.2.3Trabalho FICHAS DEACOMPANHAMENTO E DE AVALIAÇÃO DOATLETADE HANDEBOL Pablo Juan Greco
  • 33. 3.1.3 Conta bancária 3.1.4 Formação Escolar 3.2 Avaliação Médica 3.2.1 Ficha de anamnesse e diagnósticos médicos 3.2.2 Tiposangüíneo evacinação 3.2.3 Registrodelesões,enfermidades 3.2.4 Avaliação antropométrica do atleta de handebol Aeste capítulo somam-se, a seguir, diferentes artigos elaborados por especialistas nas áreasespecíficas.Assimencontraremosnocapítulo4,elaboradopeloDr.HansJoachinMenzel, otema: biomecânicaaplicadaaotreinamentodehandebol.Nocapítulo5,temos ummodelode avaliação fisioterápica elaborado pelo prof. Ms. Ricardo Carneiro e colaboradores, contendo dicas de como avaliar postura e determinar o nível de flexibilidade.Aeste tipo de avaliação soma-se o capítulo 6, que trata o tema “desenvolvimento da força do atleta de handebol”, elaborado pelo prof. Ms. Fernando Vítor Lima. Segue no capítulo 7 uma seqüência de opções para avaliação das capacidades físicas: 7 Avaliação da Capacidade Física 7.1 Capacidades motoras 7.1.1 Testes de capacidade aeróbia 7.1.2 Testes de força muscular 7.1.3 Testes de agilidade 7.2 Capacidades coordenativas Ocapítulo8apresentaduasalternativasdiferentesparaseavaliarorendimentotécnico, uma maisquantitativaeaoutramaisqualitativa. 8 Capacidade Técnica 8.1 Testes técnico motores 8.2 Procedimentos de avaliação da técnica em situações de jogo Nocapítulo 9descrevem-seformasdeavaliaçãodoconhecimentotáticoedaformade operacionalização de alternativas de soluções táticas de grupo. 9 Capacidade Tática 9.1 Procedimento de avaliação do conhecimento tático 9.2 Procedimento de avaliação da capacidade de execução tática
  • 34. O capítulo 10, elaborado pelo prof. Dr. Dietmar Samulski e Ms. Franco Noce, apre- senta formas simples de avaliação psicossocial do atleta de handebol. Para finalizar o texto, no capítulo 11 descrevem-se diferentes modelos para observação e análise de jogos, e do rendi- mentoindividualecoletivodoatletadehandebol;estesmodelosjáforamaplicadoseminúme- rostorneiosetem,comograndevantagem,asuarápidaefácilaplicação,oferecendoumimpor- tante retorno para o treinador, tanto no intervalo do jogo, bem como para o planejamento dos treinos. Com o conjunto de fichas, modelos e formas de avaliações pode-se construir um ver- dadeiro caderno de rendimento do atleta de handebol. O usuário terá subsídios para proceder e desenvolver seu trabalho, e registrar nele os diferentes momentos da sua vida ativa como atleta. Resulta importante neste momento explicar que o caderno de rendimento do atleta de handebol apresenta dois tipos de procedimentos de avaliação: por um lado são apresentados testes, já conhecidos, com todos os pré-requisitos inerentes a esta forma de avaliação, ou seja, objetividade,confiabilidade,evalidade.Paraqueumtestetenhaumaproveitamentoadequado devem ser preenchidos requisitos científicos que facilitem o aproveitamento de dados obtidos deformauniversal.Alémdostestes,estamosemmuitoscasosapresentando“procedimentosde avaliação”; neste caso, trata-se de formas de análise do nível de rendimento que não tem o padrãodeumteste,istoé,nãoconseguemaindaapresentaros parâmetrosdevalidadecientifica necessários.Apalavratestederivadolatim,“testimonium”,quepodesertraduzidacomoprova ou comprovação.Apalavra teste se popularizou na língua americana, sendo entendida no uso comumcomoprova.
  • 35. Nome completo: Apelidos: Data de Nascimento: ___/___/___ Local: CI: Data Emissão: ___/___/___ Órgão: CPF: Certidão de Nascimento: Livro: Folha: Cartório: Filiação: Pai:– Mãe:– Passaporte: Órgão: Numero: Data Emissão: ___/___/___ Validade: Renovação: Tem vídeo: ( ) sim ( ) não Tem tv por assinatura: ( ) sim ( ) não Tem computador: ( ) sim ( ) não Usa internet:: ( ) sim ( ) não E- mails: 3.1 Dados Pessoais Nestes espaços reservamos a possibilidade de registrar os dados inerentes à identificação do atleta, do usuário; assim, torna-se necessário o levantamento o mais detalhado possível sobre 3.1.1 Endereço particular
  • 36. 3.1.2 Endereços importantes 3.1.2.1 Estudo 3.1.2.2 Clube 3.1.2.3Trabalho
  • 37. dados pessoais do mesmo. 3.1.3 Conta Bancária Pode parecer estranho colocar uma planilha deste tipo, mas devemos observar que muitas vezes pode haver patrocinadores que tenham interesse de contribuir no processo de treinamento, seja através do pagamento de diárias, vale de transporte, auxilio alimentação ou outras formas de pagamento.Aorganização destes dados de forma correta pode ser de grande utilidade. 3.1.4 Formação Escolar Comoemtodoprocessopedagógico,éimportantequeotreinadorsejaumdosprincipais agentes de fomento do interesse e evolução do aluno na escola. Ter registro da vida escolar do atleta significa estar sempre atento às questões da formação da criança. É uma oportunidade ímpar, para se apoiar a família, tendo-se o treinador como agente instrumental operativo da
  • 38. formação da personalidade da criança, do adolescente, enfim do seu atleta. 3.2 Avaliação Médica A ficha de avaliação médica apresentada a seguir é uma sugestão para se levantarem dados referentes ao atleta na área. Esta planilha deve ser completada pelo médico, que é o profissionalhabilitadolegalmenteparatalfinalidade.Osdadosreferentesàanamnesedoatleta devem ser mantidos em sigilo, principalmente no que se refere a diferentes tipos de doenças. O conhecimentodotécnicosobreasmesmaspermitiráumamelhorintervenção,casonecessária,e uma adequada compreensão do indivíduo, facilitando assim a interação entre atleta e técnico, professor. 3.2.1 Ficha de Anamnese e Diagnósticos Médicos 3.2.2 Tipo Sangüíneo e Vacinação Dados como tipo sangüíneo são importante parâmetro de apoio para uma necessidade de pron- to atendimento em emergências. Devem ser sempre transportados pelo técnico em pequenas fichasouemumcaderno,principalmentequandoseestáforadolocaldetreinamento.Oregistro das vacinas e do levantamento de cáries permite ao treinador estar sempre contribuindo com a
  • 39. família no acompanhamento da saúde da criança e do atleta. 3.2.3 Registro de Lesões / Enfermidades A planilha modelo para preenchimento dos dados sobre lesões ou enfermidades pode ser levada de forma separada, ou as duas em uma mesma ficha. Importante que se registrem aquitodasaspossíveisinterrupçõesdoprocessodeensino-aprendizagem-treinamentopormais dequinze(15)diasseguidos.Omotivodestelevantamentoéobvio:realizandoesteacompanha- mento será factível apoiar o retorno do atleta. Será também, desta forma, mais fácil observar se existem épocas do ano em que o atleta apresenta algum tipo de problema físico que o leve a se afastar dos treinamentos. Também será possível registrar e detectar se em algum momento do treinamentoexistematividadesquelevemaosatletasalesõesouenfermidades.Porexemplo,é correntenoiníciodatemporada,queapareçamresfriadosougripes“indesejadas”;àsvezes,isto acontece por falta ou inadequado nível percentual de vitamina “C” (que tem como função au- mentar as defesas do organismo, promover a absorção de ferro, o que, conseqüentemente, aumentaaresistênciaorgânica).Otrabalhoextenuantelevaosatletasdealtonívelànecessidade de uma boa orientação nutricional; assim, podem-se detectar casos daqueles que tenham uma necessidade de complementação alimentar para aumentar as defesas do organismo e evitar as pausas em momentos importantes da periodização. No caso da vitamina “C”, calcula-se que a sua demanda nos atletas é de três vezes mais que em uma pessoa comum.
  • 40. 3.3.1 Participação em Equipe de Clube 3.3.2 Participação em Clínicas / Treinamentos 3.3 Dados Complementares
  • 41. 3.3.3 Jogos em Pré-seleções / Seleções 3.3.4 Clubes ou Associações em que Participou
  • 42. 3.3.5 Esportes Praticados Eloi Ferreira Filho O objetivo do levantamento de dados antropométricos de atletas de handebol visa a determinardiferentespadrõesetipologiasquepossamsercaracterísticasespecíficasdoesporte em questão.Assim poderão ser desenvolvidas tabelas de referência para elaboração de uma somatotipologiaindividualdoatletadehandebol,istoconformeavariáveistaiscomofaixaetária, altura, peso, tempo de prática, percentual de gordura, posição em que joga, etc, nesta modali- dade esportiva. 3.4 AvaliaçãoAntropométrica 3.4.1 Planilha para preenchimento dos dados
  • 43. 3.4.2 Instruções para preenchimento dos dados PESO: Utilizar uma balança, que deverá estar apoiada em solo plano (nivelado), comcalibragematé150kg.Oindivíduoaser avaliadodeveráestar comomínimoderoupaou objetos pessoais possível. ALTURA: Usar uma fita métrica, ou medidor similar, procurando afixá-la na parede. O indivíduo apóia-se de costas na parede, descalço; coloca-se sobre sua cabeça um cursor ou similar (régua, por exemplo), formando um ângulo reto entre a fita/parede e a cabeça do avaliado. Marca-se, e solicita-se ao indivíduo se retirar do local para se proceder à leitura em cm dos dados obtidos. COMPRIMENTOTRONCO-ENCEFÁLICO: O indivíduo deve estar sentado, no solo ou similar, com a coluna ereta, encostado na fita/parede, com os joelhos estendidos. Coloca-se na cabeça um cursor ou régua. Marca-se, e solicita-se ao indivíduo se retirar do local para se proceder à leitura em cm dos dados. BRAÇO: Com uma fita métrica deve-se medir a circunferência do braço, tomando-se comoreferênciaaproximadamenteadistânciade4dedosjuntosapartirdostylion(porçãomais volumosa do braço).Aconselha-se realizar a medição estando o músculo na posição normal e uma outra estando este em contração isométrica máxima. ANTEBRAÇO: Com uma fita métrica deve-se medir a circunferência do antebraço, cerca de 3 dedos juntos da junção do cotovelo (porção mais volumosa do antebraço). Medir toda a circunferência com o músculo na posição normal . CINTURA:Comumafitamétrica,mediracircunferênciadacintura,abaixodascristas ilíacas,nalinhamédiadoumbigo. COXA:comumafitamétrica,mediracircunferênciadacoxa,cercade4dedosjuntos, após a virilha.Aconselha-se realizar a medição estando o músculo na posição normal e uma outraamusculaturaemcontraçãoisométricamáxima. JOELHO: Com uma fita métrica, medir a circunferência do joelho, logo acima da patela, englobando a linha da musculatura vasto-medial, tendão de origem da patela e tendões dosmúsculosposteriores(semimembranosoesemitendinoso). PERNA: com uma fita métrica medir a porção mais volumosa da “batata da perna” (gastrocnêmio), apoiando a fita cerca de um palmo abaixo do joelho.
  • 44. BIOMECÂNICA NO TREINAMENTO DE HANDEBOL Hans-Joachim Menzel
  • 45. EntreasdiversastarefasdaBiomecânicadoEsporte,osaspectosdaanálisedacondição física, especialmente da velocidade motora e da força muscular, bem como aspectos antropométricos,sãoosmaisimportantesparaadiagnosedorendimentofísicoeoplanejamen- to do treinamento no handebol. Devidoàrapidezdasaçõesmotorasedascaracterísticasdojogo,asdiversasqualidades daforçamuscularedavelocidademotorasomentepodemserregistradascomexatidãoatravés deanálisesbiomecânicas. O tempo de uma arrancada na distância de 5 a 10m, por exemplo, só pode ser medido comadevidaprecisãoatravésdautilizaçãodecélulasfotoelétricas.Aquantificaçãodasqualida- desdaforçamuscular(forçamáximaisométrica,forçaexplosiva,ciclodeestiramento-encurta- mento),bemcomoaidentificaçãodedesequilíbriomuscular(porex.:desequilíbriolateral,relação entreagonistaseantagonistas),tambémrequerumaanálisebiomecânicaquesebaseianamedição dos parâmetros inerentes à curva de força-tempo. Sendo assim, o objetivo da primeira parte deste capítulo é uma introdução à aplicação demedidasbiomecânicasparaaavaliaçãodocomplexovelocidade-forçanohandebol.Devido aos problemas em relação à aplicação dessas análises biomecânicas (que geralmente só podem serrealizadasemumCentrodeExcelênciaEsportiva)napráticadotreinamento,métodosalter- nativos da análise serão propostos. Tais métodos são testes motores que se poderiam praticar com mais facilidade porque não precisam de uma tecnologia sofisticada. Porém, na interpreta- ção dos resultados o treinador/técnico deve estar ciente das limitações de testes motores em BIOMECÂNICANOTREINAMENTO DE HANDEBOL Hans-Joachim Menzel
  • 46. relação aos testes biomecânicos. Asegundapartedestecapítulotemcomoobjetivoumaanálisedoperfílantropométrico de jogadores (jogadoras) de handebol. Nesse contexto, diversos métodos para a estimação da alturacorporalfinaldeatletasjovensserãoexpostos.Asinformaçõessobreoperfílantropométrico no handebol e a estimação/previsão da altura final de jovens pode servir como um critério – entre outros – para a detecção e seleção de talentos. 4.1Análise do complexo velocidade-força Embora o conceito tradicional da teoria de treinamento distinga entre as capacidades motorasdevelocidadeeforça,estasdevemservistaseanalisadascomoumcomplexoúnico.A relaçãoentreoaumentooudiminuiçãodavelocidadedemovimentoeaforçamuscularpodeser explicadapelaseguinteequaçãosimplificada: m . v = F . t m - massa de um corpo a ser acelerado/freado v - diferença da velocidade (aceleração ou freagem) F - Força que age no corpo t - tempo da aplicação da força Essa equação representa o fato de que no aumento (ou na diminuição) da velocidade ( v) de um corpo (com a massa ‘m‘) é necessária a ação de uma força (F) durante um corres- pondente intervalo de tempo.Acausa de uma alteração de velocidade de um corpo é a ação de uma força durante um certo tempo. Sendo assim, a análise da velocidade motora significa a análise de um efeito cuja causa é a força muscular. Dessa forma, uma análise da velocidade motora deve ser complementada através de uma análise das qualidades da força muscular, porque a velocidade motora só pode ser otimizada através do treinamento dos componentes da forçamuscular. 4.2Análise da velocidade motora O perfil da solicitação física no handebol é caraterizado pelo grande número (até 300) de arrancadas e alterações de direção de movimento durante o jogo. Cada alteração da direção demovimentotambémsignificaumafreagemseguidaporumaaceleração,eadistânciapercorrida na fase da aceleração praticamente nunca ultrapassa 15m. Uma diagnose adequada da veloci- dade deve ser realizada de acordo com estas especificidades, ou seja, a distância máxima deve ser 15m e deve incluir uma mudança da direção de movimento. Um teste adequado poderia ser composto por três corridas de 15m ( em linha reta, com girode135o paradireitaecomgirode135o paraesquerdaapósametadedadistância(MENZEL,
  • 47. 1995). Este teste permite a avaliação tanto da capacidade da corrida em linha reta quanto à da corridacomgiros(Fig.1).Dessaformaépossívelidentificaroperfílindividualdavelocidadee agilidadedecadaatleta.Talperfilinformatambémsobreaexistênciadepreferênciaslaterais,ou seja, se o atleta vira em um sentido mais rápido do que no outro. FIGURA 1: Teste da velocidade e agilidade com células fotoelétricas. Na realização de um teste como esse, que é caraterizado por acelerações máximas duranteumcurtointervalodetempo,deveserempregadoummétododemediçãocomadevida precisão, que é nesse caso a utilização de células fotoelétricas. Caso o teste seja praticado mediante cronometragem manual, a confiabilidade dos resultados será reduzida, devido aos erros de percepção e reação do avaliador.Acomparação entre medidas manuais e eletrônicas (MENZEL, 1995) mostra que, em circunstâncias favoráveis, a correlação entre os dois méto- dos pode ser até 0.79. Isso significa uma concordância da medição manual com a eletrônica de ca. 65%. Porém, 35% da variação do resultado se dá em função de erros da medição, e essa margem de erro, dependendo do avaliador, ainda pode ser maior. Para talentos no handebol masculino na faixa etária de 13 a 14 anos, MÜLLER et al. (1975) informam sobre um padrão de rendimento em um teste de arranque de 30m. De acordo com esses autores, a exigência para tais jogadores é de 4,7 s para 30m (medição manual). ATab. 1 informa sobre a conceituação em um teste de arrancada de 20m com medição eletrônica (células fotoelétricas) de jogadores de handebol da faixa etária entre 15 e 16 anos (SCHOLL, 1986, p. 180). TABELA 1: Conceituação do rendimento em um teste de arrancada de 20m para jogadores da faixa etária entre 15 e 16 anos (SCHOLL, 1986).
  • 48. ParaatletasjovensbrasileirosexistemresultadosobtidosemavaliaçõesduranteosJogos da Juventude de 1997 (SZMUCHROWSKI et al., 1998) sobre a velocidade de atletas, de ambos os sexos, na faixa etária de 15 a 16 anos (Tab. 2). TABELA 2: Tempos em arrancadas (medição eletrônica) de 10m e 30m em linha reta de atletas de 15 a 16 anos (SZMUCHROWSKI et al., 1998). 4.3 Análise das qualidades da força muscular De um ponto de vista da prática do treinamento esportivo, a capacidade motora ‘força muscular’geralmente é diferenciada nas três categorias; ‘força Máxima’, ‘força explosiva’e ‘resistência de força’(WEINECK 1989).Tal conceito trata estas categorias como independen- tesenomesmoníveldehierarquia.Porém,resultadosdeanálisesbiomecânicasdaforçamuscu- lar resultam em uma classificação diferente (SCHMIDTBLEICHER 1992; KOMI 1992). A capacidade muscular de gerar força se realiza em quatro condições diferentes de trabalhomuscular: » Contração isométrica - uma contração contra uma resistência sem aproximação da origem e da inserção do músculo (modo estático de trabalho). » Contração concêntrica - uma contração com um encurtamento do músculo para vencer uma força de resistência (modo concêntrico de trabalho). » Contração excêntrica - uma contração em que o músculo age contra uma resistên cia de forma transigente com alongamento na direção contrária da contração (modo excêntrico de trabalho). » Contração no ciclo de estiramento-encurtamento - uma contração com pré-inervação (causando ”short-range-elastic-stifness”), reflexo de estiramento e aproveitamento do armazenamento de energia no tendão. Por suas características específicas, este tipo de trabalho
  • 49. muscular não é uma simples combinação de contração excêntrico-concêntrica (modo de traba- lhonociclodeestiramento-encurtamento). Amediçãobiomecânicadaforçaexercidapelamusculaturapermiteadeterminaçãodo máximo da força em uma contração concêntrica, isométrica e excêntrica. Em uma contração concêntrica, a musculatura trabalha na primeira fase no modo isométricoatéatingiraforçaigualàdaresistênciaaservencida.Nasegundafase,caracterizada pelomovimentodacargaexterna,omododetrabalhoéconcêntrico.Aforçamáxima,determinada porumamediçãoconcêntrica,dependedaresistênciaeseaproximadaforçamáximaisométrica com o aumento da resistência a ser vencida (Fig. 2). Trabalhando contra cargas próximas do máximoindividual,acorrelaçãoentreaforçamáximaconcêntricaeaisométricaécercade0.90 (SCHMIDTBLEICHER, 1980). Portanto, a contração máxima isométrica pode ser considera- da como um caso especial de uma contração concêntrica. FIGURA 2 Dispositivo de medição de curvas de força-tempo(a), curvas de força -tempo de contrações concêntricas e de uma contraçãoisométrica(b), e correlações entre a força máxima e o tempo de movimento para diferentes cargas(c) (SCHMIDTBLEICHER 1992). A “força explosiva”, nas suas definições como “a capacidade de realizar uma força maiorpossívelemumdevidointervalodetempo”ou“acapacidadederealizaraltasvelocidades e acelerações”, pode ser quantificada pela “taxa máxima de produção de força” (inclinação máxima da curva de força-tempo). Ataxa máxima de produção de força é igual para todas as cargassuperioresa25%daforçamáximaisométrica(MÜLLER,1987).Movimentosbalísticos contraumaresistênciainferiora25%daforçamáximaisométricasãoparticulamentedeterminados pela “taxa inicial de produção de força”, ou seja, pela força realizada após 30m. SegundoSCHMIDTBLEICHER(1987),oimpulsorealizadoemmovimentoscomuma duração de até 200m é definido, em primeiro lugar, pela taxa (inicial) máxima de produção de força, enquanto o impulso em movimentos com duração além de 200m depende mais do nível daforçamáxima(isométrica). Em contrações excêntricas, a força máxima é maior do que em contrações isométricas. Taldiferença,denominada “déficitdeforça”,éumamedidaparaoníveldaativaçãovoluntária
  • 50. das unidades motoras envolvidas na contração (indicador para a coordenação intra-muscular). Para pessoas não especificamente treinadas, o déficit de força fica entre 25 - 40% para os extensores de braço, e entre 10 - 25% para os extensores de perna. Na prática do treinamento, o déficit de força é um indicador para a aplicação de métodos de treinamento que visam ao aumento da massa muscular.AFig. 3 mostra a curva de força-tempo de uma determinação da força máxima concêntrica, isométrica e excêntrica dos membros inferiores em uma extensão. Aplicandoaforçamáximapossívelpeloavaliado,odispositivodemediçãogerouforçascontrá- riasmantendoavelocidadedemovimentonafasedacontraçãoconcêntrica(0.20m/s)eexcên- trica (0.30 m/s) constante. FIGURA 3 Determinação da força máxima concêntrica, isométrica e excêntrica dos membros inferiores (SCHMIDTBLEICHER/HEMMLING, 1994). Além das contrações isométricas, concêntricas e excêntricas, um grande número de movimentos esportivos é realizado no ciclo de estiramento-encurtamento (stretch-shortening cycle).Essetipodecontraçãorepresentaumaformaindependentedasoutrasformasdecontração e não somente pode ser visto como apenas uma simples combinação de uma ação excêntrica e concêntrica (KOMI/BOSCO, 1978; BOSCO, 1982; KOMI, 1984; GOLLHOFER, 1987). O ciclo de estiramento-encurtamento significa uma interação de vários mecanismos e pode ser explicado pelo seguinte exemplo de um contato (salto pliométrico ou contato durante uma corrida) dos membros inferiores com o solo.Antes do primeiro contato, os extensores são pré-inervados em conseqüência de um programa motor central (DIETZ et al. 1981). Essa pré- inervaçãocausaumarigidezmusculardepequenasamplitudes(short-range-elasticstifness)res- ponsávelpeladiminuiçãodoalongamentoinicialdoconjuntoteno-muscularduranteafaseinicial docontato.Simultaneamente,estímulosneuraisdeorigemreflexaaumentamatensãomuscular, com a conseqüência de que a maior parte da energia elástica se armazene nos tendões. Isso resulta em uma forte propulsão, com uma redução da ativação neural dos músculos extensores na fase concêntrica do movimento (Fig. 4).
  • 51. FIGURA 4 Curva de força-tempo e o padrão do EMG médio retificado do músculo gastrocnêmio de um salto pliométrico (segundoGOLLHOFER/ SCHMIDTBLEICHER, 1988). Oaumentodoinputneural,emconseqüênciadoreflexodoextiramentonafaseinicialdo contato com o solo, pode ser inibido por causa de excesso do impacto ou por causa de fadiga neural ou metabólica. Isso causa uma destruição do padrão do EMG, com conseqüências des- favoráveis para a performance. Sendo assim, a altura individualmente adequada para saltos pliométricosnotreinamentodociclodeestiramento-encurtamentopodeseridentificadaatravés deumtestequerelacionaaalturadequedacomaalturadosaltopliométrico.Talalturadequeda que proporciona a melhor performance deve ser ulitizada para o treinamento (Fig. 5). FIGURA 5 Relação entre a altura de queda e a performance em salto pliométrico para identificar a altura adequada ao treinamento. Nohandebol,otreinamentodociclodeestiramento-encurtamentopossuiaimportância para os saltos e locomoções explosivas (arrancadas, fintas, mudanças de direção). A avaliação do ciclo de estiramento-encurtamento deve ser feita através de métodos biomecânicos, utilizando uma plataforma de força ou um tapete de contato que mede o tempo devôo.Casosejaimpossívelautilizaçãodemétodosbiomecânicos,umcritérioparaaalturado salto poderia ser a diferença entre a altura máxima de alcançe em pé e no vértice do salto (teste ”Jump-and-Reach”). Para garantir que o tempo do contato nos saltos pliométricos seja menor do que 200 m, o contato do calcanhar com o solo deve ser evitado.
  • 52. Segundo resultados de KOLLATH (1996, 103) não há diferenças em relação ao nível de rendimento nos saltos entre handebol e basquetebol. Sendo assim, os padrões (Tab. 3) para aconceituaçãotambémpodemseraplicadosaosjogadoresdealtoníveldehandebol(GÄRTNER & ZAPF, 1998, p. 113). Nesse teste, a altura do salto foi medida através da determinação da fase de vôo (tapete de contato).As mãos permanecem na cintura durante o salto, que é realiza- do com um movimento de amortecimento (preparação). TABELA 3 Conceituação para o salto vertical sem movimento dos braços (sexo masculino): Para jovens atletas brasileiros que participaram nos Jogos da Juventude 1997, existem resultados no mesmo teste, para as faixas etárias de 15 a 16 anos (Tab. 4, segundo SZMUCHROWSKI et al., 1998). TABELA 4 Conceituação para o salto vertical de atletas jovens na faixa etária de 15 a 16 anos (baseada em avaliações nos Jogos da Juventude 1997):
  • 53. Seotesteforrealizadocombasenadeterminaçãodadiferençaentreaalturadealcançe em pé e no vértice do salto, as devidas alturas dos saltos devem ser mais altas (ca. 13 cm para osexofeminino,ca.16cmparaosexomasculino).Alémdisso,aconfiabilidadedessaformado teste é menor. 4.4 Análise antropométrica OsobjetivosdaBiomecânicaAntropométricapodemserdistinguidosem: » Análise de aptidão » Prognoseantropométrica Sendo assim, a análise de aptidão antropométrica implica a identificação de caracterís- ticasantropométricasquefavorecemarealizaçãodeumnívelelevadoderendimentonohandebol. Existem poucos estudos sobre o perfil antropométrico de jogadores de handebol, mas todos os resultados destacam que os jogadores de handebol geralmente são de alta estatura e possuem grande massa magra (massa total – massa da gordura). Devido à caracterização do jogo, pelos fatorestécnicosetáticos,aestaturaaltaésomenteumdospré-requisitosparaodesenvolvimen- to de um alto nível das qualidades motoras no decorrer do treinamento. Como em outros jogos esportivos, também os jogadores de handebol formam um grupo heterogêneo em relação às suas características motoras, determinadas pelas posições no jogo. Isso resulta em diferentes perfis motores para as pontas extremas e pivôs, caracterizados pela exigência em relação à agilidade e velocidade, e os armadores, para os quais uma alta estatura é de grande vantagem nosarremessosdelongadistância.Comogeralmenteaagilidade/velocidadediminuicomoau- mento da massa corporal e da estatura, existe uma tendência de que os armadores são mais altosqueospivôsepontasextremas.EsseresultadofoiconfirmadoporTITTEL/WUTSCHERK (1974, p. 35), que determinou para armadores de alto nível uma média de 189,6 cm de altura, sendo 5,4 cm mais altos do que a média para os demais jogadores. Em um estudo comparativo, KINDERMANN et al. (1982) encontraram que os joga- dores de handebol são caracterizados pela maior massa magra em relação aos atletas de alto níveldeoutrasmodalidades.ParajogadoresdaliganacionaldaAlemanhaforamdeterminadas a altura, a massa, o percentual de gordura e a massa magra (Tab. 5). TABELA 5 Características antropométricas [média ± desvio padrão] de jogadores de handebol de alto nível (KINDERMANN et al. 1982):
  • 54. OperfílantropométricodejogadoresjuvenisdehandebolfoianalisadoduranteosJogos da Juventude 1997 (MENZEL, 1998).ATabela 6 contém tais resultados para atletas masculi- nos e femininos das faixas etárias de 15 a 16 anos. TABELA 6 Perfil antropométrico de atletas jovens brasileiros de handebol de 15 a 16 anos (MENZEL, 1998):
  • 55. Para a mesma faixa etária (15 a 16 anos), SCHOLL (1986) informa sobre o perfil antropométrico de jogadores masculinos alemães (Tab. 7). Em relação ao perfil dos atletas jovens brasileiros, os alemães nos grupos acima da média e extremamente acima da média (correspondentes a 40% dos atletas ) são mais altos e pesados, enquanto os grupos da média e abaixo da média não representam diferenças. Isso significa que o perfil dos atletas juvenis ale- mães nos grupos de uma estatura mais alta e mais forte é mais favorável às exigências antropométricas do handebol. Sendo assim, a detecção e seleção de talentos brasileiros deveria dar mais importância a estas características. O objetivo da prognose antropométrica é a do futuro desenvolvimento individual das características antropométricas que possuem uma influência direta no rendimento esportivo. Uma destas variáveis com um valor prognóstico importante é a altura do corpo, não somente por causa da sua influência direta no rendimento no handebol, mas também por causa da alta correlação entre a altura e os comprimentos dos membros. Devidoàimportânciadefatoresgenéticosnaaltura,váriosautoresinvestigaramarelação entre a futura altura de crianças e jovens em relação às alturas dos pais. Segundo pesquisas nos EUA, jovens masculinos de 18 anos, cujos pais têm uma estatura considerada “grande”, na média são 14,8 cm mais altos do que jovens com pais cuja estatura é considerada “baixa” (GAISL, 1977). As seguintes equações de regressão para a previsão da altura de filhos, baseada na altura dos pais, foram publicadas por HAVLICEK (1972): Altura final (masculino) = (Altura do pai + altura da mãe) x 0,54 Altura final (feminino) = (Altura do pai x 0,923 + altura da mãe) x 0,5 TABELA 7 Perfil antropométrico de jogadores juvenis (15 a 16 anos) alemães (SCHOLL, 1986):
  • 56. Umaestimaçãomaisconfiáveldaalturafinalsebaseanoseguintefenômeno:emcondi- çõesnormaisdevida,ascurvasindividuaisdodesenvolvimentodaalturaseguemdeumaforma paralela da tendência do grupo referente até a fase da pré-puberdade.Apré-puberdade come- ça mais cedo ou mais tarde para as crianças aceleradas ou retardadas respectivamente. Portan- to, seria necessário determinar a altura atual antes do começo da pré-puberdade. Com a repe- tiçãodadeterminaçãodaalturaemintervalosde8a15mesesépossívelaumentaraprecisãoda previsão.WALKER (1974) publicou equações de regressão baseadas em uma única determi- nação e em determinações repetidas (Tab. 8). Equação de regressão para uma única medição (I): Altura final = A1 + (B1 x altura atual na devida idade) Equação de regressão para duas medições (II): Altura final = A2 + (B2 x altura atual na devida idade) + (B3 x taxa de crescimento) Taxa de crescimento = Diferença de altura [cm] durante um intervalo de 8 a 15 meses / Intervalo [meses] Independente do método aplicado para a previsão da altura final, a precisão será au- mentada através da repetição da determinação da altura em intervalos fixos. A1 B1 A1 B1 A2 B2 B3 A2 B2 B3 6,5 73,09 0,88 50,09 0,97 75,40 0,84 0,35 44,23 1,03 -0,20 7,5 71,85 0,85 51,68 0,91 74,31 0,82 0,25 49,10 0,94 -0,20 8,5 70,89 0,82 54,57 0,85 72,24 0,81 -0,03 53,25 0,86 -0,25 9,5 71,86 0,78 68,63 0,71 70,85 0,80 -0,30 63,34 0,76 -0,25 10,5 71,87 0,75 90,89 0,52 68,04 0,80 -0,65 73,07 0,69 -1,05 11,5 75,38 0,70 87,94 0,52 65,47 0,81 -1,20 6,71 0,63 -0,75 12,5 98,97 0,52 77,08 0,57 63,90 0,81 -1,65 73,93 0,58 0,20 13,5 111,68 0,45 37,41 0,80 99,03 0,54 -0,95 31,16 0,81 0,95 14,5 100,38 0,47 12,40 0,94 101,71 0,44 0,50 14,56 0,92 0,50 15,5 68,02 0,64 6,57 0,97 53,40 0,70 0,75 6,32 0,97 0,25 (I) (II) Idade cro- nológica Sexo masculino Sexofeminino Sexo masculino Sexofeminino TABELA 8 Constantes da equação de regressão para previsão da altura, baseada em uma única medição (I) e em duas medições (II), segundo WALKER, 1974:
  • 57. AVALIAÇÃO FISIOTERÁPICA DO ATLETA DE HANDEBOL Ricardo Luiz Carneiro Daniel Câmara Azevedo Flávio de Oliveira Pires
  • 58. AVALIAÇÃO FISIOTERÁPICADOATLETA DE HANDEBOL Ricardo Luiz Carneiro Daniel Câmara Azevedo Flávio de Oliveira Pires Otreinamentoesportivodealtonívelderendimentoexigediferentesgruposmusculares específicos dos atletas a trabalhos extenuantes; por este motivo, freqüentemente aparecem situações de desequilíbrio de força e flexibilidade no desportista, nas suas modalidades especí- ficas.Após anos de prática, é comum que o atleta adquira padrões posturais característicos de suamodalidadeesportiva. Comoojetivodetraçarumperfilpostural edeCXCXCdosatletasdehandebol,foram avaliados 11 jogadores da seleção brasileira júnior masculina, de idade entre 16 e 21 anos, nos dias22e23dejulhode1999.AavaliaçãofisioterápicafoirealizadanoLAPREV(Laboratório de Prevenção e Reabilitação de Lesões Esportivas ) do Centro INDESP de Excelência Espor- tiva, da Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais. Desta forma, iniciou-seumtrabalhoquevisaaorganizarumbancodedadosdosatletasbrasileirosdehandebol. SegundoCARNEIRO,oconceitodeposturaé“oalinhamento,balanceamentoegraudeampli- tudedemovimentofisiológicoeindividualentreosossos,músculos,nervos,fáscias,vasossan- guíneos e órgãos sistêmicos, proporcionando níveis de função e contração muscular ideais, diminuindoogastoenergéticoeconseqüentementeafadiga,proporcionandoummelhorrendi- mento e como conseqüência uma melhor performace e menor probabilidade de risco de lesões esportivas” (1997). Postura é uma composição do corpo em um dado momento (KENDALL, 1993). O equilíbrio humano é constituído de uma sucessão ascendente de desequilíbrios con- trolados pela musculatura tônica. Na postura padrão, cada segmento do nosso corpo deve
  • 59. equilibrar-se, e o mesmo será também condicionado pelos segmentos corporais adjacentes. Para definirmos os parâmetros da postura padrão é preciso fazer uma análise do indivíduosobquatroperspectivas:vistaanterior,vistalateral,direitaeesquerda;evistaposterior. Omodelodeavaliação postural estática,sugeridonoLAPREV,deveseraplicadocom paciente em posição ortostática, com os calcanhares levemente afastados (3 a 5 cm) e os pés ligeiramenterodadosexternamente(15graus).Emvistaposterioreanterior,ocorpodeveestar equilibradonalinhamédia,semqualquerdesviolateral. O ponto fixo do denominado “fio de prumo” deve estar posicionado em um ponto médio entre dois pés.Aescolha dos pés se justifica pelo fato de ser o único segmento imóvel quando o indivíduo está em ortostatismo.Todas as demais estruturas superiores podem variar deposição,portanto,nãoservemcomopadrão.Alinhadereferênciadeveatravessarasestruturas corporais do plano mediano passando pela sínfise púbica, crista sacral, processos espinhosos de todas as vértebras da coluna, linha alba, esterno e crânio. Em vistalateral,permiteoavaliadoridentificarpossíveisdesequilíbriosnosentidoântero- posterior, conforme foi constatado com os atletas de handebol. O ponto fixo do fio, para este exame,deveestarposicionadoligeiramenteanterioraomaléololateral,representandooalinha- mentoidealnoplanocoronal.Estalinhadereferênciadeveestarligeiramenteposterioraoápice dasuturacoronal,ligeiramenteposterioraoeixodaarticulaçãodojoelho,ligeiramenteposterior ao eixo da articulação do quadril, através dos corpos da maioria das vértebras lombares, atra- vés da articulação gleno-umeral, através do meato acústico externo, através do corpo da maio- ria das vértebras cervicais e ligeiramente posterior ao ápice da sutura coronal. Quanto aos padrões posturais, os atletas foram classificados seguindo os critérios pro- postos por MAGEE (1997) e adaptados por PIRES (2000) para serem aplicados como mode- los gerais em todos os esportes, definindo-se assim as figuras de referência como são apresen- tadasabaixo: Figura 1.
  • 60. Asfigurasaseguirpermitemobservareanalisarospossíveisdesequilíbrioslateraisseg- mentares. Primeiramente se observa a existência de hiperlordose cervical, que é acompanhada de uma acentuada projeção da cabeça e do queixo para frente, conforme mostram os desenhos dafigura2. A figura 3 permite a observação do aumento da curvatura torácica fisiológica ou de toda a coluna vertebral, onde a cintura escapular é projetada para a frente, com o deslocamento das escápulas para a frente e para baixo.Apostura cifótica aparece com mais freqüência na puberdade, ou entre os 18 e os 30 anos. Figura 2. Figura 3.
  • 61. A figura 4 analisa a protusão dos ombros, que ocorre devido a uma musculatura dorsal fraca,acinturaescapularalongadaefraca;eaindaquandoamusculaturadopeitoralestáencur- tada. A figura 5 verifica o posicionamento posterior do corpo além da linha gravidade traçada em vista lateral, conforme a citação acima. Na figura 6, observa-se na região do abdome a existência de protusão, e se existe uma protusão compendênciaabdominal. Figura 4. Figura 5. Figura 6.
  • 62. A hiperlordose lombar é avaliada pela figura 7, e ocorre quando existe um aumento da concavidade posterior da coluna lombar. Geralmente, nesse tipo de postura os músculos abdo- minais são fracos, e os músculos posteriores da coluna lombar e os flexores de quadril são encurtados. Conforme mostra a figura 8, o joelho em vista lateral pode ser classificado em dois padrõesposturaisanormais: » Oprimeiropadrãoanormalseráodojoelhosemifletidoougeno-flexoquesecaracteriza pela projeção dos joelhos para a frente, fazendo com que a linha imaginária passe por cima ou por trás do joelho (SOUZA, 1987). » O segundo padrão seria o do joelho hiperestendido ou geno-recurvatum, onde a linha de gravidade passa à frente da articulação do joelho. Figura 7. Figura 8.
  • 63. Emvistaposterior,voltamosaanalisaropescoço;seexisteaflexãocomrotaçãocervical para um dos lados a partir da linha da gravidade, como mostra a figura 9. Na figura 10, observamos a elevação e a assimetria dos ombros. Uma linha axial deve serpassadaligeiramenteacimadosacrômios,paraseobservaremosdesnivelamentosdeombros. Afigura 11 objetiva avaliar se as escápulas estão desalinhadas, ou seja, uma delas em abdução (borda medial afastada da linha mediana) e a outra retraída (aproximada da linha me- diana,devidoaencurtamentoderombóidesetrapéziomédio);eaindaaladas,ondeseapresen- tamcomumaacentuadaprojeçãoeinclinaçãoparacimadoânguloinferiordaescápula,devido à deficiência na ação dos rombóides e do serrátil anterior, mais encurtamento de peitorais. Figura 9. Figura 10. Figura 11.
  • 64. Na figura 12, a escoliose e seus tipos são avaliados; assim encontramos que ela pode ser em ´C ‘ ou em ´S ‘, de dupla ou tripla curvatura.Aescoliose ainda pode ser classificada como funcional, onde se retifica na inclinação do tronco para a frente, e ser classificada como estrutural, onde a estrutura óssea é danificada e não pode ser corrigida, portanto irreversível. Na figura 13, avaliamos o desnivelamento de quadril, onde traçamos uma linha axial sobre as cristas ilíacas e verificamos as assimetrias. Figura 12. Figura 13.
  • 65. Nojoelho,emvistaposterior,éavaliadaaexistênciadedoispadrõesposturaisanormais, conforme mostra figura 14. O primeiro é o joelho valgo ou geno-valgo, onde se avalia a proje- ção da parte interna do corpo (SOUZA, 1987), onde o ângulo formado pela tíbia sobre o fêmur é menor que 170 graus. O outro padrão é o do joelho varo ou geno varo onde a projeção do joelho é para parte externa do corpo (SOUZA, 1987) devido a um aumento acentuado, forma- dopelasdiáfisesdofêmuredatíbia.Afigura15,avaliaseospéssãonormais,pronados(valgo) e supinados (varo). O pé pronado se caracteriza pela projeção medial do tendão de aquiles e do maléolo medial. O pé supinado se caracteriza pelo desvio do tendão de aquiles o lado externo e projeção do calcâneo para dentro. Figura 14. Figura 15.
  • 66. O outro aspecto extremamente importante no handebol é o nível de flexibilidade do atleta. Aflexibilidadeéconsideradapelamaioriadosautorescomoaliberdadedemovimento, falardeflexibilidade,portanto,significafalardemobilidade,outecnicamente,deamplitudede movimento-ADM – de uma articulação ou grupo de articulações. BLANKE (1994) define a flexibilidade como a habilidade em mover as articulações do corpo utilizando a amplitude de movimento para a qual foram projetadas. Cada articulação é destinada a ter uma quantidade de movimento específica. Um indivíduo perde a flexibilidade quando é incapaz de produzir essa amplitudeemarticulaçõesdesignadas.Ograudeflexibilidadeéespecíficoparacadaarticulação evariadearticulaçãoparaarticulaçãoemummesmoindivíduo. A seguir apresentaremos um roteiro de avaliação do nível de flexibilidade de atletas de handebol, que pode também ser utilizado em outros esportes. O objetivo da apresentação da seqüência de formas de avaliação é oportunizar a professores e técnicos na modalidade uma visão global de uma das capacidades inerentes ao rendimento esportivo: a flexibilidade. Este padrão de avaliações é seguido no LAPREV como modelo básico nas análises realizadas com atletas das diferentes modalidades. Esta avaliação deve ser realizada, de preferência, por um fisioterapeuta; não é uma prerrogativa de um profissional de educação física, e tanto esta avali- ação como a avaliação postural devem ser executadas pelo responsável técnico habilitado da área. Nossa intenção aqui é mostrar procedimentos estandardizados que possam ser referência para esses profissionais. A avaliação postural oferece parâmetros de referência para que o treinador,detectandoemumaprimeiraanálisedeficiênciasoudivergências,encaminheoatletaa Teste para peitoral maior: O avaliado fica em supino, com os ombros abduzidos a 90 graus, e o terapeuta fica atrás da mesa e provoca uma tensão em rotação externa passiva. Espera-se que o indivíduo apresente uma amplitude livre derestriçõesde,aproximadamente,de90graus.
  • 67. Teste para rotadores internos de ombro : O avaliado fica em prono, com uma almofada posicionada sobre o cotovelo, para colocar o ombro paralelo ao corpo, e o terapeuta deve realizar uma rotação externa passiva de ombro atéondeexistarestriçãodemovimento.Espera- sequeosindivíduosnormaisrealizemummovi- mento de 90 graus de rotação de movimento. Teste para rotadores externos de ombro : O teste para avaliar rotação externa é feito de for- ma contrária ao teste para rotadores internos. Nos dois testes é importante estabilizar a escápula,evitandopossíveiscompensações. Teste para o reto femoral : O avaliado deve ficar em prono, com a cabeça apoiada em um travesseiro, e o terapeuta ao lado da mesa de avaliação. Passivamente, o terapeuta provoca uma tensão realizando uma flexão de joelho no ladoasertestado,atéquesintaumarestriçãono movimento.Emindivíduosnormais,ondeaADM seja suficiente, o calcâneo encosta nas nádegas; e em indivíduos encurtados, à medida que o terapeuta força a amplitude de movimento de flexão de joelho, ocorre uma compensação au- tomática do paciente em anteversão pélvica.
  • 68. Teste de Thomas : Visa a diagnosticar encur- tamentodomúsculoíleo-psoas,ondeopaciente deita em supino, e o terapeuta, posicionado do lado da mesa, realiza passivamente uma flexão de quadril em um dos membros do avaliado, le- vando o joelho em direção à axila. Esta mano- bra testa a flexibilidade do músculo do membro contralateral. O teste é considerado positivo quando o quadril sofre algum grau de flexão e perde o contato com a mesa. Teste do ângulo poplíteo : Visa a diagnosticar o encurtamento dos músculos ísquio-tibiais. O avaliado fica em decúbito dorsal; o terapeuta ao lado da mesa posiciona em 90 graus de flexão o quadrildoavaliado queaindaestácomojoelho fletido’, e vai realizando passivamente uma ex- tensão do joelho até que sinta uma restrição à liberdade de movimento. O teste é considerado positivo até ocorrer uma restrição antes da ex- tensão completa de joelho.
  • 69. umprofissionalcompetenteparadiagnósticoetratamento. Atravésdestaavaliaçãofisioterápicaépermitidoaequipetécnicaumregistroindividual e coletivo do grupo avaliado sobre os principais encurtamentos musculares e alterações do padrão postural dos atletas de handebol. Estes dados poderão ser utilizados e interpretados por treinadoresepreparadoresfísicos,oportunizandoodesenvolvimentodeestratégiase mecanismos de prevenção de lesões dos seus atletas, que são o maior patrimônio do esporte. Reafirmando que, estas avaliações devem ser realizadas pelos profissionais da área, aqui oferecemos um roteiroespecíficoparaohandebol,naformadesubsídiosparaagilizarepadronizarummodelo Teste para rotadores externos de quadril : O avaliado fica em prono; e o terapeuta, ao lado da mesa, posiciona o joelho do avaliado em 90 grausdeflexãoeemcontatocomamesa.Passi- vamenteoavaliadorrealizaumarotaçãointerna de quadris. Esta manobra tensiona os rotadores externosepermiteaoavaliadorperceberseexiste alguma assimetria.Aamplitude esperada deste movimento é em torno de 45 graus. Outrapossibilidadedetestaraflexibilidadedes- tesmúsculosécomoavaliadoassentado,como joelho em 90 graus de flexão, e o terapeuta rea- lizando uma rotação interna de quadril para tes- tar os rotadores externos. Teste para rotadores internos de quadril: O avaliado se posiciona assentado com o joelho fletido em 90 graus e o terapeuta ao seu lado, ondeestevairealizarpassivamenteumarotação externa de quadril colocando em tensão os rotadores internos de quadril.Tanto para o teste de rotação externa como para o de rotação in- terna de quadril, o terapeuta deve ficar atento para evitar compesnsações que causam falsas impressões de que os músculos estão normais.
  • 70. O TREINAMENTO DA FORÇA APLICADO AO HANDEBOL Fernando Vítor Lima
  • 71. Otreinamentodaforçaédeimportânciafundamentalparatodasasmodalidadesespor- tivas, bem como para os diversos objetivos do treinamento. Os benefícios do desenvolvimento dessa qualidade física podem ser notados sem muita dificuldade, ao observarmos a constante evolução dos diversos atletas de alto nível nos diferentes esportes. Esses atletas se apresentam continuamentemaisfortes,maismusculosose,consequentemente,melhorandoorendimentoem situações de competição. O termo exercício, segundo KOMI (1992), pode ser entendido como toda e qualquer atividade envolvendo geração de força pelo(s) músculo(s) ativado(s), sendo que o estado de ativação do músculo pode ser concêntrico (quando a força exercida vence a resistência oferecida), excêntrico (quando ocorre o oposto) e isométrico (não há movimento). Do ponto de vista do treinamento, é relativamente difícil uma conceituação única para esta qualidade física; força pode ser entendido como uma ação ou tração que altera ou tende a alterar o estado de repouso ou de movimento de um corpo (HALL, 1991), podendo, neste nosso contexto, ser entendida como a aplicação de uma ação muscular. Diversas são as possibilidades de classificação da qualidade de força, sendo que se deve-seestarsempreatentoàs“diferentes” classificaçõesquesomentesediferenciamquantoà terminologia, mantendo o conteúdo similar; neste momento deve-se buscar o entendimento do OTREINAMENTO DAFORÇAAPLICADO AO HANDEBOL Fernando Vítor Lima
  • 72. que significam estes termos, para melhor entender o processo de treinamento. Segundo SCHMIDTBLEICHER (1994), a força pode ser classificada conforme à figura 1: FIG.1 : A qualidade motora da força.. Schmidtbleicher, D. (1993). A força muscular pode ser dinâmica, ou seja, uma vez aplicada uma força pelo(s) músculo(s)ocorreummovimento,ouestática,situaçãoemquemesmocomaaplicaçãodaforça muscular não há movimento. Força máxima representa a maior força que pode ser gerada em uma contração muscular, sendo a força máxima estática sempre maior que a força máxima dinâmica. Aforçaexplosiva,oupotência,representaacapacidadederealizaçãodeumrendimen- todeforçaemdeterminadosmovimentoscomamaiorvelocidadepossívelouanecessidadede, sob certos limites de tempo, alcançar o máximo de desenvolvimento da força muscular – neste caso o conceito aplicado é o de força de partida. Odesenvolvimentodaforçamáximaacarretaráumainfluênciapositivanorendimento da força explosiva, devido a uma melhor relação entre força/resistência a ser vencida. Exemplificando,umindivíduopesando80kgterámaiorfacilidadeemmoverseucorporapida- mente,sepraticarumtreinamentoemqueocorraumaumentoda sua forçamáxima,pois80kg representaráumamenorresistênciaemvalorespercentuais.Portanto,osobjetivosderendimento para o treinamento da força máxima seriam superar grande resistência externa e melhorar o rendimento de potência; para o treinamento força explosiva seria superar rapidamente uma resistênciaexterna. A resistência de força pode ser entendida como a capacidade de resistência à fadiga do organismo em caso de performance de força de longa duração (WEINECK, 1999), sendo que o objetivo de rendimento a ser alcançado seria sustentar rendimentodeforçasubmáximoemaçõesmuscularesrepetidasduranteum maiorperíodode tempo.
  • 73. As adaptações musculares aos estímulos de treinamento que levam ao aumento do rendimento da força são (segundo SCHMIDTBLEICHER, 1994): Neurais:melhoriatantodacoordenaçãointramuscular,ouseja,aumentodaativaçãoda musculaturaagonistaquantointermuscular,queseriaumaativaçãomáximadosmúsculosagonistas ao mesmo tempo que uma ativação adequada dos antagonistas, sinergistas e fixadores. Morfológicas : aumento da área de secção transversal da musculatura (hipertrofia). Bioquímicas:aumentodaatividadeenzimática:atp-cpeglicolíticaeaumentodacapaci- dade de tamponamento. Os métodos de treinamento, que visam a melhorar o rendimento da força muscular, se direcionam, basicamente, a aprimorar a ativação da musculatura, bem como a hipertrofiá-la. Deve -se ressaltar que estas adaptações acontecerão em função do volume, da intensidade, freqüência, e do estado inicial de treinamento do atleta, sendo que as adaptações neurais predominamnosestágiosiniciaisdetreinamento;comumafreqüênciasemanalde3-4sessões, após um período máximo de 6 a 8 semanas, a hipertrofia muscular assume a predominância no processo de ganho de força muscular (SCHMIDTBLEICHER, 1994). CARGA 90 - 100% MÁX REPETIÇÕES 1 - 5 SÉRIES 3 PAUSA 5 MINUTOS (mínima) VELOCIDADE EXPLOSIVA FREQÜÊNCIA 3 X/SEMANA ; 6 - 8 SEMANAS obs. recuperação completa FORÇA MÁXIMA HIPERTROFIA REPETIÇÕES 8 - 20 SÉRIES 4 -6 PAUSA 2 - 3 MINUTOS VELOCIDADE LENTA- RELATIVAMENTE RÁPIDA FREQÜÊNCIA X/SEMANA ; 10 - 12 SEMANAS CARGA 50 - 60% MÁX REPETIÇÕES 20 - 40 SÉRIES 6 -8 PAUSA 30 - 60 SEGUNDOS VELOCIDADE LENTA RESISTÊNCIA DE FORÇA
  • 74. Segundo SCHMIDTBLEICHER (1994), o dimensionamento do treinamento da força deverá se organizar a partir das seguintes normativas : Asconsideraçõesemrelaçãoàespecificidadedorendimentonohandebolserãopredo- minantesparasedeterminaremaseleçãoeordenaçãodosexercícios(musculose/oumovimen- tos) e a forma de execução destes em um programa de desenvolvimento da força. Um conheci- mento básico dos exercícios e equipamentos de musculação, bem como das diversas possibili- dades de adaptação destes, será o suficiente para um bom dimensionamento do programa. LEG-PRESS AGACHAMENTO AGACHAMENTO COM PASSADAÀ FRENTE AGACHAMENTO COM PASSADALATERAL PANTURRILHAS
  • 76. TRÍCEPS TESTA Posição Inicial TRÍCEPS TESTA Posição Final ABDOMINAL RETO » ABDOMINAL OBLÍQUO » VOADOR INVERTIDO » FLEXOR DE JOELHOS
  • 77. AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FÍSICA Pablo Juan Greco Eloi Ferreira Filho