O documento defende a importância da disciplinaridade no ensino de ciências, argumentando que embora a interdisciplinaridade seja importante, é necessário primeiro entender as especificidades de cada disciplina, como a física. A autora sugere que a disciplinaridade é necessária para demarcar os limites de cada campo do saber e para que possam ser compostos em um todo maior.
2. Texto voltado ao ensino de física.
Disciplinaridade, sim!
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Química, biologia, física etc. = ciências
Mas ao tratar suas especificidades nem sempre trata-se do que é
CIÊNCIA, que é o ponto comum.
Como querer que os
alunos encaixem as peças
que lhes fornecemos
separadamente?
Interdisciplinaridade por si só insuficiente para trabalhar
a educação científica como um todo.
Qual a intenção educativa?
3. Disciplinaridade, sim!
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Vários autores (Popper, Kuhn, Bachelard etc.) criticam a ciência
como verdade absoluta. Defendem de algum modo relativizar o
conhecimento.
Valor X processo de construção do conhecimento
Desdogmatização, discussões sobre História da Ciência,
valorização do conhecimento construído.
4. Disciplinaridade, sim!
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“Ensino de Física não é sinônimo de ensino de ciência.”
Muitos métodos e procedimentos, termos e conceitos usados na
Física são extrapolados e usados em outras ciências e áreas do
conhecimento.
Mudanças de paradigma – biológico, avanços da área.
Conceitos básicos da Biologia (função, evolução, auto-organização
etc. ) estão sendo importados para outras ciências, inclusive a Física.
6. Há uma nova concepção do saber que reclama certa unidade
na forma de tratamento do “ser científico”.
Disciplinaridade, sim!
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Física, Química, Biologia etc. são apenas parte do todo. Mas onde
e como discutir esse todo, já que ele é mais que a simples soma
das partes, representada aqui pelas contribuições específicas de
cada disciplina científica?
7. Problemas da interdisciplinaridade
Disciplinaridade, sim!
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“A ideia fundamental era a crítica da fragmentação do
conhecimento, pela ruptura que essa fragmentação acarreta na
relação entre conhecer e intervir, conhecer e poder.”
“A então nova organização da ciência, a chamada Big Science,
envolvia justamente fragmentar um grande problema em muitas
partes, em problemas-parte separados e com objetivos específicos,
a serem resolvidos por equipes isoladas, para depois em alguma
outra instância reunir os resultados, com objetivos diferentes
daqueles com que foram desenvolvidos.”
“O próprio ensino de física é um campo interdisciplinar, entre
física e educação. Da mesma forma a biofísica, entre a física e a
biologia.”
8. Disciplinaridade, sim!
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A interdisciplinaridade gerou novos campos de saber, cada campo
é um novo fragmento, altamente especializado. Ex.: Biofísica.
“... a interdisciplinaridade também
comporta um outro recorte
educacional, em propostas que
procuram tratar de um tema,
desenvolvendo diferentes
aspectos desse tema. Nesse caso,
trata-se, na maioria das vezes,
apenas de eleger um objeto de
estudo comum, sem resolver o
problema de como estudar esse
objeto. Permanece a questão de
como compor um novo saber.”
9. Proposta: novo reconhecimento da disciplinaridade. Demarcar o
espaço, explicitar seu campo de legislação.
Disciplinaridade, sim!
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“Sua maneira de olhar, o que ela não é capaz de olhar, onde é preciso
olhar de outra maneira e onde ela pode se compor com outros
olhares... Não só o conteúdo da física, mas qual seu ponto de vista e
seus limites. A ideia de disciplinaridade é importante para demarcar
e para poder compor. Somente é possível compor um todo juntando
as partes quando você conhece as partes. A disciplinaridade é o ato
de conhecer essas partes. Um todo é muito mais do que a soma das
partes, mas é preciso que você tenha essas partes.”
Recompor o “aprender” e o “aprender para quê”.
10. Disciplinaridade, sim!
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“...explicitação da relação entre ciência e contexto social... separar
os limites entre o saber disciplinar e as esferas de ação/decisão.
“...explicitar o espaço de escolhas possíveis, para além das certezas
da ciência.”
“... essas escolhas podem e devem ocorrer, embora em outro nível,
no qual o conhecimento é indispensável, composto por vários
conhecimentos...” (estimular ações e intervenções, com
perspectivas de transformação).
“O aprendizado deixa de ser um saber pelo saber e passa a ser um
saber para poder fazer.”
Caminhos...
11. Disciplinaridade, sim!
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“Ao invés de ir buscar uma composição forçada com outros saberes,
caberia ao ensino de física ensinar a reconhecer o âmbito da
própria física, para assim revelar a existência de outros âmbitos,
permeados inevitavelmente por valores sociais e visões do mundo
que desejamos.”
“E ao tratar de valores, reincorporar a questão da ética, por uma
cultura de responsabilidades.”
Cita o livro “Paraíso Perdido” do italiano Marcello Cini.
“Quebrou-se a máquina que produzia certezas: a certeza no Sol do
Futuro, a certeza do novo paraíso terrestre que a ciência e a
técnica prometiam.”
“... bastaria conhecimento e razão para projetar e realizar um futuro
sempre melhor. ...faz-se necessário sobretudo sabedoria, prudência
e solidariedade para fazer frente às consequências imprevisíveis de
nossas decisões e para que não façamos recair o ônus de nossos
erros irresponsavelmente sobre as gerações futuras.”(grifo da autora)
12. Disciplinaridade, sim!
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É importante de fato dar-se conta dessa perda da verdade
absoluta. Mas trata-se de buscar construir novos paraísos. Esse é
o desafio: convencermo-nos dessa necessidade. ...pensar uma
nova forma de saber, ...novos caminhos de transformação.
“... um horizonte de
esperança, de
transformação, sem o qual
torna-se sem sentido a
educação.”