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eco 2014 
Outro Olhar 
Edson Bueno
Caro Leitor 
Escrever é algo que aflora das percepções, observações e sentimentos. 
Difícil? Sim! O encontro das letras, a formação das palavras e finalmente o texto, com seu contexto, traz a realização de um trabalho solitário. 
Não se espante se acaso identificar-se em uma dessas páginas, afinal toda inspiração é de e para você. 
ecobueno14
Sumário 
A bela Sem nome ................................................................................................................ 5 
Adjetivos de Todos os Dias! ................................................................................................ 6 
Antítese Perfeita ................................................................................................................. 7 
Boa Nova ............................................................................................................................. 8 
Das Cores ............................................................................................................................ 9 
Data Estelar: Lua Vazia em Leão ....................................................................................... 10 
Descoberta ........................................................................................................................ 11 
Ébano .............................................................................................................................. 12 
Janela Fechada .................................................................................................................. 13 
Lua ...... .............................................................................................................................. 14 
Ninguém ............................................................................................................................ 15 
Obra Prima ........................................................................................................................ 16 
Ode .............................................................................................................................. 17 
O Árido Caminho das Palavras .......................................................................................... 18 
O Tempo e o Vento ........................................................................................................... 19 
Outro Olhar ....................................................................................................................... 20 
Pouco Muito Tempo ......................................................................................................... 21 
Padima .............................................................................................................................. 22 
Sonora .............................................................................................................................. 23 
Sua Poesia ......................................................................................................................... 24 
Sua Luz .............................................................................................................................. 25 
Trova .............................................................................................................................. 26 
Valerá O dia ....................................................................................................................... 27 
Vida ................................................................................................................................ 28
5 
A Bela Sem Nome 
Rompe o anoitecer 
Tu ao chegar preenche 
O vazio, até então, existente 
Se apresenta com seus traços 
Esguios, meigos, delicados 
Inconfundíveis, delineados, fortes 
De encantos sem precedentes, sílfide 
Tens a força e a beleza: Tigresa! 
Olhos ternos e penetrantes, 
Gestos firmes e acolhedores 
Nos poros o aroma das flores 
N’alma a paz serena que revigora 
Perfeita, majestosa, arrebatadora 
Tens a unicidade das raridades 
Ao mesmo tempo, aveludada e espinhosa 
Valha-me Deus: Notável rosa! 
Chega o anoitecer 
O vazio volta a me preencher 
E no adiantado das horas, vais embora 
Deixando a luz que nos guia, cá e lá fora 
Criando a expectativa do reencontro 
E nesse lusco fusco volto ao anonimato 
Pois tenho nesses versos só um codnome 
És tu, A “Bela sem nome”. 
ecobueno
6 
Adjetivo de Todos os Dias! 
Belas, atraentes, distintas 
Sensuais, meigas, suaves. 
Enigmáticas, indecifráveis. 
Fortes, emotivas, guerreiras. 
Imprevisíveis, misteriosas. 
Fadas, aladas, bruxas, deusas. 
Cheias de emoções, sexto sentidos. 
Espetaculares, singulares, plurais, 
Sonho, realidade, concreto, abstrato. 
Meninas, musas, mães, avós, amigas. 
Simplesmente, 
Mulher! 
ecobueno
7 
Antítese Perfeita 
Quão fundamentais, intrigantes podem ser 
Ao mesmo tempo doces, frágeis, amáveis 
Decididas, altivas, fortes, emblemáticas 
São assim, da concepção à multiplicação 
Quando concebidas: pequenas, angelicais 
Vão crescendo, sonhadoras, plurais 
Em formação, tão belas, inquietantes 
Alçam voos panorâmicos, deslumbrantes 
Ampliam horizonte, verdadeiras, habituais 
Nesse afã são sempre mais; essenciais 
Outrora vestais, hoje donas da vida, conceituais 
Acolhem em si o feto, num amplexo de afeto 
E no ventre fecundo, o amor incondicional 
Revelando a metade inteira desse dom divinal 
Nessa jornada intrínseca e singular, contrapõe 
O ser único e múltiplo, pois és mulher e MÃE ! 
ecobueno
8 
Boa Nova 
Desperta um novo tempo 
Rebrotam nos campos 
As sementes outrora em descanso 
Num balé de cores explodem 
Nessa eterna continuidade 
Tudo vibra e encanta 
É a boa nova, rara simplicidade 
Nessa alegria tanta 
Em cada palmo de chão 
O verde novo da fertilidade 
Em pétalas se renovando 
Outra vez é setembro 
ecobueno
9 
Das Cores 
Dizem que belos, são os louros 
Mas isso torna-se um fio vão 
Ao contrastar tais melenas 
Com esses castanho-sinceros 
Que em ti, não cabe comparação 
Dizem do belo azul infinito 
Que não é deveras único 
Pois tem o preto, o verde mar 
E tantas outras cores do globo 
Que contém o branco do olhar 
Dizem do brilho estelar 
Que nas noites de luar existe 
Mas a magia também insiste 
Nessas luzes diárias, prisma 
Que decanta sua alma 
Dizem da beleza que na tez explode 
Revelando lindos traços, audaz 
Que num belo dia tornar-se-á fugaz 
Mas os teus revelar-se-ão, perene 
Quando o tempo lhe riscar a face 
ecobueno
10 
Data Estelar: Lua Vazia em Leão! 
Noite alta, insone. O mesmo lugar de outrora. 
Alguns minutos de um novo velho dia, anuncia. 
O ar frio penetra a alma e traz à memória 
Breves palavras de um diálogo revelador. 
Sem cerimonias, fitando meus olhos, sorri solenemente e emenda: 
- Sou o que chamas de sentimento mais profundo! 
E tal qual havia chegado e se revelado, 
De um ímpeto, sorrateiramente silencia. 
Talvez, para não ser explicitamente debelado. Medo? Quem sabe... 
Sim, fora na mesma data e lugar que nos encontramos outras vezes. 
Vinte e nove de Julho! 
Tais palavras ecoaram e martelaram por instantes, 
Sem que conseguisse dimensionar, indaguei curiosamente: 
- Quem e o que queria me dizer? 
Depois de algum tempo, descobri. Ou melhor, senti. 
Que quem havia falado era o mais primitivo dos sentimentos. 
Aquele que invade, cobra e revela minha condição. 
Ele é latente, mesmo desmentido, é desmedido e marcante: 
A solidão! 
ecobueno
11 
Descoberta 
Deus sempre encontra alguém 
Que reluz quando o sol não vem 
Brilha quando não há lua no céu 
Alguém que no mar espuma 
E no ar torna-se tênue bruma 
Alguém que no jardim é flor 
E no seu perfume exala amor 
Alguém que em sua alma 
Traz a alegria que acalma 
Alguém que com sua presença 
Carrega o estandarte da sua crença 
Alguém que cruza o nosso caminho 
E muda tudo com jeitinho 
Alguém que nasce e faz renascer 
Ante tanta aridez, um novo amanhecer 
Alguém onde a esperança verdeja 
E no horizonte o céu azuleja 
Sim, Ele encontrou você! 
ecobueno
12 
Ébano 
Esse sorriso marfim 
Essa tez de ébano 
Essas melenas, pixaim 
Esse olhar iluminado 
Esses lábios carmesim 
Esse caminhar seguro 
Esse deleite sem fim 
De um negro felino 
Que revela enfim 
Ser tão maravilhado 
Deveras lindo assim 
ecobueno
13 
Janela Fechada 
Hoje ao abrir a janela 
Vi o dia que se formava 
Com sua luz ainda esmaecida 
Num tom diferente 
Tomando o infinito, crescente 
Senti uma vontade de gritar 
E dizer o quanto te amo! 
Mas o eco surdo do silêncio 
O grito na garganta estancou 
Não foi pelo medo de expor 
Um sentimento simples, porém único 
O que meu grito silenciou 
Foi lembrar da ausência desse amor 
A janela, fechei... 
ecobueno
14 
Lua 
Quando o tom do anoitecer 
Veste de breu o outrora anil 
Ela vem em seu esplendor sutil 
Fazendo cada corpo resplandecer 
E lá do alto, sempre altiva 
O véu da noite descerra 
Com a luz espelhante, viva 
Que nas estrelas se encerra 
E nessa amarga solidão 
Que nas noites se acentua 
Tenho a tênue sensação 
Do bálsamo benigno da lua 
ecobueno
15 
Ninguém 
Ninguém é tão perfeito 
Que nunca necessite de ajustes 
Ninguém é tão triste 
Que nunca tenha dado um sorriso 
Ninguém é tão sombrio 
Que nunca tenha um brilho nos olhos 
Ninguém é tão sábio 
Que nuca tenha algo a aprender 
Ninguém é tão sozinho 
Que nunca tenha tido o afago de outrem 
Ninguém é tão adulto 
Que não tenha algo de criança 
Ninguém é tão insensível 
Que nunca tenha guardado um segredo 
Ninguém é tão abstrato 
Que nunca tenha sido entendido 
Ninguém é tão imperfeito 
Que nunca tenha o seu encanto 
ecobueno
16 
Obra Prima 
O impressionismo de Claude Monet 
Refletindo a luz em tudo que se vê 
O surrealismo de Salvador Dali 
Brincando com o tempo e o existir 
O movimento desvairado de Van Gogh 
Que em pinceladas, na tela explode 
As cores inconfundíveis de Frida Kahlo 
Revelando tons vividos, algo tão raro 
É feito a luz mágica no solstício 
Explodindo tantos dons artísticos 
Que vibra e traz à vida o belo, no limiar 
Descerrando essa obra prima 
O simples brilho do seu olhar 
ecobueno
17 
Ode 
Lugar comum, simplesmente dizer 
Unicamente do que é possível ver 
Com inúmeros encantos implícitos 
Indispensável, metáforas invocar 
Aflorando toda a riqueza do ser 
Nesse fulgor que vens despertar 
Amplamente, num sorriso singular 
Lançar mão de tantas variáveis 
Unanimes, com dons incomparáveis 
Contidos nesses traços que revelam 
Infinitamente, tamanha pluralidade 
Assim, nessa ode, é possível ver 
Nuances de cores d’alma, refletidos 
Ascendente no par d’olhos, percebidos 
ecobueno
18 
O Árido Caminho das Palavras 
A vida de quem escreve 
Não é nada glamorosa 
Muitas vezes árdua, insólita 
Toma tempo e isola 
É preciso se interiorizar 
Para depois, em palavras externar 
Sem errar o tempo, o verbo, o momento 
E ainda assim nunca está completo 
No vasto mundo das palavras 
Pobre poeta que em teus versos 
Tenta traduzir a riqueza dos sentimentos 
Mas a desconfiança dos incrédulos 
O desdém dos apáticos e a falta de críticos 
Encontra apenas o eco 
De sua própria solidão 
É uma ilha, mesmo sem sê-la 
Vaga num mar de absoluto silêncio 
E sua dor jamais desagua 
Pobre poeta que tenta sobreviver 
Mesmo competindo com a inanição 
Da delicadeza com a proliferação da dureza 
Seu deserto é real, árido 
Perambula pelo exilio 
Da sua própria língua 
Mesmo assim ao compor 
Vai mentindo sua dor 
E ao verem, poeta, que sorri 
Às vezes irão supor que és feliz 
E isso valerá sua poesia 
ecobueno
19 
O Tempo e o Vento 
No tempo, és um enigma que intriga e aguça 
E quanto mais esse ar enigmático avança 
Os sentidos se embaralham, leve desavença 
Entre o antigo e o novo; certeza e insegurança 
Assovia e reverbera um som que encana 
Tal qual musica, no lenho de uma amburana 
E enleva sua alma de tez morena-tropicana 
Bailando livre ao som caribenho de Havana 
Vem e desgrenha suas melenas, é o vento 
Que sopra forte, num desvario inquietante 
Por teres em seu caminho, este presente 
Traços de bela sílfide, contorno perfeito 
No lusco fusco dos dias, corre a semana 
Onde o clarear da sua áurea, vida emana 
Simples e perfeita, versos de Mario Quintana 
Ou erudita, enigmática, melodia Bachiana 
Quando chega a noite, lua mágica no céu flana 
Mesmo ao ofuscar seu brilho, essas nuvens, Diáfana 
Não conseguirão tornar, com seu breu, a vida cigana 
Pois a luz do seu olhar nos livrará dessa cor tirana 
ecobueno
20 
Outro Olhar 
Quando cruzaram os meus 
Os olhos seus 
Revelaram essa luz 
Multifacetada inebriante 
Raro par de diamantes 
Dissipando tons gris 
Trazendo à tona as cores 
Na orbita da sua íris 
D’onde é possível 
Unindo joia e arte 
Ver a riqueza do mundo 
Sob outro olhar 
ecobueno
21 
Pouco Muito Tempo 
Poucas são as horas 
Também raros os momentos 
Apesar disso, intensos 
Preenchem outros dias 
O tempo: mero detalhe 
Que se dissipa 
Com a tua chegada 
Divino entalhe! 
Segunda e quarta-feira 
Curta, parece a semana 
Porém não apequena 
Sensação verdadeira 
Inteira permanece 
Dilui a ausência profana 
Quando alma iluminada 
Tais sentidos, apetece 
Então, torna-se vã 
Essa luz lúgubre 
Quando surges 
Finda saudade terçã 
ecobueno
22 
Padima 
Dos quarto elementos 
Terra, água, fogo e ar 
Do lodo, em pétalas de encantos 
A quinta essência, vem aflorar 
Intrigante até mesmo para a ciência 
A perseverança de suas sementes 
Esperam em longa dormência 
Para florir, no exato instante 
Cresce, enigmática, sem igual 
Das águas turvas se eleva, límpida 
Para revelar uma riqueza paradoxal 
Que há, mesmo no limbo, alma vívida 
Refletido nas matizes das cores 
Azul, branca, rosa e vermelha 
A elevação espiritual e os valores 
Que aos seres se assemelha 
Contém na delicadeza de sua fragrância 
Perfeição, pureza, graça e elegância 
Regula sua temperatura igual a dos corpos 
Botão, coração, assim é você flor de Lótus 
ecobueno
23 
Sonora 
Tira-me se quiseres O sol, a luz, enfim Mas nunca o teu olhar O quero como A luz da lua O brilho das estrelas Divinas centelhas 
Tira-me se quiseres, O ar, a voz, enfim. Mas nunca o teu riso O quero como A flor na primavera A cascata de espuma A rosa no jardim 
Tira-me o que quiseres Mas deixa-me, enfim Teu olhar e riso Pois sem eles Não há emoção Muito menos poesia Então essa sonora, não Silencia! 
ecobueno
24 
Sua Poesia 
Carrego a frustração 
E a amarga desilusão 
Por não ter veia poética 
Para entender da métrica 
E em palavras materializar 
O que de ti vejo aflorar 
Gestos cândidos, delatores 
Voz que entoa tons e louvores 
Olhos que miram com delicadeza 
Lábios que verbalizam a sutileza 
Melenas que tremulam sem pudor 
Poros que disseminam calor 
Bela tez que o comum profana 
Nessa melanina latino-americana 
Mas meu dissabor hora aflito 
Não macula o que deveras sinto 
Pois tenho todo dia, sem exceções 
Sua poesia em minhas recordações 
ecobueno
25 
Sua Luz 
Eu queria escrever-te versos 
Colhidos no mais intimo de mim... 
Mas, meu interior tem labirintos 
Que não me deixam encontrá-los 
E o que escrevo não versam... 
Eu queria compor-te numa canção 
Assim, entoaria em lindas melodias 
O teu ritmo e harmonia 
Mas compositor não sou 
Por isso meu silêncio é tão... 
Eu queria poder retratá-la 
Numa explosão de cores vibrantes 
Feito os quadros de Frida Kahlo 
Explorando todas suas nuances 
Pena, sou mero observador... 
Então trago-te estas palavras 
E com elas tento mostrar-te 
A emoção que sinto, deveras 
Quando procuro dizer-te 
O quanto sua luz nos ilumina 
ecobueno
26 
Trova 
Para muitos é assim 
O ano se inicia 
Quando Dezembro finda 
Mas não para mim 
Nos entendimentos, meus 
Aquele que anuncia 
A boa nova com veemência 
É o brilho dos olhos teus 
ecobueno
27 
Valerá o Dia 
Tão linda assim 
Sempre que amanhece 
Tão forte enfim 
Vida que rejuvenesce 
Difusa pelo entardecer 
Esmaece ao anoitecer 
Na garganta um nó 
Quando o escuro me revela só 
Mas, se ao menos nos sonhos 
Tiver a companhia 
Dessa luz, seu par d’ olhos 
Sim! Valerá o novo dia 
ecobueno
28 
Vida 
Assim se inicia 
Amanhecida 
Corre nas horas 
Crescida 
Logo chegará 
Entardecida 
Ao cair do sol se levanta 
Anoitecida 
Essa lua tão linda 
Envaidecida 
Ao chegar à noite 
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Um coração, um cúpido e um beijo por um poema de amor em português
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Nuvem negra flipsanck pdf
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Outro olhar

  • 1.
  • 2. eco 2014 Outro Olhar Edson Bueno
  • 3. Caro Leitor Escrever é algo que aflora das percepções, observações e sentimentos. Difícil? Sim! O encontro das letras, a formação das palavras e finalmente o texto, com seu contexto, traz a realização de um trabalho solitário. Não se espante se acaso identificar-se em uma dessas páginas, afinal toda inspiração é de e para você. ecobueno14
  • 4. Sumário A bela Sem nome ................................................................................................................ 5 Adjetivos de Todos os Dias! ................................................................................................ 6 Antítese Perfeita ................................................................................................................. 7 Boa Nova ............................................................................................................................. 8 Das Cores ............................................................................................................................ 9 Data Estelar: Lua Vazia em Leão ....................................................................................... 10 Descoberta ........................................................................................................................ 11 Ébano .............................................................................................................................. 12 Janela Fechada .................................................................................................................. 13 Lua ...... .............................................................................................................................. 14 Ninguém ............................................................................................................................ 15 Obra Prima ........................................................................................................................ 16 Ode .............................................................................................................................. 17 O Árido Caminho das Palavras .......................................................................................... 18 O Tempo e o Vento ........................................................................................................... 19 Outro Olhar ....................................................................................................................... 20 Pouco Muito Tempo ......................................................................................................... 21 Padima .............................................................................................................................. 22 Sonora .............................................................................................................................. 23 Sua Poesia ......................................................................................................................... 24 Sua Luz .............................................................................................................................. 25 Trova .............................................................................................................................. 26 Valerá O dia ....................................................................................................................... 27 Vida ................................................................................................................................ 28
  • 5. 5 A Bela Sem Nome Rompe o anoitecer Tu ao chegar preenche O vazio, até então, existente Se apresenta com seus traços Esguios, meigos, delicados Inconfundíveis, delineados, fortes De encantos sem precedentes, sílfide Tens a força e a beleza: Tigresa! Olhos ternos e penetrantes, Gestos firmes e acolhedores Nos poros o aroma das flores N’alma a paz serena que revigora Perfeita, majestosa, arrebatadora Tens a unicidade das raridades Ao mesmo tempo, aveludada e espinhosa Valha-me Deus: Notável rosa! Chega o anoitecer O vazio volta a me preencher E no adiantado das horas, vais embora Deixando a luz que nos guia, cá e lá fora Criando a expectativa do reencontro E nesse lusco fusco volto ao anonimato Pois tenho nesses versos só um codnome És tu, A “Bela sem nome”. ecobueno
  • 6. 6 Adjetivo de Todos os Dias! Belas, atraentes, distintas Sensuais, meigas, suaves. Enigmáticas, indecifráveis. Fortes, emotivas, guerreiras. Imprevisíveis, misteriosas. Fadas, aladas, bruxas, deusas. Cheias de emoções, sexto sentidos. Espetaculares, singulares, plurais, Sonho, realidade, concreto, abstrato. Meninas, musas, mães, avós, amigas. Simplesmente, Mulher! ecobueno
  • 7. 7 Antítese Perfeita Quão fundamentais, intrigantes podem ser Ao mesmo tempo doces, frágeis, amáveis Decididas, altivas, fortes, emblemáticas São assim, da concepção à multiplicação Quando concebidas: pequenas, angelicais Vão crescendo, sonhadoras, plurais Em formação, tão belas, inquietantes Alçam voos panorâmicos, deslumbrantes Ampliam horizonte, verdadeiras, habituais Nesse afã são sempre mais; essenciais Outrora vestais, hoje donas da vida, conceituais Acolhem em si o feto, num amplexo de afeto E no ventre fecundo, o amor incondicional Revelando a metade inteira desse dom divinal Nessa jornada intrínseca e singular, contrapõe O ser único e múltiplo, pois és mulher e MÃE ! ecobueno
  • 8. 8 Boa Nova Desperta um novo tempo Rebrotam nos campos As sementes outrora em descanso Num balé de cores explodem Nessa eterna continuidade Tudo vibra e encanta É a boa nova, rara simplicidade Nessa alegria tanta Em cada palmo de chão O verde novo da fertilidade Em pétalas se renovando Outra vez é setembro ecobueno
  • 9. 9 Das Cores Dizem que belos, são os louros Mas isso torna-se um fio vão Ao contrastar tais melenas Com esses castanho-sinceros Que em ti, não cabe comparação Dizem do belo azul infinito Que não é deveras único Pois tem o preto, o verde mar E tantas outras cores do globo Que contém o branco do olhar Dizem do brilho estelar Que nas noites de luar existe Mas a magia também insiste Nessas luzes diárias, prisma Que decanta sua alma Dizem da beleza que na tez explode Revelando lindos traços, audaz Que num belo dia tornar-se-á fugaz Mas os teus revelar-se-ão, perene Quando o tempo lhe riscar a face ecobueno
  • 10. 10 Data Estelar: Lua Vazia em Leão! Noite alta, insone. O mesmo lugar de outrora. Alguns minutos de um novo velho dia, anuncia. O ar frio penetra a alma e traz à memória Breves palavras de um diálogo revelador. Sem cerimonias, fitando meus olhos, sorri solenemente e emenda: - Sou o que chamas de sentimento mais profundo! E tal qual havia chegado e se revelado, De um ímpeto, sorrateiramente silencia. Talvez, para não ser explicitamente debelado. Medo? Quem sabe... Sim, fora na mesma data e lugar que nos encontramos outras vezes. Vinte e nove de Julho! Tais palavras ecoaram e martelaram por instantes, Sem que conseguisse dimensionar, indaguei curiosamente: - Quem e o que queria me dizer? Depois de algum tempo, descobri. Ou melhor, senti. Que quem havia falado era o mais primitivo dos sentimentos. Aquele que invade, cobra e revela minha condição. Ele é latente, mesmo desmentido, é desmedido e marcante: A solidão! ecobueno
  • 11. 11 Descoberta Deus sempre encontra alguém Que reluz quando o sol não vem Brilha quando não há lua no céu Alguém que no mar espuma E no ar torna-se tênue bruma Alguém que no jardim é flor E no seu perfume exala amor Alguém que em sua alma Traz a alegria que acalma Alguém que com sua presença Carrega o estandarte da sua crença Alguém que cruza o nosso caminho E muda tudo com jeitinho Alguém que nasce e faz renascer Ante tanta aridez, um novo amanhecer Alguém onde a esperança verdeja E no horizonte o céu azuleja Sim, Ele encontrou você! ecobueno
  • 12. 12 Ébano Esse sorriso marfim Essa tez de ébano Essas melenas, pixaim Esse olhar iluminado Esses lábios carmesim Esse caminhar seguro Esse deleite sem fim De um negro felino Que revela enfim Ser tão maravilhado Deveras lindo assim ecobueno
  • 13. 13 Janela Fechada Hoje ao abrir a janela Vi o dia que se formava Com sua luz ainda esmaecida Num tom diferente Tomando o infinito, crescente Senti uma vontade de gritar E dizer o quanto te amo! Mas o eco surdo do silêncio O grito na garganta estancou Não foi pelo medo de expor Um sentimento simples, porém único O que meu grito silenciou Foi lembrar da ausência desse amor A janela, fechei... ecobueno
  • 14. 14 Lua Quando o tom do anoitecer Veste de breu o outrora anil Ela vem em seu esplendor sutil Fazendo cada corpo resplandecer E lá do alto, sempre altiva O véu da noite descerra Com a luz espelhante, viva Que nas estrelas se encerra E nessa amarga solidão Que nas noites se acentua Tenho a tênue sensação Do bálsamo benigno da lua ecobueno
  • 15. 15 Ninguém Ninguém é tão perfeito Que nunca necessite de ajustes Ninguém é tão triste Que nunca tenha dado um sorriso Ninguém é tão sombrio Que nunca tenha um brilho nos olhos Ninguém é tão sábio Que nuca tenha algo a aprender Ninguém é tão sozinho Que nunca tenha tido o afago de outrem Ninguém é tão adulto Que não tenha algo de criança Ninguém é tão insensível Que nunca tenha guardado um segredo Ninguém é tão abstrato Que nunca tenha sido entendido Ninguém é tão imperfeito Que nunca tenha o seu encanto ecobueno
  • 16. 16 Obra Prima O impressionismo de Claude Monet Refletindo a luz em tudo que se vê O surrealismo de Salvador Dali Brincando com o tempo e o existir O movimento desvairado de Van Gogh Que em pinceladas, na tela explode As cores inconfundíveis de Frida Kahlo Revelando tons vividos, algo tão raro É feito a luz mágica no solstício Explodindo tantos dons artísticos Que vibra e traz à vida o belo, no limiar Descerrando essa obra prima O simples brilho do seu olhar ecobueno
  • 17. 17 Ode Lugar comum, simplesmente dizer Unicamente do que é possível ver Com inúmeros encantos implícitos Indispensável, metáforas invocar Aflorando toda a riqueza do ser Nesse fulgor que vens despertar Amplamente, num sorriso singular Lançar mão de tantas variáveis Unanimes, com dons incomparáveis Contidos nesses traços que revelam Infinitamente, tamanha pluralidade Assim, nessa ode, é possível ver Nuances de cores d’alma, refletidos Ascendente no par d’olhos, percebidos ecobueno
  • 18. 18 O Árido Caminho das Palavras A vida de quem escreve Não é nada glamorosa Muitas vezes árdua, insólita Toma tempo e isola É preciso se interiorizar Para depois, em palavras externar Sem errar o tempo, o verbo, o momento E ainda assim nunca está completo No vasto mundo das palavras Pobre poeta que em teus versos Tenta traduzir a riqueza dos sentimentos Mas a desconfiança dos incrédulos O desdém dos apáticos e a falta de críticos Encontra apenas o eco De sua própria solidão É uma ilha, mesmo sem sê-la Vaga num mar de absoluto silêncio E sua dor jamais desagua Pobre poeta que tenta sobreviver Mesmo competindo com a inanição Da delicadeza com a proliferação da dureza Seu deserto é real, árido Perambula pelo exilio Da sua própria língua Mesmo assim ao compor Vai mentindo sua dor E ao verem, poeta, que sorri Às vezes irão supor que és feliz E isso valerá sua poesia ecobueno
  • 19. 19 O Tempo e o Vento No tempo, és um enigma que intriga e aguça E quanto mais esse ar enigmático avança Os sentidos se embaralham, leve desavença Entre o antigo e o novo; certeza e insegurança Assovia e reverbera um som que encana Tal qual musica, no lenho de uma amburana E enleva sua alma de tez morena-tropicana Bailando livre ao som caribenho de Havana Vem e desgrenha suas melenas, é o vento Que sopra forte, num desvario inquietante Por teres em seu caminho, este presente Traços de bela sílfide, contorno perfeito No lusco fusco dos dias, corre a semana Onde o clarear da sua áurea, vida emana Simples e perfeita, versos de Mario Quintana Ou erudita, enigmática, melodia Bachiana Quando chega a noite, lua mágica no céu flana Mesmo ao ofuscar seu brilho, essas nuvens, Diáfana Não conseguirão tornar, com seu breu, a vida cigana Pois a luz do seu olhar nos livrará dessa cor tirana ecobueno
  • 20. 20 Outro Olhar Quando cruzaram os meus Os olhos seus Revelaram essa luz Multifacetada inebriante Raro par de diamantes Dissipando tons gris Trazendo à tona as cores Na orbita da sua íris D’onde é possível Unindo joia e arte Ver a riqueza do mundo Sob outro olhar ecobueno
  • 21. 21 Pouco Muito Tempo Poucas são as horas Também raros os momentos Apesar disso, intensos Preenchem outros dias O tempo: mero detalhe Que se dissipa Com a tua chegada Divino entalhe! Segunda e quarta-feira Curta, parece a semana Porém não apequena Sensação verdadeira Inteira permanece Dilui a ausência profana Quando alma iluminada Tais sentidos, apetece Então, torna-se vã Essa luz lúgubre Quando surges Finda saudade terçã ecobueno
  • 22. 22 Padima Dos quarto elementos Terra, água, fogo e ar Do lodo, em pétalas de encantos A quinta essência, vem aflorar Intrigante até mesmo para a ciência A perseverança de suas sementes Esperam em longa dormência Para florir, no exato instante Cresce, enigmática, sem igual Das águas turvas se eleva, límpida Para revelar uma riqueza paradoxal Que há, mesmo no limbo, alma vívida Refletido nas matizes das cores Azul, branca, rosa e vermelha A elevação espiritual e os valores Que aos seres se assemelha Contém na delicadeza de sua fragrância Perfeição, pureza, graça e elegância Regula sua temperatura igual a dos corpos Botão, coração, assim é você flor de Lótus ecobueno
  • 23. 23 Sonora Tira-me se quiseres O sol, a luz, enfim Mas nunca o teu olhar O quero como A luz da lua O brilho das estrelas Divinas centelhas Tira-me se quiseres, O ar, a voz, enfim. Mas nunca o teu riso O quero como A flor na primavera A cascata de espuma A rosa no jardim Tira-me o que quiseres Mas deixa-me, enfim Teu olhar e riso Pois sem eles Não há emoção Muito menos poesia Então essa sonora, não Silencia! ecobueno
  • 24. 24 Sua Poesia Carrego a frustração E a amarga desilusão Por não ter veia poética Para entender da métrica E em palavras materializar O que de ti vejo aflorar Gestos cândidos, delatores Voz que entoa tons e louvores Olhos que miram com delicadeza Lábios que verbalizam a sutileza Melenas que tremulam sem pudor Poros que disseminam calor Bela tez que o comum profana Nessa melanina latino-americana Mas meu dissabor hora aflito Não macula o que deveras sinto Pois tenho todo dia, sem exceções Sua poesia em minhas recordações ecobueno
  • 25. 25 Sua Luz Eu queria escrever-te versos Colhidos no mais intimo de mim... Mas, meu interior tem labirintos Que não me deixam encontrá-los E o que escrevo não versam... Eu queria compor-te numa canção Assim, entoaria em lindas melodias O teu ritmo e harmonia Mas compositor não sou Por isso meu silêncio é tão... Eu queria poder retratá-la Numa explosão de cores vibrantes Feito os quadros de Frida Kahlo Explorando todas suas nuances Pena, sou mero observador... Então trago-te estas palavras E com elas tento mostrar-te A emoção que sinto, deveras Quando procuro dizer-te O quanto sua luz nos ilumina ecobueno
  • 26. 26 Trova Para muitos é assim O ano se inicia Quando Dezembro finda Mas não para mim Nos entendimentos, meus Aquele que anuncia A boa nova com veemência É o brilho dos olhos teus ecobueno
  • 27. 27 Valerá o Dia Tão linda assim Sempre que amanhece Tão forte enfim Vida que rejuvenesce Difusa pelo entardecer Esmaece ao anoitecer Na garganta um nó Quando o escuro me revela só Mas, se ao menos nos sonhos Tiver a companhia Dessa luz, seu par d’ olhos Sim! Valerá o novo dia ecobueno
  • 28. 28 Vida Assim se inicia Amanhecida Corre nas horas Crescida Logo chegará Entardecida Ao cair do sol se levanta Anoitecida Essa lua tão linda Envaidecida Ao chegar à noite Enriquecida Simplesmente Vida! ecobueno
  • 29. 29 ecobueno Edson Bueno 2014