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FALA CAMPECHE setembro de 2005
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Há quase dois séculos a igrejinha reúne devoção 
e festividades da comunidade do Campeche 
A igrejinha São Sebastião foi construída em 1826 
por escravos livres que viviam com Dona Maria 
Palmeira, uma senhora que viveu aqui, não tinha 
filhos e era proprietária de uma imagem de São 
Sebastião. Preocupada com a segurança da peça 
sacra, ela tomou a iniciativa de construir uma ca-pela, 
pois, assim, a imagem estaria protegida. Por 
isso São Sebastião é o padroeiro da igrejinha até 
os dias de hoje. 
Tombada como patrimônio histórico cultural pelo 
decreto municipal de n. 125 de maio de 1988, de lá 
para cá a igrejinha já passou por três restaura-ções. 
No passado, quem administrava a capela 
eram pessoas que integravam o apostolado da ora-ção, 
mas hoje a administração cabe a uma comis-são 
escolhida entre voluntários da comunidade. 
Muitas mudanças ocorreram desde a sua cons-trução. 
As festas, que eram muito mais freqüen-tes, 
não acontecem na mesma proporção. A festa 
de Santa Catarina, que era um evento muito gran-de, 
não acontece mais. Já as festividades de São 
Sebastião – o padroeiro, do Sagrado Coração de 
Jesus e do Divino Espírito Santo são comemora-das 
até hoje. Em 2003 foi promovido o primeiro 
evento sem álcool na busca de uma coerência com 
os trabalhos de recuperação de dependentes que a 
igreja mantém. 
Há seis anos, nas Sextas-feiras Santas é realiza-da 
a encenação da Via Sacra, em que vivenciamos 
o ato da crucificação de Cristo. O cenário inicial é 
a Capela, mas o cortejo sai em direção à praia nas 
trilhas onde são relembradas as estações passa-das 
por Cristo. No alto das dunas acontece a con-sumação 
da crucificação. É a Paixão de Cristo vis-ta 
pela comunidade do Campeche. 
Acontecimentos como este são importantes na vida 
das pessoas que vivem aqui, pois muita coisa já não 
é como antes e o legado que passa para outras gera-ções 
tem outras características. A comunidade reli-giosa 
do Campeche vem tentando passar sua fé e 
sua história de geração em geração. Mesmo a festa 
do Divino Espírito Santo, com seu lado histórico a 
partir da cultura açoriana, para os católicos é um 
ato de fé e devoção ao Divino Espírito Santo. Tanto 
famílias nativas do Campeche quanto pessoas que 
vieram de outros lugares participam - alguns com 
espírito devoto e outros com espírito apenas festi-vo. 
Também há os que, na primeira semana após a 
festa, cumprem a tradição de visitar as casas de 
membros da comunidade. 
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  • 3. . 0 ( !# Pág. 3
  • 4. Pág. 4 Pág. 11
  • 6. '( Pág. 8 Há quase dois séculos a igrejinha reúne devoção e festividades da comunidade do Campeche A igrejinha São Sebastião foi construída em 1826 por escravos livres que viviam com Dona Maria Palmeira, uma senhora que viveu aqui, não tinha filhos e era proprietária de uma imagem de São Sebastião. Preocupada com a segurança da peça sacra, ela tomou a iniciativa de construir uma ca-pela, pois, assim, a imagem estaria protegida. Por isso São Sebastião é o padroeiro da igrejinha até os dias de hoje. Tombada como patrimônio histórico cultural pelo decreto municipal de n. 125 de maio de 1988, de lá para cá a igrejinha já passou por três restaura-ções. No passado, quem administrava a capela eram pessoas que integravam o apostolado da ora-ção, mas hoje a administração cabe a uma comis-são escolhida entre voluntários da comunidade. Muitas mudanças ocorreram desde a sua cons-trução. As festas, que eram muito mais freqüen-tes, não acontecem na mesma proporção. A festa de Santa Catarina, que era um evento muito gran-de, não acontece mais. Já as festividades de São Sebastião – o padroeiro, do Sagrado Coração de Jesus e do Divino Espírito Santo são comemora-das até hoje. Em 2003 foi promovido o primeiro evento sem álcool na busca de uma coerência com os trabalhos de recuperação de dependentes que a igreja mantém. Há seis anos, nas Sextas-feiras Santas é realiza-da a encenação da Via Sacra, em que vivenciamos o ato da crucificação de Cristo. O cenário inicial é a Capela, mas o cortejo sai em direção à praia nas trilhas onde são relembradas as estações passa-das por Cristo. No alto das dunas acontece a con-sumação da crucificação. É a Paixão de Cristo vis-ta pela comunidade do Campeche. Acontecimentos como este são importantes na vida das pessoas que vivem aqui, pois muita coisa já não é como antes e o legado que passa para outras gera-ções tem outras características. A comunidade reli-giosa do Campeche vem tentando passar sua fé e sua história de geração em geração. Mesmo a festa do Divino Espírito Santo, com seu lado histórico a partir da cultura açoriana, para os católicos é um ato de fé e devoção ao Divino Espírito Santo. Tanto famílias nativas do Campeche quanto pessoas que vieram de outros lugares participam - alguns com espírito devoto e outros com espírito apenas festi-vo. Também há os que, na primeira semana após a festa, cumprem a tradição de visitar as casas de membros da comunidade. )'
  • 7. * + Sr. Onofre: “ O fortalecimento da fé” D. Valdécia: “A marca do batismo, crisma, pri-meira eucaristia, casamento e espaço onde busco a energia divina para meu dia-a-dia” Emerson: “Marco das minhas origens religiosas” Inez: “ Não é apenas mais uma igreja. É uma his-tória viva de um povo que no seu passado sofrido colocava suas esperanças nas mãos de Deus. E hoje, nós católicos, buscamos a energia cósmica para forta-lecer nossa fé, nossa coragem para en-frentar os desafios que a vida moderna apresenta”. Inez Jalcira de Souza Nascimento ,-- % No mês passado o Movimento Campeche Qua-lidade de Vida encaminhou moções à 2ª. Conferên-cia da Cidade de Florianópolis solicitando o tom-bamento do ‘Casarão’ do Campeche como patrimônio histórico e cultural do município e pe-dindo que o Campo de Aviação passe para a guar-da do município como Parque Cultural, e que as definições de uso sejam feitas pela comunidade. Ao lado da Escola Brigadeiro Eduardo Gomes, na esquina das avenidas Pequeno Príncipe e Campeche, o que os antigos nativos chamavam “bâtiment” abriga atualmente a Intendência, uma família, e duas salas utili-zadas por um grupo de se-nhoras idosas. Em vez de mantê-lo como Patrimônio Histórico construído pela Compagnie Générale Aéropostale em 1927, a In-tendência instalou portões (para proteger-se do povo), construiu muros que impe-dem o acesso, e permitiu a construção de um puxado que desfigurou a antiga construção (mas serviu de vendinha de artigos de praia no verão retrasado). Até 1945 a casa foi residência do administrador e abrigo dos pilotos franceses. Em 89, o casarão foi cedido pela União gratuitamente à Prefeitura para uso social. Mas, no início do século, desapareceu de vez a pintura que caracterizava o lugar como “Centro Comunitário”. Neste inverno o trator da Intendência foi acio-nado para “limpar” a área do Campo para construír o novo Posto de Saúde do Campeche. Passou por uma sólida base quadrada de cimento ao lado do Clube Catalina, por alicerces de tijolos vermelhos maciços, e encontrou uma outra base quadrada de cimento. Nela subsistem enormes parafusos nos quatro cantos: eram as amarrações das torres da radio-telegrafia que deu segurança aos vôos da fa-mosa “Linha”, a primeira ligação de Correio Aé-reo França - Santiago do Chile. Alertada, a Gerência de Patrimônio da União pe-diu informações a estudiosos da história local e, a par-tir daí, o trator parou antes de eliminar os vestígios da “casa do telegrafista” onde trabalhou o sertanejo Odilon Muniz Barreto e cujos muitos descendentes moram por aqui. Um deslocamento de 20m dos ali-cerces históricos permitiu a preservação da história sem comprometer a construção do novo posto. Quantas histórias poderiam ser editadas e publicadas pelos servidores públi-cos sentados nas repartições cultu-rais e patrimoniais da municipalidade! Poderiam contar da parada técnica do primeiro Cor-reio Aéreo Rio de Janeiro – Buenos Aires saído do Rio em 27/11 e chega-do em Buenos-Aires em 3/12/1927. Foi o piloto Jean Mermoz, um herói nacional na França, que pilo-tou esta “Linha” por mais de um ano. Por iniciati-va própria ele iniciou os “vôos noturnos”: na 2a feira, 16 de abril de 1928 chegou no Campeche ao raiar do sol, saído à meia noite do Rio de Janeiro, após apenas uma escala na praia de Santos. Nati-vos acendiam três latões de querosene na praia de Santos e no campo do Campeche para guiar o avião. Nesta mesma época, o pai da dona Nicota levava outros “lampiões” no ombro para onde conhecemos como o “Morro do Lampião”. O famoso escritor Antoine de Saint Exupéry, di-rigiu a Aeroposta Argentina, baseado em Buenos Aires, de 12/10/29 até 31/1/31, e pousou algumas vezes no Campeche. Durante o descanso entre os vôos, conviveu com os ‘nativos’, sendo famosa a ami-zade com Manoel Rafael Inácio, o Seu Deca, con-tada no livro “Zé Perry e o Deca” pelo seu filho, Getúlio Manoel Inácio. Na época, Seu Deca, com 19 anos, foi levado pela curiosidade não só pelas máquinas voadoras, mas também pelos homens de “calça larga” e língua “enrolada”. A luta pelo Casarão é antiga. Em 1995, foi soli-citada a restauração, tombamento e uso social do prédio no orçamento participativo; em 1997, enti-dades reunidas no I Seminário de Planejamento do Campeche encaminharam o pedido à Funda-ção Franklin Cascaes, Câmara de Vereadores e à Prefeita. Em 2004, o MCQV, a AMOCAM, a Rádio Campeche e a APP da Escola Brigadeiro Eduardo Gomes reiteraram os pedidos. Em maio de 2005, um documento do IPUF encaminhado à Gerência de Patrimônio da União afirmava que o processo estava paralisado. Em 30 de maio, a solicitação de tombamento foi entregue de novo no evento “Pre-feitura nas Comunidades”. Esta luta pelo Campo da Aviação Francesa tem mais de 20 anos. Houve cartas enviadas a três su-cessivos presidentes da República. Em 2002, ameaçada de venda pelo Comando da Aeronáutica em Brasília, a área foi defendida através de repre-sentação no Ministério Público e ofícios aos órgãos públicos. Em 11/2003 foi entregue ao ministro das Cidades, Olívio Dutra, uma petição para uso pú-blico do Campo. Em 3/2004, a Secretária do Patrimônio da União e o Comandante da Base Aérea, junto com deputados federais, estaduais e vereadores, escutaram o desejo da sociedade no próprio Campo. Dali, uma comissão formada por 22 entidades da Planície do Campeche e o Coman-do da Base Aérea buscaram, junto a parlamenta-res catarinenses, verbas para construir um hospi-tal, um restaurante e um hotel para a Base Aérea, o que possibilitaria uma permuta com o Campo de Aviação para a comunidade. Comunidade insiste no tombamento do Casarão ,- Pág. 12
  • 8. FALA CAMPECHE setembro de 2005 FALA CAMPECHE setembro de 2005
  • 9. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ FALA CAMPECHE Uma Publicação dos Moradores do Bairro Participaram dessa edição: Antoninha Santiago, Silvio Costa Pereira, Maurice Bazin, Tereza Barbosa, Telma Pitta, Eva Carneiro, Raul Burgos, Roberto Malamud, Fernando Moraes, Karla Simm Tiragem: 5.000 exemplares -
  • 10. O Cursinho pré-vestibular gratuito teve uma procura além das expectativas: qua-se o dobro de candidatos es-perados. Esta iniciativa do Fórum Permanente de Saú-de e entidades do Sul da Ilha, e com apoio da Secretaria de Educação, UDESC, Colégio Autonomia e Eletrosul neces-sita agora de mais professo-res e mais apostilas. Colabo-re! Os candidatos a professo-res que estiverem cursando o último ano de graduação te-rão bolsa de estágio de R$ 200,00. O curso está sendo ministrado desde o dia 8 de agosto das 19h30 às 22h30 na Escola Básica do Rio Tavares (ao lado do TIRIO). Contatos com José Luiz, tel. 237 3714 ou 9142-1422; Janete tel: 9962-2524 ou Eva tel. 9921 8422 A ser imitado em outros b a i r r o s ! E - m a i l : grupodocursinho@campeche.org.br )
  • 11. *
  • 12. Mais uma obra ilegal au-torizada pela Fatma e Flo-ram, embargada em dezem-bro foi retomada em julho, apesar das inúmeras denún-cias da comunidade. Trata-se da canalização do caminho das águas que vem do Cam-po de Aviação e desemboca no Rio do Noca, frente ao Bar do Nunes. Numa área de restinga, a desembocadura do “Riozinho” forma um lago que trará mais poluição à praia. Obra encima de curso d’água é proibido. Ponto! Mas o pro-prietário insiste, ignorando que em 69 um barracão construído ali foi levado pelo mar numa destas chuvaradas. Por isso e mui-tas outras razões valeria res-peitar as Leis ambientais. * O posto de gasolina constru-ído em frente a Pedrita foi embargado por riscos ambi-entais e de segurança. Situa-do em nível acima da Lagoa Pequena, no local o lençol fre-ático está muito próximo à superfície. Sem estudos am-bientais preconizados pelo CONAMA, outra dúvida é o destino das águas e produtos utilizados, além de vazamen-tos ocasionais que correrão naturalmente para a Lagoa Pequena, área de lazer para a comunidade e de nidifica-ção de aves locais e migrató-rias. Outro dado preocupan-te para os moradores é a pro-ximidade com as explosões da Pedrita. Apesar de tudo, a FATMA, que deveria prote-ger o meio ambiente, não cumpriu as determinações legais e se manifesta favorá-vel ao empreendimento. Se o posto vier a funcionar, quem vai pagar pelos danos? A FATMA? Mais um gol-pe baixo na pai-sagem, na quali-dade de vida e no meio ambiente foi desferido con-tra a Lagoa da Conceição, seus moradores e visi-tantes. Trata-se da última área verde que está sendo loteada em frente ao TILAC, atrás do posto de gasolina. O lugar há anos era utilizado como cam-po de pouso para pilotos de asa delta e parapente, expul-sos do Morro da Cruz pela mesma especulação imobili-ária que enriqueceu alguns e desfigurou a paisagem de to-dos. Contrariando o Estatu-to da Cidade, a FATMA auto-rizou o condomínio em ques-tão. Indignados com mais este crime ambiental e soci-al, moradores, ambienta-listas e membros do Lagoa Clube de Vôo Livre e da Fe-deração Catarinense de Vôo Livre promoveram manifes-tações e abaixo-assinados. Mais um caso sem Estudo de Impacto de Vizinhança e sem audiência pública na comuni-dade. - - A Rua Cristóvão Luiz Martins (Rua do Bar do Mingas) é um dos poucos acessos públicos à praia. Como se não bastasse não ter calçamento e o esgoto escorrer a céu aberto, um morador cons-truiu rampas de acesso a sua re-sidência, desni-velando a rua. Com isso, as águas ficam empoçadas nas partes mais baixas, inundan-do jardins, impedindo a pas-sagem de pedestres e trazen-do riscos de doenças. Foi so-licitada à Intendência o nivelamento da rua. 123 Corre um zum-zum no bairro de que o Cezarium comprou o terreno quase em frente ao grande empreendi-mento Cezarium com 126 apartamentos, na Avenida Campeche. Pretenderia cons-truir uma pousada, outra ameaça ao rio do Noca, A Lei não permite construir a me-nos de 30 metros do rio e a menos de 300 metros da orla marítima. No empreen-dimento, os empresários co-locaram uma estação de tra-tamento do esgoto e contra-taram uma engenheira sani-tarista da comunidade para acompanhar a construção do projeto. Nisto estão de para-béns! Contudo faltam estu-dos de impactos de vizinhan-ça! O bairro não tem a me-nor infra-estrutura para mais 126 carros! Que respei-tem as Leis Ambientais que definem a paisagem, a natu-reza, os rios como direitos de todos os cidadãos e exigem um planejamento participativo, além de uma ocupação do solo que favore-ça o bem coletivo e não os lu-cros individuais. O Fala Campeche retorna num momento de desilusões e descrenças para chamar os moradores a olharem ao redor e reagir! Vende-se tudo! Aqui, casas e terrenos. Lá, coligações e votos. E reciprocamente, lá e cá! As elites governantes e tecnocratas locais não imaginam políticas de desenvolvimento da cidade apoiadas em conhecimentos concretos da realida-de, e em favor do interesse coletivo. Inventam uma série de mutretas para favorecer amigos: os donos dos transportes coletivos, os donos de terrenos, os donos da construção civil, do turismo,... vale apenas o lucro individual. Neste intuito, assinam decretos e votam leis (muitas vezes inconstitucionais, contra o texto magno que define o interesse público para o povo) para apoiar iniciativas comerciais dos grandes capita-listas locais ou facilitar a entrada dos de fora. Com isto, vai o capital público da nossa cidade, suas ca-racterísticas não urbanas, aquela “beleza sem par”. Aterram-se banhados, mangues, rios, lagoas, autoriza-se loteamentos, prédios, outdoors, postos de gasolina, antenas de celulares, subestações elétricas em qualquer lugar. E nenhuma infra-estrutura social como praça, centro cultural, biblioteca, cine-ma, teatro, lazer, espaço social e comunitário, correio, etc. Afloram na cidade a marginalidade, a delinqüência, o tráfico de drogas, atropelamentos, pequenos e grandes crimes, privatização da paisagem e dos acessos à praia. A mídia televisiva nos isola uns dos outros, nos prende à telinha com suas novelas, catástrofes e valores sem ética, e acabamos pactuando com o individualismo dinheirista. Nes-te contexto, uns ganham 80 a 1800 Reais por mês para alu-gar espaços que serão poluídos e enfeiados por anúncios, outdoors, antenas ou, quem sabe, subestação elétrica? Vive-mos estas contradições! Neste FALA trazemos ponto e contraponto: a transfor-mação ilegal do bairro acobertada pelos órgãos ambientais em conivência com o Legislativo e Executivo e as atividades da sociedade civil organizada da Planície do Campeche que tenta reverter o quadro caótico dos bairros. Acorda Campeche! Todos têm que fazer sua parte, soci-alizar seu conhecimento e buscar soluções para problemas que crescem dia a dia. Participe ! Mude, encontre-se com ilhéus novos e antigos, engenheiros, poetas, médicos, profes-sores e todos os que trabalham pela dignidade e qualidade de vida. Temos que sair do individualismo e discordar deste modelo arcaico de produzir riqueza destruindo a beleza, a vida, a cultura. Diga que é a favor de uma cidade onde pre-valeça a justiça e o bem coletivo. O Fala Campeche é uma das vozes da comunidade, aberto à participação de todos. Contatos com Tereza 237.4376 e Maurice 237.3140 2 - Escutou-se no rancho de pesca do Getúlio na Praia do Campeche. Agora “é clima de verão”: o vento continua do Norte há mais de uma semana. Espe-ra- se o vento virar; quando é do Sul a tainha se aproxima da costa na sua viagem da Lagoa dos Patos. “A tainha gosta do frio. Ela é fresca!” diz um dos pescadores que observam o mar manso, manso. Uma bandeira branca flutua no pico da duna ao lado, avisando os surfistas que a praia, durante a “safra”, é dos pescadores artesanais; que por enquanto surfar está liberado apenas do lado Norte do Bar do Chico, acima da Vala. Este acordo , feito entre as Associações de Surfistas e de Pes-cadores Artesanais alguns anos atrás, pôs fim às brigas feias que dividiam jovens e antigos. O Fala Campeche se orgulha de ter sido testemunha no nascimento deste acordo. A canoa está na praia, sobre a areia; tra-balhou bem durante suas cinco saídas; nos cinco lances deste ano os pescadores do Pontal “mataram” mais de oito mil tainhas, o dobro do ano passado, e a “safra” ainda não acabou. Do lado do Chico Doca con-seguiu- se um lance de 2.675 tainhas numa sa-ída só, com uma canoa e uma rede. O ano passa-do foi pouco também.
  • 13. ! “Nos no tempo de mo-leque, isto aqui dava peixe pra caramba. Um dia ali, meu pai, o Herminio, que faleceu com 95 anos, meu pai foi pescar. Chegou ali adi-ante, ferrou um peixe, peixão grande, rapaz, pei-xão grande. Era aquela miraguaia. Meu pai co-meçou da uma e meia da manhã, da madrugada, veio aqui, o peixe trouxe meu pai aqui no bico do Pontal, levou meu pai outra vez lá perto do Bar do seu Chico lá, lá encima lá, trouxe meu pai aqui e, quando botou o peixe na terra, era mais ou menos três horas da tarde. O peixe dava mais ou menos uns dez quilos. Passou trabalho para pe-gar naquele espinhelzinho de linha. Então a gen-te falava “tenteia, tem que tenteiar” para a linha não arrebentar. O peixe puxa lá, você puxa aqui, arrebenta. Tenteiar é economizar para não arre-bentar - senão estoura.” !!!!!!!!!!!!!! O seu Hélio do Campeche contou e ‘o Professor’ corrigiu, ao esmiuçarem juntos a história do car-roceiro do Itacorubi: “Ele ia comprar tainha no Campeche para depois negociar por aí. Colocou caixas na carreta, botou o cachorrinho ao lado dele e partiu. Já estava escu-recendo quando chegou bem no portão do cemité-rio. O cavalo olhou para o cemitério e empacou. E o homem batia neste cavalo e dizia “Vamos meu Louro”; o nome do cavalo era ‘Louro’. Ele deu duas lambadas no cavalo, para o cavalo andar. Não ti-nha jeito. E o Louro cansado de tanto apanhar, vi-rou- se e disse: “quer parar de bater; porque daqui não vou passar não. Na frente do cemitério não passo”. E o cara: “olhó, olhó, lhó, lhó... pô, nunca tinha visto um cavalo falar”. Aí o cachorrinho ba-teu com a patinha, pegou e disse: “nem eu!” !!!!!!!!!!!!!! Dois compadres, cada um na sua canoinha, fo-ram remando e tal, pescando. Chegaram assim fora pescando; a mesma isca, tudo a mesma coisa. Es-tava pescando ali. “Olá compadre, a pesca aqui tá boa”, e coloca na canoinha o peixe. E o outro lá, nada. Ele botava outra vez... “Ola compadre, ou-tro!” E o outro compadre lá, nada. Aí o compadre fala: “até logo, eu vou embora porque já deu pra mim.” E o dito cujo ficou no mar ainda. Aí ele fa-lou assim “poxa, se São Benedito fizesse um mila-gre de eu matar uns peixe eu dava metade para ele. Foi só botar o anzol na água e já vinha peixe e tal, e deu.” Aí ele vem remando, chegou assim na quebrança e disse: “pô! São Benedito não bebe, não fuma, para que que São Benedito quer o peixe?” Canoa virou; canoa virou, meu caro. Daí ele na-dou, chegou aqui na praia e ele disse “puta, São Benedito, não posso nem fazer uma brincadeira!”... !!!!!!!!!!!!!! Tem um cara alí, no Morro das Pedras, o Vitor da Dona Noca . Ele foi tirar isca para dar uma linha-da de noite. Aí ele foi pescar, água muito clarinha. Vinha de tirar isca. E quando chegou no mar as-sim, num reguinho assim, olhou: uma arraia; tava bem assim na beirinha. Aí ele, pô, para ir em casa, buscar a tarrafa... quando che-gasse aqui, ela não está mais. Com enxadinha de cabinho cur-tinho; aí ele pegou, largou a lati-nha da isca cá na praia e foi de-vagarinho com a enxada. Chegou lá, pá! Deu uma lambada na ca-beça da arraia. A enxada cravou na cabeça da arraia. Aí a arraia começou a bater, e escapou o cabo da mão do cara. Aí, lá foi a ar-raia e ele vendo o cabinho da enchada indo até mais adiante. Cá pouco ela pegou o fundo e ele não viu mais. Aí, ao cabo de quin-ze dias essa arraia foi pega, sabe aonde meu caro? Lá em Garopa-ba com a enxada cravada na ca-beça. Aí conversa vai, conversa vem, aí era a enxada do filho da Dona Noca que estava cravada na cabeça da arraia!!! !!!!!!!!!!!!!! Esta, o cara contou, contou para nós. Mas eu en-tão falei para ele: Estava um rapazinho nosso aqui. Estava afora tomando banho com a máscara. Era o Baiá, o Baiá do minimercado. Chegou ali, tava dando uma olha-dinha; viu um linguado. Era bonito; aí mais ou menos, pela frente aqui. Aí o Baiá chegou, veio, saiu da água, correu em casa, pegou o arpão. E chegou ali, olhou, o linguado estava quase no mes-mo lugar. Aí deu uma arpoada ali... rabou. A se-gunda vez ele deu, pegou. Deu, parece, sete kilos e cem gramas, o linguado! Eu contando para o Vitor, o cara de lá, que o Baiá tinha pegado alí, na frente alí; então ele pen-sou que era minha mentira. Mas a do Baiá foi ver-dade. Você pode perguntar ao Getúlio alí, ou al-guém alí; pegou alí. Culinária variada, saborosa Casarão Vida Natural e de qualidade
  • 14. Rua da Corticeiras, 153 - Tel: 338.2302 Horário: 9 à 21 h. e domingos das 10 às 20 hs Av. Pequeno Príncipe, 1267 Noely Maria Pompermaier Rotunno Farmacêutica Responsável 237 3077 Av. Pequeno Príncipe, 1697 - Campeche
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  • 17. FALA CAMPECHE setembro de 2005 setembro de 2005 FALA CAMPECHE No ar desde o dia 2 de abril deste ano, a Rádio Comunitária Campeche FM 104,9 é a primeira emissora comunitária a obter licença para funcio-namento em Florianópolis. E se por um lado essa notícia é boa para a comunidade do Campeche, que passa a contar com uma rádio que pode ser feita por seus próprios moradores, por outro mostra que isso levou seis anos e meio, ritmo por demais lento para fazer valer o direito de transmitir informa-ção e música para a comunidade. Hoje a Rádio Campeche está transmitindo em caráter experimental, porque ainda não possui um local definitivo para funcionar, com estúdio, ope-rador, água, luz, espaço para instalar a antena de 30 metros de altura. Funcionando a partir da casa de um dos associados, transmite muita música e pouca programação ao vivo. A maioria das infor-mações veiculadas hoje são pré-gravadas, como as inserções sobre o Estatuto da Cidade ou o direito de crianças e adolescentes. Mudar essa situação é uma das me-tas da nova diretoria, eleita no dia 30 de julho. Isso passa por obter um local para montar os estúdios da Rádio. Mas depende também da reaproximação das pessoas que vivem na região com os afazeres diários da emissora comu-nitária. Afinal de contas, há muitas tarefas por serem realizadas e - por enquanto - um grupo reduzido de mo-radores em atuação. Mesmo com poucos meses de funcio-namento a Rádio já iniciou um projeto junto à Escola Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes. O objetivo é estimu-lar os estudantes - no caso, alunos da oitava série - a realizarem programas para serem transmitidos pela Rádio. Junto à criação dos programas, busca-se estimu-lar a leitura e uma reflexão crítica sobre os meios de comunicação e sobre e comunidade na qual mo-ram. Em breve estarão sendo transmitidos os pri-meiros programas feitos pelos jovens. Busca-se com isso também mostrar que fazer sua própria comu-nicação é uma tarefa possível, não complexa, e re-alizável por qualquer cidadão, qualquer morador do bairro.
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  • 19. Embora não tenha sede, a Rádio Campeche já possui um telefone para recados: 201.1530. Atra-vés deste número, que funciona como uma caixa postal, os ouvintes podem pedir músicas, deixar recados de utilidade pública para serem divulga-dos pela Rádio, entrar em contato para dar Apoio Cultural, enviar críticas, sugestões ou pedidos de filiação, assim como enviar recados para a Associ-ação de Moradores do Campeche (Amocam). Outra forma de falar com a Rádio é através do endereço eletrônico radio@campeche.org.br.
  • 20. A partir de outubro será realizada uma reunião mensal da Rádio Campeche, sempre na primeira quinta-feira do mês, a partir das 19 horas, na Es-cola Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes (R. Pe-queno Príncipe). Nestas reuniões são decididas as ações necessárias, e apresentados os trabalhos re-alizados pela diretoria da Associação. É importan-te a participação de todos os sócios da emissora, bem como de todas as pessoas que queiram fazer parte da Rádio.
  • 21.
  • 22. Sancionada em 19 de fevereiro de 1998, a Lei 9.612 define que podem operar rádios de pequeno alcance associações comunitárias criadas para este fim específico. Cinco meses fo-ram o fermento necessário para que fosse realizada no Campeche a primeira reunião de moradores para discutir a criação de uma rádio comuni-tária. Para isso era necessário um estatuto, diretoria, burocraci-as e formalidades, carimbos e assinaturas. Fundada no dia 7 de novembro de 1998, a Asso-ciação Rádio Comunitária Campeche só foi protocolar a demonstração de interesse em executar serviços de radiodifu-são comunitária em 14 de ja-neiro de 2000, cerca de um mês depois que o governo federal publicou o aviso de que estava recebendo manifestações de interesse de entidades comunitárias que desejassem reali-zar serviços de radiodifusão comunitária. A auto-rização de funcionamento demorou anos, e só saiu no início de 2005. )'-/ ( 4 5
  • 23. * O fim do horário de trabalho coincide com o anoitecer. Proprietários de automóveis deixam o centro pelo túnel e correm de Fórmula Sul pela Expressa até o Trevo da Seta equipado com sina-leira tecnológica de múltiplas luzes que se aproxi-mam uma da outra pinçando o tempo e anuncian-do a emoção da (re)partida. Cada mo-torista tenta ficar na frente e começa a ace-lerar assim que o par vermelho inicia sua aproximação. Porém, algo brilha no horizonte na sua frente: um enorme placar luminoso re-tangular, montado por cima dos tetos das casinhas que sobreviveram à modernização rodoviária. Amarrado num pilar de aço preto, gordo a ponto de lembrar colunas desenhadas para resistir ter-remotos em San Francisco (in Califórnia, that is), ele mostra uma lata luminosa, deitada e borbulhante de Coca Cola que resplandece no pro-gredir do escurecer. Todo o trânsito dá uma voltinha para retomar a estrada para o Sul, passando a lombada da ofici-na elétrica e a outra do açougue. Chegando no Tre-vo do Rio Tavares distingue-se o Posto Gallo à es-querda, a farmácia e a locadora com cartazes dos últimos filmes lançados globalmente. Em frente até o “Stop”. À frente, destacando-se do morro es-curo, surge outra placa luminosa, gritando na sua enorme superfície amarela: “Nantai Motel” com seta para a direita. Tudo que faz ser “urbano” e “suburbano” tam-bém chegou por aqui. Cada um contemplará estes “outdoors” luminosos e sentirá os apelos globais da Ilha pósmoderna que foi ecológica. Todos os sinais estão abertos... 1-4#4 4% ** A AMPA, fundada em 29/02/84, é a mais antiga associação de moradores da região do Campeche - Morro das Pedras. A comunidade, majoritariamen-te de baixa renda, começou com a fixação de um jovem casal de artesãos no final dos anos 70. Em poucos anos iría se constituir um pequeno aglo-merado de casinhas. Naquela época era comum empresários da cidade comprarem terras na re-gião pensando em loteamentos e condomínios fu-turos (hoje já realidades). São quase 600 morado-res em 142 familias. A área pertencia à família Berenhauser, e teve solicitada a reintegração de posse em 1983. Com isto, ocorreram sucessivos conflitos entre moradores e proprietários, fatos ilustrados por crianças da comunidade no livro “Unidos para Vencer” (Ed.UDESC, 2002): “Certo dia, a comunidade foi invadida por homens desco-nhecidos.... carregavam armas e traziam cães, locomovendo-se rapidamente com o auxílio de jeeps [...] Tais homens passaram a rodear a comunida-de por alguns dias [...] A princípio, os moradores da comunidade não entendiam o porquê daqueles homens estarem ali [...] Após algum tempo, as fa-mílias concluíram que aqueles estranhos tinham por objetivo expulsá-los da terra”. Neste conflito foi criada a AMPA para defender e representar a comunidade. Apelou-se para a justiça. Em 1995, num acordo com os proprietários, o prefeito Sérgio Grando desapropriou uma área de 29.000 m2. Al-gumas famílias que se encontravam fora da área desapropriada foram realocadas, em regime de mutirão, naquele espaço. O acordo previa o paga-mento da prefeitura aos proprietários e o valor seria reembolsado pelas famílias à prefeitura, em parcelas. Mas a prefeitura nunca pagou e os pro-prietários entraram novamente com ação de rein-tegração de posse. Em 2000, a comunidade conse-guiu da Caixa Econômica Federal o compromisso de financiar o pagamento da terra e descontar de 4-% Num espaço do Campo de Aviação, mais preci-samente no local de prática de aeromodelismo, está sendo marcada uma área que parecia ser um cam-po de futebol, mas há marcas de pneus de carro com “cavalos-de-pau”. Importante lembrar que o Campo de Aviação vem sendo reivindicado há anos como espaço publico comunitário para criar ali o Parque Cultural do Campeche (PACUCA). O pro-jeto do parque já teve aprovado financiamento pelo Ministério do Meio Ambiente e em breve a comu-nidade será chamada para elaborar o desenho. $*' A lagoa pequena está abandonada ao mato, lixo e sem manutenção. Nem a Prefeitura, nem o Mi-nistério Publico Estadual (responsável pela ação civil publica) estão fazendo valer a decisão da justiça de d e m a r c a r a área do Par-que no entorno da lagoa como espaço publico real. Banquinhos, 4'67 *
  • 24. Em audiência publica, na Câmara de Vereado-res, o presidente da CASAN afirmou que as 150 mil pessoas abastecidas pelo Aqüífero poderão fi-car sem água, se este não for preservado, pois não há recursos para trazer água de outro lugar. A atual vazão de 350 Litros/s está no limite. A engenheira Cristina Nunes alertou sobre as fontes de conta-minação: o uso indiscriminado de ponteiras clan-destinas, as fossas negras, e o uso de agroquímicos no Campo de Golfe do Costão do Santinho. Apon-tou a necessidade de uma rede de esgoto para pre-servar a balneabilidade das praias. Na audiência solicitou-se a criação de uma Guarda Municipal de Proteção Ambiental, capacitar a Guarda Muni-cipal ( O Prof. Christian Caubet voluntáriou 60 horas/ano), e enviar um vídeo da audiência ao juiz Edgar Lipmann de Porto Alegre que está julgando a ação civil publica contra o Campo de Golfe do Costão do Santinho. )
  • 25. 8 Mas ficaram aliviados quando descobriram que a rua saiu do projeto “tapete preto” porque este não inclui a instalação de drenagem, nem terraplanagem para fazer calçadas. A mera camadinha de asfalto é tapete mesmo e já se des-faz pelas bordas em São José. Mas há uma propos-ta melhor: saiu um edital no dia 18 de agosto para empresas habilitarem-se no programa Pró-Pavi-mento da Secretária de Obras. Neste programa é possível fazer a drenagem e terraplanagem, além de pavimentação com lajotas, que é o desejo dos moradores. Este tipo de calçamento além de mo-derar a velocidade dos carros, não impermeabiliza o solo. A SUSP aguarda empresas que se habili-tem na utilização de lajotas. LAJOTAS já, Senhor Secretário! Como exemplo de respeito a mobilida-de justa, poderia colocar uma faixa para os nume-rosos ciclistas que moram na rua e redondezas, e que diariamente serpenteiam entre os buracos, furando pneus nos pedregulhos que a Intendência despejou por aí ... 9
  • 26. -2
  • 28. 8 No dia 21 de maio ocorreu a 1ª Pedalada da Saúde, organizada pelo Conselho de Saúde da Fazenda do Rio Tavares. Os ciclistas que deram a volta ao morro do Lampião contaram com policiamento pois a insegurança e as dificuldades de locomoção por aqui são enormes: os pedestres, ciclistas e portadores de necessidades especiais disputam diariamente o espaço com os veículos motorizados. Sem calçadas, si-nalização ou acostamentos nas vias foram registrados neste último ano, quatro mortes e 118 pessoas feridas num trecho de 8 km da SC 405, sem contar aqueles que diariamente são atendidos nos centros de saúde locais, sem registro policial. Participaram quase 100 ciclistas, de todas as idades, experientes e iniciantes, gente equipada com capacete, garrafinha d’água e mochilinhas. Foi emocionante, mesmo com as dificuldades em manter o pessoal na pista correta e coletar os copinhos plásticos jogados no chão pelos ciclistas, no percurso. Mas nada disso fez diminuir a animação e em alguns pontos, a pedalada foi aplaudida. A chegada foi muito bacana. Sorrisos e o sentimento de ter dado o recado. Circulou um Manifesto por uma Mobilidade Segura e Saudável, com coleta de assinaturas. Cópia do relatório e abaixo assinado foi encaminhado ao Prefeito no evento “Prefeitura nas Comunidades” e a outros diri-gentes municipais, IPUF, legisladores e lideranças públicas. No dia catarinense sem carros, 22 de setembro, serão feitas 3 mobiliza-ções a favor da mobilidade segura e justa para todos: na Lagoa da Concei-ção, no Norte e no Sul da Ilha. Partici-pe, vá de cadeira de rodas, bicicleta ou a pé, manifeste-se. Deixe seu carro re-pousar. forma parcelada das famílias moradoras; a PMF deveria ser avalista do financiamento. A prefeita negou o aval. Em 2004, o advogado dos proprietá-rios comunicou à AMPA, frente a um representan-te do atual prefeito, que não reivindicaria mais a posse da terra, e sim o pagamento dela. Hoje, es-tão sendo encaminhadas as tratativas dos financi-amentos da terra pela CEF entre a comunidade, os proprietários e a prefeitura. Os moradores sofrem com a falta de infra-es-trutura, escolas, formação, qualificação de mão de obra, creches, ruas, calçadas e lazer, e a AMPA ar-ticula projetos dirigidos a este universo. O Pro-grama de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) é desenvolvido em parceria com a PMF e atende 23 crianças de 7 a 14 anos com reforço escolar. O Projeto APLISYA dirigido ao ensino de balé (cri-anças de 4 a 15 anos) tem 28 crianças e se orgulha da sua apresentação no Teatro Álvaro de Carva-lho. O Projeto Agente Jovem financiado pelo Mi-nistério do Meio Ambiente, atende 25 adolescen-tes (15 a 18 anos) na área de educação ambiental. A AMPA participou do projeto “Criança não é ris-co, é oportunidade” com a UDESC, o que resultou no livro “Unidos para vencer...”. Com o Departa-mento de Arquitetura da UFSC, a AMPA criou um projeto de urbanização da área, premiado nacio-nal e internacionalmente. Contato com a Presidente da AMPA, Angela 237 9697, ou Luiz 338 8029. #
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  • 41. FALA CAMPECHE FALA CAMPECHE setembro de 2005 setembro de 2005 : !!! Depois da Revolta da Catraca, em julho de 2004, quando a população se levantou contra os abusivos preços das tarifas de ônibus e derrubou um reajuste de 15,6%, sabe-se pelo clima que a cidade não será mais a mesma. Houve uma interessante alteração na correlação de forças na capital, em que o movimento estudantil se destacou como um importan-te ator. Um ano depois, o segun-do ato! Florianópolis, nada será como antes... Na raiz do problema do trans-porte coletivo está a concepção do modelo e o entendimento po-lítico que se faz dele. O transpor-te coletivo é visto, na ampla mai-oria dos centros urbanos desse país, como uma grande merca-doria, uma fonte bastante ren-tável para o enriquecimento de grupos familiares, geralmente ligados ao que há de mais con-servador e atrasado nas socieda-des, ou seja, as oligarquias, pro-vincianas e reacionárias. Recentemente, o sr. Waldir Gomes, presidente do Sindica-to das Empresas de Transporte Urbano (SETUF), deu uma entrevista muito ressentida à emissora afiliada à Rede Globo, afirmando que a passagem de Florianópolis é uma das mais baratas do Bra-sil, e que o verdadeiro problema do transporte co-letivo é político, de gente que se empenhou em di-fundir essa questão na sociedade. Guarda certa razão a afirmação do dono da Insular TC. Da par-te do Movimento Passe Livre, ator desse cenário, hora coadjuvante, hora protagonista, pretendemos tornar esse debate cada vez mais político, e cada vez menos técnico. Não se trata de uma jornada ideológica, ou mo-ral, contra determinadas famílias, atores políticos, ou empresários capitalistas arcaicos, trata-se de um novo ascenso do movimento social, uma de-monstração de resistência e de imposição a certos limites da exploração. Numa sociedade de classes, a fórmula de uma sociedade dividida entre explo-rados e exploradores torna-se bastante evidente #- ) *
  • 42. 7
  • 43. Associações e movimentos do Sul da Ilha, em parceria com órgãos públicos (estadual e munici-pal), construíram ao longo de quatro anos, em reu-niões periódicas, uma proposta de solução para o Saneamento Básico do Sul da Ilha. Estudos, aná-lises, pesquisas e exaustivas discussões entre vo-luntários da comunidade e dos órgãos envolvidos possibilitaram um levantamento aerofotogramé-trico (IPUF) e a elaboração de projetos para trata-mento de esgotos (CASAN). Na Planície Entremares (do Morro das Pedras e Tapera até o Porto da Lagoa) estão projetadas: uma rede coletora (RC), 8 estações elevatórias (EEL) e uma Estação de Tratamento de Esgotos (ETE). Rede Coletora (RC): Sistema de tubulação em rede que coleta o esgoto das residências, correndo debaixo das ruas. Estações elevatórias (EEL): Serão 8 pequenas construções munidas de bombas para coletar e im-pulsionar o esgoto dos domicílios para a ETE: uma na SC-405, uma no Jardim Castanheiras, uma ao lado da Lagoinha da Chica, uma na Servidão Manuel Inácio (próximo às dunas); uma na rua Tereza Lopes (Areias); uma na Rua Pérolas (final da Gramal), e uma na Avenida Pequeno Príncipe com a Gramal. Estação de Tratamento de Esgotos (ETE): Estará num terreno da CASAN na Cachoeira do Rio Tavares. As cotas altimétricas variam de 2 a 5m e o lençol freático de 1 a 2m de pro-fundidade. O solo é orgânico e encharcado, com partes de mata nativa, cultivo de cana, banha-do e aterro. A área para a construção será de 360.500 m² com solos de compacidade média a boa; a região é entrecortada por um córrego, afluente do Rio Tavares. O tratamento dos esgotos é feito por: Gradeamento - o esgoto passa através de duas grades (de 25mm e 6mm) e escoa através de uma calha (Parshall) até o desarenador. Desarenação – o líquido escoa numa caixa de areia (diâmetro 4,28m e altura 5,50m) que sedimenta os sólidos orgânicos e a areia que che-gam ao sistema. Caixa de Gordura – O esgoto chega numa caixa de gordura, onde é aerado por bombeamento du-rante 15 minutos. A gordura é removida mecani-camente e conduzida a uma caçamba com tampa. Tratamento Biológico Anaeróbio – O Líquido é lançado em duas bacias (20mx20m) percolando len-tamente até a saída. No percurso, sem oxigênio, ocorre a degradação anaeróbia dos resíduos (uri-na, fezes) liberando gases como o metano que de-verá ser queimado, e CO2. Após este tratamento restam 30% de carga poluente. Filtro Biológico – O líquido tratado percola so-bre materiais adstringentes formando limo ou lodo, rico em microorganismos decompositores e é leva-do para um decantador. O excesso de lodo se de-canta e segue para o adensador de lodos, por gra-vidade. Após secagem, o lodo será encaminhado ao Aterro Sanitário ou poderá ser aproveitado na agri-cultura, após neutralização com cal. A retirada de lodo do adensador ocorrerá somente após 6 meses do início da operação. Sistema de Desinfecção – Os microorganismos restantes são eliminados com radiação ultra viole-ta (UV) garantindo valores inferiores a 2000 coliformes fecais (bactérias do aparelho digestivo) em 100 mL (mínimo exigido por Lei). O efluente final passa por um sistema de raízes de plantas aquáticas (macrófitas de várias espéci-es) com três zonas húmidas de 50.000 m², onde são retirados os nutrientes (como nitrogênio e fósforo) evitando a eutrofização do rio Tavares. Na Baixa Temporada o sistema atenderá uma população de 3.000 habitantes hoje, a 80.000 ha-bitantes em 2025. Na alta temporada o sistema atenderá uma população de 4.500 habitantes hoje, a 100.000 habitantes em 2025. O custo da obra será de 28 milhões de Reais sem os custos dos estudos de impacto ambiental e dos relatório de EIA e RIMA. A CASAN é respon-sável pelos EIA/RIMA e deverá efetuar audiências públicas antes do inicio das construções. B- - 55
  • 44. Os investimentos em saneamento têm um efei-to direto na redução dos gastos públicos com servi-ços de saúde. Segundo a Fundação Nacional de Saúde, para cada Real investido no setor de sane- amento economiza-se R$ 4,00 em gastos de medi-cina curativa. C O Movimento reúne-se na primeira segunda-feira de cada mês, no Parque Municipal da Lagoa do Peri, sempre as 20:00 horas. 4*
  • 45. %
  • 46. As planícies arenosas tanto no norte como no sul da ilha de Santa Catarina acumulam as águas das chuvas, rios e riachos formando grandes reservató-rios subterraneos de água (lençol freático) que são utilizadas para o abastecimento da população. É assim no Campeche, Pântano do Sul, Armação, In-gleses, Jurerê. Nestas planícies, o lençol freático fica a menos de um metro da superfície, em alguns lu-gares as águas afloram formando lagoas, como as lagoas Pequena e da Chica. A ocupação des-tas planícies por residências, prédios e estra-das impermeabiliza o solo, impedindo a in-filtração das águas para o sub-solo; soma-se a isto a construção de fossas inadequadas ao solo encharcado favorecendo a mistura en-tre esgotos e as águas do sub solo, que mui-tas vezes escorrem pela drenagem das ruas, trazendo contaminação e mau cheiro. Os li-xos nos córregos, esgotos a céu aberto e ou-tros dejetos aumentam e agravam o proble-ma com o crescimento da ocupação. Cada metro cúbico de água utilizado produz outro metro cúbico de esgoto sanitário, que veicula doenças como verminoses, hepatites, diarréi-as, micoses e outras mais graves como a có-lera, o tifo e a poliomielite. O atendimento das populações com água tratada sem o cor-respondente investimento na coleta, trata-mento e disposição final do esgoto produzido é in-compatível com o desenvolvimento sustentável e a manutenção da qualidade de vida. A ocupação e especulação imobiliária sem planejamento de uso do solo leva à contaminação do lençol freático e ao colapso do abastecimento da região sul que conta-ria apenas com a lagoa do Peri para seu abasteci-mento. São urgentes as obras de saneamento bási-co, drenagem e proteção ambiental que evitem o irreversível comprometimento dos aqüíferos. A con-dição insular e o abastecimento com águas subter-râneas precisam ser considerados no planejamento e nos investimentos imediatos. Daí a necessidade de um Plano Diretor que evite desastres ecológicos, impeça a contaminação das águas e a impermeabilização do solo, um Plano que aproveite o trabalho do Movimento SOS Esgoto Sul da Ilha. no caso de alguns serviços específicos, que deveri-am ser vistos como de responsabilidade do Esta-do, mas que acabam sendo concedidos para a ex-ploração privada, pautando a sua lógica única, e exclusivamente, na ampliação da margem do lu-cro dos empresários do setor. É exatamente assim que funciona a lógica do transporte coleti-vo de Florianópo-lis. Quase todo debate que surge em torno dele sempre visa des-cobrir qual é a forma mais tran-qüila e rentável para a ampliação da margem de lu-cro dos empresá-rios. A questão chave é que boa parte das pessoas que participaram dessa segunda edição da Revolta da Catraca, e a parte que se orga-niza politicamen-te, sequer aceita a idéia de se ter empresários no setor do transpor-te coletivo, que dirá aumentarem suas margens de lucro sobre o salário suado dos trabalhadores. O transporte coletivo urbano pre-cisa começar a ser visto como servi-ço público essencial para o desen-volvimento da sociedade. Como ins-trumento fundamental para garan-tia do direito à igualdade de condi-ções, de acesso às oportunidades. Precisa ser visto de acordo com os interesses da coletividade, do bem público, e como tal, gerido pelo po-der público. Num sentido clássico, pensado como coisa pública, assim como é, ou deveria ser, a saúde e a educação. Essa é uma idéia que custa caro demais aos empresários do setor. Já dissemos a eles: invistam seus re-cursos em outros setores da econo-mia, que plantem soja no Rio Gran-de do Sul, que desenvolvam softwa-res em Joinville, o transporte cole-tivo urbano de Florianópolis chegou ao seu limite de exploração. Foram 278% de reajustes nos últimos oito anos. Revoltas não são gratuitas. Há situação objetiva bastante concreta para isso. O Movimento Passe Livre apenas contribuiu no for-talecimento das condições subjetivas, ou seja, do ponto de vista da organização, da ousadia das ações, de riscar o fósforo, quando o rastilho de pól-vora já estava dado pela exploração das próprias empresas. Um terceiro ato dessa revolta já se prenuncia. O prefeito Dário Berger tentou fazer queda de braço com o Movimento Contra o Aumento das Tarifas, e viu-se derrotado. No entanto, continua adotando uma postura extremamente arrogante em relação ao movimento social. Tampouco se deu conta da profundidade do debate apresentado, que reivin-dica, em última análise, a municipalização do transporte coletivo e a tarifa zero para todos os usuários como metas estratégicas, e que tende a ganhar força, porque, afinal, o precedente da vitó-ria foi aberto, por duas vezes seguidas. Mais que isso, o precedente da organização popular, da rua como espaço legitimo de mobilização, e do lugar de se fazer política. A verdadeira representação está nas ruas, e hoje ela é nossa! Marcelo Pomar é historiador e militante do Movimento Passe Livre B *
  • 47. '2 '2 - * D$*' ?,
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  • 50. FALA CAMPECHE setembro de 2005 setembro de 2005 FALA CAMPECHE Lá na única curva da Pequeno Principe está a SEOVE, sua creche e asilo de idosos. Neste lugar, também cada um de nós pode participar de ativi-dades ao ar livre. Num pátio de compostagem, vo-luntarios transformam resíduos orgânicos em adu-bo. São 2 mil quilos de resíduos por semana. Pode-Às se aprender a tecnologia; basta ter boa vontade. Visitas individuais são sempre bem-vindas. Es-colas devem ser agendadas com antecedência para terças às 8:30 da manhã ou sextas às 14:30. Telefones para contatos 2373405 ou 99677042 com Ubiratan, ou 2374056 com Luis. No dia 7 de maio tomou posse a nova diretoria da AMOCAM (Associação de Moradores do Campeche) para o biênio 2005/2007. A nova diretoria ficou assim constituída: Presidente, Adir Plácido Vigânigo; Secretária, Janete Tei-xeira; Diretor de Finanças, Isabel Bampi de Souza; Diretor de Transportes e Obras, Robson Mariano de Avelar; Diretor de Meio Ambiente, Saúde e Sane-amento, Ataíde Silva; Diretor de Educação e Cultura, Márcia Gil Barddal e Diretor de Divulgação, Graciane Sartori Gil. A AMOCAM se reúne na Escola Básica Brigadeiro Eduardo Gomes no se-gundo sábado de cada mês às 16 horas. Contato: 338 4802. quintas-feiras às 13:30 a CASA DA COLINA abre gratuitamente em seu jardim o ESPAÇO PARA O BRINCAR, espaço de lazer para pequeninos menores de 4 anos, acompanhados de seus pais ou responsáveis. É um ambiente seguro, onde três acolhedoras pessoas estão sempre à disposição para escutar, conversar e brincar, garantindo o prazer de estar em contato com outros, cada qual em seu ritmo. Cada dupla, responsável-crian-ça, partilha o convívio com outros e isto facilita a separação do bebê da sua mãe e a sua socialização. Funciona desde março de 2004 em parceria com o Centro de Saúde da Fa-zenda do Rio Tavares (Fone: 338 3049 ou 223 4347) para onde você pode se dirigir na pri-meira 5a feira do mês, ou todas as 5as-feiras dire-tamente à Casa da Coli-na, rua Cachoeira 156, frente ao Marcenter na Rodovia 405, Rio Tavares (Fone: 226 0585 ou 234 1433). Enedina Martins, Jadna Pizzolotto, Margarida Baird, Sandra Bouvier. O ESPAÇO PARA O BRINCAR é saudável para todos, fisicamente e psicologicamente. A Associação de Pais e Amigos da Criança e do Adolescente do Morro das Pedras, é uma entidade beneficente que foi fundada em 28/11/89 e desde então, atua em atividades sócio-educativas nas Areias do Campeche (Morro das Pedras). É de Utilidade Pública e cadastrada nos Conselhos Nacional de Assistência Social (CNAS), Municipal de Assistência Social (CMAS) e Muni-cipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA). Atende diariamen-te 90 crianças e adolescentes proporcionando reforço escolar, auxílio alimen-tar, palestras (prevenção odontológica, saúde pública), arte, reciclagem, colagem e reaproveitamento, resgate de Valores Morais e Éticos, Educação Ambiental, combate ao desperdício de Energia Elétrica, oficinas de modela-gem em argila (com a Fundação Franklin Cascaes) e Musicalização (com o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil do Governo Federal - PETI). A APAM mantém também uma creche com 50 crianças entre 6 meses e 6 anos (subsidiada pela PMF). Muitas crianças na faixa etária de 7 a 14 anos estão na lista de espera, o que demonstra a necessidade de ampliação do espaço. O atendimento é feito em colaboração com voluntários. Tem convêni-os com a Prefeitura e parcerias com a UFSC, escolas e ONGS locais. Essas permitiram melhorias no espaço da Associação, a criação de uma sala informatizada para apoio Pedagógico e Inclusão Digital; o resgate de valores histórico-culturais, arte-educação, a qualificação para geração de emprego e renda e uma Biblioteca Comunitária. A APAM abre-se como espaço para o debate dos problemas sociais do bair-ro: infância e adolescência, saúde, educação, lazer, meio ambiente e seguran-ça. Participa dos Forums, campanhas e movimentos da região. O salão social (80m2) fica disponibilizado para reuniões e eventos da comunidade por pre-ços módicos. Compõem a Diretoria Executiva: Telma O. Pitta, Maria S. Fran-cisco, Antonio César S. Barros, Delma B. do Amaral, Mariane Tessari, Anto-nio Faustino, Alvonir Cardoso, Júlio Rafael C. Côgo e Valdenésio A. Mendes. APAM: Rua Francisco José Vieira, 200 – Areias do Campeche, Florianópolis, SC 88066-000. Fone: 237-9058 – E-mail: apampedras@yahoo.com.br $ %
  • 51. '( À primeira vista a oferta adicional de energia elétrica seduz toda uma comunidade, pois a im-pressão que se tem, é que não teremos novos pro-blemas com apagões e que, este precioso bem dos dias atuais, a energia elétrica, estará disponível à vontade e sem perigo de faltar. O que a Eletrosul não mostra claramente à co-munidade são os efeitos colaterais de tamanho in-vestimento em uma infra-estrutura que hoje não necessitamos. A falta de Estudos e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) e de Estudos de Impacto de Vizinhança (EIV) não permite saber os reais efeitos das redes e da subestação junto à vida da população. A empresa também não quantifica quanto será desmatado e se a obra afe-tará o patrimônio histórico do Ribeirão da Ilha. Falar da poluição visual das torres então, nem pen-sar! Usam o terror do fenômeno “liquinho” para justificar seu intento em “convencer” da necessi-dade de tal inves-timento. Mas o pior efei-to colateral é o crescimento “equi-vocado”, um verda-deiro presente de grego (com todo respeito à comuni-dade grega), que não serve em abso-luto a nenhum de nós. As praias mostram índices cada vez maiores de poluição. Os ri- achos e rios que chegam às praias, Matadeiro, por exemplo, já trazem lixo e esgotos aos mares. Em levantamentos na ilha, a Escola Técnica Federal mostra alta contaminação das ponteiras domésti-cas de extração de água subterrânea por esgotos. Muitas praias oceânicas, (nem falar das praias das baías Sul e Norte da ilha) já têm sua balneabilidade ameaçada, e o futuro é pessimista. É prioridade máxima para a ilha a coleta e tratamento dos esgo-tos sanitários. Muitos dirão que o investimento em uma área não invalida o investimento em outra. Conclusão muito simplista, pois energia elétrica atrai adensamento populacional, enquanto esgoto sanitário não. Vejam a invasão dos morros por con-domínios e favelas nos bairros periféricos das gran-des cidades de dimensões metropolitanas. Ener-gia abundante e nenhum sistema de esgotos! O triste nesta história é que as reuniões com as comunidades são para mostrar o projeto pronto, por onde passa, exe-cução, implantação, etc “super democrá-tico” todos podem ver, mas.. sem me-xer! O que é bom para cidade já foi de-cidido pela Eletrosul! A pressa, a imposição de argu-mentos com a qual a Eletrosul atropela a comunidade, é auto-ritária e lembra a prática de um passa-do recente da ditadu-ra militar, de tristes lembranças. Democracia à moda impositiva como o plano diretor da Planície Entremares! Capitaneada pelo presidente catarinense do PT, Sr. Milton Mendes, a Eletrosul iniciou o processo de licitações, e está realizando obras no Continente, ampliando subestações e ofer-ta de energia para a ilha, sem que um EIA-RIMA (estudo de impacto ambiental /relatório de impac-to de meio ambiente) ou um EIV (estudo de impac-to de vizinhança) tenha sido apresentado e discu-tido em audiências públicas. EIA-RIMA e EIV são conquistas jurídicas da administração participativa. Estes instrumentos que deveriam informar às comunidades os impac-tos sobre a saúde, meio ambiente, efeitos, vanta-gens, riscos, opções, custos, etc.. foram ignorados pela Eletrosul, em desrespeito à nossa participa-ção nos desígnios do bairro e da cidade. É claro que a comunidade, preocupada e ciente de seus direitos, entrou com uma representação junto ao MPF para que sejam respeitadas as leis e as práti-cas democráticas. Mesmo que, ao final de todo o processo, se cristalize a necessidade do linhão e da subestação. Registre-se por fim, que nas duas apre-sentações no bairro do Campeche, a Eletrosul ja-mais explicou por que a rota sul (Parque do Tabu-leiro, praia da Caiacanga-Açu, Ribeirão da Ilha, Reserva Extrativista do Pirajubaé) ao invés das 17 outras opções analisadas pela empresa. Além disto, foi pouco convincente o argumento de um reforço para aumentar a confiabilidade do siste-ma, pois não se aplica quase 150 milhões de reais no aumento de capacidade de quase 50% do exis-tente, apenas para “melhorar” a confiabilidade do sistema. * ) 4#) 4#
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  • 58. Nasceu em 1925 em Antonio Carlos e aos 10 anos veio estudar no Colégio Coração de Jesus em Flo-rianópolis e foi ajudante de missa na Catedral. Mais tarde foi para o Seminário de Azambuja, em Brusque, e ordenado Padre em 1949. Fez Filosofia e Teologia em São Leopoldo (RS). Trabalhou 17 anos na igreja e foi vigário em Sombrio, Laguna e em Florianópolis, na Trindade. Saiu em 1967 e casou com Edeltrudes, em 1977. “Na verdade fui padre por influência da família. Sempre fui das letras; sonhava escrever livros, enci-clopédia, gostava de filosofia. Apesar de religioso desejava sair da Igreja porque achava que os pa-dres deveriam casar. Antigamente quando um pa-dre deixava o clero, as pessoas o discriminavam, e a igreja aconselhava a mudar-se para outro lugar. Mas quando saí, disse ao Bispo: vou-me embora, mas não saio de Florianópolis, aqui é a minha terra! ” Foi professor de Filosofia da UFSC e da UNIVALI. Lecionou até se aposentar em 1985. Foi professor de diversas cátedras de Filosofia. Em 1959, fundou a Editora Biblioteca Superior de Cultura e editou o pri-meiro livro em 1963. Em 1966 entrou no movimento Esperanto. Imprimiu uma revista da Associação Mundial de Esperanto Universala. Na entrevista, Evaldo Pauli mostrou seu vasto conhecimento sobre a historia do Brasil e das línguas. Fala 9 idiomas. *%
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  • 60. “A Imigração para uma colônia, antigamente só trazia gente do país colonizador. Até a indepen-dência do Brasil em 1822, quase só vinham portu-gueses. Isto ocorria também com as colônias fran-cesas, inglesas, etc. No Brasil, o imperador D.Pedro I era casado com a filha do imperador da Áustria, que tinha uma grande influência na Alemanha. Com isto, os alemães que antes emigravam para a Europa Oriental vieram para cá, alguns da zona industrial do Reno, como os Pauli, e depois os sa-xões de Berlim. A colonização alemã começou em 1817 no RJ, por influência de D. João VI que lá fundou Nova Friburgo e Petrópolis. Vieram para o RS em 1824 e chegaram a Florianópolis em 1828. A principal colônia alemã surgiu em 1829 em São Pedro de Alcântara e Antonio Carlos, ambos ain-da no município de Florianópolis. Sou da quinta geração e o nome, Pauli, vem do Alemão, mas a ori-gem é latina. O i no final do Pauli significa filho de Pau-lo” F % Criou a Fundação Simpo-zio a exemplo do tio e amigo, o Pe. Raulino Reitz da Fundação Herbário Barboza Rodrigues em Itajaí. Ele com as plantas, e eu, com filosofia e história. A palavra Simpozio vem do grego = reunião de sábios. A fundação Cultural Simpozio é uma ONG com caráter filosófico e artístico que visa divulgar o conhecimento na língua Esperanto. .
  • 61. *+ os substantivos terminam em o, como monto = morro, montanha. Adjetivos terminam em a, ver-bos em i, advérbios em e. O feminino termina em ino, como princino = princesa. Vale fazer uma visi-ta à Fundação Simpozio e aprender de perto este conhecimento. 4 0 Depois da aposentadoria, isolou-se no Campeche, onde reside. Construiu próximo ao Trevo do Cam-peche, em uma área de 1090 m2, parte da sede da Fundação Simpozio. Não conseguiu finalizá-la de-vido ao zoneamento da região que inviabili-za a construção de área cultural mista com residencial. Um dos projetos da Fundação é criar a Biblioteca Superior de Cultura, que inclui também uma editora de livros em Es-peranto. Ali se planeja um espaço para for-mar um coral. O professor Evaldo Pauli tem planos de escrever sete livros sobre a histó-ria de Santa Catarina. Será a primeira obra de História Colonial de Santa Catarina em Esperanto, além da Enciklopedio Simpozio em dez unidades. Duas delas, Filosofia, História da Filo-sofia e Literatura seráo construídas pelo professor Evaldo. As outras cabem a outros especialistas. Na Fundação Simpozio está sediada a Associação de Esperanto Estadual. O movimento tem apoio dos espíritas, várias associações religiosas e pacifistas. Telefone de contato: 237 4002 ou 237 2036. ): G O CONSEG tem reunião aberta toda primeira 5a feira do mês às 19:30h na Escola Brigadeiro Gomes. Na última reunião foi apresentado o Capitão Au-gusto Cesar Torquato Filho, novo comandante da 3a companhia da Policia Militar sediada na Av Pequeno Príncipe. Enquanto continua aumentando o número de ocorrencias e crimes na região (foram mais de 2500 boletins até maio) ele dispõe hoje de menos pessoal do que seu predecessor. A delegacia da Policia Civil por sua vez tem apenas uma delegada para cobrir do Saco dos Limões até o Pântano do Sul. A participação dos moradores nas reuniões do CONSEG é necessária para mudar esta situação.
  • 62. FALA CAMPECHE setembro de 2005 setembro de 2005 FALA CAMPECHE
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  • 69. H Abriu-se uma nova possibilidade de discussão do planejamento urbano no Campeche com a suspen-são da votação do Plano Diretor elaborado pelo IPUF e a apreciação da contra-proposta apresentada pela comunidade. Estamos em vias de recomeçar o pro-cesso, “zerando” as propostas anteriores e contem-plando os principais envolvidos: comunidade, IPUF e vereadores. Mas, para construir uma nova propos-ta, é preciso discutir como, pois mesmo o Plano Co-munitário - elaborado num processo amplamente participativo - precisa de revisões. Ou seja, qual metodologia será adotada para garantir um plane-jamento urbano justo e de fato eficiente? A grande crítica à forma tradicional de fazer pla-nos diretores é que ela é incapaz de lidar com a com-plexa dinâmica urbana brasileira, marcada pela es-peculação imobiliária, pela exclusão social e pelo des-respeito ao meio ambiente. Os planos tradicionais partem de uma idealização de como deveria ser a ci-dade e terminam numa cristalização deste ideal para controlar e regular a ocupação urbana. Os mapas de zoneamento da maioria dos planos diretores se en-caixam nesta descrição. Mas este ideal, geralmen-te, pertence a um grupo específico, deixando mui-ta gente excluída, seja por ser incapaz (financeira-mente) de se encaixar nos padrões mínimos defi-nidos, ou por nunca ter chegado a poder opinar so-bre o futuro do local onde moram. O resultado é que a cidade cresce fora da lei e apesar do que foi “planejado”. O poder de fiscalização do Estado é insuficiente para impedir todas as ilegalidades. Al-guns optam por ficar fora da lei, porque lucram (e muito) com isso, mas outros, simplesmente não têm outra opção. A lei do Plano Diretor, e o planejamento urba-no de maneira geral, precisam incorporar a idéia de que, sem pensar a inclusão social, a participa-ção popular e o controle da especulação imobiliá-ria, o planejamento sempre vai parecer absoluta-mente ineficaz, pois as ilegalidades continuarão a se multiplicar. Abaixo algumas sugestões que podem ajudar a construir uma nova metodologia: ❑ Estimular a capacidade de participação dos cidadãos, pois a autonomia de decisão sobre o pró-prio futuro é o que há de mais importante no pla- nejamento urbano; ❑ Pensar as escalas do planejamento: a cidade toda; as regiões Norte, Sul, Centro; os distritos; os bairros; ❑ Pensar os papéis que cabem a cada grupo, no planejamento e na gestão da cidade – poder público, sociedade civil, movimentos, vereadores; ❑ Definir o que é preciso planejar e o que não é; simplificar a lei e direcioná-la às questões onde os conflitos exigem maior mediação; ❑ Retomar a idéia do Orçamento Participativo pois, em última instância, o que constrói a cidade são os investimentos e não os planos; ❑ Incentivar a oferta de lotes totalmente legais que a população de baixa renda possa pagar e edificar, podendo assim evitar a ilegalidade; ❑ Determinar que informações e conhecimentos são necessários para atender os itens acima. Estas reflexões são fruto do trabalho como bol-sista de extensão e militância no MCQV em 2000. Júlia Lins Bittencourt é arquiteta e urbanista Há 16 anos as comunidades da Planície do Campe-che lutam contra um Plano Diretor megalomaníaco, feito nos anos 80 como um exercício-escolar do arqui-teto Hamilton Vergara, do IPUF. Especulador, basea-do em modelos estrangei-ros ultrapassados, tal plano ignorava os mora-dores mas pretendia tra-zer 400 mil habitantes para a região. Destruía o patrimônio natural, his-tórico e cultural do Cam-peche, não priorizava a qualidade de vida local e negligenciava as infra-es-truturas como esgotos sanitários, calçamentos, calçadas, ciclovias, esta-cionamentos, praças, la-zer, correio, instituições de saúde, educativas e fi-nanceiras. Ao supervalorizar o solo e as “vias expressas”; o Plano do Ipuf expulsava os menos favorecidos para atrair o mundo da tecno-logia, com executivos ricos jogando golfe, vendo cor-ridas num autódromo internacional e freqüentando um centro de convenções no lugar do campo de avia-ção. Este Plano só não se concretizou graças à mobi-lização comunitária que desejava um ordenamento participativo do solo, que preservasse a história, a cultura, a vida, e a paisagem. Mais que isso, queria o plano cumprisse as Leis Ambientais e atendesse as necessidades e as iniciativas das pessoas da re-gião. Depois de muitas cartas, ofícios, visitas a políticos e órgãos públicos, a resistência ao plano do Ipuf passou a divulgar o conflito em festas da comunidade, as-sembléias, reuniões e no jornal FALA Campeche. Em outubro de 1997, a houve o I Seminário Comunitário de Planejamento do Campeche com as ONG´s e Asso-ciações (250 pessoas em três dias de discussões na SAC) além de membros da CASAN e da FATMA, que analisaram e diagnosticaram a situação da região e rejeitaram o Plano Diretor elaborado pelo IPUF em 1989. Os resultados foram publicados no DOSSIÊ CAMPECHE e entregues a todos os órgãos públicos. Este documento, que buscava bases para o planeja-mento da região, foi desqualificado pelo IPUF como “parcial, teórico, ilegítimo, favorável à ocupação clan-destina, de má-fé, pretensioso e sem representativida-de”. Do lado dos especuladores, o IPUF defendia que o planejamento deveria ser feito com os empresários da construção civil para discutir a doação de áreas públi-cas e implantação de infra-estrutura... Foi quando a comunidade se dirigiu à Câmara de Vereadores que, através da Comissão de Justiça, em 1999, viabilizou uma aproximação entre o órgão de planejamento e a sociedade organizada. A intenção era elaborar emen-das consensuais sobre o plano do IPUF mas, como as concepções de urbanização para a região eram muito diferentes, o consenso era impossível. Embora sem as infor-mações técnicas, guar-dadas como segredo de estado pelo IPUF, a co-munidade já dispunha das diretrizes do Dossiê Campeche e de muitas informações, disserta-ções e Estudo de Impac-to Ambiental da Via Par-que. E foi com esta mu-nição e muita vontade política que se deu iní-cio à elaboração de um Plano Comunitário. Nas oficinas itinerantes rea-lizadas todos os sábados em escolas públicas, as-sociações e centros co-munitários, nasceu um plano diretor alternativo, substitutivo global ao plano do IPUF, que deu en-trada na Câmara de Vereadores em março de 2000 e lá ficou até março de 2003, quando voltou à pauta do dia na Câmara de Vereadores. Em alerta, a comunidade entrou com um Mandato de Segurança contra a presidência da câmara pelo não atendimento ao Estatuto da Cidade e falta de audiência pública e, com isso, obtém a liminar que impede a votação do plano. Passam dois anos e muda a/o prefeita/o. Em março de 2005, o Juiz Helio do Valle Pereira cassou a liminar que impedia a vota-ção do maldito plano e o presidente da Câmara, Marcílio Ávila, sentiu-se no dever de levar o velho plano ao conhecimento do prefeito Dário Berger, afim de saber se mantinha ou retirava o projeto da Casa. Novas mobilizações resultaram em reuniões com o prefeito, IPUF, MPF, GRPU, FLORAM, SUSP, Pro-curadoria do Município. Nisso, ficou evidente que pedaços do plano do IPUF aprovados furtivamente pela Câmara levaram o município e a própria Câmara à condição de ré por inconstitucionalidade. Se aprovado, o Plano inteiro seria objeto de Ação Civil Pública. Ficaram expos-tas as ilegalidades do plano do IPUF, além da ne-cessidade de um planejamento com bases sociais, legais e cartográficas atualizadas. Com isso, em abril o prefeito solicitou à Câmara a retirada do plano diretor do IPUF e propôs uma Comissão de Planeja-mento composta por membros da prefeitura e três técnicos da comunidade (Decreto Municipal 3357/ 05). Inicia-se a discussão da cidade que queremos, nos moldes do Estatuto da Cidade, e solicita-se que a comunidade seja convocada para discutir a meto-dologia a ser adotada na elaboração e execução de um plano diretor sustentável e participativo. Além de reconsiderar o Decreto Municipal 3357/05, fun-damentando- o na discussão pública, exigiu-se a par-ticipação de técnicos e pessoas da comunidade. Com a proximidade da realização da 2ª. Conferencia da Cidade no final de julho, movimentos sociais, ONGS, SINDUSCOM, CREA, IAB solicitaram ao IPUF, or-ganizador da Conferência, a inclusão do tema Plano Diretor Participativo e Integrado (PDPI) face ao mo-mento crucial por que passa a cidade. Participaram mais de 200 pessoas e cinco vereadores, mas faltaram representantes do empresariado e de órgãos públicos estaduais (CASAN, FATMA, SDM). Criou-se uma co-missão provisória de 11 delegados assim representa-dos: 4 do poder público, 2 dos movimentos sociais, 1 do empresariado, 1 trabalhador, 1 de ONG´s, 1 de profis-sionais e acadêmicos e 1 de conselhos federais. As reu-niões são abertas e ocorrem no IPUF, todas as quintas feiras das 14.00 às 16.00 horas. Se você não vai ao centro nas 5ªs feiras, pode parti-cipar das reuniões locais, todas as segundas feiras (exceto com mau tempo) na Escola Brigadeiro Eduar-do Gomes, Av. Pequeno Príncipe, às 20.00 horas. A luta comunitária foi desgastante, desi-gual e deixou marcas profundas na vida de alguns moradores. A prefeitura tentou pro-mover um “cala boca” perseguindo a ex-pre-sidente da AMOCAM, a prof. e Bióloga Tere-za Cristina Pereira Barbosa. A FLORAM e o IPUF apresentaram falsamente sua propri-edade como sendo dentro de uma Área de Preservação Permanente – APP, em vez de Área de Preservação com Uso Limitado – APL. O local era uma antiga pedreira e a exuberante vegetação de hoje foi plantada pela bióloga. Também o seo Chico, pai do ex-vere-ador oposicionista Lázaro Daniel, quase teve o bar demolido. Os ex-diretores da AMOCAM, Lúcia Chagas e Maurice Bazin foram intima-dos à Delegacia do Saco dos Limões, acusados de demolição de um muro e o corte de cercas próximos à praia. Maiores detalhes no site www.campeche.org.br O “Fórum da Cidade” lançou a campanha ”Acorda, Floripa” antes que seja tarde. O senti-mento comum é de perda de qualidade de vida. Falta infra-estrutura para empreendimen-tos de grande porte; aumentam os engarrafamentos no trânsito; privatizam as paisagens e aces-sos às praias; cheiro a esgotos nos bairros; faltam professores nas escolas e vagas nas creches; idosos ficam nas filas dos pos-tos de saúde; faltam calçadas e ciclovias nas ruas. Testemunhamos a destruição das áreas verdes; a po-luição das águas, a desvalorização das culturas e tradições locais; o espantoso aumento da violência; a irônica ameaça de privatização da Penitenciária, do Parque da Luz e da Ponta do Coral numa cidade que carece de espaços sociais, culturais e de lazer. A campanha quer mostrar como a cidade está sendo planejada em favor do lucro individual pelos empre-sários da construção civil e do turismo. Isso desfigu-ra a cidade, a natureza e a qualidade de vida Acorde cidadão! Exija um planejamento que respei-te a Constituição e as leis! Exija o fim das alterações no zoneamento de uso do solo da cidade! Exija um pacto entre o crescimento e a infra-estrutura, os ser-viços públicos, respeitando a natureza e os morado-res! Exija um planejamento fundamentado no conhe-cimento sócio-ambiental, nos limites e capacidade da cidade! Exija um Plano Diretor in-tegrado e partici-pativo nos mol-des do Estatuto da Cidade (10.257/01)! Exi-ja audiências pú-blicas, estudos e relatório de im-pacto ambiental (EIA/RIMA) e de v i z i n h a n ç a (EIV)! Exija uma legislação que re-ferende projetos de lei de iniciati-va popular. .
  • 70. Os empresários da cidade, pensando nos lucros ha-bituais, reuniram-se no prédio Majestic de 18 anda-res, na avenida Beira Mar, e lançaram a Campanha A rua Pau de Canela está um ABSURDO! Os moradores estão cansados com a precariedade do local e com a falta de atenção àqueles que procuram os órgãos públicos para resolver a situação. LAJOTAS JÁ! “Floripa Amanhã”. Eles dis-cutiram a “necessidade” de construir atracadouros para transatlânticos, hotéis de luxo, campos de golfe. Um dos responsáveis pela Campanha é o Fernando Marcondes de Matos, do Costão do Santinho, que quer construir um campo de golfe sobre o lençol freático que abastece 150 mil morado-res do Norte da Ilha. TELE-ENTREGA Farmácia e Conveniência Farmacêutica responsável: Jaqueline de Menezes Loth (CRF 6802) Av. Pequeno Príncipe, 2120 - Campeche Filiada à Masterfarma Queimada e aterro no banhado do Rio Tavares Depredação do Bar do Chico pelo prefeitura de Ângela Amin