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FALA CAMPECHE - JUNHO/2006 FALA CAMPECHE - JUNHO/2006 
Fala Campeche 
Painel da devastação 
Uma publicação dos moradores do bairro 
Campeche - Ilha de Santa Catarina 
Ano 9 - no 19 - JUNHO de 2006 
Conselho Popular da Planície do Campeche 
chama moradores para reelaborar nosso Plano Diretor 
Página 3 
Jovens na vanguarda da luta 
pelo transporte público 
Página 8 
Os jovens, o MPL e a cidade 
Será que a tarifa única resolveu o problema de uma política pública de transporte? 
Vista isoladamente pode parecer que sim, mas 
no conjunto dos movimentos recentes dos últimos 
dois anos, quando os jovens de Florianópolis têm 
manifestado sua insatisfação com o projeto de ci-dade 
que está se desenhando, não. 
A resistência juvenil, naquele momento, fez a ad-ministração 
recuar nas medidas do aumento das 
passagens. A elaboração de um projeto de lei de 
gratuidade do transporte para estudantes em 
Florianópolis não conseguiu aprovação. Hoje os jo-vens 
organizados no Movimento Passe Livre vêm 
alertando a popu-lação 
para distin-guir 
as medidas 
da prefeitura 
para contornar a 
séria discussão so-bre 
quem ganha 
ou quem perde 
com o sistema de 
transporte coleti-vo 
da cidade. Eles 
já conseguiram o 
compromisso da 
encampação mu-nicipal 
da 
COTISA, que está 
sendo encaminha-da, 
e da renovação 
da frota de ônibus 
nos próximos 18 
anos para 10 
anos. 
Em nota pública à população, no início de feve-reiro, 
o movimento reivindica a ampliação da qua-lidade 
dos transportes, com mais ônibus circulan-do 
em mais horários; a encampação imediata da 
COTISA pela Prefeitura, passando o controle dos 
terminais ao poder público e eliminando 
as taxas desnecessárias de acesso dos ôni-bus 
aos terminais reduzindo o valor das 
tarifas; e o barateamento imediato das ta-rifas. 
Colocam-se favoráveis à Tarifa Úni-ca, 
mas reiteram que seu valor ainda é alto, 
porque não altera a questão chave que faz 
dos transportes coletivos um serviço públi-co 
essencial de difícil acesso para parte sig-nificativa 
da população de todo o país, por 
razão do lucro dos empresários. 
Para estes jovens o mais importante é a 
crítica às medidas de conjunto que não al-teram 
o principal da questão. Por outro lado, 
consideram que essas medidas são um avanço e re-sultam 
diretamente da luta da população com suas 
denúncias da exploração praticada pelos empre-sários 
do setor de transportes, em permanente 
conluio com as autoridades de plantão do municí-pio. 
Segundo o pessoal do Passe Livre é necessário 
um tratamento adequado para o transporte cole-tivo 
urbano, ou seja, a elevação na sociedade de 
seu status a serviço público essencial, garantindo 
seu funcionamento público, gratuito e de qualida-de, 
fora da pauta da lucratividade e gerido pelo 
poder público no interesse da coletividade. Ao ma-nifestarem 
a sua disposição de insistir na Tarifa 
Zero para 
toda a popu-lação, 
consi-deram 
a 
implementação 
da lei do pas-se- 
livre para 
os estudan-tes, 
funcio-nando 
com 
e m p r e s a s 
públicas mu-nicipais 
de 
transporte, 
como um pri-meiro 
passo. 
Em todo 
caso, a solu-ção 
criada 
para contor-nar 
a situa-ção 
do trans-porte 
da cidade parece cada vez mais complexa. 
Quem pensa que a tarifa única vem como uma 
doação generosa para a população não pode per-der 
de vista o que a propaganda não diz: que a 
tarifa menor de R$1,75 é o final de uma cadeia 
de medidas que 
preservam a 
margem de lu-cro 
dos empresá-rios. 
O que o 
simpático co-mercial 
que está 
sendo veiculado 
pelos canais de 
comunicação 
não mostra para 
o Sr. Manuel e 
sua família é o 
seguinte: 
1- Anunciada como grande mudança, a tarifa 
única não é única. Para o cidadão ter o direito de 
pagar o R$1,75 tem que ter um cartão magnético 
adquirido no Setuf (passando por filas 
quilométricas, é claro). O detalhe é que o cartão 
precisa ser alimentado de créditos, um adianta-mento 
que vai para um fundo administrado pelos 
empresarios. O sistema é complicado de propósito: 
criada pelo Setuf a Câmara de Compensação é um 
órgão voltado para a administração desse proces-so, 
fazendo o cálculo/mês da quilometragem roda-da 
pelos ônibus para ser entregue à prefeitura. 
2- a incorporação da Cia. Terminais de 
Integração S/A (Cotisa) tira das empresas de trans-porte 
os gastos de manutençao, conservação e ope-ração 
dos terminais que giram em torno de 
R$400.000,00 pelo que se tem divulgado. 
3- com a aparência de satisfazer as reivindica-ções 
dos movimentos sociais de “tarifa única” e 
“municipalização” da Cotisa estabeleceu-se uma 
forma de amenizar o caráter radical e popular das 
reivindicações. Uma solução que não atinge os in-teresses 
das empresas de transporte, principalmen-te, 
a Transol que tem o monopólio das linhas de 
curta distância na capital, atingindo 60% dos usu-ários. 
A pergunta é: o controle social está com quem 
nesta situação? 
Os jovens do MPL, quando criticam o modelo 
de transporte da cidade e propõem a constituição 
de uma empresa pública de transporte vinculada 
ao poder municipal, estão reafirmando a necessi-dade 
da população de Florianópolis ter o controle 
social desse setor fundamental que está no cotidia-no 
de cada cidadão. São estudantes que, com a 
marca incontestável de sua juventude, questionam 
o papel do Estado e se colocam, muitas vezes, mais 
à frente em relação às demais gerações quando re-cusam 
a inércia das políticas públicas baseadas 
no improviso e soluções que beneficiam a poucos. 
FALA CAMPECHE 
Participaram dessa edição: 
Uma Publicação dos Moradores do Bairro Antoninha Santiago, Daniel Valois, Delfino 
Coelho, Fernando Moraes, Fernando 
Ponte, Isolete Dozol, Jacó Rocha, Janice 
Tirelli, Jucelaine Vargas, Lázaro Daniel, 
Marina Pinto, Maurice Bazin, Oziel Leal, 
Raul Burgos, Roberto Malamud, Rui 
Fernando, Silvio Pereira , Telma 
Tiragem: 8.000 exemplares Piacentini, Tereza Barbosa, Vera Arruda 
8 
RESISTÊNCIA 
Ligue-se na Rádio Campeche 104.9 FM 
Página 2 
Restingas são alvo de destruição na Ilha 
Página 6 
O que a meninada do bairro quer 
Página 5 
O Fala 
Campeche 
pia há nove 
anos 
Distribuição Gratuita 
Eduardo Faria
FALA CAMPECHE - JUNHO/2006 FALA CAMPECHE - JUNHO/2006 
2 7 
Painel da devastação 
O PIO DA 
CORUJA 
Radio Campeche: um ano no ar 
No dia 2 de abril, a Rádio Campeche fez 1 ano 
da primeira transmissão. O aniversario foi come-morado 
por moradores e associados na sede da 
rádio na Trav. Iracema das Chagas Pires, perto 
do Restaurante Alguidar. 
Após um período fora do ar por não possuir 
sede, a rádio voltou a transmitir no final do ano 
passado. Foi construída com o trabalho voluntá-rio 
de seus associados moradores e simpatizan-tes. 
Muitos colaboraram doando recursos mate-riais, 
mão de obra, ou ainda através de projetos 
de educação ambiental, 
social e cultural. Hoje está 
finalizando a construção e 
estruturação do estúdio e 
em breve estará aberta para 
os associados e para toda a 
comunidade. Quanto ao fun-cionamento, 
a maior parte 
do tempo é o computador to-cando 
aleatoriamente músi-cas 
de seu acervo, vinhetas, 
informativos e alguns pro-gramas 
gravados. Mesmo 
com estas restrições já estão 
sendo realizados projetos 
importantes como o Rádio 
na Escola, Cursinho Pré- 
Vestibular Gratuito e 
Campeche Ecologia, além 
do programa Campo de Pei-xe 
que vai ao ar todos os sábados às 11 horas. Aos 
poucos será aumentando a quantidade de horas 
com transmissão ao vivo e de jornalismo. 
Um marco importante foi a instalação da an-tena 
num poste de 22 metros de altura que per-mite 
atingir a área legalmente permitida. 
Depois de nove anos desativado, num momen-to 
em que leis ambientais são atropeladas sem 
cerimônia, uma notícia boa é que o Conselho Mu-nicipal 
de Defesa do Meio Ambiente (CONDEMA) 
foi reativado. Entretanto, suas atribuições como 
órgão normativo e deliberativo nunca foram reco-nhecidas 
pelo poder público local. Em 
Florianópolis, o Condema é um órgão apenas con-sultivo 
e de assessoramento da Prefeitura para 
assuntos de Meio Ambiente. Isto significa que os 
pareceres de política ambiental do Município, tra-balho 
voluntário de técnicos da sociedade civil or-ganizada, 
do empresariado e do próprio governo, 
podem ou não ser respeitados pela Prefeitura. 
Com isto, a proposta de Código do Meio Ambi-ente 
de Florianópolis, que deveria estabelecer as 
políticas ambientais do setor no município e au-mentar 
a participação popular no Condema como 
órgão deliberativo, consultivo e normativo, corre 
sério risco de ser ignorada. Pela sugestão enca- 
A Associação Rádio Comunitária Campeche é 
uma entidade sem fins lucrativos e aberta a qual-quer 
morador que pode associar-se e com isso par-ticipar 
de suas atividades, inclusive fazer progra-mas. 
É só entrar em contato pelo telefone 
3201.1530 ou pelo e-mail radio@campeche.org.br 
ou visitar o site http://radio.campeche.org.br (Sem 
www!). O valor da anuidade é de R$ 30,00 que pode 
ser depositado diretamente no BESC agencia 055 
conta corrente 086638-8 ou Banco do Brasil agen-cia 
4397-4 conta corrente 6879-9. Todos podem con-tribuir 
também fazendo doações de qualquer quan-tia 
e o comércio com apoios culturais que são di-vulgados 
como vinhetas. 
Todo sábado de manha você pode vir partici-par 
deste espaço democrático do Campeche na 
própria sede. 
Condema é reativado na cidade 
Onodi: um bloco que 
Ao som do Juca Bum 
Mal do Boião já tem história 
Antigamente, quando aqui viviam lavradores 
e pescadores, dizia-se que os bezerros de cabeça 
grande e muito magros, desnutridos, tinham o 
“mal do boião” (boião é a vasilha de barro utiliza-da 
para tirar o leite da vaca). Acontece que os 
lavradores tiravam quase todo o leite da vaca para 
vender e o bezerro ficava sem leite, daí só a cabe-ça 
crescia. Passavam vendendo leite em uma 
galiota (carroça com um cavalo só) até no trevo 
do João Rangel. Eles levavam o leite para a usi-na 
na leiteria, no centro. Mas lá eles reclamavam 
muito. Diziam: “Tu botas tanto leite! Este leite 
está tão ralo, tu andas botando água no leite.” - 
“Não, não boto”, o pessoal respondia. É que antes 
a água era tirada das fontes que tinham um 
peixinho miudinho, chamado piava, e então eles 
foram fazer um teste no leite: passaram várias 
vezes por um coador feito de saca de trigo ou de 
pão até que, no fundo do pano, apareceu a 
piavinha viva e pulando. 
Pasquim 
Qualquer grande acontecimento saía no Pas-quim 
do Campeche. Ele falava da vida alheia, 
era muito fofoqueiro. Existiram três pasquins 
mais famosos: o Pasquim da Baleia (uma baleia 
que encalhou na praia do Campeche), o Pasquim 
do Cará (deu muito cará na Lagoinha Pequena) 
e todos iam lá para pescar, inclusive o fofoqueiro 
ou o observador do pasquim que escutava tudo 
sem ninguém desconfiar e depois escrevia, fa-lando 
de todos. Eles distribuíam o pasquim à 
noite escondido, muitas vezes era o mesmo cara 
que colocava que depois encontrava. O autor era 
desconhecido porque era um fofoqueiro. Os úl-timos 
nem chamavam mais Pasquim era chama-do 
de “a folha”. 
O Pasquim era feito com versos rimados: 
“ Agora vamos falar do amigo João Pinheiros 
Que por falta de caniço 
Levou um bambu inteiro” 
A moita da Lagoinha 
Antigamente havia uma moita na Lagoa Pe-quena 
que se movia de um lado para outro. Mui-tos 
achavam que era assombração e tinham medo 
de passar por ali. Na verdade era a vegetação sol-ta 
que boiava e era carregada pelos ventos. Hoje 
ancorou na ponta Sul. 
A banda Juca Bum se formou em 2001, na 
praia do Campeche. Foi neste bairro que cresce-ram 
e residem atualmente todos os integrantes 
do grupo e suas famílias. Desde a infância convi-vem 
com a cultura e o folclore catarinenses atra-vés 
do boi de mamão, pau de fita, terno de reis, 
festas religiosas e muitas outras atividades ain-da 
hoje presentes nas comunidades ilhoas. 
Com estilo Pop Rock, a Juca Bum tem grande 
influência de ritmos afro-brasileiros, sendo que esse 
tempero acaba por proporcionar uma marca única 
e especial à banda. A união dos integrantes se deu 
com o objetivo comum de criar novas músicas. As 
composições realizadas por eles trazem mensagens 
positivas inspiradas no seu cotidiano. Nas letras, 
tanto das baladas românticas como das músicas 
mais dançantes, estão presentes temas como a so-lidariedade, 
a fraternidade entre os povos, a convi-vência 
harmoniosa com a natureza e a vida saudá-vel 
através da prática de esportes. Além disso, as 
letras também buscam o desenvolvimento de uma 
consciência crítica entre o público ouvinte. 
Entre as principais influências da banda 
campechana estão músicos que procuram uma nova 
identidade à música brasileira, como O Rappa, Chico 
Sciens e Nação Zumbi, Marcelo D2, Charlie Brown 
JR,Gilberto Gil, e, entre as influências internacio-nais 
pode-se citar Bob Marley e Santana. 
Através dos shows que realiza, a banda já cons-truiu 
uma grande empatia com o público que in-clui 
pessoas de todas as idades que interagem com 
a mesma energia da banda no palco, o que com-prova 
o grande potencial que a Juca Bum vem cons-truindo 
nos últimos quatro anos de atividade. 
As músicas da Juca Bum podem ser ouvidas 
na Rádio Campeche 104,9 FM. Hoje eles estão 
gravando o primeiro CD. Integrantes: Vicente, 
Leonardo, Felipe, Cristina, Narlei e Baía. Telefo-ne 
para contato: 9112.3688. 
Em julho de 2006 o FALA 
CAMPECHE faz 9 anos! Nascido como 
um jornal comunitário de idéias e 
voltado para o futuro, o primeiro nú-mero 
convocava os leitores para uma 
grande discussão sobre o Plano Diretor 
da região. Praparava-se o I Seminário 
Comunitário de Planejamento do 
Campeche, e o Fala Nº1 contribuía 
para a memória, a articulação política 
e a informação da população local. 
Em todos esses anos, as páginas do 
Fala acompanharam nossa realidade 
através do trabalho voluntário de vários 
moradores. Arbitrariedades foram de-nunciadas 
e temas importantes foram 
debatidos como base para o desenvolvi-mento 
educativo da região. O Fala divul-gou 
propostas, projetos em realização e, 
principalmente, tornou visíveis proble-mas 
não resolvidos que estão na pauta 
da preocupação de muitos moradores 
conscientes. O jornal sempre lutou pela 
qualidade de vida ambiental e social da 
Planície e, por esclarecer e cobrar, fez 
com que a do Campeche seja hoje uma 
das comunidades mais conhecidas por 
sua mobilização e organização. 
E é por isso que o jornal registra a 
memória de uma luta que continua e 
cuja identidade é a resistência a um 
Plano Diretor imposto pela Prefeitura. 
Como porta voz do Movimento 
Campeche Qualidade de Vida, o Fala 
abriu e consolidou caminhos da comu-nicação 
da região: ligou um canal entre 
os campechanos, e está feliz em apoiar 
a Rádio Campeche 104,9 FM. 
Nesta edição, abordamos questões 
que nos mobilizam desde o Fala Nº1: a 
prioridade do saneamento básico; a 
segurança; um transporte público 
eficiente e acessível. 
Hoje, tal qual o Nº 1 em 1997, o Fala 
se confirma como mobilizador pela quali-dade 
de vida e chama os moradores para 
participação e fortalecimento do Conse-lho 
Popular da Planície do Campeche! 
minhada à Câmara dos Vereadores pela Prefeitu-ra, 
o Condema local será reduzido à condição de 
órgão consultivo da Fundação Municipal do Meio 
Ambiente de Florianópolis (Floram) e, pior, presi-dido 
por esta mesma instituição. Esta situação vem 
na contramão da política ambiental nacional do 
Ministério do Meio Ambiente que, ao contrário do 
que acontece aqui, quer a participação maior de 
todos os setores da sociedade de forma clara e de-mocrática. 
Atualmente o Condema é presidido por repre-sentantes 
da sociedade civil e se reúne quinzenal-mente 
para tratar os tantos problemas ambientais 
que a cidade enfrenta. Se a Câmara aprovar a su-gestão 
do Código do Meio Ambiente tal como foi 
encaminhado à Casa, essas reuniões só ocorrerão 
a cada três meses e sob a presidência da Floram. 
Isto significa mais risco de degradação e ocupação 
de áreas de preservação permanentes e outras de-sobediências 
à já fragilizada legislação ambiental. 
Conscientização 
Sintonizados com a saúde ambiental do Campeche e do planeta, os alu-nos 
de 5ª a 8ª séries da Escola Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes fize-ram 
sua parte com criatividade na Conferência Municipal do Meio Ambi-ente. 
Uma prova disso é o cartaz vencedor do certame interno da escola 
com o slogan “Crie ciclones e furacões de conscientização no Planeta!”. 
Parabéns à escola e aos autores deste e outros cartazes que contribuem 
para a educação ambiental e a qualidade de vida do bairro. 
Ano de 1998: Foliões cansados da violência do 
Carnaval no centro da cidade tavam divárde, sem 
saber o que fazer. Então, sensibilizados com a situ-ação 
financeira da Banda Nossa Senhora da Lapa, 
do Ribeirão da Ilha, que não tinha R$400,00 para 
consertar seus instrumentos (êta falta de incenti-vo 
cultural !), eles uniram a necessidade das mani-festações 
populares que agrupem, alegrem, salvem 
e guardem características tão peculiares com a do 
manézinho e sua linguagem numa saída criativa. 
Nessa hora, contou o carinho pelo sotaque e histó-rias 
da Ilha que fazem a graça e as delícias de qual-quer 
pessoa. Adicionou-se doses de amizade, espí-rito 
comunitário, muita cerveja, discussões acalo-radas 
e pronto: nasceu o Bloco Onodi. 
O nome só podia ser este, uma homenagem ao 
cachorrinho do Tirelli, tapeceiro de grandes sau-dades 
que, ao perguntar qual o nome do cachorro 
que recebera de presente de um manézinho, ouviu 
a resposta: ô no di! Assim, quarenta amigos se reu-niram, 
deram R$ 10,00 cada, e a Banda Nossa Se-nhora 
da Lapa arrumou seus instrumentos. Saiu à 
frente do bloco no Sábado de Aleluia de 1999. To-dos 
abastecidos pela carroça do Seu Paraná, que 
carregava a cerveja gelada, num passo apropria-do. 
E aí pegou! Além de tocar naquele dia, a banda 
presenteou a comunidade com uma serenata de 
Natal no final daquele ano. Tudo de novo no ano de 
2000. Em 2001 surge o primeiro tema estampado 
na camiseta: Onodi 2001 Uma Odisséia no 
Campeche. 
Para ser mais coerente buscou-se, além do sam-ba 
do Jorge Coelho, temas colhidos para as cami-setas, 
entre as pérolas dos ditados ilhéus e então 
em 2002 sai Si qués, qués; em 2003: Qués filho vai 
dá como ô di!; em 2004, brincando com o apagão e a 
malícia ilhoa: Antes que máli lhe pregunte: tás com 
a pomboca acesa?; em 2005, homenageou-se o Seu 
Chico e em 2006 foi a vez de D. Nicota com o tema 
Sou do Bem. 
E antes que eu lhe pergunte se ‘esse ons vai pra 
Usc? é bom dizer que o Onodi virou Associação 
Cultural Ecológica Carnavalesca para abrir mais 
os braços e os peitos para outras idéias. 
CAMPECHADAS
FALA CAMPECHE - JUNHO/2006 FALA CAMPECHE - JUNHO/2006 
6 3 
Criado Painel da devastação 
Conselho Popular da Planície 
Para encurtar o linhão da Eletrosul 
No último dia do prazo legal a Eletrosul ofere-ceu 
uma apresentação mediatica do EIA/RIMA (Es-tudo 
de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto 
Ambiental) para sua opção de percurso de uma fu-tura 
alimentação adicional de eletricidade em alta 
tensão para a Ilha. 
Iniciado às 20h no Centro Comunitário do Rio 
Tavares, o desbunde audiovisual apenas irritou o 
público. Representantes da sociedade civil conse-guiram 
dar seu pio pelas duas da manhã... 
A operação visava esquecer o procedimento ile-gal 
iniciado pela Eletrosul e aparentemente aceito 
pelo IBAMA. A Lei exige a apresentação de três 
percursos para trazer energia elétrica da estação 
de Biguaçu até uma nova subestação na Ilha. A 
Lei exige comparar os Impactos Ambientais das três 
opções. A Eletrosul escolheu antecipadamente a 
chamada Opção Corredor Sul: ela passa “pelo lado 
interno da borda leste do Parque Estadual da Ser-ra 
do Tabuleiro... A travessia submarina [no extre-mo 
sul da Ilha] tem aproximadamente 4,2Km. Na 
Ilha, a LT, também aérea, passa pelo núcleo his-tórico 
do Ribeirão da Ilha e por área urbanizada 
no Campeche...” Coloca a nova subestação no 
mangue do Rio Tavares! 
As outras opções ficaram descartadas mistu-rando 
todo tipo de “custos” sem fazer EIA/RIMA. 
A do chamado Corredor Norte “... atravessa par-te 
da APA de Anhatomirim, nas proximidades da 
Terra Indígena Mbiguaçu. A travessia submari-na... 
[de] 7,7km ... e passa nas proximidades da 
Estação Ecológica dos Carijós e da área tombada 
na Ponta do Sambaqui”. Parece um passeio 
subaquatico com ataque frontal ao patrimonio 
historico e natural! 
Mais interessante para nós é a opção Corre-dor 
Central, que “passa por áreas de pastagem e 
cultivo e por área densamente povoada dos mu-nicípios 
de São José e Florianópolis ... A traves-sia 
submarina, sob as pontes, tem cerca de 1km 
de extensão. Na Ilha são necessários cerca de 5km 
de cabos subterrâneos.” 
Esta opção Central foi descartada exatamente 
porque coloca os esforços e os custos a encarar den-tro 
das regiões caracterizadas pelo próprio desen-volvimento 
urbano como consumidor de energia 
elétrica! Pode-se colocar cabos subterrâneos tam-bém 
no continente já urbanizado tal como está pro-posto 
para “a área central da cidade.” Cada trecho 
seria de ordem de 5 km. O custo nem difereria muito 
do das opções que dão voltas quilométricas pela 
natureza, mas o impacto ambiental seria quase 
nulo visto que atravessa apenas campos abertos 
perto de Biguaçu. 
Por isso várias entidades e ONGs de 
Florianópolis enviaram carta ao IBAMA, com có-pia 
para o Ministério Público Federal, em 17 de 
abril, apontando a ilegalidade do procedimento de 
escolha e pedindo a adoção técnica e ambiental da 
opção Corredor Central. 
O dia 03 de junho foi importante para a organi-zação 
comunitária do Campeche. Moradores, enti-dades 
e movimentos se reuniram em assembléia 
no Clube Catalina para atualizar as informações 
sobre o Plano Diretor e discutir as obras de impac-to 
- como a expansão da rede elétrica da Ilha que 
passa pela localidade - e preparar o II Seminário 
Comunitário de Planejamento. 
A assembléia decidiu, por unanimidade, criar o 
Conselho Popular da Planície do Campeche 
que nasce aberto e democraticamente aprovado. 
A população foi consultada sobre a disposição 
de um novo impulso na luta pelo Plano Diretor 
participativo numa estratégia de unificação e de 
fortalecimento da organização. 
Através de levantamento das priori-dades 
da cidade, do Sul da Ilha e da Pla-nície 
do Campeche, em urnas distribuí-das 
pela região, aparecem as maiores pre-ocupações 
dos moradores: a falta de sa-neamento 
básico, riscos de violência por 
toda parte, a miséria, o abandono da edu-cação 
e a falta de opções de lazer. Tais 
assuntos implicam encaminhamentos ur-gentes 
relacionados aos desejos da comu-nidade 
na construção do Plano Diretor até 
outubro de 2006. 
A diversidade de problemas sociais e 
ambientais na região tem levado diferentes enti-dades 
e movimentos da Planície a concentrarem 
as ações na solução de problemas locais específicos 
ou a empreenderem muita energia para defender 
interesses gerais de forma dispersa. A experiência 
histórica de lutas demonstra que a divisão, esti-mulada 
de forma indireta pelo poder público é uma 
tática de controle da movimentação dos morado-res. 
O movimento do Campeche sempre teve cons-ciência 
disso, falando com voz única, nos momen-tos 
de negociação com a Prefeitura, Ipuf ou Câ-mara 
de Vereadores. 
Nossa re-união é importante neste momento 
em que o Ipuf elabora uma proposta de Plano 
Diretor juntando três propostas: o Plano da Co-munidade, 
o Plano do IPUF (apresentado na 
Câmara em 1999 e retirado em 2005 por pressão 
dos moradores organizados) e o plano montado 
pela Câmara de Vereadores a partir dos dois pri-meiros. 
Os moradores perceberam que diante da 
força da máquina pública, não poderiam dividir 
e nem adiar mais os encaminhamentos urgentes. 
Exemplo: não podemos esperar a definição do novo 
Plano Diretor para exigir das autoridades uma 
escola de segundo grau na Planície, mais vigor 
nas ações da segurança publica, iniciativas de 
lazer e cultura. Portanto, tínhamos que dar um 
salto organizativo onde todos pudessem estar jun-tos 
nos assuntos que são comuns. A assembléia 
compreendeu que vivemos um momento difícil no 
relacionamento com o poder público que, somado 
à pulverização da organização política da região, 
tem enfraquecido as ações e influências nas polí-ticas 
públicas. Isto exige, ainda que se considere 
cada identidade organizativa presente na região, 
um esforço de unidade com as demais existentes 
em benefício dos próprios moradores. 
O Conselho Popular da Planície do 
Campeche está constituído por organizações e 
pessoas atuantes nos campos de interesses social, 
ambiental, cultural, educacional e segurança pú-blica, 
e deverá representar democraticamente as 
ações de interesse comum e unificador. Tomará como 
exemplo o Passe Livre: ou o Estado conversa com 
todos, ou não conversa com ninguém! 
Foi unânime, também, que o Conselho Popu-lar 
deve ter pluralidade para diferentes participa-ções 
com autonomia partidária e religiosa. 
A melhor definição do Conselho na sua forma de 
funcionamento, pauta e divulgação, será definida 
pelos próprios participantes em reuniões 
semanais na Escola Brigadeiro Eduar-do 
Gomes todas as segunda-feiras, às 20 
horas, com o mesmo espírito que animou 
a elaboração do Plano Diretor da Comuni-dade 
em reuniões criativas, bem 
humoradas e unidas nos últimos anos! 
Abaixo lista das entidades que já com-põem 
o Conselho Popular do Campeche. 
Venham participar também: 
AMOCAM, APAM, AMPA, Associação 
dos Surfistas do Campeche, Associação 
Rádio Campeche , CONSEG, FORJA – 
Força dos Jovens e Adultos, Fundação Cruz e Sou-za, 
Grupo Onodi, Instituto Sócio-Ambiental 
Campeche – ISA-Campeche, MAPU – Movimento 
dos Amigos da Pedra do Urubu, Movimento 
Campeche Qualidade de Vida, Movimento Hip Hop 
do Campeche, Movimento Nosso Bairro, Movimen-to 
SOS Esgoto Sul da Ilha. Participações individu-ais: 
Luís Carlos Guarilha, Gabriela Tavares Rovai, 
Sandra Rocha da Silva, Renilda Rocha, Tâmara 
Ellis Caldart, Lázaro Daniel e João Carlos Canuto. 
Restingas são nosso patrimônio 
Restinga é a vegetação e o solo das planíci-es, 
cordões arenosos, dunas, brejos, banhados, 
lagoas e costões do litoral. Como o solo difere 
de um lugar para outro, os vegetais também e, 
embora se pareçam, não são iguais e são ex-clusivos 
de determinadas praias. Daí a diver-sidade! 
Linda, perfumada e colorida, esta ve-getação 
tem tamanho e forma variados, desde 
rasteiras (marcela, margarida da praia, bro-mélias...) 
e aquáticas (junco, piri, taboa) até 
árvores (vassourinhas, aroeira, pitangueira, 
ipês ...) formando mosaicos vegetais. 
Os solos da restinga são de areia 
marinha fixadas pelas raízes das plan-tas. 
Sem cobertura, a areia pode avan-çar 
e soterrar casas e ruas. Em frente 
ao mar, quando a vegetação nativa é 
retirada, é o mar que avança sobre as 
construções. As areias soltas mudam 
de lugar ao sabor dos ventos e corren-tes 
marinhas, realimentando a zona 
litorânea com seus sedimentos, num 
jogo de “engorda” e “emagrecimento” 
de praias, manguezais e lagunas. 
Também são as raízes que facilitam a 
drenagem e a filtração das águas das 
chuvas para o subsolo recarregando o 
lençol freático que, quando cheio, 
aflora na superfície formando banha-dos. 
A fauna local e migratória encon-tra 
aí alimento e segurança para 
nidificar, formando os berçários das restingas. 
A água do lençol freático fica a menos de um 
metro de profundidade na restinga e forma re-servatórios 
subterrâneos (aqüíferos) para o abas-tecimento 
publico. 
Mesmo protegida por leis, as restingas são 
desmatadas, aterradas e impermeabilizadas por 
loteamentos, condomínios, prédios ou ruas que 
modificam o escoamento natural e a qualidade 
das águas que escorrem para as praias. 
A especulação imobiliária chega nestes locais 
e vende o metro quadrado a preço de ouro. Nem 
as áreas publicas e da União 
são respeitadas! A paisagem 
e o acesso ao mar passam a 
ser privilégio dos que podem 
pagar por tal ilegalidade, 
mas os danos econômicos, so-ciais 
e ambientais atingem a 
todos. É comum ver o poder 
público gastar fortunas em 
“engorda” de praia para re-parar 
crimes ecológicos. 
Em prol do “desenvolvi-mento”, 
as agressões partem 
do Executivo, Legislativo até 
Judiciário ao favorecerem a 
construção civil e turismo, e 
moradores aproveitadores 
conscientes. 
A Lagoa da Chica 
Tombada como Patrimônio Natural e 
Paisagístico do Município pelo Decreto Mu-nicipal 
135/88, a Lagoa da Chica é uma tí-pica 
formação de restinga com 4,6 hectares 
na praia do Campeche. Uma faixa de 50 
metros, ao seu redor, medida a partir do seu 
leito maior sazonal é Área de Preservação 
Permanente (APP). 
A ocupação tem promovido o aterramento, a 
contaminação das águas com esgotos e a polui-ção 
da paisagem com resíduos e muros. Os nu-trientes 
dos esgotos são ótimos para o crescimen-to 
de plantas aquáticas e em conseqüência a la-goa 
vai sendo assoreada pela expansão de junco, 
piri e taboa. Estes problemas são, em grande par-te, 
decorrentes da falta de fiscalização. Essa la-goa, 
em épocas de chuva retoma seu leito natu-ral 
e invade as casas nas proximidades, como 
aconteceu no segundo semestre de 2005. 
Não é a lagoa que invade as casas, mas ca-sas 
que invadiram a lagoa. Antigamente quan-do 
chovia, o leito da lagoa ia até as Areias do 
Campeche. 
Em alguns momentos, desde o seu tombamen-to, 
houveram iniciativas em defesa da lagoa, com 
mutirões de limpeza promovidos por movimentos 
sociais do Campeche e pelo poder publico, mas 
sem continuidade, hoje a lagoa está a mercê do 
vandalismo. 
Nova resolução do CONAMA ameaça a Ilha 
Este ano, a pressão da aliança especuladora 
imobiliária, política e judiciária atingiu o 
CONAMA. A nova resolução Nº369/06, editada em 
março deste ano, flexibiliza a proteção da restinga. 
Ela“dispõe sobre os casos excepcionais, de utilida-de 
pública, interesse social ou baixo impacto 
ambiental, que possibilitam a intervenção ou su-pressão 
de vegetação em Área de Preservação Per-manente- 
APP”. Ou seja, atropela a Resolução 
CONAMA 303 de 3/2002 que define as APP’s (Áre-as 
de Proteção Permanente) e protege a natureza, 
em especial as restingas “em faixa mínima de 300 
metros, medidos a partir da linha de preamar má-xima”; 
e ainda “em qualquer localização ou exten-são, 
quando recoberta por vegetação com função 
fixadora de dunas ou estabilizadora de mangues”. 
A fim de preservar definitivamente estes 
ecossistemas e corrigir equívocos jurídicos, a 
CONAMA 303 estabeleceu os 300 metros como APP 
e, a despeito das pressões imobiliárias, continuou 
em pleno vigor durante quatro anos, obrigando os 
órgãos ambientais Federais e Estaduais a fiscali-zar 
sua aplicação integral. 
Bem maior que a Resolução 303 que permitiu 
evitar inúmeras tentativas de invasões imobiliári-as 
na costa da Ilha, o novo texto da 369/06 abre 
brechas para interpretações nada ecológicas e de-mocráticas 
ao criar “casos excepcionais” nas 
situações de proteção ambiental. Um exem-plo: 
a Resolução afirma que “considera-se in-tervenção 
ou supressão de vegetação, eventu-al 
e de baixo impacto ambiental, em APP a 
construção e manutenção de 
cercas de divisa de proprieda-des”. 
Ou seja, a mobilização 
para manter o caminho histó-rico 
da Procissão da Semana 
Santa entre a Igrejinha e o pico 
ao lado do Bar do Chico, tem 
agora um respaldo dúbio. As 
cercas e muros de proprieda-des 
privadas podem impedir o 
acesso publico às trilhas 
historicas e praias. Mais gra-ve 
é a possibilidade de redu-ção 
da faixa mínima de distân-cia 
entre obras e cursos 
d´água, entorno de lagos, lago-as 
e reservatórios artificiais 
(de 50 metros para 15 metros). 
Historicamente a proteção 
da restinga já era consagrada 
pelo Código Florestal (Lei 4771/65) , Lei da 
Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 
6.938/81). A Resolução CONAMA 004/85 estabele-cia 
a mesma faixa de 300 metros como “Reserva 
Ecológica”. Porém, a falta de políticas ambientais 
estaduais e municipais jamais asseguraram a pre-servação 
da restinga como ‘Reserva’. A Resolução 
261/99, estrita para SC, define 
os ecossistemas de restinga e 
sua composição florística como 
espécies raras e em extinção. 
Entretanto, alguns juízes já de-fendiam 
“direitos adquiridos” e 
alegavam desconhecer a defini-ção 
de restinga, como ocorreu 
em recente processo do 
loteamento do Novo Campeche. 
Desta feita, um juiz federal can-celou 
um embargo do IBAMA 
alegando não haver mais vege-tação 
típica no local - portanto, 
como declarar ser a região ain-da 
uma “restinga”? 
É com esta mentalidade 
patrimonial voltada para o di-reito 
quase irrestrito da propri-edade 
privatizada que a Reso-lução 
369 pode ser o tiro de misericórdia nas bele-zas 
naturais do Campeche e de toda a Ilha.
FALA CAMPECHE - JUNHO/2006 FALA CAMPECHE - JUNHO/2006 
4 5 
Painel da devastação 
Loteamento destrói campo de futebol 
da comunidade das Areias 
Trator esburaca o único espaço desportivo da região que, por lei, é destinado ao lazer 
comunitário mas não possui nenhuma infra-estrutura pública 
Na primavera de 2005, os jovens Itamar 
Martins e Éder, das Areias, “se encarnaram” em 
reativar o campo de futebol comunitário que funci-onou 
no local nos anos 90 mas hoje está anexado a 
um loteamento residencial. Chamaram os amigos 
Fernando, Flávio e Maicom e, com ajuda do “seu” 
Édio Luiz, conseguiram duas boas traves de ferro. 
Mãos à obra: Capinaram o campo num fim de se-mana 
e, durante um mês, conseguiram jogar fute-bol 
inclusive com o pai do Fernando, “seu” Neri de 
Lima. Era o maior campo que existia no bairro. 
Existia. Porque depois de seis semanas, “o zelador 
do Loteamento Residencial Morro das Pedras 
esburacou o terreno com um trator e ainda jogou 
raízes de eucalipto no lugar para impedir o uso do 
campo. O argumento era que “ali se reúnem mui-tos 
vagabundos” – lamenta Itamar. 
Seu Ineri afirma que “ali não se juntam vaga-bundos” 
e lembra que “enquanto a piazada joga 
bola, não pensa em fazer bobagem por aí”. Seu pen-samento 
coincide com a Constituição Brasileira, no 
Capítulo VII, Art. 227: “é dever da fa-mília, 
da sociedade e do Estado assegu-rar 
à criança e ao adolescente, com ab-soluta 
prioridade, o direito à vida, à saú-de, 
à alimentação, à educação, ao lazer, 
à profissionalização, à cultura, à digni-dade, 
ao respeito, à liberdade e à convi-vência 
familiar e comunitária, além de 
colocá-los a salvo de toda forma de ne-gligência, 
discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão”. Mais 
que isso, as traves foram colocadas 
numa Área Verde de Lazer (AVL) desti-nada 
à comunidade, embora a urbani-zação 
não tenha sido realizada pela Pre-feitura. 
De sua parte, a proprietária da Imo-biliária 
Rota Sul e responsável pelas 
vendas do loteamento, Bernadete dos 
Santos, alega que os 15 mil metros quadrados de 
AVLs lá existentes ainda não foram passados à 
Prefeitura porque o loteamento não está concluí-do. 
Logo, ninguém pode mexer na terra que ain-da 
é privada. Por outro lado, ela informou que o 
dono das terras irá ajudar na construção de um 
centro de lazer se a comunidade fizer um projeto 
e apresentá-lo através da imobiliária. 
O engenheiro Bazzo, da SUSP (Secretaria Mu-nicipal 
de Urbanismo e Serviços Públicos) disse 
que, “na soltura do alvará pela SUSP em 1997, 
as AVLs e a Área Comunitária Institucional já 
pertenciam à comunidade. E o que falta no 
loteamento são duas das quase vinte ruas, mas 
as que circundam as áreas de lazer já estão 
urbanizadas e registradas na Secretaria”. Ou seja, 
em nove anos de loteamento, a Prefeitura não 
cumpriu a sua parte. Duas administrações se pas-saram 
sem atender os direitos dos cidadãos. 
E não foi por falta de aviso. As associações de 
Moradores da Praia das Areias (AMPA), de Pais 
e Amigos da Criança e do Adolescente (APAM), os 
movimentos S.O.S. Esgoto Sul da Ilha, Nosso Bairro 
– Morro das Pedras e o Instituto Sócio-ambiental 
Campeche (ISA-Campeche) enviaram, em 13 de 
setembro de 2004, à então prefeita Ângela Amin, 
aos 21 vereadores e à SUSP, uma solicitação de ur-gência 
“pelo relevante interesse público e a neces-sidade 
das comunidades do Morro das Pedras e 
Areias de evitar que a área se transforme num de-pósito 
de lixo a céu aberto, como já vem ocorren-do”. 
E também lembraram que a “região não pos-sui 
praça, área de lazer para as crianças, equipa-mentos 
comunitários e outros indispensáveis à 
melhoria da qualidade de vida da comunidade”. Não 
tiveram resposta. 
Em 23 de maio de 2005, a mesma solicitação foi 
entregue ao prefeito Dário Berger em evento no 
Campeche. Até agora, o silêncio das autoridades 
tem deixado o capim tomando conta da área e le-vado 
as crianças à brincar no asfalto, cada vez mais 
perigoso. Já a Constituição Municipal, nos princí-pios 
para o Desenvolvimento Urbano diz no Art. 
101 II: “zelar pela criação de áreas de especial in-teresse 
social, ambiental, turístico ou de utilização 
pública”. 
Há outro terreno de 4000 m2 no mesmo 
loteamento destinado à Área Comunitária 
Institucional (ACI), onde a Prefeitura deve cons-truir 
escolas ou centros de saúde. Entretanto, as 
organizações comunitárias da região até agora não 
foram consultadas sobre as necessidades da popu-lação 
local quanto à saúde e educação. Ou seja, é 
mais um terreno de uso público que está abando-nado. 
O “Residencial Morro das Pedras” tem uma área 
de 177.402 m2. As ruas ocupam 49.215 m2, e equi-valem 
a 28%. As AVLs mais os canteiros que me-dem 
1500m2, somam 17.758 m2, 10%. Ele fica en-tre 
a as ruas, Tereza Lopes e dos Eucaliptos, a 100 
metros da praia. 
Operação Tapete Verde em resposta ao Tapete Preto 
Junto com as comunidades do Sul da Ilha, o 
Conselho Local de Saúde da Fazenda do Rio 
Tavares e a Sala Verde Escola da Fazenda deci-diram 
fazer valer o direito a um planejamento 
que leve em conta as questões ambientais. Como 
um contraponto à Operação Tapete Preto, que 
ignora as prioridades das pessoas e a preocupa-ção 
com a impermeabilização do solo, a operação 
comunitária optou pelo verde. As ações práticas 
consistem no plantio de mudas de árvores e ar-bustos 
nativos frutíferas ou ornamentais. A idéia 
é mostrar como se pode promover o desenvolvi-mento 
e preservar o ambiente em que se vive, 
garantindo a qualidade de vida dos cidadãos. 
O lançamento oficial da Operação Tapete 
Verde foi em 22 de abril no Campo da Aviação 
(nas proximidades do marco da Aeronáutica). Ali 
foram escolhidos os cinco primeiros locais a se-rem 
plantados e cada um deles foi “apadrinha-do” 
por uma instituição que fica responsável 
pelas regas e demais cuidados. 
O que quer a meninada do Campeche? 
Nesta rápida enquete com moradores entre 10 
e 19 anos, o Fala reconfirma a necessidade de áre-as 
públicas de lazer 
No momento em que o Campeche se prepara 
para a elaboração do Plano Diretor é importante a 
participação de toda a comunidade representada 
nas diversas faixas etárias. Por isso, o Fala foi às 
ruas para ouvir o que a meninada , ou jovens entre 
10 e 19 anos, têm a dizer sobre o bairro em que 
vivem. Os depoimentos foram dados à reportagem 
nas imediações da 
Av. Pequeno Prín-cipe, 
mais precisa-mente 
na calçada 
da Associação do 
BESC. Este lugar 
ao ar livre foi elei-to 
como point des-ta 
moçada que foi 
proibida de per-manecer 
ali. Fo-ram 
então para a 
rua do loteamento 
Dunas do Leste 
que, ao que tudo 
indica, também os expulsará dentro de pouco tem-po, 
quando iniciarem as obras dos (urgh!) futuros 
prédios. Até lá, é nesse espaço ao ar livre que eles 
desfrutam seus momentos de lazer para trocar 
idéias, brincar, jogar, namorar ou simplesmente 
conviver. 
FALA: Por que vocês se reúnem neste lugar? 
André – Eu e meus amigos nos reunimos aqui 
porque é o único lugar assim, a única área de lazer 
em que a gente pode pode andar de skate sem 
correr o risco de ser atropelado por um carro e 
essas coisas... 
Iago – Eu 
quero falar so-bre 
a falta de es-paço 
que tem 
aqui no 
Campeche para 
brincar, encon-trar 
amigos, 
para andar de 
skate... é isso. 
Rodrigo – 
Aqui no 
loteamento é 
único lugar que 
a gente tem pra brincar. É o único lugar que a 
gente pode construir rampa para andar de skate, 
pra brincar de bicicleta, pra encontrar os amigos... 
E eu não gostaria que destruissem, que fizessem 
casas aqui no loteamento... ou então poderiam cri-ar 
uma pista de skate aqui pra galera andar. É isso. 
Jéssica – Eu queria que construissem uma pra-ça 
para as pessoas poderem conviver e se comuni-car. 
E queria que tivesse uma sala de dança e ou-tras 
coisas que a gente precisa. 
Priscilla – Eu gostaria que aqui no Campeche 
tivesse uma área pros meninos brincarem de skate 
e as meninas andarem de bicicleta e uma área de 
futebol também, pra não juntar tudo num lugar 
só... É isso. 
Érica – Eu queria que construissem uma área 
de lazer para as meninas e para os meninos tam-bém. 
A gente está brincando aqui no loteamento 
porque é o único lugar que temos... E agora vão 
construir casas e prédios e a gente não vai mais 
poder brincar aqui. 
Carolina – Eles poderiam fazer praças para as 
mães levarem os bebês pra tomar sol, construir uma 
biblioteca perto de casa pra gente não ir até a escola, 
porque a escola é muito longe... E também construir 
uma área de lazer pros meninos jogarem futebol e as 
meninas andarem de bicicleta ou jogar vôlei. 
SOS Esgoto Sul da Ilha 
O Movimento S.O.S. Esgotos Sul da Ilha em 
conjunto com os órgãos públicos (Federal, Estadu-al 
e Municipal) coordena e articula as Organiza-ções 
Comunitárias do Ribeirão da Ilha, Pântano 
do Sul e Campeche na busca de soluções para o 
saneamento básico na região. 
É inadmissível, nos dias atuais, o atendimento 
com água tratada sem investimentos na coleta, tra-tamento 
e disposição final do esgoto sanitário. A 
desproporção entre os serviços de abastecimento de 
água e esgotamento sanitário deve-se aos altos cus-tos 
para tratar os esgotos, sensivelmente superio-res 
ao abastecimento. O atual esgotamento sanitá-rio 
é precário e contamina o lençol freático, praias, 
lagoas e cursos d’água das planícies arenosas da 
região. Neste sentido, em encontros periódicos, o 
Movimento contribuiu com as autoridades na busca 
de soluções dos problemas decorrentes da falta de 
saneamento básico. Além de estabelecer condutas 
para a coleta e tratamento de esgotos do Sul da Ilha 
e pela implantação das obras de saneamento. 
Neste momento, o movimento busca viabilizar 
recursos junto à CEF através do Fundo de Garan-tia 
por Tempo de Serviço (FGTS) para viabilizar os 
projetos já elaborados pela CASAN, como o do 
Campeche no valor de R$ 19 milhões de reais. 
Investimento no tratamento de esgotos é sinônimo 
de saúde e desenvolvimento local e turístico. 
O movimento SOS Esgoto Sul da Ilha é democráti-co, 
aberto e busca envolver as comunidades na 
mobilização e conscientização da sociedade, além de 
aglutinar força política para comprometer as autorida-des 
municipais, estaduais e federais no sentido de 
viabilizar recursos e obras que beneficiem a população. 
Reuniões: primeira segunda-feira de cada mês às 
20 h na sede da Lagoa do Peri. Contatos: 3237.9492. 
Segurança em tempos sombrios 
Enquanto a imprensa irradiava a “guerra em 
Sampa”, uma guerra muito maior acontecia no coti-diano, 
aquela que nos atinge no dia a dia: furtos, 
assaltos, violência doméstica contra mulheres e cri-anças, 
destruição ambiental. Esta “guerra” conhe-cida, 
às vezes mesmo nos lugares tidos como mais 
tranqüilos, tem uma soma de ocorrências significa-tivas 
na Planície do Campeche. E isso não é de ago-ra. 
Qualquer que seja sua visão a respeito deste as-sunto, 
uma coisa já é consenso em parte dos mora-dores 
do Campeche: a necessidade da participação 
popular e de suas mobilizações comunitárias, trans-formando 
idéias individuais num pensar coletivo, 
formando-se como uma força social. 
Conseg 
Por isso formamos o CONSEG - Conselho Co-munitário 
de Segurança da Planície do Campeche. 
A primeira reunião foi em março de 2003 na escola 
Brigadeiro Eduardo Gomes. Depois de muitas reu-niões 
com a população e autoridades estaduais e 
municipais, a comissão institucionalizou-se como 
Conselho em assembléia em dezembro de 2003. Vá-rias 
reivindicações foram conquistadas, principal-mente 
a vinda da 3º Cia. do 4º Batalhão da PM para 
o Campeche, inicialmente em imóvel alugado pela 
comunidade. O CONSEG envolve o Rio Tavares, 
Fazenda do Rio Tavares, Campeche, Castanheiras, 
Morro das Pedras e Areias. Sua organização é 
colegiada e os 12 membros têm a mesma importân-cia. 
Muitas ações foram desenvolvidas: na área 
ambiental, segurança patrimonial, conflitos diver-sos, 
melhoria da infra-estrutura de apoio – sede 
da 3ª cia, viatura dos Bombeiros. 
Participação 
A população da região cresce a uma velocida-de 
maior que a dos equipamentos urbanos em saú-de, 
educação, segurança pública e lazer. Disso de-corre 
uma série de problemas que tocam a segu-rança 
pública e dependem do Estado e dos seus 
governos (federal, estadual e municipal). Não é 
função do CONSEG substituir os órgãos públi-cos, 
mas contribuir com a definição de políticas 
públicas e sociais de segurança, apontando prio-ridades 
a partir de um processo participativo. 
Agora em 2006, o CONSEG tem uma nova di-retoria 
eleita em maio, e um novo oficial no co-mando 
da 3ª. Cia da PM, o capitão Carlos Alberto 
De Araújo Gomes. A prioridade é: o policiamento 
comunitário integrado com a polícia civil, 
ambiental e militar, com mais atenção para su-prir 
os bairros com a estrutura de segurança e os 
equipamentos urbanos reivindicados pela popu-lação 
durante a elaboração do Plano Diretor Co-munitário, 
mobilizado pelo Movimento Campeche 
Qualidade de Vida. 
Fique atento, participe das reuniões que são 
divulgadas em cartazes nos estabelecimentos co-merciais, 
pela internet (www.campeche.org.br) e 
pela Rádio Comunitária 104.9 FM.

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  • 1. FALA CAMPECHE - JUNHO/2006 FALA CAMPECHE - JUNHO/2006 Fala Campeche Painel da devastação Uma publicação dos moradores do bairro Campeche - Ilha de Santa Catarina Ano 9 - no 19 - JUNHO de 2006 Conselho Popular da Planície do Campeche chama moradores para reelaborar nosso Plano Diretor Página 3 Jovens na vanguarda da luta pelo transporte público Página 8 Os jovens, o MPL e a cidade Será que a tarifa única resolveu o problema de uma política pública de transporte? Vista isoladamente pode parecer que sim, mas no conjunto dos movimentos recentes dos últimos dois anos, quando os jovens de Florianópolis têm manifestado sua insatisfação com o projeto de ci-dade que está se desenhando, não. A resistência juvenil, naquele momento, fez a ad-ministração recuar nas medidas do aumento das passagens. A elaboração de um projeto de lei de gratuidade do transporte para estudantes em Florianópolis não conseguiu aprovação. Hoje os jo-vens organizados no Movimento Passe Livre vêm alertando a popu-lação para distin-guir as medidas da prefeitura para contornar a séria discussão so-bre quem ganha ou quem perde com o sistema de transporte coleti-vo da cidade. Eles já conseguiram o compromisso da encampação mu-nicipal da COTISA, que está sendo encaminha-da, e da renovação da frota de ônibus nos próximos 18 anos para 10 anos. Em nota pública à população, no início de feve-reiro, o movimento reivindica a ampliação da qua-lidade dos transportes, com mais ônibus circulan-do em mais horários; a encampação imediata da COTISA pela Prefeitura, passando o controle dos terminais ao poder público e eliminando as taxas desnecessárias de acesso dos ôni-bus aos terminais reduzindo o valor das tarifas; e o barateamento imediato das ta-rifas. Colocam-se favoráveis à Tarifa Úni-ca, mas reiteram que seu valor ainda é alto, porque não altera a questão chave que faz dos transportes coletivos um serviço públi-co essencial de difícil acesso para parte sig-nificativa da população de todo o país, por razão do lucro dos empresários. Para estes jovens o mais importante é a crítica às medidas de conjunto que não al-teram o principal da questão. Por outro lado, consideram que essas medidas são um avanço e re-sultam diretamente da luta da população com suas denúncias da exploração praticada pelos empre-sários do setor de transportes, em permanente conluio com as autoridades de plantão do municí-pio. Segundo o pessoal do Passe Livre é necessário um tratamento adequado para o transporte cole-tivo urbano, ou seja, a elevação na sociedade de seu status a serviço público essencial, garantindo seu funcionamento público, gratuito e de qualida-de, fora da pauta da lucratividade e gerido pelo poder público no interesse da coletividade. Ao ma-nifestarem a sua disposição de insistir na Tarifa Zero para toda a popu-lação, consi-deram a implementação da lei do pas-se- livre para os estudan-tes, funcio-nando com e m p r e s a s públicas mu-nicipais de transporte, como um pri-meiro passo. Em todo caso, a solu-ção criada para contor-nar a situa-ção do trans-porte da cidade parece cada vez mais complexa. Quem pensa que a tarifa única vem como uma doação generosa para a população não pode per-der de vista o que a propaganda não diz: que a tarifa menor de R$1,75 é o final de uma cadeia de medidas que preservam a margem de lu-cro dos empresá-rios. O que o simpático co-mercial que está sendo veiculado pelos canais de comunicação não mostra para o Sr. Manuel e sua família é o seguinte: 1- Anunciada como grande mudança, a tarifa única não é única. Para o cidadão ter o direito de pagar o R$1,75 tem que ter um cartão magnético adquirido no Setuf (passando por filas quilométricas, é claro). O detalhe é que o cartão precisa ser alimentado de créditos, um adianta-mento que vai para um fundo administrado pelos empresarios. O sistema é complicado de propósito: criada pelo Setuf a Câmara de Compensação é um órgão voltado para a administração desse proces-so, fazendo o cálculo/mês da quilometragem roda-da pelos ônibus para ser entregue à prefeitura. 2- a incorporação da Cia. Terminais de Integração S/A (Cotisa) tira das empresas de trans-porte os gastos de manutençao, conservação e ope-ração dos terminais que giram em torno de R$400.000,00 pelo que se tem divulgado. 3- com a aparência de satisfazer as reivindica-ções dos movimentos sociais de “tarifa única” e “municipalização” da Cotisa estabeleceu-se uma forma de amenizar o caráter radical e popular das reivindicações. Uma solução que não atinge os in-teresses das empresas de transporte, principalmen-te, a Transol que tem o monopólio das linhas de curta distância na capital, atingindo 60% dos usu-ários. A pergunta é: o controle social está com quem nesta situação? Os jovens do MPL, quando criticam o modelo de transporte da cidade e propõem a constituição de uma empresa pública de transporte vinculada ao poder municipal, estão reafirmando a necessi-dade da população de Florianópolis ter o controle social desse setor fundamental que está no cotidia-no de cada cidadão. São estudantes que, com a marca incontestável de sua juventude, questionam o papel do Estado e se colocam, muitas vezes, mais à frente em relação às demais gerações quando re-cusam a inércia das políticas públicas baseadas no improviso e soluções que beneficiam a poucos. FALA CAMPECHE Participaram dessa edição: Uma Publicação dos Moradores do Bairro Antoninha Santiago, Daniel Valois, Delfino Coelho, Fernando Moraes, Fernando Ponte, Isolete Dozol, Jacó Rocha, Janice Tirelli, Jucelaine Vargas, Lázaro Daniel, Marina Pinto, Maurice Bazin, Oziel Leal, Raul Burgos, Roberto Malamud, Rui Fernando, Silvio Pereira , Telma Tiragem: 8.000 exemplares Piacentini, Tereza Barbosa, Vera Arruda 8 RESISTÊNCIA Ligue-se na Rádio Campeche 104.9 FM Página 2 Restingas são alvo de destruição na Ilha Página 6 O que a meninada do bairro quer Página 5 O Fala Campeche pia há nove anos Distribuição Gratuita Eduardo Faria
  • 2. FALA CAMPECHE - JUNHO/2006 FALA CAMPECHE - JUNHO/2006 2 7 Painel da devastação O PIO DA CORUJA Radio Campeche: um ano no ar No dia 2 de abril, a Rádio Campeche fez 1 ano da primeira transmissão. O aniversario foi come-morado por moradores e associados na sede da rádio na Trav. Iracema das Chagas Pires, perto do Restaurante Alguidar. Após um período fora do ar por não possuir sede, a rádio voltou a transmitir no final do ano passado. Foi construída com o trabalho voluntá-rio de seus associados moradores e simpatizan-tes. Muitos colaboraram doando recursos mate-riais, mão de obra, ou ainda através de projetos de educação ambiental, social e cultural. Hoje está finalizando a construção e estruturação do estúdio e em breve estará aberta para os associados e para toda a comunidade. Quanto ao fun-cionamento, a maior parte do tempo é o computador to-cando aleatoriamente músi-cas de seu acervo, vinhetas, informativos e alguns pro-gramas gravados. Mesmo com estas restrições já estão sendo realizados projetos importantes como o Rádio na Escola, Cursinho Pré- Vestibular Gratuito e Campeche Ecologia, além do programa Campo de Pei-xe que vai ao ar todos os sábados às 11 horas. Aos poucos será aumentando a quantidade de horas com transmissão ao vivo e de jornalismo. Um marco importante foi a instalação da an-tena num poste de 22 metros de altura que per-mite atingir a área legalmente permitida. Depois de nove anos desativado, num momen-to em que leis ambientais são atropeladas sem cerimônia, uma notícia boa é que o Conselho Mu-nicipal de Defesa do Meio Ambiente (CONDEMA) foi reativado. Entretanto, suas atribuições como órgão normativo e deliberativo nunca foram reco-nhecidas pelo poder público local. Em Florianópolis, o Condema é um órgão apenas con-sultivo e de assessoramento da Prefeitura para assuntos de Meio Ambiente. Isto significa que os pareceres de política ambiental do Município, tra-balho voluntário de técnicos da sociedade civil or-ganizada, do empresariado e do próprio governo, podem ou não ser respeitados pela Prefeitura. Com isto, a proposta de Código do Meio Ambi-ente de Florianópolis, que deveria estabelecer as políticas ambientais do setor no município e au-mentar a participação popular no Condema como órgão deliberativo, consultivo e normativo, corre sério risco de ser ignorada. Pela sugestão enca- A Associação Rádio Comunitária Campeche é uma entidade sem fins lucrativos e aberta a qual-quer morador que pode associar-se e com isso par-ticipar de suas atividades, inclusive fazer progra-mas. É só entrar em contato pelo telefone 3201.1530 ou pelo e-mail radio@campeche.org.br ou visitar o site http://radio.campeche.org.br (Sem www!). O valor da anuidade é de R$ 30,00 que pode ser depositado diretamente no BESC agencia 055 conta corrente 086638-8 ou Banco do Brasil agen-cia 4397-4 conta corrente 6879-9. Todos podem con-tribuir também fazendo doações de qualquer quan-tia e o comércio com apoios culturais que são di-vulgados como vinhetas. Todo sábado de manha você pode vir partici-par deste espaço democrático do Campeche na própria sede. Condema é reativado na cidade Onodi: um bloco que Ao som do Juca Bum Mal do Boião já tem história Antigamente, quando aqui viviam lavradores e pescadores, dizia-se que os bezerros de cabeça grande e muito magros, desnutridos, tinham o “mal do boião” (boião é a vasilha de barro utiliza-da para tirar o leite da vaca). Acontece que os lavradores tiravam quase todo o leite da vaca para vender e o bezerro ficava sem leite, daí só a cabe-ça crescia. Passavam vendendo leite em uma galiota (carroça com um cavalo só) até no trevo do João Rangel. Eles levavam o leite para a usi-na na leiteria, no centro. Mas lá eles reclamavam muito. Diziam: “Tu botas tanto leite! Este leite está tão ralo, tu andas botando água no leite.” - “Não, não boto”, o pessoal respondia. É que antes a água era tirada das fontes que tinham um peixinho miudinho, chamado piava, e então eles foram fazer um teste no leite: passaram várias vezes por um coador feito de saca de trigo ou de pão até que, no fundo do pano, apareceu a piavinha viva e pulando. Pasquim Qualquer grande acontecimento saía no Pas-quim do Campeche. Ele falava da vida alheia, era muito fofoqueiro. Existiram três pasquins mais famosos: o Pasquim da Baleia (uma baleia que encalhou na praia do Campeche), o Pasquim do Cará (deu muito cará na Lagoinha Pequena) e todos iam lá para pescar, inclusive o fofoqueiro ou o observador do pasquim que escutava tudo sem ninguém desconfiar e depois escrevia, fa-lando de todos. Eles distribuíam o pasquim à noite escondido, muitas vezes era o mesmo cara que colocava que depois encontrava. O autor era desconhecido porque era um fofoqueiro. Os úl-timos nem chamavam mais Pasquim era chama-do de “a folha”. O Pasquim era feito com versos rimados: “ Agora vamos falar do amigo João Pinheiros Que por falta de caniço Levou um bambu inteiro” A moita da Lagoinha Antigamente havia uma moita na Lagoa Pe-quena que se movia de um lado para outro. Mui-tos achavam que era assombração e tinham medo de passar por ali. Na verdade era a vegetação sol-ta que boiava e era carregada pelos ventos. Hoje ancorou na ponta Sul. A banda Juca Bum se formou em 2001, na praia do Campeche. Foi neste bairro que cresce-ram e residem atualmente todos os integrantes do grupo e suas famílias. Desde a infância convi-vem com a cultura e o folclore catarinenses atra-vés do boi de mamão, pau de fita, terno de reis, festas religiosas e muitas outras atividades ain-da hoje presentes nas comunidades ilhoas. Com estilo Pop Rock, a Juca Bum tem grande influência de ritmos afro-brasileiros, sendo que esse tempero acaba por proporcionar uma marca única e especial à banda. A união dos integrantes se deu com o objetivo comum de criar novas músicas. As composições realizadas por eles trazem mensagens positivas inspiradas no seu cotidiano. Nas letras, tanto das baladas românticas como das músicas mais dançantes, estão presentes temas como a so-lidariedade, a fraternidade entre os povos, a convi-vência harmoniosa com a natureza e a vida saudá-vel através da prática de esportes. Além disso, as letras também buscam o desenvolvimento de uma consciência crítica entre o público ouvinte. Entre as principais influências da banda campechana estão músicos que procuram uma nova identidade à música brasileira, como O Rappa, Chico Sciens e Nação Zumbi, Marcelo D2, Charlie Brown JR,Gilberto Gil, e, entre as influências internacio-nais pode-se citar Bob Marley e Santana. Através dos shows que realiza, a banda já cons-truiu uma grande empatia com o público que in-clui pessoas de todas as idades que interagem com a mesma energia da banda no palco, o que com-prova o grande potencial que a Juca Bum vem cons-truindo nos últimos quatro anos de atividade. As músicas da Juca Bum podem ser ouvidas na Rádio Campeche 104,9 FM. Hoje eles estão gravando o primeiro CD. Integrantes: Vicente, Leonardo, Felipe, Cristina, Narlei e Baía. Telefo-ne para contato: 9112.3688. Em julho de 2006 o FALA CAMPECHE faz 9 anos! Nascido como um jornal comunitário de idéias e voltado para o futuro, o primeiro nú-mero convocava os leitores para uma grande discussão sobre o Plano Diretor da região. Praparava-se o I Seminário Comunitário de Planejamento do Campeche, e o Fala Nº1 contribuía para a memória, a articulação política e a informação da população local. Em todos esses anos, as páginas do Fala acompanharam nossa realidade através do trabalho voluntário de vários moradores. Arbitrariedades foram de-nunciadas e temas importantes foram debatidos como base para o desenvolvi-mento educativo da região. O Fala divul-gou propostas, projetos em realização e, principalmente, tornou visíveis proble-mas não resolvidos que estão na pauta da preocupação de muitos moradores conscientes. O jornal sempre lutou pela qualidade de vida ambiental e social da Planície e, por esclarecer e cobrar, fez com que a do Campeche seja hoje uma das comunidades mais conhecidas por sua mobilização e organização. E é por isso que o jornal registra a memória de uma luta que continua e cuja identidade é a resistência a um Plano Diretor imposto pela Prefeitura. Como porta voz do Movimento Campeche Qualidade de Vida, o Fala abriu e consolidou caminhos da comu-nicação da região: ligou um canal entre os campechanos, e está feliz em apoiar a Rádio Campeche 104,9 FM. Nesta edição, abordamos questões que nos mobilizam desde o Fala Nº1: a prioridade do saneamento básico; a segurança; um transporte público eficiente e acessível. Hoje, tal qual o Nº 1 em 1997, o Fala se confirma como mobilizador pela quali-dade de vida e chama os moradores para participação e fortalecimento do Conse-lho Popular da Planície do Campeche! minhada à Câmara dos Vereadores pela Prefeitu-ra, o Condema local será reduzido à condição de órgão consultivo da Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram) e, pior, presi-dido por esta mesma instituição. Esta situação vem na contramão da política ambiental nacional do Ministério do Meio Ambiente que, ao contrário do que acontece aqui, quer a participação maior de todos os setores da sociedade de forma clara e de-mocrática. Atualmente o Condema é presidido por repre-sentantes da sociedade civil e se reúne quinzenal-mente para tratar os tantos problemas ambientais que a cidade enfrenta. Se a Câmara aprovar a su-gestão do Código do Meio Ambiente tal como foi encaminhado à Casa, essas reuniões só ocorrerão a cada três meses e sob a presidência da Floram. Isto significa mais risco de degradação e ocupação de áreas de preservação permanentes e outras de-sobediências à já fragilizada legislação ambiental. Conscientização Sintonizados com a saúde ambiental do Campeche e do planeta, os alu-nos de 5ª a 8ª séries da Escola Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes fize-ram sua parte com criatividade na Conferência Municipal do Meio Ambi-ente. Uma prova disso é o cartaz vencedor do certame interno da escola com o slogan “Crie ciclones e furacões de conscientização no Planeta!”. Parabéns à escola e aos autores deste e outros cartazes que contribuem para a educação ambiental e a qualidade de vida do bairro. Ano de 1998: Foliões cansados da violência do Carnaval no centro da cidade tavam divárde, sem saber o que fazer. Então, sensibilizados com a situ-ação financeira da Banda Nossa Senhora da Lapa, do Ribeirão da Ilha, que não tinha R$400,00 para consertar seus instrumentos (êta falta de incenti-vo cultural !), eles uniram a necessidade das mani-festações populares que agrupem, alegrem, salvem e guardem características tão peculiares com a do manézinho e sua linguagem numa saída criativa. Nessa hora, contou o carinho pelo sotaque e histó-rias da Ilha que fazem a graça e as delícias de qual-quer pessoa. Adicionou-se doses de amizade, espí-rito comunitário, muita cerveja, discussões acalo-radas e pronto: nasceu o Bloco Onodi. O nome só podia ser este, uma homenagem ao cachorrinho do Tirelli, tapeceiro de grandes sau-dades que, ao perguntar qual o nome do cachorro que recebera de presente de um manézinho, ouviu a resposta: ô no di! Assim, quarenta amigos se reu-niram, deram R$ 10,00 cada, e a Banda Nossa Se-nhora da Lapa arrumou seus instrumentos. Saiu à frente do bloco no Sábado de Aleluia de 1999. To-dos abastecidos pela carroça do Seu Paraná, que carregava a cerveja gelada, num passo apropria-do. E aí pegou! Além de tocar naquele dia, a banda presenteou a comunidade com uma serenata de Natal no final daquele ano. Tudo de novo no ano de 2000. Em 2001 surge o primeiro tema estampado na camiseta: Onodi 2001 Uma Odisséia no Campeche. Para ser mais coerente buscou-se, além do sam-ba do Jorge Coelho, temas colhidos para as cami-setas, entre as pérolas dos ditados ilhéus e então em 2002 sai Si qués, qués; em 2003: Qués filho vai dá como ô di!; em 2004, brincando com o apagão e a malícia ilhoa: Antes que máli lhe pregunte: tás com a pomboca acesa?; em 2005, homenageou-se o Seu Chico e em 2006 foi a vez de D. Nicota com o tema Sou do Bem. E antes que eu lhe pergunte se ‘esse ons vai pra Usc? é bom dizer que o Onodi virou Associação Cultural Ecológica Carnavalesca para abrir mais os braços e os peitos para outras idéias. CAMPECHADAS
  • 3. FALA CAMPECHE - JUNHO/2006 FALA CAMPECHE - JUNHO/2006 6 3 Criado Painel da devastação Conselho Popular da Planície Para encurtar o linhão da Eletrosul No último dia do prazo legal a Eletrosul ofere-ceu uma apresentação mediatica do EIA/RIMA (Es-tudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental) para sua opção de percurso de uma fu-tura alimentação adicional de eletricidade em alta tensão para a Ilha. Iniciado às 20h no Centro Comunitário do Rio Tavares, o desbunde audiovisual apenas irritou o público. Representantes da sociedade civil conse-guiram dar seu pio pelas duas da manhã... A operação visava esquecer o procedimento ile-gal iniciado pela Eletrosul e aparentemente aceito pelo IBAMA. A Lei exige a apresentação de três percursos para trazer energia elétrica da estação de Biguaçu até uma nova subestação na Ilha. A Lei exige comparar os Impactos Ambientais das três opções. A Eletrosul escolheu antecipadamente a chamada Opção Corredor Sul: ela passa “pelo lado interno da borda leste do Parque Estadual da Ser-ra do Tabuleiro... A travessia submarina [no extre-mo sul da Ilha] tem aproximadamente 4,2Km. Na Ilha, a LT, também aérea, passa pelo núcleo his-tórico do Ribeirão da Ilha e por área urbanizada no Campeche...” Coloca a nova subestação no mangue do Rio Tavares! As outras opções ficaram descartadas mistu-rando todo tipo de “custos” sem fazer EIA/RIMA. A do chamado Corredor Norte “... atravessa par-te da APA de Anhatomirim, nas proximidades da Terra Indígena Mbiguaçu. A travessia submari-na... [de] 7,7km ... e passa nas proximidades da Estação Ecológica dos Carijós e da área tombada na Ponta do Sambaqui”. Parece um passeio subaquatico com ataque frontal ao patrimonio historico e natural! Mais interessante para nós é a opção Corre-dor Central, que “passa por áreas de pastagem e cultivo e por área densamente povoada dos mu-nicípios de São José e Florianópolis ... A traves-sia submarina, sob as pontes, tem cerca de 1km de extensão. Na Ilha são necessários cerca de 5km de cabos subterrâneos.” Esta opção Central foi descartada exatamente porque coloca os esforços e os custos a encarar den-tro das regiões caracterizadas pelo próprio desen-volvimento urbano como consumidor de energia elétrica! Pode-se colocar cabos subterrâneos tam-bém no continente já urbanizado tal como está pro-posto para “a área central da cidade.” Cada trecho seria de ordem de 5 km. O custo nem difereria muito do das opções que dão voltas quilométricas pela natureza, mas o impacto ambiental seria quase nulo visto que atravessa apenas campos abertos perto de Biguaçu. Por isso várias entidades e ONGs de Florianópolis enviaram carta ao IBAMA, com có-pia para o Ministério Público Federal, em 17 de abril, apontando a ilegalidade do procedimento de escolha e pedindo a adoção técnica e ambiental da opção Corredor Central. O dia 03 de junho foi importante para a organi-zação comunitária do Campeche. Moradores, enti-dades e movimentos se reuniram em assembléia no Clube Catalina para atualizar as informações sobre o Plano Diretor e discutir as obras de impac-to - como a expansão da rede elétrica da Ilha que passa pela localidade - e preparar o II Seminário Comunitário de Planejamento. A assembléia decidiu, por unanimidade, criar o Conselho Popular da Planície do Campeche que nasce aberto e democraticamente aprovado. A população foi consultada sobre a disposição de um novo impulso na luta pelo Plano Diretor participativo numa estratégia de unificação e de fortalecimento da organização. Através de levantamento das priori-dades da cidade, do Sul da Ilha e da Pla-nície do Campeche, em urnas distribuí-das pela região, aparecem as maiores pre-ocupações dos moradores: a falta de sa-neamento básico, riscos de violência por toda parte, a miséria, o abandono da edu-cação e a falta de opções de lazer. Tais assuntos implicam encaminhamentos ur-gentes relacionados aos desejos da comu-nidade na construção do Plano Diretor até outubro de 2006. A diversidade de problemas sociais e ambientais na região tem levado diferentes enti-dades e movimentos da Planície a concentrarem as ações na solução de problemas locais específicos ou a empreenderem muita energia para defender interesses gerais de forma dispersa. A experiência histórica de lutas demonstra que a divisão, esti-mulada de forma indireta pelo poder público é uma tática de controle da movimentação dos morado-res. O movimento do Campeche sempre teve cons-ciência disso, falando com voz única, nos momen-tos de negociação com a Prefeitura, Ipuf ou Câ-mara de Vereadores. Nossa re-união é importante neste momento em que o Ipuf elabora uma proposta de Plano Diretor juntando três propostas: o Plano da Co-munidade, o Plano do IPUF (apresentado na Câmara em 1999 e retirado em 2005 por pressão dos moradores organizados) e o plano montado pela Câmara de Vereadores a partir dos dois pri-meiros. Os moradores perceberam que diante da força da máquina pública, não poderiam dividir e nem adiar mais os encaminhamentos urgentes. Exemplo: não podemos esperar a definição do novo Plano Diretor para exigir das autoridades uma escola de segundo grau na Planície, mais vigor nas ações da segurança publica, iniciativas de lazer e cultura. Portanto, tínhamos que dar um salto organizativo onde todos pudessem estar jun-tos nos assuntos que são comuns. A assembléia compreendeu que vivemos um momento difícil no relacionamento com o poder público que, somado à pulverização da organização política da região, tem enfraquecido as ações e influências nas polí-ticas públicas. Isto exige, ainda que se considere cada identidade organizativa presente na região, um esforço de unidade com as demais existentes em benefício dos próprios moradores. O Conselho Popular da Planície do Campeche está constituído por organizações e pessoas atuantes nos campos de interesses social, ambiental, cultural, educacional e segurança pú-blica, e deverá representar democraticamente as ações de interesse comum e unificador. Tomará como exemplo o Passe Livre: ou o Estado conversa com todos, ou não conversa com ninguém! Foi unânime, também, que o Conselho Popu-lar deve ter pluralidade para diferentes participa-ções com autonomia partidária e religiosa. A melhor definição do Conselho na sua forma de funcionamento, pauta e divulgação, será definida pelos próprios participantes em reuniões semanais na Escola Brigadeiro Eduar-do Gomes todas as segunda-feiras, às 20 horas, com o mesmo espírito que animou a elaboração do Plano Diretor da Comuni-dade em reuniões criativas, bem humoradas e unidas nos últimos anos! Abaixo lista das entidades que já com-põem o Conselho Popular do Campeche. Venham participar também: AMOCAM, APAM, AMPA, Associação dos Surfistas do Campeche, Associação Rádio Campeche , CONSEG, FORJA – Força dos Jovens e Adultos, Fundação Cruz e Sou-za, Grupo Onodi, Instituto Sócio-Ambiental Campeche – ISA-Campeche, MAPU – Movimento dos Amigos da Pedra do Urubu, Movimento Campeche Qualidade de Vida, Movimento Hip Hop do Campeche, Movimento Nosso Bairro, Movimen-to SOS Esgoto Sul da Ilha. Participações individu-ais: Luís Carlos Guarilha, Gabriela Tavares Rovai, Sandra Rocha da Silva, Renilda Rocha, Tâmara Ellis Caldart, Lázaro Daniel e João Carlos Canuto. Restingas são nosso patrimônio Restinga é a vegetação e o solo das planíci-es, cordões arenosos, dunas, brejos, banhados, lagoas e costões do litoral. Como o solo difere de um lugar para outro, os vegetais também e, embora se pareçam, não são iguais e são ex-clusivos de determinadas praias. Daí a diver-sidade! Linda, perfumada e colorida, esta ve-getação tem tamanho e forma variados, desde rasteiras (marcela, margarida da praia, bro-mélias...) e aquáticas (junco, piri, taboa) até árvores (vassourinhas, aroeira, pitangueira, ipês ...) formando mosaicos vegetais. Os solos da restinga são de areia marinha fixadas pelas raízes das plan-tas. Sem cobertura, a areia pode avan-çar e soterrar casas e ruas. Em frente ao mar, quando a vegetação nativa é retirada, é o mar que avança sobre as construções. As areias soltas mudam de lugar ao sabor dos ventos e corren-tes marinhas, realimentando a zona litorânea com seus sedimentos, num jogo de “engorda” e “emagrecimento” de praias, manguezais e lagunas. Também são as raízes que facilitam a drenagem e a filtração das águas das chuvas para o subsolo recarregando o lençol freático que, quando cheio, aflora na superfície formando banha-dos. A fauna local e migratória encon-tra aí alimento e segurança para nidificar, formando os berçários das restingas. A água do lençol freático fica a menos de um metro de profundidade na restinga e forma re-servatórios subterrâneos (aqüíferos) para o abas-tecimento publico. Mesmo protegida por leis, as restingas são desmatadas, aterradas e impermeabilizadas por loteamentos, condomínios, prédios ou ruas que modificam o escoamento natural e a qualidade das águas que escorrem para as praias. A especulação imobiliária chega nestes locais e vende o metro quadrado a preço de ouro. Nem as áreas publicas e da União são respeitadas! A paisagem e o acesso ao mar passam a ser privilégio dos que podem pagar por tal ilegalidade, mas os danos econômicos, so-ciais e ambientais atingem a todos. É comum ver o poder público gastar fortunas em “engorda” de praia para re-parar crimes ecológicos. Em prol do “desenvolvi-mento”, as agressões partem do Executivo, Legislativo até Judiciário ao favorecerem a construção civil e turismo, e moradores aproveitadores conscientes. A Lagoa da Chica Tombada como Patrimônio Natural e Paisagístico do Município pelo Decreto Mu-nicipal 135/88, a Lagoa da Chica é uma tí-pica formação de restinga com 4,6 hectares na praia do Campeche. Uma faixa de 50 metros, ao seu redor, medida a partir do seu leito maior sazonal é Área de Preservação Permanente (APP). A ocupação tem promovido o aterramento, a contaminação das águas com esgotos e a polui-ção da paisagem com resíduos e muros. Os nu-trientes dos esgotos são ótimos para o crescimen-to de plantas aquáticas e em conseqüência a la-goa vai sendo assoreada pela expansão de junco, piri e taboa. Estes problemas são, em grande par-te, decorrentes da falta de fiscalização. Essa la-goa, em épocas de chuva retoma seu leito natu-ral e invade as casas nas proximidades, como aconteceu no segundo semestre de 2005. Não é a lagoa que invade as casas, mas ca-sas que invadiram a lagoa. Antigamente quan-do chovia, o leito da lagoa ia até as Areias do Campeche. Em alguns momentos, desde o seu tombamen-to, houveram iniciativas em defesa da lagoa, com mutirões de limpeza promovidos por movimentos sociais do Campeche e pelo poder publico, mas sem continuidade, hoje a lagoa está a mercê do vandalismo. Nova resolução do CONAMA ameaça a Ilha Este ano, a pressão da aliança especuladora imobiliária, política e judiciária atingiu o CONAMA. A nova resolução Nº369/06, editada em março deste ano, flexibiliza a proteção da restinga. Ela“dispõe sobre os casos excepcionais, de utilida-de pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou su-pressão de vegetação em Área de Preservação Per-manente- APP”. Ou seja, atropela a Resolução CONAMA 303 de 3/2002 que define as APP’s (Áre-as de Proteção Permanente) e protege a natureza, em especial as restingas “em faixa mínima de 300 metros, medidos a partir da linha de preamar má-xima”; e ainda “em qualquer localização ou exten-são, quando recoberta por vegetação com função fixadora de dunas ou estabilizadora de mangues”. A fim de preservar definitivamente estes ecossistemas e corrigir equívocos jurídicos, a CONAMA 303 estabeleceu os 300 metros como APP e, a despeito das pressões imobiliárias, continuou em pleno vigor durante quatro anos, obrigando os órgãos ambientais Federais e Estaduais a fiscali-zar sua aplicação integral. Bem maior que a Resolução 303 que permitiu evitar inúmeras tentativas de invasões imobiliári-as na costa da Ilha, o novo texto da 369/06 abre brechas para interpretações nada ecológicas e de-mocráticas ao criar “casos excepcionais” nas situações de proteção ambiental. Um exem-plo: a Resolução afirma que “considera-se in-tervenção ou supressão de vegetação, eventu-al e de baixo impacto ambiental, em APP a construção e manutenção de cercas de divisa de proprieda-des”. Ou seja, a mobilização para manter o caminho histó-rico da Procissão da Semana Santa entre a Igrejinha e o pico ao lado do Bar do Chico, tem agora um respaldo dúbio. As cercas e muros de proprieda-des privadas podem impedir o acesso publico às trilhas historicas e praias. Mais gra-ve é a possibilidade de redu-ção da faixa mínima de distân-cia entre obras e cursos d´água, entorno de lagos, lago-as e reservatórios artificiais (de 50 metros para 15 metros). Historicamente a proteção da restinga já era consagrada pelo Código Florestal (Lei 4771/65) , Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81). A Resolução CONAMA 004/85 estabele-cia a mesma faixa de 300 metros como “Reserva Ecológica”. Porém, a falta de políticas ambientais estaduais e municipais jamais asseguraram a pre-servação da restinga como ‘Reserva’. A Resolução 261/99, estrita para SC, define os ecossistemas de restinga e sua composição florística como espécies raras e em extinção. Entretanto, alguns juízes já de-fendiam “direitos adquiridos” e alegavam desconhecer a defini-ção de restinga, como ocorreu em recente processo do loteamento do Novo Campeche. Desta feita, um juiz federal can-celou um embargo do IBAMA alegando não haver mais vege-tação típica no local - portanto, como declarar ser a região ain-da uma “restinga”? É com esta mentalidade patrimonial voltada para o di-reito quase irrestrito da propri-edade privatizada que a Reso-lução 369 pode ser o tiro de misericórdia nas bele-zas naturais do Campeche e de toda a Ilha.
  • 4. FALA CAMPECHE - JUNHO/2006 FALA CAMPECHE - JUNHO/2006 4 5 Painel da devastação Loteamento destrói campo de futebol da comunidade das Areias Trator esburaca o único espaço desportivo da região que, por lei, é destinado ao lazer comunitário mas não possui nenhuma infra-estrutura pública Na primavera de 2005, os jovens Itamar Martins e Éder, das Areias, “se encarnaram” em reativar o campo de futebol comunitário que funci-onou no local nos anos 90 mas hoje está anexado a um loteamento residencial. Chamaram os amigos Fernando, Flávio e Maicom e, com ajuda do “seu” Édio Luiz, conseguiram duas boas traves de ferro. Mãos à obra: Capinaram o campo num fim de se-mana e, durante um mês, conseguiram jogar fute-bol inclusive com o pai do Fernando, “seu” Neri de Lima. Era o maior campo que existia no bairro. Existia. Porque depois de seis semanas, “o zelador do Loteamento Residencial Morro das Pedras esburacou o terreno com um trator e ainda jogou raízes de eucalipto no lugar para impedir o uso do campo. O argumento era que “ali se reúnem mui-tos vagabundos” – lamenta Itamar. Seu Ineri afirma que “ali não se juntam vaga-bundos” e lembra que “enquanto a piazada joga bola, não pensa em fazer bobagem por aí”. Seu pen-samento coincide com a Constituição Brasileira, no Capítulo VII, Art. 227: “é dever da fa-mília, da sociedade e do Estado assegu-rar à criança e ao adolescente, com ab-soluta prioridade, o direito à vida, à saú-de, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à digni-dade, ao respeito, à liberdade e à convi-vência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de ne-gligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. Mais que isso, as traves foram colocadas numa Área Verde de Lazer (AVL) desti-nada à comunidade, embora a urbani-zação não tenha sido realizada pela Pre-feitura. De sua parte, a proprietária da Imo-biliária Rota Sul e responsável pelas vendas do loteamento, Bernadete dos Santos, alega que os 15 mil metros quadrados de AVLs lá existentes ainda não foram passados à Prefeitura porque o loteamento não está concluí-do. Logo, ninguém pode mexer na terra que ain-da é privada. Por outro lado, ela informou que o dono das terras irá ajudar na construção de um centro de lazer se a comunidade fizer um projeto e apresentá-lo através da imobiliária. O engenheiro Bazzo, da SUSP (Secretaria Mu-nicipal de Urbanismo e Serviços Públicos) disse que, “na soltura do alvará pela SUSP em 1997, as AVLs e a Área Comunitária Institucional já pertenciam à comunidade. E o que falta no loteamento são duas das quase vinte ruas, mas as que circundam as áreas de lazer já estão urbanizadas e registradas na Secretaria”. Ou seja, em nove anos de loteamento, a Prefeitura não cumpriu a sua parte. Duas administrações se pas-saram sem atender os direitos dos cidadãos. E não foi por falta de aviso. As associações de Moradores da Praia das Areias (AMPA), de Pais e Amigos da Criança e do Adolescente (APAM), os movimentos S.O.S. Esgoto Sul da Ilha, Nosso Bairro – Morro das Pedras e o Instituto Sócio-ambiental Campeche (ISA-Campeche) enviaram, em 13 de setembro de 2004, à então prefeita Ângela Amin, aos 21 vereadores e à SUSP, uma solicitação de ur-gência “pelo relevante interesse público e a neces-sidade das comunidades do Morro das Pedras e Areias de evitar que a área se transforme num de-pósito de lixo a céu aberto, como já vem ocorren-do”. E também lembraram que a “região não pos-sui praça, área de lazer para as crianças, equipa-mentos comunitários e outros indispensáveis à melhoria da qualidade de vida da comunidade”. Não tiveram resposta. Em 23 de maio de 2005, a mesma solicitação foi entregue ao prefeito Dário Berger em evento no Campeche. Até agora, o silêncio das autoridades tem deixado o capim tomando conta da área e le-vado as crianças à brincar no asfalto, cada vez mais perigoso. Já a Constituição Municipal, nos princí-pios para o Desenvolvimento Urbano diz no Art. 101 II: “zelar pela criação de áreas de especial in-teresse social, ambiental, turístico ou de utilização pública”. Há outro terreno de 4000 m2 no mesmo loteamento destinado à Área Comunitária Institucional (ACI), onde a Prefeitura deve cons-truir escolas ou centros de saúde. Entretanto, as organizações comunitárias da região até agora não foram consultadas sobre as necessidades da popu-lação local quanto à saúde e educação. Ou seja, é mais um terreno de uso público que está abando-nado. O “Residencial Morro das Pedras” tem uma área de 177.402 m2. As ruas ocupam 49.215 m2, e equi-valem a 28%. As AVLs mais os canteiros que me-dem 1500m2, somam 17.758 m2, 10%. Ele fica en-tre a as ruas, Tereza Lopes e dos Eucaliptos, a 100 metros da praia. Operação Tapete Verde em resposta ao Tapete Preto Junto com as comunidades do Sul da Ilha, o Conselho Local de Saúde da Fazenda do Rio Tavares e a Sala Verde Escola da Fazenda deci-diram fazer valer o direito a um planejamento que leve em conta as questões ambientais. Como um contraponto à Operação Tapete Preto, que ignora as prioridades das pessoas e a preocupa-ção com a impermeabilização do solo, a operação comunitária optou pelo verde. As ações práticas consistem no plantio de mudas de árvores e ar-bustos nativos frutíferas ou ornamentais. A idéia é mostrar como se pode promover o desenvolvi-mento e preservar o ambiente em que se vive, garantindo a qualidade de vida dos cidadãos. O lançamento oficial da Operação Tapete Verde foi em 22 de abril no Campo da Aviação (nas proximidades do marco da Aeronáutica). Ali foram escolhidos os cinco primeiros locais a se-rem plantados e cada um deles foi “apadrinha-do” por uma instituição que fica responsável pelas regas e demais cuidados. O que quer a meninada do Campeche? Nesta rápida enquete com moradores entre 10 e 19 anos, o Fala reconfirma a necessidade de áre-as públicas de lazer No momento em que o Campeche se prepara para a elaboração do Plano Diretor é importante a participação de toda a comunidade representada nas diversas faixas etárias. Por isso, o Fala foi às ruas para ouvir o que a meninada , ou jovens entre 10 e 19 anos, têm a dizer sobre o bairro em que vivem. Os depoimentos foram dados à reportagem nas imediações da Av. Pequeno Prín-cipe, mais precisa-mente na calçada da Associação do BESC. Este lugar ao ar livre foi elei-to como point des-ta moçada que foi proibida de per-manecer ali. Fo-ram então para a rua do loteamento Dunas do Leste que, ao que tudo indica, também os expulsará dentro de pouco tem-po, quando iniciarem as obras dos (urgh!) futuros prédios. Até lá, é nesse espaço ao ar livre que eles desfrutam seus momentos de lazer para trocar idéias, brincar, jogar, namorar ou simplesmente conviver. FALA: Por que vocês se reúnem neste lugar? André – Eu e meus amigos nos reunimos aqui porque é o único lugar assim, a única área de lazer em que a gente pode pode andar de skate sem correr o risco de ser atropelado por um carro e essas coisas... Iago – Eu quero falar so-bre a falta de es-paço que tem aqui no Campeche para brincar, encon-trar amigos, para andar de skate... é isso. Rodrigo – Aqui no loteamento é único lugar que a gente tem pra brincar. É o único lugar que a gente pode construir rampa para andar de skate, pra brincar de bicicleta, pra encontrar os amigos... E eu não gostaria que destruissem, que fizessem casas aqui no loteamento... ou então poderiam cri-ar uma pista de skate aqui pra galera andar. É isso. Jéssica – Eu queria que construissem uma pra-ça para as pessoas poderem conviver e se comuni-car. E queria que tivesse uma sala de dança e ou-tras coisas que a gente precisa. Priscilla – Eu gostaria que aqui no Campeche tivesse uma área pros meninos brincarem de skate e as meninas andarem de bicicleta e uma área de futebol também, pra não juntar tudo num lugar só... É isso. Érica – Eu queria que construissem uma área de lazer para as meninas e para os meninos tam-bém. A gente está brincando aqui no loteamento porque é o único lugar que temos... E agora vão construir casas e prédios e a gente não vai mais poder brincar aqui. Carolina – Eles poderiam fazer praças para as mães levarem os bebês pra tomar sol, construir uma biblioteca perto de casa pra gente não ir até a escola, porque a escola é muito longe... E também construir uma área de lazer pros meninos jogarem futebol e as meninas andarem de bicicleta ou jogar vôlei. SOS Esgoto Sul da Ilha O Movimento S.O.S. Esgotos Sul da Ilha em conjunto com os órgãos públicos (Federal, Estadu-al e Municipal) coordena e articula as Organiza-ções Comunitárias do Ribeirão da Ilha, Pântano do Sul e Campeche na busca de soluções para o saneamento básico na região. É inadmissível, nos dias atuais, o atendimento com água tratada sem investimentos na coleta, tra-tamento e disposição final do esgoto sanitário. A desproporção entre os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário deve-se aos altos cus-tos para tratar os esgotos, sensivelmente superio-res ao abastecimento. O atual esgotamento sanitá-rio é precário e contamina o lençol freático, praias, lagoas e cursos d’água das planícies arenosas da região. Neste sentido, em encontros periódicos, o Movimento contribuiu com as autoridades na busca de soluções dos problemas decorrentes da falta de saneamento básico. Além de estabelecer condutas para a coleta e tratamento de esgotos do Sul da Ilha e pela implantação das obras de saneamento. Neste momento, o movimento busca viabilizar recursos junto à CEF através do Fundo de Garan-tia por Tempo de Serviço (FGTS) para viabilizar os projetos já elaborados pela CASAN, como o do Campeche no valor de R$ 19 milhões de reais. Investimento no tratamento de esgotos é sinônimo de saúde e desenvolvimento local e turístico. O movimento SOS Esgoto Sul da Ilha é democráti-co, aberto e busca envolver as comunidades na mobilização e conscientização da sociedade, além de aglutinar força política para comprometer as autorida-des municipais, estaduais e federais no sentido de viabilizar recursos e obras que beneficiem a população. Reuniões: primeira segunda-feira de cada mês às 20 h na sede da Lagoa do Peri. Contatos: 3237.9492. Segurança em tempos sombrios Enquanto a imprensa irradiava a “guerra em Sampa”, uma guerra muito maior acontecia no coti-diano, aquela que nos atinge no dia a dia: furtos, assaltos, violência doméstica contra mulheres e cri-anças, destruição ambiental. Esta “guerra” conhe-cida, às vezes mesmo nos lugares tidos como mais tranqüilos, tem uma soma de ocorrências significa-tivas na Planície do Campeche. E isso não é de ago-ra. Qualquer que seja sua visão a respeito deste as-sunto, uma coisa já é consenso em parte dos mora-dores do Campeche: a necessidade da participação popular e de suas mobilizações comunitárias, trans-formando idéias individuais num pensar coletivo, formando-se como uma força social. Conseg Por isso formamos o CONSEG - Conselho Co-munitário de Segurança da Planície do Campeche. A primeira reunião foi em março de 2003 na escola Brigadeiro Eduardo Gomes. Depois de muitas reu-niões com a população e autoridades estaduais e municipais, a comissão institucionalizou-se como Conselho em assembléia em dezembro de 2003. Vá-rias reivindicações foram conquistadas, principal-mente a vinda da 3º Cia. do 4º Batalhão da PM para o Campeche, inicialmente em imóvel alugado pela comunidade. O CONSEG envolve o Rio Tavares, Fazenda do Rio Tavares, Campeche, Castanheiras, Morro das Pedras e Areias. Sua organização é colegiada e os 12 membros têm a mesma importân-cia. Muitas ações foram desenvolvidas: na área ambiental, segurança patrimonial, conflitos diver-sos, melhoria da infra-estrutura de apoio – sede da 3ª cia, viatura dos Bombeiros. Participação A população da região cresce a uma velocida-de maior que a dos equipamentos urbanos em saú-de, educação, segurança pública e lazer. Disso de-corre uma série de problemas que tocam a segu-rança pública e dependem do Estado e dos seus governos (federal, estadual e municipal). Não é função do CONSEG substituir os órgãos públi-cos, mas contribuir com a definição de políticas públicas e sociais de segurança, apontando prio-ridades a partir de um processo participativo. Agora em 2006, o CONSEG tem uma nova di-retoria eleita em maio, e um novo oficial no co-mando da 3ª. Cia da PM, o capitão Carlos Alberto De Araújo Gomes. A prioridade é: o policiamento comunitário integrado com a polícia civil, ambiental e militar, com mais atenção para su-prir os bairros com a estrutura de segurança e os equipamentos urbanos reivindicados pela popu-lação durante a elaboração do Plano Diretor Co-munitário, mobilizado pelo Movimento Campeche Qualidade de Vida. Fique atento, participe das reuniões que são divulgadas em cartazes nos estabelecimentos co-merciais, pela internet (www.campeche.org.br) e pela Rádio Comunitária 104.9 FM.