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Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
O Projeto Diretrizes, iniciativa conjunta da Associação Médica Brasileira e Conselho Federal
de Medicina, tem por objetivo conciliar informações da área médica a fim de padronizar
condutas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico. As informações contidas
neste projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico, responsável pela conduta
a ser seguida, frente à realidade e ao estado clínico de cada paciente.
Autoria: Sociedade Brasileira de
Ortopedia e Traumatologia
Elaboração Final: 24 de outubro de 2007
Participantes: Kotzias Neto A, Belangero WD
Fratura Supracondiliana
do Úmero na Criança
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
2 Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança
DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE COLETA DE EVIDÊNCIA:
Foram realizadas buscas na base de dados PubMed, utilizando as seguintes
palavras-chaves: Humeral Fractures/surgery*, Fracture Fixation/instrumentation*,
Risk Assessment. No tema “Emergência ou Urgência”, não foi encontrado
estudo de melhor nível de evidência, sendo sete estudos do tipo série de
casos. No tema “Redução aberta ou fechada?”, foram selecionados sete es-
tudos, sendo apenas um controlado e randomizado.
GRAU DE RECOMENDAÇÃO E FORÇA DE EVIDÊNCIA:
A: Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência.
B: Estudos experimentais ou observacionais de menor consistência.
C: Relatos de casos (estudos não controlados).
D: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos
fisiológicos ou modelos animais.
OBJETIVO:
Estabelecer critérios para o tratamento das fraturas supracondilianas do úmero
na criança.
CONFLITO DE INTERESSE:
Nenhum conflito de interesse declarado.
3Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
INTRODUÇÃO
As fraturas supracondilianas do úmero correspondem a 17%
das fraturas na infância, sendo as mais freqüentes do membro
superior nas crianças, perfazendo 60% das ocorrências, com pico
de incidência entre os quatro e sete anos de idade1
(D). A conduta
não-cirúrgica tem sido mostrada associada à alta freqüência de
complicações, incluindo falha de obtenção e manutenção da re-
dução, lesão nervosa, comprometimento vascular e síndrome de
compartimento.
O terço distal do úmero apresenta como particularidade
anatômica uma área óssea delgada entre as fossas do olécrano e
coronóide, cercada pelas colunas medial e lateral, que são mais
espessas. A fratura ocorre quando a criança cai com o cotovelo em
hiperextensão, impactando o olécrano contra a fossa olecraneana.
Isso cria uma alavanca, cujo fulcro do movimento está localizado
exatamente na região supracondiliana do úmero, determinando
assim a fratura. Cabe lembrar que na faixa etária em que essa
fratura é mais freqüente há maior lassidão ligamentar, que permi-
te a hiperextensão do cotovelo, facilitando assim a ocorrência da
fratura. Nesse mecanismo de trauma (hiperextensão), que aco-
mete 95% dos casos, o traço de fratura habitualmente é transver-
so e desloca-se no sentido póstero-superior para ântero-inferior.
O fragmento distal pode desviar, em 75% dos casos, para posteri-
or ou para posterior em varo (póstero-medial), ou em valgo (póstero-
lateral). Se a queda ocorrer com o cotovelo em semiflexão (menos
de 5% dos casos), o fragmento desvia-se anteriormente, o traço
de fratura é oblíquo, de ântero-superior para póstero-inferior, o
que torna mais difícil sua redução, bem como a manutenção está-
vel dos fragmentos1
(D).
A sintomatologia apresentada pelo paciente é exuberante,
com dor, limitação funcional, edema, equimose e, dependendo
da energia do trauma, deformidade e lesão dos tecidos moles
que envolvem o cotovelo. Lesões neurológicas e vasculares es-
tão presentes em 10% a 15% dessas fraturas2,3
(C). Assim sen-
do, o exame minucioso da função motora e sensitiva deve ser
realizado, buscando-se a lesão dos nervos mediano (nervo
interósseo anterior), radial e, mais raramente, do ulnar. Do
mesmo modo, deve-se avaliar a presença da perfusão periféri-
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
4 Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança
ca, do pulso da artéria braquial e radial e de
sinais da síndrome de compartimento.
Radiografias simples são suficientes e de
fundamental importância para o diagnóstico e
planejamento do tratamento. A dor e a ansie-
dade apresentada pela criança e pelos familiares
podem dificultar o exame radiológico. Para se
obter a radiografia na incidência ântero-poste-
rior, deve-se colocar sobre o chassi a extremida-
de distal do braço, não importando o grau de
flexão do cotovelo. Do mesmo modo, deve ser
feita a radiografia em perfil.
Apesar de ser mais descritiva e prática para
a definição da conduta terapêutica, a classifica-
ção de La Grange não é a mais utilizada. Essa
classificação divide as fraturas em quatro tipos,
a saber: tipo I: sem desvio, tipo II: com desvio
em um só plano, tipo III: com desvio em mais
de um plano e com contato entre as corticais e
tipo IV: com desvio em mais de um plano e
sem contato entre as corticais4
(D). A classifica-
ção mais usada é a de Gartland, descrita em
1959, e que divide as fraturas em três tipos:
sem desvio é classificada como tipo I; com des-
vio e com a cortical posterior íntegra, como tipo
II; com desvio e sem contato entre as corticais
dos fragmentos ósseos recebe o tipo III na
classificação5
(D).
Complicações acontecem no manejo de qual-
quer fratura, mas no caso específico da fratura
supracondiliana na criança, não somente pode
haver alterações na morfologia da articulação,
como também poderá ocorrer deformidade re-
sidual em varo, com repercussão na função ar-
ticular. No entanto, padronização de acesso e
técnicas cirúrgicas têm diminuído grandemente
a incidência de maus resultados. Cúbito varo
resultante da falha do tratamento não é somen-
te uma deformidade com efeitos cosméticos, mas
pode ter outras conseqüências tardias, como ris-
co de fratura do côndilo lateral, paralisia tardia
do ulnar e instabilidade rotatória do cotovelo.
FRATURAS DO TIPO II E III DE GARTLAND
URGÊNCIA OU EMERGÊNCIA?
A idéia de se tratar as fraturas supra-
condilianas do úmero na criança tipo III de
Gartland na urgência é baseada nas premissas
de que esta medida não somente é útil para
aliviar a dor, mas também para se evitar com-
plicações de ordem vascular, conseqüentes ao
edema local. O retardo do tratamento poderia
favorecer o aumento do edema e assim dificul-
tar a identificação dos acidentes anatômicos
importantes para a redução e a fixação da fra-
tura e predispor à instalação da síndrome de
compartimento.
O acompanhamento prospectivo de uma
coorte de 220 crianças com fraturas
supracondilianas do úmero, que necessitaram
de redução e fixação percutânea, sendo excluí-
dos os casos de fratura exposta, e aqueles que
tinham algum grau de comprometimento
vascular inicial, objetivou correlacionar a influ-
ência do tempo de espera até a realização do
procedimento cirúrgico, com a incidência de
complicações agudas, ou peri-operatórias. Fo-
ram definidos dois tipos de tratamento: precoce
e tardio. O grupo definido como precoce foi tra-
tado em, no máximo, oito horas após o trauma
(n=52), e, no tardio, o tempo era maior de oito
horas após o trauma (n=146). Não houve di-
ferença significativa entre os dois grupos com
relação à necessidade de redução aberta, nem
5Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
quanto à incidência de complicações peri-ope-
ratórias, infecção ou lesão nervosa
iatrogênica6
(B).
Em estudo retrospectivo de 158 crianças,
com idade média de cinco anos, com FDU tipo
III, foi avaliado o efeito do tempo precedendo o
tratamento cirúrgico quanto a possíveis reper-
cussões sobre o tempo de intra-operatório, tem-
po de internação, necessidade de abordagem
aberta e evolução desfavorável. O tempo médio
que precedia ao procedimento foi de 21,3 ho-
ras, o tempo de intra-operatório de 53 minutos
e o de internação variou de 1 a 5 dias, não ha-
vendo nenhuma diferença nestes parâmetros
dependente do tempo de espera para o trata-
mento cirúrgico7
(B).
Outro estudo retrospectivo não encontrou
nenhum efeito do tempo de espera para o pro-
cedimento cirúrgico em 150 crianças com
FDU, tendo como referência grupos com espe-
ra maior ou menor que 12 horas, quanto à ne-
cessidade de redução aberta, infecção dos fios,
lesão iatrogênica de nervo, complicações
vasculares ou incidência de síndrome de
compartimento8
(B).
O relato dos resultados do tratamento de
291 crianças, tendo a maioria delas sido trata-
da no dia da admissão (77%), embora os auto-
res não tenham relacionado os dados com o tem-
po de espera para o procedimento, referem não
existir consenso quanto a este aspecto9
(C).
Resultados diferentes aos anteriormente re-
latados, quanto ao tempo de espera para o tra-
tamento das FDU em crianças foram obtidos
em estudo retrospectivo de 171 crianças, de-
monstrando que os casos tratados com mais de
8 horas, a partir da apresentação no serviço de
emergência até o procedimento cirúrgico tive-
ram maior incidência de procedimento com
necessidade de abertura do foco de fratura. Apre-
sentaram tendência a maior tempo de procedi-
mento cirúrgico, tendo os autores recomenda-
do o tratamento precoce destas fraturas. Em-
bora alguns autores tenham questionado este
resultado pelo fato de não se ter exatamente o
tempo de espera entre o acidente e o procedi-
mento cirúrgico, este estudo coloca dúvidas so-
bre os dados anteriores10
(B).
A redução da fratura em FDU em crianças
não modifica agudamente os valores da pressão
em compartimentos, o que poderia sugerir que
o argumento da urgência do tratamento das
FDU em função do risco da síndrome de com-
partimento não seria apoiado pelos resultados
de outro estudo11
(C).
Até o momento, pode-se sugerir que fratu-
ras do tipo III que não sejam expostas ou que
não apresentem lesão neurovascular (não-
complicadas), e que tenham tempo de fratura
menor que oito horas, possam ser tratadas em
caráter de não-emergência, podem ser mani-
puladas parcialmente e imobilizadas com o
cotovelo em semiflexão (20º a 30º), com tala
gessada, no pronto-socorro. No entanto, deve-
se manter observação cuidadosa da perfusão
tecidual e da dor, até que se realize o tratamento
definitivo. Aguardam-se estudos prospectivos
controlados e randomizados para melhorar o
grau de recomendação sobre o assunto.
REDUÇÃO ABERTA OU FECHADA?
Há diferentes tipos de comparações de tra-
tamento, como pode ser observado na Tabela 1.
Projeto Diretrizes
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6 Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança
Tabela 1
Comparação de estudos quanto ao tipo de redução e de fixação em fraturas supracondilianas do
úmero em crianças Classificação TNM da UICC, 2002
Autores/ano Comparação n Resultados
Cramer12
(B) RF + fio N=15 14/15 – excelentes ou bons;*
Nenhuma lesão de nervos
RA + fio N=14 12/14 – idem
Objetivo é a redução anatômica.Tentar 1º redução fechada; se não,
redução aberta
Yusof13
(B) RF + gesso N=13 Perda redução
RA + fio N =15 < tempo hospitalização, <
número de complicações,
melhor redução
Ababneh14
(B) RF + fio percut. N total 87% bons resultados; 8%
= 135 ruins
RF + fio percut. 60% bons resultados
RF + gesso 74% bons resultados
Kaewpornsawan15
(A) RA + fios N=14 > escore de satisfação dos
RF + fios N=14 pais e observadores
Todos com cura, sem cúbito varo, sem infecção, sem diferença no ângulo de
Bauman e nos critérios de Flynn
Oh16
(B) RF + fios N=21 18 excelentes, 12 bons *
RA após RF N= 14 Ângulo Bauman - sem
diferença
Resultados semelhantes
Khan17
(B) RF + fio cruzado Excelente ou bom – 85%
RF + gesso Excelente ou bom – 60%
Kraus18
(C) Fios K 30,7s Exposição a raios
Haste IM elástica 80,0s
Fixação externa 41,4s
Usar o limite de tempo de
exposição também como
critério de mudar de
redução fechada
para aberta
Pode-se concluir que, com relação ao tipo da fi-
xação,osestudosquenãoutilizarammaterialdesín-
tese tiveram porcentagem elevada de maus resulta-
dos,nãohavendolugarparaousodeaparelhogessado
exclusivamente nas fraturas supracondilianas do
úmero tipo II ou III de Gartland.
7Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
Quanto à indicação de redução aberta ou
fechada, as séries de caso não demonstraram
diferenças significativas em relação aos critéri-
os de Flynn, ao ângulo de Baumann (tendo
como referência a medida contralateral), ou à
lesão de nervos. Porém, no único estudo
randomizado e controlado, foi observado que o
escore de satisfação dos pais e dos observadores
foi maior na redução fechada. Desta forma,
pode-se indicar que a melhor conduta será ini-
ciar o procedimento com redução fechada e, se
não for obtida a redução anatômica, deve-se
realizar a redução aberta. O tempo de exposi-
ção à radiação também deve ser levado em con-
sideração para a indicação da redução aberta.
FIXAÇÃO CRUZADA OU LATERAL?
A questão sobre o posicionamento dos fios
paralelos ou cruzados nas FDU em crianças é
bastante discutida na literatura. Revisão siste-
mática sobre o tema incluiu dois estudos
randomizados, oito estudos de coorte e 25 séri-
es de casos, totalizando 2054 crianças. Foi de-
monstrado que, quando os fios são colocados
de forma cruzada, a probabilidade de lesão ulnar
é cinco vezes maior do que quando os fios são
colocados de forma paralela. Se for considerada
qualquer lesão de nervo, este valor passa a ser
de 1,84. Por outro lado, foi observado que a
fixação com fios cruzados apresenta maior es-
tabilidade, com risco de perda de redução 0,58
vezes menor que a paralela. Considerando-se
somente os estudos prospectivos, foi demons-
trado que não houve diferenças significativas na
incidência de lesão nervosa ou de evolução com
deformidade ou desvio. Em conclusão, a fixa-
ção com fios cruzados corresponde à configura-
ção mais estável, mas também a de maior risco
de lesão de nervos19
(A). Quando o ângulo entre
o fio e o úmero, no plano sagital, é próximo a
12º, a possibilidade de lesão nervosa é signifi-
cativamente menor do que quando este valor é
próximo a 2º20
(C). Estudo biomecânico em 32
úmeros provenientes de cadáveres demonstrou
que a montagem com fios cruzados apresenta
maior estabilidade e menor perda de redução,
quando comparada à haste elástica ou fixador
externo com fios K ou pino de Schanz21
(D).
Embora não tenha a relevância da lesão
ulnar, a perda da redução também foi estudada
em função do tipo de posicionamento dos fios.
Estudo que avaliou as causas de perda de fixa-
ção após o tratamento das FSC da criança fez
levantamento retrospectivo de 279 fraturas, das
quais, oito tiveram perda da redução. Todas eram
fraturas do tipo III de Gartland, e sete de oito
tinham sido tratadas com dois fios laterais. Foi
demonstrado que a perda de fixação era signifi-
cativamente menor com o uso de três fios cru-
zados em relação a dois paralelos. No entanto,
em todos os casos de perda de redução, pode ser
constatada uma falha técnica: falha na redução
de ambos os fragmentos com dois fios ou mais;
falha na obtenção de fixação bicortical e/ou fal-
ta de divergência adequada entre os fios22
(C).
Conclui-se que os dados dos estudos de me-
lhor qualidade não demonstraram diferenças
quanto aos riscos dos dois tipos de fixação. No
entanto, as séries de casos, que talvez reflitam
melhor as dificuldades da prática clínica, de-
monstraram maior risco na fixação com fios
cruzados. Deve-se levar em conta que os estu-
dos prospectivos foram realizados com controle
da técnica, poucos cirurgiões envolvidos, enfim
com características nem sempre presentes na
prática do dia-a-dia. Assim sendo, fios laterais
colocados com técnica adequada podem ser uti-
lizados nas fraturas Gartland II e III, sem risco
de lesão do nervo ulnar.
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
8 Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança
HÁ INDICAÇÃO PARA A TRAÇÃO
ESQUELÉTICA?
Na literatura, não existem trabalhos clínicos
randomizados que comparem a tração esquelética
com a fixação percutânea, há referências de séries
de casos onde se demonstra a eficácia da tração
esquelética para o tratamento dessa fratura. Resul-
tadosde112criançascomfraturassupracondilianas
fechadas do úmero, sem déficit vascular, tratadas
por tração em média por 22 dias, no período de
1995 a 2000, sendo a idade média de seis anos e
dois meses, mostrou que as fraturas por extensão,
classificadas como tipo II e III de Gartland, foram
as mais freqüentes, em número de 107. Os resul-
tados finais foram avaliados pela medida do arco de
flexo-extensão, ângulo de carregamento e deformi-
dade rotacional residual, além das medidas
radiográficasconvencionais.Houve104resultados
excelentesoubons.Todosospacientesquenãoevo-
luíram bem tinham mais de 10 anos de idade23
(C).
O uso da tração esquelética aplicada no
olecrano, por meio de um parafuso que permite a
correção dos desvios progressivamente, em 193
crianças, com fraturas supracondilianas desviadas,
no período de 1980 a 2001, mostrou que ocorreu
cúbito varo somente em quatro delas24
(C).
Do pequeno número de estudos disponíveis
na literatura, pode-se concluir que a tração
esquelética não é método de rotina, mas não deve
ser excluída como opção terapêutica das fraturas
supracondilianas do úmero em crianças.
FISIOTERAPIA É NECESSÁRIA PARA A
REABILITAÇÃO DO COTOVELO NESSAS
CRIANÇAS?
A necessidade da fisioterapia e a sua indica-
ção no tratamento e na reabilitação do cotovelo
da criança após a fratura supracondiliana do
úmero não está suficientemente definida na li-
teratura. Foram estudados dois grupos com 21
e 22 crianças, sem déficit neurovascular, para
avaliar a eficiência da fisioterapia no ganho do
arco de movimento do cotovelo. As crianças
apresentavam fraturas classificadas como
Felsenreich tipo II e III, que podem ser compa-
radas com a classificação de Gartland II e III.
Essas crianças foram tratadas com redução aber-
ta e fixação com dois fios de K, colocados no
epicôndilo lateral. Após distribuição aleatória,
o grupo que realizou fisioterapia fazia duas a
três sessões por semana, onde se estimulava a
movimentação ativa e passiva. As crianças fo-
ram avaliadas por um examinador que não sa-
bia a qual grupo os pacientes pertenciam. Após
12 e 18 semanas, o grupo que realizava fisiote-
rapia semanalmente apresentou melhor arco de
movimento que o grupo que não realizava fisio-
terapia. No entanto, após um ano de seguimen-
to, não houve mais diferença entre os dois gru-
pos. Os autores concluíram que a fisioterapia é
desnecessária para o tratamento de crianças com
fraturas do úmero sem déficit muscular25
(A).
Embora a literatura seja escassa, o estudo
acima mostra que as crianças com FSCU não
necessitam de encaminhamento para tratamento
fisioterápico, sendo suficiente a realização de
exercícios domiciliares e de atividades infantis
para ganho de amplitude do arco de movimento
em curto espaço de tempo.
QUAIS AS POSSÍVEIS LESÕES NERVOSAS
ASSOCIADAS?
O porcentual de 7% a 15% das fraturas
apresenta lesão dos nervos mediano, radial ou
ulnar, podendo acontecer a lesão no momento
da fratura, durante a realização das manobras
9Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança
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de redução ou pela compressão devido à isquemia
de Volkmann2,3
(C). O predomínio maior é de
lesão do nervo interósseo anterior, ramo do ner-
vo mediano, principalmente no desvio póstero-
lateral. Nestes pacientes não acontece déficit da
sensibilidade, mas há perda motora dos múscu-
los flexores do polegar e indicador, com o res-
tante das funções do nervo mediano conserva-
das. O nervo radial é acometido nas fraturas
com desvio póstero-medial, sendo lesado pela
espícula lateral do fragmento proximal do
úmero. O nervo ulnar é afetado nas fraturas
em flexão, estando sua lesão mais relacionada
ao tratamento cirúrgico quando o nervo é
transfixado pelo fio de Kirschner utilizado para
a fixação da fratura. A grande maioria das le-
sões é do tipo neuropraxia, os casos de
neurotmese são restritos aos traumas de maior
energia, como nas fraturas expostas.
QUAIS AS COMPLICAÇÕES MAIS
FREQÜENTES?
As fraturas reduzidas de maneira anatômica
raramente apresentam déficit funcional ou li-
mitação da mobilidade articular. O arco de
movimento de extensão é o menos comprome-
tido e quando acontece não ultrapassa os 4 graus,
o que não interfere nas atividades diárias destes
indivíduos26
(C). A perda de movimento de flexão
se deve a inúmeras causas, como a persistência
de desvio posterior, translocação posterior, ro-
tação com protusão anterior da espícula medial
e os casos de abordagem posterior transtricipital.
A deformidade angular, como o cúbito varo,
ocorre em 39%, e tem como principal causa a
falha na redução do desvio do fragmento distal
no plano coronal. Outras causas menos freqüen-
tes podem ser a fratura impactada tipo galho
verde da coluna medial, e o desvio lateral pela
abertura do foco de fratura, que leva o fragmento
distal para a linha média. Considera-se que a
deformidade seja triplanar, que determinaria
maior deformidade pela perda das relações
anatômicas das eminências dos ossos que for-
mam a articulação do cotovelo27
(B). Todas es-
tas decorrentes da correção incompleta do des-
vio da fratura no momento do tratamento. Uma
outra causa seria o transtorno do crescimento
da coluna medial ou sobrecrescimento do capí-
tulo, ou fise da tróclea.
O cúbito valgo raramente acontece em 2%
dos casos, e está relacionado às fraturas com
desvio póstero-lateral que se associam à rotação
lateral do fragmento distal, fazendo com que as
inserções distais dos músculos bíceps e tríceps
tornem-se mais laterais, tracionando o fragmen-
to distal no mesmo sentido. A deformidade es-
tética é discreta, sendo que a preocupação mai-
or do médico assistente deve ser o desenvolvi-
mento tardio de paralisia do nervo ulnar.
A miosite ossificante é complicação de difí-
cil prevenção, que se estabelece precocemente.
COMO SE EVITA A LESÃO DO NERVO ULNAR
NA FIXAÇÃO CRUZADA?
A lesão do nervo ulnar ocorre em torno de
2% a 3% na fixação de forma “cruzada”, inse-
rindo-se os fios de Kirchner nos epicôndilos la-
teral e medial28
(C). Na tentativa de minimizar
a possibilidade de lesão do nervo ulnar quando
da abordagem no lado medial, existem relatos
na literatura sugerindo que, após a fixação do
aspecto lateral, deve-se fazer uma leve extensão
do cotovelo com o objetivo de “alargar” o canal
ulnar e facilitar a translocação posterior do
nervo29
(C). Outros autores utilizam-se de
estimulador de nervo periférico para a melhor
Projeto Diretrizes
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10 Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança
localização do nervo ulnar28
(C). Nas crianças
menores em relação à faixa etária habitualmen-
te acometida, ou na presença de grandes edemas,
o cirurgião, encontrando dificuldade em palpar
o epicôndilo, deve optar pela realização de uma
pequena incisão no bordo medial para identifi-
car o nervo ulnar e afastá-lo adequadamente,
antes da introdução do fio de Kirchner30
(D).
COMO IDENTIFICAR E QUE CONDUTA
TOMAR NA FALTA DE PULSO OU PERFUSÃO?
O comprometimento vascular do membro
traumatizado exige exame prolixo da região afe-
tada, com a avaliação dos pulsos radial e ulnar,
e o controle da perfusão das polpas digitais que
devem fazer parte da rotina de avaliação destes
pacientes. Importante salientar que a ausência
de pulso não significa lesão do sistema vascular,
bem como sua presença não a descarta, mas são
elementos que devem ser identificados e valori-
zados para bem avaliar e acompanhar a evolu-
ção destes pacientes, sobretudo nas primeiras
doze horas desde a ocorrência do trauma. A exis-
tência de fratura com deformidade póstero-la-
teral importante deve levar o médico assistente
a considerar a existência de lesão muscular gra-
ve e isquemia da musculatura adjacente ao foco
de fratura, a presença de dor em repouso, dor
provocada pela extensão passiva dos dedos e a
incapacidade de contrair ativamente os múscu-
los do antebraço devem alertar para a possibili-
dade de transtorno vascular da região.
A síndrome compartimental traduz-se pe-
los sinais clássicos de dor, palidez, cianose, au-
sência de pulso radial, parestesia e paralisia. O
aumento da pressão intracompartimental é im-
portante, mas quando apresentar valores baixos
associados aos sinais clínicos não contra-indica
a fasciotomia31
(C). A perfusão é fator impor-
tante na avaliação do membro traumatizado.
Caso não retorne em até 30 minutos, a
arteriografia ou a ultra-sonografia dirigida por
ecodoppler devem ser realizadas para melhor
estudo do sistema vascular da região, e caso con-
firmada lesão, obliteração ou compressão dos
vasos, a indicação da exploração cirúrgica por
via anterior para a sua avaliação, liberação ou
reconstituição se impõe.
11Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança
Projeto Diretrizes
Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina
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Fratura supracondiliana-do-umero-na-crianca AMB

  • 1. 1 Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina O Projeto Diretrizes, iniciativa conjunta da Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina, tem por objetivo conciliar informações da área médica a fim de padronizar condutas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico. As informações contidas neste projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico, responsável pela conduta a ser seguida, frente à realidade e ao estado clínico de cada paciente. Autoria: Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia Elaboração Final: 24 de outubro de 2007 Participantes: Kotzias Neto A, Belangero WD Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança
  • 2. Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 2 Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE COLETA DE EVIDÊNCIA: Foram realizadas buscas na base de dados PubMed, utilizando as seguintes palavras-chaves: Humeral Fractures/surgery*, Fracture Fixation/instrumentation*, Risk Assessment. No tema “Emergência ou Urgência”, não foi encontrado estudo de melhor nível de evidência, sendo sete estudos do tipo série de casos. No tema “Redução aberta ou fechada?”, foram selecionados sete es- tudos, sendo apenas um controlado e randomizado. GRAU DE RECOMENDAÇÃO E FORÇA DE EVIDÊNCIA: A: Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência. B: Estudos experimentais ou observacionais de menor consistência. C: Relatos de casos (estudos não controlados). D: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos fisiológicos ou modelos animais. OBJETIVO: Estabelecer critérios para o tratamento das fraturas supracondilianas do úmero na criança. CONFLITO DE INTERESSE: Nenhum conflito de interesse declarado.
  • 3. 3Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina INTRODUÇÃO As fraturas supracondilianas do úmero correspondem a 17% das fraturas na infância, sendo as mais freqüentes do membro superior nas crianças, perfazendo 60% das ocorrências, com pico de incidência entre os quatro e sete anos de idade1 (D). A conduta não-cirúrgica tem sido mostrada associada à alta freqüência de complicações, incluindo falha de obtenção e manutenção da re- dução, lesão nervosa, comprometimento vascular e síndrome de compartimento. O terço distal do úmero apresenta como particularidade anatômica uma área óssea delgada entre as fossas do olécrano e coronóide, cercada pelas colunas medial e lateral, que são mais espessas. A fratura ocorre quando a criança cai com o cotovelo em hiperextensão, impactando o olécrano contra a fossa olecraneana. Isso cria uma alavanca, cujo fulcro do movimento está localizado exatamente na região supracondiliana do úmero, determinando assim a fratura. Cabe lembrar que na faixa etária em que essa fratura é mais freqüente há maior lassidão ligamentar, que permi- te a hiperextensão do cotovelo, facilitando assim a ocorrência da fratura. Nesse mecanismo de trauma (hiperextensão), que aco- mete 95% dos casos, o traço de fratura habitualmente é transver- so e desloca-se no sentido póstero-superior para ântero-inferior. O fragmento distal pode desviar, em 75% dos casos, para posteri- or ou para posterior em varo (póstero-medial), ou em valgo (póstero- lateral). Se a queda ocorrer com o cotovelo em semiflexão (menos de 5% dos casos), o fragmento desvia-se anteriormente, o traço de fratura é oblíquo, de ântero-superior para póstero-inferior, o que torna mais difícil sua redução, bem como a manutenção está- vel dos fragmentos1 (D). A sintomatologia apresentada pelo paciente é exuberante, com dor, limitação funcional, edema, equimose e, dependendo da energia do trauma, deformidade e lesão dos tecidos moles que envolvem o cotovelo. Lesões neurológicas e vasculares es- tão presentes em 10% a 15% dessas fraturas2,3 (C). Assim sen- do, o exame minucioso da função motora e sensitiva deve ser realizado, buscando-se a lesão dos nervos mediano (nervo interósseo anterior), radial e, mais raramente, do ulnar. Do mesmo modo, deve-se avaliar a presença da perfusão periféri-
  • 4. Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 4 Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança ca, do pulso da artéria braquial e radial e de sinais da síndrome de compartimento. Radiografias simples são suficientes e de fundamental importância para o diagnóstico e planejamento do tratamento. A dor e a ansie- dade apresentada pela criança e pelos familiares podem dificultar o exame radiológico. Para se obter a radiografia na incidência ântero-poste- rior, deve-se colocar sobre o chassi a extremida- de distal do braço, não importando o grau de flexão do cotovelo. Do mesmo modo, deve ser feita a radiografia em perfil. Apesar de ser mais descritiva e prática para a definição da conduta terapêutica, a classifica- ção de La Grange não é a mais utilizada. Essa classificação divide as fraturas em quatro tipos, a saber: tipo I: sem desvio, tipo II: com desvio em um só plano, tipo III: com desvio em mais de um plano e com contato entre as corticais e tipo IV: com desvio em mais de um plano e sem contato entre as corticais4 (D). A classifica- ção mais usada é a de Gartland, descrita em 1959, e que divide as fraturas em três tipos: sem desvio é classificada como tipo I; com des- vio e com a cortical posterior íntegra, como tipo II; com desvio e sem contato entre as corticais dos fragmentos ósseos recebe o tipo III na classificação5 (D). Complicações acontecem no manejo de qual- quer fratura, mas no caso específico da fratura supracondiliana na criança, não somente pode haver alterações na morfologia da articulação, como também poderá ocorrer deformidade re- sidual em varo, com repercussão na função ar- ticular. No entanto, padronização de acesso e técnicas cirúrgicas têm diminuído grandemente a incidência de maus resultados. Cúbito varo resultante da falha do tratamento não é somen- te uma deformidade com efeitos cosméticos, mas pode ter outras conseqüências tardias, como ris- co de fratura do côndilo lateral, paralisia tardia do ulnar e instabilidade rotatória do cotovelo. FRATURAS DO TIPO II E III DE GARTLAND URGÊNCIA OU EMERGÊNCIA? A idéia de se tratar as fraturas supra- condilianas do úmero na criança tipo III de Gartland na urgência é baseada nas premissas de que esta medida não somente é útil para aliviar a dor, mas também para se evitar com- plicações de ordem vascular, conseqüentes ao edema local. O retardo do tratamento poderia favorecer o aumento do edema e assim dificul- tar a identificação dos acidentes anatômicos importantes para a redução e a fixação da fra- tura e predispor à instalação da síndrome de compartimento. O acompanhamento prospectivo de uma coorte de 220 crianças com fraturas supracondilianas do úmero, que necessitaram de redução e fixação percutânea, sendo excluí- dos os casos de fratura exposta, e aqueles que tinham algum grau de comprometimento vascular inicial, objetivou correlacionar a influ- ência do tempo de espera até a realização do procedimento cirúrgico, com a incidência de complicações agudas, ou peri-operatórias. Fo- ram definidos dois tipos de tratamento: precoce e tardio. O grupo definido como precoce foi tra- tado em, no máximo, oito horas após o trauma (n=52), e, no tardio, o tempo era maior de oito horas após o trauma (n=146). Não houve di- ferença significativa entre os dois grupos com relação à necessidade de redução aberta, nem
  • 5. 5Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina quanto à incidência de complicações peri-ope- ratórias, infecção ou lesão nervosa iatrogênica6 (B). Em estudo retrospectivo de 158 crianças, com idade média de cinco anos, com FDU tipo III, foi avaliado o efeito do tempo precedendo o tratamento cirúrgico quanto a possíveis reper- cussões sobre o tempo de intra-operatório, tem- po de internação, necessidade de abordagem aberta e evolução desfavorável. O tempo médio que precedia ao procedimento foi de 21,3 ho- ras, o tempo de intra-operatório de 53 minutos e o de internação variou de 1 a 5 dias, não ha- vendo nenhuma diferença nestes parâmetros dependente do tempo de espera para o trata- mento cirúrgico7 (B). Outro estudo retrospectivo não encontrou nenhum efeito do tempo de espera para o pro- cedimento cirúrgico em 150 crianças com FDU, tendo como referência grupos com espe- ra maior ou menor que 12 horas, quanto à ne- cessidade de redução aberta, infecção dos fios, lesão iatrogênica de nervo, complicações vasculares ou incidência de síndrome de compartimento8 (B). O relato dos resultados do tratamento de 291 crianças, tendo a maioria delas sido trata- da no dia da admissão (77%), embora os auto- res não tenham relacionado os dados com o tem- po de espera para o procedimento, referem não existir consenso quanto a este aspecto9 (C). Resultados diferentes aos anteriormente re- latados, quanto ao tempo de espera para o tra- tamento das FDU em crianças foram obtidos em estudo retrospectivo de 171 crianças, de- monstrando que os casos tratados com mais de 8 horas, a partir da apresentação no serviço de emergência até o procedimento cirúrgico tive- ram maior incidência de procedimento com necessidade de abertura do foco de fratura. Apre- sentaram tendência a maior tempo de procedi- mento cirúrgico, tendo os autores recomenda- do o tratamento precoce destas fraturas. Em- bora alguns autores tenham questionado este resultado pelo fato de não se ter exatamente o tempo de espera entre o acidente e o procedi- mento cirúrgico, este estudo coloca dúvidas so- bre os dados anteriores10 (B). A redução da fratura em FDU em crianças não modifica agudamente os valores da pressão em compartimentos, o que poderia sugerir que o argumento da urgência do tratamento das FDU em função do risco da síndrome de com- partimento não seria apoiado pelos resultados de outro estudo11 (C). Até o momento, pode-se sugerir que fratu- ras do tipo III que não sejam expostas ou que não apresentem lesão neurovascular (não- complicadas), e que tenham tempo de fratura menor que oito horas, possam ser tratadas em caráter de não-emergência, podem ser mani- puladas parcialmente e imobilizadas com o cotovelo em semiflexão (20º a 30º), com tala gessada, no pronto-socorro. No entanto, deve- se manter observação cuidadosa da perfusão tecidual e da dor, até que se realize o tratamento definitivo. Aguardam-se estudos prospectivos controlados e randomizados para melhorar o grau de recomendação sobre o assunto. REDUÇÃO ABERTA OU FECHADA? Há diferentes tipos de comparações de tra- tamento, como pode ser observado na Tabela 1.
  • 6. Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 6 Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança Tabela 1 Comparação de estudos quanto ao tipo de redução e de fixação em fraturas supracondilianas do úmero em crianças Classificação TNM da UICC, 2002 Autores/ano Comparação n Resultados Cramer12 (B) RF + fio N=15 14/15 – excelentes ou bons;* Nenhuma lesão de nervos RA + fio N=14 12/14 – idem Objetivo é a redução anatômica.Tentar 1º redução fechada; se não, redução aberta Yusof13 (B) RF + gesso N=13 Perda redução RA + fio N =15 < tempo hospitalização, < número de complicações, melhor redução Ababneh14 (B) RF + fio percut. N total 87% bons resultados; 8% = 135 ruins RF + fio percut. 60% bons resultados RF + gesso 74% bons resultados Kaewpornsawan15 (A) RA + fios N=14 > escore de satisfação dos RF + fios N=14 pais e observadores Todos com cura, sem cúbito varo, sem infecção, sem diferença no ângulo de Bauman e nos critérios de Flynn Oh16 (B) RF + fios N=21 18 excelentes, 12 bons * RA após RF N= 14 Ângulo Bauman - sem diferença Resultados semelhantes Khan17 (B) RF + fio cruzado Excelente ou bom – 85% RF + gesso Excelente ou bom – 60% Kraus18 (C) Fios K 30,7s Exposição a raios Haste IM elástica 80,0s Fixação externa 41,4s Usar o limite de tempo de exposição também como critério de mudar de redução fechada para aberta Pode-se concluir que, com relação ao tipo da fi- xação,osestudosquenãoutilizarammaterialdesín- tese tiveram porcentagem elevada de maus resulta- dos,nãohavendolugarparaousodeaparelhogessado exclusivamente nas fraturas supracondilianas do úmero tipo II ou III de Gartland.
  • 7. 7Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina Quanto à indicação de redução aberta ou fechada, as séries de caso não demonstraram diferenças significativas em relação aos critéri- os de Flynn, ao ângulo de Baumann (tendo como referência a medida contralateral), ou à lesão de nervos. Porém, no único estudo randomizado e controlado, foi observado que o escore de satisfação dos pais e dos observadores foi maior na redução fechada. Desta forma, pode-se indicar que a melhor conduta será ini- ciar o procedimento com redução fechada e, se não for obtida a redução anatômica, deve-se realizar a redução aberta. O tempo de exposi- ção à radiação também deve ser levado em con- sideração para a indicação da redução aberta. FIXAÇÃO CRUZADA OU LATERAL? A questão sobre o posicionamento dos fios paralelos ou cruzados nas FDU em crianças é bastante discutida na literatura. Revisão siste- mática sobre o tema incluiu dois estudos randomizados, oito estudos de coorte e 25 séri- es de casos, totalizando 2054 crianças. Foi de- monstrado que, quando os fios são colocados de forma cruzada, a probabilidade de lesão ulnar é cinco vezes maior do que quando os fios são colocados de forma paralela. Se for considerada qualquer lesão de nervo, este valor passa a ser de 1,84. Por outro lado, foi observado que a fixação com fios cruzados apresenta maior es- tabilidade, com risco de perda de redução 0,58 vezes menor que a paralela. Considerando-se somente os estudos prospectivos, foi demons- trado que não houve diferenças significativas na incidência de lesão nervosa ou de evolução com deformidade ou desvio. Em conclusão, a fixa- ção com fios cruzados corresponde à configura- ção mais estável, mas também a de maior risco de lesão de nervos19 (A). Quando o ângulo entre o fio e o úmero, no plano sagital, é próximo a 12º, a possibilidade de lesão nervosa é signifi- cativamente menor do que quando este valor é próximo a 2º20 (C). Estudo biomecânico em 32 úmeros provenientes de cadáveres demonstrou que a montagem com fios cruzados apresenta maior estabilidade e menor perda de redução, quando comparada à haste elástica ou fixador externo com fios K ou pino de Schanz21 (D). Embora não tenha a relevância da lesão ulnar, a perda da redução também foi estudada em função do tipo de posicionamento dos fios. Estudo que avaliou as causas de perda de fixa- ção após o tratamento das FSC da criança fez levantamento retrospectivo de 279 fraturas, das quais, oito tiveram perda da redução. Todas eram fraturas do tipo III de Gartland, e sete de oito tinham sido tratadas com dois fios laterais. Foi demonstrado que a perda de fixação era signifi- cativamente menor com o uso de três fios cru- zados em relação a dois paralelos. No entanto, em todos os casos de perda de redução, pode ser constatada uma falha técnica: falha na redução de ambos os fragmentos com dois fios ou mais; falha na obtenção de fixação bicortical e/ou fal- ta de divergência adequada entre os fios22 (C). Conclui-se que os dados dos estudos de me- lhor qualidade não demonstraram diferenças quanto aos riscos dos dois tipos de fixação. No entanto, as séries de casos, que talvez reflitam melhor as dificuldades da prática clínica, de- monstraram maior risco na fixação com fios cruzados. Deve-se levar em conta que os estu- dos prospectivos foram realizados com controle da técnica, poucos cirurgiões envolvidos, enfim com características nem sempre presentes na prática do dia-a-dia. Assim sendo, fios laterais colocados com técnica adequada podem ser uti- lizados nas fraturas Gartland II e III, sem risco de lesão do nervo ulnar.
  • 8. Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 8 Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança HÁ INDICAÇÃO PARA A TRAÇÃO ESQUELÉTICA? Na literatura, não existem trabalhos clínicos randomizados que comparem a tração esquelética com a fixação percutânea, há referências de séries de casos onde se demonstra a eficácia da tração esquelética para o tratamento dessa fratura. Resul- tadosde112criançascomfraturassupracondilianas fechadas do úmero, sem déficit vascular, tratadas por tração em média por 22 dias, no período de 1995 a 2000, sendo a idade média de seis anos e dois meses, mostrou que as fraturas por extensão, classificadas como tipo II e III de Gartland, foram as mais freqüentes, em número de 107. Os resul- tados finais foram avaliados pela medida do arco de flexo-extensão, ângulo de carregamento e deformi- dade rotacional residual, além das medidas radiográficasconvencionais.Houve104resultados excelentesoubons.Todosospacientesquenãoevo- luíram bem tinham mais de 10 anos de idade23 (C). O uso da tração esquelética aplicada no olecrano, por meio de um parafuso que permite a correção dos desvios progressivamente, em 193 crianças, com fraturas supracondilianas desviadas, no período de 1980 a 2001, mostrou que ocorreu cúbito varo somente em quatro delas24 (C). Do pequeno número de estudos disponíveis na literatura, pode-se concluir que a tração esquelética não é método de rotina, mas não deve ser excluída como opção terapêutica das fraturas supracondilianas do úmero em crianças. FISIOTERAPIA É NECESSÁRIA PARA A REABILITAÇÃO DO COTOVELO NESSAS CRIANÇAS? A necessidade da fisioterapia e a sua indica- ção no tratamento e na reabilitação do cotovelo da criança após a fratura supracondiliana do úmero não está suficientemente definida na li- teratura. Foram estudados dois grupos com 21 e 22 crianças, sem déficit neurovascular, para avaliar a eficiência da fisioterapia no ganho do arco de movimento do cotovelo. As crianças apresentavam fraturas classificadas como Felsenreich tipo II e III, que podem ser compa- radas com a classificação de Gartland II e III. Essas crianças foram tratadas com redução aber- ta e fixação com dois fios de K, colocados no epicôndilo lateral. Após distribuição aleatória, o grupo que realizou fisioterapia fazia duas a três sessões por semana, onde se estimulava a movimentação ativa e passiva. As crianças fo- ram avaliadas por um examinador que não sa- bia a qual grupo os pacientes pertenciam. Após 12 e 18 semanas, o grupo que realizava fisiote- rapia semanalmente apresentou melhor arco de movimento que o grupo que não realizava fisio- terapia. No entanto, após um ano de seguimen- to, não houve mais diferença entre os dois gru- pos. Os autores concluíram que a fisioterapia é desnecessária para o tratamento de crianças com fraturas do úmero sem déficit muscular25 (A). Embora a literatura seja escassa, o estudo acima mostra que as crianças com FSCU não necessitam de encaminhamento para tratamento fisioterápico, sendo suficiente a realização de exercícios domiciliares e de atividades infantis para ganho de amplitude do arco de movimento em curto espaço de tempo. QUAIS AS POSSÍVEIS LESÕES NERVOSAS ASSOCIADAS? O porcentual de 7% a 15% das fraturas apresenta lesão dos nervos mediano, radial ou ulnar, podendo acontecer a lesão no momento da fratura, durante a realização das manobras
  • 9. 9Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina de redução ou pela compressão devido à isquemia de Volkmann2,3 (C). O predomínio maior é de lesão do nervo interósseo anterior, ramo do ner- vo mediano, principalmente no desvio póstero- lateral. Nestes pacientes não acontece déficit da sensibilidade, mas há perda motora dos múscu- los flexores do polegar e indicador, com o res- tante das funções do nervo mediano conserva- das. O nervo radial é acometido nas fraturas com desvio póstero-medial, sendo lesado pela espícula lateral do fragmento proximal do úmero. O nervo ulnar é afetado nas fraturas em flexão, estando sua lesão mais relacionada ao tratamento cirúrgico quando o nervo é transfixado pelo fio de Kirschner utilizado para a fixação da fratura. A grande maioria das le- sões é do tipo neuropraxia, os casos de neurotmese são restritos aos traumas de maior energia, como nas fraturas expostas. QUAIS AS COMPLICAÇÕES MAIS FREQÜENTES? As fraturas reduzidas de maneira anatômica raramente apresentam déficit funcional ou li- mitação da mobilidade articular. O arco de movimento de extensão é o menos comprome- tido e quando acontece não ultrapassa os 4 graus, o que não interfere nas atividades diárias destes indivíduos26 (C). A perda de movimento de flexão se deve a inúmeras causas, como a persistência de desvio posterior, translocação posterior, ro- tação com protusão anterior da espícula medial e os casos de abordagem posterior transtricipital. A deformidade angular, como o cúbito varo, ocorre em 39%, e tem como principal causa a falha na redução do desvio do fragmento distal no plano coronal. Outras causas menos freqüen- tes podem ser a fratura impactada tipo galho verde da coluna medial, e o desvio lateral pela abertura do foco de fratura, que leva o fragmento distal para a linha média. Considera-se que a deformidade seja triplanar, que determinaria maior deformidade pela perda das relações anatômicas das eminências dos ossos que for- mam a articulação do cotovelo27 (B). Todas es- tas decorrentes da correção incompleta do des- vio da fratura no momento do tratamento. Uma outra causa seria o transtorno do crescimento da coluna medial ou sobrecrescimento do capí- tulo, ou fise da tróclea. O cúbito valgo raramente acontece em 2% dos casos, e está relacionado às fraturas com desvio póstero-lateral que se associam à rotação lateral do fragmento distal, fazendo com que as inserções distais dos músculos bíceps e tríceps tornem-se mais laterais, tracionando o fragmen- to distal no mesmo sentido. A deformidade es- tética é discreta, sendo que a preocupação mai- or do médico assistente deve ser o desenvolvi- mento tardio de paralisia do nervo ulnar. A miosite ossificante é complicação de difí- cil prevenção, que se estabelece precocemente. COMO SE EVITA A LESÃO DO NERVO ULNAR NA FIXAÇÃO CRUZADA? A lesão do nervo ulnar ocorre em torno de 2% a 3% na fixação de forma “cruzada”, inse- rindo-se os fios de Kirchner nos epicôndilos la- teral e medial28 (C). Na tentativa de minimizar a possibilidade de lesão do nervo ulnar quando da abordagem no lado medial, existem relatos na literatura sugerindo que, após a fixação do aspecto lateral, deve-se fazer uma leve extensão do cotovelo com o objetivo de “alargar” o canal ulnar e facilitar a translocação posterior do nervo29 (C). Outros autores utilizam-se de estimulador de nervo periférico para a melhor
  • 10. Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 10 Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança localização do nervo ulnar28 (C). Nas crianças menores em relação à faixa etária habitualmen- te acometida, ou na presença de grandes edemas, o cirurgião, encontrando dificuldade em palpar o epicôndilo, deve optar pela realização de uma pequena incisão no bordo medial para identifi- car o nervo ulnar e afastá-lo adequadamente, antes da introdução do fio de Kirchner30 (D). COMO IDENTIFICAR E QUE CONDUTA TOMAR NA FALTA DE PULSO OU PERFUSÃO? O comprometimento vascular do membro traumatizado exige exame prolixo da região afe- tada, com a avaliação dos pulsos radial e ulnar, e o controle da perfusão das polpas digitais que devem fazer parte da rotina de avaliação destes pacientes. Importante salientar que a ausência de pulso não significa lesão do sistema vascular, bem como sua presença não a descarta, mas são elementos que devem ser identificados e valori- zados para bem avaliar e acompanhar a evolu- ção destes pacientes, sobretudo nas primeiras doze horas desde a ocorrência do trauma. A exis- tência de fratura com deformidade póstero-la- teral importante deve levar o médico assistente a considerar a existência de lesão muscular gra- ve e isquemia da musculatura adjacente ao foco de fratura, a presença de dor em repouso, dor provocada pela extensão passiva dos dedos e a incapacidade de contrair ativamente os múscu- los do antebraço devem alertar para a possibili- dade de transtorno vascular da região. A síndrome compartimental traduz-se pe- los sinais clássicos de dor, palidez, cianose, au- sência de pulso radial, parestesia e paralisia. O aumento da pressão intracompartimental é im- portante, mas quando apresentar valores baixos associados aos sinais clínicos não contra-indica a fasciotomia31 (C). A perfusão é fator impor- tante na avaliação do membro traumatizado. Caso não retorne em até 30 minutos, a arteriografia ou a ultra-sonografia dirigida por ecodoppler devem ser realizadas para melhor estudo do sistema vascular da região, e caso con- firmada lesão, obliteração ou compressão dos vasos, a indicação da exploração cirúrgica por via anterior para a sua avaliação, liberação ou reconstituição se impõe.
  • 11. 11Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina REFERÊNCIAS 1. Wilkins KG. Fractures and dislocation of the elbow region. In: Rockwood and Wilkins. Fractures in children. 4th ed. Philadelphia:Lippicott Raven;2001. p.669-51. 2. Cramer KE, Green NE, Devito DP. Incidence of anterior interosseous nerve palsy in supracondylar humerus fractures in children. J Pediatr Orthop 1993;13:502-5. 3. Dormans JP, Squillante R, Sharf H. Acute neurovascular complications with supra- condylar humerus fractures in children. J Hand Sug 1995;20:1-4. 4. LaGrange JRP. Fractures supracondyleennes. Rev Chir Orthop 1962;48:337-414. 5. Gartland JJ. Management of supracondylar fractures of the humerus in children. Surg Gynecol Obstet 1959;109:145-54. 6. Mehlman CT, Strub WM, Roy DR, Wall EJ, Crawford AH. The effect of surgical timing on the perioperative complications of treatment of supracondylar humeral fractures in children. J Bone Joint Surg Am 2001;83A:323-7. 7. Leet AI, Frisancho J, Ebramzadeh E. Delayed treatment of type 3 supracondylar humerus fractures in children. J Pediatr Orthop 2002;22:203-7. 8. Gupta N, Kay RM, Leitch K, Femino JD, Tolo VT, Skaggs DL. Effect of surgical delay on perioperative complications and need for open reduction in supracondylar humerus fractures in children. J Pediatr Orthop 2004;24:245-8. 9. Mangwani J, Nadarajah R, Paterson JM. Supracondylar humeral fractures in children: ten years’ experience in a teaching hospital. J Bone Joint Surg Br 2006;88:362-5. 10. Walmsley PJ, Kelly MB, Robb JE, Annan IH, Porter DE. Delay increases the need for open reduction of type-III supracondylar fractures of the humerus. J Bone Joint Surg Br 2006;88:528-30. 11. Battaglia TC, Armstrong DG, Schwend RM. Factors affecting forearm compart- ment pressures in children with supra- condylar fractures of the humerus. J Pediatr Orthop 2002;22:431-9. 12. Cramer KE, Devito DP, Green NE. Comparison of closed reduction and percutaneous pinning versus open reduction and percutaneous pinning in displaced supracondylar fractures of the humerus in children. J Orthop Trauma 1992;6:407-12. 13. Yusof A, Razak M, Lim A. Displaced supracondylar fracture of humerus in children: comparative study of the result of closed and open reduction. Med J Malaysia 1998;53(Suppl A):52-8. 14. Ababneh M, Shannak A, Agabi S, Hadidi S. The treatment of displaced supracondylar fractures of the humerus in children. A comparison of three methods. Int Orthop 1998;22:263-5.
  • 12. Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 12 Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança 15. Kaewpornsawan K. Comparison between closed reduction with percutaneous pinning and open reduction with pinning in children with closed totally displaced supracondylar humeral fractures: a randomized controlled trial. J Pediatr Orthop B 2001;10:131-7. 16. Oh CW, Park BC, Kim PT, Park IH, Kyung HS, Ihn JC. Completely displaced supracondylar humerus fractures in children: results of open reduction versus closed reduction. J Orthop Sci 2003;8:137-41. 17. Khan MS, Sultan S, Ali MA, Khan A, Younis M. Comparison of percutaneous pinning with casting in supracondylar humeral fractures in children. J Ayub Med Coll Abbottabad 2005;17:33-6. 18. Kraus R, Joeris A, Castellani C, Weinberg A, Slongo T, Schnettler R. Intraoperative radiation exposure in displaced supra- condylar humeral fractures: a comparison of surgical methods. J Pediatr Orthop B 2007;16:44-7. 19. Brauer CA, Lee BM, Bae DS, Waters PM, Kocher MS. A systematic review of medial and lateral entry pinning versus lateral entry pinning for supracondylar fractures of the humerus. J Pediatr Orthop 2007;27:181-6. 20. Ozçelik A, Tekcan A, Omeroglu H. Correlation between iatrogenic ulnar nerve injury and angular insertion of the medial pin in supracondylar humerus fractures. J Pediatr Orthop B 2006;15:58-61. 21. Weinberg AM, Castellani C, Arzdorf M, Schneider E, Gasser B, Linke B. Osteosynthesis of supracondylar humerus fractures in children: a biomechanical comparison of four techniques. Clin Biomech (Bristol, Avon) 2007;22:502-9. 22. Sankar WN, Hebela NM, Skaggs DL, Flynn JM. Loss of pin fixation in displaced supracondylar humeral fractures in children: causes and prevention. J Bone Joint Surg Am 2007;89:713-7. 23. Gadgil A, Hayhurst C, Maffulli N, Dwyer JS. Elevated, straight-arm traction for supracondylar fractures of the humerus in children. J Bone Joint Surg Br 2005;87:82-7. 24. Matsuzaki K, Nakatani N, Harada M. Tamaki T. Treatment of supracondylar fracture of the humerus in children by skeletal traction in a brace. J Bone Joint Surg Br 2004; 86:232-8. 25. Keppler P, Salem K, Schwarting B, Kinzl L. The effectiveness of physiotherapy after operative treatment of supracondylar humeral fractures in children. J Pediatr Orthop 2005;25:314-6. 26. Coventry MB, Henderson CC. Supra- condylar fratures of the humerus: 49 cases in children. Rocky Mt Med J 1956;53: 458-65. 27. Kumar K, Sharma VK, Sharma R, Maffulli N. Correction of cubitus varus by French or dome osteotomy: a comparative study. J Trauma 2000;49:717-21.
  • 13. 13Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 28. Wind WM, Schwend RM, Armstrong DG. Predicting ulnar nerve location in pinning of supracondylar humerus fractures. J Pediatr Orthop 2002;22:444-7. 29. Royce RO, Dutkowsky JP, Kasser JR, Rand FR. Neurologic complications after K-wire fixationofsupracondylarhumerusfracturesin children. J Pediatr Orthop 1991;11:191-4. 30. Sobania LC. Fraturas da extremidade distal do úmero em crianças. In: Pardini & Souza, eds. Clínica ortopédica. 2002. p.79-93. 31. Mubarak SJ, Carroll NC. Volkmann’s contracture in children: aetiology and prevention. J Bone Joint Surg 1979;61B: 285-93.
  • 14. Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina 14 Fratura Supracondiliana do Úmero na Criança