O documento discute as interações medicamentosas, que ocorrem quando um fármaco interfere na ação de outro, podendo ser farmacocinéticas ou farmacodinâmicas. Essas interações podem ser benéficas, indesejáveis ou físico-químicas. O risco de interações graves depende de fatores como número de medicamentos, duração do tratamento e estado de saúde do paciente.
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Interações medicamentosas
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Interações medicamentosas
Muitos problemas relacionados aos medicamentos (PRM) são causados
por interações medicamentosas. Esse termo se refere à interferência de um
fármaco na ação de outro, ou seja, os efeitos e/ou a toxicidade de um fármaco
podem ser alterados na presença de outro (TEIXEIRA et al, 1998; HUSSAR,
2000). Essas interferências podem ser farmacocinéticas, quando um dos
fármacos alterar os processos de absorção, distribuição, metabolização e
excreção do outro, ou farmacodinâmicas, quando fármacos de efeitos
semelhantes ou contrários são administrados conjuntamente (TATRO, 1999;
LISBOA, 2000). Fármacos de ação semelhante podem apresentar efeito
sinérgico, ao passo que a coadministração dos que apresentam ações contrárias
pode resultar em antagonismo. Estas interações independem da ocorrência de
ligação a um mesmo sítio receptor (LISBOA, 2000).
Em ambiente hospitalar e ambulatorial, também pode acontecer outro tipo
de interação farmacêutica. Essa interação se deve à incompatibilidade físico-
química, que ocorre quando dois ou mais medicamentos são administrados na
mesma solução ou misturados no mesmo recipiente e o produto obtido inviabiliza
a terapêutica clínica. Portanto, acontece fora do organismo, durante o preparo
de medicamentos de administração por via parenteral, principalmente. Pode
acontecer também incompatibilidade com o veículo adicionado, e não
necessariamente com outro fármaco. Frequentemente, essas interações
resultam em precipitação ou turvação da solução, mudança de coloração ou
inativação do princípio ativo. Esse tipo de interação é sempre indesejado
(FONSECA, 1994; OGA, BASILE, 1994; VALE, 1997).
É importante lembrar que algumas interações medicamentosas podem
ser benéficas ou desejáveis, as quais geralmente apresentam resultados
positivos, com objetivo de tratar doenças concomitantes, reduzir efeitos
adversos, prolongar a duração do efeito, impedir ou retardar o surgimento de
resistência bacteriana, aumentar a adesão ao tratamento, incrementar a eficácia
ou permitir a redução de dose (LISBOA, 2000). As alterações indesejáveis são
as que podem reduzir o efeito ou o resultado esperado, aumentar a incidência e
gama de efeitos adversos e aumentar o custo da terapia sem incremento no
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benefício terapêutico. Essas interações são geralmente imprevistas,
indesejáveis, difíceis de detectar e podem ser responsáveis pelo fracasso da
terapia ou progressão da doença (LISBOA, 2000; HAMMES, 2008).
As interações medicamentosas podem ser classificadas em menor,
quando a interação pode causar efeitos clínicos restritos. Algumas
manifestações podem incluir um aumento na frequência ou gravidade de efeitos
colaterais, mas em geral não requer mudança de terapia medicamentosa;
moderada, quando a interação resulta em exacerbação do quadro clínico e/ou
requer mudanças na terapia medicamentosa; e maior ou grave quando a
interação pode ser crônica e/ou requer intervenção médica para minimizar ou
prevenir reações adversas graves (YUNES, 2011). Algumas interações
medicamentosas apresentam potencial para causar danos permanentes e
muitas são responsáveis por deterioração clínica do paciente, podendo levar à
hospitalização e aumento do tempo de internação (TATRO, 1999).
O risco de ocorrência de interações medicamentosas e a gravidade
dependem de alguns fatores; entre os quais, o número de medicações prescritas,
duração do tratamento, idade do paciente e estados de doença. Pacientes que
requerem grande número de fármacos, longo tempo de tratamento, com
alterações fisiológicas da idade ou certas doenças como insuficiência renal,
choque, hepatopatias como a cirrose e hepatites virais agudas são considerados
de alto risco para interações medicamentosas severas (HAMMES, 2008). Com
o desenvolvimento contínuo de novos medicamentos e, consequentemente,
prescrições com combinações cada vez mais complexas, tornou-se muito difícil
para médicos e farmacêuticos reconhecerem potenciais interações (TATRO,
2005).
Referências:
YUNES, L., et al. Principais interações medicamentosas em pacientes da
UTI-adulto de um hospital privado de Minas Gerais. R. Bras. Farm. Hosp. Serv.
Saúde São Paulo v.2 n.3 23-26 set./dez. 2011.
HAMMES, J.A. Prevalência de potenciais interações medicamentosas
droga-droga em unidades de terapia intensiva. Rev Bras Ter Intensiva. 2008;
20(4): 349-354.
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TEIXEIRA, C.C.; WANNMACHER, L. Interações Medicamentosas. In:
FUCHS, F.D; WANNMACHER, L. Farmacologia Clínica: fundamentos da
terapêutica racional. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. P.48-50.
HUSSAR, D.A. Drug Interactions. In: GENNARO, A.R. Remington: the
science and pratice of pharmacy. 20ed., Baltimore: Lippincott Willians & Wilkins,
2000. p.1746-61.
LISBOA, S.M.L. Interações e Incompatibilidades Medicamentosas. In:
GOMES, M.J.V.M.; REIS, A.M.M. Ciências Farmacêuticas: uma abordagem em
farmácia hospitalar. São Paulo: Editora Atheneu, 2000. p. 147-63.
TATRO, D.S. Drug Interaction Facts 1999. St.Louis: Facts and
Comparisons, 1999.
TATRO, D.S., editor. Drug interaction facts. St. Louis: Facts and
Comparisons; 2005.
FONSECA, A.L., Interações medicamentosas. Rio de Janeiro, EPUC,
1994.
OGA, S.; BASILE, A.C.. Medicamentos e suas interações. São Paulo,
Atheneu, 1994
VALE, N.B. Interações medicamentosas na anestesia venosa. Rev Bras
Anestesiol, v.47, n.5, p.465-73, 1997.
Conteúdo elaborado por Thaís Damin Lima, aluna do 8º
semestre do curso de Farmácia da Universidade Católica de
Santos, sob supervisão do professor doutor Paulo Angelo
Lorandi.