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Tipos de texturas magmáticas e sua caracterização 
Nas rochas magmáticas a percentagem modal de grãos de minerais relativamente ao 
vidro, a cristalinidade, varia de 0 a 100%. As rochas magmáticas constituídas exclusivamente 
por cristais têm textura holocristalina. Uma rocha magmática composta exclusivamente por 
vidro tem textura holohialina. A textura designa-se por hipocristalina ou hemicristalina 
quando a rocha possui cristais e vidro em proporções variadas. 
Quanto à cristalinidade, se uma rocha não possui quantidade significativa de cristais é 
designada por vítrea. O vidro é, basicamente, um líquido silicatado altamente viscoso, 
desordenado à escala atómica, que arrefeceu demasiado rápido para formar cristais. Os vidros 
naturais (obsidiana) parecem ter cristalinidade nula à escala da amostra de mão. Todavia, 
poucos vidros naturais são inteiramente desprovidos de cristais. Quando observados a grandes 
ampliações revelam a presença abundante de cristalitos de reduzidas dimensões, que 
experimentaram crescimento limitado num líquido silicatado altamente viscoso. 
A textura afanítica é típica de rochas extrusivas ou de pequenas intrusões de baixa 
profundidade e consiste num mosaico de cristais demasiado pequenos para serem identificados a 
olho nu, sem ajuda de uma lupa ou microscópio. A textura afanítica implica velocidades de 
nucleação elevadas relativamente à velocidade de crescimento, como acontece com uma 
diminuição rápida da temperatura ou do teor de água do sistema magmático. 
Uma rocha afanítica com fenocristais tem textura porfirítica. Na textura porfirítica a 
dimensão do grão tem uma distribuição bimodal (Fig. 1), isto é, alguns grãos de maiores 
dimensões, designados por fenocristais, estão circundados por uma população de grãos de 
minerais com dimensões mais reduzidas, designados por matriz. Relativamente poucas rochas 
afaníticas são afíricas ou não porfíriticas. Se os fenocristais ocorrem numa matriz vítrea a 
textura classifica-se como vitrofírica (Fig. 1). 
Uma textura diz-se criptocristalina quando os grãos são demasiado pequenos para serem 
identificados ao microscópio óptico, sendo a sua identificação realizada ao microscópio 
electrónico ou por difracção de raios-X. Na textura microcristalina os grãos podem ser 
identificados ao microscópio petrográfico. 
Textura felsítica é caracterizada por um mosaico afanítico de minerais 
predominantemente félsicos, como o quartzo e o feldspato. Este tipo de textura ocorre em alguns 
riolitos, dacitos e traquitos. 
As rochas basálticas têm, normalmente, textura intergranular, caracterizada por um 
mosaico apertado de micrólitos de plagioclase, abundantes e orientados aleatoriamente,
piroxenas equidimensionais, óxidos de Fe e Ti e, nalguns casos, olivinas. A textura intergranular 
é holocristalina. A textura dolerítica é um equivalente de grão mais grosseiro da textura 
intergranular das rochas vulcânicas. Nestes dois tipos de textura a piroxena e outros minerais 
ferro-magnesianos ocupam o espaço disponível entre os cristais maiores de plagioclase. 
Muitas rochas afaníticas que parecem ser holocristalinas em amostra de mão, mostram, 
em lâmina delgada, quantidades menores de vidro. A textura intersertal, típica de muitas rochas 
basálticas, tem as mesmas características da textura intergranular, excepto a presença de vidro 
castanho entre os grãos microcristalinos, como resultado de cristalização incompleta. 
A textura traquítica é caracterizada por ripas de feldspato alinhadas sub-paralelamente. 
Algumas rochas vulcânicas podem apresentar textura seriada (ou dimensional seriada) 
mostrando uma variação contínua da dimensão dos cristais da mesma espécie mineralógica, 
como por exemplo, grãos de plagioclase e piroxena variando entre 0,01 e 0,5mm. 
A textura fanerítica é característica de rochas nas quais os grãos dos principais minerais 
constituintes são suficientemente grandes para serem identificados à vista desarmada. Todavia, 
minerais acessórios, como apatite, zircão esfena e opacos, só são visíveis ao microscópio. As 
rochas faneríticas são tipicamente intrusivas e reflectem cristalização em condições de 
arrefecimento lento e velocidades de nucleação relativamente baixas comparadas com a 
velocidade de crescimento. 
As rochas faneríticas têm textura equigranular, ou simplesmente granular, se os grãos 
têm dimensões similares (Fig. 1). Cada fase cristalina experimentou taxas de nucleação e 
crescimento semelhantes. Outras rochas faneríticas têm textura heterogranular, ou seja, 
possuem grãos de dimensão variável. Estas incluem as rochas com textura porfiróide, nas quais 
há uma distribuição bimodal da população dos grãos, isto é, fenocristais e matriz de dimensão 
mais reduzida, e as rochas com textura seriada, nas quais a dimensão do grão varia de uma forma 
contínua (Fig. 1). Muitos granitos possuem textura seriada (Fig. 1), sendo constituídos por 
apatites e zircões apenas visíveis ao microscópio, óxidos de Fe e Ti ligeiramente maiores, mas 
inferiores a 1mm, silicatos máficos maiores, grãos de quartzo e plagioclase ainda maiores e 
cristais de feldspato potássico na ordem dos 2 a 3cm, ou maiores. A variação mais ao menos 
contínua da granulometria reflecte, provavelmente, a maior ou menor facilidade de nucleação 
entre os diferentes minerais que precipitam conjuntamente a partir do magma; os óxidos de Fe e 
Ti têm velocidade de nucleação elevada, a velocidade de nucleação dos feldspatos alcalinos é a 
menor e a dos outros minerais é intermédia. 
2
Pequenos corpos intrusivos e partes de corpos maiores com granulometria 
excepcionalmente grosseira mas heterogénea, com dimensões na ordem dos centímetros definem 
a textura pegmatítica. Esta textura deve reflectir nucleação limitada e velocidades de 
crescimento elevadas. 
3 
Afanítica Fanerítica 
Equigranular 
Frequência 
Heterogranular 
seriada 
Heterogranular 
porfiróide 
Porfirítica 
Micrólitos Fenocristais 
Vitrofírica 
Fenocristais 
Granulometria 
Fig. 1. Populações granulométricas em rochas magmáticas comuns. 
A textura ofítica ocorre em rochas de composição basáltica, como fluxos de lava 
afaníticos e diques faneríticos de diabase. Caracteriza-se por grandes cristais de piroxena que 
incluem microcristais prismáticos de plagioclase. Se a piroxena e plagioclase têm dimensões 
semelhantes, alguns cristais de plagioclase só se apresentam parcialmente incluídos e a textura 
designa-se por sub-ofítica.
Quer na textura ofítica, quer na textura poiquilítica, grandes cristais incluem cristais 
pequenos, orientados aleatoriamente. Na textura poiquilítica cristais hospedeiros de grandes 
dimensões englobam, completamente, muitos grãos pequenos. Este tipo de textura ocorre em 
rochas de composição muito variada. A textura ofítica é um caso particular da textura 
poiquilítica. 
A textura gráfica é semelhante à textura poiquilítica na medida em que grãos maiores 
incluem grãos de menores dimensões. Ocorre em rochas granitóides pegmatíticas e é 
caracterizada por grandes cristais de feldspato alcalino que incluem pequenos cristais de quartzo, 
todos com a mesma orientação cristalográfica. Nalguns casos, pode observar-se que os grãos de 
quartzo, aparentemente separados, são partes de um cristal maior dendrítico. A designação 
resulta da semelhança com a escrita cuneiforme (criada pelos sumérios por volta de 3500 a.C.). 
A versão microscópica desta textura é designada por micrográfica. 
Grãos de quartzo vermiformes intercrescidos em plagioclase sódica caracterizam a 
textura mirmequítica. Se o feldspato é potássico a textura diz-se granofírica. As texturas 
mirmequítica e granofírica são tipos especiais de textura simplectítica. Esta categoria geral 
inclui todo o tipo de intercrescimento de grãos vermiculares num cristal hospedeiro. 
Em condições de equilíbrio e taxas de “undercooling” pequenas a cristalização lenta do 
“melt” origina cristais euédricos ou idiomórficos limitados por faces de cristal. Os grãos são 
subédricos ou hipidiomórficos, se limitados parcialmente por faces de cristal e anédricos ou 
xenomórficos se não possuem faces de cristal. 
A textura de uma rocha magmática diz-se granular hipidiomórfica se houver uma 
predominância de grãos subédricos. Este tipo de textura observa-se numa grande variedade de 
rochas desde o gabro ao granito. A textura de uma rocha magmática diz-se granular 
idiomórfica se houver predominância de grãos euédricos e granular xenomórfica se houver 
predominância de grãos xenomórficos. 
A textura aplítica é característica de aplitos graníticos, rochas faneríticas equigranulares 
constituídas por um agregado fino de minerais leucocratas, como o feldspato alcalino e o 
quartzo. Os grãos têm dimensões idênticas e são anédricos a subédricos. Neste tipo de textura 
parece provável que todos os grãos tenham cristalizado quase simultaneamente a partir do 
“melt”, competindo igualmente pelo espaço disponível. 
Na Tabela 1 apresenta-se, em resumo, os principais tipos de texturas vulcânicas e 
4 
plutónicas.
5 
Tabela 1. Tipos principais de texturas de rochas ígneas. 
Vulcânicas Plutónicas 
Vítrea Fanerítica 
Afanítica Porfiróide 
Vitrofírica Granular (equi e heterogranular) 
Porfirítica Pegmatítica 
Afírica Gráfica 
Intersertal Aplítica 
Intergranular Seriada 
Traquita Poiquilítica 
Ofítica Dolerítica 
Sub-ofítica Intergranular 
Seriada Ofítica 
Sub-ofítica 
Granofírica 
Muitos grãos em rochas magmáticas são heterogéneos, mostrando zonamentos. 
Um padrão sistemático de variação da composição química num mineral que constitua 
uma solução sólida é designado por zonamento. Em alguns minerais o zonamento forma um 
padrão em sectores, em forma de ampulheta nos cristais prismáticos, como a piroxena. Nos 
feldspatos o zonamento é concêntrico. As plagioclases mostram frequentemente zonamento 
normal, isto é, núcleos cálcicos e bordos mais sódicos. Zonamento inverso é raro nas 
plagioclases. Zonamento oscilatório é frequente nas plagioclases de rochas magmáticas de 
composição intermédia. É caracterizado por zonas concêntricas finas alternadamente ricas e 
pobres num termo extremo da solução sólida.

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Tipos de texturas magmáticas

  • 1. 1 Tipos de texturas magmáticas e sua caracterização Nas rochas magmáticas a percentagem modal de grãos de minerais relativamente ao vidro, a cristalinidade, varia de 0 a 100%. As rochas magmáticas constituídas exclusivamente por cristais têm textura holocristalina. Uma rocha magmática composta exclusivamente por vidro tem textura holohialina. A textura designa-se por hipocristalina ou hemicristalina quando a rocha possui cristais e vidro em proporções variadas. Quanto à cristalinidade, se uma rocha não possui quantidade significativa de cristais é designada por vítrea. O vidro é, basicamente, um líquido silicatado altamente viscoso, desordenado à escala atómica, que arrefeceu demasiado rápido para formar cristais. Os vidros naturais (obsidiana) parecem ter cristalinidade nula à escala da amostra de mão. Todavia, poucos vidros naturais são inteiramente desprovidos de cristais. Quando observados a grandes ampliações revelam a presença abundante de cristalitos de reduzidas dimensões, que experimentaram crescimento limitado num líquido silicatado altamente viscoso. A textura afanítica é típica de rochas extrusivas ou de pequenas intrusões de baixa profundidade e consiste num mosaico de cristais demasiado pequenos para serem identificados a olho nu, sem ajuda de uma lupa ou microscópio. A textura afanítica implica velocidades de nucleação elevadas relativamente à velocidade de crescimento, como acontece com uma diminuição rápida da temperatura ou do teor de água do sistema magmático. Uma rocha afanítica com fenocristais tem textura porfirítica. Na textura porfirítica a dimensão do grão tem uma distribuição bimodal (Fig. 1), isto é, alguns grãos de maiores dimensões, designados por fenocristais, estão circundados por uma população de grãos de minerais com dimensões mais reduzidas, designados por matriz. Relativamente poucas rochas afaníticas são afíricas ou não porfíriticas. Se os fenocristais ocorrem numa matriz vítrea a textura classifica-se como vitrofírica (Fig. 1). Uma textura diz-se criptocristalina quando os grãos são demasiado pequenos para serem identificados ao microscópio óptico, sendo a sua identificação realizada ao microscópio electrónico ou por difracção de raios-X. Na textura microcristalina os grãos podem ser identificados ao microscópio petrográfico. Textura felsítica é caracterizada por um mosaico afanítico de minerais predominantemente félsicos, como o quartzo e o feldspato. Este tipo de textura ocorre em alguns riolitos, dacitos e traquitos. As rochas basálticas têm, normalmente, textura intergranular, caracterizada por um mosaico apertado de micrólitos de plagioclase, abundantes e orientados aleatoriamente,
  • 2. piroxenas equidimensionais, óxidos de Fe e Ti e, nalguns casos, olivinas. A textura intergranular é holocristalina. A textura dolerítica é um equivalente de grão mais grosseiro da textura intergranular das rochas vulcânicas. Nestes dois tipos de textura a piroxena e outros minerais ferro-magnesianos ocupam o espaço disponível entre os cristais maiores de plagioclase. Muitas rochas afaníticas que parecem ser holocristalinas em amostra de mão, mostram, em lâmina delgada, quantidades menores de vidro. A textura intersertal, típica de muitas rochas basálticas, tem as mesmas características da textura intergranular, excepto a presença de vidro castanho entre os grãos microcristalinos, como resultado de cristalização incompleta. A textura traquítica é caracterizada por ripas de feldspato alinhadas sub-paralelamente. Algumas rochas vulcânicas podem apresentar textura seriada (ou dimensional seriada) mostrando uma variação contínua da dimensão dos cristais da mesma espécie mineralógica, como por exemplo, grãos de plagioclase e piroxena variando entre 0,01 e 0,5mm. A textura fanerítica é característica de rochas nas quais os grãos dos principais minerais constituintes são suficientemente grandes para serem identificados à vista desarmada. Todavia, minerais acessórios, como apatite, zircão esfena e opacos, só são visíveis ao microscópio. As rochas faneríticas são tipicamente intrusivas e reflectem cristalização em condições de arrefecimento lento e velocidades de nucleação relativamente baixas comparadas com a velocidade de crescimento. As rochas faneríticas têm textura equigranular, ou simplesmente granular, se os grãos têm dimensões similares (Fig. 1). Cada fase cristalina experimentou taxas de nucleação e crescimento semelhantes. Outras rochas faneríticas têm textura heterogranular, ou seja, possuem grãos de dimensão variável. Estas incluem as rochas com textura porfiróide, nas quais há uma distribuição bimodal da população dos grãos, isto é, fenocristais e matriz de dimensão mais reduzida, e as rochas com textura seriada, nas quais a dimensão do grão varia de uma forma contínua (Fig. 1). Muitos granitos possuem textura seriada (Fig. 1), sendo constituídos por apatites e zircões apenas visíveis ao microscópio, óxidos de Fe e Ti ligeiramente maiores, mas inferiores a 1mm, silicatos máficos maiores, grãos de quartzo e plagioclase ainda maiores e cristais de feldspato potássico na ordem dos 2 a 3cm, ou maiores. A variação mais ao menos contínua da granulometria reflecte, provavelmente, a maior ou menor facilidade de nucleação entre os diferentes minerais que precipitam conjuntamente a partir do magma; os óxidos de Fe e Ti têm velocidade de nucleação elevada, a velocidade de nucleação dos feldspatos alcalinos é a menor e a dos outros minerais é intermédia. 2
  • 3. Pequenos corpos intrusivos e partes de corpos maiores com granulometria excepcionalmente grosseira mas heterogénea, com dimensões na ordem dos centímetros definem a textura pegmatítica. Esta textura deve reflectir nucleação limitada e velocidades de crescimento elevadas. 3 Afanítica Fanerítica Equigranular Frequência Heterogranular seriada Heterogranular porfiróide Porfirítica Micrólitos Fenocristais Vitrofírica Fenocristais Granulometria Fig. 1. Populações granulométricas em rochas magmáticas comuns. A textura ofítica ocorre em rochas de composição basáltica, como fluxos de lava afaníticos e diques faneríticos de diabase. Caracteriza-se por grandes cristais de piroxena que incluem microcristais prismáticos de plagioclase. Se a piroxena e plagioclase têm dimensões semelhantes, alguns cristais de plagioclase só se apresentam parcialmente incluídos e a textura designa-se por sub-ofítica.
  • 4. Quer na textura ofítica, quer na textura poiquilítica, grandes cristais incluem cristais pequenos, orientados aleatoriamente. Na textura poiquilítica cristais hospedeiros de grandes dimensões englobam, completamente, muitos grãos pequenos. Este tipo de textura ocorre em rochas de composição muito variada. A textura ofítica é um caso particular da textura poiquilítica. A textura gráfica é semelhante à textura poiquilítica na medida em que grãos maiores incluem grãos de menores dimensões. Ocorre em rochas granitóides pegmatíticas e é caracterizada por grandes cristais de feldspato alcalino que incluem pequenos cristais de quartzo, todos com a mesma orientação cristalográfica. Nalguns casos, pode observar-se que os grãos de quartzo, aparentemente separados, são partes de um cristal maior dendrítico. A designação resulta da semelhança com a escrita cuneiforme (criada pelos sumérios por volta de 3500 a.C.). A versão microscópica desta textura é designada por micrográfica. Grãos de quartzo vermiformes intercrescidos em plagioclase sódica caracterizam a textura mirmequítica. Se o feldspato é potássico a textura diz-se granofírica. As texturas mirmequítica e granofírica são tipos especiais de textura simplectítica. Esta categoria geral inclui todo o tipo de intercrescimento de grãos vermiculares num cristal hospedeiro. Em condições de equilíbrio e taxas de “undercooling” pequenas a cristalização lenta do “melt” origina cristais euédricos ou idiomórficos limitados por faces de cristal. Os grãos são subédricos ou hipidiomórficos, se limitados parcialmente por faces de cristal e anédricos ou xenomórficos se não possuem faces de cristal. A textura de uma rocha magmática diz-se granular hipidiomórfica se houver uma predominância de grãos subédricos. Este tipo de textura observa-se numa grande variedade de rochas desde o gabro ao granito. A textura de uma rocha magmática diz-se granular idiomórfica se houver predominância de grãos euédricos e granular xenomórfica se houver predominância de grãos xenomórficos. A textura aplítica é característica de aplitos graníticos, rochas faneríticas equigranulares constituídas por um agregado fino de minerais leucocratas, como o feldspato alcalino e o quartzo. Os grãos têm dimensões idênticas e são anédricos a subédricos. Neste tipo de textura parece provável que todos os grãos tenham cristalizado quase simultaneamente a partir do “melt”, competindo igualmente pelo espaço disponível. Na Tabela 1 apresenta-se, em resumo, os principais tipos de texturas vulcânicas e 4 plutónicas.
  • 5. 5 Tabela 1. Tipos principais de texturas de rochas ígneas. Vulcânicas Plutónicas Vítrea Fanerítica Afanítica Porfiróide Vitrofírica Granular (equi e heterogranular) Porfirítica Pegmatítica Afírica Gráfica Intersertal Aplítica Intergranular Seriada Traquita Poiquilítica Ofítica Dolerítica Sub-ofítica Intergranular Seriada Ofítica Sub-ofítica Granofírica Muitos grãos em rochas magmáticas são heterogéneos, mostrando zonamentos. Um padrão sistemático de variação da composição química num mineral que constitua uma solução sólida é designado por zonamento. Em alguns minerais o zonamento forma um padrão em sectores, em forma de ampulheta nos cristais prismáticos, como a piroxena. Nos feldspatos o zonamento é concêntrico. As plagioclases mostram frequentemente zonamento normal, isto é, núcleos cálcicos e bordos mais sódicos. Zonamento inverso é raro nas plagioclases. Zonamento oscilatório é frequente nas plagioclases de rochas magmáticas de composição intermédia. É caracterizado por zonas concêntricas finas alternadamente ricas e pobres num termo extremo da solução sólida.