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REVISTA CIENTÍFICA ELETÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679‐7353                                               
 
 
 
 
Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia de Garça FAMED/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e
Educacional de Garça – ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel: (0**14)
3407-8000 – www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br.
 
 
Ano VI – Número 10 – Janeiro de 2008 – Periódicos Semestral
DEGENERAÇÃO GORDUROSA (LIPIDOSE HEPÁTICA)
SILVA, Leonardo Belli
Aluno da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça
GONÇALVES, Paulo
Professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça
RESUMO
A lipidose hepática desenvolve-se pela excessiva mobilização de gordura corporal e a limitada
habilidade do fígado do ruminante em exportar lipoproteínas contendo triglicerídeos. A degeneração
gordurosa não é uma doença específica, mas pode ocorrer como seqüela de uma variedade de
perturbações do metabolismo normal tais como: a toxemia da prenhez e cetose. O trabalho objetivou
desenvolver uma revisão de literatura sobre essa doença, que acomete várias espécies animais, e
algumas dessas com importantes perdas econômicas.
Palavras chave: doenças hepáticas, gordura corporal, triglicerídeos
ABSTRACT
Fatty liver grows for the excessive mobilization of corporal fat and the limited ability of the liver in
exporting lipoproteins containing triglycerides. The greasy degeneration is not a specific disease, but it
can happen as sequel of a variety of disturbances of the normal metabolism such an as: the blood
poisoning of the pregnancy and ketosis. The work aimed at to develop a literature revision on that
disease, which attacks several animal species, and some of those with important economical losses.
Keywords: hepatic diseases, corporal fat, triglycerides
1 INTRODUÇÃO
A degeneração gordurosa, também conhecida pelas designações de
metamorfose gordurosa, esteatose, lipidose, e infiltração gordurosa (COELHO,
2002), é uma doença provocada pelo desequilíbrio entre a captação hepática dos
ácidos graxos e sua utilização (AROEIRA, 1998, JONES; HUNT e KING, 2000).
A doença causa a presença excessiva de lipídios dentro do fígado e ocorre
quando o índice de acumulação de triglicerídeos excede seus índices de degradação
metabólica ou liberação como lipoproteínas (MACLACHLAN e CULLEN, 1998).
A lipidose hepática afeta principalmente vacas leiteiras de alta produção com
uma incidência que pode chegar a 60% do plantel. As perdas incluem gastos com o
tratamento, perda de aproximadamente 60 a 300 litros de leite por lactação,
infertilidade temporária das vacas e maior chance do aparecimento de outras
enfermidades no puerpério. A mortalidade pode alcançar 25%.
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Ano VI – Número 10 – Janeiro de 2008 – Periódicos Semestral
A enfermidade correspondente em ovinos é denominada toxemia da
gestação, e ocorre com maior freqüência em animais submetidos a sistemas de
produção intensiva (ROSSI et al., 2005).
As principais doenças que podem causar lipidose hepática são: síndrome da
vaca gorda, toxemia da prenhez em vacas de corte, toxemia da prenhez em ovelhas
e cabras e cetose dos bovinos (SOUZA, 2003).
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Mecanismos de acúmulo de gordura excessiva no fígado
A degeneração gordurosa não é uma doença específica, mas pode ocorrer
como seqüela de uma variedade de perturbações do metabolismo normal.
MACLACHLAN e CULLEN (1998) apresentam os mecanismos potenciais
responsáveis pelo acúmulo excessivo de gordura no fígado incluem os seguintes:
a) entrada excessiva de ácidos graxos para o fígado, que pode ocorrer pela
ingestão excessiva de gordura com a alimentação ou pela mobilização do aumento
de triglicerídeos do tecido adiposo, como por exemplo, no período de lactação.
b) função anormal do hepatócito, que pode levar ao acúmulo excessivo de
triglicerídeos no hepatócito devido à redução, nesta célula, da oxidação dos ácidos
graxos.
c) ingestão excessiva de carboidratos na alimentação resultando na síntese
aumentada de ácidos graxos, com formação excessiva de triglicerídeos nos
hepatócitos.
d) aumento na esterificação de ácidos graxos a triglicerídeos.
e) redução na síntese de apoproteínas e subseqüente decréscimo na
produção e exportação de lipoproteínas pelo hepatócito.
f) decréscimo na secreção de lipoproteínas pelo fígado.
Deve ser frisado que esses são mecanismos potenciais e que mais de um
defeito pode ocorrer em um determinado distúrbio hepático Independente da causa,
o aspecto macroscópico do fígado com degeneração gordurosa ê bastante
característico. Com a acumulação progressiva de lipídios, o fígado aumenta de
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Ano VI – Número 10 – Janeiro de 2008 – Periódicos Semestral
volume e torna-se amarelado. Em casos menos acentuados, lipídios podem
acumular-se somente em regiões específicas do lóbulo hepático, como a região
centrolobular, conferindo assim, uma acentuação do padrão lobular ao ligado Em
casos mais graves, todo o fígado está difusamente afetado, o órgão pode tornar-se
consideravelmente aumentado de volume e apresentar uma textura gordurosa
Vacúolos lipídicos são facilmente detectáveis no citoplasma dos hepatócitos
(MACLACHLAN e CULLEN, 1998).
2.2 Etiologia
As principais causas da esteatose são: hipoxemia (a gordura transportada
para o fígado não é oxidada e fica retida); tóxicos (arsênio, clorofórmio, tetracloreto
de carbono, micotoxinas) e insuficiência de fatores lipotróficos (colina e metionina)
(COELHO, 2002).
Macroscopicamente, o fígado apresenta-se aumentado de volume, com bordas
arredondadas, manchas amareladas, untuoso ao corte e friável. Microscopicamente
os hepatócitos estão repletos de gotículas de gorduras ou espaços vazios, ocorridos
durante a preparação das lâminas histológicas (COELHO, 2002).
2.3 Sinais Clínicos
Os sinais clínicos mais comuns da lipidose são a perda de peso acentuada
devido à anorexia, vômitos, letargia e diarréia, mucosas ictéricas (amarelas),
ptialismo e hepatomegalia (HOSPITAL VETERINÁRIO DO PORTO, 2007).
2.4 Diagnóstico
O diagnóstico presuntivo faz-se pela história clínica, exame físico, testes
laboratoriais clínicos e imagiologia (hepatomegalia), ecografia abdominal (fígado
hiperecogénico em relação à gordura falciforme, hepatomegália, colestase).
Alterações laboratoriais incluem anemia não regenerativa, leucograma de stress,
hiperbilirrubinémia e bilirrubinuria, aumento de AST, ALT, AP e ácidos biliares
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séricos. Os valores de GGT estão geralmente normais. Ocasionalmente,
hipoalbuminemia, déficits de coagulação e hiperamonemia podem ocorrer
(HOSPITAL VETERINÁRIO DO PORTO, 2007).
2.3 Tratamento da lipidose hepática
A lipidose é uma anormalidade reversível. Isso é possível a partir do
restabelecimento do equilíbrio energético, devendo-se agir sobre as causas e
doenças que predispõe à degeneração hepática (SOUZA, 2003).
A terapia nutricional é o tratamento mais eficaz para a lipidose hepática
idiopática. A maioria dos gatos requer alimentação forçada. A dieta deve ser rica em
proteína, com nutrientes e calorias apropriadas. Vitaminas e suplementos dietéticos
têm sido usados no tratamento da lipidose hepática (HOSPITAL VETERINÁRIO DO
PORTO, 2007).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a intensificação dos sistemas produtivos no Brasil, a cetose e a lipidose
hepática vão se tornar cada vez mais freqüente nos animais de alta produtividade
leiteira. Os técnicos atuantes na área devem buscar alternativas nutricionais e
terapêuticas viáveis para reduzir os efeitos drásticos que estas doenças promovem,
comprometendo a sustentabilidade do sistema de produção.
4 REFERÊNCIAS
AROEIRA, L. J. M. Cetose e infiltração gordurosa no fígado em vacas leiteiras.
Juiz de Fora: EMBRAPA-CNPGL, 1998. 23 p. (Documentos, 65).
COELHO, H. E. Patologia veterinária. São Paulo: Manole. 2002.
HOSPITAL VETERINÁRIO DO PORTO. Lipidose Hepática Felina. Disponível em:
<http://www.hospvetporto.pt/servicos/areas_detalhe/119.html>. Acesso em: 1 out.
2007.
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3407-8000 – www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br.
 
 
Ano VI – Número 10 – Janeiro de 2008 – Periódicos Semestral
JONES, T. C.; HUNT, R. D.; KING, N. W. Patologia veterinária. 6a ed. São Paulo:
Editora Manole, 2000.
MACLACHLAN, N. J., CULLEN, J. M. Fígado, Sistema Biliar e Pâncreas Exócrino.
In: CARLTON, W. W., McGAVIN, M. D. Patologia Veterinária Especial de
Thonson. 2 ed. Porto Alegre: ARTMED, 1998.
ROSSI, C. A. R. et al. Insuficiência funcional e lipidose hepática em ovinos: protocolo
para indução experimental. Rev. Fac. Zootec. Vet. Agro. Uruguaiana, v.12, n.1, p.
38-50, 2005.
SOUZA, A. N. M. Cetose dos bovinos e lipidose hepática. 2003. 18 f. Seminário
(Bioquímica do Tecido Animal). Universidade Federal do Rio Grande do Sul -
Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias. Porto Alegre. 2003.

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  • 2. REVISTA CIENTÍFICA ELETÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679‐7353                                                        Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça FAMED/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça – ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel: (0**14) 3407-8000 – www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br.     Ano VI – Número 10 – Janeiro de 2008 – Periódicos Semestral A enfermidade correspondente em ovinos é denominada toxemia da gestação, e ocorre com maior freqüência em animais submetidos a sistemas de produção intensiva (ROSSI et al., 2005). As principais doenças que podem causar lipidose hepática são: síndrome da vaca gorda, toxemia da prenhez em vacas de corte, toxemia da prenhez em ovelhas e cabras e cetose dos bovinos (SOUZA, 2003). 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 Mecanismos de acúmulo de gordura excessiva no fígado A degeneração gordurosa não é uma doença específica, mas pode ocorrer como seqüela de uma variedade de perturbações do metabolismo normal. MACLACHLAN e CULLEN (1998) apresentam os mecanismos potenciais responsáveis pelo acúmulo excessivo de gordura no fígado incluem os seguintes: a) entrada excessiva de ácidos graxos para o fígado, que pode ocorrer pela ingestão excessiva de gordura com a alimentação ou pela mobilização do aumento de triglicerídeos do tecido adiposo, como por exemplo, no período de lactação. b) função anormal do hepatócito, que pode levar ao acúmulo excessivo de triglicerídeos no hepatócito devido à redução, nesta célula, da oxidação dos ácidos graxos. c) ingestão excessiva de carboidratos na alimentação resultando na síntese aumentada de ácidos graxos, com formação excessiva de triglicerídeos nos hepatócitos. d) aumento na esterificação de ácidos graxos a triglicerídeos. e) redução na síntese de apoproteínas e subseqüente decréscimo na produção e exportação de lipoproteínas pelo hepatócito. f) decréscimo na secreção de lipoproteínas pelo fígado. Deve ser frisado que esses são mecanismos potenciais e que mais de um defeito pode ocorrer em um determinado distúrbio hepático Independente da causa, o aspecto macroscópico do fígado com degeneração gordurosa ê bastante característico. Com a acumulação progressiva de lipídios, o fígado aumenta de
  • 3. REVISTA CIENTÍFICA ELETÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679‐7353                                                        Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça FAMED/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça – ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel: (0**14) 3407-8000 – www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br.     Ano VI – Número 10 – Janeiro de 2008 – Periódicos Semestral volume e torna-se amarelado. Em casos menos acentuados, lipídios podem acumular-se somente em regiões específicas do lóbulo hepático, como a região centrolobular, conferindo assim, uma acentuação do padrão lobular ao ligado Em casos mais graves, todo o fígado está difusamente afetado, o órgão pode tornar-se consideravelmente aumentado de volume e apresentar uma textura gordurosa Vacúolos lipídicos são facilmente detectáveis no citoplasma dos hepatócitos (MACLACHLAN e CULLEN, 1998). 2.2 Etiologia As principais causas da esteatose são: hipoxemia (a gordura transportada para o fígado não é oxidada e fica retida); tóxicos (arsênio, clorofórmio, tetracloreto de carbono, micotoxinas) e insuficiência de fatores lipotróficos (colina e metionina) (COELHO, 2002). Macroscopicamente, o fígado apresenta-se aumentado de volume, com bordas arredondadas, manchas amareladas, untuoso ao corte e friável. Microscopicamente os hepatócitos estão repletos de gotículas de gorduras ou espaços vazios, ocorridos durante a preparação das lâminas histológicas (COELHO, 2002). 2.3 Sinais Clínicos Os sinais clínicos mais comuns da lipidose são a perda de peso acentuada devido à anorexia, vômitos, letargia e diarréia, mucosas ictéricas (amarelas), ptialismo e hepatomegalia (HOSPITAL VETERINÁRIO DO PORTO, 2007). 2.4 Diagnóstico O diagnóstico presuntivo faz-se pela história clínica, exame físico, testes laboratoriais clínicos e imagiologia (hepatomegalia), ecografia abdominal (fígado hiperecogénico em relação à gordura falciforme, hepatomegália, colestase). Alterações laboratoriais incluem anemia não regenerativa, leucograma de stress, hiperbilirrubinémia e bilirrubinuria, aumento de AST, ALT, AP e ácidos biliares
  • 4. REVISTA CIENTÍFICA ELETÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679‐7353                                                        Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça FAMED/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça – ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel: (0**14) 3407-8000 – www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br.     Ano VI – Número 10 – Janeiro de 2008 – Periódicos Semestral séricos. Os valores de GGT estão geralmente normais. Ocasionalmente, hipoalbuminemia, déficits de coagulação e hiperamonemia podem ocorrer (HOSPITAL VETERINÁRIO DO PORTO, 2007). 2.3 Tratamento da lipidose hepática A lipidose é uma anormalidade reversível. Isso é possível a partir do restabelecimento do equilíbrio energético, devendo-se agir sobre as causas e doenças que predispõe à degeneração hepática (SOUZA, 2003). A terapia nutricional é o tratamento mais eficaz para a lipidose hepática idiopática. A maioria dos gatos requer alimentação forçada. A dieta deve ser rica em proteína, com nutrientes e calorias apropriadas. Vitaminas e suplementos dietéticos têm sido usados no tratamento da lipidose hepática (HOSPITAL VETERINÁRIO DO PORTO, 2007). 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a intensificação dos sistemas produtivos no Brasil, a cetose e a lipidose hepática vão se tornar cada vez mais freqüente nos animais de alta produtividade leiteira. Os técnicos atuantes na área devem buscar alternativas nutricionais e terapêuticas viáveis para reduzir os efeitos drásticos que estas doenças promovem, comprometendo a sustentabilidade do sistema de produção. 4 REFERÊNCIAS AROEIRA, L. J. M. Cetose e infiltração gordurosa no fígado em vacas leiteiras. Juiz de Fora: EMBRAPA-CNPGL, 1998. 23 p. (Documentos, 65). COELHO, H. E. Patologia veterinária. São Paulo: Manole. 2002. HOSPITAL VETERINÁRIO DO PORTO. Lipidose Hepática Felina. Disponível em: <http://www.hospvetporto.pt/servicos/areas_detalhe/119.html>. Acesso em: 1 out. 2007.
  • 5. REVISTA CIENTÍFICA ELETÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679‐7353                                                        Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça FAMED/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça – ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel: (0**14) 3407-8000 – www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br – www.faef.br.     Ano VI – Número 10 – Janeiro de 2008 – Periódicos Semestral JONES, T. C.; HUNT, R. D.; KING, N. W. Patologia veterinária. 6a ed. São Paulo: Editora Manole, 2000. MACLACHLAN, N. J., CULLEN, J. M. Fígado, Sistema Biliar e Pâncreas Exócrino. In: CARLTON, W. W., McGAVIN, M. D. Patologia Veterinária Especial de Thonson. 2 ed. Porto Alegre: ARTMED, 1998. ROSSI, C. A. R. et al. Insuficiência funcional e lipidose hepática em ovinos: protocolo para indução experimental. Rev. Fac. Zootec. Vet. Agro. Uruguaiana, v.12, n.1, p. 38-50, 2005. SOUZA, A. N. M. Cetose dos bovinos e lipidose hepática. 2003. 18 f. Seminário (Bioquímica do Tecido Animal). Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias. Porto Alegre. 2003.