O documento descreve a história do movimento estudantil no Espírito Santo lutando por uma sociedade mais justa e contra a opressão da classe trabalhadora. Relata os protestos de 2011 contra o aumento da tarifa de transporte público e reivindica melhorias no sistema. Critica a repressão policial do governo e a falta de diálogo com os movimentos sociais.
Luta por uma sociedade mais justa no Espírito Santo
1. por Gustavo De Biase
O Movimento Estudantil sempre esteve presente na luta por uma sociedade mais justa, contra
a opressão que sofre a classe trabalhadora. No ES, há vários anos o movimento atua no debate
do transporte público e também em outros temas importantes como moradia, saúde,
educação e muitos outros. Até 02/06, mais de 10 protestos já tinham acontecido em 2011 no
ES, pautando a questão do aumento tarifário e reivindicando melhorias no sistema de
transporte. Dias antes, o Governo Casagrande já havia mostrado seu cartão de visitas durante
"A Barbárie de Aracruz", na maior operação policial da história em nosso estado, culminando
na morte de uma senhora e com mais de 1000 pessoas sendo despejadas de forma ilegal,
cruel e desumana.
o Movimento Contra o Aumento (MCA), composto por pessoas que participam de vários
movimentos sociais, estava planejando e anunciando há 2 meses que Vitória ia parar. Porém,
o governo não deu crédito, a imprensa também não deu crédito e não houve nenhuma
proposta para iniciarmos o diálogo que ainda tanto queremos ter com o poder público. As ruas
foram fechadas por muitas horas e a cidade parou! A mídia local (com exceção do Século
Diário) tentou abafar o movimento, com manchetes tendenciosas e matérias nas quais nos
taxavam de "baderneiros" e "anarquistas eleitoreiros". Mas, quem são os baderneiros de fato?
Uma manhã com ruas fechadas não é nada se comparado ao ano inteiro de sofrimento de uma
pessoa que ganha um mísero salário para pagar passagem de ônibus, comprar gás, alimentos,
roupas, pagar contas de água, energia e no meio dessa rotina "escravista", tentar sobreviver.
Baderna é uma concessão para atuar no transporte público ser renovada sem antes haver uma
licitação, como seria o correto em 1998 (Transcol). Baderna é quando o governo desaloja
famílias em Aracruz, Santo André e não se responsabiliza pelo destino delas. Baderna é o que
o BME, GAO e ROTAM fazem com os movimentos sociais, a mando do governo. Baderna é que
acontece na saúde pública do ES, onde pessoas morrem nos corredores sem atendimento ou
nas ambulâncias esperando vagas. Baderna acontece nos presídios capixabas, onde detentos
são torturados e esquartejados, em situações que chegaram até a ONU. Baderna é a educação
pública de péssima qualidade que o Estado oferece para a população. Baderna é um governo
se dizer socialista e atirar primeiro, pra depois pensar se vai conversar.
O Movimento de estudantes e trabalhadores que está nas ruas, a cada dia ganha mais adeptos
e fura o bloqueio de alguns jornais vendidos, que a todo custo tentam criminalizar o
movimento. Fomos atingidos por bombas, balas de borracha, cassetetes, palavrões, prisões,
ameaças, tapas, socos, notícias falsas, calúnicas, infiltração de falsas lideranças, perfis falsos
nas redes sociais... Mas, enquanto os cães continuam latindo para nos intimidar, a nossa
caravana segue para alcançar seu objetivo, que vai muito além da redução da passagem: uma
sociedade justa, onde todos os recursos que o Estado tem, sejam de fato investidos na
população, que é a razão da existência dele.