Este documento é uma carta de despedida de Paulo José Estrela Vitoriano de Matos do seu cargo de vereador do município de Gavião, onde serviu por 7 anos. Na carta, ele reflete sobre sua experiência no cargo, agradece seus apoiadores e deseja sorte a seu sucessor, Eduardo Pereira. Ele critica as políticas da maioria socialista no município que, na sua opinião, têm levado ao empobrecimento e envelhecimento da população local.
Reuniao executivo camara 06_11_2013 fora ordem Paulo Matos
Esta é a hora de ser um pai presente
1. Ex-Vereador do Município de Gavião – Mandato 2013 a 2017
Paulo José Estrela Vitoriano de Matos
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Esta é a hora de ser um pai presente e embevecido.
Esta é a hora de ser um neto agradecido à avó materna, que tudo deu para me criar, e
está nos seus últimos anos de vida, pelo que merece todo o carinho que eu possa
presentear em tempo de vida.
Esta é a hora de voltar a contribuir efetivamente com o meu suor, no cultivo da “terra”
que sempre foi o rosto da família simples a que pertenço, mas e em simultâneo
sempre foi reconhecida por todos como honestamente trabalhadora.
Esta é a hora de empenhar tudo e o infinito na vida profissional, quiçá até em terras
distantes de Maputo (Moçambique).
Esta é a hora de voltar a ser um cidadão entre outros.
Durante 7 anos, servi a causa pública da minha autarquia pois foi esse o mandato que
o povo me delegou, e pelo qual sou eternamente agradecido.
Durante 7 anos, fiz sacrifícios pessoais dos quais, apesar de tudo me orgulho… como
utilizar os meus dias de férias (em vez de os gozar) para estar presente em reuniões de
câmara, sem prejudicar a minha entidade empregadora.
Durante 7 anos, lutei contra uma maioria socialista que não consegue evoluir, e aplica
uma receita de políticas públicas abrutalhada e que serve apenas a destruição de
dinheiros públicos. Nada mais são que políticas estéreis, em que o investimento não
gera retorno, só despesa futura para a câmara.
Acredito, sem qualquer dúvida, que dentro de duas a três 3 décadas, e não sendo
invertidas estas politicas, o resultado surgirá sem surpresas, e de forma esmagadora,
no desmantelamento do concelho de Gavião. Todos os anos a autarquia Socialista de
Gavião gasta mais de MEIO MILHÃO DE EUROS só em festas, almoços, jantares,
participações de eventos, EMBEBEDANDO deliberadamente um povo que nunca teve
muita riqueza, mas que com esta receita de entorpecimento, mais pobre fica a cada
dia, financeiramente e espiritualmente.
Foram, portanto, 7 anos desperdiçados em que lutei contra uma maioria que
desaproveitou tempo e dinheiro numa batalha perdida para a inépcia e ingerência.
O resultado que já nesta hora em que deixo as funções públicas podemos constatar
chama-se agravamento do processo de “DESERTIFICAÇÃO”. O concelho de Gavião, tem
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das freguesias mais envelhecidas de todo o Portugal e mesmo da Europa. Custa tanto
ver ruas e ruas sem uma única casa habitada. Se em 2001 a população gavionense
compreendia perto de 5.000 cidadãos, agora ronda um pouco mais de 3.000.
Durante 7 anos, fui continuamente enxovalhado, ridicularizado na integridade pessoal
tanto pelo Ex-Presidente Jorge Martins, como em particular, no último ano com o atual
Presidente José Pio. Façam o favor de ler as atas, e apesar de terem sido suavizados os
termos, as ofensas estão lá.
E porquê?
Porque o projeto que defendi e tive o orgulho liderar queria revolucionar o modo de
pensar e fazer política local. Queria, queríamos sempre duas coisas, democratizar o
acesso à função pública, acabando as “cunhas” conhecidas de todos, e iriamos fazer
uma aposta na captação de empresas, séria e inovadora na região, e saísse ela
vencedora ou não, pelo menos o concelho de Gavião poderia dizer a todos que, ao
menos, tentou.
Acredito que este esquema feudal que obriga cidadãos a mendigar às escondidas de
outros uma possibilidade de trabalho aqui ou ali, acabará, seja por via da justiça que se
torne mais eficaz ou porque o concelho de Gavião poderá ficará sem poder político
local, ficando apenas com uma junta de serviços públicos.
Ah… a juventude, essa é cada vez a mais afetada com este sistema corrompido.
Não saio triste, porque dei tudo o que podia e quem me conhece sabe que sim. Não
saio pontapeado pela lei, como outros, saio pelo meu pé porque este é o meu
momento, porque fui para a vida pública para servir e nunca, em momento algum quis
o poder pelo poder.
Por último, queria agradecer a todos os cidadãos que me ajudaram nas duas
candidaturas que protagonizei (2009-2013, 2013-2017), sendo que peço
humildemente desculpa onde lhes falhei, mas e se puderem na vossa amnistia,
considerem-me também como humano, e sendo humano, também eu erro.
Apesar de existir um núcleo “duro” de sociais-democratas no concelho de Gavião,
tenho o dever moral de agradecer a uma pessoa em particular e que dá pelo nome de
Saúl Pereira.
Foste um pai na política social-democrata gavionense para mim.
Sofreste pessoalmente e profissionalmente desde muito novo ao enfrentares este
ambiente socialista gavionense hostil. Mas mesmo assim, no dia em que um miúdo de
24 anos (com sangue na guelra e alguma imprudência) te bateu à porta, te pediu
apoio, experiencia e principalmente contactos, não fugiste à responsabilidade e
ajudaste-me.
Mesmo, sendo um ex-candidato a presidente de câmara, não te importaste de me
apoiar sendo candidato (2009) à junta de freguesia da qual partilhamos residência –
Gavião… mesmo sabendo que o nosso modo gavionense nem sempre perde a
oportunidade de mandar uma laracha e dizer que tinhas descido de “cavalo para
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burro”. Mesmo sendo um ex-candidato a presidente de câmara na segunda
candidatura (2013), não te importaste em me apoiar sendo o meu número 2 para o
que desse e viesse.
Um número 2 que na verdade foi sempre o número 1 ao conhecer todos os cidadãos
deste concelho, todas as casas e ruelas e azinhagas e lugares deste concelho, todas as
dificuldades deste concelho, todas as histórias felizes e infelizes dos nossos
cocidadãos.
Obrigado, GRANDE SOCIAL DEMOCRATA e amigo Saúl.
Ao sucessor na lista do PSD Gavião, agora legalmente constituído com a minha
demissão, e que dá pelo nome de Eduardo Pereira, acredito que será um sucessor
condigno por vários motivos, mas por um principalmente por dois:
Não é comum ou usual, um funcionário público ter a coragem de sair do
comodismo profissional e enveredar pela cidadania ativa, sabendo de
antemão, que saindo perdedor do combate autárquico, era perdedor na
“casa” do seu próprio “patrão”.
A freguesia donde é originário, Belver é só aquela onde o caciquismo politico
está mais enraizado! Onde ser diferente (PSD) é um ato de coragem enorme,
que pode colocar em risco até a convivência da sua própria família com a
comunidade.
…Está no campo das impossibilidades, ser narrador em causa própria e confesso que
não sei como serei recordado em terras gavionenses, mas sei como recordarei estes 7
anos… e como alguém um dia disse
“Não me despeço, não vou estar por aqui, mas vou andar por aí”
Obrigado
paulo-matos@outlook.com