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A vida e luta das mulheres para se tornarem garçonnes
                The life and struggle of women to become garçonnes


  Ana Carolina Barros; Graduanda Design de Moda; Centro Universitário SENAC.
                          anacarolinasbarros@gmail.com



Resumo

Este artigo pretende identificar e explorar os anos que as mulheres levaram para se
emanciparem, identificando uma cronologia e principalmente a mudança do
vestuário que se deu por todos os fatores históricos, sociais e psicológicos. A
metodologia de pesquisa utilizada neste trabalho foi à bibliográfica exploratória
qualitativa. O artigo tem como objetivo analisar todos os tipos de opressão que a
mulher passou até chegar a um futuro mais liberal, passando por lutas feministas e a
primeira Grande Guerra. E entender o porquê que a indumentária e a estética se
modificaram brutalmente transformando donas de casa insatisfeitas em garçonnes.
Palavras-chave: Feminismo, sufrágio feminino, garçonnes.



Abstract

This article aims to identify and explore the years that led women to emancipate
themselves, identifying a chronology and especially the change of clothing that was
given by all the historical, social and psychological. The research methodology used
in this study was the exploratory qualitative literature. The article aims to analyze all
types of oppression that women began to come to a future more liberal, and feminist
struggles through the first World War. And understand why the clothing and
aesthetics have changed brutally transforming unsatisfied housewives in garçonnes.
Key words: Feminist, women's suffrage, garçonnes.
1. Introdução




       Enquanto o marido estava trabalhando a mulher estava presa em casa, não
podia sair sozinha e tinha que obedecer as regras impostas a ela. Lavar, passar,
cozinhar, cuidar das crianças fazia parte da rotina de qualquer mulher, elas eram
criadas para isso, não recebiam a mesma educação dos homens, pois eram
proibidas de estudar em escolas. O pós-revolução industrial trouxe uma população
trabalhadora insatisfeita, incluindo as mulheres que já trabalhavam, elas queriam o
direito ao voto que os homens trabalhadores já tinham conseguido há um tempo.
Assim nasceram as Sufragetes, mulheres que queriam ter igualdade, no voto e na
vida social.

       Mas a mulher ainda tinha que obedecer as regras que o pai, o marido e a
sociedade impunham. Sem direito sexual as mulheres ainda continuam a luta para
se libertarem totalmente. A primeira Grande Guerra foi de grande ajuda, pois a
maioria das mulheres teve que sair de casa para sustentar a família enquanto o
marido ia pra Guerra. No fim da guerra as mulheres chegaram a um nível de
independência que nunca tinha sido visto antes, a sociedade só tinha que aceitar.

       Este artigo que contém uma metodologia de pesquisa bibliográfica
exploratória qualitativa tem como objetivo analisar como a sociedade via e tratava as
mulheres e como essas mulheres queriam se libertar e ter o seu próprio espaço
dentro dessa sociedade. Com isso vamos analisar as lutas e mudanças no vestuário
causadas por essa vontade de se libertar e ser um “pouquinho mais homem”.
2. Revisão Bibliográfica



2.1 A opressão contra as mulheres na família e na sociedade




      “Durante vários séculos, as mulheres estiveram relegadas ao ambiente
doméstico e subalternas ao poder das figuras do pai e do marido” (SOUSA, 2008,
p.1). A mulher não tinha direito a sair na rua sozinha, trabalhar, estudar, votar,
escolher o seu parceiro e também não a liberdade de escolha sexual, se o marido
quisesse ter relações à mulher tinha que aceitar. A mulher era vista como um ser
inferior, que sofria do abuso, do orgulho e da raiva masculina. Violentada fisicamente
e psicologicamente em sua própria casa, não podiam deixar o seu marido e
consequentemente o marido não podia deixar a sua mulher, infidelidade masculina
fazia parte da rotina matrimonial e social, mas apenas homens tinham esse direito
implícito. A sociedade viu a instituição do casamento ruir. “A grande maioria das
autoras têm os homens como responsáveis pela vitimização diária das mulheres e
pela destruição gradativa da família” (BESSE, 1999, p. 44).

      A revolução industrial levou as mulheres da classe baixa para as fabricas e
essas sofriam demasiadamente, pois tinham que trabalhar e cuidar da casa. Para
elas as coisas eram mais difíceis, pois sofria abuso em casa e no trabalho, o salario
era mais baixo que o masculino e as condições de trabalho eram tão ruins quanto.
(THÉBAUD)

      O nível de insatisfação feminino chegou a níveis alarmantes, elas não
queriam mais viver na sombra do marido, queriam ter direitos sexuais e não queriam
mais ser aprisionadas.

                      Tornou-se comum as mulheres compararem a instituição do casamento a
                      uma prisão, como fez uma das leitoras que respondeu ao questionário de
                      uma revista “[o casamento é] como uma prisão tanto para o homem quanto
                      para a mulher, com diferença que o homem se apodera da chave e sai
                      quando quer, deixando sua companheira fechada, o tirano”! (BESSE, 1999,
                      p.45).
2.2 O trabalho e o sufrágio feminino

      Segundo    Besse,    O   trabalho   doméstico feminino        já   não   era   mais
economicamente vantajoso, a inflação aumentava e a classe média era obrigada a
consumir. O custo de vida aumentava o trabalho feminino que antes era só para
classe mais baixa, passou a ser algo necessário para a classe média burguesa.

                     Como decresciam a necessidade e o valor do trabalho doméstico das
                     mulheres, deixando as mulheres “ociosas”, e como a ociosidade era cada
                     vez mais menosprezada e proibida pela moralidade burguesa, à
                     dependência econômica das mulheres em relação a parentes e maridos
                     começou a ser rotulada de parasitismo. (Besse, 1999, p.143)



      O trabalho assalariado feminino salvou muitas famílias da classe média
burguesa e todos estavam satisfeitos com o trabalho feminino, as mulheres eram
mais calmas, pacientes e aceitavam o salario inferior. (Besse, 1999)

      Mas isso não durou muito tempo, Segundo Thébaud, depois do sufrágio
universal, as mulheres começaram a lutar pelo sufrágio feminino, ou seja, o poder de
voto. As mulheres queriam o poder politico, queriam estar completamente integradas
dentro da sociedade. O movimento começou pacifico, mulheres iam às ruas com
cartazes em protesto ao sistema sufragista vigente, mas como protestos pacíficos
não estavam dando muitos resultados algumas feministas radicais usaram a
violência como um atributo na luta e essas mulheres ficaram conhecidas como
Sufragetes. (Thébaud, 2011)
Figura 2: Sufragistas na capa da revista Fon-Fon

                                Fonte: Fon-Fon! (1914, p.1)




2.3.1 O feminismo no pós - guerra




Enquanto os homens estavam lutando na primeira Grande Guerra as mulheres
estavam batalhando dia-a-dia para sua emancipação. Agora elas faziam o trabalho
masculino, físico e psicológico, cuidavam das famílias e das finanças. Quando a
guerra acabou as mulheres já estavam mais independentes, chegando a
emancipação.

                    A new woman tentava conquistar a sua identidade e a sua autonomia, em
                    detrimento das convenções. Marcada pelas ideias socialistas e anarquistas
                    e pela rejeição do puritanismo vitoriano, a defesa do free Love (amor livre)
                    para os dois sexos [...] as emancipações sonhadas, a garçonne impõe-se:
                    ela quer conquistar a sua independência financeira, fazendo carreira, e
                    impele a liberdade sexual e moral até à bissexualidade, antes de fundar
                    com o seu companheiro, uma união estável e igualitária. O seu
                    comportamento masculino (pensa e age como um homem), as qualidades
                    viris que revela (talento e lógica), o domínio do dinheiro à maneira dos
homens, a consciência da sua irredutível individualidade (pertenço a minha
                     própria), encarnam-se em um atributo físico simbólico: os cabelos curtos.
                     Nestas condições, a mulher emancipada já não é mulher é uma garçonne”
                     (SOHN, 1991, p.115).




                     Figura 3: Louise Brookes, exemplo de Garçonne

                     Fonte: Wikipedia (2011, p. 1)



2.3.2 Indumentária da década da emancipação feminina. Anos 20

“O outro fator foi o anseio de emancipação das mulheres. Surgiu com isso o estilo
andrógino o à lá garçonne” (GONÇALVES, 2000, p. 71). O estilo andrógino dominou
as ruas, agora as mulheres agiam e se vestiam como homens. O cabelo ficou curto,
os seios foram achatados por tiras de panos e a cintura ficou reta. A moda que ainda
não estava bem estabelecida se tornou funcional, pois agora as mulheres
trabalhavam fora e precisavam de roupas confortáveis. As roupas estavam bem
masculinizadas, mas a maquiagem era bem feminina e sensual, as bocas se
tornaram vermelhas e as sobrancelhas marcantes.
Figura 4: estilo a là Garçonne

                              Fonte: Fashion retro (2011, p.3)




3. Conclusões



      Pode-se concluir que:

- As mulheres desejavam liberdade sexual.

- O sistema econômico precisava das mulheres trabalhando.

- O trabalho doméstico virou um sistema ultrapassado.
- O sufrágio feminino foi a primeira grande luta feminista e deve-se as mulheres
trabalhadoras.

- A guerra potencializou a emancipação feminina.

- As mulheres se tornaram independentes dentro do que a sociedade impôs.

- A mulher se sentia emancipada mas a sociedade e os homens ainda não viam
isso.

- A Grande Guerra foi um dos grandes fatores para a indumentária feminina mudar




4. Referência bibliográfica

SOUSA,       Rainer.      Feminismo        no     Brasil.    2008.     (Disponível:
http://www.brasilescola.com/historiab/feminismo.htm) Acesso em 21 nov. 2011.

BESSE, Susan K. Modernizando a desigualdade: reestruturação da ideologia de
gênero no Brasil, 1914-1940. 1ª ed., São Paulo: Ed. da USP, 1999.

BARRADAS, Ana. O movimento das sufragistas. Modelo de combatividade,
2005. Disponível: http://www.primeiralinha.org/destaques6/sufragistas.htm

SOHN, Anne-Marie. História das mulheres. O século XX. 565ª ed., Edições
Afrontamento, 1991.
GONÇALVES, Maria Helena Barreto. A moda no século XX. 1ª edição, Rio de
Janeiro: SENAC Nacional, 2000.
Fon-Fon!                                                                    (Disponível:
http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/fonfon/fonfon_1914/fonfon_1914_
020.pdf) Acesso em 21 de nov. 2011.
Fashion                              retro                           (Disponível:
http://www.fashionretro.com/produtos.php?pg=2&id_categoria=58). Acesso em 21 de
nov. 2011.
Wikipédia (Disponível: http://pt.wikipedia.org/wiki/Louise_Brooks) Acesso em 21 de
nov. 2011.

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A violência doméstica e a escolha do objeto feita pela mulher
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Mulheres lutam por emancipação

  • 1. A vida e luta das mulheres para se tornarem garçonnes The life and struggle of women to become garçonnes Ana Carolina Barros; Graduanda Design de Moda; Centro Universitário SENAC. anacarolinasbarros@gmail.com Resumo Este artigo pretende identificar e explorar os anos que as mulheres levaram para se emanciparem, identificando uma cronologia e principalmente a mudança do vestuário que se deu por todos os fatores históricos, sociais e psicológicos. A metodologia de pesquisa utilizada neste trabalho foi à bibliográfica exploratória qualitativa. O artigo tem como objetivo analisar todos os tipos de opressão que a mulher passou até chegar a um futuro mais liberal, passando por lutas feministas e a primeira Grande Guerra. E entender o porquê que a indumentária e a estética se modificaram brutalmente transformando donas de casa insatisfeitas em garçonnes. Palavras-chave: Feminismo, sufrágio feminino, garçonnes. Abstract This article aims to identify and explore the years that led women to emancipate themselves, identifying a chronology and especially the change of clothing that was given by all the historical, social and psychological. The research methodology used in this study was the exploratory qualitative literature. The article aims to analyze all types of oppression that women began to come to a future more liberal, and feminist struggles through the first World War. And understand why the clothing and aesthetics have changed brutally transforming unsatisfied housewives in garçonnes. Key words: Feminist, women's suffrage, garçonnes.
  • 2. 1. Introdução Enquanto o marido estava trabalhando a mulher estava presa em casa, não podia sair sozinha e tinha que obedecer as regras impostas a ela. Lavar, passar, cozinhar, cuidar das crianças fazia parte da rotina de qualquer mulher, elas eram criadas para isso, não recebiam a mesma educação dos homens, pois eram proibidas de estudar em escolas. O pós-revolução industrial trouxe uma população trabalhadora insatisfeita, incluindo as mulheres que já trabalhavam, elas queriam o direito ao voto que os homens trabalhadores já tinham conseguido há um tempo. Assim nasceram as Sufragetes, mulheres que queriam ter igualdade, no voto e na vida social. Mas a mulher ainda tinha que obedecer as regras que o pai, o marido e a sociedade impunham. Sem direito sexual as mulheres ainda continuam a luta para se libertarem totalmente. A primeira Grande Guerra foi de grande ajuda, pois a maioria das mulheres teve que sair de casa para sustentar a família enquanto o marido ia pra Guerra. No fim da guerra as mulheres chegaram a um nível de independência que nunca tinha sido visto antes, a sociedade só tinha que aceitar. Este artigo que contém uma metodologia de pesquisa bibliográfica exploratória qualitativa tem como objetivo analisar como a sociedade via e tratava as mulheres e como essas mulheres queriam se libertar e ter o seu próprio espaço dentro dessa sociedade. Com isso vamos analisar as lutas e mudanças no vestuário causadas por essa vontade de se libertar e ser um “pouquinho mais homem”.
  • 3. 2. Revisão Bibliográfica 2.1 A opressão contra as mulheres na família e na sociedade “Durante vários séculos, as mulheres estiveram relegadas ao ambiente doméstico e subalternas ao poder das figuras do pai e do marido” (SOUSA, 2008, p.1). A mulher não tinha direito a sair na rua sozinha, trabalhar, estudar, votar, escolher o seu parceiro e também não a liberdade de escolha sexual, se o marido quisesse ter relações à mulher tinha que aceitar. A mulher era vista como um ser inferior, que sofria do abuso, do orgulho e da raiva masculina. Violentada fisicamente e psicologicamente em sua própria casa, não podiam deixar o seu marido e consequentemente o marido não podia deixar a sua mulher, infidelidade masculina fazia parte da rotina matrimonial e social, mas apenas homens tinham esse direito implícito. A sociedade viu a instituição do casamento ruir. “A grande maioria das autoras têm os homens como responsáveis pela vitimização diária das mulheres e pela destruição gradativa da família” (BESSE, 1999, p. 44). A revolução industrial levou as mulheres da classe baixa para as fabricas e essas sofriam demasiadamente, pois tinham que trabalhar e cuidar da casa. Para elas as coisas eram mais difíceis, pois sofria abuso em casa e no trabalho, o salario era mais baixo que o masculino e as condições de trabalho eram tão ruins quanto. (THÉBAUD) O nível de insatisfação feminino chegou a níveis alarmantes, elas não queriam mais viver na sombra do marido, queriam ter direitos sexuais e não queriam mais ser aprisionadas. Tornou-se comum as mulheres compararem a instituição do casamento a uma prisão, como fez uma das leitoras que respondeu ao questionário de uma revista “[o casamento é] como uma prisão tanto para o homem quanto para a mulher, com diferença que o homem se apodera da chave e sai quando quer, deixando sua companheira fechada, o tirano”! (BESSE, 1999, p.45).
  • 4. 2.2 O trabalho e o sufrágio feminino Segundo Besse, O trabalho doméstico feminino já não era mais economicamente vantajoso, a inflação aumentava e a classe média era obrigada a consumir. O custo de vida aumentava o trabalho feminino que antes era só para classe mais baixa, passou a ser algo necessário para a classe média burguesa. Como decresciam a necessidade e o valor do trabalho doméstico das mulheres, deixando as mulheres “ociosas”, e como a ociosidade era cada vez mais menosprezada e proibida pela moralidade burguesa, à dependência econômica das mulheres em relação a parentes e maridos começou a ser rotulada de parasitismo. (Besse, 1999, p.143) O trabalho assalariado feminino salvou muitas famílias da classe média burguesa e todos estavam satisfeitos com o trabalho feminino, as mulheres eram mais calmas, pacientes e aceitavam o salario inferior. (Besse, 1999) Mas isso não durou muito tempo, Segundo Thébaud, depois do sufrágio universal, as mulheres começaram a lutar pelo sufrágio feminino, ou seja, o poder de voto. As mulheres queriam o poder politico, queriam estar completamente integradas dentro da sociedade. O movimento começou pacifico, mulheres iam às ruas com cartazes em protesto ao sistema sufragista vigente, mas como protestos pacíficos não estavam dando muitos resultados algumas feministas radicais usaram a violência como um atributo na luta e essas mulheres ficaram conhecidas como Sufragetes. (Thébaud, 2011)
  • 5. Figura 2: Sufragistas na capa da revista Fon-Fon Fonte: Fon-Fon! (1914, p.1) 2.3.1 O feminismo no pós - guerra Enquanto os homens estavam lutando na primeira Grande Guerra as mulheres estavam batalhando dia-a-dia para sua emancipação. Agora elas faziam o trabalho masculino, físico e psicológico, cuidavam das famílias e das finanças. Quando a guerra acabou as mulheres já estavam mais independentes, chegando a emancipação. A new woman tentava conquistar a sua identidade e a sua autonomia, em detrimento das convenções. Marcada pelas ideias socialistas e anarquistas e pela rejeição do puritanismo vitoriano, a defesa do free Love (amor livre) para os dois sexos [...] as emancipações sonhadas, a garçonne impõe-se: ela quer conquistar a sua independência financeira, fazendo carreira, e impele a liberdade sexual e moral até à bissexualidade, antes de fundar com o seu companheiro, uma união estável e igualitária. O seu comportamento masculino (pensa e age como um homem), as qualidades viris que revela (talento e lógica), o domínio do dinheiro à maneira dos
  • 6. homens, a consciência da sua irredutível individualidade (pertenço a minha própria), encarnam-se em um atributo físico simbólico: os cabelos curtos. Nestas condições, a mulher emancipada já não é mulher é uma garçonne” (SOHN, 1991, p.115). Figura 3: Louise Brookes, exemplo de Garçonne Fonte: Wikipedia (2011, p. 1) 2.3.2 Indumentária da década da emancipação feminina. Anos 20 “O outro fator foi o anseio de emancipação das mulheres. Surgiu com isso o estilo andrógino o à lá garçonne” (GONÇALVES, 2000, p. 71). O estilo andrógino dominou as ruas, agora as mulheres agiam e se vestiam como homens. O cabelo ficou curto, os seios foram achatados por tiras de panos e a cintura ficou reta. A moda que ainda não estava bem estabelecida se tornou funcional, pois agora as mulheres trabalhavam fora e precisavam de roupas confortáveis. As roupas estavam bem masculinizadas, mas a maquiagem era bem feminina e sensual, as bocas se tornaram vermelhas e as sobrancelhas marcantes.
  • 7. Figura 4: estilo a là Garçonne Fonte: Fashion retro (2011, p.3) 3. Conclusões Pode-se concluir que: - As mulheres desejavam liberdade sexual. - O sistema econômico precisava das mulheres trabalhando. - O trabalho doméstico virou um sistema ultrapassado.
  • 8. - O sufrágio feminino foi a primeira grande luta feminista e deve-se as mulheres trabalhadoras. - A guerra potencializou a emancipação feminina. - As mulheres se tornaram independentes dentro do que a sociedade impôs. - A mulher se sentia emancipada mas a sociedade e os homens ainda não viam isso. - A Grande Guerra foi um dos grandes fatores para a indumentária feminina mudar 4. Referência bibliográfica SOUSA, Rainer. Feminismo no Brasil. 2008. (Disponível: http://www.brasilescola.com/historiab/feminismo.htm) Acesso em 21 nov. 2011. BESSE, Susan K. Modernizando a desigualdade: reestruturação da ideologia de gênero no Brasil, 1914-1940. 1ª ed., São Paulo: Ed. da USP, 1999. BARRADAS, Ana. O movimento das sufragistas. Modelo de combatividade, 2005. Disponível: http://www.primeiralinha.org/destaques6/sufragistas.htm SOHN, Anne-Marie. História das mulheres. O século XX. 565ª ed., Edições Afrontamento, 1991. GONÇALVES, Maria Helena Barreto. A moda no século XX. 1ª edição, Rio de Janeiro: SENAC Nacional, 2000. Fon-Fon! (Disponível: http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/fonfon/fonfon_1914/fonfon_1914_ 020.pdf) Acesso em 21 de nov. 2011. Fashion retro (Disponível: http://www.fashionretro.com/produtos.php?pg=2&id_categoria=58). Acesso em 21 de nov. 2011. Wikipédia (Disponível: http://pt.wikipedia.org/wiki/Louise_Brooks) Acesso em 21 de nov. 2011.