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Bullying & Cyberbullying: Um Estudo em Tempos de Pandemia
Bullying &
Cyberbullying:
Um Estudo em
Tempos de Pandemia
Cátia Vaz1 (catia.vaz@ipb.pt) & Vitor Gonçalves1,2 (vg@ipb.pt)
1. Instituto Politécnico de Bragança
2. Centro de Investigação em Educação Básica (CIEB)

De acordo com a Convenção sobre os Direitos da Criança e Protocolos Facultativos do
Comité Português para a UNICEF, toda a criança tem:
• o direito a não ser maltratada;
• o direito a não ser exposta a situações de risco;
• o direito a não ser discriminada;
• o direito a ser protegida contra qualquer forma de intimidação verbal ou física, entre
outros direitos.
Quando estes direitos são violados, podem desencadear situações de bullying…

Bullying Escolar…
➢Manifesta-se em vários contextos, de variadas
formas, com consequências diversas e assume-se
como um problema social grave que afeta
crianças e jovens em idade escolar, indo contra
os seus direitos.
➢A investigação do bullying remonta ao final da década de 60.

Bullying Escolar…
➢ Possui características:
✓ Repetido,
✓ Intencional
✓ Desigualdade de poder.
➢ É uma ameaça para a democracia
➢ E também uma preocupação crescente sobre o ponto de vista da
cidadania.

Bullying Escolar…
Em Portugal, apesar de estudado e comprovado, ainda há muito a fazer em
relação às leis e formas de criminalização do bullying…
mas…

Será que o bullying também “confinou”!?

Bullying & Cyberbullying:
Um Estudo em Tempos de
Pandemia

Investigação
Metodologia
➢ Estudo de Caso (de carácter exploratório e descritivo);
➢Articularam-se os paradigmas quantitativo e qualitativo.
Objetivos:
➢ Averiguar se a situação pandémica agravou ou não as situações de bullying escolar.
➢ Identificar as situações e os tipos de bullying, o papel dos atores, os locais e os motivos
antes da pandemia;
➢ Identificar as situações e os tipos de bullying, o papel dos atores, os locais e os motivos
durante a pandemia;
➢ Compreender o papel das testemunhas;
➢ Identificar os sentimentos associados ao regresso à escola depois do confinamento;
➢ Averiguar porque não pedem ajuda;
➢ Averiguar como solucionariam o problema do bullying escolar.

Instrumento de recolha de dados
➢ Inquérito por questionário ou survey do Google forms disponibilizado
online;
➢ Direcionado para alunos do 2º Ciclo do Ensino Básico de dois
Agrupamentos de Escolas de Bragança, constituído por 19 questões: 15
fechadas, 4 abertas.
➢Composto por 2 partes :
Parte I: Recolha de dados pessoais
Parte II: Recolha das vivências de Bullying antes e durante a pandemia do COVID-19
Aplicação: Decorreu durante o mês de maio de 2020.
Os dados recolhidos foram analisados tendo em atenção análises univariadas e bivariadas.

Apresentação dos resultados

Participantes
Prefiro não dizer
2 (0,5 %)
Masculino
183 (49,5 %)
Feminino
185 (50 %)
6º ano
198 (53,5 %)
5º ano
172 (46,5 %)
1.3- Idade:
370 respostas
26%
97
45%
168
26%
96
2%
8
0,3%
1
10 anos 11 anos 12 anos 13 anos 14 anos
Agrupamento de
Escolas Emídio
Garcia
286 (77,3 %)
Agrupamento de Escolas
Abade de Baçal
84 (22,7%)

Parte II - Bullying antes e durante a pandemia do COVID-19
Antes da Pandemia
Não: 284 (76,7%)
Antes da
Pandemia
Sim: 86
(23,3%)
Durante a
Pandemia
Sim: 58
(15,7%)
Durante a Pandemia
Não: 312 (84,3%)

Vítima: 56
(15,13%)
Nenhum:
267 (72,16%)
Testemunha: 57 (15,4%)
Agressor: 5 (1%)
Vítima: 32
(8,6%) Testemunha: 49 (13,24%)
Agressor: 6 (1,6%)
Nenhum:
296 (76,56%)

Nenhum:
267
Nenhum:
296
“Meteram-se comigo”: - Antes da pandemia: 93 (25,13%)
- Durante a pandemia: 61 (16,48%)
“Insultaram-me”: - Antes da pandemia: 77 (20,81%)
“Chamaram-me nomes”: - Antes da pandemia: 81 (21,89%)
“Disseram coisas maldosas sobre mim: - Antes da pandemia: 56 (15,13%)
“Disseram coisas falsas sobre mim”: - Antes da pandemia: 67 (18,1%)
- Durante a pandemia: 50 (13,5 %)
“Não me falaram”: - Antes da pandemia: 50 (13,51%)

As categorias mais referidas foram:
➢ Bullying verbal (chamaram-me nomes: gorda, parva, pindérica, macaca, magra, entre outros).
➢ Bullying físico (bateram-me).
➢ Bullying psicológico (gozar, humilhar, ofender, ignorar).
2.3.18- Outras agressões. Quais?

“Recreio”: - Antes da pandemia: 78 (21,08%)
“Escadas e corredores”: - Antes da pandemia: 44 (11,89%)
- Durante a pandemia: 26 (7%)
“Ginásio/gimnodesportivo”: - Antes da pandemia: 26 (7%)
“Refeitório”: - Antes da pandemia: 23 (6,2%)
“Redes sociais”: - Antes da pandemia: 16 (4,3%)
- Durante a pandemia: 24 (6,48 %)
Não podemos esquecer
que alguns alunos
foram à escola mesmo
no confinamento, pois
não tinham recursos em
casa, principalmente no
2º confinamento!

Antes da pandemia: Durante a pandemia:
Recreio: 43 referiram ter acontecido 6 ou + vezes Recreio: 20 referiram ter acontecido 6 ou + vezes
Corredores: 13 referiram ter acontecido 6 ou + vezes Corredores: 9 referiram ter acontecido 6 ou + vezes
Ginásio: 9 referiram ter acontecido 6 ou + vezes Ginásio: 3 referiram ter acontecido 6 ou + vezes

“Características físicas”: - Antes da pandemia: 54 (14,59%)
“Por tirar más notas”: - Antes da pandemia: 19 (5,1%)
“Por ser rapariga”: - Antes da pandemia: 15 (4%)
“Por tirar boas notas”: - Antes da pandemia: 14 (3,78%)
“Devido à minha origem social”: - Antes da pandemia: 14 (3,78%)
- Durante a pandemia: 15 (4%

2.8.1- Em caso de não teres pedido ajuda, porque motivo foi?
Os motivos mais referidos foram:
➢ Não identificam o motivo porque não pedem ajuda (“Não sei”).
➢ Nunca sofreram bullying.
➢ Solucionaram de forma amigável.
➢ Medo e vergonha.

Agora falemos dos outros, em vez de falar de ti.
66
41
2
50
5
43 36
3
42
10

150
33
162
46
119
90
20
155
17
169
123
67

As soluções mais referidas foram:
➢ Não sei (que não é solução).
➢ Ajudar as vítimas.
➢ Denunciar a adultos (professores; pais; auxiliares).
➢ Colocar câmaras de vigilância.
➢ Mais funcionários nas escolas.
➢ Castigos.
2.14 - Que farias para solucionar o problema do bullying escolar?

“O bullying é muito prejudicial no desenvolvimento da criança, pois pode ter problemas no futuro”
“Sugestão: falarmos sobre a depressão e a ansiedade”
“Todas as matérias falarem deste assunto pelo menos 45 min”
“eu já agredi e vou mudar as minhas atitudes”
“so tenho a dizer que nao deviamos fazer aos outros o que nao queriamos ou queremos que nos façam a nos”
“Parem com o bullying sexual e físico.”
“eu acredito e telno fe que o buling acabara teremos que lutar e ajudar quem precisa e quando quiserem temos que ajudar sempre o
proximo.”
“Ter alguém na escola para ajudar os alunos a não ter medo de falar de algum professor . Pois são colegas e uns encobrem se uns aos
outros e não ao aluno”
“Não devíamos ir para o quadrado dos outros”
“Eu só acho que o mundo poderia ser um lugar melhor se as pessoas ficassem melhor”
2.15- Se pretendes deixar algum comentário, não hesites em registar aqui o mesmo:

Considerações finais
➢ Durante a pandemia as situações de bullying diminuíram;
➢ Cyberbullying aumentou ligeiramente (não aumentou nas redes sociais, mas sim em
plataformas educativas tais como, o Ms Teams, o WhatsApp e tecnologias similares).
➢ Diminuição das vítimas de bullying em tempos de pandemia e correspondente
diminuição das testemunhas (exceto no caso do cyberbullying e bullying sexual que
duplicaram);
➢ Ainda sobre as testemunhas evidencia-se que as mesmas alteraram a sua forma de
atuação perante este flagelo (não ignoram tanto, tentam ajudar, denunciam, não
ajudam/reforçam o agressor, não fogem...);

Considerações finais
➢ Sobre os motivos pelos quais os inquiridos consideram que foram agredidos,
prevalecem as características físicas.
➢ Acresce que uma percentagem significativa dos inquiridos acredita que no bullying
escolar há mais casos do que o que parece.
➢ Os sentimentos associados ao regresso à escola são positivos.
➢ Com este estudo importa verificar-se, após o alívio de muitas das medidas restritivas,
se de facto há alguma diferença não só no contexto português, mas também no
contexto de uma região espanhola próxima.
➢ Trabalho em progresso: encontramo-nos a realizar um novo estudo comparativo entre
dois agrupamentos da cidade de Bragança e da Cidade de Salamanca.

Para terminar…
➢ Todos devemos estar atentos a estes estudos/investigações que vão sendo feitos e
divulgados, devemos inclusive, e mesmo sem estudos estar atentos à realidade que
nos rodeia….
➢ Enquanto pais, educadores, professores, educadores sociais… seremos decerto
agentes privilegiados pois, através da educação podemos e devemos contribuir para
que os Direitos Humanos e neste caso, os Direitos das Crianças, não sejam tantas vezes
violados através deste flagelo (Bullying Escolar).

Cátia Vaz1 (catia.vaz@ipb.pt) & Vitor Gonçalves1,2 (vg@ipb.pt)
1. Instituto Politécnico de Bragança
2. Centro de Investigação em Educação Básica (CIEB)

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